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DIREITO ELEITORAL

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1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
1 
 
 
 
 
 
 
1ª FASE 38° EXAME 
Direito Eleitoral 
Prof. Alejandro César Rayo Werlang 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
2 
 
 
Olá! Boas-Vindas! 
 
Cada material foi preparado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de 
qualidade! 
Lembre-se de que o seu sonho também é o nosso! 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
3 
1. Conceito e Princípios do Direito Eleitoral 
 
Prof. Alejandro Rayo 
@prof.alejandrorayo 
 
1.1 Conceito 
O Direito Eleitoral é um ramo autônomo do Direito Público e tem como objetivo 
regular os direitos políticos e o processo eleitoral. Abrange todas as etapas do processo 
eleitoral, desde o alistamento, passando pela convenção partidária, pelo registro da candidatura, 
pela propaganda política, pela votação, pela apuração e, por fim, pela diplomação. 
É um subsistema dentro do sistema constitucional dos Direito Políticos, de modo 
que é possível afirmar que os Direito Políticos são uma categoria ampla, dentro da qual está 
incluída o Direito Eleitoral. 
As mais importantes fontes direitas do Direito Eleitoral são as seguintes: 
• Constituição Federal; 
• Código Eleitoral; 
• Lei das Eleições (Lei 9.504/97); 
• Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95); 
• Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64/90); 
• Resoluções do TSE. 
 
Sobre as Resoluções do TSE, trata-se de importante fonte do Direito Eleitoral que decorre 
do poder regulamentar outorgado ao TSE. Esse poder, previsto no art. 1º, parágrafo único, e no 
art. 23, inciso IX, do Código Eleitoral, significa que o TSE poderá expedir instruções para 
regulamentação da legislação eleitoral. Essas resoluções não são leis, mas são atos normativos 
com força de lei. Nesse sentido versa o art. 105 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições). 
Importante notar que compete privativamente à União legislar sobre direito eleitoral, 
conforme art. 22, I, da CF/88: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; 
 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
4 
Ainda, sobre a temática, lembre-se de que é vedada a edição de medidas provisórias 
sobre matéria relativa a direito eleitoral (art. 62, § 1º, inciso I, da CF/88). 
 
1.2 Princípios 
São princípios do Direito Eleitoral: 
a) Princípio da isonomia: decorre do art. 5º, caput, da Constituição Federal, que diz que 
todos são iguais perante a lei. No Direito Eleitoral, parte-se da premissa de que todos os 
candidatos devem concorrer em igualdade de condições. Mas igualdade também deve ser vista 
em sua vertente material: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida 
das suas desigualdades. Para isso, por vezes, o poder público tem que agir para promover a 
igualdade, criando mecanismos que permitam igualar os desiguais. Uma dessas medidas vem 
no art. 10, § 3º, da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições), que diz: “Do número de vagas resultante das 
regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por 
cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. Com isso, a 
legislação eleitoral tenta corrigir a desigualdade existente entre homens e mulheres, já que a 
grande maioria dos nossos representantes são homens”. 
b) Princípio da celeridade: a Justiça Eleitoral precisa ser célere, rápida nos seus 
julgamentos, de modo a que haja o bom andamento do processo eleitoral e que não paire 
insegurança jurídica durante e após o pleito. Em razão disso, como regra, os prazos para os 
recursos eleitorais são mais curtos do que o de outros ramos do Direito, como se vê do disposto 
no art. 258 do Código Eleitoral: “Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser 
interposto em três dias da publicação do ato, resolução ou despacho”. No mesmo sentido, ou 
seja, para que haja uma solução célere aos litígios, há o disposto no art. 97-A da Lei 9504/97 
(Lei das Eleições), que prevê um prazo para o julgamento de ações que possam resultar em 
perda do mandato eletivo: “Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal, 
considera-se duração razoável do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o 
período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça Eleitoral”. 
c) Princípio da lisura eleitoral: esse princípio preocupa-se com a proteção da cidadania, 
para que se tenha uma eleição limpa, que obedeça a probidade e a moralidade. Manifesta-se 
esse princípio no art. 14, § 9º, da CF, o qual afirma que lei complementar estabelecerá outros 
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade 
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do 
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Direito Eleitoral 
 
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candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico 
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. 
Ainda, podemos verificar esse princípio no art. 41-A da Lei das Eleições: “Ressalvado o 
disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o 
candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem 
ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o 
registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil 
Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei 
Complementar no 64, de 18 de maio de 1990”. 
d) Princípio do aproveitamento do voto: vige a ideia de in dubio pro voto, de modo que 
o juiz não pode pronunciar nulidades sem que haja prejuízo. Como manifestação desse princípio 
se verifica o art. 176 do Código Eleitoral, o qual indica que o voto, na eleição proporcional (por 
exemplo, para vereador), deve ser aproveitado à legenda (ao partido político) quando o eleitor 
votou em candidato inexistente, mas digitou corretamente os dois primeiros números, ou seja, 
os números do partido político. 
f) Princípio da anualidade eleitoral: também conhecido como princípio da anterioridade 
eleitoral, vem previsto no art. 16 da CF: “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor 
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua 
vigência”. Significa que toda lei que alterar o processo eleitoral passará a viger imediatamente. 
Contudo, a produção de seus efeitos ocorrerá após um ano da sua entrada em vigor. Busca-se 
com isso trazer segurança jurídica para as eleições, evitando-se alterações legislativas que 
possam prejudicar ou beneficiar determinados candidatos ou agremiações. 
Cumpre notar que o STF entende que o art. 16 da CF/88 tem natureza de cláusula pétrea. 
Esse princípio não se aplica às resoluções do TSE, já que estas são editadas para o bom 
andamento das eleições e em complementação à legislação eleitoral. Nota-se que o próprio art. 
105 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) afirma que, no ano da eleição, até o dia 5 de março, o 
Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou 
estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções 
necessárias para sua fiel execução. 
 
 
 
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Direito Eleitoral 
 
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2. Sistemas Eleitorais 
No Brasil, adotamos dois sistemas: majoritário e proporcional. 
O sistema majoritário parte da ideia de que o candidato que obtiver mais votos vence a 
eleição. Esse sistema pode ser: 
a) por maioria absoluta: o candidato, para ser eleito,precisa de mais da metade dos 
votos válidos. São eleitos por este sistema: Presidente da República; Governadores dos Estados 
e do Distrito Federal; Prefeitos nos Municípios com mais de 200.000 eleitores (possibilidade de 
2º turno); 
b) por maioria simples: o candidato, para ser eleito, precisa ter mais votos que os demais 
candidatos. São eleitos por esse sistema: Prefeitos nos Municípios com menos de 200.000 
eleitores e Senadores. 
No sistema proporcional adotado no Brasil (sistema proporcional com lista aberta), não 
importa apenas quantos votos recebeu o candidato; importa, primeiramente, quantos votos 
recebeu o partido político. Após apurado o número total de votos de todos os candidatos do 
partido (e do próprio partido político), é definido o número de cadeiras que serão ocupadas pelo 
partido político, qualificando-se os mais votados dentro do partido. 
Para verificar quais serão os eleitos por esse sistema, utiliza-se o quociente eleitoral e o 
quociente partidário, conforme arts. 106 e 107 do Código Eleitoral, que assim dispõe: 
 
Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos 
apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a 
fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior. 
Art. 107. Determina-se para cada partido o quociente partidário dividindo-se pelo 
quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda, desprezada a 
fração. 
 
Assim: 
• Quociente partidário = nº de votos válidos de um partido político dividido pelo quociente 
eleitoral; 
• Quociente eleitoral = nº de votos válidos apurados dividido pelo nº de lugares a 
preencher. 
 
