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Estruturas de Madeira Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro Revisão Textual: Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin Cálculo de Estruturas de Madeira Cálculo de Estruturas de Madeira • Apresentar as características inerentes ao dimensionamento de estruturas de madeira; • Expor o dimensionamento de barras tracionadas e de barras comprimidas de madeira, bem como o dimensionamento de vigas, isto é, de barras flexionadas de madeira; • Apresentar o dimensionamento de treliças de madeira. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Dimensionamento de Peças Tracionadas; • Dimensionamento de Peças Comprimidas; • Dimensionamento de Vigas – Peças Flexionadas; • Dimensionamento de Treliças. UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Introdução O cálculo de estruturas de madeira leva em consideração aspectos característicos inerentes a esse material. Os valores de resistência de cálculo das peças de madeira são dados pela expressão (Eq. 1): mod wk wd w ff k γ = (Eq. 1) Onde: • fwk – Valor característico da resistência; • Kmod – Coeficiente de modificação que leva em consideração os efeitos da duração do carregamento, da umidade do meio ambiente e da qualidade do material; • γw – Coeficiente de ponderação de segurança do material. O coeficiente de ponderação (coeficiente de modificação) do material é formado pela expressão 2: mod mod1 mod 2 mod3k k k k= (Eq. 2) Onde: • Kmod1 – Coeficiente parcial de modificação, que leva em conta a classe de carrega- mento (Tabela 1) e o tipo de material empregado (Tabela 2); • Kmod2 – Coeficiente de modificação que leva em consideração os efeitos da duração do carregamento, da umidade do meio ambiente e da qualidade do material (Tabela 3); • Kmod3 – Coeficiente de modificação que leva em consideração os efeitos da duração do carregamento, da umidade do meio ambiente e da qualidade do material (Tabela 4). O coeficiente de modificação Kmod3 é definido em função da categoria da madeira utilizada, podendo ser de primeira categoria ou de segunda categoria: • Madeira de Primeira Categoria: É aquela que passou por classificação visual para garantir a isenção de defeitos e por classificação mecânica para garantir a homoge- neidade da rigidez. Nesse caso, → Kmod3 = 1,0; • Madeira de Segunda Categoria: É considerada os demais casos. Nesse caso, → Kmod3 = 0,8. Para madeira de coníferas, deve-se adotar sempre Kmod3 = 0,8 para considerar a pre- sença de nós não detectáveis pela inspeção visual. Para madeira laminada colada, o coeficiente parcial de modificação, Kmod3, leva em consideração a curvatura da peça, valendo o valor de Kmod3 = 1,0 para peças retas e, para peças curvas, deve-se utilizar a expressão (Eq. 3). 2 mod3 1 1200 tk r = − (Eq. 3) 8 9 Onde: • t – É a espessura das lâminas; • r – É o menor raio de curvatura. Nas verificações de segurança que dependem da rigidez da madeira, o módulo de elasticidade na direção paralela às fibras deve ser tomado como na expressão (Eq. 4): c0,ef mod,1 mod,2 mod,3 c0,mE k k k E= (Eq. 4) Tabela 1 – Valores de Kmod1 Classe de Carregamento Ação Variável Principal da Combinação Duração Acumulada Ordem de Grandeza da Duração Acumulada da Ação Característica Permanente Permanente Vida Útil da Construção Longa duração Longa duração Mais de 6 meses Média duração Média duração 1 Semana a 6 Meses Curta duração Curta duração Menos de 1 Semana Duração Instantânea Duração Instantânea Muito Curta Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Tabela 2 – Valores de Kmod1 Classes de Carregamento Tipos de Madeira Madeira Serrada Madeira Laminada Colada Madeira Compensada Madeira Recomposta Permanente 0,60 0.30 Longa duração 0,70 0,45 Média duração 0,80 0,65 Curta duração 0,90 0,90 Instantânea 1,10 1,10 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Tabela 3 – Valores de Kmod2 Classe de Umidade