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Texto Pulsões e seus destinos - Resumo, 28-01-23

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Texto “Pulsões e seus destinos” 
1 
 
 No texto “Pulsões e seus destinos”, Freud parece ter clara a ideia 
de que a posição primordial do sujeito é a da atividade, isto é, a 
pulsão buscando incontrolavelmente sua satisfação através dos 
objetos. 
 
⮩ Nesse sentido, ele afirma: “Não parece ocorrer um masoquismo 
originário que não tenha surgido do sadismo de acordo com a forma 
descrita” (1915/2013, pg. 38). 
 
Cabe ao sujeito proteger-se da pulsão através de diques morais. 
Apenas em 1920, como contraposição, a pulsão de morte e o 
masoquismo originário vão questionar esse princípio hedonista da 
condição humana. 
A forma a qual Freud se refere naquela citação segue a seguinte 
estrutura: 
(A) O sadismo é a dominação do sujeito sobre o objeto 
(B) O masoquismo é do retorno do sadismo ao próprio sujeito 
(C) O sadomasoquismo é o objeto se transformando em sujeito 
 
Pulsão estruturada como uma gramática 
A partir disso, a montagem da pulsão se estrutura como uma 
gramática, conjugando-se na voz ativa, voz passiva e voz reflexiva. 
 
No caso da pulsão oral, por exemplo, temos: 
Voz ativa ‘comer’ Eu como um objeto 
Voz passiva ‘ser comido’ Eu sou comido pelo Outro 
Voz reflexiva ‘se fazer ser comido’ Eu me faço ser comido 
pelo Outro 
 
4 destinos para alcançar a pulsão 
Além disso, na medida em que a pulsão é um processo que tem uma 
meta, Freud apresenta quatro diferentes destinos para alcançá-la: 
(1) Reversão em seu 
contrário 
(2) Retorno em direção à 
própria pessoa 
(3) O recalque (4) A sublimação. 
 
 
 
(1) reversão de uma pulsão em seu contrário 
Tomamos os dois primeiros destinos para situar os tempos do 
sujeito no circuito pulsional, isto é, na montagem da pulsão. 
A (1) reversão de uma pulsão em seu contrário se faz de duas 
formas: 
1) A mudança da atividade para a passividade 
2) A reversão de seu conteúdo. 
 
 A mudança da atividade para a passividade 
A primeira (mudança da atividade para a passividade) pode ser 
encontrada na reversão dos pares opostos (por exemplo, 
sadismo/masoquismo, olhar/ser olhado). 
 
⮩ Ela caracteriza o movimento próprio da pulsão, pois 
estabelece suas diferentes posições: ativa, passiva e reflexiva. 
 
Para compreender o movimento entre as posições de atividade e 
de passividade, tomemos o exemplo do par pulsional olhar/ser 
olhado. Também nele, Freud diferencia as três posições da pulsão: 
1) O olhar é uma atividade dirigida a um objeto estranho; 
(b) o objeto é desinvestido e o olhar é dirigido para a 
própria pessoa; assim, temos a mudança da atividade 
para a passividade e a posição passa a de ser olhado; 
(c) como consequência dessa mudança de posição, o 
objeto estranho passa a ser o sujeito da ação, para quem 
a pessoa se exibe a fim de ser olhada. É a posição 
reflexiva da pulsão. 
⮩ Para Freud, normalmente a finalidade ativa da pulsão é anterior 
à sua finalidade passiva. O prazer da produção de dor pelo sádico, 
por exemplo, é uma posição anterior ao prazer de sofrer dor no 
masoquismo. Mas, apenas no caso da pulsão escópica há uma fase 
preliminar passiva e anterior à primeira, que é ativa: 
É que a pulsão de olhar é autoerótica no início de sua atividade, ou 
seja, ainda que tendo um objeto, ela o encontra no próprio corpo. 
Só mais tarde ela é conduzida (pela via da comparação) a trocar 
esse objeto por um que seja análogo no corpo alheio (fase a). (Freud, 
1915/2013, p. 41). 
Foi pela pulsão escópica que Freud situou pela primeira vez a 
condição de passividade original do sujeito. 
No circuito pulsional o olhar do Outro deve ser anterior ao 
surgimento do sujeito. 
 
2 
 
Antes de o sujeito ser ativo, antes de ele olhar para um objeto 
alheio, há uma fase preliminar passiva de ser objeto do olhar do 
Outro: “Contemplar objeto alheio (prazer ativo de olhar) = o próprio 
objeto é contemplado por uma outra pessoa (prazer de 
mostrar/exibicionismo)” (Freud, 1915/2013, p. 45). 
 
