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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO ALINE CRISTINA JACINTO DE FREITAS ELIZABETE COSTA XAVIER JAMILLE YANCA FERREIRA PEIXOTO JOSÉ AILTON DA SILVA FILHO PAULO FELIPE SCHULTZ ROCHEL TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇAS SUÍNAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA MOSSORÓ- RN 2022 ALINE CRISTINA JACINTO DE FREITAS ELIZABETE COSTA XAVIER JAMILLE YANCA FERREIRA PEIXOTO JOSÉ AILTON DA SILVA FILHO PAULO FELIPE SCHULTZ ROCHEL TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇAS SUÍNAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA Trabalho apresentado como requisito para nota parcial da Terceira Unidade da disciplina de suinocultura Professor: Raimundo Alves Barreto Junior MOSSORÓ- RN 2022 I. Introdução Antes de falar sobre a avaliação de carcaças propriamente dita, alguns conceitos devem ser previamente explorados. A classificação tem como objetivo agrupar em classes tudo que tem características semelhantes ou iguais, como as categorias de sexo, maturidade e peso dos animais. Já a tipificação consiste na diferenciação das classes em tipos hierarquizados (FELÍCIO, 1999). Segundo Sainz (2001), sobre qualidade da carcaça, há duas características de maior importância: o rendimento e a qualidade da carne. O rendimento consiste no retorno financeiro direto ao frigorífico, pois se relaciona com a quantidade de carne que vai para o comércio. Já a qualidade é um conceito mais complexo, pois inclui os fatores de interesse ao setor varejista, assim como para o consumidor; por exemplo: o primeiro se relaciona com a aparência, vida de prateleira etc., enquanto que o segundo tem como prioridade também o sabor, a maciez, e a suculência da carne. Ainda sobre o mesmo autor, o rendimento de carcaça é diretamente dependente da quantidade de músculo estriado e da sua relação com os ossos e a gordura. De acordo com as curvas de crescimento alométrico, a porção óssea se desenvolve mais cedo, seguido pela musculatura e por fim, o tecido adiposo. Assim, a proporção de músculo na carcaça aumenta com o acréscimo de peso do animal durante o período antes do acúmulo rápido de gordura, para depois reduzir na fase de terminação. A forma destas curvas e as proporções dos componentes da carcaça variam de acordo com o genótipo, o sexo, o estado hormonal e a alimentação, com indução para o rendimento de carne na carcaça. A qualidade organoléptica da carne também é afetada por vários motivos. Essas características englobam a coloração, a maciez, a suculência e o sabor. Entre estas, a maciez é considerada como a mais importante, apesar de estar relacionada com as demais. A maciez tende a ser maior em animais jovens, e diminui com a idade devido ao acúmulo e à maturação do tecido conjuntivo das fibras musculares, e também a uma menor fragmentação das miofibrilas após o abate. Todavia, a suculência e o sabor da carne estão relacionados com a gordura entremeada (a marmorização), que aumenta com a idade e a finalização do animal. Estas características são instigadas pelos mesmos fatores que influenciam o rendimento, isto é: a idade, o genótipo, o sexo, o uso de anabolizantes, e a alimentação (SAINZ, 2001). II. Revisão de Literatura A cadeia produtiva de proteína animal se estabeleceu ao longo de diversas técnicas e embasada em diferentes estratégias e normas de diferentes países e culturas. Todo o processo produtivo segue vários regulamentos de produção animal atrelado a manejo racional, bem estar animal, transporte, pré e pós abate, bem como boas práticas de fabricação. Tudo isso para que ao fim do processo se tenha a máxima qualidade no alimento, com transparência e técnicas conscientes de produção (ALEXANDRINO et al. 2020). Assim se estabeleceu que diversos critérios irão gerir o acompanhamento do processo produtivo, como qualidade, avaliação e tipificação de carcaças, sendo que esses critérios se aplicam a diferentes espécies. De acordo com Alexandrino et al. (2020), a carcaça pode ser avaliada levando em conta suas características de maior importância: geralmente o rendimento e a qualidade da carne. O rendimento da carne refere-se à quantidade de carne comercializável presente na carcaça. Já a qualidade da carne inclui os fatores de interesse do setor varejista, da indústria de transformação e dos consumidores. Entre tais indicadores de qualidade tem-se sabor, cor, maciez, vida de prateleira, capacidade de retenção de água, etc. O rendimento de carne na carcaça depende do seu conteúdo de músculo esquelético e de sua relação com a ossatura e a gordura (Bridi, 2009). Nos suínos a "carcaça" é o animal abatido, sangrado e eviscerado e que tenham tirados as cerdas e unhas, banha, rins, diafragma, espinha medular, mioleira, língua, mamilos (fêmeas) e testículos (imunocastrados). Permanecendo a extremidade dos membros, couro e cauda. Podem ser apresentados com ou sem cabeça e pés. A tipificação pode ser modelo de orientação para diversos fins, entre os quais, auxiliar na comercialização entre produtores, frigoríficos e varejo, garantir ao consumidor especificações diferenciadas de cortes e produtos, auxiliar a indústria frigorífica quanto ao destino dado à carcaça, seja para mercado interno, exportação e tipos de produtos e subprodutos, como fabricação de produtos “light”, venda “in natura”, etc. Os tipos de tipificação são tificação americana, européia e brasileira: Tipificação americana - tipificação adotada oficialmente nos