Madeira Serrada Madeira Laminada Colada Madeira Compensada Madeira Recomposta (1) e (2) 1,0 1,0 (3) e (4) 0,8 0,9 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Tabela 4 – Valores de Kmod3 Classes 1ª. Categoria 2ª. Categoria Coníferas 0,8 0,8 Folhosas 1,0 0,8 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 9 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Os coeficientes de ponderação nos estados limites últimos, de acordo com a solicitação, são apresentados na Tabela 5. Tabela 5 – Valores do coeficiente de ponderação nos estados limites últimos Solicitação Coeficiente de Ponderação Tensões de Compressão Paralelas às Fibras 1,4wcγ = Tensões de Tração Paralelas às Fibras 1,8wtγ = Tensões de Cisalhamento Paralelas às Fibras 1,8wvγ = Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Nos estados limites de utilização, os coeficientes de ponderação do material têm o valor básico de γw = 1,0. Combinação de ações Nos Estados Limites Últimos, as combinações correspondem às ações que são com- binadas conforme a sua natureza. Têm-se combinações para ações normais, especiais e de construção. Combinações últimas normais Essas combinações são definidas pela expressão (Eq. 5): , 1, 0 , 1 2 m n d Gi Gi k Q Q k j Qj k i j F F F Fγ γ ψ = = = + + ∑ ∑ (Eq. 5) Onde: • FGi,K – Valor característico das ações permanentes; • FQ1,k – Valor característico da ação variável considerada principal em um determi- nado caso de carregamento; • Ψ0J FQj,k – Valor reduzido de combinação de cada uma das ações variáveis; • Ψ0J – Fator de combinação correspondente a cada uma das ações variáveis. Como a condição de segurança é para uma situação duradoura, para a classe de carregamento de longa duração e a resistência de projeto levam em conta um tempo grande de atuação da solicitação, e as ações variáveis de curta duração FQ1,k deverão ser reduzidas pelo fator de 0,75. Coeficientes de ponderação e fatores de combinação Todas as partes de uma ação permanente são ponderadas pelo mesmo coeficiente e esses valores dependem do tipo de ação e da sua combinação (Tabela 6 à Tabela 9). 10 11 Segundo a NBR 7190, 1997, considera-se ação de pequena variabilidade o peso da madeira classificada estruturalmente, cujo peso específico tenha coeficiente de variação não superior a 10%. São consideradas ações de grande variabilidade o peso próprio das madeiras das estru turas e dos elementos construtivos permanentes não estruturais e dos equipamentos fixos, todos considerados globalmente quando o peso próprio da estrutura não superar 75 % da totalidade dos pesos permanentes. Tabela 6 – Valores do coefi ciente de Ponderação para Ações Permanentes de Pequena Variabilidade Combinações Efeitos Desfavoráveis Favoráveis Normais γg = 1,3 γg = 1,0 Especiais ou de Construção γg = 1,2 γg = 1,0 Excepcionais γg = 1,1 γg = 1,0 Podem ser utilizados indiferentemente os símbolos γg ou γG Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Tabela 7 – Valores do coefi ciente de ponderação para ações permanentes de grande variabilidade Combinações Efeitos Desfavoráveis Favoráveis Normais γg = 1,4 γg = 0,9 Especiais ou de Construção γg = 1,3 γg = 0,9 Excepcionais γg = 1,2 γg = 0,9 Podem ser utilizados indiferentemente os símbolos γg ou γG Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Tabela 8 – Valores do coefi ciente de Ponderação para Ações Permanentes Indiretas (incluem os efeitos de recalque de apoio e de retração dos materiais) Combinações Efeitos Desfavoráveis Favoráveis Normais γε = 1,2 γε = 0 Especiais ou de Construção γε = 1,2 γε = 0 Excepcionais γε = 0 γε = 0 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Coeficientes de ponderação para ações variáveis Nas estruturas, são ponderadas apenas as ações variáveis que produzem efeitos desfa- voráveis para a segurança, majorando-se seus valores característicos conforme a Tabela 9. 