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Aula 1- RADIOLOGIA CONVENCIONAL

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DESCRIÇÃO
Eletricidade aplicada à produção dos raios X. Interação dos raios X com o
objeto e formação da imagem visível. Análise e interpretação de imagens
radiográficas.
PROPÓSITO
Compreender como realizar a análise de radiografias e a interpretar os
achados como descritos no laudo médico. Para isso, é necessário conhecer
os princípios envolvidos na formação dos raios X, o processo de formação
da imagem visível e como os fatores de exposição influenciam na
tonalidade e na qualidade da imagem.
PREPARAÇÃO
Procure nas bibliotecas virtuais de sua universidade, livros ou manuais
sobre Eletricidade para assimilar melhor os conceitos apresentados no
primeiro módulo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Relacionar os conceitos de eletricidade ao processo de produção dos raios
X
MÓDULO 2
Interpretar o processo de interação dos raios X com os vários tecidos na
formação da imagem radiográfica
MÓDULO 3
Identificar os aspectos radiográficos em padrão de normalidade clínica e em
comparação aos sinais apresentados em lesões ou patologias
INTRODUÇÃO
Raios X são ondas eletromagnéticas de alta frequência e baixo
comprimento. Como a alta frequência ultrapassa o espectro eletromagnético
da luz, os raios X não são visíveis, têm alta energia e capacidade de
atravessar estruturas materiais. São produzidos sempre que elétrons
acelerados se descarregam sobre um material metálico pesado. Penetrando
em sua estrutura química, os raios X são produzidos quando esses elétrons
acelerados sofrem frenagem próxima aos núcleos ou colidem em elétrons
orbitais.
Portanto, precisamos relembrar conceitos sobre eletricidade para
compreender como os raios X interagem no corpo e no detector para formar
a imagem radiográfica, seja em películas radiográficas, ou nas
workstations.
WORKSTATIONS
Workstation pode ser traduzido como “estação de trabalho”. Em sistemas
digitais, o termo se refere ao computador no qual é realizada a manipulação
das imagens.
MÓDULO 1
 Relacionar os conceitos de eletricidade ao processo de produção
dos raios X
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INTRODUÇÃO
Veja algumas dúvidas comuns entre os iniciantes das ciências radiológicas:
O tubo de raios X é radioativo?
Por que a sala de exames é tão fria?
Temos que tirar o aparelho da tomada para não contaminar?
Por que enxergamos a radiografia tão embaralhada?
Por essas e outras dúvidas, vamos começar nosso estudo apresentando os
conceitos elétricos associados aos raios X. Isso mesmo: raios X são
produtos de interações elétricas! Por isso são reguláveis por um sistema de
comando, com botões e seletores de tensão e de intensidade de corrente
elétrica.
ELETRICIDADE
Os primeiros estudos sobre fenômenos elétricos são atribuídos a Thales de
Mileto. Usando um pedaço de âmbar, Thales percebeu que o material
atraía pedaços de palha seca quando friccionado em couro animal. As
descobertas do físico Joseph John Thomson, por sua vez, ajudaram a
explicar melhor esse fenômeno. Para ele, essa atração se dava em razão
do elétron: uma partícula leve e facilmente atraída ou repelida.
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THALES DE MILETO
Tales de Mileto, foi um filósofo, matemático, engenheiro, homem de
negócios e astrônomo da Grécia Antiga.
Fonte: Wikipedia.
 Âmbar em formato de resina vegetal.
ÂMBAR
A palavra âmbar, em grego, se escreve ηλεκτρο (lê-se elektro). Por isso, foi
convencionado o nome eletricidade aos fenômenos de atração e repulsão
entre determinadas partículas.
JOSEPH JOHN THOMSON
Joseph John Thomson, mais conhecido como J. J. Thomson, foi um físico
britânico.
 VOCÊ SABIA
Você pode fazer um experimento similar com pedaços de papel picotado e
uma caneta de plástico. Após friccionar a caneta em seus cabelos ou em
um pano, aproxime-a de pedaços de papel (que são eletricamente neutros).
Eles serão atraídos pela caneta (que foi eletrizada) em razão do fenômeno
de eletricidade estática.
Eletricidade é o conjunto de fenômenos que envolvem atração e repulsão
de partículas.
Hoje sabemos que carga elétrica é a capacidade que algumas partículas
têm de atrair ou repelir outras. Do polo negativo do circuito elétrico, o elétron
é repelido e ganha movimento. O movimento dos elétrons continua em
razão da atração que o elétron sofre do polo positivo do circuito elétrico.
CARGA ELÉTRICA É A PROPRIEDADE DE
ATRAÇÃO E REPULSÃO ENTRE
PARTÍCULAS. CARGAS DE SINAIS
OPOSTOS SE ATRAEM, CARGAS DE SINAIS
IGUAIS SE REPELEM E PARTÍCULAS
NEUTRAS NÃO INTERAGEM.
BUSHONG, 2010.
Circuito elétrico é a integração de um ou mais componentes eletrônicos
que permite a circulação da carga elétrica de forma fechada.
A circulação de eletricidade em um circuito eletrônico tem motivação
potencial, ou seja, produzir outra forma de energia (som, luz, calor). Por
isso, os circuitos eletrônicos são compostos por um gerador de energia
(pilhas, baterias ou tomada elétrica), por condutores (geralmente fios
elétricos) e por um sistema consumidor.
CORRENTE ELÉTRICA
Em um circuito elétrico para produção de raios X, o movimento da carga
elétrica não pode ser desordenado: precisa ter direção e sentido.
Como isso é possível?
Lembre-se de que elétrons podem ser atraídos ou repelidos e que a atração
ocorre sempre entre partículas de cargas opostas. O movimento ordenado
ocorre quando existem dois polos elétricos: negativo (catódico), que
repele a carga elétrica, e positivo (anódico), que produz o efeito de
atração sobre o elétron. A isto foi dado o nome de corrente elétrica.
Corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas em um
condutor sob alguma diferença de potencial em suas extremidades.
