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Digestão de proteínas da dieta A digestão de proteínas da dieta se inicia no estomago. As células que revestem a parede do estomago secretam HCl, enquanto outras células secretam pepsinogênio e a mucosa gástrica secreta a gastrina. Quando o pH do estomago atinge um valor entre 1 e 2,5, o pepsinogênio é convertido em pepsina. O pH ácido do estômago desenvolve a desnaturação de proteínas, o que facilita o acesso de enzimas proteolíticas. O HCl hidrolisa as ligações peptídicas, enquanto a pepsina hidrolisa proteínas em peptídeos. As glândulas do reticulo endoplasmático rugoso do pâncreas secretam zimogênio (precursor inativo e protege a célula exócrina do ataque proteolítico) e bicarbonato. O bicarbonato neutraliza o pH para 7 e o zimogênio é convertido em tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidases. Ao final deste processo todas as proteínas são convertidas em aminoácidos, onde são absorvidos pelas viscosidades da mucosa intestinal. Oxidação de aminoácidos A oxidação de aminoácidos acontece em 3 circunstâncias metabólicas: - Durante a renovação das proteínas celulares - Aminoácidos ingeridos em excesso - Durante o jejum severo ou em diabetes melito o Formas de excreção para o nitrogênio o Remoção do grupo amino I. Reações de transaminação O grupo amino é transferido para o carbono alfa do alfa-cetoglutarato, formando o glutamato. Reação catalisada pela enzima aminotransferase de transaminase. É uma reação reversível. O glutamato atua como reservatório de grupamento amino, proveniente de diferentes aminoácidos. Todas as aminotransferases apresentam o mesmo grupo prostético e o mesmo mecanismo de reação. O grupo prostético é o piridoxal-fosfato (PLP). As aminotransferases são enzimas que catalisam reações biomoleculares de pingue-pongue, nas quais o primeiro substrato reage e o produto deve deixar o sítio ativo antes que o segundo substrato possa se ligar. Assim, o aminoácido liga-se ao sítio ativo, doa seu grupo amina ao piridoxal-fosfato e deixa o sítio ativo na forma de um alfa-cetoácido. O outro α-cetoácido, que funciona como substrato, liga-se então ao sítio ativo, aceita o grupo amina da piridoxamina-fosfato e deixa o sítio ativo na forma de um aminoácido. OBS: As enzimas aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase são indicativos de lesão celular. II. Conversão de glutamato em aspartato Glutamato + oxalacetato -> alfa- cetoglutarato + aspartato. III. Desaminação oxidativa Nos hepatócitos, o glutamato é transportado do citosol para a mitocôndria onde sofre desaminação oxidativa, catalisada pela L- glutamato-desidrogenase. Então o glutamato libera seu grupo amina na forma de amônia no fígado. A amônia é toxica e não deve ser liberada na circulação. Por isso ela é convertida em ureia no fígado. Os transportes não-tóxicos de amônia são a glutamina (tecidos Metabolismo de Aminoácidos extra-hepáticos) e alanina (músculos). A desaminação oxidativa ocorre na mitocôndria. ◊ Formas de transporte não toxica de amônia na corrente sanguínea - Glutamina A síntese de glutamina pela glutamina sintetase ocorre em vários tecidos, incluindo o cérebro. - Alanina Reação de transaminação. Ocorre no musculo. Na contração muscular vigorosa é ativada a liberação de piruvato e lactato da glicólise e amônia dos aminoácidos. A amônia e o piruvato forma alanina que no fígado é reconvertido em glicose. Amônia 1) Depleção do ATP celular Maior NH4+ ativa a glutamato desidrogenase. A remoção de α-cetoglutarato e NADH compromete o ciclo do ácido cítrico e a geração de ATP. Também a maior concentração de NH4+ ativa a quantidade de glutamina sintetase que colabora para a redução no nível celular de ATP. 2) Interferência na síntese de neurotransmissores Maior quantidade de NH4+ ativa a glutamina sintetase e inibe a glutaminase. Ele reduz o nível de glutamato que atua como um potente neurotransmissor mediando um grande número de funções cognitivas. Consequência: letargia e falta de direção. A GABA sintetizado a partir de glutamato um importante neurotransmissor inibitório. OBS: Quando se considera os benefícios nutricionais das proteínas, deve-se ter em mente a quantidade total de aminoácidos necessária para a síntese proteica e a distribuição dos aminoácidos nas proteínas da dieta. A gelatina contém uma distribuição nutricionalmente não equilibrada de aminoácidos. À medida que grandes quantidades de gelatina são ingeridas e o excesso de aminoácidos é catabolizado, a capacidade do ciclo da ureia pode ser excedida, levando à toxicidade pela amônia. Isso torna-se ainda mais complicado pela desidratação, que pode resultar da excreção de grandes quantidades de ureia. Síntese da ureia O primeiro grupo amina que entra no ciclo da ureia é derivado da amônia na matriz mitocondrial. Qualquer que seja sua fonte, o NH4 + presente na mitocôndria hepática é utilizado imediatamente e em conjunto com o CO2 produzido pela respiração mitocondrial para formar o carbamoil-fosfato na matriz. Essa reação é dependente de ATP e é catalisada pela enzima carbamoil-fosfato-sintetase I (enzima regulatória). Em geral, o ciclo da ureia possui 4 etapas enzimáticas e o carbamoil-fosfato funciona como doador ativado de grupo carbonila. 