11 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Tabela 9 – Valores do coeficiente de Ponderação para Ações Variáveis Combinações Efeitos Ações Variáveis em Geral incluídas as Cargas Acidentais Móveis Temperatura Normais γQ =1,4 γε =1,2Especiais ou de Construção γQ =1,2 γε =1,1 Excepcionais γQ =1,0 γε =0 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Fatores de combinação em estados limites últimos (ψ0) Esses fatores de combinação são utilizados levando-se em consideração que existe uma probabilidade remota de que as ações variáveis consideradas atuem simultanea- mente (Tabela 10). Assim, toma-se uma ação variável como principal com o seu valor característico e se reduzem os valores das demais ações multiplicando-os pelo fator de combinação que for correspondente. Fatores de combinação em estados limites de utilização (ψ1 e ψ2) Esses fatores de combinação são utilizados visando a reduzir os valores das ações variáveis para que correspondam às condições de serviço, considerando a duração dessas ações. Para combinações de média duração, emprega-se o fator ψ1, enquanto, para longa duração, emprega-se o fator ψ2 (Tabela 10). Tabela 10 – Valores do Fator de Combinação Combinações Fator de Combinação Ψ0 Ψ1 Ψ2 Ações em Estruturas Correntes Variações Uniformes de Temperatura em Relação à Média Anual Local 0,6 0,5 0,3 Pressão Dinâmica do Vento 0,5 0,2 0 Cargas Acidentais dos Edifícios Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos, nem de eleva- da concentrações de pessoas 0,4 0,3 0,2 Locais em que há predominância de pesos de equipamentos fixos, ou de elevada concentrações de pessoas 0,7 0,6 0,4 Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6 Cargas Móveis e seus Efeitos Dinâmicos Pontes de Pedestres 0,4 0,3 0,2* Pontes Rodoviárias 0,6 0,4 0,2* Pontes Ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,8 0,6 0,4* *Admite-se Ψ2 = 0, quando a ação variável principal corresponde a um efeito sísmico Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 12 13 Exemplo 1 Uma barra está submetida a carregamentos permanentes de grande variabilidade (g), cargas acidentais (q) de longa duração e pressão do vento (w), todos com direção vertical e sentido de cima para baixo. Sabe-se que as ações valem g = 430 N/m, q = 100 N/m e w = 200 N/m. Pede-se a avaliação das combinações para estado limite de utilização. Solução Para se determinar a combinação de cálculo das ações para o estado limite de utilização, deve-se fazer a avaliação das ações para se determinar a mais crítica. Para situações normais de projeto, a Norma NBR 7190, 1997 considera que todas as ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à classe de longa duração, dada pela expressão (Eq. 5): , 1, 0 , 1 2 m n d Gi Gi k Q Q k j Qj k i j F F F Fγ γ ψ = = = + + ∑ ∑ Da Tabela 9, para ações devidas ao vento Ψ2j = 0 e para locais em que não há predo- minância de pesos e de equipamentos fixos, nem de elevadas concentrações de pessoas Ψ2j = 0,2. Assim, substituindo-se os valores na expressão (Eq. 5), tem-se: 430 0,2(100) 0(200) 450 /dF N m= + + = Dimensionamento de Peças Tracionadas As peças de madeira quando submetidas a esforços axiais de tração apresentam com- portamento denominado elastofrágil. Essa condição ocorre até o instante de sua ruptura. Elas não apresentam valores significativos de deformações antes do rompimento da peça. Nas estruturas de madeira, a tração paralela às fibras ocorre, principalmente, nas barras de treliças e nos tirantes de madeira. Nas barras tracionadas axialmente, os estados limites últimos se configuram por ruptura das fibras na seção líquida, ou na seção bruta, quando não houver furos, com a condição de segurança dada pela expressão (Eq. 6): , , sd t d t d wn N f A σ = ≤ (Eq. 6) 13 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Onde: • σt,d – Tensão solicitante de cálculo devido ao esforço de tração; • ft,d – Resistência de cálculo à tração; • Awn – Área líquida da seção; • Nsd – Esforço normal