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CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK Organizadores José Carlos Pereira Camillo Anauate-Netto Silvia Alencar Gonçalves DENTÍSTICA Uma abordagem multidisciplinar Pereira | A n au ate-N etto | G on çalves Orgs. D EN T ÍST IC A U m a ab ord agem m u ltid iscip lin ar DENTÍSTICA www.grupoa.com.br DENTÍSTICA Uma abordagem multidisciplinar Organizadores José Carlos Pereira Camillo Anauate-Netto Silvia Alencar Gonçalves Dentística: uma abordagem multidisciplinar reúne, em uma única fonte, a abordagem dos temas tradicionais e inovadores sobre a Dentística e tam- bém a discussão iminente de que essa prática odontológica integra um conjunto de conhecimentos técnicos e científi cos essenciais para a realiza- ção do tratamento restaurador. Para essa análise substancial, os organizadores contaram com a partici- pação de professores e pesquisadores renomados, além de clínicos ex- perientes, que produziram uma obra didática, ilustrada e extremamente acessível. Destaca-se também a inclusão de dois tópicos pouco explorados em livros da área: a inter-relação da Dentística com a Periodontia e o tra- tamento ortodôntico como coadjuvante do tratamento restaurador. Esta rica compilação de estudos clínicos e debate dos métodos restaura- dores pautados na multidisciplinaridade é referência indispensável para estudantes de Odontologia, professores e profi ssionais em seu dia a dia. 50822_Dentistica.indd 150822_Dentistica.indd 1 08/outubro/13 13:4008/outubro/13 13:40 D414 Dentística [recurso eletrônico] : uma abordagem multidiscipli - nar / José Carlos Pereira, Camillo Anauate-Netto, Silvia Alencar Gonçalves. – Dados eletrônicos. – São Paulo: Artes Médicas, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-367-0224-7 1. Odontologia. 2. Dentística restauradora. I. Pereira, José Carlos. II. Anauate-Netto, Camillo. III. Gonçalves, Silvia Alencar. CDU 616.314 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 Iniciais_ed_eletrônica.indd 2 05/11/2013 17:37:05 2014 Versão impressa desta obra: 2014 © Editora Artes Médicas Ltda., 2014 Gerente editorial: Letícia Bispo de Lima Colaboraram nesta edição Coordenadora editorial: Viviane R. Nepomuceno Capa: MSDE/Manu Santos Design Foto de capa: iStockphoto Projeto gráfico e editoração: Know-How Editorial Ilustrações: Vagner Coelho (p. 32, 44, 47, 49, 87, 215-217, 221-222, 236-237, 242, 274-275, 286-288) Preparação de originais e leitura final: Know-How Editorial Nota: Assim como a medicina, a odontologia é uma ciência em constante evolução. À medida que novas pes quisas e a própria experiência clínica ampliam o nosso conhecimento, são necessárias mo dificações na terapêutica, onde também se in- sere o uso de medicamentos. Os organizadores desta obra consul taram as fontes consideradas confiáveis, em um esforço para oferecer informações completas e, ge- ralmente, de acordo com os padrões aceitos à época da publicação. Entretanto, ten- do em vista a possibilidade de falha humana ou de alterações nas ciências médicas, os leitores devem confirmar estas informações com outras fon tes. Por exemplo, e em particular, os leitores são aconselhados a conferir a bula completa de qualquer medicamento que pretendam administrar, para se certificar de que a informação contida neste livro está correta e de que não houve alteração na dose recomendada nem nas precauções e contraindicações para o seu uso. Esta recomendação é par- ticularmente importante em relação a medicamentos introduzidos recentemente no mercado farmacêutico ou raramente utilizados. Reservados todos os direitos de publicação à EDITORA ARTES MÉDICAS LTDA., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A. Editora Artes Médicas Ltda. Rua Dr. Cesário Mota Jr., 63 – Vila Buarque CEP 01221-020 – São Paulo – SP Tel.: 11.3221.9033 – Fax: 11.3223.6635 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. Unidade