Buscar

05_Economia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 125 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 125 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 125 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prefeitura Municipal de Goiânia/GO 
Auditor de Tributos do Município de Goiânia 
 
1. Recursos escassos e necessidades ilimitadas. Agentes econômicos. O papel do governo. Fluxo real 
e nominal. .............................................................................................................................................. 01 
2. Oferta e demanda. Preço e quantidade de equilíbrio. Efeito dos tributos diretos e indiretos sobre o 
sistema de preços. ................................................................................................................................ 20 
3. Concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolista. ...................................................... 35 
4. Indicadores de sustentabilidade para a gestão tributária municipal. 5. Sustentabilidade financeira e 
econômica municipal. ............................................................................................................................ 41 
6. Investimento e poupança. Renda de equilíbrio. ............................................................................. 43 
7. Crescimento econômico e ciclos econômicos. .............................................................................. 47 
8. Demanda Agregada. ..................................................................................................................... 51 
9. Modelos Keynesianos: propriedades básicas. .............................................................................. 51 
10. Equilíbrio no mercado de bens e serviços e no mercado monetário. ........................................... 56 
11. Dinâmica do Modelo IS-LM. ........................................................................................................ 60 
12. Política Fiscal. Política Monetária. ............................................................................................... 68 
13. Taxa de juros nominal x taxa de juros real. Dinâmica da taxa de juros. ...................................... 88 
14. Teoria quantitativa da moeda. ..................................................................................................... 91 
15. Inflação e efeitos da inflação. Medição da inflação. .................................................................... 92 
16. Economia do Setor Público. ......................................................................................................... 96 
Questões ......................................................................................................................................... 111 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho 
na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em 
contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 1 
 
 
Problema de escassez 
 
-O petróleo, o trabalho, as máquinas, etc., estão disponíveis em quantidades limitadas; 
-Com esses escassos recursos, produzem-se bens e serviços (alimentos, moradias, automóveis, 
saúde, educação, lazer, etc.), 
-A escassez sempre existirá, já que os desejos são superiores aos meios disponíveis para satisfazê-
los. 
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos (mão-de-obra, terra, matérias primas, dentre outros) 
são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força 
do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independente 
do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para 
satisfazer todas as necessidades da coletividade. 
 
Tem-se então um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades 
humanas ilimitadas. A escassez é um conceito relativo, pois existe o desejo de adquirir uma quantidade 
de bens e serviços maior que a disponibilidade. 
Bens escassos: são aqueles que nunca se têm em quantidade suficiente para satisfazer os desejos 
dos indivíduos. 
 
Os Problemas Econômicos Fundamentais 
 
 Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, 
origina-se os chamados problemas econômicos fundamentais: O que produzir? Quanto produzir? 
Como produzir? e Para quem produzir? 
 
O que e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, 
dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas 
quantidades a serem fabricadas. 
 
Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para 
a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes 
produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre 
os métodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível; 
 
Para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da 
distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição de renda dependerá não só da oferta e da 
demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da 
terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira 
como ela se transmite por herança. 
 
O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais depende da forma da 
organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação. 
 
As organizações devem identificar as disponibilidade dos fatores de produção: recursos naturais, 
financeiros e humanos. Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes, aquele que tiver o 
menor custo de produção possível. A produção deve exigir o emprego de recursos produtivos e bens 
elaborados. 
Os fatores de produção são: terra (recursos naturais ou matéria-prima); trabalho ou recursos humanos, 
que utilizam faculdades físicas e intelectuais para realizar o processo produtivo; capital (recursos 
financeiros) capaz de adquirir máquinas, equipamentos, instalações, dinheiro, ferramentas, capital 
financeiro, tecnologia, bem como matéria-prima e recursos humanos. A capacidade empresarial, também 
é considerado um fator de produção, e é constituída por indivíduos que reúnem os capitais para adquirir 
recursos produtivos e produzir bens e serviços para o mercado. 
1. Recursos escassos e necessidades ilimitadas. Agentes 
econômicos. O papel do governo. Fluxo real e nominal 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 2 
É importante ressaltar que para cada fator de produção corresponde uma remuneração. Ao trabalho 
corresponde o pagamento de salários. O juro paga o uso do capital. O aluguel constitui a remuneração 
da terra. A tecnologia é paga com royalties. À capacidade empresarial corresponde o lucro. 
 
As Necessidades, os Bens Econômicos e os Serviços 
 
O conceito de necessidade humana, isto é, a sensação de carência de algo junto ao desejo de 
satisfaze-la é algo relativo, pois os desejos dos indivíduos não são fixos. O ditado popular “quanto mais 
se tem, mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos indivíduos em relação aos bens materiais. 
Assim, pois, o fato real que enfrenta a economia é que em todas as sociedades, tanto nas ricas como nas 
pobres, os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentidos, bens 
escassos são aqueles quenunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos 
indivíduos 
 
-Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferíveis. Os bens 
livres – como, por exemplo, o ar – são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todo o 
mundo. 
 
Quando buscam satisfazer suas necessidades, as pessoas procuram, normalmente fixar suas 
preferências. Assim, os primeiros bens desejados são os que satisfazem as necessidades básicas ou 
primárias, como a alimentação, o vestuário e a saúde. Satisfeitas as necessidades primárias, os 
indivíduos passam a satisfazer outras mais refinadas, como o turismo, ou buscam melhor qualidade dos 
bens que satisfazem suas necessidades primárias, como uma habitação melhor, roupas de determinada 
marca, etc. 
 
Por isso, pode-se dizer que as necessidades são ilimitadas ou, de outra forma, que sempre existirão 
necessidades que os indivíduos não poderão satisfazer, ainda que seja somente pelo fato de os desejos 
tornarem-se “refinados”. 
 
Sendo assim, todos nós necessitamos ilimitadamente de bens e serviços: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Tipos de Bens Econômicos 
 
Os bens podem ser também intermediários (o cimento é um exemplo), pois sofrem novas 
transformações antes de se converterem em bens de consumo ou de capital; ou bens finais, isto é, os 
que já sofreram essas transformações. A soma total de bens e serviços finais gerados em um período 
denomina-se produto total. 
Os bens podem ainda se classificar em privados e públicos. Bens privados são os produzidos e 
possuídos privadamente. Bens públicos ou coletivos são aqueles cujo consumo é feito simultaneamente 
por vários sujeitos, por exemplo, um parque público. 
 
 Os Serviços 
 
 Bem: é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres 
humanos. 
 Tipos de bens: 
 
- Segundo seu caráter Livres: são ilimitados em quantidade ou muito abundantes e não são 
apropriáveis. 
 Econômicos: são escassos em quantidade, dada sua procura, e apropriáveis. É 
o objeto de estudo da economia. 
- Segundo sua natureza: De capital: não atendem diretamente às necessidades. 
 De consumo: destinam-se à satisfação direta de necessidades: 
 -Duradouros: permitem uso prolongado 
 -Não-duradouros: acabam com o tempo. 
- Segundo sua função: Intermediários: devem sofrer novas transformações antes de se converterem 
em bens de consumo ou de capital. 
 Finais: já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo. 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 3 
Os serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou 
indiretamente a satisfazer necessidades humanas. 
Ex: Transportadora, professor, escritor, cantor, etc. 
 
População econômica 
 
- A população é um conjunto de seres humanos que vivem em uma área determinada. 
- O fator produtivo trabalho é a parte da população que desenvolve as tarefas produtivas. 
 
 
 
Agentes econômicos1 
 
OS AGENTES ECONÔMICOS 
 
As famílias; as empresas; o setor Público - SÃO OS RESPONSÁVEIS PELA ATIVIDADE 
ECONÔMICA. Em relação ao seu comportamento, supõe-se que são coerentes quando tomam decisões. 
 
A ATIVIDADE ECONÔMICA E OS AGENTES ECONÔMICOS 
 
A atividade econômica concretiza-se na produção de ampla gama de bens e serviços, cujo destino último 
é a satisfação das necessidades humanas. Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, são os 
organizadores e executores da produção. 
 
 As atividades produtivas numa sociedade contemporânea realizam-se por meio de numerosas 
unidades de produção ou empresas, cada uma das quais emprega trabalho, capital e recursos naturais, 
procurando obter bens e serviços. Por meio das unidades de produção se faz possível o fenômeno da 
divisão do trabalho. 
 
 A organização dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) dentro das empresas, assim como 
a direção de suas atividades, recaem sobre pessoas ou grupos de caráter privado ou público. Na 
economia, os diversos papéis que desempenham os agentes econômicos, isto é, as famílias ou unidades 
familiares, as empresas e o setor público, podem ser agrupados em três grandes setores. 
 
-O setor primário abrange as atividades que se realizam próximas às bases dos recursos naturais, 
isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias e extrativas. 
-O setor secundário inclui as atividades industriais, mediante as quais são transformados os bens. 
-O setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a satisfazer necessidades de 
serviços produtivos que não se transformam em algo material. 
 
 
1 MOCHOR, F.; TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1994. 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 4 
 
 
Esquema 2.1 Os setores econômicos 
 
AS EMPRESAS 
 
Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade dos bens e 
serviços, como o pão, os automóveis, os sapatos, as agências de turismo, etc. 
 