solicitante de cálculo. Sendo a resistência de cálculo à tração dada pela expressão (Eq. 7): ,k, mod 1,8 t t d f f k= (Eq. 7) Onde: • ft,d = f0,d – Para fibras paralelas ao eixo longitudinal da barra; • ft,d = ftα,d – Para fibras com inclinação em relação ao eixo longitudinal da barra, com a redução da resistência dada pela fórmula de Hankinson (Eq. 8): 0,d 90,d, 2 2 0,d 90,d cos t t t t t f f f f sen fα α α × = × + × (Eq. 8) Área líquida em ligações com pinos A área útil deve considerar a redução por furos, ou por entalhes, na seção transver- sal, quando a redução da área resistente for superior a 10% da peça íntegra (item 7.1.1, NBR 7190, 1997). Considera-se, neste item, somente as barras de seção retangular h x t (Figura 1). h t Figura 1 – Seção Transversal de Barra de Seção Retangular Área bruta da seção transversal reta (Eq. 9): Aw = h . t (Eq. 9) 14 15 Área de um furo ( Eq. 10): Af = t . df (Eq. 10) Onde: • df – Diâmetro do furo. Valor do diâmetro do furo: Para parafusos com folga → df = d + 0,5 mm (Eq. 11) Para pregos → df = d (Eq. 12) Onde: • d – Diâmetro do furo. Área da seção transversal reta (Expressão Eq. 13): Awr = Aw – n Af (Eq. 13) Onde: • n – Número de furos da seção transversal. Além das verificações das deformações da estrutura completa, recomenda-se limitar a esbeltez da peça tracionada correspondente ao comprimento máximo de 50 vezes a menor dimensão da seção transversal ( Eq. 14): 50 50 12 173 / 12máx L t r t λ = = = ≅ (Eq. 14) O item 10.3 da NBR 7190, 1997 limita a esbeltez máxima de peças tracionadas em λ = 173. O valor mínimo do afastamento entre os eixos de furos é (Figura 2): S < 4 df An = Ag – 2 b d’ (Eq. 15) S ≥ 4 df An = Ag – b d’ (Eq. 16) S mínimo 4d d' b Figura 2 – Afastamento entre o Centro de Furos 15 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Exemplo 2 Uma barra de madeira está submetida ao esforço solicitante de cálculo Nsd = 30 kN, considerando uma situação duradoura de projeto, verifique se a seção (7,5 cm x 10 cm) resiste a esse esforço (Figura 3). Dados: • Conífera classe C-30 → fc0k = 30 MPa; • Carregamento de longa duração → kmod1 = 0,7; • Classe 4 de umidade → kmod2 = 0,8; • Peças de 2ª categoria → kmod3 = 0,8; • Parafusos diâmetro 12,5 mm com tensão de escoamento fy = 250 MPa. 2,5 cm 2,5 cm 2,5 cm 10 cm 10 cm5 cm 5 cm 2,5 cm 3,75 cm 7,50 cm 3,75 cm NsdNsd NsdNsd Figura 3 – Barra de Madeira Tracionada Solução mod mod1 mod 2 mod3 (0,7)(0,8)(0,8) 0,45k k k k= = ≅ 0,k , 0, mod 300,45 7,50 1,8 t t d t d wt f f f k MPa γ = = = = df = d + 0,5 mm = 12,5 + 0,5 = 13 mm Af = t . df = 7,5 x 1,3 = 9,75 cm 2 Seção reta Awr = Aw – n Af = (7,5 x 10) – (2 x 9,75) = 55,5 cm 2 3 0, 0,4 30 10 5,40 7,50 55,5 10 sd t d t d wn N x MPa f MPa A x σ −= = = ≤ = 16 17 Dimensionamento de Peças Comprimidas Nas barras comprimidas axialmente, os estados limites últimos ocorrem por meio do esmagamento das fibras, como nas barras que são denominadas barras curtas, ou por instabilidades que são associadas aos efeitos de segunda ordem, que são provocados por flambagem de Euler, também denominada flambagem por flexão, no caso das peças esbeltas e semiesbeltas. O índice de esbeltez de barra comprimida é definido pela expressão (Eq. 17): 0L r λ = (Eq. 17) Onde: • λ – índice de esbeltez; • L0 – Comprimento de flambagem; • r – Raio de giração. Peças curtas – λ ≤ 40 Nas peças curtas, a ruptura caracteriza-se por esmagamento da madeira e a condição de segurança é dada pela expressão (Eq. 18): c0, c0, d d d w N f A σ = ≤ (Eq. 18) Onde: • σc0,d – Tensão de cálculo devido ao esforço de compressão; • fc0,d – Resistência de cálculo ao esforço de compressão paralela às fibras; • Aw – Área bruta da seção transversal; • Nsd – Esforço normal solicitante de cálculo. Peças semiesbeltas – 40 < λ ≤ 80 A ruptura das peças medianamente esbeltas pode ocorrer por esmagamento da madeira ou por flexão devido à perda de estabilidade. A Norma Técnica ABNT NBR 7190, 1997 – Projeto de estruturas de madeira, não considera para peças medianamente esbeltas a verificação da compressão simples, mas exige a verificação da flexo-compressão nessas barras, mesmo para carga deprojeto centrada. Esse critério estabelece a consideração de possíveis excentricidades na estrutura, não previstas no projeto. A verificação deve ser feita isoladamente nos planos de rigidez mínima e de rigidez máxima do elemento estrutural. 