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JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 2 Sumário 1. A CRIMINOLOGIA ............................................................................................................ 3 2. CORRENTES E TEORIAS CRIMINOLÓGICAS .............................................................. 13 3. VITIMOLOGIA ................................................................................................................. 24 4. SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL ................................................................................ 27 5. PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO E MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME ......................... 31 6. TEMAS ESPECIAIS DE CRIMINOLOGIA ....................................................................... 34 Professora: Bruna Cancio JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 3 1. A CRIMINOLOGIA A Criminologia é a Ciência que estuda o crime como um fenômeno social. Ocorre que a mera enunciação dessa afirmativa é precária para conceituar essa área do saber. Assim, por uma questão didática, trataremos primeiramente de falar sobre o seu objeto de estudo e o método utilizado em suas incursões científicas, que se tratam dos elementos definidores da própria ciência em si, para, ao final, apresentarmos o conceito de criminologia, deixando a explicação mais clara ao estudante. 1.1. OBJETO O objeto do estudo precípuo da Criminologia é o crime (delito, infração), mas mais precisamente, estuda-se o crime visto como um fenômeno social. Isso porque, a ideia de crime como fenômeno social se relaciona com o que é compreendido em dado contexto como conduta desviante, que fere gravemente os anseios e expectativas daquela sociedade. Difere conceitualmente do conceito de crime para o Direito penal, por exemplo, que compreende como crime tudo aquilo que a lei penal assim o declara, estabelecendo uma pena/sanção para o caso do seu descumprimento. Muitas vezes haverá coincidência do que é crime para o Direito penal e para a sociedade, é o caso da conduta de matar alguém (cujo nome legal é “homicídio”). Outras vezes, o Direito penal ainda se ocupa com a previsão de uma conduta como criminosa, quando a sociedade já a trata como um desvio de comportamento de menor importância, um exemplo disso era o crime de adultério previsto na lei penal brasileira até o ano de 2005. O ideal é que a lei vigente em dada sociedade reflita a compreensão do que seus membros entendem como realmente grave e merecedor de punição, é por isso que o Poder Legislativo é composto de pessoas que devem refletir e representar a sociedade. Por isso é que o estudo da Criminologia visa, dentre outras coisas, a produção de conhecimentos que, interpretando a compreensão de crime naquele contexto, dê subsídios para a formulação de leis e políticas de segurança pública. Nesse sentido vale destacar que o ramo do Direito Penal também igualmente se ocupa do estudo do crime, por exemplo, não sendo este objeto exclusivo do campo da JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 4 Criminologia. Isso significa que não basta saber qual o objeto de estudo da Criminologia para compreender seu sentido e alcance, isto é, para conceituar a Criminologia precisaremos entender outros de seus elementos caracterizadores, como o método. Vale, porém, observar que o Direito penal, ao estudar o crime, parte de uma perspectiva eminentemente dogmática e normativa, ou seja, a partir de interpretações filosóficas e jurídicas sobre os aspectos do dever ser contido na lei que estabelece normas de conduta. Dito isso, tem-se que, por observar o fenômeno do crime dentro de um contexto amplo e que sofre diversas interferências, a Criminologia também é uma ciência que dialoga com várias outras ciências correlatas, tais quais o Direito, a Psicologia, a Medicina Legal, a Sociologia, sendo essencialmente um ramo do saber de natureza interdisciplinar, uma vez que seu objeto de estudo também é analisado e investigado por essas outras áreas, a partir de suas perspectivas peculiares. Importa ressaltar que a Criminologia não investiga o fenômeno criminal apenas por fazê-lo, mas visa a produção de um conhecimento que tem a finalidade de solucionar problemas reais, tais quais desenvolver melhores estratégias de prevenção e de eficácia do controle do fenômeno criminal. Aliás, a Ciência enquanto forma de produção de saber é sempre vinculada a alguma finalidade prática, notadamente soluções de problemas reais; sem esse elemento, nem mesmo se pode falar em conhecimento científico. Por fim, em virtude do crime não ser um fenômeno monolítico, mas multifacetário, a Criminologia acabou expandindo ao seu próprio objeto, alcançando a observação daquilo que determinou como os quatro elementos do fenômeno criminal nas sociedades: (1) o crime/delito, (2) o delinquente, (3) a vítima, (4) o controle social, que serão mais detalhados abaixo. 1.1.1. DELITO O delito ou o crime, como dito, éo mais proeminente objeto da Criminologia é o crime, visto como um fenômeno social. Segundo Penteado Filho (2012, p. 25) a Criminologia vê o crime como: “um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber: incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 5 isolado); incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à comunidade); persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o delito ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território) e consenso inequívoco acerca de sua etiologia1 e técnicas de intervenção eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua repercussão na sociedade).” 1.1.2. DELINQUENTE Quando o crime se tornou um objeto de estudo pelas ciências sociais, uma das questões que surgiu foi a respeito das circunstâncias e fatores que levam ao cometimento de crimes. Até mesmo porque, um dos interesses alinhados com o estudo do fenômeno da criminalidade é a identificação dos fatores criminógenos, ou seja, as causas que influenciam ou determinam a prática de crimes. Uma das hipóteses que surgiu para elucidar essa questão levava justamente ao estudo do sujeito que praticava os crimes, ou seja, do delinquente (aquele que comete crimes). Diversas vertentes da Criminologia tradicional se preocuparam em demasia com o estudo do delinquente, produzindo vários pontos de vistas diferentes sobre este objeto. O apogeu do valor do estudo do criminoso ocorreu durante o período do positivismo criminológico, o qual falaremos mais detalhadamente adiante, com destaque para a antropologia criminal, a sociologia criminal, a biologia criminal etc. A Escola Positiva, como ficou conhecida, centrou parte dos seus estudos na figura do delinquente, buscando encontrar as respostas para as razões da criminalidade nele. O estudo atual da criminologia não confere mais a extrema importância dada ao delinquente pela criminologia tradicional, deixando-o em plano secundário de interesse. 