Imagine uma fila no caixa do supermercado. As pessoas, em muita ou
pouca quantidade, movem-se em direção ao caixa num determinado
sentido. De modo semelhante, esse movimento de elétrons em um condutor
tem duas características distintas:
a) A quantidade de elétrons em movimento;
b) A velocidade ou energia com a qual estes elétrons se movimentam.
Quando analisamos a quantidade de cargas elétricas que passa pelo
condutor em um intervalo de tempo, estamos medindo a intensidade de
corrente.
A unidade de medida para avaliar a intensidade de corrente é o Ampère
(A), em homenagem ao físico francês André-Marie Ampère. Uma pilha
(AAA) transporta 15mA (lê-se miliamperes) de corrente. Em média, um
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aparelho de radiologia convencional produz raios X utilizando entre 50mA
até 800mA de corrente.
ANDRÉ-MARIE AMPÈRE
André-Marie Ampère (Lyon, 20 de janeiro de 1775 — Marselha, 10 de junho
de 1836) foi um físico, filósofo, cientista e matemático francês que fez
importantes contribuições para o estudo do eletromagnetismo.
Intensidade de corrente ou amperagem é a quantidade de carga que
atravessa uma secção transversal de um condutor em um determinado
intervalo de tempo.
O QUE CAUSA O MOVIMENTO DA
CORRENTE ELÉTRICA? VOCÊ SE LEMBRA
DE QUE CARGAS DE SINAIS IGUAIS SE
REPELEM?
Elétrons em conjunto repelem-se entre si, fazendo com que haja
movimento. Por isso, a voltagem também é conhecida como tensão
elétrica ou voltagem.
Quanto maior o aglomerado de cargas elétricas maior será a tensão entre
elas, pois a força de repulsão aumenta. É simples: quanto mais próximo
uma carga é colocada de outra igual, mais diferença de potencial elétrico se
produz, em razão da maior repulsão entre elas. Este conceito foi
desenvolvido pelo físico italiano Alessandro Volta.
TENSÃO ELÉTRICA OU VOLTAGEM
Tensão elétrica ou voltagem é a diferença de potencial entre duas
extremidades de um condutor. Quanto mais elétrons acumulados em um
dos polos, maior é a energia potencial (de repulsão) produzida, causando o
movimento da corrente elétrica.
ALESSANDRO VOLTA
Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (1745 – 1827) foi um químico,
físico e pioneiro da eletricidade e da potência.
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TIPOS DE CORRENTE
Embora não percebamos, existem dois tipos de corrente elétrica. A energia
elétrica deuma pilha e a de uma tomada de parede são diferentes.
Mas qual é a diferença entre elas?
A corrente elétrica que vem das estações de fornecimento trafega em um
único fio, invertendo sua polaridade 60 vezes por segundo (60 Hz). Por isso
é chamada de corrente alternada (AC).
 EXEMPLO
Quando as lâmpadas natalinas (pisca-pisca) se apagam, a polaridade da
corrente inverte. Conseguimos ver isso, porque o circuito é programado com
uma frequência baixa. Embora pareça constante, a lâmpadas usada em
casa também pisca, mas os olhos não percebem frequências acima de
50Hz.
Veja no gráfico a seguir como os tipos de corrente elétrica se comportam
em um fio condutor.
pulsante
continua
variavel
alternada
t
i,v
A maioria dos eletroeletrônicos precisa de energia limpa, constante e
contínua para funcionar. Ou seja, precisam de corrente contínua (DC).
Celulares, computadores, videogames e outros eletrônicos, embora sejam
plugados na tomada, precisam de uma fonte de alimentação para
funcionar. Este dispositivo é o responsável por transformar a corrente
alternada em contínua, para que o circuito funcione. Nesses circuitos, temos
dois condutores com cargas distintas: um fio catódico (-) e um fio anódico
(+). Inverter a polaridade entre eles pode causar um curto-circuito e queimar
o dispositivo.
FONTE DE ALIMENTAÇÃO
A fonte de alimentação é um dispositivo que realiza duas tarefas: a) retificar
a corrente (converte corrente alternada em contínua); b) regular a tensão de
saída. Para carregar a bateria de um celular, por exemplo, a fonte de
alimentação precisa retificar a corrente para DC e reduzir a tensão de
entrada de 110/220V para 19V antes de a energia elétrica chegar à bateria
do celular. Caso contrário, o eletrônico pode ser danificado.
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A seguir, exemplos de fonte de alimentação:
Equipamentos de raios X também são plugados em tomadas convencionais,
mas a energia fornecida é insuficiente. Fótons de alta energia precisam de
corrente elétrica com quilovolts para serem produzidos. Para isso, o
aparelho tem um gerador de alta tensão, que regula a tensão de saída e
retifica a corrente para fluxo contínuo.
 ATENÇÃO
Para produzir raios X diagnósticos, o equipamento precisa receber corrente
contínua, com quilovolts de energia e miliamperes de intensidade. Deve ter
também um sistema de comando que permita a regulagem do tempo de
exposição.
A PRODUÇÃO DOS RAIOS X
Agora que já revisamos os conceitos elétricos mais básicos, vamos
acompanhar o processo da produção de raios X com o auxílio deste
esquema:
Como visto na imagem, o equipamento de raios X divide-se em três seções:
Painel de controle
Gerador de alta tensão
Tubo de raios X
VAMOS ENTENDER O PROCESSO?
Seção 1 (painel de controle)
Nessa seção a tensão da tomada chega primeiro ao painel de comando do
aparelho. Aqui, são efetuados alguns controles básicos:
a) seleção da tensão aplicada ao gerador;
b) seleção da intensidade de corrente;
c) ajuste do circuito temporizador;
d) regulagem do compensador de tensão de entrada.
Os botões de aquecimento (preparo) do tubo e disparo dos raios X também
ficam dispostos no painel de comando do aparelho, como na figura a seguir.
 Seletores do painel de comando: compensador da tensão de entrada,
quilovoltagem, miliamperagem, tempo de exposição e os botões de preparo
(ready) e disparo (x-ray).
