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Mogi das Cruzes - SP 2018 Bem-estar e qualidade de vida 1ª edição Michelly Eggert Paschuino Reitor: Prof. Maurício Chermann EQUIPE PRODUÇÃO CORPORATIVA Gerência: Adriane Aparecida Carvalho Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim Coordenação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda Equipe Pedagógica: Alessandra Matos, Graziela Franco, Vania Ferreira Coordenação Material Didático: Michelle Carrete Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Aline Gonçalves, Claudio Nascimento, Telma Santos Diagramação: Amanda Holanda, Fábio Francisco, Nilton Alves, Priscila Noberto Ilustração: Everton Arcanjo, Noel Gonçalves Impressão: Grupo VLS / Jet Cópias Imagens: Fotolia / Acervo próprio Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade. Proibida a reprodução total e/ou parcial. © Copyright UBC 2018 Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP Sumário Sumário Apresentação 5 O Professor 7 Introdução 9 1Unidade I Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 11 1.1 Mudanças no conceito saúde-doença 11 1.2 Desumanização da saúde 13 1.3 Qualidade de vida e saúde segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS 16 1.3.1 WHOQOL – Questionário sobre qualidade de vida 17 1.4 Multidimensionalidades do sujeito – abordagem integral 18 1.5 Práticas integrativas e complementares 19 1.5.1 PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 20 Referências da unidade I 21 2Unidade II Acupuntura Auricular 23 2.1 Fundamentos da medicina chinesa 23 2.2 Qi e Ki 25 2.3 Teoria do Yin e do Yang 26 2.4 Teoria dos 5 movimentos 27 2.5 A acupuntura auricular 28 2.5.1 Anatomia do pavilhão auditivo 28 2.5.2 Áreas Reflexas do pavilhão auditivo 29 2.5.3 Avaliação: como identificar sinais Yin e Yang na orelha 30 2.5.4 Ficha de Avaliação 31 2.6 Protocolos de tratamento em acupuntura auricular 31 2.6.1 Higienização e Preparo do Pavilhão Auditivo 31 2.6.2 Estímulos auriculares: sementes e esferas 32 2.6.3 Localização e Indicação dos Pontos Auriculares 32 2.6.4 Sugestão de Protocolos Básicos para as Disfunções Estéticas 34 Referências da unidade II 35 Apresentação 5 Apresentação O mundo nunca esteve tão estressado, não é verdade? As pessoas possuem cada vez menos tempo, e o pouco que tem investe trabalhando, no trânsito, estudando etc. Falando nisso, como está a sua saúde? Acredito que no final do seu curso você deve estar bem ansioso e com uma série de atividades que também geram o tão conhecido estresse. Por isso, as pessoas buscam cada vez mais práticas que proporcionem o rela- xamento e o bem-estar, e eu estou aqui para te contar que não existe segredo para isso, muito menos receita de bolo. O bem-estar e a qualidade de vida estão embasados no autoconhecimento e nas práticas que fazem, individualmente, bem pra você. Não dá pra dizer que o que faz bem pra mim, vai fazer bem pra você também. Porém, existem práticas que podem nos ajudar a melhorar em muito a nossa qualidade de vida, proporcionando o bem-estar que nós tanto desejamos. Nesta disciplina iremos tratar dos aspectos gerais sobre a qualidade de vida e como a Organização Mundial da Saúde (OMS) a compreende e avalia diante das mudanças atuais. Também trataremos o quão importante é reconhecer que somos únicos e como as nossas multidimensionalidades interferem diretamente na nossa percepção de saúde e bem-estar. Para isso, apresentarei uma área que tem crescido muito atualmente em função das demandas sociais, que são as práticas integrativas e complementares. Você deve reconhecê-las como alternativas e holísticas, mas esses termos não são mais utilizados e para atualizar os conhecimentos sobre o assunto apresentarei a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que possibilitou a inserção, no Siste- ma Único de Saúde (SUS), de terapias como acupuntura, fitoterapia, tai chi chuan etc. E finalmente, para que possamos aplicar na prática todo o conhecimento de- senvolvido a favor da saúde, vamos aprender uma terapia complementar que faz parte do PNPIC e que nos possibilita uma intervenção rápida e prática, visando po- tencializar o tratamento dos seus clientes. A acupuntura auricular é uma ferramenta de tratamento para os mais diversos desequilíbrios: desde dores musculares, até os sintomas emocionais como ansieda- de, insonia, o estresse etc., além de complementar os tratamentos estéticos e poten- cializar os resultados em cabine. Imagine a seguinte situação: sua cliente se queixa de extrema ansiedade e diz que nessas situações se alimenta principalmente de massas, doces e junk food. Um tratamento para redução de medidas, com efeito lipolítico não terá os melhores re- sultados com uma cliente com esses hábitos alimentares, concorda comigo? Mas a acupuntura pode ajudar, controlando a ansiedade de maneira personalizada com pontos especificos que irão tratar a causa do problema, além de ser um diferencial para a sua cabine de estética. Vamos começar! Apresentação 6 Objetivos da Disciplina: • Conhecer as definições de bem-estar e qualidade de vida. • Identificar as multidimensionalidades do sujeito em prol da aborda- gem integral em saúde. • Discutir práticas para promover a saúde e o bem-estar, além da cabi- ne de estética. • Conhecer as bases da Medicina Tradicional Chinesa. • Aplicar os conhecimentos de acupuntura auricular como recurso te- rapêutico a favor da qualidade de vida. Competências e Habilidades da Disciplina: • Aplicação dos conhecimentos de bem-estar no dia a dia, favorecendo uma abordagem de estética mais humana e integral. • Tratamento personalizado para as características individuais de cada cliente. • Identificação dos sinais de desequilíbrios por meio da avaliação do pavilhão auditivo. • Conhecimento dos principais pontos de acupuntura auricular, bem como as suas indicações e contra-indicações. • Aplicação da acupuntura auricular e os seus recursos diferenciados (esferas e sementes) para cada caso clínico específico. • Analise e proposta do melhor protocolo de acupuntura auricular de acordo com as particularidades do cliente. O Professor 7 O Professor Profa. Michelly Eggert Paschuino Deixe-me apresentar, sou graduada em Naturologia pela Universidade Anhembi