 A empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim 
de fazer e vender bens e serviços. 
 
Nas sociedades primitivas, contudo, a produção era individual e artesanal. Hoje, as empresas são as 
maiores responsáveis pela produção, já que só elas são capazes de obter as vantagens da produção em 
massa. Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e físicos 
necessários para construir as instalações e os equipamentos que a atualidade exige. 
Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar os complexos processos de produção 
e distribuição exigidos pelas sociedades modernas. Assim, por exemplo, para produzir automóveis de 
maneira eficiente o tamanho da fábrica deveria ser tal eu pudesse produzir um mínimo de 250.000 
automóveis ao ano. 
 
TIPOS DE EMPRESAS SEGUNDO SUA NATUREZA JURÍDICA 
 
O esquema a seguir apresenta os diferentes tipos de empresas segundo sua natureza jurídica. Os dois 
tipos mais representativos são analisados a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EMPRESA INDIVIDUAL 
 
A empresa individual é de propriedade individual e é a forma mais simples de se estabelecer um 
negócio. Esse tipo de empresa pertence a um indivíduo e é dirigida por ele. Uma banca de jornal ou um 
borracheiro seriam exemplos típicos. 
 
A SOCIEDADE ANÔNIMA 
 
Sociedade anônima ou simplesmente S.A é a forma de organização empresarial mais comum. Em 
uma sociedade anônima, o capital está dividido em pequenas partes iguais, chamadas ações, que 
servem para facilitar a união de grandes capitais. Cada sócio acionista tem uma responsabilidade limitada, 
respondendo apenas pela sua parte do capital. Ele não se responsabiliza pelas dívidas sociais da 
empresa. Ao limitar as responsabilidades dos proprietários,a sociedade proporciona menor proteção legal 
aos credores, a quem ele deve dinheiro. 
 
Nas sociedades anônimas, especialmente nas grandes empresas, existe uma clara separação entre a 
propriedade – que é dos acionistas – e a direção – que é exercida pelo Conselho Administrativo. É esta 
que geralmente contrata técnicos especializados para as diversas áreas da empresa. 
 
Setores Econômicos: - Primário: agricultura, pesca e mineração 
 - Secundário: indústria e construção 
 - Terciário: serviços, comércio, transporte, bancos, etc. 
- Individual: trata-se de empresas que pertencem a um só indivíduo e são dirigidas por ele. 
- Social : a propriedade não corresponde a um só indivíduo 
- Limitada: o capital social deve estar totalmente desembolsado em um movimento de constituir a 
sociedade. O capital está dividido em partes iguais, chamadas cotas. Nestas empresas os sócios 
não respondem pessoalmente a dados sociais, somente com o capital aplicado. 
- Sociedades Anônimas ou S.A ‘s - somente se pode ser sócio investindo dinheiro. O capital está 
dividido entre os acionistas. A responsabilidade dossócios se limita ao capital aplicado. As ações 
são eventualmente negociadas na bolsa. 
- Cooperativas as sociedades cooperativas são associações criadas para satisfazer as 
necessidades comuns dos associados que compartilham de iguais riscos e benefícios. 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 5 
 A forma de organização empresarial mais comum é a sociedade anônima. O capital da S.A 
está dividido em ações. 
 
 
O FINANCIAMENTO DA EMPRESA 
 
As sociedades podem conseguir fundos para seu crescimento do mesmo modo que os proprietários 
individuais, isto é, obtendo empréstimos ou créditos de instituições financeiras ou reinvestindo os lucros, 
isto é, autofinanciando-se. O financiamento pode ser diferenciado entre crédito e empréstimo. No caso 
do empréstimo, a empresa recebe de imediato o total do financiamento concedido, apesar de em alguns 
casos haver descontos dos juros. Ao contrário, a empresa que recebe um crédito retira, dentro do limite 
máximo combinado, o capital necessário, podendo realizar várias retiradas e pagamentos, de maneira 
que somente pague os juros relativos ao capital utilizado. A forma típica de instrumentar os créditos é por 
meio de títulos. 
 
 
 
 
 
Excluindo o crédito e o financiamento, as sociedades anônimas podem também emitir ações e 
obrigações. Quando uma sociedade “vende” participações em forma de ações, potencialmente aceita um 
novo sócio, já que cada ação representa uma fração da propriedade e da sociedade. As ações conferem 
direitos políticos – o principal destes é votar nas assembleias-gerais dos acionistas – e econômicos. O 
principal direito econômico é o de participar na repartição dos lucros (dividendos), caso se produzam. 
Por isso as ações são títulos de renda variável e integram o que se denomina o capital de risco, pois 
sofrem, conforme o caso, as perdas ou as reduções de lucros. O outro direito econômico é o de participar 
em todo o patrimônio da empresa, que não pode ser utilizado até sua liquidação, pois origina o direito 
preferencial ao subscrever a emissão de novas ações. 
 
Alternativamente, a empresa pode obter fundos mediante a venda de bônus e obrigações, com os 
quais não se aumentará o número de novos acionistas. Uma obrigação representa uma dívida para a 
empresa, pois de fato é uma parte proporcional de um empréstimo ou um empréstimo concedido à 
empresa emissora e supõe para esta uma obrigação legal expressa de pagar juros periódicos e de 
devolver o valor da emissão principal ao portador, quando acontecer o vencimento. Uma obrigação muito 
comum emitida pelas empresas brasileiras são as debêntures. Outra forma de obrigação é o Commercial 
Paper, que está crescendo de importância no Brasil. 
 
AS FAMÍLIAS OU UNIDADES FAMILIARES 
 
Os diferentes agentes econômicos podem ser divididos em privados e públicos. Os agentes privados 
básicos são as famílias e as empresas. 
 
 
 
 
As funções das famílias consistem em, por um lado, consumir bens e serviços; por outro, oferecer seus 
recursos, isto é, trabalho e capital às empresas. Entretanto, as famílias que pretendem maximizar a 
satisfação obtida no consumo são limitadas pelo orçamento de que dispõem. 
 
 As famílias ou unidades familiares consomem bens e serviços, e oferecem seus recursos 
– fundamentalmente trabalho e capital – às empresas. 
 
Comportamento similar ao das famílias é o dos indivíduos, grupos esportivos, culturais, associações 
beneficentes e religiosas, etc. A atividade econômica desses grupos atrai sujeitos com intenção mercantil 
ou empresarial. 
 
- Autofinanciamento: recursos financeiros gerados pela própria empresa. 
- Financiamento externo: empréstimos, créditos e obrigações (para grande volume de dinheiro). 
 
- Tipos de agentes econômicos: 
 - Setor privado: famílias (unidades familiares) e empresas. 
 - Setor público. 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 6 
O SETOR PÚBLICO 
 
Entende-se por setor público mais do que somente o Estado-Nação das organizações políticas atuais. Os 
órgãos e administrações públicas que compõem o setor público têm ao menos três níveis de governo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) – As administrações locais: as prefeituras. 
b) – As administrações estaduais. 
c) – A administração central, isto é, governo da União, ministérios e demais organismos de caráter 
nacional. 
 
Feita essa descrição, a partir de agora, para abreviar, os sujeitos públicos serão denominados 
indistintamente de Estado ou setor público. 
 
O DESENVOLVIMENTO DO SETOR PÚBLICO 
 
Em qualquer sociedade moderna, seja qual for sua configuração política, o setor público realiza 
funções econômicas de fundamental importância. Até o início do século XX, era frequente afirmar que o 
governo deveria cuidar fundamentalmente da segurança e defesa dos cidadãos e de seus direitos de 
propriedade. Ainda, deveria garantir as condições para que as atividades puramente econômicas se 
desenvolvessem sem obstáculos. Em síntese, acreditava-se que a função do Estado consistia no 
estabelecimento de uma marco jurídico-institucional, sendo porém os indivíduos e grupos privados os 
verdadeiros responsáveis pela atividade econômica do sistema. 
 
Ao longo do século XX, as funções públicas ampliaram-se e diversificaram-se em setores como saúde, 
educação, transportes, etc. O Estado deixou de ser mero guardião do bom desenvolvimento da atividade 
econômica para se converter em um verdadeiro agente econômico. Com frequência, o setor público atua 
como empresário e oferece certos bens, os bens públicos. 
 
 Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo que não é maior 
que o necessário para fornecimento a uma só pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Setor 
Público 
 
 
 
 
 
 
 
Setor público 
privado (produtivo) 
 
Empresas estatais 
Financeiras 
Não-financeiras 
Unidades 
Territoriais 
Estados 
Municípios 
Territórios 
Previdência 
social 
Sistema de 
previdência social; 
Outras 
administrações 
Administração 
central 
Autarquias 
Estados 
Administração 
Pública 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 7 
 
Um exemplo típico de bem público são os serviços de defesa nacional. Esses serviços não podem ser 
oferecidos por empresas privadas; portanto, devem ser providos pelo Estado. 
 
