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Análise de Sistemas de Potência Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Elvis Luiz dos Santos Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Sistemas Trifásicos • Definições Gerais; • Obtenção de Sistemas Polifásicos de Tensões e Sequência de Fase. • Analisar as confi gurações de fechamento de transformadores e seus valores de tensão. OBJETIVO DE APRENDIZADO Sistemas Trifásicos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Sistemas Trifásicos Definições Gerais Conforme sabemos, as primeiras redes de distribuição de eletricidade foram de- senvolvidas por Thomas Edison e instaladas de forma experimental em 1882. Elas operavam em corrente contínua (CC / DC) e, devido às características de geração da corrente contínua, os circuitos de distribuição alcançavam uma extensão bastan- te pequena. Contudo, foi a invenção de Nicola Tesla, ou a Corrente alternada (AC / CA), que se tornou o padrão de fornecimento de energia elétrica no mundo inteiro. Entende-se que os sistemas elétricos de potência tenham por finalidade fornecer energia elétrica aos usuários de forma ininterrupta, com qualidade e no instante em que for solicitada, visto a dependência que todos os setores da vida cotidiana têm da energia elétrica. Esses sistemas elétricos de potência são normalmente subdivididos em três blo- cos gerais, a saber: • Sistema de Geração: neste bloco, estão os equipamentos que convertem al- guns tipos de energias, como sintética da água, solar, eólica ou calorifica, em energia elétrica. Figura 1 – Geração de energia eólica Fonte: Pixabay 8 9 Figura 2 – Geração de energia geotérmica Fonte: Pxhere Figura 3 – Geração de energia solar • Sistema de Transmissão: neste bloco, está a parte responsável pelo transpor- te da energia gerada no bloco anterior. Figura 4 – Linha de transmissão de energia em alta tensão Fonte: Pixabay 9 UNIDADE Sistemas Trifásicos • Sistema de Distribuição: sistema responsável por distribuir a energia elétrica recebida do sistema de transmissão aos consumidores de todos os tamanhos, composta por subestações, transformadores e os postes que encontramos nas ruas periféricas. Figura 5 – Subestação de distribuição de energia Fonte: Pixabay Figura 6 – Poste com conjunto de transformadores Em resumo, a energia elétrica parte da usina geradora, passa por subestações que a transformam em valores mais elevados, para que possa ser possível sua transmissão, com menor nível de perdas possível. Nessa subestação, as tensões são elevadas a níveis de tensão entre 69KV a 440KV e transportadas através de cabos elétricos, até as subestações rebaixadoras já dentro das cidades, dando início à fase de distribuição. É comum se referir ao sistema elétrico de potência como SEP, sistema esse que é composto pelo conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à ge- ração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição. Esse sistema é regulamentado por normas técnicas da ABNT, MTE, como, por exemplo, a NR10 – SEP (NR10, Anexo III item 2) e normas das concessionárias envolvidas. 10 11 Os níveis de tensão envolvidos nos sistemas elétricos são definidos pela NR10, sendo: • Tensão de Segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança; » Item 27 do glossário da NR10. • Extra- Baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente al- ternada, ou 120 volts em corrente contínua, entre fases, ou entre fase e terra; » Item 1 0 do glossário da NR10. • Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alterna- da ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra; » Item 10 do glossário da NR10. • Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra; » Item 1 do glossário da NR10. Para conhecer o percurso da energia em nosso país: http://bit.ly/2O511pq e http://bit.ly/2Qj2YBG Ex pl or Obtenção de Sistemas Polifásicos de Tensões e Sequência de Fase Nos si stemas de geração de tensão monofásica, basicamente, temos o princípio da indução, onde uma bobina com espira de fio condutor gira dentro de um campo magnético, gerando, assim, tensão induzida no condutor; em algumas configura- ções de geradores, a bobina fica fixa e o campo magnético gira. Sobre a geração de tensão trifásica em: https://youtu.be/2fFlYWH-w0I Ex pl or Tensão