Morumbi, especialista em Acupuntura pela Faculdade de Ciências da Saú- de – IBEHE e mestre em Semiótica, Tecnologias da In- formação e Educação pela Universidade Braz Cubas. Olha que bacana, já fui aluna da casa e hoje tenho o privilégio de lecionar para você na EAD e para os alu- nos da modalidade presencial. Recentemente conclui minha terceira pós-graduação em Estética e Cosmética pelo CEFAI e UNIFIA. Atuo há 10 anos como docente, lecionando em cursos de graduação e pós-graduação na área da saúde. Tenho experiência na área clínica e de pesquisa sobre quali- dade de vida, bem-estar, recuperação e manutenção da saúde, com ênfase em terapias complementares e integrativas, além de ter a minha empresa onde apli- co os conhecimentos de Coaching, PNL, Naturologia e Estética Humanizada na prática. Introdução 9 Introdução Na atualidade, as discussões sobre bem-estar e qualidade de vida vão além da área da saúde. Assuntos como estes estão inseridos no ambiente coorporativo e são conceitos adotados para uma filosofia do “viver melhor”, por meio de estratégias para equilibrar a vida profissional com a vida pessoal. Para compreender o movimento a favor da abordagem integral e das terapias complementares, se faz necessário visualizar historicamente como as mudanças da abordagem do processo de saúde e doença favoreceu para que a integralidade do sujeito e a humanização da saúde fossem possíveis na contemporaneidade. Este olhar cronológico nos possibilita compreender e relacionar os acontecimen- tos sociais, políticos e econômicos, que a partir dos anos 60 favoreceram o fortaleci- mento das terapias complementares até o surgimento de uma graduação,em 1994, que estuda as terapias integrativas e complementares, a Naturologia, você sabia disso? Apesar do preconceito e desmerecimento por parte da ciência até a década de 1960, as PICS passaram a ser reconhecidas como método complementar da prática médica a partir da década de 1980 e hoje são oferecidas dentro da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC, no Sistema Único de Saúde (PAS- CHUINO, 2012). Dica de Leitura: LVocê com certeza já deve ter ouvido falar em terapias alternativas e ho- lísticas, quer saber a diferença entre elas? Acesse este link: disponível em: <http://www.tregge.com.br/?p=778>. Acesso em 28.11.2017, lá possui um texto esclarecedor para sanar suas dúvidas. Este processo de reconhecimento e comprovação científica das PICS é progres- sivo e constante, tanto que a graduação em Naturologia e profissões envolvidas com as PICS desevolvem constantemente pesquisas atualizadas sobre as indicações e efeitos terapêuticos das terapias integrativas. Notoriamente uma das técnicas mais requisitadas pelo SUS, das terapias inte- grativas, é a acupuntura, que apesar de sua existência milenar tem caído no gosto da população e as evidências científicas sobre os seus benefícios só aumentam. Inserida em um complexo Sistema de tratamento, a Medicina Tradicional Chi- nesa (MTC) é uma arte milenar com diversas formas de tratamento, além das agulhas. Tratando os mais diversos problemas de saúde (físicos e emocionais), a acupuntura visa promover um equilíbrio dinâmico do organismo. Trata-se a pessoa, eliminando a causa e não o sintoma. http://www.tregge.com.br/?p=778 Introdução 10 Também pode ser um recurso a mais para tratamentos de beleza, apresentan- do-se como um complemento para queixas como rugas, acnes, olheiras, manchas, fla- cidez de pele, gordura localizada, celulite etc., com resultados logo na primeira sessão. Para a medicina oriental, todas as disfunções estéticas são, na verdade, dese- quilíbrios do funcionamento do organismo. O nosso rosto, por exemplo, evidência o equilíbrio físico, emocional e energético por meio do viço, do brilho, da hidratação e da coloração. Por isso, nesta unidade você conhecerá a acupuntura auricular, que além de ser um diferencial para a sua cabine de estética, você se aproxima da PNPIC com uma ferramenta que além de cuidar da beleza, vai cuidar do bem-estar e da saúde geral. Unidade 1Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 11 1Unidade I Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade Disponível em: <https://goo.gl/j8fWJC>. Acesso em 17/11/2017. 1.1 Mudanças no conceito saúde-doença Toda e qualquer prática de cura (se assim pode-se dizer) estava nas mãos de xamãs, curandeiros, benze- deiros, todos, sem distinção cultural, representavam o sacerdote e lidavam com o invisível, manifestos através de dramas visíveis conhecidos na contemporaneidade como sinais e sintomas. Não estou fazendo menções a crenças e religiões e sim a evolução his- tórica da saúde em geral. Pergunte aos seus avós e você certamente se deparará com alguma receita de chá para melhorar sintomas comuns. Esse saber é conhecido como medicina/prática popular. As práticas populares e tradicionais estiveram intensamente vinculadas ao imaginário mágico religioso. Porém, a construção das ciências da saúde só foi pos- sível depois da ruptura com as práticas religiosas e mágicas a ela tradicionalmente vinculada. (MORAES, 2007) Unidade 1 Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 12 O modelo de clínica ocidental, tal qual conhecemos hoje, está inserida no: Positivismo (séc. XVIII) Possibilitou o avanço do conhecimento, criando as prin- cipais condições que mudaram o estilo de vida e a cura de mui- tas doenças (LUZ, 1997). Favoreceu o conhecimento apro- fundado e especializado das estruturas e processos fisiológicos, enfatizando o funcionamento das células e de como o processo de saúde-doença acontece (TRONCOM, et al. 1998). Estas características são observadas com maior frequência na medicina que sofreu e vem sofrendo uma visão reducionista e mecani- cista, tanto de homem como de ciência. Disponível em: https://goo.gl/GXzv6F. Data de acesso: 21/12/2017 As primeiras mudanças na história da saúde ocor- reram na Grécia Antiga, o que tornou possível reconhe- cer o papel do curandeiro como profissional e não como sacerdote. A partir do século III a.C., Hipócrates, conhe- cido como o “pai da medicina”, promoveu a cisão entre mente e corpo, que pode ser traduzida na cisão entre natureza e ciência. Os gregos pensavam “medicamente”, enquanto os antigos praticavam