Seção 2 (Gerador de alta tensão)
O gerador de tensão recebe a corrente devidamente regulada e realiza três
tarefas:
a) elevação da tensão para quilovolts, realizada por transformadores de alta
tensão;
b) retificação da corrente, realizada por diodos;
c) seleção do ponto focal, realizada por um circuito transformador do
filamento para o tubo de raios X.
Aqui, é importante entender que já estamos trabalhando com alta tensão e
qualquer acidente pode causar sérios danos à estrutura e colocar em risco a
vida do operador.
 Equipamento de raios X recebendo manutenção em seu gerador de alta
tensão.
Seção 3 (Tubo de raios X)
Na última seção, temos o circuito do tubo de raios X. Aqui, vemos os cabos
vindos do gerador de alta tensão, que produz a diferença de potencial no
polo catódico (negativo), para que ocorra a colisão dos elétrons produzidos
com o disco anódico (polo positivo) do tubo. Vamos entender agora essa
interação elétrica.
 Máquina de raio X.
O TUBO DE RAIOS X
Raios X são produzidos sempre que elétrons acelerados colidem com um
alvo metálico. Em outras palavras, precisamos de alta tensão para acelerar
os elétrons, que precisam ser descarregados contra um anteparo metálico.
O tubo de raios X é um sistema com dois eletrodos emparelhados, no qual o
polo negativo produz a tensão e a carga a ser disparada contra o eletrodo
positivo. Desta colisão são produzidos raios X e calor.
 O circuito do tubo de raios X.
Montado dentro de um cabeçote de proteção, o tubo é uma cúpula de vidro
temperado, encapsulado a vácuo, com dois polos: ânodo (+) e cátodo (–). O
vácuo no interior do tubo é necessário para que os elétrons não encontrem
a resistência do ar no trajeto para o ânodo. Cada eletrodo contém
componentes essenciais na produção dos raios X.
 O tubo de raios X.
CÁTODO
O cátodo é formado por um conjunto de dois filamentos metálicos montados
dentro de uma capa focalizadora. Os filamentos são fabricados de
tungstênio e produzem uma carga elétrica livre por efeito termiônico.
Esses elétrons livres são usados para produzir a descarga sobre o ânodo. A
capa focalizadora mantém o feixe convergente, uma vez que os elétrons se
dispersam no trajeto. O filamento menor produz um ponto focal pequeno,
útil nos exames de extremidades e estruturas que precisam de mais nitidez.
O filamento maior é usado para radiografar estruturas grandes, mais densas
ou espessas.
ÂNODO
O ânodo é um disco giratório usado como alvo para a descarga da carga
elétrica produzida no cátodo. Antes, o tubo era montado com um ânodo de
alvo fixo. Entretanto, a descarga constante no ponto focal fixo desgastava
mais rapidamente o alvo, reduzindo a vida útil da ampola. Com o disco
giratório, produzimos uma pista focal circular, aumentando o campo de
impacto e reduzindo o desgaste da ampola. Para girar o alvo, é utilizado um
motor de indução magnética composto por um rotor e estatores, como no
motor de ventiladores.
TUNGSTÊNIO
Tungstênio é um metal, com número atômico 74 e alta dureza. Seu ponto
de fusão é de 3.422 °C, o que lhe confere maior resistência ao calor. Como
os filamentos aquecem para produzir os elétrons livres, um ponto de fusão
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alto garante maior rendimento e durabilidade aos filamentos. É o mesmo
material usado nas lâmpadas incandescentes.
EFEITO TERMIÔNICO
Quando aquecidos, os átomos de um metal sofrem excitação e seus
elétrons saltam das camadas internas e ficam dispersos nas camadas mais
externas. Esse fenômeno é denominado efeito termiônico e foi descoberto
pelo físico Thomas Edison.
 VOCÊ SABIA
Em razão do pouco uso, aparelhos de raios X odontológicos periapicais e
aparelhos de raios X veterinários ainda utilizam sistema de ânodo fixo.
Neste sistema, o tubo é menor, permitindo a produção de aparelhos
menores e portáteis.
TIPOS DE RAIOS X
Quando acionamos o botão de preparo, o filamento aquece e o disco gira,
aguardando o disparo. Quando pressionamos o botão de exposição, a
tensão é aplicada ao tubo e os elétrons livres do cátodo são violentamente
disparados contra o disco anódico.
O que faz a diferença na produção dos raios X é a combinação entre a
quilovoltagem e a miliamperagem usadas no disparo. Dependendo desta
combinação, podemos ter dois tipos distintos de produção: por frenagem ou
por colisão orbital.
 ATENÇÃO
Todos os processos descritos aqui acontecem na estrutura atômica da pista
focal do ânodo e são modelos teóricos usados para explicar fenômenos
físicos.
Vamos entender esses dois tipos de produção.
PRODUÇÃO DE RAIOS X POR FRENAGEM
OU BREMMSTRAHLUNGQuando os elétrons do filamento passam próximo aos núcleos do alvo, eles
sofrem desaceleração (frenagem), e a energia cinética liberada é convertida
em raios X e calor. A frenagem acontece porque o alvo é composto por
tungstênio, que possui 74 prótons em cada núcleo. Dessa forma, o poder
de atração é muito alto.
BREMMSTRAHLUNG
É a radiação produzida quando cargas elétricas sofrem desaceleração. A
palavra de origem alemã significa: Bremsen= frear e Strahlung= radiação.
Fonte: Wikipedia
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Na prática, exposições com alta quilovoltagem e baixa miliamperagem
aumentam a porcentagem de raios X de frenagem. O feixe produzido é
muito heterogêneo e difuso, formado por raios X de energias diferentes.
Na imagem, raios X de frenagem produzem mais borramento, muitos tons
de cinza — aspecto típico em radiografias de abdome e tórax para
avaliação pulmonar, por exemplo.
 Raios X por frenagem.
 ATENÇÃO
Quanto maior a quilovoltagem, maior a aceleração dos elétrons catódicos,
maior a desaceleração e mais raios X de frenagem são produzidos.
