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Direito Civil - ASSOCIAÇÕES, FUNDAÇÕES E FIM DA PESSOA JURÍDICA

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ASSOCIAÇÕES, FUNDAÇÕES E FIM DA PESSOA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de pesquisa para a 
disciplina de Direito Civil I do curso de 
Direito, feito no primeiro semestre de 2015. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3 
 
2 ASSOCIAÇÕES ................................................................................................................ 4 
2.1 ASSOCIADO................................................................................................................... 4 
2.2 ASSEMBLÉIA GERAL E DECISÕES ............................................................................ 5 
2.3 EXTINÇÃO ..................................................................................................................... 5 
 
3 FUNDAÇÕES ................................................................................................................... 7 
3.1 OS BENS ............................................................................................................................................... 7 
3.2 O ESTATUTO E O MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................. 7 
3.3 EXTINÇÃO ..................................................................................................................... 8 
 
4 ASSOCIAÇÕES X FUNDAÇÕES ................................................................................... 9 
 
5 FIM DA PESSOA JURÍDICA ........................................................................................ 10 
5.1 DISSOLUÇÃO .............................................................................................................. 10 
5.2 LIQUIDAÇÃO .............................................................................................................. 10 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 12 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
Nas pessoas jurídicas de direito privado, existem as associações e fundações, 
pertencentes estas ao terceiro setor, esse sendo usado para definir iniciativas privadas, porém 
voltadas ao público, ao social. Em nossa sociedade existem pessoas, grupos, empresas que 
têm objetivos em comum, que possuem uma mesma visão de algo que seja voltado a 
interesses coletivos, sociais. Decidem então, no caso de associação, formar ou um grupo de 
pessoas organizadas que buscam alcançar certa finalidade, ou em uma fundação, reunir um 
patrimônio para alguma causa; as duas hipóteses de forma reconhecida pela lei. É claro que 
no caso da associação, a união requer certa colaboração. E na fundação, investimento de 
patrimônio. Entre elas, existem algumas semelhanças e várias diferenças. 
Caso algo dê errado no funcionamento ou apenas se deseje encerrá-lo, ocorre a 
dissolução da associação, fundação, sociedade, organização religiosa, enfim, resulta na 
liquidação e por fim extinção da pessoa jurídica de direito privado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 ASSOCIAÇÕES 
 
 
As associações são “pessoas jurídicas de direito privado” (Art. 44, Código Civil). É 
uma forma de representação para pessoas com interesses sociais em comum, estas pessoas são 
livres para a criação de associações; não se poderá obrigar alguém a participar ou ficar 
permanentemente em uma associação (Art. 5º, XVIII e XX, CF), bem como não poderá haver 
a exclusão do associado sem justa causa (Art. 57, CC). As associações não possuem fins 
econômicos, apesar de que podem fazer atividades relacionadas ao dinheiro, assim como 
exemplifica o professor Marlon Tomazzete (2005, p. 217) “uma associação pode realizar 
apresentações teatrais pagas com o intuito de angariar recursos para o cuidado de pessoas 
necessitadas”, ou seja, uma atividade econômica poderá ser feita mesmo não sendo o fim da 
associação. O Código Civil ainda diz que não há, entre os associados, direitos e obrigações 
recíprocas, ou seja, não é necessário contribuir economicamente e nem é necessário dividir 
tais economias. 
O Art. 54 apresenta o que deverá ter no estatuto de uma associação, o que será 
necessário para sua identificação e sua existência: 
“I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.” 
Assim, quem fundar uma associação, deverá ter em mente um objetivo, definindo 
assim quais atividades a associação poderá realizar, devendo ter em seu estatuto os itens 
citados acima para evitar sua anulação. 
 