e veneravam seus deu- ses, acreditando que a doença nada mais era do que um castigo por atitudes e relacionamentos desequilibrados, como se fosse uma lei do retorno. (MORAES, 2007) Iniciou uma batalha contra o pensamento mágico-religioso sobre o cor- po, propondo explicações para as doenças baseadas numa explicação lógica e racional da natureza e regularidade das causas. Ao definir seus métodos sobre a noção de sintoma, a medicina passou a valorizar apenas o que pode- ria ser tratado pelos médicos. Pondo em prática seus métodos, dedicou-se à observação do cliente: registrava costumes, dieta, aparência, maneiras, ida- de, pensamentos etc. (ARAUJO, 2002) Unidade 1Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 13 Essa ruptura é fundamental para o desenvolvimento de um modo de conheci- mento fundamentado na observação e experimentação dos fenômenos, que tem por princípio apenas aceitar como verdade o que puder ser visto e comprovado, re- forçando as teorias iniciais de Hipócrates. A ciência hoje ainda reproduz esse método de comprovação por meio das pesquisas científicas, que podem ser comprovadas pela repetição dos experimentos com os mesmos resultados. A clínica médica, ao se fortalecer, acabou por enfraquecer-se de um conhecimento e de uma cultura universal. Na formação técnica espe- cializada perdeu-se o vínculo com uma proposta existencial mais ampla, em que sujeito, cultura e mundo se unificariam. E o problema da saúde en- contra-se aí, vou explicar: ao focar no corpo físico, no seu funcionamento e adoecimento, esqueceu- -se de considerar que ele é humano, entende? Ou- tros fatores estão envolvidos na sua dinâmica de vida, como as questões sociais, ambientais e espirituais. Estou errada? Ou será que você quando vai ao médico, só entra pra consulta, na salinha, com o médico e o seu órgão doente? E o restante do seu corpo, fica esperando o órgão na recepção? Pare- ce cômico, mas esta é a nossa realidade. Conheça mais: No AVA estou deixando o artigo: Cultura Contemporânea e Medicinas Al- ternativas: Novos Paradigmas em Saúde no Fim do Século XX (1997) que irá complementar seus estudos na imersão dessa evolução e mudança no panorama da saúde. O artigo foi escrito por Terezinha Madel Luz, pesquisadora fundamental para a inserção, na atualidade, das terapias complementares no SUS. 1.2 Desumanização da saúde A ciência avançou muito em termos tecnológicos e especializações, inú- meros recursos diagnósticos, laboratoriais e diversas drogas eficazes são cons- tantemente descobertas; finalmente, para doenças até então intratáveis existe Unidade 1 Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 14 uma possível solução. Essas descobertas são vitais e imprescindíveis, o que pre- cisa ser mudado é o conceito de saúde e modelo de clínica, que foi diretamente influenciada pelo movimento cartesiano. O mais surpreendente é que este fenômeno do materialismo e do po- sitivismo moderno do século XIX descaracteriza e considera como supérfluo algo que antes era natural, como a tradição e a cultura, que religava o sujeito com a natureza. Atualmente é um movimento que encontra imensa dificuldade de restabele- cer-se, observe a charge a seguir (Figura 1.1), que retrata de maneira cômica a triste realidade da desumanização: Figura 1.1: Desumanização da Medicina. Disponível em: <http://ryotiras.com/medicina-ocidental-moderna/>. Acessoem 20/11/2017. Que atinge o funcionamento em equilíbrio do organismo do ser humano, como con- sequência da ação patológica de microorganismos nocivos; Externo Como resultado de uma im- perfeição na diferenciação genética ou comportamen- tos e hábitos inadequados, sendo assim, a eliminação da doença se transforma na tô- nica do atendimento. (OCTA- VIANO, 2007 e PESSOTI, 1996) Interno A doença é vista como um processo... http://ryotiras.com/medicina-ocidental-moderna/ Unidade 1Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 15 Na década de 50 começaram a ser implantados, no Brasil, departamentos de medicina preventiva, inspirados no movimento de medicina integral e preventiva norte americana, que pretendia reconstituir, na prática, a noção de sujeito como um “ser biopsicossocial”. (ARAUJO, 2002) A partir dos anos 60, a medicina passou a incluir entre os seus raciocínios diag- nósticos a possibilidade dos fatores psíquicos ou da vida emocional, através das mo- dernas noções de “somatização” ou de “doenças psicossomáticas”. (MORAES, 2007) 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DA SAÚDE A 8ª Conferência Nacional de Saúde, a primeira a ser con- vocada após o término da dita- dura militar, em seu relatório final, expressou uma proposta de reforma sanitária tornando possível traçar um rumo que possa resgatar o cultural – em suas possibilidades afetivas e morais – e associá-lo ao orgâni- co-biológico. Durante o século XVI surge o movimento que contrapõe o cartesianismo, resul- tante dos sobreviventes da alquimia do século XVI, que vai gerar a homeopatia como reação ao mecanicismo médico e chegando finalmente aos românticos alemães com a Naturphilosophie (MORAES, 2007). Na Alemanha, no Institut fuer Phytotherapie o Heilpraktiker, cuja tradução seria “Prático da Cura Natural”, essa formação capacita o profissional em práticas como: A Medicina Tradicional Chinesa, A Fitoterapia, A Homeopatia, E até práticas inva- sivas como o uso de sanguessugas, sangria e técnicas depurativas. A reformulação do sistema de saúde favoreceu as mudanças de concepção e atua- ção profissional, saindo de uma abordagem curativa de medicina, passando a atuar na integralidade da assistência, vendo o sujeito em uma sociedade sócio-econômica e cultu- ral inserido como um todo diante de uma abordagem integral. (LEVCOVITZ, 1996) A constituição de 1988 e as “Leis Orgânicas da Saúde” lei n°8080 de 19 de se- tembro de 1990 e a lei n°8142 de 28 de dezembro e 1990 favoreceram grandes mu- danças na área da saúde, dando origem ao SUS, um sistema inovador na área do Unidade 1 Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 16 sistema público de saúde com princípios de: universalidade, equidade e integralida- de (MENDES, 1996). O SUS foi criado principalmente porque as necessidades básicas em saúde não estavam sendo oferecidas aos sujeitos que buscavam por saúde. O pensamento ocidental, positivista e tecnocrata por muitos anos nos ensinou a pensar em partes, divi- dindo, anatomizando, separando, isolando, objetivando, fragmentando, decompondo. É preciso ver o ser humano e o mundo como um todo vivo, organizado e interconec- tado, no qual as partes são todas vinculadas entre si e interdependentes, em que a vida é uma teia de relações e o homem – em sua saúde e sua doença – formam um importante elo dessa teia, vinculada aos demais fenôme- nos universais. 