1 Ciência que estuda a causa das coisas. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 6 1.1.3. VÍTIMA Também pautada, inicialmente, no interesse de buscar respostas para as razões pelas quais são cometidos os crimes, a Criminologia centra seus estudos na figura da vítima, isto é, aquele ser que sofre as ações e consequências do comportamento criminoso, o sujeito contra o qual o crime foi cometido. Assim, a vítima enquanto objeto da criminologia é também uma forma de observá-la como parte da estrutura do delito. Dada a importância que o estudo da vítima revelou no âmbito da Criminologia, surgiu um ramo de produção de conhecimento que tem a vítima como objeto precípuo, a Vitimologia, que será conteúdo de capítulo próprio dessa apostila. Assim, a Vitimologia é um destaque específico dentro da grande área da Criminologia, tendo por centro das análises a vítima, seu papel enquanto fator criminógeno, os processos de vitimização e as consequências por ela sofridas, dentre outras perspectivas. Vale salientar que há crimes que não possuem vítimas, ou seja, não se dirigem e nem maculam uma pessoa especificamente, ainda que atinjam uma coletividade de pessoas indistintamente, é o caso dos “crimes de colarinho branco”, tais quais as condutas que lesionam o patrimônio público ou os atos de corrupção. 1.1.4. CONTROLE SOCIAL Visões sobre o delinquente na Criminologia tradicional: • Escola Clássica: via o criminoso como alguém que pecou e, assim, escolheu o caminho do mal, quando poderia ter escolhido o caminho do bem. • Escola Positiva: enxergava o criminoso como alguém que “nasceu assim”, um ser atávico, preso a uma deformação patológica (entendia o crime como uma espécie de doença). • Escola Correcionalista (de grande influência na América espanhola): o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. • Marxismo criminológico: entendia o criminoso como vítima inocente das estruturas econômicas. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 7 O controle social é também um dos objetos de estudo da Criminologia, constituindo- se em um conjunto de mecanismos que buscam submeter os indivíduos às normas de convivência da sociedade. Há dois tipos de controle social, o formal, constituído pelo aparelho político e institucional do Estado feito para essa finalidade, tais quais a Polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário, e o informal, que é formado por institutos da sociedade civil em geral, como a família, a escola, os ambiente profissional, partidos políticos, a opinião pública, enfim, tudo aquilo que exerce pressão de ordem ética e age de maneira a conformar o comportamento do indivíduo aos anseios gerais. 1.2. MÉTODO A Criminologia faz uso dos métodos próprios dasciências sociais, que consistem eminentemente em observar os fatos, como eles se passam, ou seja, baseiam-se em dados da experiência, para produzir relatos e observações. Isso significa dizer que o cientista (criminólogo) observa os acontecimentos sociais reputados como criminosos, coletando informações e dados, bem como os interpreta para extrair possíveis conclusões ou impressões a respeito deles. Essa forma de proceder às investigações é chamada de empirismo, ou método empírico, que remonta em suas origens conhecidas ao pensamento filosófico de Francis Bacon (1561-1626), que propôs o raciocínio empírico-indutivo como meio para compreender a realidade e produzir conhecimento científico. A partir da coleta de dados realizada, o criminólogo empreende análises de natureza tanto quantitativa, construindo diagramas estatísticos, bem como de natureza qualitativa, ou seja, tecendo interpretações valorativas e relacionais, a partir de raciocínios lógicos e coesos, plenamente descritos, sendo plenamente possível a confrontação e o questionamento futuro. Essa análise qualitativa de dados é feita a partir de um raciocínio indutivo sob a observação dos fatos e leva a conclusões e hipóteses, que apesar de fortemente subjetivas, não padecem de mero subjetivismo, pois são reforçadas pela correlação com os fatos observados. Em outras palavras, pretende-se dizer que apesar da análise qualitativa estar sujeita a um grau de subjetivismo, por conta do observador fazer parte da teia social que ele mesmo analisa, a pertinência lógica e coerente das interpretações é verificada a luz dos fatos que foram objeto de análise. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 8 1.3. CONCEITO Criminologia significa, etimologicamente, a ciência ou o estudo do crime. Sendo assim, o “crime” é o objeto de estudo da Criminologia. A Criminologia, portanto, é o ramo das ciências sociais que estuda o fenômeno social do crime, da criminalidade e de todas as circunstâncias e variáveis a ele relacionado. Por tratar-se de uma ciência que observa o fenômeno social como ele é, extraindo suas impressões a partir de dados da realidade, diz-se que a Criminologia é uma “ciência do ser”, diferente das Ciências jurídicas que estudam os acontecimentos a partir da ótica de como eles deveriam ser e que, por isso, se enquadram na ideia de “ciência do dever ser”. Assim, de forma concisa, após tudo que foi dito, conceitua-se a Criminologia como sendo: A CIÊNCIA QUE, POR MEIO DA OBSERVAÇÃO E DA ANÁLISE EMPÍRICO-INDUTIVA DO FENÔMENO, TEM POR OBJETO O ESTUDO DO CRIME, DO COMPORTAMENTO DO SUJEITO CRIMINOSO E DA VÍTIMA, BEM COMO EXAMINA OS MEIOS DE CONTROLE SOCIAL DAS CONDUTAS REPUTADAS POR CRIMINOSAS 1.4. HISTÓRIA 1.4.1. ORIGENS A criminologia como Ciência autônoma e um fato recente na história, mas a observação do crime como um fato relevante e despertador de interesses dos estudiosos e filósofos tem longa data, integrando o passado pré-científico do saber criminológico. Delimita-se, portanto, o início da Criminologia exatamente no momento em que ela adquiriu autonomia, ou seja, estabeleceu seu método e seu objeto com precisão. Esse momento é identificado na história por alguns com o lançamento do livro “O homem delinquente”, de Cesare Lombroso (1876). Há uma outra corrente que situa o início da Criminologia ao do termo por Paul Topinard, em 1879. A controvérsia é tão grande que há quem advogue pelo ano de 1885 com o lançamento de obra de Rafael Garofalo, que usou o termo Criminologia inserido numa publicação eminentemente científica. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 9 Antes disso, porém, houve os precursores da chamada “Escola Clássica” que, a despeito de não tratarem precisamente de Criminologia com uso de métodos e objeto definidos, empregarem importantes reflexões acerca do fenômeno criminal, notadamente acerca do papel do Estado na reprovação dos delitos e na mensuração e natureza da sanção imposta. Exemplo disso são as publicações do Marquês de Beccaria, Cesare Bonesana (conhecido também como Cesare Beccaria), com a edição da obra “Dos delitos e das penas”, em 1764 e o livro “Programa de direito criminal”, de Francesco Carrara, em 1859. Esses pensamentos, identificados como expoentes da Escola Clássica, por sua vez, só ganharam relevância tempos depois, influenciados pelo Iluminismo, na metade do século XIX. Assim, antes de passarmos à análise desse período, é importante deixar registrado que o consenso mais aceito sobre as origens da Criminologia enquanto ciência autônoma remota a produção da Escola positiva, que tem no nome de Cesare Lombroso sua referência inaugural. Também, segue abaixo uma pequena lista esquemática contendo as principais publicações e acontecimentos atrelados à fase pré-científica: - “Ilíada” e “Odisseia”, de Homero: destacava a relação entre crimes, guerras e crueldade humana - “A República”, de Plantão, que aborda a possibilidade de reeducação do sujeito criminoso e, caso fosse tentado, mas sem êxito, a solução seria a expulsão/exilio. - A obra de Aristóteles e suas reflexões sobre as causas econômicas do crime. - São Tomás de Aquino e a pobreza como fator propulsor do ímpeto de roubar. - O estudo do crânio pelos frenólogos, buscando aspectos fisiológicos e fisionômicos que explicassem a prática de crimes. - Felipe Pinel e a psiquiatria que relacionava o louco e o criminoso à quadros de doença mental. - Adolphe Quetelet, que idealizou o homem médio e desenvolveu estudos sobre estatísticas de criminalidade. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 4506 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 10 1.4.2. ILUMINISMO O Iluminismo foi um movimento filosófico, literário, artístico e cultural que desdobrou em mudanças sociais profundas, dentre as quais a eclosão do modelo absolutista de estado e a ascensão dos Estados de direito, tendo por apogeu fático a Revolução Francesa, em 1789. Priorizando o racionalismo e as ideias atreladas ao indivíduo e à liberdade, o Iluminismo é representado pelo pensamento de filósofos que, dentre outras coisas, teceram diversas críticas à legislação criminal e à forma como o Estado absolutista lidava com o crime. Montesquieu e Rousseau, por exemplo, passaram a advogar pela necessidade de individualização da pena, de redução das penas cruéis, de proporcionalidade etc. Nesse contexto, a teoria da pena proposta por Cesare Beccaria, em meados do século XVIII, foi resgatada, como dito. A ideia central do Marquês de Beccaria consistia, basicamente, na rejeição dos suplícios e espetáculos públicos de crueldade exercido sobre o corpo do delinquente, estabelecendo que o Estado somente poderia sancionar o indivíduo com a restrição de direitos, notadamente desenvolvendo a ideia de penas privativas de liberdade. 1.4.3. AS ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS Ainda no influxo do Iluminismo, surgem, também, diversas correntes de pensamento estruturadas de forma sistemática, partindo de princípios fundamentais, as quais se convencionou de chamar de Escolas criminológicas ou penais, que foram definidas, segundo leciona Cezar Roberto Bitencourt (2008, p. 49), como “o corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade do direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim das sanções”. Cada uma das escolas serão detidamente analisadas e apresentadas no capítulo seguinte. 1.5. FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA Importa ressaltar que a Criminologia não investiga o fenômeno criminal apenas por fazê-lo, mas visa a produção de um conhecimento que tem a finalidade de solucionar problemas reais, tais quais desenvolver melhores estratégias de prevenção e de eficácia do controle do fenômeno criminal. Aliás, a Ciência enquanto forma de produção de saber é sempre vinculada a alguma JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 11 finalidade prática, notadamente soluções de problemas reais; sem esse elemento, nem mesmo se pode falar em conhecimento científico. As principais funções modernas da Criminologia são: a) explicar e prevenir o crime; b) intervir na pessoa do infrator; c) avaliar os diferentes modelos de reposta ao crime. No seu atual estágio de desenvolvimento, a criminologia busca explicar o crime e até questionar a própria existência de alguns tipos penais dissociados de estudos reais científicos, muitas vezes criados com dogmatismo acrítico, como no caso de inclusão de novas incidências penais por meras pressões midiáticas ou populares. Uma das funções principais da criminologia é encontrar meios para a prevenção de novos delitos, que perpassa não só pela implantação dos direitos sociais básicos (educação, saúde, trabalho, habitação, etc.), mas em atendimento a grupos vulneráveis que ostentam maior risco de sofrer com o problema criminal. No entanto, se não foi possível prevenir, encampa-se estudos no sentido de intervir positivamente na pessoa do infrator, buscando métodos eficazes de ressocialização, pois de antemão sabe-se que este delinquente retornará ao convívio social e é preciso reeducá-lo para que este não se enverede novamente ao mundo do crime. Avalia, ainda, os diferentes modelos de reposta ao crime. Atualmente, esta resposta não passa apenas pela punição e ressocialização do infrator, mas pela assistência das vítimas e de suas famílias na comunidade em que ocorreu o delito, visando restaurar todo círculo social afetado. 1.6. CRIMINOLOGIA, POLÍTICA CRIMINAL E DIREITO PENAL Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo, crime do criminoso, da vítima e do controle social do comportamento delitivo. Ocupa-se do crime enquanto fato social. A criminologia é uma ciência empírica, situada na realidade, que estuda o mundo do ser. – Criminologia em sentido estrito: Limita-se à investigação empírica do delito, da personalidade do delinquente, da vítima e do controle social. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 12 – Criminologia em sentido amplo: É a ciência que estuda a infração penal como fenômeno social, abrangendo a sociologia jurídica, a penologia e a etiologia criminal. – Etiologia criminal: Etiologia é o estudo da origem, na causa de um determinado fenômeno. Etiologia criminal é o estudo das fontes do direito penal. Política Criminal é o conjunto de estudos e práticas voltados às formas de combate da violência, investigando os meios de combater e evitar a prática de crimes. É uma que tem por objeto a definição de estratégias de controle social. Tem por objeto a apresentação de críticas e propostas para a reforma do direito penal em vigor visando ajustá-lo aos ideais jurídico-penais de justiça. Ocupa-se do crime enquanto valor. Ex. estuda como diminuir a violência doméstica; analisa a legislação em vigor com críticas e propostas. Direito penal é uma ciência dogmática que ocupa-se do crime enquanto norma jurídica. Estuda a legislação criminal, desenvolvendo também teorias sobre as formas de interpretaçãoda lei. a) Aspecto formal ou estático: É o conjunto de normas mediante o qual o Estado qualifica determinados comportamentos humanos (ações ou omissões) como infrações penais, define seus agentes e estabelece as sanções aplicáveis (penas e medidas de segurança). b)Aspecto material: O direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, capazes de afetar bens jurídicos indispensáveis à própria conservação a o progresso da sociedade. -c) Aspecto sociológico ou dinâmico (caiu no concurso de Juiz do TJPR): O direito penal é um dos instrumentos de controle social utilizados pelo Estado visando assegurar a harmônica convivência dos membros em sociedade. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 13 2. CORRENTES E TEORIAS CRIMINOLÓGICAS 1.7. ESCOLA LIBERAL CLÁSSICA Não existiu propriamente uma Escola liberal clássica da Criminologia, pois, como já mencionado, as publicações identificadas como tal foram produzidas em momentos diferentes, sem qualquer ordenação concisa de cunho científico e metodológico. Ocorre que, com o advento do Iluminismo, as ideias relacionadas à Escola Clássica foram resgatadas e revalorizadas. Inclusive, o nome “Escola clássica” foi dada por Enrico Ferri, positivista sociológico, em tom depreciativo. Os principais expoentes dessa “Escola” foram o Marquês de Beccaria, Giovanni Carmignani e Francesco Carrara. O ponto em comum dessas produções eram as premissas: o jusnaturalismo, especialmente no que diz respeito à ideia de direito natural e inerente ao homem, e o contratualismo, que o Estado é produto de um pacto entre os cidadãos, em que esses abrem mão de parcela de sua liberdade em troca de segurança. Apesar de serem ideias divergentes entre si, a ideia de um direito natural e o contrato social influenciaram o pensamento dos clássicos, que passaram a questionar os limites do Estado na promoção das sanções aos comportamentos desviantes: uma vez que só detinha parte da liberdade dos cidadãos, somente poderia penalizar os criminosos no âmbito desse direito, ou seja, limitando a liberdade, sendo inconcebível a promoção de penas cruéis e desumanas. A responsabilidade criminal do sujeito tem que levar em conta a responsabilidade moral, uma vez que o livre-arbítrio é inerente ao ser humano. Sendo o homem um ser livre e racional, isso deve ser levado em conta para determinar a gradação de sua sanção, que deve ser proporcional às consequências do comportamento infrator. Ideias centrais da escola clássica: - O crime é uma infração, não uma ação em si mesma. - O livre-arbítrio do indivíduo deve também limitar o direito de punir do Estado. - O Estado não pode ser um ente que promove vingança ou crueldade. - A pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente (maldade), de modo que a punição eficiente e imediata tem o condão de restaurar a ordem social externa. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 14 1.8. CRIMINOLOGIA POSITIVISTA A Escola positivista remonta os finais do século XIX e possui três fases muito claras: a antropológica (Lombroso), a sociológica (Ferri) e a jurídica (Garófalo). A adoção de metodologia rigorosa, transportada das ciências naturais ou biológicas, para o estudo do fenômeno criminal marcou essa Escola, da qual também brotou o uso do termo Criminologia com precisão, por Rafael Garófalo. Lombroso, considerado o pai da antropologia criminal, não criou uma teoria moderna, mas sistematizou uma série de conhecimentos esparsos e os reuniu de forma articulada e inteligível, com a finalidade de traçar um perfil dos criminosos e, a partir daí, fazer estudos e previsões sobre a criminalidade, visando solucionar esse problema social. Assim, acabou por examinar com intensa profundidade as características fisionômicas e as comparou com os dados estatísticos de criminalidade. Nesse sentido, dados como estrutura torácica, estatura, peso, tipo de cabelo, comprimento de mãos e pernas foram analisados com detalhes. Lombroso também buscou informes em dezenas de parâmetros frenológicos, decorrentes de exames de crânios, traçando um viés científico para a teoria do criminoso nato. Lombroso propôs a utilização de método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, que se ajustava ao causalismo explicativo defendido pelo positivismo. Efetuou ainda estudos intensos sobre as tatuagens, constatando uma tendência à tatuagem nos dementes. Por isso, afirmou que o crime não é uma entidade jurídica, mas sim um fenômeno biológico, razão pela qual o método indutivo-experimental deveria ser o empregado. Registre-se, por oportuno, que suas pesquisas foram feitas na maioria em manicômios e prisões, concluindo que o criminoso é um ser atávico, um ser que regride ao primitivismo, um verdadeiro selvagem (ser bestial), que nasce criminoso, cuja degeneração é causada pela epilepsia, que ataca seus centros nervosos. Estavam fixadas as premissas básicas de sua teoria: atavismo, degeneração epilética e delinquente nato, cujas características seriam: fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e chata, grandes maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo (na maioria dos casos), barba rala, olhar errante ou duro etc. Há um determinismo biológico marcante na figura do delinquente: ele nasce propenso a cometer crimes. A crítica que foi posteriormente construída contra os estudos do positivismo crimininológico é relacionada à tese da seletividade penal: uma vez que Lombroso estudou as pessoas já encarceradas, ele ignorou que há uma parcela da população mais sujeita e vulnerável à ação policial e à repressão do Estado. Assim, desconsiderando a desigualdade JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N EVA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 15 social e a raça, que vulnerabilizam o sujeito perante o Estado, não há como identificar traços de criminalidade com precisão. Enrico Ferri, precursor das ideias de