PRODUÇÃO DE RAIOS X POR COLISÃO
ORBITAL OU RAIOS X CARACTERÍSTICOS
Raios X característicos são produzidos quando elétrons do filamento
colidem com átomos do alvo. Quando isso acontece, elétrons são
arrancados e uma vacância é produzida em uma das camadas orbitais. O
espaço é ocupado por um elétron de camada mais externa e, nesse “salto”,
o excesso de energia é liberado. Ou seja, em todos os átomos, a emissão
característica é a mesma.
 Raios X por colisão orbital.
A produção de raios X característicos não depende da quilovoltagem, mas
sim do tipo de elemento químico do alvo. Elementos de alto número atômico
têm camadas mais energéticas, e o espectro característico será maior.
Exposição com baixa quilovoltagem reduz a frenagem e aumenta a
porcentagem de raios X característicos. Além disso, maior amperagem
produz mais raios X, aumentando o número de raios X característicos.
Exposições com baixo KV e alto mAs tendem a produzir mais raios X
característicos pela menor quantidade de frenagem e pela maior
intensidade de corrente.
O tubo de raios X não é radioativo, é um dispositivo que produz raios X por
interações elétricas, por isso produzir raios X gera calor residual. Para evitar
danos às peças, a sala de exames precisa ser muito refrigerada.
Por serem ondas eletromagnéticas de alta frequência, raios X não podem
ser vistos e não causam contaminação física. Uma vez que o equipamento
usa eletricidade na produção, basta desligar a entrada de corrente elétrica
para evitar exposições acidentais.
Por fim, a imagem é formada pela sobreposição de estruturas com
espessuras e densidades diferentes. Dependendo do objeto examinado e
dos fatores de exposição selecionados, teremos uma imagem com muitos
tons de cinza diferentes, o que causa o aspecto “embaralhado”. No próximo
módulo, falaremos da formação da imagem.
Assista ao vídeo a seguir para entender a diferença entre a produção
de raios X característicos e de frenamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Interpretar o processo de interação dos raios X com os vários
tecidos na formação da imagem radiográfica
FORMAÇÃO DA IMAGEM
Aprendemos como os raios X são produzidos e como os fatores elétricos
influenciam no processo.
Agora, como esses fatores influenciam na formação da imagem?
A primeira coisa que precisamos entender é que a imagem radiográfica é
uma projeção, da mesma forma que uma sombra na parede. Veja a figura a
seguir:
 Sombra na parede.
Utilizando a figura anterior, vamos aprender os princípios de formação da
imagem.
FATORES GEOMÉTRICOS
A radiografia utiliza princípios similares aos da fotografia: os princípios de
imagem projetada. Precisamos de três elementos para a formação da
imagem:
FOCO
Fonte de energia; neste caso, a luz de fonte artificial (lâmpada). Na
realização do exame, o equipamento de raios X é a fonte de energia.
OBJETO
Estrutura material que será projetada; neste caso, é a mão onde a luz incide
para formar a sombra. Na realização do exame, é a parte do corpo a ser
radiografada.
RECEPTOR
Anteparo da fonte de energia; neste caso, é a parede ou qualquer superfície
em que a luz incide e a sombra é projetada. Na realização do exame, é o
detector digital ou película radiográfica onde a imagem será formada.
Projeção da imagem de uma sombra
A luz tem um comprimento de onda alto, entre 400 e 750 nanômetros, o que
faz com que seja refletida ou absorvida pelo objeto. A sombra é formada na
parte posterior do objeto, onde não incide luz. No entorno, pelas frestas
onde a luz atravessa, é formada a silhueta do objeto.

Projeção da imagem do Raio X
O comprimento dos raios X é muito baixo, entre 10 e 0,01 nanômetros, o
que lhe permite atravessar alguns objetos. Esse é o diferencial dos raios X:
produzir imagens de estruturas internas do corpo, o que não é possível por
meio de fotografias ou sombras, que mostram apenas a silhueta externa.
No entanto, as imagens projetadas podem nos enganar. A combinação de
silhuetas ou da sobreposição de estruturas pode confundir nossos olhos.
A formação de animais com a sombra na parede, na verdade, é uma ilusão
de óptica produzida pela combinação dos posicionamentos das mãos. Na
figura a seguir, a posição do coelho forma a sombra projetada de uma mão:
o pé esquerdo do coelho forma o dedo polegar, as duas orelhas formam os
dedos médio e anelar, e os dois braços do coelho formam os dedos
indicador e mínimo da mão.
 Ilusão de óptica produzida pela combinação de silhuetas.
RELAÇÕES GEOMÉTRICAS ENTRE FOCO,
OBJETO E RECEPTOR
Ao tirar uma fotografia, você já precisou se afastar um pouco para caberem
todos na imagem?
Esse movimento de tomar distância tem a ver com as relações geométricas
entre foco, objeto e receptor. Esses conceitos também são utilizados na
radiologia, e problemas dessa ordem causam efeitos indesejados: imagens
borradas, cortadas ou muito ampliadas.
Para dominar essa técnica, precisamos entender que o tamanho da imagem
depende da combinação das distâncias entre os três elementos de
formação da imagem: fonte, objeto e receptor.
Existem três distâncias que precisam ser consideradas na formação da
imagem. Vamos acompanhar observando a figura a seguir:
 Distâncias importantes na formação da imagem.
Distância foco-receptor (DFR)
Distância total, do refletor à parede. Em radiologia, a distância do aparelho
até o detector de imagem.
Distância objeto-receptor (DOR)
Distância entre o rapaz e a parede. Em radiologia, a distância entre o
paciente e o detector de imagem.
Distância foco-objeto (DFO)
Distância entre o refletor e o rapaz. Em radiologia, a distância entre o
aparelho e o paciente.
Observe, ainda na figura a seguir, que a sombra do rapaz parece muito
maior que ele. Isso acontece em razão do fenômeno de magnificação, que
ocorre quando afastamos o objeto do anteparo ou quando aproximamos a
fonte de energia do objeto.
 Sombra rapaz na parede.
Na realização dos exames radiográficos, o maior cuidado é para que as
estruturas sejam projetadas no tamanho mais próximo do real. Por isso,
essas distâncias são ajustáveis. Para facilitar o trabalho dos profissionais de
imagem, os manuais técnicos e livros especializados indicam distâncias-
padrão para cada tipo de exame.