EUA, desde 1926 (USDA, 1989), é um sistema formado por dois métodos, de certo modo, antagônicos, em que um limita o outro. O primeiro tem a finalidade de ordenar da melhor para a pior a carcaça pela qualidade, denominado Quality Grading (QG). Por valorizar bastante o mármore, as carcaças tendem a ser muito gordas, e os melhores tipos geram produtos com menores rendimentos de cortes desossados com gordura parcialmente removida. No “Quality Grade”, onde são avaliados os graus de maturidade e de marmorização. O sexo também é incluído, já que as carcaças oriundas de machos inteiros são desclassificadas para as melhores categorias (Bridi, 2009). Felício, (2011), o segundo método, denominado de Yield Grading (YG), ordena as carcaças do maior (YG 1) para o menor rendimento de desossa esperado (YG 5), em função, principalmente, da espessura de gordura subcutânea (EG) e da área do olho de lombo (AOL). O indicador “Yield Grade” é baseado no rendimento dos principais cortes cárneos (exemplo traseiro, lombo, costela e paleta) desossados e com gordura aparada. Apesar destes cortes representarem apenas 80% da carne da carcaça, eles representam 95% do valor econômico das mesmas (Bridi, 2009). O autor enfatiza que a marmorização (também chamado de marmoreio ou gordura intramuscular) é um dos fatores determinantes para a classificação de qualidade. Esta avaliação da quantidade e da distribuição da gordura intramuscular é feita visualmente no músculo Longissimus dorsi, entre a 12° e 13° costela (ALEXANDRINO et al. 2020). Tipificação européia - O Europ classification system (EUROP) é composto por avaliações de maturidade, grupo sexual, musculosidade e acabamento de gordura, utilizando somente avaliações subjetivas, segundo Bridi (2009). Na União Europeia prevalece uma classificação das carcaças pelo acabamento (apontados em escores visuais de 1 a 5), e conformação, avaliada como escore de musculosidade (classificado da mais para a menos musculosa). O autor aponta que é colocada tanta ênfase que o esquema que deveria ser de “classificação pura e simples” acaba hierarquizando as carcaças, como nos sistemas tradicionais de tipificação (Felício, 2011) . A classificação por acabamento é uma avaliação em cinco classes: de 1 (muito magra) a 5 (muito gorda), e as classes 4 e 5 são subdivididas em mais magras (L) e mais gordas (H). Quando se expressa a classificação de uma carcaça, a classe de conformação sempre vem em primeiro lugar e, em seguida, o acabamento. Por exemplo, carcaças bem comuns de novilhos tem conformação R e acabamento 4L, e na etiqueta ou carimbo aparece anotadoR4L (Comunidade europeia, 2007). Tipificação brasileira - O sistema brasileiro de tipificação é um esquema de classificação, seguido de hierarquização das carcaças em tipos, seguindo métodos já tradicionais de outros países como Argentina e Uruguai. E para tipificar, a conformação, como avaliação subjetiva de perfis que demonstram o desenvolvimento das massas musculares do coxão, paleta e região dorso-lombar (C = convexa; Sc = subconvexa; Re = retilínea; Sr = sub-retilínea ou subcôncava; Co = côncava), e o acabamento da carcaça, como avaliação subjetiva da gordura subcutânea, tendo como parâmetro o resultado esperado se uma medida em mm fosse feita (1 = ausente; 2 = escassa, 1-3 mm; 3 = mediana, 4-6 mm; 4 = uniforme, 7-10 mm; e 5 = excessiva, 10 mm ou mais de gordura) sobre o contrafilé. A classificação e o enquadramento em tipos são feitos na sala de matança, quando não se faz avaliação qualitativa da carne, porque na carcaça quente a gordura não solidificou e o tecido muscular ainda está na fase que antecede o rigor mortis. Com relação a tipificação no Brasil, na área de suinocultura, ela é usada com dois grandes intuitos: auxiliar na comercialização de suínos entre produtores e frigoríficos que praticam a bonificação, e garantir ao consumidor especificações diferenciadas de cortes e produtos de suínos (ABCS, 1972) III. Conclusão Para que o consumidor final tenha um produto de boa qualidade é preciso métodos que identifiquem a qualidade do produto. Os sistemas de avaliação, classificação e tipificação de carcaças no mundo inteiro são diversos, esses separam o produto em grupos mais ou menos homogêneos, com referência ao rendimento de carne e da qualidade organoléptica da mesma. São avaliações subjetivas de características que estão diretamente relacionadas com as propriedades de interesse econômico. A concorrência entre países e entre fontes substitutas de proteína tem incitado as indústrias a observarem as exigências do mercado. Assim, é imprescindível adotar métodos rigorosos para se avaliar essa qualidade da produção, desenvolvendo e implementando sistemas de produção, processamento e comercialização para atender às expectativas do consumidor de segurança, qualidade e preço. IV. Referências Bibliográficas ALEXANDRINO, S. L. S. A.; SANTOS, T. L.; MORAES, R. C.; GONÇALVES, L. F.; PAULA, L. C.; SILVA, G. S.; MINAFRA, C. S.; GOMIDE, A. P. C. Qualidade, avaliação e tipificação de carcaças das principais espécies de interesse zootécnico: bovina, suína e aves. Research, Society and Development, v. 9, n. 10, 2020. FELÍCIO, PE de. Perspectivas para a tipificação de carcaça bovina. SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA–SIMPOCARNE, 1999. SAINZ, Roberto D.; ARAÚJO, Fabiano RC. Tipificação de carcaças de bovinos e suínos. In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Carne. 2001.
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