Exemplo: um Estado tem 70 deputados federais e 21 milhões de votos válidos: 
Quociente eleitoral = 21 milhões dividido por 70 cargos a preencher de deputado 
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Direito Eleitoral 
 
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Quociente eleitoral = 300.000 
Assim, a cada 300.000 votos que um partido receber, elegerá um deputado. 
Digamos que um partido recebeu 1.200.000 votos. Assim: 
Quociente partidário = 1.200.000 dividido por 300.000 (quociente eleitoral) 
Quociente partidário = 4 
Ou seja, esse partido teria direito a quatro cadeiras na câmara dos deputados, sendo 
eleitos os quatro mais votados nesse partido, mesmo que algum deles não tenha feito 300.000 
votos. 
São eleitos por este sistema todos os membros do Poder Legislativo (deputado federal, 
deputado estadual e vereador), exceto os Senadores. 
Ainda, há um sistema eleitoral misto, o qual não é adotado no Brasil. Esse é um sistema 
intermediário entre o sistema majoritário e o proporcional, adotado em países como Alemanha e 
México. 
3. Organização e Competência da Justiça Eleitoral 
3.1 Introdução 
A Justiça Eleitoral é uma justiça especial da União e tem uma peculiaridade de não possuir 
um corpo de magistrados próprio. 
Para entender a organização da Justiça Eleitoral, é necessário fazer uso tanto da 
Constituição Federal quanto do Código Eleitoral. 
Segundo o art. 118 da CF/88, são órgãos da Justiça Eleitoral: 
 
I - o Tribunal Superior Eleitoral; 
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; 
III - os Juízes Eleitorais; 
IV - as Juntas Eleitorais. 
 
A organização e a competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais 
será disciplinada por lei complementar, conforme dispõe o art. 121 da CF/88. 
Nesse âmbito, cumpre informar que o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65), que é lei ordinária, 
foi recepcionado pela CF/88 como Lei Complementar na parte que trata da organização e da 
competência da Justiça Eleitoral. 
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Direito Eleitoral 
 
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Outra informação importante é que os membros da Justiça Eleitoral, seja do TSE, do TRE 
ou juízes eleitorais, têm investidura por tempo determinado, ou seja, são cargos temporários. Por 
isso, esses membros não possuem vitaliciedade. Essa é previsão do art. 121, § 2º, da CF/88: 
 
Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no 
mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos 
na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. 
 
No mais, os membros da Justiça Eleitoral gozarão de plenas garantias e serão 
inamovíveis (art. 121, § 1º, da CF/88). 
 
3.2 Funções da Justiça Eleitoral 
Dentro do Direito Eleitoral, a Justiça Eleitoral exerce inúmeras funções: 
a) Função administrativa: por essa função que a Justiça Eleitoral desempenha o seu 
papel de organização e administração do processo eleitoral. 
b) Função jurisdicional: por meio desta, a Justiça Eleitoral soluciona conflitos, aplicando 
o direito ao caso concreto. 
c) Função normativa: prevista no art. 1º, parágrafo único, e no art. 23, inciso IX, do 
Código Eleitoral, significa que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá expedir instruções para 
regulamentação da legislação eleitoral. Com base nesses dispositivos, o TSE edita resoluções. 
Essas resoluções não são leis, mas são atos normativos com força de lei. Nesse sentido o art. 
105 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) afirma: até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal 
Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer 
sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias 
para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou 
representantes dos partidos políticos. 
Importante notar: essas resoluções não têm o poder de revogar leis, apesar de ser 
consideradas fontes primárias (diretas) do Direito Eleitoral. 
a) Função consultiva: é o pronunciamento da Justiça Eleitoral, sem caráter de decisão 
judicial, sobre questões que lhe são apresentadas em tese (em abstrato). Esse poder de 
responder a consultas é conferido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Tribunal Regional 
Eleitoral (TRE) nos arts. 23, inciso XII, e 30, inciso VIII, do Código Eleitoral: 
 
 
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Direito Eleitoral 
 
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Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: (…) 
XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por 
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político; 
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos tribunais regionais: (…) 
VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por 
autoridade pública ou partido político. 
 
3.3 Órgãos da Justiça Eleitoral e suas Competências 
a) Tribunal Superior Eleitoral (TSE): É o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral. 
Obviamente, o STF está acima do TSE, mas o STF não é órgão da Justiça Eleitoral. 
O TSE será composto, no mínimo, por sete membros, os quais serão escolhidos: 
 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; 
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; 
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de 
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. 
 
Assim, cinco membros são eleitos (três do STF e dois do STJ) e dois membros nomeados 
pelo Presidente da República (entre advogados). 
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão eleitos entre os ministros do STF. Já o 
Corregedor Eleitoral será eleito entre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 119, 
parágrafo único, da CF/88). 
Em relação aos advogados, não são impedidos de advogar, salvo em matéria de direito 
eleitoral. 
Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si 
parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, 
excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último (art. 16, § 1º, do Código Eleitoral). 
Os advogados que detêm cargo em comissão ou que são donos ou sócios de empresa 
que gozem de favores estatais ouque exercerem cargo eletivo não podem ser nomeados (art. 
16, § 2º, do Código Eleitoral). 
E o Ministro do STF que exerce também a função de Ministro do TSE, se analisar um caso 
no TSE, poderá depois julgar esse mesmo caso no STF? Sim, conforme Súmula 72 do STF, que 
diz: “No julgamento de questão constitucional, vinculada à decisão do TSE, não estão impedidos 
os ministros do STF que ali tenham funcionado no mesmo processo, ou no processo originário”. 
Lembre-se de que os membros do TSE servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por 
mais de dois biênios consecutivos. A competência do TSE está nos arts. 22 e 23 do Código 
Eleitoral. 
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Entre elas, pode-se destacar a competência originária para processar e julgar (art. 22 do 
Código Eleitoral): 
• o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais 
e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República; 
• os conflitos de jurisdição entre tribunais regionais e juízes eleitorais de estados 
diferentes; 
• as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição 
de diploma na eleição de presidente e vice-presidente da República; 
• a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo 
de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato 
eletivo até o seu trânsito em julgado. 
Ainda, compete ao TSE, privativamente (art. 23 do Código Eleitoral): 
• elaborar o seu regimento interno 
• conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do exercício 
dos cargos efetivos; 
• propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos territórios; 
• propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer Tribunal 
Eleitoral, indicando a forma desse aumento; 
• aprovar a divisão dos estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas; 
• expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste código; 
• enviar ao presidente da República a lista tríplice organizada pelos tribunais de justiça, 
nos termos do art. 25; 
• requisitar força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões 
ou das decisões dos tribunais regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e 
a apuração; 
• requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo 
ocasional do serviço de sua Secretaria. 
b) Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Haverá um Tribunal Regional Eleitoral em cada 
Estado e um no Distrito Federal (art. 120 da CF/88). 
Os TREs, que terão sete membros, serão compostos (art. 120, § 1º, da CF/88): 
 
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Direito Eleitoral 
 
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I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; 
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; 
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito 
Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal 
Regional Federal respectivo; 
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de 
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 
 