1.3 Qualidade de vida e saúde segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS Os movimentos a favor da saúde integral e a sua promoção são observados desde 1946, consolidados pela OMS que definiu saúde como: Durante a 101° Assembléia de Saúde, foi proposta uma ampliação do conceito de saúde, sendo “um estado dinâmico e completo bem-estar físico, mental, espiritual e social”. (RODRIGUES, 2008) O primeiro documento a favor da promoção da Saúde fundamentado na inte- gralidade é a Carta de Ottawa, que foi escrito a partir da Primeira Conferência Inter- nacional sobre a Promoção da Saúde, realizada em novembro de 1986, com o obje- tivo de promover “Saúde para todos no Ano de 2000”, essa conferência surgiu com base em uma crescente demanda para a reformulação da Saúde Pública. Hoje, a saúde é o fruto da ação desses requisitos, atuando interdisciplinarmen- “Uma sensação de completo bem-estar físico, mental e emocional e não apenas ausência de doença” (WHO, 1946). Unidade 1Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 17 te nos níveis físico, mental e social, como foi defendido a partir de 2001 pela própria Organização Mundial de Saúde. Cabe ainda um complemento: os congressos e simpó- sios mais atuais ainda defendem que bem-estar e qualidade de vida são estados indi- viduais e relativos, estando diretamente relacionado com as caraterísticas individuais. Além disso, o verdadeiro conceito de bem-estar está longe de ser uma recei- ta de bolo que trata qualquer um da mesma maneira, prevenindo toda e qualquer iniciativa de preservá-lo como se fosse um movimento que ignora os desafios e a doença; é na verdade sobre como lidar com esses momentos e ainda assim ter saú- de, bem-estar e qualidade de vida, isso sim é ter resiliência. Conheça mais: Uma prática que tem ajudado muito a manter e resgatar a saúde é o Mindfulness. Deixei um vídeo no AVA para você assistir e conferir esta ferramenta de bem-estar. 1.3.1 WHOQOL – Questionário sobre qualidade de vida A busca de um instrumento que avaliasse quali- dade de vida dentro de uma perspectiva genuinamente internacional fez com que a OMS organizasse um proje- to colaborativo multicêntrico. Por mais que as questões que envolvam o bem-estar e a qualidade de vida sejam individuais, o Ministério da Saúde em parceria com a OMS precisam de dados atualizados de acordo com as evoluções sócio-econômicas que visam definir como a população lida com a própria realidade e os índices de qualidade de vida do meio em que estão inseridas. O interessante deste questionário é de ele ser validado cientificamente e poder ser utilizado em pesquisas que visam quantificar a qualidade de vida. Veja a seguir uma interface de como as perguntas são feitas e as opções de resposta de algumas questões, que no WHOQOL são variadas em números de 1 a 5, com descrições que podem ir de muito ruim a muito boa, ou de nada a extremamente (por exemplo). Unidade 1 Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 18 Conheça mais: Quer ter a experiência de preencher o WHOQOL? A versão abreviada está no AVA para que você possa se autoavaliar e avaliar os seus clientes. Va- mos praticar! 1.4 Multidimensionalidades do sujeito – abordagem integral O cliente deve participar ativamen- te do seu processo de restabelecimento de saúde a partir de uma maior compreensão de sí, essa conscientização promove o empodera- mento e fortalece o au- toconhecimento à favor da saúde. Já para o profissional da área da saúde, esta visão promo- ve uma mudança em sua atuação profissional, passando a valorizar cada cliente de uma forma única e particular, como se o universo simbólico que representa o clien- te sempre fosse algo novo para ser aprendido pelo profissional, refletindo em uma postura mais humilde e respeitosa pelo con- teúdo que o próprio cliente traz. O diálogo e a compreensão deste universo são fundamentais para o proces- so terapêutico, o profissional da área da saúde que deseja ser um profissional de sucesso e participativo do movimento da humanização deve conscientizar-se das multidimensionalidades do sujeito que interagem constantemente, não podendo ser vistas isoladamente. Faço essas observações sem a pretensão de atingir nenhum profissional, até porque você vai concordar que o tratamento só terá sucesso se o cliente fizer a parte dele, seja através de uma reeducação alimentar, atividade física, administração dos medicamentos nos horários certos, e por que não a observação e transformação de sua saúde mental e emocional? Faz-se necessário uma discussão reflexiva de como o sujeito pode ser com- preendido pela abordagemintegral, no qual o todo não se dissocia da parte, assim como o macro está no microcosmo na mesma proporção, intenção e importância, um não existe sem o outro, e fazem parte do princípio organizador da vida. A abordagem integral propõe que o sujeito é constituído por aspectos biológi- cos, psicológicos, sociais (culturais), metafísicos (sutis, energéticos e espirituais), cada qual como uma parte importante envolvida no todo, que quando funciona em har- monia confere ao sujeito uma vida saudável e equilibrada. Unidade 1Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 19 1.5 Práticas integrativas e complementares Durantes essas décadas, as terapias complementares vie- ram à tona em um movimento social urbano denominado “contra- cultura”, desenvolvido a priori nos Estados Unidos e no continente Europeu (LUZ, 1997), simultaneamente o primeiro movimento a favor da humanização da saúde aconteceu em uma época co- nhecida como Era de Aquários, onde os hippies, os movimentos esotéricos e um estilo de vida mais naturalista e libertário se fez presente. (TEIXEIRA, 