 EXEMPLO
Por exemplo, para a maioria das radiografias de extremidades, recomenda-
se 100 cm de distância total (DFR), que varia de acordo com o tamanho ou
a posição da estrutura a ser radiografada.
FATORES DE QUALIDADE DA
IMAGEM RADIOGRÁFICA
Agora que já aprendemos como posicionar aparelho, paciente e detector,
vamos entender como são produzidos os tons de imagem na radiografia?
A primeira coisa a entender: a radiografia é monocromática. Em outras
palavras, é formada por diferentes tons de cinza até chegar ao preto. Ao
contrário do que os leigos pensam, a radiografia não é preto e branco.
Podemos dizer que ela é formada por preto e “não preto”.
Veja naimagem que as partes “não pretas” têm um tom azulado. Isso se dá
em razão da coloração do acetato, material plástico sobre o qual é montada
a emulsão fotográfica, usada para registrar as imagens em processamento
químico. Portanto, não se trata de preto e branco, mas sim de tons claros e
escuros.
PROCESSAMENTO QUÍMICO
Processamento químico é um método mais tradicional em que são
utilizados compostos químicos para realizar a revelação da película, assim
como era feito com as fotografias. O procedimento ocorre em um ambiente
controlado, chamado de câmara escura, para evitar artefatos indesejados
na imagem latente (não processada e invisível).
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 ATENÇÃO
● O detector enegrece proporcionalmente à quantidade de raios X
presentes.
● Objetos pouco densos permitem que mais raios X atravessem para o
detector.
● A redução ou a ausência de tons escuros indica menos raios X no
detector.
● Objetos densos absorvem mais raios X, impedindo-os de atravessar o
objeto.
A imagem radiográfica é formada em razão da diferença de densidades da
estrutura examinada.
Quanto mais mole o objeto (gases, líquido, vísceras, cartilagem ou
gordura) mais escura fica a sua projeção.

Quanto mais duro o objeto (músculo, osso ou metal) mais clara fica a sua
projeção.
 Radiografia da mão.
Como se vê na imagem, os ossos aparecem mais claros e são classificados
como objeto radiopaco, por serem bons absorvedores de raios X. O espaço
entre os ossos é escuro em razão da presença de cartilagem, classificada
como objeto radiotransparente. O gradiente de cinza mais para o tom
escuro indica objetos com menos densidade. Por sua vez, o gradiente de
cinza mais claro revela objetos mais densos, como é o caso do tecido
muscular entre os metacarpos (ossos da região palmar). Entre os dedos fica
preto em razão do ar (oxigênio), totalmente radiotransparente.
DENSIDADE ÓPTICA
Densidade óptica é o grau de enegrecimento da radiografia e está
diretamente ligada à quantidade de raios X recebida no detector. É
controlada por dois fatores: miliamperagem por segundo (mAs) e distância
foco-filme (DFR).
Quanto mais o aparelho estiver próximo do paciente, maior a densidade
óptica.
Radiografia com densidade óptica alta é classificada como superexposta.
Do contrário, radiografia muito clara é considerada subexposta. Nos dois
casos, pode ser necessário repetir o exame se a falta ou o excesso de
radiação prejudicar a visualização das estruturas anatômicas.
Veja a diferença entre radiografias de densidade óptica normal,
superexposta e subexposta, respectivamente:
NORMAL
Imagem normal
SUPEREXPOSTA
Imagem muito escura
SUBEXPOSTA
Imagem muito clara
CONTRASTE
Contraste é a diferença de densidades ópticas entre estruturas adjacentes.
Essa diferença cria uma linha imaginária que divide os dois tons de
imagens, formando o contorno ou a silhueta do objeto. Quanto maior
essa diferença, melhor esses contornos são visualizados.
Alto contraste
Quando a diferença de densidade óptica é alta, temos nitidamente tons
muito claros e muito escuros na imagem.

Baixo contraste
Quando a diferença entre as densidades ópticas é muito pequena, os limites
entre os dois objetos são pouco visualizados e os contornos perdidos. Esse
conjunto dá um aspecto “embaçado” ou “borrado” à imagem,
predominantemente formada por gradiente de um mesmo tom.
Veja exemplos de tonalidades:
Alto contraste
Baixo contraste, de gradiente fechado (radiotransparente)
Baixo contraste, de gradiente aberto (radiopaco)
MAS O QUE FAZ UM TOM AUMENTAR E
OUTRO DIMINUIR?
Quanto mais os raios X penetram, mais raios X chegam ao detector. Assim,
o fator primário de controle do contraste é a quilovoltagem (KV). Se
aplicamos alto KV, temos mais raios X de frenagem e, consequentemente,
mais tons de cinza. Quando ajustamos um KV reduzido, somente os tecidos
moles são atravessados e os tecidos duros absorvem todos os feixes de
raios X. Essa combinação cria uma imagem com alta diferença de tons
claros e escuros.
 ATENÇÃO
O equilíbrio é fundamental no controle do contraste. Aumentar mA e KV em
uma exposição implica maior penetração e mais raios X, deixando a
imagem superexposta. Se reduzirmos os dois, teremos uma imagem
totalmente subexposta por insuficiência de raios X e baixa penetração no
tecido. A combinação entre eles dá o tom adequado para cada tipo de
exame.
NITIDEZ
Nitidez é a boa definição das linhas estruturais, contornos e bordas dos
tecidos na imagem. Como já vimos, o contraste auxilia a produzir essas
bordas, mas existem dois fatores que também podem contribuir para isso:
MOVIMENTO DO OBJETO
Pode ser voluntário ou involuntário. O batimento cardíaco, por exemplo, é
um tipo de movimento que não podemos controlar. Mas manter a mão
imóvel sobre um detector é algo controlável, salvo em casos associados a
distúrbios motores. Qualquer tipo de movimento do objeto durante o disparo
produz o oposto de nitidez, o borramento, que é a perda da definição dos
contornos de um objeto.
 ATENÇÃO
Para uma imagem nítida, é necessário manter o objeto imóvel durante a
realização do exame e usar o menor tempo de exposição possível.