O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os 
desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 120, § 2º, da CF/88). A competência dos TREs 
está nos arts. 29 e 30 do Código Eleitoral. 
Em especial, compete aos TREs processar e julgar originariamente (art. 29 do Código 
Eleitoral): 
• o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de 
partidos políticos, bem como de candidatos a governador, vice-governadores, e 
membro do Congresso Nacional e das assembleias legislativas; 
• os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo estado; 
• a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao procurador regional e aos 
funcionários da sua Secretaria assim como aos juízes e escrivães eleitorais; 
• os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais. 
Em grau recursal, compete aos TREs julgar os recursos interpostos: a) dos atos e das 
decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais; b) das decisões dos juízes eleitorais que 
concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segurança. 
Ainda, cabe privativamente ao TRE (art. 30 do Código Eleitoral): 
• elaborar o seu regimento interno 
• conceder aos seus membros e aos juízes eleitorais licença e férias, assim como 
afastamento do exercício dos cargos efetivos, submetendo, quanto àqueles, a decisão 
à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral; 
• constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; 
• apurar, com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais 
das eleições de governador e vice-governador, de membros do Congresso Nacional e 
expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a 
diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos; 
• responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por 
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autoridade pública ou partido político; 
• dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo esta divisão, assim 
como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior; 
• requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar ao Tribunal 
Superior a requisição de força federal. 
c) Juiz Eleitoral: Como dito anteriormente, não há um quadro de juízes próprios da 
Justiça Eleitoral. Assim, o juiz eleitoral é um juiz de direito membro da Justiça Estadual, o qual 
cumulará a função eleitoral. É designado pelo TRE para exercer a função eleitoral por dois anos, 
podendo ser reconduzido por mais dois anos. No entanto, caso seja juiz de comarca com vara 
única e que também seja zona eleitoral, enquanto for juiz da comarca de vara única, ele também 
será Juiz eleitoral. Em outras palavras, nessa hipótese de juiz estadual de comarca com vara 
única, não há a limitação temporal. 
Quando houver mais de um juiz apto a exercer função eleitoral, haverá um rodízio que 
seguirá a regra da antiguidade decrescente para os magistrados poderem exercer a função 
eleitoral. 
Quanto à competência do juiz eleitoral, está prevista no art. 35 do Código Eleitoral. A eles 
compete, especialmente: 
• cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do 
Regional; 
• processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada 
a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais regionais; 
• decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa 
competência não esteja atribuída privativamente à instância superior; 
• fazer as diligências que julgar necessárias à ordem e presteza do serviço eleitoral; 
• dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores; 
• expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; 
• dividir a zona em seções eleitorais; 
• ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos 
municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional; 
• designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições, os locais das seções; 
• nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com 
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pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras. 
Nota-se que, diferentemente da Justiça Comum Estadual, que é dividida em comarcas, a 
Justiça Eleitoral é dividida em zonas eleitorais, as quais nem sempre coincidem com o 
território de um município ou de uma comarca. Ainda, é possível que um município grande tenha 
mais de uma zona eleitoral. Em outras palavras, a zona eleitoral é o espaço territorial sob a 
jurisdiçãodo juiz eleitoral. 
Não confundir zona eleitoral com seção eleitoral. Esta é uma subdivisão da zona 
eleitoral, que corresponde ao local onde os eleitores comparecem para votar. Em cada seção 
eleitoral haverá uma urna na data da eleição. 
Já circunscrição eleitoral é a organização correspondente ao ente da federação ao qual 
se vincula um determinado processo eleitoral. 
Haverá três circunscrições: 
• Circunscrição Nacional (ou Federal): é a circunscrição da eleição para Presidente e 
Vice-Presidente da República; 
• Circunscrição Estadual: é a circunscrição das eleições gerais/estaduais, ou seja, para 
Governador, Vice-Governador, Senador, Deputados Federais, Deputados Estaduais e 
Deputados Distritais; 
• Circunscrição Municipal: é a circunscrição das eleições municipais, ou seja, para 
Prefeito, Vice-Prefeito, Vereador. 
d) Junta Eleitoral. Junta eleitoral é algo próprio da Justiça Eleitoral. Segundo o art. 36 do 
Código Eleitoral, compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, 
e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. Ou seja, as juntas eleitorais serão 
compostas por 3 ou 5 membros. Assim, é um órgão colegiado. 
Os membros da junta eleitoral serão nomeados 60 dias antes da eleição, depois de 
aprovação do TRE, pelo presidente deste. Até 10 dias antes da nomeação, os nomes das 
pessoas indicadas para compor as juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo 
qualquer partido político, no prazo de três dias, impugnar as indicações (art. 36, §§ 1º e 2º, do 
Código Eleitoral). 
O órgão diplomador das eleições municipais de Prefeito, Vice-Prefeito, Vereadores e Juiz 
de Paz é a junta eleitoral (art. 36 do Código Eleitoral). Se houver várias juntas eleitorais, a 
diplomação será feita pela junta eleitoral do juiz mais antigo. 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
14 
Não podem ser nomeados membros das juntas (art. 36. § 3º): 
 
I – os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, 
e bem assim o cônjuge; 
II – os membros de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes 
tenham sido oficialmente publicados; 
III – as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de 
cargos de confiança do Executivo; 
IV – os que pertencerem ao serviço eleitoral. 
 
4. Partidos Políticos 
 
4.1 Conceito e Natureza Jurídica 
Os partidos políticos são instrumentos importantes na concretização da soberania popular 
e da democracia. Nesse sentido, o pluralismo político está entre os fundamentos da República 
Federativa do Brasil (art. 1º, V, CF/88), bem como o art. 17, caput, da CF/88 consagra a liberdade 
de organização partidária, uma vez que são livres a criação, a fusão, a incorporação e a extinção 
dos partidos políticos. 
Partidos políticos são associações civis de cunho político-ideológico, compostas por um 
grupo de pessoas que tem o objetivo de assumir e manter o poder político, para realizar o seu 
programa de governo. 
Conforme dispõe o art. 1º da Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos), o partido político é 
pessoa jurídica de direito privado e destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, 
a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na 
Constituição Federal. 
O partido político não se equipara às entidades paraestatais, conforme art. 1º, parágrafo 
único, da Lei dos Partidos Políticos. 
 
4.2 Criação do Partido Político 
Como pessoa jurídica de direito privado, deverá ser registrado no Cartório de Registro 
Civil de Pessoa Jurídica do local de sua sede. Para que possa fazê-lo, deverá o pedido ser 
subscrito pelos seus fundadores, que devem ser no mínimo 101, com domicílio eleitoral em, no 
mínimo 1/3 dos Estados (art. 8º, caput, da Lei dos Partidos Políticos). 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
15 
Após adquirida a personalidade jurídica, deverá o partido realizar o registro o seu estatuto 
perante o TSE, quando adquirirá capacidade político-ideológica. Nesse sentido o § 2º do art. 17 
da CF/88: 
Art. 17, § 2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei 
civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
 
Mas para que seja possível essa criação, será necessário obter uma quantidade mínima 
de eleitores que assinem uma declaração de apoio a esse novo partido. É o chamado 
apoiamento mínimo de eleitores, que vem disposto no art. 7º, § 1º, da Lei dos Partidos Políticos: 
 
Art. 7º, § 1º. Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter 
nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no período de dois anos, o 
apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 
0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a 
Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos 
por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) 
do eleitorado que haja votado em cada um deles. 
 
Nota-se que, com isso, garante-se o caráter nacional do partido político, exigido pelo art. 
17, inciso I, da Constituição Federal. Nota-se, ainda, que o apoiamento deve se dar por pessoas 
não filiadas a nenhum partido e que tal deve ocorrer no prazo de dois anos. Pode-se assim dizer 
que essas são as etapas para a criação de um partido político: 
1) Fundação; 
2) Aquisição da personalidade jurídica; 
3) Apoiamento mínimo; 
4) Registro perante o TSE. 
 
Para um partido político participar de um pleito eleitoral, deverá ter existência mínima de 
6 meses, conforme art. 4º da Lei 9.504/97: 
 
Art. 4º: Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes do pleito, tenha 
registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme o disposto em lei, e tenha, 
até a data da convenção, órgão de direção constituído na circunscrição, de acordo com o 
respectivo estatuto (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017). 
 
4.3 Liberdade e Autonomia Partidária 
Vige a liberdade de organização partidária, pois, conforme arts. 17 da CF/88 e 2º da Lei 
dos Partidos Políticos, é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
16 
Não obstante, a liberdade partidária não é absoluta, já que deverão ser resguardados a 
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da 
pessoa humana e, ainda, deverão ser observados (art. 17, caput e § 4º, da CF/88): 
• preceitos de caráter nacional 
• proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou 
de subordinação a estes, 
• prestação de contas à Justiça Eleitoral, 
• funcionamento parlamentar de acordo com a lei; e 
• vedação da utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar 
 
Corroborando, está o art. 6º da Lei 9.096/95, que afirma que é vedado ao partido político 
ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar 
uniforme para seus membros. 
Ainda, assegura-se aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e 
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e 
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o 
regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições 
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e 
fidelidade partidária (art. 17, § 1º, da CF/88 e art. 3º da Lei dos Partidos Políticos). 
Importante ressaltar que o STF, por meio da ADI 6230, julgada em agosto de 2022, decidiu 
pela inconstitucionalidade do prazo de oito anos para os órgãos provisórios (art. 3º, § 3º, da Leidos Partidos Políticos). 
 