17 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira A condição de segurança para o estado limite último de instabilidade impõe a relação (Eq. 19) para o ponto mais comprimido da seção transversal, aplicada isoladamente nos planos de rigidez mínima e máxima do elemento estrutural. 0,d 0,d 1Nd Md c cf f σ σ + ≤ (Eq. 19) Onde: • σN,d – Tensão de compressão devido à força normal de compressão; • σM,d – Tensão de compressão devido ao momento fletor Md; • fc0,d – Resistência de cálculo ao esforço de compressão paralela às fibras; • fc0,d – Resistência de cálculo ao esforço de compressão paralela às fibras. Sendo a tensão de compressão devido à força normal de compressão (Eq. 20): N, sd d w N A σ = (Eq. 20) Onde: • Nsd – Esforço normal solicitante de cálculo; • Aw – Área bruta da seção transversal. Sendo a tensão de compressão devido ao momento fletor Md devido à excentricidade de cálculo (Eq. 21): M, d d M W σ = (Eq. 21) Onde: • Md – Momento fletor devido à excentricidade de cálculo; • W – Módulo resistente elástico da seção transversal. O momento fletor devido à excentricidade de cálculo (Eq. 22): d d dM N e= (Eq. 22) Onde: • ed – Excentricidade de cálculo. A excentricidade de cálculo (Eq. 23). 1 E d E d Ne e N N = − (Eq. 23) Onde: • e1 – Excentricidade de primeira ordem; • NE – Carga crítica de Euler; • Nd – Força normal de cálculo. 18 19 A excentricidade de primeira ordem ( Eq. 24): 1 i ae e e= + (Eq. 24) Onde: • ei – Excentricidade inicial; • ea – Excentricidade acidental devida às imperfeições geométricas da barra. A excentricidade acidental devida às imperfeições geométricas da barra ( Eq. 25): 0 300 30a L he = ≥ (Eq. 25) Onde: • h – Altura da seção transversal na direção referente ao plano de verificação. A excentricidade inicial devida aos valores de cálculo de M1d e Nd ( Eq. 26): 1 1 30 d d M he N = ≥ (Eq. 26) A força crítica de Euler (Expressão Eq. 27). 2 0, 2 0 c ef e E I N L π = (Eq. 27) Onde: • I – Mento de inércia da seção transversal relativo ao plano de flexão referente ao plano de verificação da segurança. Peças esbeltas – 80 < λ ≤ 140 Nas peças esbeltas, a forma de ruptura ocorre por flexão causada pela perda de es- tabilidade lateral. A condição de segurança relativa ao estado limite último de instabilidade é dada pela expressão (Eq. 28): 0,d 0,d 1Nd Md c cf f σ σ + ≤ (Eq. 28) O momento fletor de cálculo ( Eq. 29): 1, E d d ef E d NM N e N N = − (Eq. 29) Onde: • e1,ef – Excentricidade efetiva de 1ª. ordem. A excentricidade efetiva de 1ª. ordem (Expressão Eq. 30): 19 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira 1, 1ef c i a ce e e e e e= + = + + (Eq. 30) Onde: • ei – Excentricidade inicial com valor ≥ h/30; • ea – Excentricidade acidental com valor L0/300 ou mínimo ≥ h/30; • ec – Excentricidade suplementar de primeira ordem. A excentricidade suplementar de primeira ordem que representa a fluência da madei- ra (Expressão Eq. 31): ( ) ( )( ) 1 2 1 2 ( exp 1gk qkc ig a e gk qk N N e e e N N N ψ ψ ψ ψ Φ + + = + − − + + (Eq. 31) 1 2 1ψ ψ+ ≤ , da Tabela 10 (Eq. 32) 1 ,g dig gd M e N = (Eq. 33) Onde: • Ngk – Valor característico da força normal devido às cargas permanentes; • Nqk – Valor característico da força normal devido às cargas variáveis; • M1g,d – Valor de cálculo do momento fletor devido apenas às ações permanentes; • f – Coeficiente de fluência relacionado às classes de carregamento e de umidade (Tabela 11). Tabela 11 – Valores do Fator de Combinação Classes