TEMPO DE EXPOSIÇÃO
Quando longo demais, pode favorecer o movimento durante o processo de
aquisição da imagem. Imagine um exame do tórax para análise pulmonar
que requer apneia inspiratória. Neste caso, um tempo longo pode
incomodar e até mesmo causar uma hipóxia (baixa oxigenação no sangue).
Portanto, o ideal é utilizar um tempo de exposição curto, sempre que
possível.
DISTORÇÃO
Distorção é a alteração da geometria natural do objeto. Geralmente ocorre
pela incorreta disposição entre foco, objeto e detector. É muito comum o
paciente se mexer durante o exame, e a região de interesse ficar fora do
plano. Às vezes, o objeto pode ficar afastado do detector.
Sempre que aumentamos a distância objeto-filme (DOF), a imagem sofre
ampliação.
Outros fatores podem contribuir para a distorção da imagem:
O alinhamento incorreto do detector ou do tubo de raios X.
A estrutura mal posicionada.
A distância total (DFR) maior ou menor que o padrão.
Nestes casos, pode acontecer alongamento, encolhimento, redução ou
magnificação da área de interesse.
É importante que você esteja preparado ao interpretar uma radiografia. Por
vezes, a inobservância de alguns dos itens estudados neste módulo pode
sugerir pseudopatologias. Tenha em mente que a radiografia é uma
reprodução do real, mas os fatores ópticos e geométricos podem enganar
seus olhos.
No vídeo a seguir, o especialista explica os efeitos fotoelétrico e
Compton, relacionando as interações com a atenuação no tecido,
dando ênfase ao contraste radiográfico e densidade óptica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Identificar os aspectos radiográficos em padrão de normalidade
clínica e em comparação aos sinais apresentados em lesões ou
patologias
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
Agora que já aprendemos o processo de formação da imagem radiográfica,
temos condições para realizar análises e interpretações de imagens
radiográficas. Do ponto de vista biológico, análise e síntese são processos
opostos. Síntese é a união de estruturas simples para formar uma estrutura
complexa. Análise é o oposto, ou seja, a divisão de uma estrutura complexa
em outras mais simples. Portanto, a análise radiográfica consiste em dividir
a observação em critérios, para que sejam estudados separadamente.
Em seguida, reunimos os achados em cada critério para termos uma
síntese do que foi observado na radiografia. A análise radiográfica não pode
se basear em opinião pessoal, mas em critérios concretos, presentes no
processo de aquisição da imagem, para entendermos o produto final.
CRITÉRIOS DE ANÁLISE
RADIOGRÁFICA
Vamos praticar alguns princípios de análise radiográfica? Observe as
imagens a seguir e reflita qual o máximo de diferenças encontradas entre
elas:
 Nota de 1 dólar verdadeiro.
 Nota de 1 dólar falso.
Veja que a melhor estratégiapara identificar notas falsas é conhecer a nota
verdadeira. O mesmo se aplica à análise radiológica: quando conhecemos o
aspecto normal de uma estrutura anatômica, reconheceremos possíveis
lesões.
Vamos começar apresentando cinco critérios que devem ser observados
durante a análise de qualquer radiografia:
Identificação
Toda radiografia deve estar devidamente identificada, seja em sistema
químico (numeradores de chumbo) ou em sistema digital. É importante
verificar se a data do exame e o número de registro do prontuário
conferem com os dados do sistema. Além disso, indicações do lado
direito/esquerdo costumam ser acrescentadas.
A identificação é com numerador de chumbo “R” (right, direita) e
identificação digital no software da workstation.
Centralização
A imagem radiográfica deve estar bem centralizada no detector. Para se
certificar disso, é importante conferir se as bordas da imagem estão
equidistantes e checar se toda a distribuição da anatomia está
associada ao centro do detector de imagem, sem cortes.
Na imagem, observamos que a coluna torácica não está corretamente
alinhada ao maior eixo do receptor, o que indica falha na centralização.
Esta falha levou ao corte do pulmão esquerdo na imagem.
Colimação
É a delimitação da área do objeto que deve ser exposta aos raios X.
Diretamente associada à centralização, é preciso checar se a colimação
está “cortando” alguma estrutura. Se sim, o exame não tem validade clínica
e será necessário repeti-lo.
Anatomia e posição do objeto
É preciso observar se todas as estruturas anatômicas contidas no pedido
do exame estão sendo visualizadas na radiografia. Além disso, observar
se as estruturas anatômicas são exibidas na posição adequada.
Fatores de exposição
São relacionados à quilovoltagem (KV), à miliamperagem por segundo
(mAs) e às distâncias entre foco, objeto e receptor. É necessário avaliar se
a tonalidade é compatível com o padrão e depois conferir densidade óptica,
contraste, nitidez e distorção.
ANÁLISE RADIOGRÁFICA
OSTEOARTICULAR
O estudo radiográfico do esqueleto apendicular é um dos mais importantes
na rotina clínica do diagnóstico por imagem. Esses exames representam
boa parte das demandas em emergências, principalmente em ortopedia e
traumatologia. Outra demanda crescente ocorre na avaliação radiográfica
de doenças reumatológicas. Uma radiografia simples, de baixo custo,
atende à maioria dos critérios na identificação dessas lesões.
Como sabemos, a matriz óssea é formada por cálcio, um elemento químico
de alto peso atômico e os ossos são bons absorvedores e produzem
sombra radiopaca na imagem.
Ossos longos têm um revestimento externo compacto denominado córtex. A
porção interna é formada por tecido adiposo (medula amarela) e tecido
esponjoso nas extremidades (medula vermelha). Por ser menos densa, a
região interna é mais radiotransparente. Devido ao contraste produzido na
radiografia, as bordas externas e internas do córtex ósseo aparecem nítidas
quando utilizados os fatores de exposição corretos. Veja a imagem a seguir:
 Bordas corticais opacas e extremidades esponjas transparentes nos
ossos longos do antebraço.
Lesões identificadas na análise radiográfica:
Fissuras
Processos iniciais de fraturas, “rachaduras”, sem o comprometimento da
integridade óssea. São popularmente conhecidas como fraturas em “galho
verde”.