4.4 Federação Partidária 
Trata-se da reunião de dois ou mais partidos políticos que possuam afinidade ideológica 
ou programática e que, depois de constituída e registrada no TSE, atuará como se fosse uma 
única agremiação partidária. 
Essa possibilidade foi inserida pela Lei nº 14.208/2021 no art. 11-A da Lei nº 9.096/95 (Lei 
dos Partidos Políticos). 
Art. 11-A. Dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após 
sua constituição e respectivo registro perante o Tribunal Superior Eleitoral, atuará como 
se fosse uma única agremiação partidária. 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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Ressalte-se que o STF, na ADI 7022, decidiu que a figura da federação partidária é 
compatível com a Constituição Federal. 
Às federações aplicam-se todas as normas que regem o funcionamento parlamentar e a 
fidelidade partidária, apesar de ser assegurada a preservação da identidade e da autonomia dos 
partidos integrantes de federação (art. 11-A, §§ 1º e 2º, da Lei 9.096/95). 
A criação de federação obedecerá às seguintes regras (art.11-A, § 3º, da Lei 9.096/95): 
• a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no 
Tribunal Superior Eleitoral; 
• os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por, no mínimo, 
4 (quatro) anos; 
• a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das 
convenções partidárias; 
• a federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado ao Tribunal 
Superior Eleitoral. 
Em relação ao terceiro requisito (federação ser constituída até a data final do período 
das convenções), o STF entendeu, na já citada ADI 7022, que esse prazo viola o princípio da 
isonomia, já que as federações teriam um prazo maior para se constituírem do que os partidos 
políticos (os partidos políticos devem estar registrados, junto ao TSE, até seis meses antes do 
pleito, ou seja, até o início de abril do ano eleitoral, a fim de participarem das eleições). 
Diante disso, o STF entendeu que se deve exigir que as federações obtenham o 
registro de seu estatuto junto ao TSE com a mesma antecedência exigida dos partidos 
(até 6 meses antes do pleito). 
A não permanência pelo prazo de 4 anos na federação acarretará ao partido vedação de 
ingressar em federação, de celebrar coligação nas duas eleições seguintes e, até completar o 
prazo mínimo remanescente, de utilizar o fundo partidário (art. 11-A, § 4º, da Lei 9.096/95). 
Conforme o § 5º do art. 11-A, na hipótese de desligamento de um ou mais partidos, a 
federação continuará em funcionamento, até a eleição seguinte, desde que nela permaneçam 
dois ou mais partidos. 
Para que seja feita uma federação, necessário que haja a resolução pela maioria absoluta 
dos votos dos órgãos de deliberação nacional de cada um dos partidos integrantes da federação. 
Ainda, deverão ser realizados programa e estatuto comuns da federação constituída, bem como 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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eleição do órgão de direção nacional da federação, o que deverá ser levado ao TSE para registro 
(art. 11-A, § 6º, da Lei 9.096/95). 
Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que regem as atividades dos partidos 
políticos no que diz respeito às eleições, inclusive no que se refere à escolha e ao registro de 
candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais, à arrecadação e aplicação de recursos 
em campanhas eleitorais, à propaganda eleitoral, à contagem de votos, à obtenção de cadeiras, 
à prestação de contas e à convocação de suplentes (art. 11-A, § 8º, da Lei 9.096/95). 
Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, de partido 
que integra federação (art. 11-A, § 9º, da Lei 9.096/95). 
 
4.5 Programa e Estatuto Partidários 
Diante da já falada liberdade partidária, o partido é livre para fixar, em seu programa, seus 
objetivos políticos e para estabelecer, em seu estatuto, a sua estrutura interna, organização e 
funcionamento, claro, desde que observadas as disposições constitucionais e legais (art. 14 da 
Lei 9.096/95). 
No que se refere à responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe exclusivamente ao 
órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dado causa ao não cumprimento da 
obrigação, à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato ilícito, excluída a 
solidariedade de outros órgãos de direção partidária (art. 15-A da Lei 9.096/95). 
 
4.6 Filiação Partidária 
Para que alguém possa concorrer a um cargo eletivo, deve estar filiado a algum partido 
político, já que não se admite candidatura avulsa. 
Só pode filiar-se ao partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos 
(art. 16 da Lei 9.096/95). 
Deferido internamente o pedido de filiação, o partido político, por seus órgãos de direção 
municipais, regionais ou nacional, deverá inserir os dados do filiado no sistema eletrônico da 
Justiça Eleitoral, que automaticamente enviará aos juízes eleitorais, para arquivamento, 
publicação e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos 
eletivos, a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filiação, o 
número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos (art. 19 da Lei 9.096/95). 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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Os órgãos de direção nacional dos partidos políticos terão pleno acesso às informações 
de seus filiados constantes do cadastro eleitoral (art. 19, § 3º, da Lei 9.096/95). 
É facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária 
superiores aos previstos nesta Lei, com vistas a candidatura a cargos eletivos. Mas os prazos 
de filiação partidária, fixados no estatuto do partido, com vistas à candidatura a cargos eletivos, 
não podem ser alterados no ano da eleição (art. 20 da Lei 9.096/95). 
Para desligar-se do partido, o filiado faz comunicação escrita ao órgão de direção 
municipal e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito. Decorridos dois dias da data da entrega 
da comunicação, o vínculo torna-se extinto, para todos os efeitos (art. 21 da Lei 9.096/95). 
O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos casos de (art. 22, caput, 
da Lei 9.096/95): 
I - morte; 
II - perda dos direitos políticos; 
III - expulsão; 
IV - outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo 
de quarenta e oito horas da decisão. 
V - filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da respectiva 
Zona Eleitoral. 
 
Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a 
Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais (art. 22, parágrafo único, da Lei 
9.096/95). 
Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do 
partido pelo qual foi eleito (art. 22-A, caput, da Lei 9.096/95). 
Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses 
(art. 22-A, parágrafo único, da Lei 9.096/95): 
 
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; 
II - grave discriminação política pessoal; e 
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo 
de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término 
do mandato vigente. 
 
4.7 Fusão, Incorporação e Extinção dos Partidos Políticos 
Na fusão entre partidos políticos, ocorre que um partido se une ao outro, tornando-se 
somente uma unidade. Os órgãos nacionais dos partidos decidem e elaboram projeto e estatuto 
comuns. Aqui surge um novo partido, que terá existência legal com o registro no ofício civil 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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competente na nova sede do partido político formado. Os partidos que até então existiam ficarão 
cancelados junto ao ofício civil e ao TSE(art. 29, caput e § 1º, da Lei 9.096/95). 
Na incorporação, um partido absorve outro, mantendo (o partido que absorveu) a sua 
identidade originária. Aqui também se leva ao registro civil, que cancelará o registro do partido 
incorporado (art. 29, caput e § 2º, da Lei 9.096/95). 
Somente será admitida a fusão ou a incorporação de partidos políticos que tenham obtido 
o registro definitivo do Tribunal Superior Eleitoral há, pelo menos, cinco anos (art. 29, caput e § 
9º, da Lei 9.096/95). 
O cancelamento de um partido político pode ocorrer, como visto, em razão da fusão ou 
da incorporação. Ainda pode ser cancelado caso decida se dissolver (art. 27 da Lei 9.096/95). 
Se um partido receber recursos financeiros de procedência estrangeira, subordinar-se à 
entidade ou a governo estrangeiros, não prestar as devidas contas à Justiça Eleitoral ou manter 
organização paramilitar, após decisão transitada em julgado, terá seu registro cancelado (art.28 
da Lei 9.096/95). 
 