2003) Anos 60 e 70 Sabendo disso, as terapias naturais estão fundamentadas também em uma metodologia complementar a favor da saúde, que no Brasil se desenvolveu com maior ênfase a partir de 1980, e desde então são estimuladas a capacitação profissional para que possam atuar em equipes interdisciplinares. (LUZ, 1997). A partir dessa mesma década, foi elaborada a noção de medicina complementar, que segundo TESSER (2008, pg. 916) “a mediação deixa de ser alternativa, cujas conjunções eram “ou... ou”, para ser aditiva, com conjunções “e...e”, [...] aquilo que com- plementa não se opõe, tornando possível “isso e aquilo”. Anos 80 As terapias complementares sofreram a represália das ciên- cias médicas que por motivos políticos e econômicos, principalmen- te de instituições vínculadas (universidades e hospitais) com a repro- dução do saber biomédico, reprovaram e censuraram a inserção e o estudo dessas práticas. (LUZ, 1997; TESSER, 2008) No ano de 1994, a Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Doutor Bezerra de Menezes (Curitiba-PR) desenvolve o primeiro curso de Naturologia Aplicada em Terapias Naturistas, habilitando o profissional em fitoterapia, acupuntura e naturopatia. Essa iniciativa tinha por obje- tivo unificar as terapias complementares em uma formação de nível su- perior, visando um aprofundamento e fundamentação destes estudos. Em 1998, a Universidade do Sul de Santa Catarina (Florianó- polis – SC) desenvolve o bacharelado em Naturologia Aplicada, e seguindo esta mesma tendência, no ano de 2002, a Universidade Anhembi-Morumbi (São Paulo – SP) também investe na formação acadêmica e divulga o curso de bacharelado em Naturologia. Anos 90 Esses princípios humanizadores e integradores em saúde estão presentes na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do SUS, política esta que possui diretrizes e práticas terapêuticas que competem também ao profis- sional de estética, desde que ele se especialize. Unidade 1 Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 20 1.5.1 PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares Na contemporaneidade, as terapias complementares vêm conquistando um interesse crescente, fundamentado na insatisfação e no alto custo da medicina alo- pática. Esta valorização se deve ao reconhecimento internacional na saúde pública e no Brasil, sendo incentivada pela atual Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) (TESSER, 2009), que além de proporcionar saúde e qualida- de de vida, são reconhecidas pelo baixo custo e acessibilidade, principalmente para populações que fazem parte de classes econômicas mais baixas. Dica de Leitura: Que tal conhecer mais o PNPIC? Acesse o site disponível na midiateca. Nele você irá ter acesso a curiosidades, materiais de apoio e cursos gra- tuitos promovidos pelo Ministério da Saúde. Em 2006 no Brasil, o Ministério da Saúde implementou a PNPIC (Portaria 971) no Sistema Único de Saúde (SUS) em busca da integralidade nos atendimentos. Estão inse- ridas na integridade do atendimento: a escuta, o cuidado, o acolhimento, o tratamento digno e com respeito, olhar o sujeito em sua totalidade e particularidade, substituir o foco do atendimento na doença pela atenção à pessoa e o restabelecimento de sua saú- de, sua história de vida, modo particular de viver e adoecer. (CEOLIN, et all, 2009) Conheça mais: No AVA você encontrará o Manual sobre a PNPIC, para complementar os seus estudos, além de aprofundar os conhecimentos sobre as técnicas in- tegrativas e complementares oferecidas pelo SUS. Você sabia que por ser um profissional da saúde você pode trabalhar em uma unidade básica de saúde com PICS? Que tal conferir o manual e se interar mais do assunto? Mas, lembre-se de voltar ao material didático, pois temos muitos assun- tos interessantes pra estudar. Em 2016, o relatório mais atualizado sobre a PNPIC informou que de janeiro a agosto foram realizados 1.721.550 atendimentos individuais, em 1.582 Municípios, distribuídos em 3.248 estabele- cimentos de saúde da Atenção Básica. As práticas mais realizadas são da Medicina Tradicional Chinesa (acupuntura, chikung, acu- puntura auricular), seguidas das outras práticas que não estão contempladas na PNPIC. Unidade 1Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 21 A intenção não é modificar o conhecimento em saúde e propor a PIC como um resgate da tradição e da natureza absoluta, é favorecer diálogo das visões, tornando possível um diálogo entre tradição e ciência, com práticas integrativas, na qual as terapias complementam a prática clínica a favor da saúde e sua manutenção, e não a eliminação da doença como vimos na evolução histórica. Eis que é chegado o momento... Vamos falar de acupuntura? Que tal preparar um chá e assistir o vídeo que vai encerrar a nossa Unidade I? O vídeo que você irá assistir sobre a acupuntura foi passado no progra- ma Globo Reporter e exemplifica como essa técnica oriental favoreceu a redução do consumo de medicamentos pelas Unidades de Atendimento em Saúde Básica. Vale a pena conferir, o link está na midiateca. Muito legal não é? O que um saber milenar pode fazer pela saúde das pes- soas? Enfim... Aprendemos que: Ao término desta unidade, aprendemos que embora as evoluções da saú- de tenham resultado na fragmentação do sujeito que trata o seu corpo como uma máquina, existem movimentos que estão favorecendo a hu- manização da saúde por meio da abordagem integral. A abordagem in- tegral entende que o ser humano é único e assim deve ser tratado, porém ele possui multidimensionalidades que se interagem constantemente, for- mando a sua unidade como indivíduo (aspectos biológicos, psicológicos, ambientais, sociais e espirituais). Uma forma de beneficiar a abordagem integral e a saúde (seja na sua manutenção ou resgate) é a Política Nacio- nal de Práticas Integrativas e Complementares que favoreceram a inser- ção das terapias que eram conhecidas antigamente como alternativas e holísticas no Sistema Único de Saúde. Referências da unidade I DETHLEFSEN, Thorwald; DAHLKE, Rüdiger. A Doença Como Caminho – Uma Visão Nova da Cura como Ponto de Mutação em que um Mal se Deixa Transformar em Bem. 1. ed. São Paulo: Cultrix, 1993. Unidade 1 Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 22 LEVCOVITZ, E; GARRIDO N.G. Saúde da Família: A procura de um modelo anunciado. Cadernos Saúde da Família, Brasilia, n.1, p.5-12, jan/jun. 1996. LUZ, Madel T. Cultura Contemporânea e Medicinas Alternativas: Novos Paradig- mas em Saúde no Fim do Século XX. PHYSIS: Revista Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 7 (1): p.13-43, 1997. MORAES, Wesley Aragão de. Medicina Antroposófica: um paradigma para o século XXI. 2.ed. São Paulo. ABMA – Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, 2007, p. 09-45. PASCHUINO, M. Formação do Sujeito – Contribuições da Naturologia. Dissertação de Mestrado. Mogidas Cruzes, SP: Programa de Pós-graduação em Semiótica Tecno- logias da Informação e Educação. Universidade Braz Cubas. 