O setor público, ainda, coordena e regula o mercado e, às vezes, estabelece a política econômica, 
tentando alcançar objetivos gerais, tais como: crescimento estável do produto nacional; pleno 
aproveitamento dos recursos e eficiente alocação dos mesmos; estabilidade dos preços; e distribuição de 
renda justa. 
 
 O setor público estabelece um marco jurídico-institucional no qual se desenvolve a 
atividade econômica. É responsável também pelo estabelecimento da política econômica. 
 
 
O papel do governo 2 
 
O funcionamento da economia, a princípio, não precisa de intervenções do governo. Por exemplo: 
quando uma seca destrói a safra de feijão, o preço do feijão sobe. Frente ao preço mais alto, as pessoas 
passam a comprar menos feijão, e o substituem por outro alimento mais barato. Isso significa que a 
demanda por feijão cai, diminuindo a pressão sobre seus preços. Por outro lado, comerciantes vão 
importar feijão, para aproveitar a oportunidade de lucrar com os preços mais altos. Ao colocarem no 
mercado essa importação, a escassez do produto diminuirá, com novo impulso à queda dos preços. 
Dessa forma, um mecanismo de ajuste automático da economia: a escassez eleva os preços e o 
aumento de preços induz o fim da escassez. Em uma situação como essa, não há necessidade de o 
governo interferir na economia, pois ela se ajusta sozinha. 
Todavia, situações em que o mercado não se ajusta sozinho, são as chamadas “falhas de mercado”. 
Quando o mercado falha, a intervenção do governo pode ser importante para colocar a sociedade em um 
nível mais elevado de bem-estar, sendo este seu papel. Mas existem, também, as “falhasde governo”: 
os problemas que o governo causa ao intervir na economia. 
 
Sempre que um governo anuncia um novo programa ou uma nova lei, o cidadão- eleitor que deseje 
analisar benefícios e custos dessa intervenção pode se perguntar: 
 
Qual a falha de mercado que se está querendo corrigir? 
 
Será que essa intervenção não gerará “falhas de governo” que piorarão o bem-estar geral? 
 
Para responder a essas perguntas, é preciso conhecer a natureza das “falhas de mercado” e das 
“falhas de governo”. 
 
Direito de propriedade e garantia de contratos 
 
A economia de mercado só existe porque o governo existe. Por isso, a primeira função do governo é 
garantir que a economia possa funcionar. O produtor de feijão só aplica suas economias e seu trabalho 
para produzir esse alimento porque ele sabe que tem o direito de propriedade sobre aquilo que ele produz. 
Em um país em que os agricultores estejam sob permanente ameaça de invasão e roubo da produção, 
eles provavelmente vão desistir de produzir, e não vai haver oferta de feijão no mercado. Logo, o governo 
tem a função primordial de garantir o direito à propriedade privada. É preciso que existam instituições 
como a polícia e a justiça, que protegem essa propriedade de roubo e expropriações. 
 
Para que as pessoas tenham confiança para negociar entre si, é preciso que haja contratos e que 
esses sejam respeitados. O produtor de feijão precisa ter segurança de que o comprador vai, 
efetivamente, pagar pelo feijão comprado e que, se o pagamento não for feito, ele pode processar o 
comprador. O comprador, por sua vez, tem direito a exigir na justiça que o vendedor entregue o feijão na 
qualidade e quantidade combinadas. 
 
 
2 Brasil, Economia e Governo. Disponível em: http://www.brasil-economia-governo.org.br/2011/03/24/por-que-o-governo-deve-interferir-na-
economia/. 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 8 
As regras para elaboração e respeito aos contratos devem estar nas leis. Isso significa que o governo 
deve instituir o Poder Judiciário (para aplicar as leis), o Poder Legislativo (para produzir e aprovar as leis), 
as instituições policiais e o sistema prisional (para cumprir as determinações do Judiciário). Tudo isso 
garante o funcionamento da economia de mercado. 
 
Em países em que o governo não exerce bem essas funções, a economia de mercado não prospera. 
Por exemplo, nas economias comunistas, nas quais não havia garantia de propriedade privada, as 
pessoas moravam em apartamentos que não eram seus e, por isso, não tinham preocupação em 
conservá-los. Nas economias capitalistas, por sua vez, os inquilinos só fazem reforma nos imóveis se 
houver um contrato com os proprietários, garantindo o abatimento do gasto no valor do aluguel. 
 
Restrições à competição 
 
Na negociação de um quilo de feijão, em uma barraca na feira, há um equilíbrio de poder entre 
comprador e vendedor: se achar o preço caro, o comprador pode procurar o feijão em outra barraca; se 
não aceitar a oferta do comprador, o vendedor pode esperar a chegada de outro comprador disposto a 
pagar aquele preço. Mas há diversos casos de oligopólio e monopólio, em que há poucos (no caso do 
oligopólio) ou um único vendedor (no monopólio), de forma que eles têm mais poder que o comprador no 
processo de negociação. 
 
O abastecimento de água de uma cidade, por exemplo, é feito por uma única empresa, pois não faz 
sentido instalar mais de uma rede de distribuição (este é um caso conhecido como “monopólio natural”). 
Logo, a empresa fornecedora será única: ou você aceita pagar o preço que essa empresa pede pela água 
ou fica sem abastecimento. 
 
Há casos em que o custo para uma empresa entrar numa atividade é muito alto. Por exemplo: criar 
uma siderúrgica exige um grande investimento inicial na compra de fornos. Logo, só entrará nesse 
mercado quem conseguir o capital para o investimento inicial. Essa barreira inicial reduz a quantidade de 
firmas trabalhando no setor e, por isso, as firmas existentes têm maior poder para fixar preços e 
quantidade produzida. 
 
Há, também, situações em que o comprador tem mais poder que o vendedor: uma grande empresa 
petrolífera, por exemplo, será a única compradora de sondas e outros produtos utilizados na exploração 
de petróleo (situação conhecida como “monopsônio”). Nessa situação, os fornecedores da petrolífera 
ficarão à mercê das decisões de preço e quantidade estabelecidas pela empresa. 
 
Sempre que houver falhas que reduzam a competição, os resultados serão preços mais altos e oferta 
de bens e serviços abaixo do que ocorreria em concorrência perfeita (na qual prevalece o equilíbrio do 
poder de barganha de comprador e vendedor). 
 
Para tentar levar a economia para uma situação mais próxima à de concorrência perfeita, o governo 
pode intervir de várias formas. Pode estatizar a produção, vendendo os produtos por um preço que cubra 
o custo (e não por um preço de lucro elevado, como faria o monopolista privado), como no caso das 
empresas estatais de água e energia. 
 
Nos casos de monopólio natural o governo pode instituir agências reguladoras para regular e fiscalizar 
a qualidade e preço dos produtos oferecidos. No Brasil temos agências reguladoras em diversas áreas 
como: energia elétrica, água, transportes públicos ou petróleo. 
 
Uma opção para os setores oligopolizados é deixá-los sob responsabilidade do setor privado, mas 
regulamentar sua atuação através de um órgão de defesa da concorrência, com o objetivo de coibir a 
formação de cartéis e o abuso de poder econômico. 
 
O governo também pode criar regras que reequilibrem o poder de mercado. Quando, por exemplo, se 
criou a possibilidade de o usuário de telefone celular mudar de operadora sem mudar o número do 
telefone, o poder de mercado do usuário frente às operadoras se elevou. Muitas pessoas, embora 
insatisfeitas, não trocavam de operadora para não enfrentar o custo de ter que informar a clientes e 
amigos o novo número. 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 9 
Bens públicos 
 
Há algumas mercadorias e serviços para os quais o sistema de oferta e demanda não funciona bem. 
São os chamados “bens públicos”. Não é possível, por exemplo, vender “ar puro” no mercado. Ou existe 
ar puro disponível para todos respirarem, ou não existe para ninguém. Por isso, não se pode estabelecer 
uma negociação em que se vende ar puro apenas para as pessoas que estejam dispostas a pagar por 
ele. O mesmo raciocínio se aplica à segurança nacional: ou todo mundo que mora no país está protegido 
contra inimigos externos, ou ninguém está protegido. Não há como vender segurança nacional apenas 
para quem tem medo dos inimigos externos. 
 
Outro exemplo interessante é o dos faróis de sinalização marítima. Todos os barcos que passam pela 
costa podem ver o sinal luminoso emitido pelo farol, não sendo possível cobrar pelo serviço, oferecendo 
a sinalização apenas aos barcos que pagarem por isso. 
 
Se eu vou me beneficiar do sistema de segurança nacional ou de sinalização pago pelos outros, por 
que eu iria me interessar em pagar por isso? Todos vão querer pegar carona no serviço pago pelos outros. 
 
Há casos em que é possível estabelecer um mercado privado de compra e venda, mas este vai 
oferecer o produto ou o serviço em pequena quantidade, menor do que aquela que seria desejável. É 
possível deixar que empresas privadas construam e operem estradas, remunerando-se mediante 
cobrança de pedágios. Mas esse sistema só vai funcionar nos locais onde a quantidade de carros 
trafegando seja suficiente para dar lucros. As estradas potencialmente deficitárias jamais serão 
construídas, embora sejam úteis e desejáveis. 
 