4.8 Prestação de Contas 
Prestação de constas é um procedimento jurisdicional no qual partidos políticos e 
candidatos demonstram à Justiça Eleitoral quais foram os valores arrecadados na campanha, 
com as respectivas fontes e destinos dos gastos eleitorais. 
Mesmo que o candidato renuncie, desista, ou seja, substituído, deverá prestar contas à 
Justiça Eleitoral. E isso mesmo que não tenha realizado campanha. Além disso, se o candidato 
falecer, a obrigação de prestar contas será de responsabilidade de seu administrador financeiro 
ou, na sua ausência, da respectiva direção partidária. 
Referente aos Partidos Políticos, estes devem, conforme art. 32 da Lei 9.096/95, enviar, 
anualmente, à Justiça Eleitoral, o balanço contábil do exercício findo, até o dia 30 de junho do 
ano seguinte. O balanço contábil do órgão nacional será enviado ao Tribunal Superior Eleitoral, 
o dos órgãos estaduais aos Tribunais Regionais Eleitorais e o dos órgãos municipais aos Juízes 
Eleitorais. 
No entanto, estão desobrigados de prestar contas os órgãos partidários municipais que 
não haja movimentado recursos financeiros ou arrecadado bens estimáveis em dinheiro. Exige-
se, porém, do responsável partidário, até o dia 30 de junho do ano seguinte, a apresentação de 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
21 
declaração da ausência de movimentação de recursos nesse período (art. 32, § 4º, da Lei 
9.096/95). 
Caso haja a desaprovação das contas do partido, tal não ensejará sanção alguma que o 
impeça de participar do pleito eleitoral (art. 32, § 5º, da Lei 9.096/95). 
Sobre as espécies de verbas que o partido político não pode receber, importante é a 
previsão do art. 31 da Lei 9.096/95, que diz que é vedado ao partido receber, direta ou 
indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável 
em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de: 
 
I - entidade ou governo estrangeiros; 
II - entes públicos e pessoas jurídicas de qualquer natureza, ressalvadas as dotações 
referidas no art. 38 desta Lei e as provenientes do Fundo Especial de Financiamento de 
Campanha; 
III - (revogado); 
IV - entidade de classe ou sindical. 
V - pessoas físicas que exerçam função ou cargo público de livre nomeação e exoneração, 
ou cargo ou emprego público temporário, ressalvados os filiados a partido político. 
 
Constatada a violação de normas legais ou estatutárias, ficará o partido sujeito às 
seguintes sanções (art. 36 da Lei 9.096/95): 
 
I - no caso de recursos de origem não mencionada ou esclarecida, fica suspenso o 
recebimento das quotas do fundo partidário até que o esclarecimento seja aceito pela 
Justiça Eleitoral; 
II - no caso de recebimento de recursos mencionados no art. 31, fica suspensa a 
participação no fundo partidário por um ano; 
III - no caso de recebimento de doações cujo valor ultrapasse os limites previstos no art. 
39, § 4º, fica suspensa por dois anos a participação no fundo partidário e será aplicada ao 
partido multa correspondente ao valor que exceder aos limites fixados. 
 
Segundo art. 37 da Lei 9.096/95, a pena que será aplicada pela desaprovação das contas 
do partido será, exclusivamente, a sanção de devolução da importância apontada como 
irregular, acrescida de multa de até 20%. Essa sanção será aplicada exclusivamente à esfera 
partidária responsável pela irregularidade, não suspendendo o registro ou a anotação de seus 
órgãos de direção partidária nem tornando devedores ou inadimplentes os respectivos 
responsáveis partidários. 
 
4.9 Fundo Partidário 
O Fundo Partidário é um Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos 
que tenham seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestação de contas regular 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
22 
perante a Justiça Eleitoral. Trata-se da principal fonte de recursos financeiros para manutenção 
das agremiações. 
Esse fundo é formado por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, 
doações e outros recursos financeiros previstos no art. 38 da Lei n.º 9.096/95: 
 
Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo 
Partidário) é constituído por: 
I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e leis 
conexas; 
II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente ou 
eventual; 
III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos bancários 
diretamente na conta do Fundo Partidário; 
IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao número de 
eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta orçamentária, 
multiplicados por trinta e cinco centavos de real, em valores de agosto de 1995. 
 
Os valores que estão no Fundo Partidário são divididos da seguinte forma (art. 41-A da 
Lei 9.096/95: 
• 5% (cinco por cento) serão destacados para entrega, em partes iguais, a todos os 
partidos que atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos recursos do Fundo 
Partidário; e 
• 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuídos aos partidos na proporção dos 
votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados. 
Para efeito da distribuição dos 95% antes citados, serão desconsideradas as mudanças 
de filiação partidária em quaisquer hipóteses. 
5. Alistamento Eleitoral, Elegibilidade e Inelegibilidade 
5.1 Alistamento Eleitoral 
Sobre o tema alistamento eleitoral, importante ter em mente o disposto no Código Eleitoral 
(arts. 42 a 81) e na Resolução 23.659/2021 do TSE (que revogou a Res. 21.538/03 do TSE). 
A Res. 23.659/2021 do TSE dispõe sobre a gestão do Cadastro Eleitoral e sobre os 
serviços eleitorais que lhe são correlatos. Essa Resolução adveio, em substituição à anterior 
(Res. 21.538/03 do TSE), para que os avanços tecnológicos fossem incorporados aos serviços 
eleitorais (em conjunto com medidas que assegurem o exercício da cidadania a pessoas ainda 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
23 
não alcançadas pela inclusão digital), bem como para atender aos ditames da Lei Geral de 
Proteção de Dados (LGPD). Ainda, há uma preocupação no sentido da ampliação do exercício 
da cidadania por parte de grupos socialmente vulneráveis e minorizados. 
O art. 1º da Res. 23.659/2021 do TSE deixa claras quais são as diretrizes da gestão do 
Cadastro Eleitoral: 
I - modernização e desburocratização da gestão do Cadastro Eleitoral e dos serviços que 
lhe forem correlatos; 
II - conformidade do tratamento dos dados aos princípios e regras previstos na Lei Geral 
de Proteção dos Dados - LGPD (Lei nº 13.709/2018) ; 
III - preservação e facilitação do exercício da cidadania por pessoas ainda não alcançadas 
pela inclusão digital; e 
IV - expansão e especialização dos serviços eleitorais com vistas ao adequado 
atendimento a pessoas com deficiência e grupos socialmente vulneráveis e minorizados. 
 
Importantesprevisões para o atendimento das diretrizes da Resolução estão nos seus 
arts. 13, 14 e 16: 
Art. 13. É direito fundamental da pessoa indígena ter considerados, na prestação de 
serviços eleitorais, sua organização social, seus costumes e suas línguas, crenças e 
tradições. 
Art. 14. É direito fundamental da pessoa com deficiência, inclusive a que for declarada 
relativamente incapaz para a prática de atos da vida civil, estiver excepcionalmente sob 
curatela ou tiver optado pela tomada de decisão apoiada, a implementação de medidas 
destinadas a promover seu alistamento e o exercício de seus direitos políticos em 
igualdade de condições com as demais pessoas. 
Art. 16. É direito fundamental da pessoa transgênera, preservados os dados do registro 
civil, fazer constar do Cadastro Eleitoral seu nome social e sua identidade de gênero. 
 
O cidadão tem direito à emissão de certidão que reflita sua situação atual no Cadastro 
Eleitoral (art. 3º da Res. 23.659/2021 do TSE). 
No que se refere especificamente ao alistamento eleitoral, é por meio dele que se 
adquirem os direitos políticos. Com o alistamento, o sujeito se torna eleitor e, portanto, cidadão, 
adquirindo a capacidade eleitoral ativa. É a primeira etapa do processo eleitoral. Uma vez 
alistado, poderá participar ativamente da vida política do Estado, pois poderá votar, realizar 
iniciativa popular de lei, participar de plebiscito e referendo e, ainda, ajuizar ação popular. 
Quanto ao tema, importante lembrar o disposto no art. 14, § 1º, da CF/88, que afirma que 
o alistamento eleitoral e o voto são: 
 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 
II - facultativos para: 
a) os analfabetos; 
b) os maiores de setenta anos; 
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
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24 
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço 
militar obrigatório, os conscritos. 
 
Porém, a partir da data em que a pessoa completar 15 anos, é facultado o seu alistamento 
eleitoral, sendo que tal será requerido diretamente pela pessoa menor de idade e independe de 
autorização ou assistência de seu/sua representante legal. O título eleitoral emitido ao 
adolescente de 15 anos somente surtirá o efeito quando a pessoa completar 16 anos (art. 30, 
caput e §§, da Res. 23.659/2021 do TSE). 
 
