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NARRATIVA DA PETIÇÃO INICIAL

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CURSO DE DIREITO
UNIDADES DORIVAL CAYMMI E NITERÓI
TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA
PROFESSORA VALQUIRIA PALADINO
valquiriapaladino@gmail.com
Celular: 84400310
2011.2
NARRATIVA DA PETIÇÃO INICIAL 
 T. V., menor impúbere, representado por seu pai, H. V., brasileiro, casado, agricultor, residente nesta cidade, por seu advogado infra-assinado (mandato particular incluso), vem propor Ação de Reintegração de Posse contra G. S., brasileiro, casado, agricultor, residente em ..., com os seguintes fundamentos:
 O autor é senhor e possuidor, por doação de seu pai (escritura anexa), do sítio “3 Rios”, neste Município, que confronta com o sítio, “Rancho Alegre” pertencente ao réu. 
Há dois anos, houve queda de uma ponte na via de acesso do réu à estrada pública e, por isso e em razão da amizade existente entre os vizinhos, o pai do autor consentia que o réu usasse, precariamente, uma passagem através de seus pastos, até que fosse reparada a ponte danificada. 
 A ponte já foi consertada há muito tempo e, mesmo assim, continua o réu trafegando pela passagem particular do autor, contra a vontade deste. 
 Configurado, assim, o esbulho, requer o autor, com base no art. 928 do CPC, a citação do réu para a audiência de justificação e para os demais termos do processo. 
 Pede que, uma vez justificada a posse, seja expedido mandado liminar de reintegração: e afinal, seja, por sentença, deferida a reintegração definitiva do autor na posse do imóvel que vem sendo esbulhado pelo réu, com as cominações de direito. 
 