 
2.1 ASSOCIADO 
 
O associado é a pessoa que participa da associação e contribuirá para alcançar os 
objetivos da mesma. Os arts. 55 a 59 do Código Civil tratam mais sobre o associado. São 
garantidos direitos iguais aos associados, bem como também a possibilidade de, mediante o 
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destaque do sócio em determinada situação, ele poder ser beneficiado, por exemplo, com 
algum título especial. Caso um associado tenha contribuído para a associação, essa 
contribuição poderá ser passada para outra pessoa ou herdeiro, não precisando esse adquirente 
participar dessa associação. Não há nada que impeça o associado de usufruir de seus direitos 
ou fazer o que lhe foi proposto, com exceção do estatuto da associação e é claro, da lei. 
 
 
2.2 ASSEMBLÉIA GERAL E DECISÕES 
 
A Assembléia Geral ocorre quando os membros da associação reúnem-se para tomar 
decisões importantes. Fala-se mais sobre tal no art. 59 do Código Civil: 
 “Compete privativamente à Assembléia Geral: 
I — destituir os administradores; 
II — alterar o estatuto.” 
Ou seja, é preciso que haja uma reunião da Assembléia Geral para afastar 
administradores de seu cargo e para aprovar o estatuto (na primeira reunião) ou alterá-lo. 
Sendo que a maioria dos presentes tem que votar a favor para validar as decisões, e o número 
mínimo de pessoas presentes (quorum) será estabelecido no estatuto da assembléia. (Art. 59, 
Parágrafo único, CC) 
Porém, assim como cita o art. 60, “a convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na 
forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la”, não 
cabe somente à Assembléia tomar decisões, mas também a outros órgãos deliberativos, 
podendo estes ser solicitados por um quinto dos membros. 
 
 
2.3 EXTINÇÃO 
 
Se houver a extinção de uma associação, o patrimônio restante, depois de descontado 
possível patrimônio que se referir ao adquirente ou herdeiro, será destinado a uma entidade de 
fins não econômicos designada no estatuto. Caso o estatuto não especifique, por decisão dos 
associados, a alguma instituição municipal, estadual ou federal que tenha fins iguais ou 
parecidos (art. 61, CC). Através do estatuto ou da decisão dos associados, o associado pode 
receber o que contribuiu com a associação antes de encaminhar o valor para o destino final. 
(art. 61, §1º, CC). Não havendo no Município, Estado, Distrito Federal ou Território que a 
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associação estiver sediada, alguma instituição que se adapte ao artigo 61, o que restar do 
patrimônio vai para o Estado, Distrito Federal ou União (art. 61, §2º, CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 FUNDAÇÕES 
 
Assim como as associações, as fundações também são pessoas jurídicas de direito 
privado, segundo o artigo 44 do Código Civil. Elas são “a formautilizada por pessoas que, 
pensando em seus semelhantes de forma não egoísta, procuram fazer o bem para toda a 
comunidade ou, pelo menos parte dela” (Fundação Aroeira, 2015). As fundações deverão 
possuir fins sociais: religiosos, morais, culturais ou de assistência (Art. 62, Parágrafo único, 
CC). Para sua criação, é necessário ter um instituidor que designe bens para o patrimônio da 
fundação, ou melhor dizendo: O instituidor terá que fazer, através de escritura pública ou 
testamento, a “dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina”, e optar 
se fará a declaração da maneira de administrar a fundação. (Art. 62, CC). Assim como as 
associações, é essencial definir seus objetivos, sua finalidade, esta não podendo ser lucrativa. 
 
 
3.1 OS BENS 
 
Caso os bens disponibilizados pelo instituidor da fundação não forem suficientes 
para criá-la e mantê-la, estes bens serão aplicados a outra fundação que tenha a mesma 
finalidade ou se assemelhe a essa, a não ser que a vontade do instituidor seja outra (Art. 63, 
CC). Se a fundação for criada através da escritura pública, o instituidor deverá passar a posse 
dos bens dotados para a fundação, caso contrário eles serão registrados em nome dela por 
mandado judicial (Art. 64, CC). Em vista disso, acrescenta Nestor Duarte que “O dispositivo 
encerra a irrevogabilidade da instituição da fundação por escritura pública. Se por testamento, 
é da natureza deste a revogabilidade (Art. 1.858, CC).” (2010, p. 70). 
 