 Na sequência, fratura por estresse (fissura) do rádio.
Fraturas
Processos de descontinuidade da cortical óssea e tecido esponjoso. São
visualizadas como traços radiotransparentes, dividindo o osso em dois ou
mais segmentos.
Fraturas completas mostram uma ruptura total das extremidades da
cortical óssea;
fraturas incompletas, apenas uma parte da cortical óssea se rompe.
Quando o trauma divide o osso em mais de dois fragmentos, temos a
fratura cominutiva, muito comum em perfurações por arma de fogo, por
exemplo.
As fraturas são regeneradas por um processo biológico denominado
consolidação óssea. Por meio de imobilização ortopédica, a matriz cortical
passa por uma remodelação óssea. Na imagem radiográfica, uma
consolidação é identificada pela maior opacidade nos “rejuntes” das
margens fraturadas, formando uma calosidade óssea.
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FRATURA COMINUTIVA
É uma lesão caracterizada pela perda da continuidade óssea gerando dois
ou mais fragmentos.
 Criança em processo de formação de calo ósseo após fratura em “galho
verde” no corpo ósseo de rádio e ulna distal.
Luxações
Processos de desarticulação de um ou mais ossos após evento traumático.
Quando a desarticulação é momentânea e retorna ao estado inicial,
chamamos de entorse. Entretanto, quando a estrutura não retorna e ocorre
a perda da congruência articular, chamamos de luxação. Na radiografia,
essas lesões são identificadas pelo aumento anormal do espaço articular ou
quando a arquitetura está completamente desfigurada na imagem.
Luxação anterior da articulação glenoumeral.
Luxação da 2ª articulação metacarpofalangeana da mão.
Luxação da 5ª articulação metatarsofalangeana.
Artrite — É um processo inflamatório da cartilagem articular, a artrite
produz episódios de dor aguda ou crônica. A artrite reumatoide, por
exemplo, produz desalinhamento gradativo das falanges, erosão das
epífises e edemas no tecido mole, aumentando a opacidade local — lesões
que podem ser identificadas na análise radiográfica.
 Paciente feminino, 45 anos, com dor e rigidez matinal nas duas mãos,
típico de artrite reumatoide.
Para a análise radiográfica de imagens osteoarticulares, sugerimos o
seguinte roteiro:
1
Verifique se as radiografias de estruturas bilaterais sinalizam o lado
esquerdo ou o direito na identificação. Caso contrário, o exame não tem
validade clínica.
Observe se as bordas ósseas têm boa densidade óptica e alto contraste
para diferenciar tecido ósseo e tecidos moles adjacentes. A silhueta deve
ser nítida, evidenciando o córtex ósseo (opaco) e a região medular
(transparente), no caso de ossos longos.
2
3
Confira se as articulações estão radiotransparentes e se os espaços
articulares aparecem abertos. Espaços reduzidos sugerem posicionamento
errado ou processos reumáticos, como artrite ou artrose.
Em caso de artrite, verifique se a redução do espaço articular é seguida do
aumento da radiopacidade na região. Se sim, o quadro pode sugerir caso
avançado de osteoartrose.
4
5
Na avaliação de punho, cotovelo, tornozelo e joelho, observe se a imagem
inclui as porções terminais dos ossos que se articulam. Algumas lesões
articulares irradiam para os ossos, como as fraturas-luxações de Galeazzi
(punho) e Monteggia (cotovelo), por exemplo.
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GALEAZZI
Uma fratura de Galeazzi é uma fratura da região distal do rádio associada a
uma ruptura da membrana interóssea e da articulação com a ulna, com uma
subluxação da ulna. A fratura recebe o nome em homenagem ao cirurgião
italiano Riccardo Galeazzi.
MONTEGGIA
A fratura de Monteggia é uma fratura da ulna em sua região proximal que
desloca a cabeça do rádio. Recebe o nome em homenagem a Giovanni
Battista Monteggia.
6. Em traumas por arma de fogo, verifique se a resolução de contraste e
densidade óptica permite fácil diferenciação entre os fragmentos ósseos e
os fragmentos dos projéteis.
6
ANÁLISE RADIOGRÁFICA
PULMONAR
Achados pulmonares podem ser preditivos para uma vasta seleção de
patologias, o que torna necessária uma boa avaliação radiográfica da
região. Muito solicitadas em exames admissionais, periódicos e
demissionais, radiografias de tórax também são utilizadas para atestado de
saúde.
 Radiografia pulmonar (tórax), posição posteroanterior, em aspecto
normal, em corretos parâmetros de centralização, colimação,
posicionamento e fatores de exposição.
Em alguns tipos de profissões, quadros de insuficiência respiratória crônica
ou aguda, doenças pulmonares crônicas ou alterações morfofuncionais na
caixa torácica e aparelho respiratório podem ser fatoresimpeditivos para
posse em concursos públicos ou admissão em processos seletivos.
Nos exames periódicos, radiografias de tórax dizem muito quanto à saúde
respiratória após um ano de atividades laborais e sobre as condições de se
manter o colaborador no cargo. Nos exames demissionais, por sua vez,
também revelam informações importantes quanto às sequelas que
determinadas atividades laborais podem deixar no organismo.
 EXEMPLO
Um bom exemplo disso são os profissionais da construção civil que podem
desenvolver silicose ou asbestose.
SILICOSE
É uma patologia pulmonar caracterizada pelo acúmulo de sílica ou fibras
plásticas ou de vidro.
ASBESTOSE
É uma cicatrização do tecido pulmonar causada pela inalação de pó de
amianto, também conhecido como asbesto.
A análise de uma radiografia de tórax deve seguir uma sequência bem
delineada, visto que evidencia vários órgãos de sistemas diferentes. Por
isso, com base em material técnico sobre o assunto, elaboramos um roteiro
para análise e interpretação dos achados na radiografia pulmonar.
Acompanhe o roteiro a seguir.
1
Vias aéreas
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Verificar o trajeto de entrada do ar até os pulmões. A traqueia deve aparecer
radiotransparente, alinhada à coluna vertebral com calibre aberto (pérvia).
Tração da traqueia para os lados sugere obstrução mecânica (atelectasia).