1ª etapa) O carbamoil-fosfato doa seu grupo carbonila para a ornitina, formando a citrulina com a liberação de fosfato inorgânico. A reação é catalisada pela enzima ornitina- transcarbamoilase. 2ª etapa) A reação de condensação entre o grupo amina do aspartato e o grupo ureido (carbonila) da citrulina forma a arginino- succinato. Essa reação citosólica é catalisada pela enzima arginino-succinato-sintetase, onde requer ATP e ocorre via um intermediário citrulil-AMP. 3ª etapa) O arginino-succinato é então clivado pela arginino-succinase formando arginina e fumarato. O fumarato é convertido em malato e depois entra na mitocôndria para seguir no ciclo do ácido cítrico. 4ª etapa) Na última etapa, a enzima citosólica arginase cliva a arginina produzindo ureia e ornitina. A ornitina é transportada para a mitocôndria para iniciar outra volta no ciclo da ureia. Cofatores enzimáticos importantes no catabolismo dos aminoácidos o Biotina Participa da transferência de grupos de 1 carbono no estado mais oxidado – CO2. o S-adenosilmetionina Transferência de grupos metila – é um poderoso agente alquilante devido ao grupo sulfonio desestabilizado. O grupo metila ligado a ele é 1000 vezes mais reativo que o grupo metila do N5- tetrahidrofolato. o Tetra-hidrofolato Transferência de unidades de 1 carbono em estado intermediário de oxidação. OBS: 6 aminoácidos são degradados até piruvato: alanina, glicina, serina, cisteina, triptofano e treonina. OBS: 7 aminoácidos são degradados até acetil CoA: triptofano, treonina, lisina, fenilalanina, tirosina, leucina e isoleucina. Introdução A biossíntese de aminoácidos é específica para cada aminoácido. Os vegetais e bactérias conseguem sintetizar aminoácidos, já os seres humanos dependem do fornecimento externo para obter todo o nitrogênio necessário para a síntese (aminoácidos essenciais). Os esqueletos carbônicos são derivados de intermediários das vias metabólicas como a glicólise, via das pentoses e ciclo do ácido cítrico. A origem do nitrogênio dos aminoácidos vem da fixação de nitrogênio. O N2 possui uma alta energia de ligação (maior estabilidade). A conversão de N2 em NH3 se chama fixação de nitrogênio. Complexo da nitrogenase O complexo da nitrogenase é extremamente sensível à inativação do O2. Na planta este problema é contornado pela presença da proteína leg-hemoglobina, que liga todoo oxigênio disponível de modo que ele não possa interferir na fixação de nitrogênio. A fixação de nitrogênio é realizado pelo complexo da nitrogenase que utiliza a ferrodoxina como doador de elétrons. Seu grupo prostético/cofatores é o centro ferro-enxofre. Os componentes principais são a dinitrogenase redutase e a dinitrogenase. Dos 8 elétrons necessários no complexo da nitrogenase, 6 são para redução do N2, e 2 para produção de H2. Os elétrons são transferidos do piruvato para a nitrogenase via ferrodoxina ou flavodoxina. As fontes de elétrons são a oxidação do piruvato em acetil CoA. Então precisa de 4 piruvatos para formar 4 acetil CoA e sai 4 CO2. E 8 elétrons se reduzem formando a ferrodoxina. A ferrodoxina doa os elétrons para o complexo da nitrogenase. O ATP é usado para fornecimento de energia. Utilização de nitrogênio para a síntese de aminoácidos A amônia é utilizada pelas bactérias para a biossíntese dos 20 aminoácidos. NO2 - e NO3 - também são utilizados pelas plantas para biossíntese dos aminoácidos. Os animais sintetizam apenas 11 dos 20 aminoácidos existentes. Precursores metabólicos para a biossíntese dos aminoácidos o Intermediários da via glicolítica - Piruvato: a) Alanina b) Valina* c) Leucina* d) Isoleucina* - Fosfoenol piruvato a) Triptofano* b) Fenilalanina* c) Tirosina - 3-Fosfoglicerato a) Serina b) Glicina c) Cisteína o Intermediários do ciclo do ácido cítrico - α-cetoglutarato a) Glutamato b) Glutamina c) Prolina d) Arginina - Oxaloacetato a) Aspartato b) Asparagina c) Metionina* d) Treonina* e) Lisina* Biossíntese de Aminoácidos o Intermediários da via das pentoses - Fosfoenolpiruvato e eritrose-4-fosfato a) Triptofano* b) Fenilalanina* c) Tirosina* - Ribose 5 fosfato a) Histidina* OBS: Os * indicam aminoácidos