É possível que institutos privados de pesquisa realizem os levantamentos de dados e só os revelem a 
quem pagar pela informação. Ocorre que tal informação é muito útil para que pesquisadores façam 
estudos em benefícioda população em geral, permitindo, por exemplo, que se planeje o controle das 
doenças de maior incidência, de acordo com idade, sexo ou região de residência. 
 
Assim, o problema que envolve os bens públicos é que eles tendem a não ser ofertados pelo mercado 
privado ou então são ofertados em pequena quantidade. Por isso, o governo intervém para corrigir esse 
problema. 
 
O governo pode assumir diretamente a produção e a oferta de bens públicos. Se ninguém quer pagar 
pela segurança nacional, o governo impõe tributos de pagamento obrigatório por todos e, com esse 
dinheiro, financia as forças armadas. Esse é o mesmo raciocínio que se aplica à construção de estradas 
não passíveis de exploração privada, aos serviços de corpo de bombeiros, à sinalização de trânsito, à 
construção e manutenção de parques públicos ou à criação de órgãos oficiais de levantamento e 
divulgação de estatísticas socioeconômicas. 
 
O governo também pode remunerar ou subsidiar o setor privado para que este ofereça bens públicos 
à população: incentivos financeiros à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, por exemplo, permitem 
que a ciência avance não apenas em setores que dão lucro e não precisam de incentivos (cirurgia 
plástica), mas também naqueles de difícil comercialização (prevenção de doenças tropicais); subsídios à 
construção e operação privada de infraestrutura (estradas, portos, aeroportos, etc.). 
 
Outra forma de atuação é mediante regulação: se não é possível, por exemplo, garantir ar puro e 
natureza limpa mediante mecanismos de mercado, então que se imponha, por lei, padrões de 
conservação e preservação a serem obedecidos por todos, penalizando-se aqueles que descumprirem a 
lei. 
 
Externalidades 
 
Quando as ações de um indivíduo geram consequências negativas para terceiros, dizemos que isso é 
uma externalidade negativa. O carro que eu uso e que me dá conforto e rapidez nos deslocamentos gera, 
como externalidade negativa, poluição do ar que todos respiram. Os bares que animam a rapaziada no 
fim de semana não deixam a vizinhança dormir. O desleixo do meu vizinho com o seu jardim pode gerar 
um criadouro de mosquito da dengue que vai transmitir a doença para a minha família. 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 10 
Quando ações individuais geram consequências positivas, temos uma externalidade positiva. Se eu 
contratar seguranças privados para vigiar minha casa, meus vizinhos vão se beneficiar disso, pois os 
ladrões vão explorar outras ruas. Se boa parte da população se vacinar contra sarampo, a probabilidade 
de eu contrair a doença, mesmo sem ter me vacinado, será menor. 
 
Por que a existência de externalidade gera a necessidade de intervenção do governo? Porque na 
presença de elevadas externalidades, o elemento que a causa (indivíduo, família, firma, etc.) não está 
preocupado com o custo gerado pela externalidade negativa ou com o benefício gerado pela 
externalidade positiva. Ele toma suas decisões de produção e consumo pensando prioritariamente nos 
seus próprios custos e benefícios. Por isso, há uma tendência das pessoas a não darem muita atenção 
às externalidades que geram. 
 
Se não houver uma legislação restringindo a quantidade de madeira que pode ser extraída de uma 
floresta, os madeireiros (que estão mais preocupados com o seu faturamento do que com a preservação 
da natureza) vão extrair madeira em excesso. Da mesma forma, se não houver campanha de vacinação 
gratuita nos postos de saúde, muitas pessoas vão preferir não se vacinar e, com isso, aumenta o risco de 
uma epidemia. Se não houver uma legislação restringindo os horários e locais para funcionamento de 
bares, os notívagos vão acabar com o sossego de quem quer dormir. 
 
Mas não é apenas mediante imposição de regras e leis que o governo pode controlar as 
externalidades. Ele também pode produzir e ofertar bens e serviços que geram externalidades positivas, 
tais como: educação básica, parques públicos, áreas de conservação ambiental. 
 
O governo também pode subsidiar a produção de externalidades positivas ou impor tributos sobre a 
geração de externalidades negativas: descontos no imposto de renda para quem investe em conservação 
ambiental; redução de impostos na importação de vacinas; verbas públicas para subsidiar pesquisas que 
gerarão conhecimento a ser utilizado em diversas áreas da ciência; tributação elevada sobre cigarros 
(que prejudicam os fumantes passivos), bebidas (que matam ou machucam os que não bebem, devido a 
acidentes de trânsito e violência), automóveis (que geram poluição). 
 
Assimetria de informações 
 
Quando um dos lados de uma transação comercial tem mais informação que o outro, surgem 
problemas para o bom funcionamento do mercado. Por exemplo, as seguradoras conhecem muito menos 
sobre o perfil de risco de um indivíduo do que ele próprio. Assim, ao ofertar um seguro de saúde, a 
seguradora tende a calcular a média dos custos que ela terá com todos os segurados. Mas isso significa 
que os segurados mais saudáveis irão subsidiar os mais doentes. Logo, os mais saudáveis tendem a não 
comprar o seguro (que fica caro para eles frente à expectativa de uso) e os menos saudáveis tendem a 
ser os principais compradores, levando a seguradora ao prejuízo. 
 
A seguradora pode, simplesmente, optar por não oferecer o seguro-saúde ou, então, discriminar 
preços e oferecê-lo a alto custo para clientelas de risco (idosos, por exemplo). 
 
O governo pode intervir de várias formas: oferecendo serviço público de saúde para quem não pode 
pagar, subsidiando planos de saúde, ou melhorando o grau de informação sobre as condições da saúde 
da população. 
 
A regulação bancária é um caso em que o governo pretende proteger o depositante (menos informado) 
de eventuais riscos excessivos assumidos pelos bancos, que melhor conhecem sua própria situação 
financeira e os riscos que assumem. É por isso que se estabelecem reservas compulsórias no Banco 
Central e regras para aplicação prudente dos recursos. 
 
Os exames realizados pelo governo para medir a qualidade de formação dos estudantes (como o 
ENEM e o PROVÃO), ao terem os seus resultados divulgados à população, aumentam o grau de 
informação dos usuários dos serviços de educação sobre a qualidade de cada escola. Tal informação é, 
antes da revelação dos resultados, assimetricamente distribuída em favor das escolas, que conhecem 
melhor que os usuários o grau de esforço que realizam. 
 
Inexistência de garantias 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 11 
 
No mercado de crédito existe o caso clássico de empréstimos que, se realizados, podem financiar uma 
atividade produtiva, que aumentará o bem estar da sociedade. Porém, como os potenciais mutuários do 
empréstimo não têm garantias a oferecer, os bancos se afastam desse tipo de cliente e a sociedade perde 
a oportunidade de realizar atividades que serão benéficas a todos. 
 
Esse tipo de problema afeta tipicamente os estudantes. Eles precisam de crédito para pagar seus 
estudos. Se conseguirem estudar e se qualificar, obterão bom emprego no futuro e poderão pagar pelo 
empréstimo feito hoje. Porém, antes de estudarem e se qualificarem, não têm renda e, por isso, não 
dispõem de garantias para oferecer aos bancos. 
 
Os agricultores têm problema semelhante. Precisam de dinheiro para financiar a plantação. Mas 
enfrentam o risco de uma quebra de safra causada por imprevisíveis fenômenos climáticos. Por isso, a 
safra futura não representa uma garantia sem risco para os bancos financiadores. 
 
Em ambos os casos, os bancos tendem a ser cautelosos na concessão de crédito, e o país perde a 
oportunidade de ter mais pessoas com boa educação e uma produção de alimentos mais ampla. 
 
Nesses casos, o governo pode intervir, ofertando: crédito público, seguro subsidiado para cobrir quebra 
de safra, subsídios às mensalidades escolares (como no Programa PROUNI), ou educação pública 
gratuita. 
 
Outraforma de intervenção do governo é por meio de um judiciário eficiente, que garanta a execução 
dos contratos. Afinal, de pouco adianta um mutuário ter garantias a oferecer, se, em caso de não 
pagamento da dívida, o credor não conseguir executá-las. 
 
Falhas de coordenação 
 
Uma vez que o sistema de mercado é, por natureza, descentralizado, há casos em que a falta de 
coordenação entre as partes exige que uma entidade de fora do mercado (o governo) intervenha para 
fazer a devida coordenação: 
 
É o caso, por exemplo, da estabilidade macroeconômica: dado que não vivemos em um sistema de 
concorrência perfeita, em que o mercado se ajustaria a todo momento, a economia dos países é 
submetida a crises periódicas. Barreiras ao comércio internacional, guerras, fenômenos naturais, 
desequilíbrios fiscais; todos esses fatores exigem que os países lancem mão de políticas econômicas 
(política monetária, fiscal e externa) para tentar reduzir as flutuações. Por que essas políticas têm que ser 
feitas pelo governo? Porque os agentes privados não teriam capacidade de coordenação e de uso do 
mandato conferido pelas urnas para arbitrar conflitos e tomar medidas visando o interesse da maioria. 
Por exemplo: exportadores preferem a moeda nacional desvalorizada, enquanto os importadores querem 
valorizá-la; somente um árbitro – o governo – pode mediar o conflito e buscar uma situação de equilíbrio. 
 