Lombroso, desenvolveu-se no campo da sociologia criminal, pois via o crime como um produto de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Ele negava veementemente o livre-arbítrio, opondo-se à Escola Clássica, e em vez de responsabilidade moral, a razão de punir do Estado tinha que ser atrelada à responsabilidade social, uma vez que o fundamento da pena era a defesa social. Ferri classificou também os criminosos nas seguintes categorias: natos, loucos, habituais, de ocasião ou por paixão. Rafael Garófalo, por sua vez, afirmou que o crime estava no homem e desenvolveu conceitos como a periculosidade ou temibilidade, que seria o propulsor do delinquente. Além da pena comum, desenvolveu a ideia de medida de segurança como sanção adequada aos loucos, uma outra forma de intervenção penal. Ideias centrais da escola clássica: - O direito penal é obra humana. - A responsabilidade social decorre do determinismo social. - O delito é um fenômeno biológico, físico e social. - A pena é um instrumento de defesa social. - Método indutivo experimental, importado das ciências biológicas. 1.9. IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL Nascida no ambiente revolucionário francês do final do século XVIII, e enquanto a ciência e a codificação penal se impunham como elemento essencial do sistema jurídico burguês, a ideologia da defesa social assumiu o predomínio ideológico no espectro de pensamentos a respeito da pena e da sanção criminal. Há seis princípios fundamentais para se compreender a ideologia da defesa social: 1 Princípio de legitimidade: O Estado, como expressão da sociedade, está legitimido para reprimir a criminalidade, da qual são responsáveis determinados indivíduos, por meio de instâncias oficiais de controle social (legislação, polícia, magistratura, instituições penitenciárias). Estas interpretam a legítima reação da sociedade, ou da grande maioria dela, dirigida à reprovação e condenação do comportamento desviante individual e à reafirmação dos valores e das normas sociais. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 16 2 Princípio do bem e do mal. O delito é um dano para a sociedade. O deliquente é um elemento negativo e disfuncional do sistema social. O desvio criminal é, pois. O mal; a sociedade constituída, o bem. 3 Principio de culpabilidade. O delito é expressão de uma atitude interior reprovável; porque contrária aos valores e às normas, presentes na sociedade mesmo antes de serem sancionadas pelo legislador. 4 Principio da finalidade ou da prevenção. A pena não tem, ou não tem somente, a função de retribuir, mas a de prevenir o crime. Como sanção concreta, exercer a função de ressocializar o delinquente. 5 Princípio de igualdade. A criminalidade é violação da lei penal, e como tal, é o comportamento de uma minoria desviante. A lei penal é igual para todos. A reação penal se aplica de modo igual aos autores de delitos. 6 Princípio do interesse social e do delito natural. O núcleo central dos delitos definidos nos códigos penais da nações civilizadas representa ofensa de interesses fundamentais, de condições essenciais à existência de toda sociedade. Os interesses protegidos pelo direito penal são interesses comuns a todos os cidadãos. Apenas uma pequena parte dos delitos representa violação de determinados arranjos políticos e econômicos, e é punida em função da consolidação destes (delitos artificiais). 1.10. ESCOLA DE CHICAGO Nas décadas de 20 e 30 do século XX, no seio da Universidade de Chicago, desenvolveu-se a Criminologia em solo estadunidense, notadamente com a teoria ecológica e outros trabalhos empíricos nela inspirados. Essa teoria é considerada uma teoria de consenso e tem como principais expoentes pioneira de Robert Park e Ernest Burguess. Importa salientar que a Escola de Chicago coincide historicamente com o período das grandes migrações e da formação das grandes metrópoles, de modo que teve que se afrontar com o problema característico da formação dos guetos. Diante disso, parecia natural que se optasse por um modelo ecológico - ou seja, de teorias macrossociológioas da criminalidade equilíbrio entre a comunidade humana e o ambiente natural - para o enquadramento dos fenômenos sociais. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 17 A Escola de Chigago teve como características seu empirismo e sua finalidade pragmática. Isto é, o emprego da observação direta em todas as investigações e pela finalidade pragmática a que se orientavam: um diagnóstico confiável sobre os urgentes problemas sociais da realidade norte-americana de seu tempo. Essa Escola se tornou bastante importante para o estudo da criminalidade urbana. A primeira teoria da Escola de Chicago é a teoria ecológica. Para os defensores dessa teoria, a cidade e sua arquitetura urbana produz delinquencia. A teoria ecológica explica esse efeito criminógeno da grande cidade, com base nos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e, sobretudo, a deficiência do controle social desses núcleos.A Escola de Chicago e a Ecologia Criminal observam a relação entre o meio e a criminalidade, trabalhando a teoria das zonas concêntricas, ou seja, análise do processo de expansão das cidades e a relação deste processo com o nascimento do comportamento criminoso (os focos de criminalidade se distribuem de maneira diferenciada na expansão social). Entende-se, então, que com a escola de Chicago, a Criminologia abandonou o paradigma até então dominante do positivismo criminológico, do delinquente nato de Lombroso, passando a focar nas influências que o ambiente, e no presente caso, que as cidades podem ter no fenômeno criminal. Ganhou-se qualidade metodológica, já que com os estudos da escola de Chicago criou-se também o ambiente cultural para as teorias que se sucederam e que são a feição da moderna Criminologia. 1.11. TEORIAS PSICANALÍTICAS DA CRIMINALIDADE E DA SOCIEDADE PUNITIVA. A psicanálise foi desenvolvida na década de 1890, por Sigmund Freud, e sua proposta é analisar o homem, compreendido como sujeito do inconsciente. Desse modo, conquanto a psicanálise procure apreender o comportamento humano, evidentemente não poderia deixar de estudar o comportamento desviante. Dentre as diferentes linhas de pensamento que se seguiram, ainda que interligadas, a contribuição da psicanálise não se ateve simplesmente à explicação do comportamento criminoso como ato individual, mas trouxe ainda um novo objeto de análise, a própria sociedade, com o objetivo de esclarecer as razões pelas quais se busca a punição de determinadas condutas, tipificando-as como crime. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 18 Das teorias psicanalíticas, as quais têm origem comum na doutrina freudiana da neurose, podemos extrair uma teoria geral do crime. Como hipótese explicativa do crime em geral, a criminologia psicanalítica assenta em três princípios fundamentais, quais sejam: – o homem é por natureza antissocial; – o crime é consequência de uma domesticação sem êxito de um animal selvagem (rejeição da ideia de criminoso nato). – a personalidade é moldada durante a infância, ou seja, essa fase é fundamental para um futuro comportamento conforme ou desviante Em geral, as teorias psicanalíticas concordam que, assim como nos sonhos, atos falhos e sintomas neuróticos, o crime representa a erupção vitoriosa das pulsões libidinosas no campo da consciência. Função do crime é, portanto, satisfazer simbolicamente os instintos libidinosos. Nesse caso, o interessante é que se verificou que a culpa precedia o crime, a conduta contrária à lei penal é praticada com o intuito de identificar sua angústia a algo concreto, pelo que a punição representaria seu alívio. Ele deseja, inconscientemente, a punição, de modo a expiar não apenas esse novo crime, como também a culpa proveniente dos seus desejos proibidos do passado. Ante a verificação de que a pena é anterior ao crime, as teorias psicanalíticas da sociedade punitiva buscaram revelar as razões e a estrutura social que induzem a sociedade a infligir pena àqueles que praticam um comportamento desviante, pelo que, mais do que enfocar no agente que comete o delito, é a própria sociedade que deveria se tornar objeto de estudo. Freud distinguiu, nesse influxo, neurose de tabu. A neurose é uma doença individual, o tabu, uma formação social. Ao violar o tabu, o primitivo teme atrair sobre si uma pena grave, uma séria doença ou, ainda, a morte. Já o neurótico obsessivo, diversamente, teme quanto à violação, à aplicação da pena a um parente ou a uma pessoa próxima, e não a si próprio. A punição ocorre de forma espontânea, nas situações em que se viola o tabu. A pena que se efetua com o intermédio do grupo social é apenas uma forma secundária de pena, a atuar, portanto, de forma subsidiária à punição espontânea, tendo em vista que todos os demais integrantes do grupo se sentem ameaçados com a violação do tabu e, por isso, antecipam-se na punição do violador. 1.12. TEORIA ESTRUTURAL-FUNCIONALISTA DO DESVIO E DA ANOMIA. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 19 A teoria funcionalista da anomia foi introduzida por Émile Durkheim e desenvolvida por Robert Merton. Entende-se que teoria estrutural-fucionalista do desvio e da anomia trata a criminalidade (desvio/anomia) como uma situação social que surge pela ausência da ordem, normas e valores sociais. Assim, defende que as causas dos desvios não devem ser buscadas nos fatores bioantropológicos e naturais, tampouco na situação patológica da estrutura social. Para essa teoria, o desvio de conduta humana é um fenômeno normal da estrutura social. Assim, o desvio somente será negativo para a existência e desenvolvimento da estrutura social se forem ultrapassados determinados limites, gerando um estado de desorganização, de modo que todo o sistema de regras de conduta perca o valor, enquanto ainda não se tenha afirmado um novo sistema. O comportamento humano desviante que esteja dentro dos limites funcionais daquela estrutura social representa, inclusive, um elemento necessário e útil para o desenvolvimento sociocultural. Postulados básicos: - O crime (desvio) não é uma patologia, é um fenômeno normal - Os desvios, dentro de limites aceitáveis (funcionais), também contribuem para o desenvolvimento da sociedade - Os desvios possuem, assim, funcionalidade, tanto para a estabilidade quanto para as mudanças sociais 1.13. TEORIAS DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS As teorias das subculturas começam a ser construídas em um contexto de mudança da abordagem epistemológica na área da criminologia, pode-se considerar que há uma mudança de sentido no estudo. Tem sua origem no final dos anos 40 e no início da década de 50. Também elaborou várias críticas às teorias gerais do comportamento criminoso, especialmente formuladas no âmbito da Escola positivista, que reputava como sendo baseadas em ideias e estudos generalistas, com fundamentos biopatológicosque explicavam o desvio do indivíduo ao crime como uma deformidade do intelecto humano ou diferença genética ao comportamento normal e sociável dos demais sujeitos. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 20 A visão das teorias das subculturas criminais se volta para a observação dos corpos sociais, das relações culturais que envolvem uma comunidade e da possibilidade dessas influenciarem no cometimento de delitos. Também como uma negação do princípio de culpabilidade, inscrito pela Ideologia de Defesa Social, a teoria das subculturas criminais nega que o delito possa ser considerado como expressão de uma atitude contrária aos valores e às normas sociais gerais, visto que as teorias da subcultura criminal afirmam que existirem valores e normas específicos dos diversos grupos sociais. Assim, não existiria um referencial único e absoluto frente ao qual todos os individuos igualmente agem ou reagem. A culpabilidade do infrator é aferida apenas e tão somente nos casos em que se verifica que ele, ao conhecer os valores estabelecidos e podendo respeita-los, deliberadamente os viola. 1.14. ESCOLA DE CHICAGO Nas décadas de 20 e 30 do século XX, no seio da Universidade de Chicago, desenvolveu-se a Criminologia em solo estadunidense, notadamente com a teoria ecológica e outros trabalhos empíricos nela inspirados. Essa teoria é considerada uma teoria de consenso e tem como principais expoentes pioneira de Robert Park e Ernest Burguess. Importa salientar que a Escola de Chicago coincide historicamente com o período das grandes migrações e da formação das grandes metrópoles, de modo que teve que se afrontar com o problema característico da formação dos guetos. Diante disso, parecia natural que se optasse por um modelo ecológico - ou seja, de teorias macrossociológioas da criminalidade equilíbrio entre a comunidade humana e o ambiente natural - para o enquadramento dos fenômenos sociais. A Escola de Chigago teve como características seu empirismo e sua finalidade pragmática. Isto é, o emprego da observação direta em todas as investigações e pela finalidade pragmática a que se orientavam: um diagnóstico confiável sobre os urgentes problemas sociais da realidade norte-americana de seu tempo. Essa Escola se tornou bastante importante para o estudo da criminalidade urbana. A primeira teoria da Escola de Chicago é a teoria ecológica. Para os defensores dessa teoria, a cidade e sua arquitetura urbana produz delinquencia. A teoria ecológica explica esse efeito criminógeno da grande cidade, com base nos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e, sobretudo, a deficiência do controle social desses núcleos. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 21 A Escola de Chicago e a Ecologia Criminal observam a relação entre o meio e a criminalidade, trabalhando a teoria das zonas concêntricas, ou seja, análise do processo de expansão das cidades e a relação deste processo com o nascimento do comportamento criminoso (os focos de criminalidade se distribuem de maneira diferenciada na expansão social). Entende-se, então, que com a escola de Chicago, a Criminologia abandonou o paradigma até então dominante do positivismo criminológico, do delinquente nato de Lombroso, passando a focar nas influências que o ambiente, e no presente caso, que as cidades podem ter no fenômeno criminal. Ganhou-se qualidade metodológica, já que com os estudos da escola de Chicago criou-se também o ambiente cultural para as teorias que se sucederam e que são a feição da moderna Criminologia. 1.15. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL Na década de 1930, Edwin Sutherland (1883-1950) desenvolveu a Teoria da Associação Diferencial Criminal na tentativa de explicar os motivos pelos quais as pessoas envolviam-se com o crime, tendo construído nove preposições para explicar sua teoria, que são as seguintes: 1 O comportamento criminoso é aprendido, ou seja, ninguém nasce sendo um criminoso ou possui propensão genética para ser um criminoso. 2 O comportamento criminoso é aprendido na interação com outras pessoas, num processo de comunicação. De forma genérica, essa interação ocorre entre pessoas da mesma convivência e o aprendizado ocorre em um processo de comunicação verbal. 3 O aprendizado dá-se, principalmente, com as pessoas mais íntimas, pessoas que gozam de um mesmo interesse e que fazem parte de um rol de convivência contínua. 4 Tal aprendizado inclui: a) as técnicas de prática de crimes, simples ou sofisticadas (aspecto objetivo) e b) a assimilação dos motivos, razões, impulsos, racionalizações e atitudes (aspecto subjetivo). JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 22 5 Os impulsos e os motivos são aprendidos por meio do código legal, como definições favoráveis e desfavoráveis para o crime. 6 A pessoa torna-se delinquente pelo excesso de definições favoráveis ao crime, ou seja, existem mais definições favoráveis à violação da lei do quedefinições desfavoráveis. Além disso, ao cometer o crime, o sujeito entende que atos ilícitos são mais fáceis de serem praticados do que de serem punidos. Em suma, o criminoso acredita na impunidade e na omissão do Estado, tornando-se, cada vez mais, inserido no crime. 7 A associação diferencial pode variar em frequência, duração, prioridade e intensidade. 8 O processo de aprendizagem criminosa por associação, que possui padrões criminosos e não criminosos, envolve os mesmos métodos da aprendizagem de comportamentos lícitos. Assim, entende-se que todo e qualquer comportamento é aprendido, tanto de forma ilícita como de forma lícita. 9 As necessidades e os valores gerais podem ser as reais motivações existentes por trás do crime, mas também são as motivações por trás do comportamento convencional. Assim, entre outros aspectos, o que vai servir de fator determinante para um sujeito tornar-se ou não um criminoso é o meio em que vive, sendo este o seu grupo de amigos ou os que mantêm um nível de intimidade relevante. Sutherland não concordava que elementos como a classe social, a raça ou a idade seriam objetos decisivos para qualquer tipo de comportamento delituoso. Para o pensador norte-americano, o crime é cometido por influência das pessoas que cercam tal indivíduo. É evidente, portanto, que para a Associação Diferencial o crime é o reflexo da desorganização social, do abandono do Estado, e, por isso, é possível compreender e conceituar o que antes não passava de uma ideia genérica de comportamento criminoso. O desvio individual é a representação de uma desordem social já existente. 1.16. TEORIA DO LABELLING APPROACH JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 23 A Teoria do labeling approach, surgida nos Estados Unidos por volta dos anos 70, possui outros nomes: teoria da rotulação, teoria interacionista, teoria da reação social ou teoria do etiquetamento. Os principais representantes dessa linha de pensamento são Erving Goffman e Howard Becker. O ponto principal é o exame da origem do delito, as causas e consequências do controle social, passa-se a focar no processo de criminalização e na forma como o indivíduo reage a esse processo de criminalização. A própria etimologia da palavra nos ajuda a compreender o conceito da teoria. Veja que “Label” significa etiqueta e “Approach” significa empreender, colocar. Logo, trata-se da teoria do colocar as etiquetas ou Teoria do Etiquetamento. É uma teoria que parte da observação da interação entre o indivíduo e o criminoso no momento em que o Estado diz que ele é criminoso e a forma como esse indivíduo interage com o Estado diante disso. Analisa-se como o indivíduo criminoso reage a esta etiqueta colocada pelo Estado referente a um determinado comportamento. Por exemplo, um indivíduo tendo praticado o comportamento criminoso, será tido como sujeito incapaz de seguir as normas de um corpo social, estando, portanto, de fora e fora do corpo social, é um “outsider”. Seguindo Becker, os grupos sociais criam os desvios ao fazerem as regras cuja infração constitui o desvio e ao aplicarem tais regras a certas pessoas em particular, qualificando-as como marginais. Os processos de desvios, assim, podem ser considerados primários e secundários O desvio primário corresponde à primeira ação delitiva do sujeito, que pode ter como finalidade resolver alguma necessidade, por exemplo, econômica, ou produz-se para acomodar sua conduta às expectativas de determinado grupo subcultural. O desvio secundário se refere à repetição dos atos delitivos, especialmente a partir da associação forçada do indivíduo com outros sujeitos delinquentes. Diante disso, observa-se que a teoria do labelling approach privilegia, na análise do comportamento desviado, o funcionamento das instâncias de controle social (criminalização secundária), ou seja, a reação social aos comportamentos assim etiquetados. Crime e reação social são, segundo esse enfoque, manifestações de uma só realidade: a interação social. 