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Direito Processual Civil I: Prof. Octávio Louro O material não dispensa a leitura da bibliografia sugerida 1/3 Aula 4 – Ementa: Procedimento comum e processo de conhecimento 1. Introdução. Do processo de conhecimento e suas fases: No processo de conhecimento o que existe é um conflito de certeza a ser enfrentado pelo juiz da causa, responsável pela condução do processo e que guarda o dever de eliminar todas as dúvidas sobre o direito material e argumentos apresentados pelas partes, fazendo-o através dos atos cognitivos. Costuma-se dizer que o processo de conhecimento busca o reconhecimento, a declaração de um direito, assim, para que isso ocorra, o julgador deve obedecer às regras dos procedimentos estabelecidos pela legislação processual civil brasileira, sob risco de incorrer em erro de procedimento (error in procedendo), o que enseja a invalidação dos atos praticados. Seguindo recomendação doutrinária1, a forma mais didática para o estudo do processo de conhecimento se dá pela identificação e distinção de suas fases/etapas/elementos estruturais. Scarpinella Bueno2 classifica 4 (quatro) fases, são elas: 1) Postulatória, 2) Ordinatória, 3) Instrutória e 4) Decisória Edward Carlyle3, por outro lado, nomeia 5 (cinco) fases: 1) Demanda, 2) Citação, 3) Resposta, 4) Instrução e 5) decisão. Já Humberto Dalla4 classifica 5 (cinco) as fases/etapas do procedimento: 1) Postulatória, 2) Saneadora (ou Ordinatória), 3) Instrutória, 4) Decisória e 5) Cumprimento de sentença. Importante anotar que as etapas acima descritas ocorrem tanto no procedimento comum, quanto nas ações que observam o procedimento especial5. Não somente isso, é importante entender que essas fases podem se apresentar de forma diferente a depender do tipo de procedimento. Nesse sentido, ao se observar o procedimento comum, via de regra, a demanda deve percorrer seu caminho avançando pelas fases sequencialmente, observando-se cada fase de maneira isolada, individual, ao passo que nas demandas que tramitam pelos procedimentos especiais, seja do CPC ou legislação extravagante, é possível que não se observem as fases sequencialmente, de forma isolada. Muito pelo contrário, as fases podem se mitigar, apresentando-se conjuntamente, como por exemplo nas ações de despejo, em que ao julgar a procedência do pedido já há designação de data para o despejo, sem a observação da fase de cumprimento de sentença de maneira isolada. Em nossa legislação processual civil, o CPC/15 dispõe apenas duas categorias de procedimento: i) procedimento comum (Parte Especial, livro I, título I, art. 318,) e ii) procedimentos 1 SCARPINELLA BUENO, Casio. Manual de direito processual civil, vol. Único. Saraiva. 2016, pg. 310. 2 SCARPINELLA BUENO, Casio. Manual de direito processual civil, vol. Único. Saraiva. 2016, pg. 310-310 3 SILVA, Edward Carlyle. Direito processual civil. 4ªed. Impetus, 2014. 4 BERNARDINA DE PINHO, Humberto Dalla. Direito Processual Civil Contemporâneo. 5ªed., Vol.2. Saraiva, 2018, pg 44. 5 Procedimentos especiais serão estudados em Processo Civil II Direito Processual Civil I: Prof. Octávio Louro O material não dispensa a leitura da bibliografia sugerida 2/3 especiais (Parte Especial, livro I, título III, art. 539/770), este último subdividido em procedimentos especiais de jurisdição voluntária e contenciosa. No procedimento comum, nosso enfoque, a estrutura básica do procedimento no processo de conhecimento é formada por atos processuais ordenados de maneira lógica, buscando possibilitar a formação do livre convencimento do juiz. Resumidamente, o procedimento é iniciado quando da distribuição de uma petição inicial que, ao ser recebida pelo estado-juiz, determina a citação do sujeito demandado para que tome conhecimento e integre a relação processual. Frustrada a conciliação (as vezes ele não ocorre), após a resposta, com o oferecimento de contestação, podem as partes produzir provas complementares no sentido de corroborar com suas alegações para, ao final, o juiz emitir seu provimento jurisdicional cujas partes deverão se sujeitar. A doutrina considera que o procedimento deve ser compreendido por seus diversos fatores, como razões históricas, políticas ou a distinção procedimental que se justifica diante das peculiaridades do direito material envolvido, que acaba por influenciar o procedimento aplicado. Com o desenvolvimento da doutrina italiana, mais tarde, com o jurista Elio Fazzalari, adotou-se por parte da academia que o procedimento seria visto como o conjunto de atos preparatórios voltando para a realização de um ato final (sentença)6. Do ponto de vista jurídico, repisando o que já foi dito, ensina Marcus Vinicius Rios Gonçalves que o procedimento: “é o modo pelo qual os atos processuais encadeiam-se no tempo para atingir sua finalidade”7. Já o jurista Edward Carlyle pondera que a ideia de procedimento sempre foi objeto de divergência, podendo ser visto pela doutrina como: “a forma material através da qual o processo se realiza em cada caso concreto”, ou seja, um encadeamento de atos com a finalidade de viabilizar um provimento jurisdicional. Segundo o art. 318, caput e parágrafo único do CPC/15, o procedimento comum é a regra a ser aplicada a todas as causas, salvo disposição em contrário em lei. Ainda, é aplicado subsidiariamente aos procedimentos especiais8, processos de execução e hipóteses que envolvem leis extravagantes de procedimentos especiais. Muito embora não esteja consignado expressamente de tal modo, o procedimento comum pode ser resumido pela seguinte ordem: Petição inicial ---- citação ---- A.C ---- defesas do réu ---- providências preliminares ou julgamento antecipado ---- saneamento ---- A.I.J ---- sentença ---- arquivamento ou cumprimento de sentença 6 SILVA, Edward Carlyle. Direito processual civil. 4ªed.. Impetus, 2014. 7 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil, Vol. 1, 13ªEd., Saraiva, SP, 2016, pg 397. 8 Informe-se que há decisões em nossos Tribunais que pugnam pela não aplicação do CPC de maneira subsidiária ao rito dos juizados especiais em razão da diferença de princípios que regem tais procedimentos. Direito Processual Civil I: Prof. Octávio Louro O material não dispensa a leitura da bibliografia sugerida 3/3 Muito sucintamente abordaremos as mencionadas fases, fazendo-o de maneira mais completa ao longo do período, nas aulas subsequentes, senão vejamos: 2. Fase postulatória: Momento em que se quebra a inércia da jurisdição pela externalização da pretensão (petição inicial), terminando com as defesas do réu (contestação ou reconvenção). Fase que se caracteriza pela oportunidade de exposição das alegações e pedidos do autor e réu, identificada desde a propositura da ação até a resposta do demandado. 3. Fase ordinatória: Na fase ordinatória, o processo é saneado, verificando o juízo se há algo no processo a ser regularizado pelas partes, reconhecendo ou não sua condição em seguir. Identificam-se as providências preliminares e o julgamento conforme o estado do processo. 4. Fase instrutória: Momento de colheita das provas, inclusive com a designação de perícias, audiências de instrução para oitiva de testemunhas ou depoimento pessoas das partes. 5. Fase decisória: Enfrentamento do mérito da demanda pelo juízo, que deverá ter solucionado o conflito de certeza, passando-se ao proferimento da decisão de mérito (sentença), nos termos do art. 485 ou 487, CPC/15. 6. Cumprimento de sentença: Caso a decisão de mérito proferida não seja cumprida voluntariamente, faz-se necessário o início dos atos executivos, analisando-se o conflito de inadimplemento.
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