A estabilidade econômica (inflação baixa, crescimento do PIB, geração de emprego, etc.) é um bem 
público: ao mesmo tempo em que todos querem dela desfrutar, cada um toma medidas visando o 
interesse próprio que pode prejudicar a estabilidade (funcionários públicos pressionam por aumento, o 
que aumenta o gasto público e induz inflação; sindicatos querem proteger o emprego de seus filiados e 
pressionam por regras no mercado de trabalho que prejudicam o acesso dos desempregados a novos 
empregos; empresas oligopolistas querem viver em ambiente sem inflação, mas elevam os preços de 
seus produtos; etc.) 
 
Há, também, o caso dos mercados complementares: em estágios iniciais de desenvolvimento, países 
podem ter mercados para alguns bens, mas inexistem todas as indústrias necessárias para produzir 
aquele bem. Por exemplo: a indústria automotiva brasileira só surgiu depois que o governo criou 
siderúrgicas estatais, que oferecia o aço necessário à produção de automóveis. Daí o uso das chamadas 
“políticas industriais” em muitos países. 
 
Outro segmento onde a capacidade de coordenação é fundamental é o planejamento urbano. É 
necessário coordenar a ação dos diversos agentes privados que atuam no espaço urbano, para que a 
cidade tenha trânsito fluido, baixo risco de catástrofes causadas por intervenção humana (habitações em 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 12 
áreas de risco, assoreamento de rios, etc.), expansão organizada de ruas e da oferta de serviços públicos, 
etc. 
 
Distribuição de renda 
 
Toda sociedade tem algum padrão ético a respeito de distribuição da renda. O mercado pouco pode 
fazer para redistribuir renda. Na verdade, a lógica competitiva da economia de mercado tende a 
concentrar renda na mão dos mais eficientes, o que leva o governo a intervir no sentido de redistribuir a 
renda entre pessoas e entre regiões do país. 
 
Há várias formas de fazê-lo, algumas delas bastante polêmicas. O governo pode, por exemplo, instituir 
regras de desapropriação e redistribuição de patrimônio, como no caso da reforma agrária. 
 
Outro mecanismo é ofertar serviços com impacto relevante sobre a capacidade de ascensão 
econômica das pessoas. É o caso da educação e da assistência à saúde. Ambas podem ser encontradas 
no mercado privado. Mas como os mais pobres não podem pagar por esses serviços privados, o governo 
os oferece gratuitamente ou a custo subsidiado, na expectativa de que as pessoas mais pobres tenham 
condições mais equitativas de competição no mercado de trabalho. 
 
Há, também, a assistência social, voltada para minorar a pobreza mais extrema. 
 
Pode-se, atuar, ainda, por meio de políticas de desenvolvimento regional, voltadas a estimular o 
crescimento econômico em áreas atrasadas (crédito subsidiado às empresas que lá se instalarem, 
transferências do governo federal aos governos das regiões retardatárias, construção de estradas para 
ligar tais regiões aos centros dinâmicos, etc.) 
 
Também se pode tentar afetar a distribuição de renda por meio de regulação, como no caso do 
estabelecimento de um sistema tributário progressivo, em que os ricos pagam mais impostos; ou na 
tributação mais intensa sobre propriedades urbanas e rurais subutilizadas. 
 
A adequação entre as políticas públicas do Estado e a dinâmica do mercado voltado às 
relações de consumo e da concorrência3 
 
Diante das crescentes exigências, da sociedade pós-moderna, por novas e constantes soluções para 
a satisfação das necessidades humanas e coletivas vemos retrair-se o espaço público e expandir-se o 
espaço privado envolvidos com os componentes da economia, onde o consumo se apresenta como a 
ponta final da cadeia produtiva. Isso reflete a situação em que se acham as relações entre Estado e 
mercado, e que atingem a sociedade de consumo. 
 
Sabe-se que a economia, enquanto ciência social, tem por função geral a busca de atendimento das 
necessidades humanas por intermédio da adequada escolha de recursos escassos. Em resumo, trata-se 
da administração da escassez. 
 
Pelo constante aumento das necessidades humanas, em proporções desmedidas frente aos recursos 
disponíveis, o acesso à satisfação dessas mesmas necessidades depara-se com problemas de toda a 
ordem e que acabam se refletindo nas ações dos atores que desempenham suas funções no espaço 
público e no espaço privado. A interação entre os agentes do Estado e do mercado passa a ter largo 
espectro de protagonismo não só econômico, mas principalmente jurídico e social. 
 
Com particular respeito ao caso brasileiro, numa visão moderna e inovadora, a Constituição Federal 
de 1988 procurou adequar uma solução de convívio entre o espaço público e o espaço privado, 
comprometendo-se a estabelecer, do ponto de vista jurídico, situações que indicassem a preocupação 
com a realidade econômica e social. 
 
 
3 Ben-Hur Rava. Estado e sociedade com atores no controle social do mercado: O papel da concorrência e do consumo. 
ÂmbitoJurídico.com.br. 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 13 
Nesse sentido, o texto constitucional, ao lado de consagrar no seu art. 3º, os objetivos fundamentais 
da República, dispôs no art. 170, os princípios gerais que regem a atividade econômica. 
 
Numa visão sistemática é preciso salientar que todos esses princípios se preordenam a constituir uma 
ordem econômica baseada na livre iniciativa (espaço privado) que está jungida ao alcance daqueles 
objetivos consagrados no art 3º, supra mencionado, com mecanismos de controle por parte do Estado e 
da sociedade civil organizada (espaço público). 
 
 Assim, a interação entre os atores da ordem econômica que transitam no espaço público e no espaço 
privado deve ser, antes de tudo, pautada pelo sistema constitucional que visa assegurar a perfeito 
funcionamento da ordem econômica, principalmente no que tange à efetivação/concretização e 
adequação/harmonização entre o princípio da livre concorrência (inciso IV) e o princípio de defesa do 
consumidor (inciso V). 
 
 
 
Estas duas áreas disciplinadas pela Constituição Federal tiveram forte desdobramento na legislação 
infraconstitucional e constituem-se em verdadeira política pública assumida pelo governo brasileiro, 
constituindo-se em verdadeiro Sistema Nacional de Defesa do Consumidor já previsto no Título IV da Lei 
n. 8078/90 (arts. 105 e 106) e no Capítulo II (arts 3º a 8º) do Decreto Federal n. 2.181, de 20 de março 
de 1997. 
 
Não há como desconhecer que um dos pressupostos da existênciaexplícita da regulação no nosso 
sistema constitucional, antes mesmo que se falasse na implantação de um “marco regulatório”, 
estruturado em normas legais e disposições regulamentares. 
 
O conceito de regulação também se aplica às relações concorrenciais e de consumo, sem que se 
necessite criar nova(s) agência(s) para desincumbir-se dessa função estatal. A estrutura formal, orgânica 
e funcional não é elemento essencial para o cumprimento de objetivos constitucionais superiores. Por 
isso que, como forma de garantir a observância das regras da concorrência e da defesa do consumidor 
o governo federal estruturou sua atuação administrativa, no âmbito do Ministério da Justiça, que possui 
em sua estrutura a Secretaria de Direito Econômico – SDE. A Secretaria tem a sua competência 
estabelecida pelo Decreto 4.991, de 18 de fevereiro de 2004 e possui dentro de suas estruturas o 
Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE) e o Departamento e Proteção e Defesa do 
Consumidor (DPDC). Além disso, no âmbito do Ministério da Fazenda, achava localizada a Secretaria de 
Acompanhamento Econômico – SEAE, que foi criada pela Medida Provisória n.º 813, de 1º de janeiro de 
1995. É o principal órgão do Poder Executivo encarregado de acompanhar os preços da economia, 
subsidiar decisões em matéria de reajustes e revisões de tarifas públicas, bem como apreciar atos de 
concentração entre empresas e reprimir condutas anticoncorrenciais. O perfil da SEAE acima exposto 
reflete-se nas suas três esferas de atuação: promoção e defesa da concorrência, regulação econômica e 
acompanhamento de mercado. 
 
A defesa da concorrência está delineada na Lei n. 8.884, de 11 de junho de 1994 que, ao transformar 
o CADE em autarquia, dispôs sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica. 
 
A proteção e defesa do consumidor, por sua vez, decorre de mandamento constitucional que assegura 
aos cidadãos consumidores a tutela de seus direitos fundamentais, quando no art. 5º, XXXII está 
consignado que: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Este dispositivo, 
conjugado com a dicção do art. 48, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que determinava 
ao legislador ordinário a edição de um Código de Defesa do Consumidor, tornou-se completo quando da 
edição da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, com vigência a partir de 11 de março de 1991. 
 
O quadro institucional de defesa do consumidor no Brasil acha-se descentralizado pelos três níveis 
federativos, eis que a matéria sujeita-se ao regime de competência legislativa concorrente, conforme 
emana do art. 24, V, da Constituição Federal. Nesse sentido, cada uma das pessoas políticas (União, 
Estados-membros e Municípios) poderá legislar sobre a matéria que evolva a produção e o consumo. 
 