5.2 Revisão, Transferência e 2ª Via 
A revisão ocorrerá quando a pessoa necessitar (art. 39 da Res. 23.659/2021 do TSE): 
• alterar o local de votação no mesmo município, ainda que não haja mudança de zona 
eleitoral; 
• retificar os dados pessoais; ou, 
• nas hipóteses em que for permitida a reutilização do número de inscrição, regularizar 
a situação de inscrição cancelada. 
Já a transferência será realizada quando a pessoa desejar alterar seu domicílio eleitoral 
(art. 37 da Res. 23.659/2021 do TSE). Essa transferência só será admitida quando satisfeitas as 
seguintes exigências (art. 38 da Res. 23.659/2021 do TSE): 
• apresentação do requerimento perante a unidade de atendimento da Justiça Eleitoral 
do novo domicílio no prazo estabelecido pela legislação vigente; 
• transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transferência; 
• tempo mínimo de três meses de vínculo com o município, dentre aqueles aptos a 
configurar o domicílio eleitora; 
• regular cumprimento das obrigações de comparecimento às urnas e de atendimento a 
convocações para auxiliar nos trabalhos eleitorais. 
Mas os prazos de um ano de alistamento e tempo mínimo de três meses de domicílio 
eleitoral não se aplicam à transferência eleitoral de 
• servidora ou servidor público civil e militar ou de membro de sua família, por motivo de 
remoção, transferência ou posse; e 
• indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, trabalhadoras e trabalhadores rurais 
safristas e pessoas que tenham sido forçadas, em razão de tragédia ambiental, a 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
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mudar sua residência. 
Por fim, o pedido de segunda via ocorrerá no caso de perda, extravio, inutilização ou 
dilaceração do título eleitoral, conforme (art. 40 da Res. 23.659/2021 do TSE). 
 
5.3 Domicílio Eleitoral 
O conceito de domicílio é mais elástico no Direito Eleitoral que o Direito Civil. É possível 
que haja um domicílio civil em um local e um eleitoral em outro. Isso porque o domicílio eleitoral 
satisfaz-se com vínculos de natureza política, econômica, social, familiar, afetiva. Nesse sentido 
é o art. 23 da Res. 23.659/2021 do TSE: 
 
Art. 23. Para fins de fixação do domicílio eleitoral no alistamento e na transferência, deverá 
ser comprovada a existência de vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional, 
comunitário ou de outra natureza que justifique a escolha do município. 
 
5.4 Correição e Revisão do Eleitorado 
Revisão do eleitorado é um procedimento para purificação do cadastro eleitoral, diante da 
existência de uma possível fraude no alistamento. Já a correição do eleitorado é um 
procedimento prévio para verificar se é necessária a revisão do eleitorado. Ocorrerá somente se 
houver disponibilidade de recursos (art. 102 da Res. 23.659/2021 do TSE). 
Se, na correição do eleitorado, for comprovada a fraude em proporção que comprometa 
a higidez do Cadastro Eleitoral, o tribunal regional eleitoral, comunicando a decisão ao Tribunal 
Superior Eleitoral, ordenará a revisão do eleitorado, obedecidas as instruções contidas na 
Resolução 23.659/2021 e as recomendações que subsidiariamente baixar (art. 104 da Res. 
23.659/2021 do TSE). Mas a execução da revisão de eleitorado com fundamento no caput deste 
artigo dependerá da existência de dotação orçamentária, a ser avaliada após já destacados os 
recursos para as revisões de ofício (art. 104, § 1º, da Res. 23.659/2021 do TSE). 
O TSE também pode determinar, de ofício, a revisão do eleitorado, observada a 
conveniência e a disponibilidade de recursos, quando (art. 105 da Res. 23.659/2021 do TSE): 
 
I - o total de transferências ocorridas no ano em curso seja 10% superior ao do ano 
anterior; 
II - o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de 
idade superior a setenta anos do território daquele município; e 
III - o eleitorado for superior a 80% da população projetada para aquele ano pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
26 
Nota-se que não será realizada revisão de eleitorado (art. 107 da Res. 23.659/2021 do 
TSE): 
I - em ano eleitoral, salvo se iniciado o procedimento revisional no ano anterior ou se, 
verificada situação excepcional, o Tribunal Superior Eleitoral autorizar que a ele se dê 
início; e 
II - que abranja apenas parcialmente o território do município, ainda que seja este dividido 
em mais de uma zona eleitoral. 
 
A revisão de eleitorado deverá ser sempre presidida pelo juiz eleitoral da respectiva zona 
(art. 109 da Res. 23.659/2021 do TSE), e o prazo do procedimento revisional será previsto no 
ato que determinar sua realização e será, no mínimo, de 30 dias. Já a conclusão dos 
procedimentos revisionais será fixada em data que não ultrapasse 31 de março do ano de 
realização das eleições (art. 111 da Res. 23.659/2021 do TSE). 
 
5.5 Cancelamento e Exclusão da Inscrição Eleitoral 
Os arts. 71 a 81 do Código Eleitoral regulamentam a matéria. 
O art. 71 indica as causas de cancelamento. São elas: 
 
I – a infração dos arts. 5º e 42; 
II – a suspensão ou perda dos direitos políticos; 
III – a pluralidade de inscrição; 
IV – o falecimento do eleitor; 
V – deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas. 
 
 
Para a exclusão da inscrição, haverá um procedimento e, durante ele, até a exclusão, 
poderá o eleitor votar validamente (art. 72 do Código Eleitoral). 
Esse procedimento vem disposto no art. 77 do Código Eleitoral: 
 
1º) o juiz eleitoral mandará autuar a petição ou representação com os documentos que a 
instruírem;2º) o juiz fará publicar edital com prazo de 10 (dez) dias para ciência dos interessados, 
que poderão contestar dentro de 5 (cinco) dias; 
3º) o juiz concederá dilação probatória de 5 (cinco) a 10 (dez) dias, se requerida; 
4º) o juiz decidirá no prazo de 5 (cinco) dias 
 
Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 dias, para o Tribunal Regional, 
interposto pelo excluindo ou por delegado de partido (art. 80 do Código Eleitoral). 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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A exclusão não é definitiva, ou seja, é possível que, cessada a causa do cancelamento, o 
interessado venha a requerer novamente a sua qualificação e inscrição (art. 81 do Código 
Eleitoral). 
 
5.6 Elegibilidade 
Para que possamos ser votados, ou seja, sermos um representante eleito do povo, 
precisamos preencher os requisitos de elegibilidade. Uma vez que preenchidos esses requisitos 
e não incidente causa de inelegibilidade ou de perda/suspensão dos direitos políticos, o agente 
terá concretizada a sua capacidade eleitoral passiva (direitos políticos passivos). Elegível é o 
cidadão apto a receber votos em um certame. 
Segundo a Constituição Federal, em seu art. 14, § 2º, são condições de elegibilidade: 
 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; 
VI - a idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
 
A filiação partidária é requisito porque não se admitem as candidaturas avulsas, ou seja, 
sem partido. E, para concorrer às eleições, deve ter ocorrido a filiação pelo menos seis meses 
antes da data para as eleições (mesmo prazo do domicílio eleitoral). 
Para o exercício absoluto do direito de ser votado, o candidato não pode incorrer em 
nenhuma das causas de inelegibilidade. 
 
5.7 Inelegibilidade 
A inelegibilidade significa a existência de causas negativas que impedem o cidadão de 
exercer a sua capacidade eleitoral passiva, ou seja, impede o indivíduo de ser votado. A 
inelegibilidade pode ser vista como um impedimento ao exercício da cidadania passiva, ficando 
o sujeito impossibilitado de ser escolhido para ocupar cargo público eletivo. 
Importante notar que a inelegibilidade não impede o indivíduo de votar, só impede de ser 
votado. As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas. 
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Direito Eleitoral 
 
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As inelegibilidades absolutas são as regras que impedem a candidatura para qualquer 
cargo eletivo. Diante desse caráter absoluto, somente podem ser previstas, de forma taxativa, 
na CF/88. 
Já as inelegibilidades relativas impedem a candidatura para algum cargo eletivo ou 
mandato, em função da situação em que se encontre o cidadão candidato, previstas no art. 14, 
§§ 5º a 8º, da CF/88 e/ou em lei complementar. 
a.1) Inelegibilidades absolutas: de acordo com o art. 14, § 4º, da CF/88, são 
absolutamente inelegíveis o inalistável e o analfabeto. Importante destacar que os 
estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório não podem alistar-se como 
eleitores e, portanto, não podem ser eleitos. Estão relacionadas a uma condição pessoal, 
diferentemente das inelegibilidades relativas, que estão relacionadas a cargos. 
 
 
a.2) Inelegibilidades relativas: a inelegibilidade relativa dá-se, conforme as regras 
constitucionais, por motivos funcionais ou por motivo de parentesco, bem como em virtude 
das situações previstas em lei complementar (art. 14, § 9º, da CF/88). 
 