 
3.2 O ESTATUTO E O MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
A formulação do estatuto deverá seguir as bases do art. 62, podendo ser elaborado 
pelo instituidor ou por alguém designado por ele, logo em seguida o estatuto deverá ser 
aprovado por uma autoridade competente, com recurso ao juiz (art. 65, CC), sendo que, caso 
o estatuto não for elaborado no prazo determinado pelo instituidor, ou não havendo um prazo, 
em cento e oitenta dias, o Ministério Público deverá fazer o estatuto (art. 65, parágrafo único, 
CC). 
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Sobre a alteração do estatuto, o art. 67 diz que é fundamental que a reforma seja 
deliberada por dois terços dos membros competentes, não contrarie o fim da fundação e seja 
aprovada pelo Ministério Público, caso não seja, poderá ser suprida pelo juiz. Caso a alteração 
não seja aprovada por todos, a minoria poderá contestar aquela alteração dentro de dez dias 
(art. 68). 
 No artigo 66 e nos parágrafos que o compõem, fala-se sobre a fiscalização das 
fundações, que será feita pelo Ministério Público do Estado onde elas se encontrarem, se elas 
estiverem no Distrito Federal ou Território, será feita pelo Ministério Público Federal, e se 
funcionarem em mais de um Estado, ficará por conta de cada Ministério Público do respectivo 
Estado. 
 
 
3.3 EXTINÇÃO 
 
A extinção de uma fundação será feita pelo Ministério Público ou qualquer 
interessado, e ocorrerá quando a finalidade desta se tornar ilícita, impossível ou inútil; ou 
quando vencer o prazo de sua existência. O seu patrimônio poderá ser incorporado em outra 
fundação com finalidade parecida ou igual, respeitando a vontade do instituidor e do estatuto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 ASSOCIAÇÕES X FUNDAÇÕES 
 
As associações e fundações fazem parte do Terceiro Setor, e se assemelham muito no 
aspecto de poder reunir pessoas com objetivos em comum para atingir interesses coletivos, 
garantindo que sejam representadas. Ambas devem possuir fins não lucrativos, necessitam de 
investimento, seja de tempo ou de dinheiro. São pessoas jurídicas de direito privado. 
As fundações são muito mais rígidas que as associações em vários aspectos. É 
obrigatório que tenha um patrimônio para ser investido na hora de criar uma fundação, já na 
associação isso não é necessário. A fundação dá mais ênfase ao patrimônio, e a associação 
tem mais foco nas pessoas, no grupo, até pela garantia de direitos e possibilidade de conceder 
títulos especiais aos associados. 
As duas são regidas por um estatuto, no caso das fundações, esse estatuto deverá ser 
aprovado pelo Ministério Público e no caso das associações, pela Assembléia Geral. O 
Código Civil cita que as associações são para “fins não econômicos”, já ao falar dos fins das 
fundações, é mais específico, pois diz que as fundações deverão possuir fins “religiosos, 
morais, culturais ou de assistência”, sendo que a finalidade escolhida pela fundação não 
poderá ser modificada, e nas associações o seu fim poderá ser alterado. Vale ressaltar que os 
fins da associação são definidos pelos associados, e os fins da fundação pelo instituidor. 
É visto então, que as associações são de certa forma menos rígidas, com mais 
possibilidades de escolha de finalidade e quem faz parte de associação tem mais possibilidade 
de interferir em suas decisões, já as fundações são mais regradas, até porque suas decisões 
dependem do Ministério Público, não há aquela “união” de pessoas existente na associação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 FIM DA PESSOA JURÍDICA 
 
A extinção da pessoa jurídica pode ocorrer de diversas formas, começa com a 
dissolução da pessoa jurídica e se conclui com a liquidação da mesma (art. 51, CC). 
 