Isso faz com que haja mecanismos de atuação nacional, estadual e municipal capazes de alcançar 
uma proteção mais efetiva aos consumidores no mercado de consumo. Órgãos como os Programas de 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 14 
Proteção e Defesa dos Consumidores (Procon) estão estruturados nos Estados-membros e municípios, 
vinculados à estrutura dos respectivos governos para auxiliar no desenvolvimento da Política Nacional 
das Relações de Consumo, coordenada pelo Ministério da Justiça, por intermédio do DPDC. A referida 
Política, aliás, está disciplinada no art. 4º, da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). 
 
O referido Sistema conta, ainda, com a presença e atuação do Ministério Público Federal e Estadual, 
órgãos governamentais que tenham uma interface com a defesa da concorrência e do consumidor 
(INMETRO e agências reguladoras, por exemplo), além das Associações de Defesa dos Consumidores. 
 
O postulado de que a ordem econômica entre nós está estruturada e bem articulada não serve de 
pretexto, no entanto, para se achar que todos os nossos problemas estão resolvidos na esfera da defesa 
do consumidor e da concorrência. Muito existe para se fazer com vistas a uma articulação mais efetiva 
que forneça um sistema mais protetivo. 
 
Podem ser citados alguns pontos de fragilidade, tanto na área da concorrência (as condutas ilícitas e 
anticoncorrenciais – cartéis, práticas monopolistas e de concentração econômica, assimetria nas 
informações) como na esfera da defesa do consumidor (sobrecarga do MP na tutela dos interesses dos 
consumidores, a pouca atuação das associações de defesa dos consumidores, que deveriam buscar ser 
independentes, a falta de integração ou sobreposição de atribuições e competências dos órgãos de 
defesa dos consumidores, a pouca representatividade dos consumidores em foros, conselhos, 
comissões, etc.). 
 
O desempenho das instituições públicas (e privadas) no mercado de consumo sob a perspectiva do 
controle social 
 
Sistematicamente o poder público tem sido acusado de ineficiência e má prestação de serviços 
públicos, deixando espaço para que se afirme que só a iniciativa privada pode oferecer resultados 
compensadores e de maior qualidade aos usuários. Na verdade, há uma comparação constante entre os 
bens e serviços prestados pelo mercado e aqueles prestados pelas instituições públicas. Isso nem sempre 
significa que os bens e serviços produzidos pela iniciativa privada sejam melhores e, mais eficientes, do 
que aqueles produzidos pela esfera estatal. Os países europeus estão a comprovar que, na sua larga 
experiência de prestação de serviços públicos, sempre conseguiram atingir ótimos níveis de excelência 
e resultados. Por outro lado, as condições econômicas aliadas às novas técnicas de administração e 
gerenciamento, demonstram que é preciso uma descentralização e formulação de parcerias entre Estado 
e iniciativa privada para que os serviços públicos, tradicionalmente oferecidos pelo Estado possam ter 
continuidade de fruição pelo público em geral. 
 
As reformas setoriais trouxeram mudanças à Administração Pública. A idéia central da reforma 
administrativa foi a de desburocratizar a máquina estatal, criando condições para que a Administração 
pudesse prestar serviços de maior qualidade e de forma mais dinâmica aos cidadãos. Ao lado disso, com 
a quebra de inúmeros monopólios naturais, desempenhados pelo Estado e a abertura econômica, 
oportunizou-se a entrada de diversas empresas privadas no setor de prestação de serviços públicos, 
passando a competir entre si. 
 
Em outras palavras, as ideias que nortearam a reforma foram as de ter uma Administração a serviço 
do público; uma Administração eficiente, ágil, rápida, pronta para atender adequadamente às 
necessidades da população, facilitando o combate à corrupção; uma Administração que preza pela 
economicidade, transparência e publicidade; uma Administração de resultados. E também um incremento 
da capacidade competitiva e de qualidade por parte da iniciativa privada, ao assumir, por delegação, 
parcela das atribuições que são, originariamente, do Estado. 
 
Glória Conforto ensina: “Deve ser tomado como orientação filosófica o esforço para buscar desenvolver 
mais altos padrões de responsabilidade política, administrativa e gerencial. E o fundamento dessa 
orientação é a idéia de que a responsabilidade das administrações é ser provedora de serviços pela 
população, em interação com ela, rompendo a relação com o velho sentido do prestar serviço para ela. A 
população deve ser absorvida como parte do novo sistema, com ênfase sobre a questão de que cada 
parte da nova organização pode e deve contribuir para a qualidade do serviço”. 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 15 
Desde o momento em que se começou a falar na reforma do Estado brasileiro passou-se a estudar e 
discutir os meios pelos quais a Administração Pública deveria alterar os seus padrões tradicionais e 
reformular suas concepções para desempenhar com maior eficiência os seus papéis. Para Osvaldo 
Sunkel: “Durante os últimos anos, o Estado teve seu tamanho reduzido,as empresas e os serviços 
públicos foram privatizados, os mercados foram desregulamentados e liberalizados, buscou-se o 
equilíbrio macroeconômico, os governos foram descentralizados e a administração pública foi melhorada. 
Na medida em que estas metas são atingidas, têm de ser identificadas novas metas para as quais é 
necessária a intervenção pública. Por exemplo, é necessária maior supervisão e regulamentação das 
atividades que passaram para o setor privado (nas quais o interesse público precisa ser protegido). O 
Estado também precisa manter sua participação nos setores sociais e nos setores produtivos mais 
precários. Além disso, é absolutamente imperativo que o Estado assuma sua parcela de responsabilidade 
na contribuição para a coordenação de um plano nacional estratégico de médio e longo prazos. Seu 
objetivo deve ser oferecer um arcabouço orientador para o estabelecimento de incentivos adequados e 
uma estrutura reguladora coerente com ele, bem como garantir o necessário consenso, por meio do 
diálogo, entre todos os setores sociais e políticos, afim de garantir apoio a essa estratégia de médio e 
longo prazos”. 
 
Observe-se, portanto, que antes havia um modelo de Estado burocrático, de cunho racional-legal, que 
tinha no procedimento sua forma de operacionalização. Com as reformas administrativas operadas a 
partir de 1995, passou-se a difundir a ideia de que este modelo estaria ultrapassado e de que deveria ser 
substituído pelo Estado gerencial, respaldado no controle social e no de resultados. Os defensores dessa 
teoria têm no conceito de eficiência - melhor trabalhado a partir da aludida reforma - o eixo do discurso 
para o desmonte das estruturas burocráticas. 
 
Todavia, é preciso registrar que, em verdade, não existe incompatibilidade entre Estado burocrático e 
Estado gerencial. Vem se tentando imprimir a ideia de que eficiência é sinônimo de Estado gerencial, e 
que é contrária ao procedimentalismo do Estado burocrático. Porém, a verdade não é bem esta. 
Procedimentos como o concurso público e a licitação são louváveis na medida em que proporcionam o 
controle da Administração pública e preservam princípios como o da isonomia e o da moralidade. 
 
Não se deve, portanto, querer refutar de todo as práticas do Estado burocrático. O importante é que 
se concilie o procedimentalismo que lhe é inerente com a novas formas de administrativas apresentadas 
pelo Estado gerencial. A propósito, a ênfase que se vem dando ao controle social é uma das novidades 
do Estado gerencial. Poder-se-ia dizer que é a sua essência, principalmente quando tal controle pode vir 
a ser implementado em relação à intervenção do Estado na atividade econômica. 
 
Nesse diapasão, o cerne da questão a respeito da reforma do Estado pode ser resumida numa dupla 
indagação: como tornar as instituições eficientes? E, como decorrência disso, de que modo se pode 
controlá-las, para que cumpram um papel baseado na legitimidade e na eficácia de seus objetivos? 
 
O modo adequado de cuidar deste tema é refletir que estas duas atitudes dependem uma da outra, ou 
seja, que a melhor maneira de fazer com que as instituições funcionem bem é colocá-las sob um regime 
de controle e supervisão estritos. A prática, no entanto, assim como todas as teorias organizacionais 
modernas, mostra uma realidade diferente. 
 
A realidade dos serviços públicos em países periféricos tem apresentado muitos problemas ao longo 
dos anos. Houve uma deterioração no nível de qualidade de prestação e acesso por parte dos cidadãos. 
Nesse sentido, que a "Declaração do XVII Congresso Mundial da Consumers International: O futuro de la 
proteção do consumidor", realizado em Lisboa, em 2003, marca sua posição sobre os serviços públicos. 
Como forma de garantir a universalização do serviço e o efetivo controle sobre as condições de 
prestação é preciso referendar mecanismos de regulação estatal aptos a garantir a qualidade que os 
usuários tanto esperam. É nesse sentido que Glória Conforto se manifesta: “Tendo como marco teórico 
a análise da conjuntura desses países periféricos, a proposta de descentralização implica o 
estabelecimento de mecanismos de regulação como instrumento de controle dos mercados setoriais, de 
fiscalização do processo e da garantia de qualidade dos serviços prestados. Marcos regulatórios que 
tomam forma genérica no nível federal, a partir de um processo de integração, avaliação, assessoramento 
e troca com as diversas instâncias de governo e setores representativos da sociedade civil, se desdobram 
em formalizações mais específicas no nível dos estados e podem aparecem, inclusive, em 
regionalizações no nível de conjuntos de municípios”. 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 16 
 
Em geral, o funcionamento e desempenho das instituições públicas requer a combinação de dois 
ingredientes que nem sempre andam juntos, a legitimidade e a competência técnica e profissional dos 
responsáveis pelos mecanismos de avaliação e acompanhamento. 
 