2012. TESSER, Charles Dalcanate. Práticas Complementares, racionalidades médicas e promoção da saúde: contribuições poucos exploradas. Cad. Saúde Pública, agosto de 2009. Rio de Janeiro, RJ: 25(8), p. 1732-1742, 2009. TRONCOM, L. et al . Conteúdos Humanísticos na Formação Geral do Médico. Edu- cação Médica. São Paulo: Ed. Sarvier, 1998. p. 99-114. VALCAPELLI. Metafísica. Terapias Holísticas. São Paulo, ano 1, n 02. A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 23 2Unidade II Acupuntura Auricular 2.1 Fundamentos da medicina chinesa Antes de iniciarmos o módulo de medicina chinesa (MTC), preciso fazer um lembrete importante, pois estamos habi- tuados a pensar diariamente embasados no pensamento cartesiano, tecnocrata e reducionista, como vimos na unidade an- terior, entender MTC exigirá de você uma expansão da consciência para que possa pensar “fora da caixa”, indo além daquilo que são visíveis e palpáveis, ok? A MTC (zhõngyí xué, ou zhõngao xué) é constituída pelo conjunto de práticas de saúde, reconhecida como uma das mais antigas medicinas orientais, parte do pres- suposto de que homem e natureza interagem a todo o momento e não podem ser vistos isoladamente, diferente do que vimos anteriormente. A Braz CubasUnidade 2 Acupuntura Auricular 24 Visa aplicar esta abordagem... Tanto ao trata- mento das doenças Quanto na manu- tenção da saúde Por meio de diversos métodos, como a fitoterapia, o qi kung, as artes marciais, a alimentação e a acupuntura, que é uma das técnicas mais conhecidas hoje em dia (VARA- TOJO & CHAVES, 2007). Por isso, é considerada uma medicina inte- grativa, pois aborda os aspectos da mente, do cor- po e do meio como uma unidade integrada (KIM et al, 2002). Favorece também o desenvolvimento dos valores espirituais, ou seja, a consciência, a refle- xão, a intuição, a disciplina e a criatividade, sem- pre aplicada nas múltiplas interações com o meio (SCILIPOTI, 2004). A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 25 A acupuntura faz parte da PNPIC e é uma das técnicas mais procuradas no Sistema Único de Saúde, corresponden- do a 75% dos atendimentos, bacana né? As teorias básicas da MTC descrevem a fisiologia e a patologia do corpo huma- no, etiopatogenia, diagnóstico e diferenciação do conjunto de sintomas (KIM et al, 2002). A concepção filosófica está apoiada em três pilares básicos: A teoria do Yang/Yin A teoria dos cinco Movi- mentos Que serão explicadas nesta unidade O Conceito Zang-Fu (Ór- gãos Vísceras) Que trata os conheci- mentos do Yin e Yang e dos 5 movimentos relacionados ao funcio- namento dos orgãos e vísceras. 2.2 Qi e Ki É traduzido de uma maneira geral como energia, mas para ser mais especifica o Qi é representado por tudo aqui- lo que dá vida ao corpo e a natureza. O Qi, também pode ser traduzido na literatura como (Chi – pronuncia-se “tchi”) e também é representado pelo anima/animus presente em todos os seres vivos do reino orgânico, é o fluxo vital que garante a homeostase (equilíbrio). A Braz CubasUnidade 2 Acupuntura Auricular 26 Essa fonte primordial de energia se diferencia em Yin e Yang como veremos a seguir: 2.3 Teoria do Yin e do Yang A teoria Yin e Yang é básica, primordial e essencial que corresponde à origem dos fenômenos naturais, tudo pode ser explicado por esta teoria. É composta por dois aspectos específicos e essenciais, que se complementam e mantêm entre si um equilíbrio dinâmico. Representa a união Perfeita entre o material e o imaterial: são inseparáveis qualquer manifestação orgânica que segue a influência desta dualidade, que enalte- ce uma em função do momento (ou seja, é mutável). Cada fenômeno no universo se altera por meio de movimentos cíclicos de altos e baixos, e a alternância de Yin e Yang é a força motriz desta mudança e movimento. Assim, temos: o dia se transformando em noite, o verão em inverno, crescimento em deterioração e vice-versa. Pode-se dizer, em síntese, que são energias opostas, mas uma não existe sem a outra, a existência complementar desses princípios gera o movimento e a mutação (VIDA = QI) (figura 2.1). Figura 2.1 - Características duais do Yin e Yang Fonte: Elaborada pelo autor. Características Yin Processos crônicos; tendência à obesidade; congestão; passiva; hipoter- mia; tônus muscular diminuído; flacidez; sensibilidade diminuída; pele úmida, fria; sonolência; voz apagada; pessimismo; olhar apagado; aspecto alquebrado; timi- dez; depressão; inibição; distensão; con- tração; equilíbrio estático; coma, estupor. Características Yang Processos agudos; tendências ao emagrecimento; inflamação; febre; tônus muscular aumentado; espasmos; sensibi- lidade aumentada; pele seca, quente; insô- nia; voz vibrante; otimismo; olhar brilhan- te; aspecto arrogante; desembaraçado; ansiedade; excitação; tensão; dilatação; alteração dos movimentos, convulsão. A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 27 A MTC (fisiologia, patologia, diagnóstico e tratamento) pode ser reduzida à teoria básica e fundamental do Yin e Yang. Todo sintoma, sinal ou pro- cesso fisiológico podem e devem ser analisados sob a ótica dessa teoria. Portanto, cada modalidade de tratamento é embasada numa dessas es- tratégias: ou vai tonificar o Yang (entenda como aumentar o Yang); tonifi- car o Yin (aumentar o Yin); sedar o Yang (diminuir o Yang) ou Sedar o Yin (diminuir o Yin). Guarde essa informação, ela vai ser fundamental na hora de estabelecermos o tratamento para a acupuntura auricular. 