 
5.1 DISSOLUÇÃO 
 
Assim como cita o Art. 1.033, incisos I à V, a dissolução da pessoa jurídica pode 
ocorrer, no caso de uma sociedade, pelo vencimento de seu prazo de duração, a não ser que 
ela não entre em liquidação e nenhum sócio seja contra a sua continuação; consenso unânime 
de todos os sócios; decisão da maioria no caso de sociedade de prazo indeterminado; pela 
falta de sócios restantes na sociedade que não se reconstitua em 180 dias (com a exceção 
prevista no Art. 1.033, Parágrafo único, CC) e também a extinção da autorização para seu 
funcionamento. 
A dissolução da sociedade também pode ser judicial, através de pedido de qualquer 
sócio, quando for anulada sua constituição por algum motivo inválido; ou quando a finalidade 
for alcançada ou não ser possível realizá-la (art. 1.034, I e II, CC). Pode acontecer também a 
dissolução por causas presentes no contrato, podendo ser verificadas judicialmente caso 
contestadas (art. 1.035, CC). 
O artigo 1.125 do Código Civil diz que a dissolução poderá ocorrer através da 
cassação da autorização de uma sociedade nacional ou estrangeira, caso esta infrinja a ordem 
pública ou pratique atos que contrarie a finalidade em seu estatuto. 
No caso das associações, a dissolução poderá ocorrer por opção dos associados e 
também no que se encaixar na dissolução das sociedades, como o funcionamento irregular. 
Nas fundações, através do vencimento do prazo, da falta de patrimônio, da ilicitude de sua 
finalidade ou de decisão do Ministério Público por alguma irregularidade. 
 
 
5.2 LIQUIDAÇÃO 
 
A liquidação ocorre para finalizar o processo de extinção da pessoa jurídica. Segundo 
Alexandre Galhardo, a liquidação se resume em “vender os bens à vista, receber todos os seus 
direitos e pagar todas as suas obrigações” (Portal Tributário, 2015). 
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Após a dissolução, deverá ser imediatamente nomeado um liquidante, que tem a 
competência de “representar a sociedade e praticar todos os atos necessários à sua liquidação” 
(art. 1.105, CC), pelos administradores da sociedade, e também a gestão deverá se restringir 
somente a negócios inadiáveis, não podendo realizar novas operações ao entrar em liquidação 
(art.1.036, CC). 
Quando estiver pago o passivo e partilhado o remanescente, o liquidante convocará 
uma assembléia dos sócios para aprovar a prestação final de contas e para o encerramento da 
liquidação, sendo assim procedendo com a extinção da pessoa jurídica (arts. 1.108 e 1.109, 
CC). 
O motivo para citar principalmente as sociedades ao falar em liquidação da pessoa 
jurídica é porque “As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, 
às demais pessoas jurídicas de direitoprivado. (art. 51, § 2º, CC)”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao decorrer deste trabalho é notável que nas associações, os participantes têm mais 
possibilidade de participação, as pessoas têm mais voz, porém por não ter um patrimônio 
inicialmente investido como é o caso das fundações, elas acabam se tornando um pouco 
instáveis, sem garantia de que sua finalidade irá se completar. 
A extinção das pessoas jurídicas de direito privado possui fases, e estas são 
essenciais para colocar em ordem as pendências que surgem ao decorrer do funcionamento da 
entidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
TOMAZZETE, Marlon. A forma jurídica das entidades do terceiro setor. In: 
CARVALHO, Cristiano; MAGALHÕES PEIXOTO, Marcelo (Coord.). Aspectos jurídicos 
do terceiro setor. São Paulo: IOB Thomson, 2005. P. 217. 
 
FUNDAÇÃO AROEIRA. O que é fundação? Disponível em: 
<http://www.pucgoias.edu.br/puc/fundacoes/aroeira/home/secao.asp?id_secao=339>. Acesso 
em: 15 mai. 2015. 
 
DUARTE, Nestor. In: PELUZO, Cezar (Coord.). Código Civil comentado: doutrina 
e jurisprudência. Barueri, SP: Manole, 2010. P. 70. 
 
GALHARDO, Alexandre. Aspectos contábeis e legais inerentes aos processos de 
dissolução, liquidação e extinção das sociedades. Disponível em: 
<http://www.portaltributario.com.br/artigos/extincao.htm>. Acesso em: 24 de mai. de 2015.

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