As funções reguladoras do Estado são muito distintas das funções executivas e de ordem legal de tipo 
tradicional, principalmente quando a regulação não é feita pela simples aplicação da letra da lei, mas 
requer uma avaliação qualitativa de processos e resultados. Isto significa que a reforma da Administração 
Pública brasileira não será o simples resultado de modificações legislativas, por mais importantes que 
estas modificações sejam. Ela requer toda uma mudança de cultura, todo um novo aprendizado. 
 
Além disso, é preciso instrumentalizar medidas que partam do pressuposto de uma Administração 
Pública baseada em critérios regulatórios, normatizáveis, que sejam fiscalizados quando da 
implementação de políticas a atividades públicas voltadas para o espaço coletivo. Significa dizer, que o 
Estado e o mercado devem estar sob a possibilidade de regulação efetiva das práticas sociais, que podem 
ser denominadas, pelas ciências sociais de controle social. 
 
A par de existirem vários concepções de controle social, o importante é saber como aplicá-lo. Nesse 
sentido, Luiz Carlos Bresser Pereira, destaca as perspectivas institucional e funcional do controle social. 
Segundo este autor, sob uma perspectiva institucional existem três as formas de controle social: 
a) o Estado com seu sistema legal ou jurídico de normas e instituições que estabelecem os princípios 
básicos para os demais; 
b) o mercado, sistema econômico em que o controle social se realiza pela competição; e, 
c) a sociedade civil (estruturada) de grupos sociais defensores de interesses particulares, corporativos 
mas também de interesses públicos, mecanismos essenciais de controle. 
 
Na perspectiva funcional também se encontram três formas de controle: 
a) o controle hierárquico ou administrativo exercido dentro das organizações públicas ou privadas; 
b) O controle democrático ou social que se exerce em termos políticos sobre as organizações e os 
indivíduos; e, 
c) o controle econômico via mercado. 
 
A partir dessa perspectiva funcional dispõem-se de mecanismos de controle social mais difuso, 
automático ou mais concentrado e fruto de deliberação; ou do mais democrático ao mais autoritário: 
sistema jurídico, mercado, controle social (democracia direta), controle democrático representativo, 
controle hierárquico gerencial, controle hierárquico burocrático e controle hierárquico tradicional. Mas o 
princípio geral é o de que o mecanismo de controle social mais indicado seria o que fosse mais geral, 
mais difuso e mais automático. 
O mercado seria inicialmente o que ofereceria os melhores resultados com os menores custos, mas 
muita coisa escapa ao mesmo. A democracia direta ou o controle social vem em seguida como o 
mecanismo de controle mais democrático e difuso para controlar os comportamentos individuais, para 
controlar as organizações públicas, e no plano político concretizando-se através de plebiscitos ou 
referendos. O controle social das organizaçõespúblicas pode, na verdade, ocorrer de cima para baixo, 
de baixo para cima ou na horizontalidade. Nesse sentido, a democracia direta seria a ideal, mas somente 
podendo ser aplicada no plano local por meio de consulta popular para referendar ou orientar as decisões 
dos representantes democraticamente eleitos. 
 
 Segundo Vera Sueli Storck, a reorientação do aparato administrativo do Estado deve estar calcada 
em duas variáveis: 
a) uma administração pública mais ágil em seus procedimentos e ações voltada para uma maior 
eficiência; e 
b) uma administração pública mais transparente – que impõe uma democratização do Estado. Para 
Adilson Dallari “o conteúdo do direito administrativo depende do caráter democrático ou autoritário, liberal 
ou intervencionista etc. da Administração Pública que estiver sendo por ele disciplinada, a qual, por sua 
vez, é condicionada pelo tipo de Estado ao qual pertence, não existindo, portanto, um direito 
administrativo universal”. 
 
Quanto às empresas privadas, os economistas são categóricos em afirmar que a principal garantia do 
bom desempenho é a concorrência. Se existe competição por produtos, as firmas que produzem 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 17 
mercadorias de má qualidade, ou a preços demasiado elevados, abrem falência; se há competição por 
talento, as firmas que pagam mal, ou não cuidam de seus funcionários, não conseguem pessoas capazes, 
e por isto não conseguem competir, e acabam também expulsas do mercado. A palavra-chave, aqui, é a 
competição, que não se limita aos mercados convencionais. 
 
O discurso neoliberal sempre insiste em afirmar que o primado do mercado instala a competição. No 
entanto quando não há mercado propriamente dito, há sempre lugar para a instalação de mecanismos 
competitivos por recursos públicos, através de indicadores de desempenho, sistemas permanentes de 
avaliação e competição no oferecimento de serviços para o público. Alguns destes mecanismos podem 
ser automáticos, ou depender das preferências do público; outros dependem de procedimentos mais 
complexos de avaliação. 
 
Em comum, tanto as instituições públicas quanto aquelas privadas devem ter a preocupação de 
estabelecer as metas de prestação de serviços públicos de acordo com as efetivas demandas por parte 
dos usuários/consumidores e também com as condições sociais em que se inserem. Estabelecer critérios 
que possam aferir o nível de investimento, implementação e desenvolvimento e avaliação de resultados, 
são úteis para uma maior percepção do todo. Incluir os usuários/consumidores ao longo deste processo 
é uma das formas de valorizar a participação e fortalecer o controle social. 
 
O exemplo de participação dos cidadãos no processo de decisões administrativas se dá de vários 
modos, principalmente através do “direito de ser ouvido” que se efetiva através das consultas ou do 
referendum administrativo. 
 
Além disso, outros tantos instrumentos são postos à disposição dos cidadãos para o exercício de seus 
direitos de cidadania no confronto com a Administração Pública. Entre eles se acha a figura do 
ombudsman que é dotado de certo grau de independência e de poderes de investigação com capacidade 
de resolver conflitos não jurisdicionais. Também é reconhecido ao cidadão lançar mão do procedimento 
administrativo que realça uma diversidade de direitos fundamentais: direito de ser informado, direito de 
intervir (diretamente ou por meio de representante) nos procedimentos administrativos, direito de obter 
um provimento administrativo dentro de um tempo determinado, direito de conhecer as decisões 
administrativas e sua motivação, direito de acesso aos documentos públicos, etc. 
 
Para ilustrar o novo equilíbrio que se estabelece entre a Administração Pública e o cidadão, Sabino 
Cassese adota um modelo de comparação entre empresa privada e cliente. Enquanto no setor público o 
cidadão não tem liberdade de escolha porque a Administração Pública encontra-se em posição 
monopolística, no setor privado o cliente pode escolher um produtor ou fornecedor livremente; se a 
Administração Pública não cuida do próprio interesse e sim do interesse geral, as empresas privadas 
visam o lucro que, em última análise é o fim último de seu interesse e, uma entidade estranha 
(Parlamento, governo ou ambos) dirige-lhe a ação definindo a sua finalidade. 
 
 Um outro aspecto a ser ressaltado quando se considera o desempenho das instituições diz respeito 
com o modo de prestação descentralizado para garantir a universalidade do acesso. A fragmentação da 
organização pública promove a fratura entre concepção, execução e acompanhamento dos serviços 
públicos. Isso acarreta um obstáculo ao cidadão comum, ao acesso à informação e aos próprios serviços. 
A perspectiva de recuperação da rede de serviços públicos, a criação de mecanismos de democratização 
do Estado e o avanço da recomposição e redirecionamento das prioridades implica pensar soluções para 
a organização e prestações dos serviços. Uma das formas encontradas para a democratização do acesso 
aos serviços talvez seja a descentralização administrativa, através de um sólido plano de regionalização 
de serviços públicos. 
 
As regionalizações do Estado, enquanto projeto de descentralização e racionalização, devem 
perseguir uma maior eficiência na utilização dos recursos, com o objetivo final de qualificar o atendimento 
da demanda por serviços públicos. Para que seja possível esta qualificação, torna-se necessária a 
readequação das estruturas regionais de apoio à gestão pública existentes, de forma a permitir a 
democratização do acesso aos serviços, bem como o controle social sobre a ação do Estado no âmbito 
das diversas regiões que o compõem. 
 
Assim, verifica-se a necessidade de implantação de novas estruturas administrativas, com a finalidade 
de facilitar o planejamento, acompanhamento e controle dos resultados das ações do Governo em todo 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 18 
o Estado. Uma iniciativa de governo neste sentido deve avaliar a efetividade de sua ação através do grau 
de atendimento das demandas sociais às quais se destina. 
 