2.4 Teoria dos 5 movimentos Vamos subir mais um degrau, para entender a teoria dos 5 movimentos é pre- ciso que o Yin e Yang estejam claros pra você, pois essa nova teoria é uma “evolução” do princípio básico, que explica de acordo com os ciclos da natureza e do Universo, da saúde, da doença, os caminhos por meio dos quais se dá a evolução. Vamos rever o ideograma chinês tai-ji e perceber os 5 movimentos dentro dele: Figura 2.2 - Os 5 movimentos representados no ideograma tai-ji Fonte: Elaborada pelo autor Se você parar pra pensar, vai perceber que temos 4 estações, 4 períodos do dia e 4 elementos que aqui são explicados como movimentos, pois na presença do Qi tudo está em movimento, a vida acontece no movimento, ou seja, se temos estag- nação, é onde a doença se manifesta. A Braz CubasUnidade 2 Acupuntura Auricular 28 E o quinto movimento? Também conhecido como TERRA, é o elemento media- dor que permite a transição do Yin e Yang sem que sintamos mudanças bruscas. A literatura diz que ela se manifesta em toda mudança de estação. Saiba Mais: No AVA estou deixando pra você um esquema que representa bem as carac- terísticas gerais de cada movimento. Vamos conferir? Na nossa videoaula vou explicar de uma maneira mais dinâmica como compreendê-lo. 2.5 A acupuntura auricular Trata-se de um recurso terapêutico que utiliza a orelha para diagnóstico e tratamento de diversos desequilibrios por meio do estímulo pontual que pode ser com agulhas, sementes, cristais, estímulo elétrico, laser etc. O pavilhão auricular é ligado a diversas áreas do corpo por meio dos canais de energia (meridianos) e do sistema nervoso. Estudos científicos também comprovam a liberação de substâncias como endorfinas, encefalinas, acetilcolinas etc., além de ser um recurso de rápida aplicação, baixo custo e que precisa de pouca infraestrutura para ser aplicada. 2.5.1 Anatomia do pavilhão auditivo Observe a imagem a seguir, onde as áreas anatômicas da orelha (figura 2.3) estão evidenciadas. É importante compreendê-las para que ao assimilar as zonas reflexas possamos fazer a correlação. A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 29 Figura 2.3 - Anatomia da orelha Disponível em: <https://goo.gl/td7GNX>. Acesso em 12/12/2017. 2.5.2 Áreas Reflexas do pavilhão auditivo No caso da auriculoterapia, essas áreas estão correlacionadas com a fígura do homúnculoauricular (figura 2.4). Cada ponto de nosso corpo possui uma corres- pondência, comparando-a a um feto de ponta cabeça, onde teremos as seguintes correlações com as áreas anatômicas: Figura 2.4: Homúnculo e as áreas anatômicas da Acupuntura Auricular Hélice: Pontos do sistema imunológico. Anti-hélice: Pontos dos membros inferiores, quadril e coluna. Fossa triangular: Pontos dos orgãos reprodu- tores. Escafa: Pontos dos membros superiores. Concha cimba: Pontos dos orgãos excretores (Bexiga, Rim e Intestinos). Concha cava: Pontos dos orgãos rítmicos (Co- ração e Pulmão). Trago: Pontos do centro da saciedade. Anti-trago: Pontos neurológicos. Lóbulo: Pontos de Cabeça. Disponível em: <https://goo.gl/fju8ya> Acesso em 14/01/2018. A Braz CubasUnidade 2 Acupuntura Auricular 30 Saiba Mais: No AVA, as nossas videoaulas demonstram de maneira prática como fazer a localização dos principais pontos em cada área anatômica, porém, cor- relacionar com as áreas reflexas ajuda muito na fixação dos pontos. 2.5.3 Avaliação: como identificar sinais Yin e Yang na orelha Quando um órgão ou as suas funções apresentam qualquer desequilíbrio, a área auricular reflexa pode evidenciar alguma alteração local. De modo sucinto, podemos dizer que a orelha presta-se a avaliação visual das marcas e suas profundidades ao pressionar com o apalpador e da sensibilidade re- ferida do cliente. Quadro 2.1 - Sinais Yin e Yang na orelha. Sinais Yin Orelha fria, úmida, ar- roxeada e com sinais de má circulação, pontos com áreas esbranquiçadas, formação de comedões (principalmen- te os abertos oxidados), de- pressões em pontos especi- ficos, ao apalpar o ponto, o cliente demora pra sentir o estímulo (p.ex. o ponto vai ficar sensível após algumas horas de aplicação). Sinais Yang Orelha quente, ro- sada e avermelhada, com sinais de hipervasculari- zação (vasos sanguíneos aparentes), presença de acne e/ou pústulas, pon- tos edemaciado, ao apal- par o ponto, o cliente refe- re intensa sensibilidade e/ ou dor, a orelha pode ficar ainda mais vascularizada. Fonte: Elaborado pelo autor A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 31 2.5.4 Ficha de Avaliação Independente de identificar os sinais Yin e Yang, é fundamen- tal fazer a ficha de avaliação para observar se o cliente pode receber a acupuntura auricular, além de documentar quais pontos foram utilizados e quais sinais percebi- dos ao realizar a avaliação. Para isso, você também pode fazer a fotodocumentação da orelha. Saiba Mais: Deixei no AVA um modelo de avaliação para acupuntura auricular que pode ser usado como modelo para os seus atendimentos, mas, além disso, você pode personalizar e criar a sua própria ficha de avaliação. 2.6 Protocolos de tratamento em acupuntura auricular Lembre-se de assistir nossas videoaulas, elas orientam de maneira demons- trativa o passo a passo do procedimento operacional padrão (POP) da acupuntura auricular na prática. 2.6.1 Higienização e Preparo do Pavilhão Auditivo Para a higienização do pavilhão auditivo, bem como o tratamento de acupun- tura auricular, você vai precisar seguir o POP. Saiba Mais: No AVA deixei pra você o POP de acupuntura auricular. Assim você pode fazer o passo-a-passo além de acompanhar as nossas videoaulas, bora praticar? A Braz CubasUnidade 2 Acupuntura Auricular 32 2.6.2 Estímulos auriculares: sementes e esferas Nas nossas práticas utilizaremos as sementes e esferas por serem métodos mais seguros e também eficientes no tratamento, com menores indícios de inflama- ções e infecções. Além da pressão no ponto de acupuntura, elas podem ser classifi- cadas como recursos: Quadro 2.2 - Diferença entre os estímulos de acupuntura auricular. Sementes de mos- tarda ou vacária e as esferas de cristais de quartzo ou radiônico. Promovem a ho- meostase do ponto de acupuntura auricular, ob- jetivando o seu equilíbrio. EQUILIBRADORES Esferas de ouro. Promovem a hipera- tividade do ponto de acu- puntura auricular, visando aumentar a sua função, estimula e tonifica. ESTIMULADORES Esferas de prata. Promovem a hipoa- tividade do ponto de acu- puntura auricular, visan- do diminuir a sua função, seda, relaxa e tranquiliza. SEDATIVOS Fonte: Elaborado pelo autor. 