de Carregamento Classes de Umidade 1 e 2 3 e 4 Permanente ou de Longa Duração 0,8 2,0 Média Duração 0,3 1,0 Curta Duração 0,1 0,5 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Similarmente às peças semiesbeltas, a NBR 7190, 1997 admite que, para o caso de barras de treliças biarticuladas, seja dispensada a exigência de valor mínimo para ei. Exemplo 3 Determinar a força máxima acidental que pode ser aplicada a uma barra de peroba rosa com seção transversal (15 cm x 20 cm) e comprimento L = 170 cm. Ela está em situação normal de projeto, sabendo que a força permanente vale Ngk = 160 kN. 20 21 Ambas as extremidades estão impedidas de se deslocarem nas direções x e y. A ma- deira é usual, a classe de umidade do local da construção é 2 e as cargas permanentes são de grande variabilidade. fc0,k = 2950 N/cm 2 (peroba rosa). Solução Será calculado no plano com maior índice de esbeltez. 3 3 320 15 5625 12 12y h b xI cm= = = 215 20 3000A b h x cm= = = 5625 4,33 3000 y y y I r cm r = = = 170 39,3 4,33 fl máx y L r λ = = = Em torno dos dois eixos, a peça é considerada curta, pois λ < 40. O critério de segurança para peça curta é: c0, c0, d d d w N f A σ = ≤ A ação permanente é de grande variabilidade e o coeficiente de ponderação corres- pondente é γg = 1,4 para a combinação normal. A ação variável máxima deve ser determinada, sendo o coeficiente de ponderação para ação variável igual a (γq = 1,4). 1,4 160 1,4d g gk q qk qkN N N x xNγ γ= + = + A resistência de cálculo à compressão paralela às fibras é dada por: 0, 0, mod c k c d c f f k γ = mod mod1 mod 2 mod3k k k k= Madeira serrada e carregamento de longa duração (para situação normal de projeto, o carregamento é sempre considerado de longa duração) → kmod1 = 0,7. Madeira serrada e classe de umidade igual a 2 → kmod2 = 1,0. Madeira de 2ª. categoria (não submetida a ensaios específicos) → kmod3 = 0,8. mod mod1 mod 2 mod3 (0,7)(1,0)(0,8) 0,56k k k k= = = 21 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira 0, 2 0, mod 29500,56 1180 / 11,80 1,4 c k c d c f f k N cm MPa γ = = = = 3 3 6 c0, c0,4 1, 4 160 10 1,4 10 11,80 10 300 10 qkd d d w x x xN xN f x A x σ − + = = ≤ = Nqk ≤ 92,86 kN Dimensionamento de Vigas – Peças Flexionadas A verificação da segurança de peças sujeitas à flexão consiste nas verificações dos estados limites últimos e dos estados limites de utilização. Nos estados limites últimos, devem ser verificadas as tensões normais de tração e compressão, as tensões cisalhantes e a estabilidade lateral para vigas esbeltas. Nos estados limites de utilização, são verificadas as deformações e vibrações limites. Estados limites últimos para momento fletor Flexão simples reta Nas peças submetidas à flexão simples, o plano de incidência do carregamento coin- cide com um dos eixos principais de inércia e não sofrem efeito do esforço normal. Para peças com pelo menos um eixo de simetria, um eixo principal de inércia coin- cide com o eixo de simetria. A verificação dos estados limites últimos de esmagamento da borda comprimida e ruptura da borda tracionada ficam garantidos respectivamente pelas condições das ex- pressões (Eq. 34) e (Eq. 35): 0, 0, sd c d c d c M f W σ = ≤ (Eq. 34) 0, 0, sd t d t d t M f W σ = ≤ (Eq. 35) Onde: • σc0,d – Tensão atuante de cálculo na borda comprimida; • σt0,d – Tensão atuante de cálculo na borda tracionada; • Wc – Módulo de resistência elástica à compressão da seção transversal da peça; • Wt – Módulo de resistência elástica à tração da seção transversal da peça; • fc0,d – Resistência de cálculo à compressão paralela às fibras; • ft0,d – Resistência de cálculo à tração paralela às fibras. 