essenciais não obtidos por animais. Biossíntese Da glutamina A enzima que catalisa essa reação é a glutamina redutase. A ponte de entrada é o glutamato e a glutamina. Incorpora diretamente a NH4 + em 1 aminoácido. A biossíntese da glutamina é a síntese a partir da adição de outra molécula de amônia ao glutamato. Biossíntese do glutamato A síntese do glutamato é a partir da adição de amônia ao α-cetoglutarato. Biossíntese da prolina A prolina é formada através da reação entre a carboxila gama do glutamato e o ATP resultando num composto denominado glutamato-5-fosfato. A enzima que atua nesta reação é a glutamil cinase. O glutamato 5 fosfato é reduzido por NADPH a glutamato-5- semialdeído (semialdeído glutâmico) que se torna cíclico espontaneamente formando o pirrolino-5-carboxilato, este sofre uma redução final catalisada pela pirrolino-5-carboxilato redutase, uma enzima que requer NADPH. Esta última redução resulta na formação da prolina. Biossíntese da arginina Em bactérias, o glutamato pode ser acetilado formando o N-acetilglutamato que é fosforilado pela acetil glutamato cinase dando origem ao N acetil glutamato-5-fosfato. O N acetil glutamato-5-fosfato é então reduzido por NADPH a N-acetil-5-semialdeído que é transaminado formando a N-acetil ornitina. A hidrólise do grupo acetil forma a ornitina que, através do ciclo da ureia, é convertida em arginina. Em mamíferos o glutamato-5- semialdeído é transaminado a ornitina numa reação catalisada pela ornitina aminotransferase. A partir daí a ornitina entra no ciclo da ureia e forma arginina. Biossíntese da serina e glicina Em geral, a serina é formada através de intermediários da glicólise, o 3-fosfoglicerato. E isso ocorre em 3 etapas: 1) Conversão da hidroxila do 3-fosfoglicerato em uma cetona gerando o 3-fosfohidroxipiruvato (catalisada pela enzima 3-fosfoglicerato desidrogenase); 2) Transaminação do 3-fosfohidroxipiruvato a fosfosserina através de uma aminotransferase dependente de PLP e 3) Hidrólise da fosfosserina pela fosfosserina fosfatase. A serina também participa da síntese da glicina que é executada por 2 vias: 1) Conversão direta da serina a glicina pela serina hidroximetil transferase e 2) Condensação do N5, N10-metileno-TNF com CO2 e NH4 +. Resumindo, a síntese de serina e glicina começa com a oxidação do 3-fosfoglicerato formando 3-fosfohidroxi piruvato e NADH. A reação de transaminação com o glutamato forma 3-fosfoserina e remove o fosfato produzindo serina. A glicina é gerada pela remoção do grupo metil da serina. Em níveis elevados, a glicina é um neurotransmissor inibitório, o que pode explicar os efeitos neurológicos da doença. Talvez mais importante, os níveis elevados de glicina aumentam os níveis de 2-amino-3-cetobutirato, um intermediário instável na degradação da treonina na mitocôndria. OBS: A glicina é uma importante precursora das porfirinas. Biossíntese da cisteina Os mamíferos sintetizam cisteína a partir de dois aminoácidos: a metionina fornece o átomo de enxofre e a serina fornece o esqueleto carbonado. A metionina é inicialmente convertida em S-adenosil-metionina, que pode perder seu grupo metila para diversos aceptores, formando o S-adenosil-homocisteína. Esse produto desmetilado é hidrolisado, liberando homocisteína, que reage com a serina em uma reação catalisada pela cistationina-β- sintase, produzindo cistationina, que é clivada pela cistationina-γ-liase, removendo uma amônia e produzindo cisteína livre. Biossíntese da alanina, aspartato e asparagina A enzima asparaginase catalisa a hidrólise da asparagina, produzindo aspartato, que sofre transaminação com o α- cetoglutarato, gerando glutamato e oxalacetato. O oxalacetato é convertido em malato no citosol e, então, transportado para a matriz mitocondrial pelo transportador malato- α-cetoglutarato. Em bactérias, o oxalacetato produzido na reação de transaminação pode ser utilizado diretamente no ciclo do ácido cítrico. A síntese de alanina é a partir da transaminação do glutamato para o piruvato. Biossíntese da tirosina A síntese da tirosina é através da hidroxilação da fenilalanina. A produção de tirosina acontece diretamente a partir da fenilalanina por meio da hidroxilação no C-4 do grupo fenila pela fenilalanina-hidroxilase; essa enzima também participa da degradação da fenilalanina. A tirosina é considerada um aminoácido condicionalmente essencial, ou não essencial, visto que pode ser sintetizada a partir do aminoácido essencial fenilalanina. OBS: Alanina e glutamina desempenham papéis especiais no transporte de grupos amino a partir do músculo e de outros tecidos não hepáticos, respectivamente, até o fígado.
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