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Professor: Pedro Augusto Garcia Alves 
E-mail: pedrogarcia572@gmail.com 
Instagram: @pdagarcia 
 
EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
• Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código (...) 
• Adotou-se o princípio da territorialidade 
• Em regra, todos os processos penais em curso no Brasil, devem seguir as disposições do CPP 
• O pŕoprio CPP cria ressalvas, ao dispor que “Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território 
brasileiro, por este Código, ressalvados” 
• As hipóteses em que o CPP ressalva sua aplicação são situações nas quais há outras normas que 
disciplinam o processo e julgamento 
• São hipóteses ressalvadas pelo CPP: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
• Isso porque, os tratados, convenções e demais regras de direito internacional devem ser entendidos 
como normas especiais, conforme dispõe o art. 85-A da lei 8.212/91. 
• Exemplo: CV 61 – Relações diplomatas 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com 
os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
• Duas concepções sobre crimes de responsabilidade 
• Crimes de responsabilidade próprios 
• Crimes de responsabilidade impróprios 
• O CPP se refere aos crimes de responsabilidade impŕoprios, que são aqueles crimes “políticos”, cujo 
julgamento compete ao Congresso Nacional e não há aplicação de pena privativa de liberdade. 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
• Os processos de competência da justiça militar são regulados pelo Código de Processo Penal Militar, dada 
a especialidade da matéria 
• O CPPM admite a utilização do CPP de forma analógica (art. 3, a, CPPM) 
IV - os processos da competência do tribunal especial 
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• Tal dispositivo ainda consta expressamente no art. 1 do CPP, todavia, prevalece na doutrina que não há 
suporte fático para sua aplicação, na medida em que conforme norma do art. 5, XXXVII, CF, não se admite 
a criação de tribunal de exceção. 
V - os processos por crimes de imprensa. 
• Conforme decidido pelo STF (ADPF 130) a lei de imprensa não foi recepcionada pela constituição federal 
(= revogação), assim, os processos que tiverem como base a imprensa devem seguir o rito do CPP, já que 
não há mais disposição em sentido diverso. 
 
EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
• Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a 
vigência da lei anterior. 
• Adota-se o princípio da aplicação imediata 
• Adota-se o tempus regit actum 
• Não há relevância em quando o crime foi praticado 
• Preserva-se a validade dos atos praticados sob a lei anterior 
• Normas processuais heterotópicas 
• São normas processuais que estão fora do CPP 
• Exemplo: art. 109, CF 
• Normas mistas/híbridas 
• Segue a regra do direito penal: se for benéfica retroage, se for prejudicar não retroage. 
• Veda-se a lex tertia (inf. 646, STF) 
• Teoria do isolamento dos atos processuais 
• O que importa é o momento em que o ato foi praticado 
• Publicada a decisão verifica-se qual o recurso cabível e qual seu prazo. Mudanças posteriores 
não afetam. 
FORMAS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
• Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o 
suplemento dos princípios gerais de direito. 
• Interpretação extensiva: 
• Ocorre quando o legislador disse menos do que deveria. O intérprete estende a aplicação da 
norma para situações que o legislador deveria ter feito, mas não fez. 
• Exemplo: Cabimento de RESE contra decisão que rejeita aditamento (o CPP só é expresso ao 
admitir RESE contra decisão que não recebe a denúncia) 
 
 
 
 
 
 
 
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• Aplicação analógica 
• Não se confunde com analogia que é método de integração (colmatação) 
• Na aplicação analógica a própria norma permite que se aplique para situações similares. Exemplo: 
Art. 3-B, XVIII, CPP. 
• O juiz das garantias (...) competindo-lhe especialmente: outras matérias inerentes às atribuições 
definidas no caput deste artigo. 
• Princípios gerais do direito 
• Boa fé processual 
• Princípio da confiança 
• Pas de nullité sans grief (não há nulidade sem prejuízo) 
 
JUIZ DAS GARANTIAS 
• Histórico 
• Foi inserido pelo pacote “anticrime”; 
• Não constava na proposta original; 
• Seu texto foi, em parte, copiado do projeto de novo CPP que está em trâmite no congresso desde 
2009; 
• Visa assegurar o sistema acusatório; 
• Parte da premissa de que o juiz que teve contato com os elementos do IPL já formou sua 
convicção com base em elementos produzidos sem contraditório e ampla defesa e não seria 
imparcial. 
• Sua aplicação foi suspensa cautelarmente pelo STF na ADI 6298 – Decisão do relator Min. Luiz Fux 
• Fundamentos da suspensão: 
• O pacote anticrime tratou sobre matérias de organização do judiciário, violando a autonomia do 
PJ: inconstitucionalidade formal; 
• Não houve dotação orçamentária para a implantação das medidas necessárias, violando o 
disposto na norma do art. 113, ADCT: inconstitucionalidade material 
• Violação aos princípios do juiz natural, isonomia e duração razoável do processo: 
inconstitucionalidade material 
• CONSIDERAÇÕES GERAIS 
• O Juiz das garantias tem o dever de controlar a legalidade da investigação e salvaguardar os 
direitos individuais do investigado. 
 