• Inelegibilidade por motivos funcionais: São duas hipóteses. 
i) inelegibilidade para os mesmos cargos, num terceiro mandado subsequente: o 
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem 
os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos não poderão ser reeleitos para um 
terceiro mandato sucessivo (art. 14, § 5º, da CF/88). Quanto à situação do vice, como ele não 
titulariza mandato, segundo o Supremo Tribunal Federal, não se lhe aplica a inelegibilidade em 
tela, salvo se ele assumiu, por sucessão, a titularidade no curso do mandato e vem a se eleger 
como titular para o segundo. Ou seja, somente quando o vice suceder o titular é que passa a 
exercer definitivamente um mandato como titular do cargo. Ainda, nota-se que essa 
inelegibilidade vale para mandatos sucessivos. 
A CF/88 permite a figura do “prefeito itinerante”, ou está vedada pelo § 5º do art. 14 da 
CF/88? O “prefeito itinerante” é aquele que exerceu dois mandatos consecutivos de Prefeito em 
um Município e depois vai concorrer a um terceiro mandato consecutivo de Prefeito em uma 
cidade próxima. O STF decidiu que o indivíduo que já exerceu dois mandatos consecutivos de 
Prefeito fica inelegível para um terceiro mandato, ainda que seja em município diferente. Ou seja, 
a figura do “prefeito itinerante” não é permitida. 
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Direito Eleitoral 
 
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ii) inelegibilidade para concorrerem a outros cargos: para concorrerem a outros cargos, o 
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem 
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito (art. 14, § 6º, da CF/88). 
Trata-se do instrumento da desincompatibilização. Importante destacar que de acordo com o 
entendimento do STF, não será necessária a desincompatibilização no caso de candidatura a 
reeleição para o mesmo cargo de Chefe de Executivo. 
 
• Inelegibilidades por motivos de parentesco: 
De acordo com o art. 14, § 7º, da CF/88, são inelegíveis, no território da circunscrição do 
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, do Governador de Estado, Território ou Distrito Federal, do Prefeito ou 
quem os haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição. 
Importante ressaltar que o STF pacificou sua jurisprudência, por meio da edição da 
Súmula Vinculante nº 18, no sentido de que a dissolução da sociedade ou do vínculo 
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7.º do artigo 14 
da Constituição Federal. Contudo, a Corte entende que não atrai a aplicação do entendimento 
constante na referida súmula a extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges e, 
portanto, é possível a candidatura do cônjuge ou parente do Chefe do Executivo quando o titular, 
causador da inelegibilidade, pudesse, ele mesmo, candidatar-se à reeleição, mas tenha se 
afastado do cargo até 6 meses antes do pleito ou tenha falecido. 
 
• Inelegibilidades previstas em lei complementar: 
De acordo com o art. 14, § 9º, da CF/88, lei complementar estabelecerá outros casos de 
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de que sejam protegidos os preceitos da 
probidade administrativa, da moralidade para o exercício de mandato, considerada a vida 
pregressa do candidato, a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder 
econômico ou abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direita ou 
indireta. A Lei Complementar, que regulamentou o § 9º do art. 14, é a LC 64/90. 
Interessante questão é a dos militares. Prevê o art. 14, § 8º, da CF/88 que o militar 
alistável (ou seja, o militar que não está conscrito) é elegível, atendidas as seguintes condições: 
• se tiver menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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• se tiver mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se 
eleito, passará automaticamente, no ato dadiplomação, para a inatividade. 
Esses dispositivos foram interpretados pelo STF no julgamento do RE 279.469. Na 
hipótese de contar com menos de 10 anos de serviço, embora o texto diga apenas que o militar 
deverá se afastar, esse afastamento deve ser entendido como definitivo. Assim, ao se candidatar 
a cargo eletivo, o militar com menos de 10 anos será excluído do serviço ativo mediante 
demissão ou licenciamento ex officio e o consequente desligamento da organização a que estiver 
vinculado. No entanto, se o militar contar com mais de 10 anos de serviço (art. 14, § 8o, II), será 
agregado (afastado temporariamente) pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. 
 
5.8 Inelegibilidades Previstas na LC 64/90 
Como visto, o art. 14, § 9º, da CF/88 afirma que lei complementar estabelecerá outros 
casos de inelegibilidade. A Lei Complementar 64/90 é que estabelece esses casos. Importante 
notar que somente lei complementar pode fazer isso, ou seja, não é possível que uma lei 
ordinária traga casos de inelegibilidades. 
A citada LC 64/90 traz um extenso rol com hipóteses de inelegibilidades. Essa lei 
complementar sofreu importantes alterações pela LC 135/2010, que ficou conhecida como Lei 
da Ficha Limpa. Aqui serão abordadas as mais importantes hipóteses: 
a) Art. 1º, inciso I, alínea “e”, da LC 64/90 - São inelegíveis os que forem condenados, 
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação 
até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 
 
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos 
na lei que regula a falência; 
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à 
inabilitação para o exercício de função pública; 
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluído pela Lei Complementar 
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 
8. de redução à condição análoga à de escravo; 
9. contra a vida e a dignidade sexual; 
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; 
 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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Nota-se que, conforme o art. 15, III, da CF, a condenação criminal transitada em julgado 
importa em suspensão dos direitos políticos enquanto perdurarem seus efeitos. Esses efeitos da 
suspensão dos direitos políticos cessam a partir do cumprimento ou da extinção da pena. Mas a 
inelegibilidade, de forma diferente, persistirá até 8 anos após o cumprimento da pena. 
IMPORTANTE: Havia questionamento sobre a constitucionalidade da inelegibilidade 
perdurar por 8 anos após o cumprimento da pena. O STF, em 2022, no julgamento da ADI 6630, 
entendeu que é constitucional esse prazo. Decidiu o STF que a fluência integral do prazo de 8 
anos de inelegibilidade após o fim do cumprimento da pena (art. 1º, I, “e”, da LC 64/1990) é 
medida proporcional, isonômica e necessária para a prevenção de abusos no processo eleitoral 
e para a proteção da moralidade e probidade administrativas. 
No entanto, a inelegibilidade prevista nessa alínea “e” não se aplica aos crimes culposos 
e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal 
privada (§ 4º do art. 1º da LC 64/90). 
Cuidar as Súmulas 59 e 60 do TSE: 
 
Súmula 59 do TSE: O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça 
Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, porquanto não 
extingue os efeitos secundários da condenação. 
Súmula 60 do TSE: O prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 
64/1990 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão 
executória e não do momento da sua declaração judicial. 
 
Crimes tributários e licitatórios atraem a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “e”, da LC 
64/90, já que enfraquecem as regras que regem a Administração Pública. Além disso, incide na 
hipótese de condenação pelo Tribunal do Júri, já que se trata de um órgão colegiado. 
b) Art. 1º, inciso I, alínea “g”, da LC 64/90 – São inelegíveis os que tiverem suas contas 
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que 
configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão 
competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as 
eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, 
aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores 
de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição. 
Esse dispositivo prevê que são inelegíveis para qualquer cargo os que tiverem suas 
contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas por irregularidade insanável que configure ato doloso 
de improbidade administrativa. 
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Direito Eleitoral 
 