1.17. TEORIA CRÍTICA JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 24 A teoria crítica apresenta-se como uma criminologia inspirada no marxismo, pois defende que o capitalismo é a base da criminalidade, porque o sistema capitalista promove o egoísmo e, consequentemente, leva as pessoas a delinquir. A criminologia crítica entende que não há neutralidade no mundo real, por ser possível observar todo o processo de estigmatização da população marginalizada, com a classe trabalhadora sendo o principal alvo do sistema punitivo, onde se cria um temor da criminalização e do sistema prisional a fim de manter a ordem social e a estabilidade da produção. O direcionamento das leis para as classes menos privilegias pelas classes dominantes constituem a criminalização primária, e a estrutura responsável por sua aplicação, que envolve também a execução das penas e das medidas de segurança, é considerada como criminalização secundária, ambas confrontadas pela criminologia crítica. 3. VITIMOLOGIA 1.18. CONCEITO Vitimologia é o estudo da vítima em seus diversos planos, ou seja, sob o aspecto global, integral, psicológico, social, econômico e jurídico. No curso do desenvolvimento dos estudos sobre o fenômeno da criminalidade, notadamente após o surgimento da Criminologia, só se produziu um estudo sistemático da vítima com a obra de Benjamin Mendelsohn, em 1945, que consensualmente marcou o surgimento formal da Vitimologia enquanto área do conhecimento. Outro importante expoente foi o lançamento, em 1948, do livro de Hans Von Hentig, denominado “o criminoso e sua vítima”. Com o avanço das análises sobre a figura da vítima, foi deixado de lado o lugar comum de pensa-la apenas como o ser que sofre as consequências da ação criminosa, e passou-se também a investigar sua participação e contribuição no fato delitivo, notadamente em crimes de estelionato, na qual a participação ativa da vítimaé, muitas vezes, elemento imprescindível ao sucesso da ação fraudulenta do delinquente. 1.19. PROCESSOS DE VITIMIZAÇÃO JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 25 A vitimização passou, nesse influxo, também a ser vista como um fenômeno complexo, que não envolvia apenas o momento da ação criminosa, mas uma série de desdobramentos que mereciam detida análise do observador-cientista. Convencionou-se chamar de vitimização primária aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa, a ideia usual e corrente do que se pensa sobre o termo “vitimização”. Por seu turno, chama-se vitimização secundária (ou revitimização ou sobrevitimização) aquela consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.). Por exemplo, é um processo de vitimização secundária quando a vítima se dirige às delegacias de polícia e é questionada sobre sua narrativa, posta em dúvida, obrigada a repetir histórias e reviver na memória momentos traumáticos; o mesmo acontece no curso do processo penal. Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada pela comunidade, incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades). Há vitimização terciária quando alguém se recusa mesmo a reportar um fato criminoso em razão do medo de ser vista como uma pessoa mentirosa, por faltarem provas para angariar sua narrativa, por exemplo. A vitimização indireta, corresponde ao sofrimento das pessoas que estão relacionadas intimamente à vítima de um delito, e que sofrem juntamente com ela, como parentes e amigos. Por fim, a heterovitimização é o processo de “auto recriminação da vítima” diante de um crime cometido contra si, por meio da busca pelas razões que a tornaram, de modo provável, responsável pela prática delitiva do outro. Exemplo comum é quando a vítima de um roubo se culpa por ter saído à noite na rua portando celular no bolso ou quando a vítima de estupro se convence que foi vitimizada porque usava uma roupa sensual aos olhos do delinquente. 1.20. SÍNDROME DE ESTOLCOMO Síndrome de Estolcomo é considerada uma doença psicológica aleatória, cujo termo foi cunhado por Nils Bejerot, psiquiatra e criminólogo sueco, após um famoso sequestrado que aconteceu na Suécia. JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 26 A síndrome se caracteriza por tentativas da vítima de se identificar com seu raptor ou por anseios pessoais de conquistar a simpatia e o afeto do seu sequestrador. Vulgarmente é dito que é quando a vítima se enamora do delinquente que cometeu algum crime contra ela, normalmente um sequestrador. Curiosamente, na série “La casa de papel”, transmitida pela Netflix, Monica Gaztambide é a personagem que ganha o apelido de ESTOLCOMO é aquela que se apaixona e tem relações sexuais com um dos sequestradores da série, apelidado de DENVER 1.21. CIFRAS DO CRIME As cifras da criminalidade têm relações com os dados e estatísticas relativas à criminalidade, ou seja, expressam um quantitativo que não se pode medir com precisão por não entrarem nos dados oficiais ou por ter outras formas de solução não institucionais/formais. 1.21.1. CIFRA NEGRA Foi o belga Adolphe Quetelet, que, projetando análises estatísticas relevantes sobre criminalidade, construiu os primeiros estudos sobre “cifras negras de criminalidade”, que corresponde ao percentual de delitos não comunicados formalmente à Polícia e que não integram dados estatísticos oficiais. 1.21.2. CIFRA DOURADA Sendo uma espécie de cifra negra, a cifra dourada tem por diferencial apenas o fato de que espelha as infrações penais praticadas pela elite (político-econômica), razão pela qual ganha a alcunha de “dourada” em alusão ao ouro, e que não são reveladas ou apuradas, envolvendo “delitos do colarinho branco” (sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais etc). 1.21.3. CIFRA CINZA JO YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 J O YC E C AR O LI N E VA LA D AR ES B AR BO SA 1 28 32 45 06 01 27 São resultados daquelas ocorrências que até são registradas, porém não se chega aos desdobramentos esperados em níveis formais/institucionais, como o processo ou ação penal. A razão das cifras cinzas não alcançarem o processo, por exemplo, é relacionada ao fato de serem crimes que acabaram sendo solucionados no âmbito da própria Delegacia de Polícia, seja por existir a possibilidade de conciliação das partes, evitando assim uma futura denúncia, processo ou condenação elucidando ou solucionando o fato, como também por desistência da própria vítima em não querer mais fazer a representação do B.O., ou seja, aquilo que por alguma razão não chega aos tribunais judiciários. 1.21.4. CIFRA AMARELA Cifras Amarelas são aquelas em que as vítimas são pessoas que sofreram alguma forma de violência cometida
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