de CA N S Figura 7 – Sistema de geração de tensão monofásica 11 UNIDADE Sistemas Trifásicos No sistema trifásico, o sistema muda. No tocante ao número de bobinas, como sugere o próprio nome, teremos nesse sistema três bobinas gerando tensão e não mais apenas uma, como no caso do sistema monofásico. Essas bobinas são distribu- ídas na circunferência do gerador com um ângulo de 120°. Essa defasagem faz com que a tensão gerada na saída do gerador tenha um também uma defasagem de 120°. A Y II IEXr IIIII III I I C s N X B Z VC=120V/fase 120º VB=120V/fase –120º ou VB=120V/fase 240º VB=120V/fase0º Figura 8 – Distribuição das bobinas no gerador e vetor da tensão de saída Fonte: Acervo do Conteudista VA VB VC Figura 9 – Forma de onda da tensão trifásica O campo magnético girante que dá origem à tensão induzida nas bobinas, origi- na-se da alimentação da bobina do estator do gerador (parte fixa do gerador). Essa alimentação é feita por tensão CC, pode ser de uma fonte externa ou do próprio gerador, no caso de geradores autoexcitados. Podemos representar as tensões geradas no sistema trifásico da seguinte forma: Nas fórmulas abaixo, quando no referimos, por exemplo, a VAX, estamos mos- trando a tensão nas extremidades da primeira bobina, A = início da bobina, X fim da bobina. VAX(t) = Vp.senωt (momento inicial) Também podemos representar de forma vetorial por: VA=Vp ∠ 0º=Vp. VBY(t) = Vp.sen(ωt ∠ -120°) 12 13 Também podemos representar de forma vetorial por: VB Vp Vp j� � � � � � � � �� � � ��120 1 2 3 2 º . VCZ(t) = Vp.sen(ωt ∠ +120°) Também podemos representar de forma vetorial por: VB Vp Vp j� � � � � � � �� � � ��120 1 2 3 2º . VAX x Z A Y C B VBY VCZ Figura 10 – Descritivo das bobinas internas do gerador Os geradores podem ser ligados de duas formas diferentes, conforme caracte- rísticas da carga a ser alimentada. Dessa forma, podemos fazer o fechamento das bobinas do gerador em estrela ou triângulo. Ligação em Estrela No modo de ligação conhecido como Estrela, os pontos X,Y,Z das bobinas são conectados de forma a se obter um ponto Neutro, conforme figura a seguir: VB VB VC C VBC VCA Z3 Z2 Z1 VAB IB B X A IA IC IN N YZ Figura 11 – Circuito de ligação do gerador e carga em estrela Fonte: Acervo do conteudista 13 UNIDADE Sistemas Trifásicos As tensões obtidas do gerador são assim denominadas: VA, VB, VC, são denominadas tensões de fase VF, são as tensões medidas da extremidade da bobina com relação ao Neutro. Já as tensões medidas entre os terminais do gerador, VAB, VBC e VCA, são denominadas tensão de linha VL, as correntes que circulam pelo sistema são denominadas IA, IB, IC e a corrente total IN, matematicamente representamos a corrente IN = IA + IB + IC. As tensões obtidas no sistema são assim demonstradas matematicamente: • Tensões de fase: VA(t) = Vp.senωt (momento inicial) ou VA + Vp∠0º = Vp. Vb(t) = Vp.sen (ωt∠ –120) ou VB Vp Vp j� � � � � � � � �� � � ��120 1 2 3 2 º . VC(t) = Vp.sen (ωt∠ +120º) ou VB Vp Vp j� � � � � � � �� � � ��120 1 2 3 2 º . • Tensões de linha: V j V j VFAB VA VB VF VF F� � � � � � � � � �� � � �� � � � � � �� � � �� � � � � 1 2 3 2 3 2 3 2 3 3 2 jj 1 2 � � �� � � �� Então podemos dizer que: V VFAB � � �3 30� V j V j VF jBC VB VC VF VF F� � � � � � � � �� � � �� � � � � � �� � � �� � ��. . . 1 2 3 2 1 2 3 2 3 �� � j VF3. Então podemos dizer que: V VFBC � � � �3 90� V j V V j VFCA VC VA VF F F� � � � � � � �� � � �� � � � � � � �� � � �� � � �. . . 1 2 3 2 3 2 3 2 3 3 22 1 2 �� � � � � �j Então podemos dizer que: V VFCA � � �3 90� Podemos concluir, então, que V VFL � �3 . Note também que os valores de tensão de linha e tensão de fase são dadas em VEF (tensão eficaz). O comportamento das correntes no sistema estrela também possui suas particu- laridades, que destacaremos a seguir: A corrente de fase IF é aquela que sai do enrolamento do gerador e a corrente de linha IL é aquela que circula na saída do gerador para a carga. Caso as cargas ligadas às saídas do gerador forem iguais, a corrente que retorna pelo neutro é igual a zero. 14 15 Ligação em Triângulo (Delta) VAB IAB = IF A B IBC Z1 Z2 Z3 IA = IL x A C B VBC VCA IB IC ICA C Figura 12 – Ligação Triângulo ou Delta No sistema de fechamento do gerador, conhecido como triângulo, as tensões VAB, VBC, VCA correspondem à tensão