 
 
 
 
 
 
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• Sua atuação vai desde o começo da investigação (por qualquer forma, IPL ou PIC) e se esgota 
após o recebimento da denúncia. 
• Todos os pedidos formulados na investigação e que estejam acobertados pela reserva de 
jurisdição devem ser feitos ao juiz das garantias: interceptação telefônica, mandados de busca, 
etc. 
• Há medidas que podem ser pedidas no curso do processo e não apenas na fase da investigação: 
prisão preventiva, mandados de busca, dentre outros. 
• Neste caso o pedido não será feito ao juiz das garantias. 
• PRINCÍPAIS COMPETÊNCIAS 
• Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; 
• Decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não 
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral 
• Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões 
apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo 
• PROCEDIMENTOS EM QUE NÃO SERÁ APLICADO 
• O pacote anticrime informa que o juiz das garantias não será aplicado no procedimento das 
infrações de menor potencial ofensivo (pena maxima inferior a dois anos e todas as 
contravenções) e no julgamento colegiado de 1º grau. 
• Na cautelar da ADI 6298 (decidido pelo presidente do STF, Min. Dias Toffoli), restou afastada a 
aplicação do juiz das garantias aos processos: de competência originária dos tribunais, tribunal do 
juri, violência doméstica contra a mulher e da justiça eleitoral. 
 
QUESTÕES 
(CESPE/STJ) O Código de Processo Penal será aplicado a todas as ações penais e correlatas que tiverem 
curso no território nacional, nelas inclusas as destinadas a apurar crime de responsabilidade cometido 
pelo presidente da República. 
R: Errada. Dispõe o art. 1, CPP: 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: II - 
as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); 
 
(CESPE/STJ/2018) Uma nova norma processual penalterá aplicação imediata somente aos fatos 
criminosos ocorridos após o início de sua vigência. 
 
 
 
 
 
 
 
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R: Errado. O momento em que o crime foi praticado é indiferente, conforme norma do art. 2, CPP. 
(CESPE/TRF1/2017) A lei processual penal deverá ser aplicada imediatamente, sem que isso 
prejudique a validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior, tampouco 
constitua ofensa ao princípio da irretroatividade. 
R: Correto. É o texto do art. 2, CPP. 
 
 
(CESPE/TJDFT/2015) Em relação à aplicação da lei processual penal no espaço, vigora o princípio da 
territorialidade 
R: Correto. O princípio da territorialidade é retirado do disposto na norma do art. 1, caput, CPP. 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, 
 
(CESPE/SEGESP-AL/2013) A lei processual penal tem aplicação imediata, sem retroagir, 
independentemente de seu conteúdo ser mais benéfico para o acusado. 
R: Correto. É o princípio da aplicabilidade imediata e tem fundamento na norma do art. 2, CPP. 
 
(CESPE/DEPEN/2013) Considere que, diante de uma sentença condenatória e no curso do prazo recursal, 
uma nova lei processual penal tenha entrado em vigor, com previsão de prazo para a interposição do 
recurso diferente do anterior. Nessa situação, deverá ser obedecido o prazo estabelecido pela lei anterior, 
porque o ato processual já estava em curso. 
R: Correto. É reflexo da adoção da teoria do isolamento dos atos processuais e retira sua validade do 
disposto da norma do art. 2, CPP. 
A teoria do isolamento dos atos processuais determina que cada ato deve ser analisado de forma isolada 
de acordo com a lei no momento em que ele foi praticado (tempus regit actum). É a teoria adorada. 
O Brasil não adotou a teoria da unidade processual (dispõe que todo o processo deve ser regido pela 
mesma norma, ou seja, a norma alterada não tem aplicação aos processos em curso) e nem a teoria da 
fase processual (cada fase deve ser regulada por uma norma, se ocorrer alteração da norma no meio da 
fase, esta alteração não deve valer para o processo). 
 
 
 
 
 
 
 
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(CESPE/TJAC/2012) A aplicação da lei processual no tempo é regida pelo princípio da imediatidade, com 
incidência nos processos em andamento, não tendo efeitos retroativos, ainda que norma posterior possa 
ser mais benéfica ao réu. 
R: Correto. Art. 2, CPP. A norma processual, diversamente da penal, não retroage, ainda que seja mais 
benéfica.

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