São Paulo Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 – Pavilhão 5 – Cond. Espace Center Vila Anastácio – 05095-035 – São Paulo – SP Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 – www.grupoa.com.br IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Iniciais_ed_eletrônica.indd 4 05/11/2013 17:37:05 autores JOSÉ CARLOS PEREIRA Professor titular do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (FOB/USP). Mestre e Doutor em Reabilitação Oral pela FOB/USP. Pós-Doutor em Biologia do Complexo Den- tinopulpar pela University of Florida, Estados Unidos. CAMILLO ANAUATE-NETTO Cirurgião-dentista. Professor da disciplina de Dentística da Universidade Bandeirante Anhanguera (Uniban). Coordenador do Mestrado Profissional em Biomateriais em Odon- tologia e vice-coordenador do Programa de Biotecnologia e Inovação em Saúde da Uniban. Especialista em Dentística Restauradora pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP). Especialista em Ensino Odontológico pela Universidade de Mogi das Cru- zes (UMC). Mestre e Doutor em Dentística pela Faculdade de Odontologia da Universida- de de São Paulo (FOUSP). SILVIA ALENCAR GONÇALVES Odontóloga. Professora da disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia da Uni- versidade Federal do Rio de Janeiro (FOUFRJ). Especialista em Dentística pela UFRJ. Mes- tre em Clínica Odontológica: Dentística pela Universidade de Taubaté (Unitau). Doutora em Dentística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Alessandro D. Loguercio Professor adjunto da disciplina de Dentística Restauradora da UEPG. Pesquisador do CNPq (1B). Especialista e Mestre em Dentística Restauradora pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Doutor em Materais Dentários pela FOUSP. Ana Cecilia Correa Aranha Professora Doutora do Departamento de Dentística da FOUSP. Corresponsável pelo Laboratório Especial de La- ser em Odontologia (LELO-FOUSP). Ana Paula Dias Ribeiro Cirurgiã-dentista. Professora adjunta do Departamento de Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB). Mestre e Doutora em Re- abilitação Oral pela Faculdade de Odontologia da Uni- versidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Araraquara/ SP) (FOAr/Unesp). Ana Regina Cervantes Dias Professora de Dentística da Unigranrio. Especialista em Den- tística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janei- ro (PUC/RJ). Mestre e Doutora em Dentística pela UERJ. Alejandra Hortencia Miranda González Professora e pesquisadora do Curso de Graduação em Odontologia e do Programa de Pós-Graduação do Mes- trado Profissional em Biomateriais em Odontologia da Uniban. Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia no Mestrado e Doutorado acadêmicos da Uniban. Mestre e Doutora em Química pelo Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) (Araraquara/SP). Pós-Doutora junto ao Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimen- to de Materiais Cerâmicos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Alessandra Pereira de Andrade Cirurgiã-dentista. Mestre, Doutora e Pós-Doutora em Dentística pela FOUSP. Alessandra Reis Professora adjunta dos Cursos de Graduação e Pós-Gra- duação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Pesquisadora do CNPq (1C). Doutora em Mate- riais Dentários pela FOUSP. Iniciais_ed_eletrônica.indd 5 05/11/2013 17:37:05 VI o Autores André Guaraci De Vito Moraes Professor da disciplina de Materiais Dentários na Universi- dade Nove de Julho (Uninove). Professor do curso de Atua- lização em Dentística da Escola de Aperfeiçoamento da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (EAP-APCD). Doutor e Mestre em Materiais Dentários pela FOUSP. André Luiz Fraga Briso Cirurgião-dentista. Professor adjunto da disciplina deDentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Unesp. Doutor e Mestre em Clínica Odontológica: Den- tística pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP/Unicamp). Andréa Anido-Anido Cirurgiã-dentista. Professora Doutora dos Cursos de Odontologia e do Mestrado Profissional em Biomateriais na área de Biomateriais em Odontologia da Uniban. Es- pecialista em Dentística pela UMC. Mestre e Doutora em Odontologia Restauradora pela Unesp. Angela Mayumi Shimaoka Cirurgiã-dentista. Mestre, Doutora e Pós-Doutora em Dentística pela FOUSP. Antonio S. Sakamoto Junior Cirurgião-dentista. Especialista em Dentística Restaura- dora pelo CETAO/SP. Mestre e Doutorando em Dentísti- ca Restauradora da UEPG. Bella Luna Colombini Ishikiriama Cirurgiã-dentista. Professora auxiliar I da Universidade do Sagrado Coração (USC). Especialista em Periodontia pela Sociedade de Promoção Social do Fissurado Labio- palatal do Hospital de Reabilitação de Anomalias Cra- niofaciais da USP (Profis/HRAC-USP). Doutora em Bio- logia Oral pela FOB/USP. Bianca M. Vimercati Cirurgiã-dentista. Professora dos Cursos de Atualização em Odontologia Estética e Especialização em Dentística da Associação Brasileira de Odontologia do Espírito San- to (ABO/ES). Professora de Dentística na ESFA. Especia- lista em Dentística Restauradora pela Universidade Fede- ral do Espírito Santo (UFES). Mestre e Doutora em Odontologia: Dentística pela UERJ. Carlos Alberto de Souza Costa Professor titular do Departamento de Fisiologia e Patolo- gia da FOAr/Unesp. Pesquisador do CNPq. Mestre e Doutor em Patologia Bucodental pela FOP/Unicamp. Pós-Doutor pela University of Michigan, Estados Unidos. Carlos de Paula Eduardo Professor titular do Departamento de Dentística da FOUSP. Coordenador do LELO-FOUSP. Carlos F. Santos Professor titular da disciplina de Farmacologia da FOB/ USP. Mestre e Doutor em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP). Livre-docente em Farmacologia da FOB/USP. Cristian Higashi Cirurgião-dentista. Professor colaborador das disciplinas de Escultura Dental e Clínica Integrada da UEPG. Mes- tre e Doutor em Dentística Restauradora pela UEPG. Doutorado Sanduíche na Faculdade de Medicina Dentá- ria da Universidade do Porto (FMDUP), Portugal. Cristina de Mattos Pimenta Vidal Cirurgiã-dentista. Mestre em Odontologia: Dentística pela FOAr/Unesp. Doutora em Materiais Dentários pela FOP/Unicamp. Denise Fonseca Côrtes Cirurgiã-dentista. Professora adjunta na Universidade Fe- deral de Juiz de Fora (UFJF). Especialista em Dentística pela Profis de Bauru. Especialista em Prótese Dental pela UFRJ. Mestre e Doutora em Dentística pela FOB/USP. Diana Gabriela Soares Dentista. Pesquisadora do Laboratório de Patologia Ex- perimental e Biomateriais da FOAr/Unesp. Especialista, Mestre e Doutoranda em Reabilitação Oral: Prótese Den- tal da FOAr/Unesp. Eduardo Batista Franco Professor titular do Departamento de Dentística: Mate- riais Odontológicos da FOB/USP. Mestre e Doutor em Dentística pela FOB/USP. Fábio Dupart Nascimento Professor do Programa de Pós-Graduação em Biomate- riais em Odontologia da Uniban. Doutor em Biologia Mo- lecular pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Felipe Augusto Villa Verde Cirurgião-dentista. Especialista em Dentística Restaura- dora pela EAP-ABO (Ponta Grossa/PR). Mestre em Den- tística Restauradora pela UEPG. Flávio Augusto Cardoso de Faria Cirurgião-dentista. Professor associado de Farmacologia da FOB/USP. Mestre e Doutor em Ciências (Farmacologia) pela FMRP/USP. Livre-docente em Farmacologia da USP. Galdino Iague Neto Cirurgião-dentista. Professor de Ortodontia da UMC e da Universidade Braz Cubas (UBC). Pesquisador do Pro- grama de Pós-Graduação em Ortodontia da Uniararas. Mestre em Ortodontia pela FOB/USP. Doutor em Orto- dontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/Unesp). Iniciais_ed_eletrônica.indd 6 05/11/2013 17:37:05 Autores o VII Giovana Mongruel Gomes Cirurgiã-dentista. Professora do Departamento de Odontologia da UEPG. Mestre