de fase (VF) e de linha (VL), têm o mesmo valor. Em termos matemáticos, temos: VF = VL. Para as correntes, essa igualdade não se repete, as correntes de linha (IL) forma- das pelas correntes IA, IB, IC, e as correntes de fase (IF) que circulam na carga, IAB, IBC, ICA, podem ser calculadas por: IA = IAB – ICA IB = IBC – IAB IC = ICA – IBC Em casos que a carga é balanceada, a defasagem entre tensão e corrente é igual, representadas por φA = 0, φB = 0, φB = 0. Ocorre que, quando a carga é desbalanceada, as defasagens entre a tensão e a corrente são diferentes, φA ≠ 0, φB ≠ 0, φB ≠ 0, as tensões de linha VL e de fase VF são demonstradas matematicamente por: VAB (t) = Vp.senωt ou VAB = VL∠0º = VL VBC (t) = Vp.sen (ωt ∠ –120°) ou V V V jBC L L� � � � � � � � � �� � � ��120 1 2 3 2 º VCA (t) = Vp.sen (ωt ∠ +120°) ou V V V jCA L L� � � � � � � � � �� � � ��120 1 2 3 2 º Para os valores de corrente de linha IL e corrente de fase IF , quando ocorre a defasem, podemos utilizar a seguinte fórmula: IL IF= 3. 15 UNIDADE Sistemas Trifásicos Exemplos de cálculo: 1. Dado o circuito abaixo, calcule as tensões de fase e de linha. A C B Y X Z3 Z2 Z1 N Z Figura 13 Dados: VF=220VAC Fases defasadas em 120° (A = 0°, B = –120°, C = 120°) Z1, Z2, Z3 = 10Ω a) Cálculo da tensão de Linha: V VF VL � � � � � �3 3 220 381 05, b) Cálculo das correntes de fase, linha e neutro. I I VL Z AF L= = =1 220 10 22 Estamos analisando aqui um circuito que alimenta uma carga resistiva. Dessa forma, a tensão e corrente de fase estão em fase, porém, defasadas uma das outras. Dessa forma, o cálculo de IA, IB, IC será: IA = 22 ∠ 0°= 12 A IB = 22 ∠ -120° = –11 – j19,05A IC = 22 ∠ 120° = -11 + j19,05A Dessa forma, IN = IA + IB + IC = 22 + (–11 – j19,05) + (–11 + j19,05) = 0A Esse cálculo prova que, no circuito com carga equilibrada, a corrente de neutro é igual a 0. Agora vamos repetir o cálculo com cargas diferentes. 16 17 2. Dado o circuito abaixo, calcule as tensões de fase e de linha. A C B Y X Z3 Z2 Z1 N Z Figura 14 Dados: VF = 220VAC Fases defasadas em 120° (A = 0°, B = –120°, C = 120°) Z1 = 10 Ω Z2 = 12 Ω Z3 = 20 Ω a) Cálculo da tensão de Linha: V VF VL � � � � � �3 3 220 381 05, b) Cálculo das correntes de fase, linha e neutro. IF VL Z A= = 1 220 10 22 Estamos analisando aqui um circuito que alimenta uma carga resistiva. Dessa forma, a tensão e corrente de fase estão em fase, porém, defasadas uma das outras. Assim, o cálculo de IA, IB, IC será: I AA � � � 220 0 10 22 � I j AB � � � � � � � � � 220 120 12 18 33 120 9 16 15 87 � �, , , I j AC � � � � � � 220 120 20 11 120 5 5 9 52 � � º , , Dessa forma, IN = IA+ IB+ IC = 22 + (–9,16 – j15,87) + (–5,5 + j9,52) = 7,34 – j6,35 = 9,7 ∠ 40,86°. Esse cálculo prova que, no circuito com carga desequilibrada, a corrente de neu- tro não é igual a zero. 17 UNIDADE Sistemas Trifásicos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Introdução à Análise de Circuitos BOYLESTAD, R. Introdução à Análise de Circuitos. 10. ed. Belo Horizonte: Pearson Universidades, 2013. Análise de Circuitos em Engenharia HAYT JUNIOR, W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de Circuitos em Engenharia. EUA: McGraw Hill, 2014. Análise de Circuitos Elétricos MARIOTTO, P. A. Análise de Circuitos Elétricos. Belo Horizonte: Pearson Universidades, 2002. Circuitos elétricos NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 8 ed. São Paulo: Pearson, 2008. (e-book) Análise de circuitos: teoria e prática ROBBINS, A. H.; MILLER, W. C. Análise de circuitos: teoria e prática. São Paulo: Cengage Learning, 2010. (e-book) Vídeos Circuitos Trifásicos https://youtu.be/LwvEcbyk2VA 18 19 Referências ALBUQUERQUE, R. O. Circuitos em Corrente Alternada. São Paulo: Érica, 1997. BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos. 10. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2004. MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potên- cia. Rio de Janeiro: LTC, 2017. (e-book) MARIOTTO, P. A. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. (e-book) NR10. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf> Acesso em 13 de julho de 2019. ROBBA, E. J.; SCHMIDT, H. P. Introdução a sistemas elétricos de potência: com- ponentes simétricos. 2. ed. São Paulo: Blucher, Edgard Blucher, 1996. 2011. 467 p. 19