2.6.3 Localização e Indicação dos Pontos Auriculares Dicas: No AVA você vai encontrar o mapa de acupuntura auricular, que utilizare- mos como referencial para a localização dos pontos. Alguns pontos de acupuntura auricular possuem indicações específicas de acordo com os princípios da MTC, veja: A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 33 indicado para ca- sos de viroses, cistos, nó- dulos, herpes geral, pois aumenta a imunidade. Ping Chuan: um dos três pon- tos da auriculoterapia cibernética. É um pon- to de abertura de tra- tamento, junto com o Rim e o Sistema Neuro Vegetativo Shen Men: indicado para regu- lar a circulação do Qi no tórax, equilibrando o me- tabolismo, regulando as fontes de Chi pós-celestial (Respiratória, Nutricional e Hormonal ou Sexual). San-jiao: indicado para pro- blemas energéticos do Fí- gado, irritabilidade, TPM, tabagismo, stress. Yang do Fígado: Enfim, por mais que a acupuntura auricular seja uma técnica prática, não invasiva e segura, as suas contraindicações devem ser respeitadas, veja quais são os pontos contraindicados em casos específicos: Colelitíase e Nefrolitíase: Evitar os pontos que estejam correlacionados com os órgãos e com cál- culos: rim e vesícula biliar, no caso. Gestantes: Pelve, Abdome, Endócrina, Suprarre- nal, Tireoide, Hipófise, Hipotálamo, Subcor- tex, Baço e Intestino. Lactantes: Endócrinas, Hi- pófise, Tireoide e Hipo- tálamo. A Braz CubasUnidade 2 Acupuntura Auricular 34 Além dessas contraindicações, portadores de marca-passo não devem receber estímulos elétricos nos pontos, clientes com câncer e lesões inflamadas que se desconheça a origem não devem ser obstruídas pelo micropore ou esparadrapo, nesses casos convêm usar a outra orelha ou esperar a cicatrização da pele. 2.6.4 Sugestão de Protocolos Básicos para as Disfunções Estéticas Lembre-se que a MTC parte da avaliação individual e particular de cada cliente, que deve ser tratada como ser único. Nesse caso fica complicado orientar protocolos padrões, como se fossem receitas de bolo. Porém, alguns pontos são mais utilizados que os outros, sendo caracterizados como padrões em alguns desequilíbrios, então use-os com bom senso, baseados na sua avaliação. Neste caso vou citar o Triângulo Maravilhoso, mas também conhecido como ci- bernético, uma combinação de 3 pontos desenvolvida pelo Marcelo Pereira de Souza, baseado em seus estudos clínicos com acupuntura. Segundo ele os pontos shen-men, rim e simpático, colocados nesta ordem como pontos básicos e iniciais de qualquer tratamento, favorecem uma melhor resposta terapêutica independente do objetivo. Dicas: No AVA você vai encontrar um guia com sugestões de pontos básicos para tratar os mais diversos distúrbios. Que tal você começar a praticar e divi- dir suas experiências clínicas com os seus colegas de turma no fórum de discussões? Em caso de dúvidas, não hesite em questionar. Estamos chegando ao final do nosso livro, espero que você tenha se encantado com a MTC e com a acupuntura auricular, foi uma satisfação imensa acompanhar você até aqui. Até mais! A Braz CubasUnidade 2Acupuntura Auricular 35 Aprendemos que: Para compreender e aplicar a MTC é fundamental compreender duas teo- rias filosóficas importantes: Yin e Yang e os 5 movimentos. Essas teorias favorecem a aplicação prática dos conhecimentos da MTC na prática da acupuntura auricular, pois é uma das ferramentas que favorece o resta- belecimento da saúde em geral por meio dos estímulos auriculares, que podem ser esferas de metal ou cristal, sementes, agulhas, estímulos elé- tricos e laser. A acupuntura pode ser um diferencial para o profissional de estética, pois permite a potencialização dos tratamentos realizadosem cabine, por meio de uma manutenção semanal e uma abordagem integral das necessidades do cliente. Referências da unidade II BEAU, Georges. A medicina chinesa. Tradução de Maria Cristina Paschoal Basto e Maria Ângela Calvão da Silva; Revisão de Hésio Cordeiro. Rio de Janeiro: Interciência, 1982. CERQUEIRA, Nereide Freire. Medicina no Ocidente e na China: uma abordagem filosófica. Monografia (Especialização em Acupuntura Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, 2004. JING, X.H., et al. Effect of acupuncture on learning-memory ability in diabetic rats with concomitant cerebral ischemia-reperfusion injury. Institute of Acu-mo- xibustion, China. 2007. ARINS, Attílio. Elementos da Acupuntura. São Paulo: Global, 1979. p. 7. PALMEIRA, Guido. A acupuntura no ocidente. Cadernos de saúde pública. Rio de Janeiro, 1990. v.6, n.2. SZABÓ, Márcia; BECHARA, Henrique. Acupuncture: Scientific Basis And Applications. Santa Maria: Ciência Rural, v.31, n.6, 2001. WEN, Tom Sintan. Acupuntura Clássica Chinesa. São Paulo: Cultrix, 1985. p. 9. _GoBack Apresentação O Professor Introdução 1Unidade I Qualidade de Vida e Bem-estar na Atualidade 1.1 Mudanças no conceito saúde-doença 1.2 Desumanização da saúde 1.3 Qualidade de vida e saúde segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS 1.3.1 WHOQOL – Questionário sobre qualidade de vida 1.4 Multidimensionalidades do sujeito – abordagem integral 1.5 Práticas integrativas e complementares 1.5.1 PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares Referências da unidade I 2Unidade II Acupuntura Auricular 2.1 Fundamentos da medicina chinesa 2.2 Qi e Ki 2.3 Teoria do Yin e do Yang 2.4 Teoria dos 5 movimentos 2.5 A acupuntura auricular 2.5.1 Anatomia do pavilhão auditivo 2.5.2 Áreas Reflexas do pavilhão auditivo 2.5.3 Avaliação: como identificar sinais Yin e Yang na orelha 2.5.4 Ficha de Avaliação 2.6 Protocolos de tratamento em acupuntura auricular 2.6.1 Higienização e Preparo do Pavilhão Auditivo 2.6.2 Estímulos auriculares: sementes e esferas 2.6.3 Localização e Indicação dos Pontos Auriculares 2.6.4 Sugestão de Protocolos Básicos para as Disfunções Estéticas Referências da unidade II
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