⮩ O Outro toma o corpo do sujeito como objeto de seu olhar. 
Esse Outro que olha é condição para o sujeito se posicionar como 
alguém que olha ativamente um objeto. 
Como a montagem da pulsão se estrutura nas vozes ativa, passiva 
e reflexiva, o sujeito não aparece nos dois primeiros momentos, 
mas apenas no movimento completo do circuito pulsional. 
O surgimento do sujeito, então, se realiza para além da polaridade 
atividade-passividade, mas na possibilidade de bascular entre uma 
posição e outra, sem se fixar em nenhuma delas. 
E a partir dessa temporalidade pulsional é possível pensar as 
posições de gozo do sujeito. Assim, Freud retoma o segundo 
destino da pulsão: 
 
 (II) A mudança de conteúdo, do amor para o ódio 
Freud expande a ambivalência ‘amor versus ódio’ para outras 
oposições. 
 
Como a ambivalência ‘amor versus ódio’ não é primordial, pois o 
amor é a expressão de todaa corrente sexual, esse par pulsional 
não se organiza através de uma, mas de três formas: 
1. Amor/ódio versus indiferença 
2. Prazer – desprazer 
3. Amar – ser amado 
1. Amor/ódio versus indiferença 
É a primeira oposição que nos lança à fase psíquica primordial de 
indiferenciação entre eu e outro. A primeira polaridade se coloca 
entre ‘sujeito (eu) versus objeto (mundo externo)’. 
No início, o eu está alheio à existência do outro. 
Tudo que lhe satisfaz é sentido como próprio e o mundo externo 
coincide com o que é lhe desagradável, que não lhe dá prazer. 
O eu, porém, vai começando a reconhecer e registrar estímulos 
prazerosos também provindos do lado do outro/mundo externo. 
E assim, sob o domínio do princípio do prazer, ele acaba introjetando 
para si o que lhe é agradável e expelindo para fora o que lhe causa 
desprazer. 
 
2. Desprazer - Indiferença 
Ela se mostra associada ao jogo de ‘prazer – desprazer’. 
O eu vai registar o prazer que lhe foi causado por um objeto e, de 
acordo com seus desejos, ele se põe a reencontrá-lo. 
O ódio, por sua vez, é associado a tudo que lhe causa ou causou 
desprazer. Diante dessas condições, o eu ativamente provoca uma 
situação real para trazer os objetos amados para mais perto de si, 
pois lhe causam prazer, ou para afastar os objetos odiados, pois 
lhe causa desprazer. 
 
2. Amar – ser amado 
A terceira expressão da ambivalência entre ‘amor versus ódio’ se 
mostra na forma ‘amar – ser amado’. 
Tomando esse último movimento do destino da pulsão que faz com 
que ela se transforme em seu contrário, segue-se o que vimos a 
respeito dos três tempos da montagem pulsional. 
A ambivalência ‘amar – ser amado’, então, se expressa nas formas 
‘amar’ (voz ativa), ‘ser amado’ (voz passiva) e ‘se fazer ser amado’ 
(voz reflexiva). 
E, a partir disso, Freud correlaciona as posições de atividade e 
passividade com as posições sexuais masculina e feminina, 
respectivamente. 
O sujeito surge apenas no terceiro tempo, na medida em que ele 
não está fixado em nenhuma posição, mas pode gozar em qualquer 
lugar na relação que ele estabelece com o Outro. 
A posição de gozo se instaura na montagem da pulsão. Aquele que 
goza pode fazê-lo pela posição passiva de ser gozado, pela posição 
ativa de gozar ou pela posição reflexiva de se fazer ser gozado 
pelo Outro. 
O sujeito não pode estar fixado em nenhuma dessas posições. Ele 
não se resume a um único enunciado, mas pode circular por todos. 
Quatro características da pulsão 
Fonte (organismo) Sempre de origem somática 
Meta (satisfação) 
Pressão (constante) 
Objeto (variável) Meio pelo qual atinge a meta e, assim, 
o mais variado possível. 
 
Como sabemos, a pulsão entra em funcionamento a partir da 
perda do primeiro objeto de satisfação. 
 
 
3 
 
O fantasma, então, aparece como uma função que organiza em 
uma realidade suportável essa força pulsional que situa o sujeito na 
incessante busca pelo reencontro com o objeto perdido. Ele, o 
fantasma, funciona como uma roupagem que emoldura a pulsão, 
uma espécie tela na qual é projetada o circuito pulsional. 
 
No texto “Uma criança é espancada”,de 1919, Freud busca 
construir a gênese do quadro fantasmático através das posições 
de sadismo e de masoquismo. 
A organização do gozo vai ser estruturada pela identificação 
entre “ser amado” e “ser batido”, resultado da imbricação da 
satisfação pulsional com a busca por amor. 
 
Assim, o fantasma ordena a montagem da pulsão com enunciados 
que sustentam a relação do sujeito com o Outro.

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