NARRATIVA DA CONTESTAÇÃO (Peça de defesa- impugnação dos fatos) 
G.S. e sua mulher, Z. S., brasileiros, agricultores e residentes em ..., por seu advogado infra- assinado, vêm apresentar sua Contestação à ação de reintegração de posse que lhe move T. V. (qualificado na inicial), e o faz nos seguintes termos:
 Preliminarmente
1. A ação proposta é inadequada, porque, segundo os fatos narrados na Inicial, o caso seria de Manutenção de Posse e não de Reintegração de Posse. 
2. Há, ainda, inviabilidade da ação porque os sítios de ambas as partes, embora divididos por antigas cercas, integram uma fazenda em comunhão que ainda não se extinguiu por meio de divisão regular. Como têm decidido os Tribunais, não cabe interdito possessório entre condôminos, devendo suas divergências serem solucionadas pelo juízo divisório. 
3. O autor é menor impúbere e sua representação nos autos é irregular porque o mandato ad judicia foi outorgado por seu pai, mediante instrumento particular. Nula, portanto, é a procuração, segundo o Código Civil, art. 1. 289. 
4. Nula se mostra, também, toda a relação processual, porque a ação é real e o réu é casado e, não obstante, a citação só se faz em relação ao cônjuge varão (CPC, art. 10, parágrafo único, n. II). 
5. Há, ainda, impossibilidade jurídica do pedido, porque o réu não foi constituído em mora por meio de prévia interpelação judicial. 
6. Finalmente, ocorre a incompetência absoluta da juíza, porque contrariando a regra do art. 94 do CPC, a ação não foi proposta no foro do domicílio do réu, que é o de Contagem. 
7. Em face dessas preliminares, requerem os contestantes a extinção do processo, sem julgamento do mérito por falta de pressupostos processuais e por carência da ação proposta (CPC, art. 267, IV e VI). 
 Mérito
De fato, os réus vêm utilizando um caminho que atravessa o imóvel do autor para atingir a estrada de acesso a Betim. 
Entretanto, isso não pode configurar esbulho ou turbação, porque o pai do autor, antes da doação feita ao filho, havia concedido autorização por escrito ao réu varão para usar a questionada passagem. 
Como a autorização dada foi sem determinação de prazo, não pode o uso de passagem ser interrompido sem prévia e regular notificação ou interpretação judicial (CC, art. 960). 
Assim, estando os réus no exercício de servidão de passagem ainda não regularmente extinta, não pode sua conduta ser qualificada de ilícita. 
Requerem, por isso, seja a contestação acolhida, para decretar-se a improcedência do pedido de reintegração de posse, caso não se dê a extinção do processo sem julgamento de mérito, como pedido nas preliminares. 
RELATÓRIO DA SENTENÇA
 T. V. , menor impúbere representado por seu pai, H. V., já qualificados, intentou a presente ação possessória contra G. S. e sua mulher, Z. S., também qualificados, na qual, em síntese, alega:
 a) que é possuidor do sítio “3 Rios” por doação de seu pai;
 b) que o sítio “3 Rios” confronta com o sítio “Rancho Alegre” pertencente ao Réu;
 c) que, há dois anos, o pai do Autor, seu representante na presente ação, em razão da queda de uma ponte na via de acesso do Réu à estrada pública, consentiu que ele usasse, precariamente, uma passagem por meio de seus pastos até a conclusão dos reparos da referida ponte;
d) que a dita ponte fora reparada há bastante tempo e, ainda assim, o Réu insiste em continuar trafegando pelo interior da propriedade do Autor. 
 Por entender configurado o esbulho possessório, ao final requer a citação do Réu, a expedição de mandado liminar de reintegração e, por sentença, o julgamento da lide com o deferimento definitivo da reintegração. 
 A Inicial foi instruída com procuração ad judicia por instrumento particular e com título de domínio do móvel litigioso. Tal procuração fora firmada pelo representante legal do Autor por se tratar de menor impúbere. 
Citado por carta precatória, G. S. apresentou Contestação, em que aduz as seguintes preliminares:
1. que a ação é inadequada por se tratar de manutenção e não de reintegração de posse;
2. que patente a inviabilidade da ação, porque ambos os imóveis, do Autor e do Réu, são apenas parte de uma fazenda em comunhão, ainda não dividida regularmente;
3. que sendo o Autor menor impúbere, sua representação nos autos só poderia se fazer por instrumento público, razão pela qual deve ser considerado inválido o instrumento particular de mandamento ad judicia contido nos autos; 
4. que é nula toda relação processual, porque, tratando-se de ação real e sendo Réu casado, sua esposa também deveria ter sido citada, o que não ocorreu;
5. que explicita a impossibilidade jurídica do pedido, porque o Réu não foi constituído em mora por meio de prévia interpelação judicial;
6. e, finalmente, que presente a incompetência absoluta do juízo, porque, contrariando a regra do artigo 94 do Código de Processo Civil, a ação não foi proposta no foro de domicilio do Réu. 
 Quanto ao mérito, a defesa em contestação alegou que tem autorização por escrito, concedendo-lhe o direito de usar a passagem, e que a autorização, não determinando prazo, não poderá se extinguir sem a prévia necessária notificação. 
 Realizada audiência de justificação de posse com a presença das partes, provou-se, por meio de testemunhas, que:
a) o Autor, por meio de seu pai, tem a posse efetiva do imóvel há vários anos, sendo que sua exploração econômica se faz por meio de pastos e lavouras;
b) que a ponte da qual o Réu se utiliza para ter acesso à via pública já foi consertada há mais de um ano;
c) que, mesmo após o conserto da ponte, o Réu continua passando pela propriedade do Autor. 
 Em decisão fundamentada, foi negada a liminar, pois se tratava de posse de mais de um ano. 
 Ordenada a especificação das provas, as partes satisfeitas com aquelas já produzidas dispensaram qualquer outra. 
 O Órgão de Execução do Ministério Público, oportunamente, manifestou-se pugnando apenas por uma decisão justa para o caso. 
 É O RELATÓRIO.

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