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Ressalte-se que a LC 184/2021 incluiu o § 4º-A determinado que só haverá inelegibilidade 
na hipótese da alínea “g” do inciso I do art. 1º se as contas do administrador forem julgadas 
irregulares com imputação de débito (ressarcimento ao erário). Se o órgão aplicar apenas multa, 
essa decisão não gerará inelegibilidade. 
c) Art. 1º, inciso I, alínea “j”, da LC 64/90 - São inelegíveis os que forem condenados, 
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por 
corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de 
recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais 
que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 anos a contar da eleição 
Nota-se que é necessário, para incidência dessa hipótese, que haja cassação do registro 
ou do diploma. A aplicação isolada de multa não acarreta a inelegibilidade. 
Sobre o tema, importante o conteúdo da Súmula 69 do TSE: Os prazos de inelegibilidade 
previstos nas alíneas j e h do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90 têm termo inicial no dia do primeiro 
turno da eleição e termo final no dia de igual número no oitavo ano seguinte. 
d) Art. 1º, inciso I, alínea “l”, da LC 64/90 - São inelegíveis os que forem condenados à 
suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial 
colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público 
e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo 
de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena. 
e) Art. 1º, inciso I, alínea “p”, da LC 64/90 – São inelegíveis a pessoa física e os 
dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão 
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) 
anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22. 
Como exemplo de doação ilegal, pode-se citar o caso da pessoa que doa mais do que 
10% do seu rendimento bruto no ano anterior ao da eleição, já que, segundo a Lei 9.504/97, o 
limite de doação é 10%. 
Importante: Além de não ser inelegível, para que o sujeito possa ser votado, não podem 
os seus direitos políticos estarem suspensos ou tê-los perdido. Perda e suspensão de direitos 
políticos são limitações excepcionais que anulam os próprios direitos políticos positivos (ativos e 
passivos), atingindo a capacidade de votar e de ser votado. A perda dos direitos políticos é a 
privação definitiva. A suspensão dos direitos políticos é a privação temporária. 
1ª Fase | 38° Exameda OAB 
Direito Eleitoral 
 
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Cumpre destacar que, em nenhuma hipótese, será permitida a cassação de direitos 
políticos, conforme expressa previsão do art. 15 da CF/88. 
A perda dos direitos políticos ocorre em dois casos: 
• cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, tendo em vista que 
o indivíduo deixa de ostentar a nacionalidade brasileira (art. 15, inciso I, da CF). 
• perda da nacionalidade brasileira em virtude de aquisição de outra. Apesar de não 
expressa no art. 15 da CF/88, é possível concluir que esta também é uma forma de 
perda dos direitos políticos, uma vez que a nacionalidade é pressuposto para aquisição 
dos direitos políticos (art. 12, § 4º, II, CF/88). 
A suspensão dos direitos políticos ocorre em quatro casos: 
• incapacidade civil absoluta (art. 15, II, da CF/88), na forma dos arts. 1.767 e 1.768 do 
Código Civil; 
• condenação criminal transitada em julgado (art. 15, III, da CF/88). Perdura a 
suspensão enquanto durarem os efeitos da condenação; 
• recusa no cumprimento de obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (art. 15, 
II, da CF/88). Embora exista divergência doutrinária, majoritariamente esta hipótese é 
considerada como uma hipótese de suspensão dos direitos políticos, que cessará 
quando a pessoa decidir prestar o serviço alternativo. 
6. Lei das Eleições 
 
6.1 Período das Eleições 
A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97) prevê, em seu art. 1º, que, no primeiro domingo de 
outubro, ocorrerão as eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e 
Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado 
Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador. 
Em um dos certames, serão realizadas, simultaneamente, as eleições para Presidente e 
Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, 
Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital. 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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Dois anos após, haverá, simultaneamente, as eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e 
Vereador. 
Presidente da República, Governador e Prefeito de Município com mais de 200 mil 
eleitores serão eleitos pelo sistema majoritário absoluto, ou seja, deve ser atingida a maioria 
absoluta para ser eleito. Isso faz com seja possível ocorrer 2º turno (que ocorrerá no último 
domingo de outubro), caso nenhum candidato atinja a maioria absoluta no primeiro turno. 
Caso, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento 
legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação, sendo que, se 
remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o 
mais idoso (art. 2º, §§ 2º e 3º, da Lei 9.504/97). 
Senador e Prefeito de Município com menos de 200 mil eleitores serão eleitos pelo 
sistema majoritário simples, ou seja, para serem eleitos basta alcançar a maioria relativa. Desse 
modo, para esses cargos, não haverá segundo turno. 
Note-se que os votos em branco e nulo não são computados para que seja verificada a 
maioria (arts. 2º, caput, e 3º, caput, da Lei 9.504/97). 
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores serão 
eleitos pelo sistema proporcional, em um único turno de votação. Aqui utiliza-se, para verificar 
os eleitos, o quociente eleitoral e o quociente partidário (arts. 106 e 107 do Código Eleitoral). 
Somente poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes do pleito, 
tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral (art. 4º da Lei 9.504/97). 
 
6.2 Coligações Partidárias 
Partidos políticos são associações de caráter nacional que congregam cidadãos com 
ideologia similar. Esses partidos podem coligar-se entre si. 
E o que é uma coligação? É uma união temporária, apenas no período eleitoral, de dois 
ou mais partidos, com o propósito de escolherem, em conjunto, quem será candidato ao pleito. 
Essa coligação é possível somente em eleição majoritária, vedada nas eleições 
proporcionais, na forma do art. 17, § 1º, da CF/88: 
 
Art. 17, § 1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura 
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os 
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada 
a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus 
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. 
 
No mesmo sentido é o art. 6º da Lei 9.504/97, que diz: 
 
Art. 6º. É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar 
coligações para eleição majoritária. 
 
Não haverá obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual e municipal, conforme previsto no mesmo art. 17, § 1º, da CF/88. Ou seja, não há 
necessidade de verticalização das coligações partidárias. 
A coligação deve funcionar como um partido único, não podendo cada partido atuar de 
forma isolada no processo eleitoral, salvo quando questionar a validade da própria coligação (art. 
6º, § 4º, da Lei 9.504/97). 
Quanto à propaganda realizada pela coligação, duas regras importantes: 
• a coligação deve usar sob a sua denominação as legendas de todos os partidos (§ 2º 
do art. 6º da Lei 9.504/97); 
• a responsabilidade pelo pagamento de multa é do candidato em solidariedade com o 
partido, não alcançando os outros partidos da coligação (§ 5º do art. 6 da Lei 9.504/97). 
 
6.3 Convenções Partidárias 
Para alguém se candidatar a um cargo eletivo, deve estar filiado a algum partido político, 
já que não são admitidas candidaturas avulsas (art. 11, § 14, da Lei 9.504/97). Para que possa 
concorrer, essa filiação deve ocorrer seis meses antes do pleito. 
E para concorrer, deverá ter domicílio eleitoral na circunscrição (art. 9º da Lei 9.50/97). 
Exemplo: Prefeito, para concorrer ao cargo no Município X, deve ter domicílio eleitoral no 
Município X; Senador, para concorrer ao cargo pelo Estado-membro Y, deverá ter domicílio 
eleitoral no Estado-membro Y. 
Mas nem todos que querem, podem concorrer. Para que possam concorrer, tem que ser 
escolhidos em convenções partidárias. 
Convenção partidária é a reunião formada pelos filiados de partido político, cuja finalidade 
é eleger os que concorrerão ao pleito. Em outras palavras, convenção partidária é o órgão 
máximo de deliberação de cada partido político. 
 
1ª Fase | 38° Exame da OAB 
Direito Eleitoral 
 
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6.4 Registro das Candidaturas 
Uma vez realizada a convenção partidária e escolhidos os candidatos, deve ocorrer o 
registro das candidaturas perante a Justiça Eleitoral, para que, como isso, tal seja oficializado. 
O pedido de registro da candidatura é feito por partido ou coligação partidária mediante a 
apresentação da documentação exigida em lei (art. 11, caput e § 1º, da Lei 9.504/97). Caso o 
partido ou a coligação não o fizerem, o próprio candidato poderá fazer o pedido de registro da 
sua candidatura (art. 11, § 4º, da Lei 9.504/97). 
O pedido do registro pelos partidos e pelas coligações devem ocorrer até as dezenove 
horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições (art. 11, caput, da Lei 
9.504/97). Caso não seja feito, o candidato terá o prazo de 48 horas após a publicação da lista 
dos candidatos pela Justiça eleitoral para fazê-lo (art. 11, § 4º, da Lei 9.504/97). 
Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara 
Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 100% do 
número de lugares a preencher mais 1 (art. 10 da Lei 9.504/97). 
Com o fim de trazer isonomia entre homens e mulheres

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