22 23 Sendo: c c IW y = (Eq. 36) t t IW y = (Eq. 37) Onde: • I – Momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo central de inércia perpendicular ao plano de ação do momento fletor atuante. Para cálculos das barras fletidas, adota-se para o vão teórico L o menor dos valores: • Distância entre eixos apoiados; • Vão livre acrescido da altura da seção transversal da peça no meio do vão; • Não se consideram acréscimos maiores que 10 cm.yC1 (–) (+) y X borda 2 borda 1 CG Yt2 Y σ t2, d (+) σC1, d (–) Figura 4 – Tensões Atuantes em Barra de Madeira Flexionadas com Seção Tê O Módulo de Elasticidade efetivo à compressão paralela às fibras é dado pela expres- são (Eq. 38): 0, mod 0,c ef c mE k E= (Eq. 38) Onde: • Ec0,m – Rigidez na compressão paralela às fibras. Tabela 12 – Valores da Classe de Resistência Coníferas Coníferas Classes fc0k (MPa) FVk (MPa) Ec0m (MPa) ρbas,m (kg/m 3) ρaparente (kg/m 3) C20 20 4 3500 400 500 C25 25 5 8500 450 550 C30 30 6 14.500 500 600 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 23 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Tabela 13 – Valores da Classe de Resistência Folhosas Folhosas Classes fc0k (MPa) FVk (MPa) Ec0m (MPa) ρbas,m (kg/m 3) ρaparente (kg/m 3) C20 20 4 9500 500 650 C30 30 5 14.500 650 800 C40 40 6 19.500 750 950 C60 60 8 24.500 800 1000 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 7190, 1997 Exemplo 4 Uma viga biarticulada com 4 m de vão e 6 cm de largura está submetida a um carrega- mento permanente distribuído de 700 N/m. Calcular a altura necessária da viga, considerando madeira da classe C40 e ações permanentes de grande variabilidade, considerando situação duradoura de projeto, com carregamento de longa duração e a classe de umidade igual a 2. Solução Mk = (700 x 6 2)/8 = 3.150 Nm → Md = 1,4 x 3.150 = 4.410 Nm = 44.100 Ncm Vk = (700 x 6)/2 = 2.100 N → Vd = 1,4 x 2.100 = 2.940 N Ec0,f = 0,56 x 1.950.000 = 1.092.000 N/cm 2 3 2 44.100 12 44.100 2 6 d c md M y x x h I x x h h σ = = = 3 3 2.940 735 2 2 6 d Vd V x bh x x h h τ = = = Condições de Segurança: 2 mod 40000,56 1.600 / 1,4 wk wd w ff k N cm γ = = = Tensão Normal: 2 1, 1, 0,2 44.100 1.600 /c d t d c df N cmh σ σ= = ≤ = h ≥ 5,25 cm Tensão de Cisalhamento: 2 0, 6000,56 187 / 1,8v d f N cm= = 2 , , 735 187 /V d Vo df N cmh τ = ≤ = h ≥ 3,93 cm 24 25 Flecha: 4 , , 5 384 200 g d util co ef x F x L Lu x E x I = ≤ 4 , 3 5 7 400 400 2006384 1.092.000 12 d util x xu x hx x = ≤ h ≥ 12,88 cm Adotado: h ≥ 13 cm. Dimensionamento de Treliças Nas treliças de madeira, as barras são dimensionadas e há esforços de tração e de compressão. Assim, deve-se calcular os esforços em todas as barras e utilizar os conceitos desen- volvidos nos itens de barras tracionadas e de barras comprimidas. 25 UNIDADE Cálculo de Estruturas de Madeira Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Estruturas de Madeira: Projetos, Dimensionamento e Exemplos de Cálculo DIAS, A. A. et al. Estruturas de madeira: projetos, dimensionamento e exemplos de cálculo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. Tesouras de Telhado: Tesouras de Madeira MONTEIRO, J. C. R. Tesouras de telhado: tesouras de madeira. 4. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Interciência, 1976. Manual de Tecnologia da Madeira NENNEWITZ, I.; NUTSCH, W. Manual de tecnologia da madeira. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2012. Bases para Projeto Estrutural na Arquitetura REBELLO, Y. C. P. Bases para projeto estrutural na arquitetura. 2. ed. São Paulo: Zigurate, 2008. Árvores e Madeiras Úteis do Brasil: Manual de Dendrologia Brasileira RIZZINI, C. T. Árvores e madeiras úteis do Brasil: Manual de Dendrologia brasileira. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1978 26 27 Referências MOLITERNO, A. Caderno de Projetos de Telhados em Estruturas de Madeira. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2012. NEGRÃO, J.; FARIA, A. Projecto de Estruturas de Madeira. São Paulo: Publindústria, 2009. PFEIL, W. Estruturas de Madeira: Dimensionamento Segundo a Norma Brasileira NBR 7190/97 6. ed. Rio de Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2007. 27
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