A alternativa a ser construída para garantir a democratização do acesso aos serviços está na 
aproximação do gestor público do beneficiário de sua ação e, também, concentrar serviços e unidades 
de atuação, imprimindo-lhes um padrão de prestação adequado e desejável do ponto de vista do usuário. 
Isso se obtém a partir do controle que este exerce sobre as ações. É importante definir quais as 
necessidades são mais prementes e como o poder centralizado poderá interagir diretamente com as 
comunidades, inovando no acesso e na forma de gestão para que esteja adequado à sua natureza e 
finalidades. Glória Conforto diz que:“...uma das principais diretrizes norteadoras do Estado moderno é a 
descentralização da atividade econômica, objetivando aumentar a autonomia dos estados e municípios 
na prestação dos serviços que lhes são próprios, reconhecendo a maior flexibilidade e capacidade de as 
instâncias mais próximas da população identificarem soluções criativas e eficazes para o seu adequado 
atendimento, além de articular-se com a iniciativa privada para o desempenho conjunto, ou delegado, de 
grande parte dessas atividades”. 
 
Na vigência do regime plenamente democrático, as formas de exercício da cidadania se afiguram como 
instrumento hábil para efetivar-se o controle social do Estado e do mercado. 
 
Como já não bastam os estreitos limites da democracia representativa como forma de atuação da 
sociedade, a democracia participativa alarga suas possibilidades de interação dos indivíduos e, 
principalmente dos diversos grupos sociais. Prova disso foi a manifestação de Marilena Lazzarini, 
Presidente da Consumers International, falando ao Banco Mundial, em Washington, em 4 de maio de 
2004 sobre a participação dos consumidores. 
 
Na esfera dos serviços públicos, queatingem diretamente os cidadãos (usuários/consumidores) 
aumentam os níveis de participação que visam estabelecer mecanismos de controle social sobre os 
órgãos públicos e, também, sobre empresas privadas que, incumbidas ou delegadas pelo Estado passam 
a prestar esses serviços. Questões como qualidade, eficiência e custos acessíveis na prestação dos 
serviços públicos passam a ser temas de grande interesse que afetam a vida dos cidadãos e cada vez 
mais são discutidos. Um fator importante na prestação de serviços públicos é a valorização das 
comunidades e governos locais. Estabelecer uma clara política de descentralização na prestação de 
serviços públicos é muito valioso. Isso porque os usuários tem maiores condições de não só receber os 
serviços mas de atuar no seu controle através das várias formas de participação (conselhos populares, 
comissões paritárias, ouvidorias, etc.). 
 
 
Fluxo Real e Nominal 
 
A Circulação no Sistema Econômico4 
 
O fluxo real, o fluxo monetário e o mercado são os elementos fundamentais do sistema econômico. O 
funcionamento desse sistema se caracteriza pelo permanente trânsito dos fluxos real e monetário, tanto 
no sentido do mercado como no sentido contrário. A circulação corresponde a esses fenômenos do 
sistema. 
Essa ideia de circulação no sistema econômico amplia-se com um outro conceito, o de sistema 
econômico fechado. O sistema econômico fechado é aquele que não mantém relações econômicas com 
outros sistemas. Nesse sistema econômico, todos os bens e serviços de consumo da produção das 
empresas são vendidos, não havendo formação de estoque. Dessa forma, o nosso sistema econômico 
será formado pelas empresas e pelas famílias. 
Outras reflexões podem ser feitas no estudo do sistema econômico em termos dessas duas entidades 
econômicas: família e empresas. 
 
Como estabelecer as interfaces e articulações entre família e empresa? 
 
 
4 MOCHOR, F.; TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1994. 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 19 
Vejamos a seguinte situação: o aparelho produtivo contrata, junto às famílias, os fatores de produção 
(trabalho, capital etc.), originando-se aí o fluxo monetário. Por outro lado, o aparelho produtivo organiza 
os fatores de produção de que agora dispõe e estabelece o fluxo real, que equivale à oferta de bens e de 
serviços produzidos. Esses dois fluxos se encontram no mercado, onde as famílias trocam sua renda (ou 
fluxo monetário) pelo produto (fluxo real) para satisfazer suas necessidades. 
No mercado os fluxos trocam de mãos: o fluxo real passa para as mãos das famílias, onde será 
consumido (pois se trata de bens e serviços), enquanto o fluxo nominal passa para as mãos do aparelho 
produtivo, como pagamento pelos bens e serviços vendidos. 
 
 
 
 
 
 
O processo de circulação 
Essa movimentação dos fluxos é o processo de circulação do sistema econômico, imprescindível 
para que o sistema econômico cumpra o seu papel de produzir bens e serviços, fazendo-os chegar às 
pessoas para satisfazer suas necessidades. Uma representação de tal processo você pode conferir no 
seguinte esquema: 
 
 
Portanto, 
O Fluxo real da economia é aquele onde os indivíduos oferecem os fatores de produção às empresas 
que depois do processo de produção usando daqueles fatores de produção, oferecem bens e serviços à 
sociedade. Tem início nas empresas, quando estas recebem a remuneração pelos bens e serviços 
oferecidos. 
 
P = c+I 
onde: 
P = produto 
C = consumo 
I = investimento 
 
Sendo PRODUTO igual a RENDA, teremos: 
 
P = y 
c+I = c+s 
logo, I = s 
 
O Fluxo Monetário ou Nominal da economia envolve o pagamento de bens e serviços por parte dos 
compradores às empresas e a consequente remuneração dos fatores de produção. Sendo assim, tem 
inicio nas famílias, quando estas recebem a remuneração pelos meios de produção. 
Teremos: 
 
y = c+s 
É importante observar que, na realidade, os fluxos monetário e real estão, ao mesmo tempo, com 
as famílias e empresários e no mercado, não sendo necessário haver uma volta completa para que 
o ciclo se reinicie. 
 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 20 
 
onde: 
y = renda 
c = consumo 
s = poupança 
 
 
A união desses Fluxos forma o Fluxo Circular de Renda. 
Trabalhadores oferecendo sua força de trabalhos, sendo remunerados, pagam às empresas por bens 
e serviços consumidos. 
 
Lembrando que estamos considerando todos esses modelos "sem governo", ou seja, não estamos 
contabilizando a interveniência governamental, com investimentos ou tributos. 
 
 
 
Elementos Básicos da Oferta e da Procura 
 
Os mercados estão sujeitos a períodos de tempestade e de calmaria, e a evoluir constantemente. Um 
estudo aprofundado dos mercados revelará certas forças subjacentes aos movimentos aparentemente 
erráticos. Para compreender os preços e as quantidades em cada mercado, é necessário dominar a 
análise da oferta e da procura. 
A economia tem uma ferramenta muito poderosa para explicar essas variações no ambiente 
econômico. É a chamada teoria da oferta e da procura. Esta teoria demonstra com as preferências dos 
consumidores determinam a procura de bens pelos consumidores, enquanto os custos das empresas são 
a base da oferta de bens. 
 
Noções básicas da Oferta e da Procura 
 
Os mercados estão sujeitos a períodos de tempestade e de calmaria, e a evoluir constantemente. Um 
estudo aprofundado dos mercados revelará certas forças subjacentes aos movimentos aparentemente 
erráticos. Para compreender os preços e as quantidades em cada mercado, é necessário dominar a 
análise da oferta e da procura. 
A economia tem uma ferramenta muito poderosa para explicar essas variações no ambiente 
econômico. É a chamada teoria da oferta e da procura. Esta teoria demonstra com as preferências dos 
consumidores determinam a procura de bens pelos consumidores, enquanto os custos das empresas são 
a base da oferta de bens. 
Destaca-se que a evolução do estudo da teoria microeconômica teve início basicamente com a análise 
da demanda de bens e serviços, cujos fundamentos estão alicerçados no conceito subjetivo de utilidade. 
A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que podem 
adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer 
as necessidades humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou preferências subjetivas, a 
utilidade difere de consumidora para consumidor (uns preferem uísque, outros cerveja). 
A teoria do valor-utilidade contrapõe-se à chamada teoria do valor-trabalho, desenvolvida pelos 
economistas clássicos (Malthus, Adam Smith, Ricardo, Marx). A teoria do valor-utilidade pressupõe que 
o valor de um bem se forma por sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o 
consumidor. Ela é, portanto, subjetiva e considera que o valor nasce da relação do homem com os 
objetos. Representa a chamada visão utilitarista, em que prepondera a soberania do consumidor, pilar do 
capitalismo. 
A teoria do valor-trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta, por meio dos 
custos do trabalho incorporados ao bem. Os custos de produção eram representados basicamente pelo 
fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita (abundante) e pouco significativa. Pela teoria 
do valor-trabalho, o valor do bem surge da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo 
(em horas) que eles incorporam na produção de mercadorias. Nesse sentido, a teoria do valor-trabalho é 
objetiva (depende de custos de produção). 
2. Oferta e demanda. Preço e quantidade de equilíbrio. Efeito 
dos tributos diretos e indiretos sobre o sistema de preços 
1155683 E-book gerado especialmente para MARIA GABRIELA FERREIRA
 
. 21 
A teoria do valor-utilidade veio complementar a teoria do valor-trabalho, pois não

Continue navegando