A carina (bifurcação) fica na altura do botão aórtico, com bordas opacas.
Brônquios e pulmões
Perceber que o ramo esquerdo é mais horizontal e o direito, mais inclinado.
A trama broncopulmonar é mais radiopaca ao centro da imagem,
esmaecendo em direção à região periférica. A porção terminal mais
radiopaca sugere processos inflamatórios, como bronquite ou pneumonia.
Perceber que o tecido pulmonar é uniformemente transparente, em tons
cinzas mais escuros. A imagem inclui os pulmões repletos de ar, dos ápices
aos seios costofrênicos. Pulmões enegrecidos em formato de “barril”
sugerem hiperinsuflação, comum em doenças pulmonares obstrutivas
crônicas (DPOC). Ao contrário, pulmões leitosos (radiopacos), parcial ou
totalmente, podem indicar processos infecciosos, atelectasia ou derrame
pleural.
"BARRIL"
Pulmão em barril” é um sinal usado para a hiperinsuflação pulmonar
(enchimento exagerado). Em Medicina, é comum a utilização de nomes
“exóticos” para sinalizar aspectos patológicos. Pulmões achatados na base,
alongados em comprimento e arqueados nas laterais se assemelham a um
barril de madeira. O sinal da “gaivota”, por exemplo, é usado para
caracterizar degeneração óssea nas articulações interfalângicas.
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2
3
Coração e vasos basais
Avaliar a posição do coração pelo índice cardiotorácico (ICT), que não
pode exceder 0,5 (50% do volume total da caixa torácica). O coração deve
estar ao centro, ligeiramente à esquerda, e os vasos basais ficam laterais às
margens cardíacas. À esquerda, formam as curvaturas do botão aórtico,
artéria pulmonar, átrio e ventrículo esquerdos. À direita, formam as
curvaturas da veia cava superior e átrio direito. O ventrículo direito fica
repousado ao centro, sobre o diafragma. ICT maior que 0,5 sugere
cardiomegalia ou processos infecciosos que causem dilatação dos vasos
basais.
ÍNDICE CARDIOTORÁCICO (ICT)
Índice cardiotorácico é a relação entre o tamanho do coração no plano
transversal e a largura total do tórax durante a inspiração profunda. Avalia o
aumento da silhueta cardíaca.
CARDIOMEGALIA
Cardiomegalia é o coração em proporções anormais. Esta doença é
consequência da hipertensão arterial, doenças coronarianas, doença de
Chagas, entre outras.
Diafragma
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Deve aparecer plano, ao centro da imagem e inclinado nas laterais (seios
costofrênicos). O lado direito é mais alto devido ao volume hepático, e o
lado esquerdo é mais baixo devido ao volume cardíaco. Perda de nitidez no
centro do diafragma pode sugerir lesão infecciosa na base pulmonar. Se a
perda da nitidez ocorrer nas laterais, é preciso avaliar a possibilidade de
derrame pleural. Já um diafragma plano de aspecto arriado sugere
hiperinsuflação, típica em pacientes DPOC.
4
5
Esqueleto
Escápulas devem estar fora do campo pulmonar e clavículas na altura do 3º
par costal. Coluna torácica e externo aparecem sobrepostos e opacos.
Arcos costais anteriores se cruzam sobre os posteriores e a contagem deve
ser feita pela porção proximal dos arcos posteriores. Inspiração profunda
mostra entre 9 e 10 pares costais na área pulmonar. Quadro de insuficiência
respiratória é sugerido quando são vistos 6 pares costais, no máximo.
Quadro de hiperinsuflação é cogitado quando 10 ou mais pares costais são
vistos na área pulmonar.
Tecidos adjacentes
Gordura tem aspecto mais enegrecido e músculos são mais opacos por
serem mais densos. Avaliar coleções de líquido ou edemas, em casos de
trauma. Nas mulheres, a silhueta mamária produz aspecto radiopaco e pode
desfocar o diafragma e os seios costofrênicos, dependendo do tamanho e
da densidade das mamas.
6
Outros dispositivos e acessório
Marcapassos, stents, clipes cirúrgicos, placas e pinos ortopédicos aparecem
radiopacos por serem metálicos. Quanto aos pacientes internados em
unidades de terapia intensiva (UTI), eletrodos, cateteres, tubos traqueais e
sondas podem produzir sombras na imagem e, sempre que possível, devem
ser afastados do campo pulmonar, com o auxílio da equipe de Enfermagem.
7
No vídeo a seguir, o especialista aborda as principais incidências para
diagnóstico pulmonar, relacionando as melhores técnicas para suspeita
das principais patologias em pacientes de serviços de tratamento intensivo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interpretação radiográfica é um processo complexo na anamnese e
propedêutica clínica. Muitos profissionais da saúde sentem dificuldade
nessa especialidade por não conhecerem os fundamentos físicos das
ciências radiológicas aplicados à imagem. Compreender como os raios X
são formados e de que maneira interagem com o corpo humano é
fundamental para analisar adequadamente a imagem, descobrir as lesões e
encaminhar o paciente para o devido tratamento, buscando promover seu
bem-estar.
 PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BONTRAGER, K. L; Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia
associada. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
BUSHONG. S. C. Ciência radiológica para tecnólogos. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.
FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade. 7. ed. Porto Alegre: AMGH,
2013. Vol. 1 e 2.
GREENSPAN, A; BELTRAN, J. Radiologia ortopédica: uma abordagem
prática. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LEWER, M. H. M. Tecnologia radiológica. Rio de Janeiro: MedBook, 2019.
EXPLORE+
RADIOPAEDIA é uma enciclopédia médicaon-line aberta, com vários
casos clínicos. Embora seja em inglês, vale a pena conferir.
IMAIOS é um site que disponibiliza recursos de anatomia (e-Anatomy),
imagens radiológicas e alguns jogos, como o Anatomy Ninja.
BIODIGITAL é um site com modelos anatômicos em 3D. Alguns
recursos podem ser acessados gratuitamente fazendo login.
CONTEUDISTA
Raphael de Oliveira Santos
 CURRÍCULO LATTES
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