e Doutoranda em Dentís- tica Restauradora da UEPG. Hugo Roberto Lewgoy Cirurgião-dentista. Professor titular de Biomateriais e Clínica Integrada de Atenção Básica, do Mestrado Profis- sional em Biomateriais em Odontologia e do Mestrado e Doutorado acadêmicos em Biotecnologia da Uniban. Es- pecialista, Mestre e Doutor em Dentística pela FOUSP. Issis V. Luque Martinez Odontóloga pela Universidad Central de Venezuela. Mes- tre e Doutoranda em Odontologia da UEPG. João Batista de Souza Professor associado da Universidade Federal de Goiás (UFG). Mestre e Doutor em Odontologia pela FOB/USP. João Carlos Gomes Professor associado do Departamento de Odontologia da UEPG. Mestre e Doutor em Dentística Restauradora pela FOAr/Unesp. José Antônio Mesquita Damé Cirurgião-dentista. Professor associado da UFPel. Mes- tre e Doutor em Periodontia pela FOB/USP. Josimeri Hebling Professor adjunto da disciplina de Odontopediatria do Departamento de Clínica Infantil da FOAr/Unesp. Pes- quisador do CNPq. Mestre e Doutor em Ciências Odon- tológicas pela FOAr/Unesp. Pós-Doutor pela University of Michigan, Estados Unidos. Karen Muller Ramalho Cirurgiã-dentista. Mestre em Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Doutora em Ciências Odon- tológicas pela FOUSP. Katia Regina H. Cervantes Dias Cirurgiã-dentista. Professora associada da Faculdade de Odontologia da FOUFRJ. Professora titular da Faculdade de Odontologia da UERJ (FOUERJ). Especialista em Dentística pela FOUERJ. Mestre e Doutora em Clínica Odontológica pela FOUSP. Pós-Doutora pela Boston University, Estados Unidos. Lawrence Gonzaga Lopes Professor adjunto da UFG. Mestre e Doutor em Dentísti- ca pela FOB/USP. Linda Wang Professora associada do Departamento de Dentística, En- dodontia e Materiais Odontológicos da FOB/USP. Mestre e Doutora em Odontologia: Dentística pela FOB/USP. Luana Severo Alves Cirurgiã-dentista. Técnica-administrativa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre e Doutora em Odontologia/Clí- nica Odontológica: Cariologia/Dentística pela UFRGS. Luciana Fávaro Francisconi Cirurgiã-dentista. Especialista em Dentística pela FOB/ USP. Mestre e Doutora em Odontologia/Ciências Odon- tológicas Aplicadas: Dentística pela FOB/USP. Marcela Pagani Calabria Cirurgiã-dentista. Professora de Saúde Coletiva da Pós- -Graduação da USC. Professora da disciplina de Dentística da USC. Especialista em Dentística pela Fundação Bau- ruense de Estudos Odontológicos (FUNBEO) da FOB/ USP. Mestre e Doutora em Dentística pela FOB/USP. Marcela Rocha de Oliveira Carrilho Cirurgiã-dentista. Professora titular da Uniban. Profes- sora visitante da University of Western Ontario, Estados Unidos. Doutora em Materiais Dentários pela USP. Pós- -Doutora pela FOP/Unicamp e pela Medical College of Georgia, Estados Unidos. Marcelo Massaroni Peçanha Cirurgião-dentista. Professor do Curso de Odontologia da Universidade de Vila Velha (UVV). Especialista em Prótese Dentária pela UFES. Mestre em Clínica Odonto- lógica pela UFES. Marcio Vivan Cardoso Cirurgião-dentista. Especialista em Dentística Restaura- dora pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Mes- tre e Doutor em Dentística Restauradora pela FOUSP. Pós-doutor pela Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica. Marco Antônio Masioli Professor associado da UFES. Mestre em Dentística pela UERJ. Doutor em Clínica Odontológica pela UERJ. Marcos Barceleiro Professor adjunto III e coordenador do Curso de Pós- -Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontolo- gia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Nova Friburgo. Especialista em Dentística Restauradora pela UERJ. Mestre em Dentística pela Universidade de Tauba- té (Unitau). Doutor em Dentística pela UERJ. Maria Teresa Atta Cirurgiã-dentista. Professora associada III do Departamen- to de Dentística,Endodontia e Materiais Odontológicos da FOB/USP. Mestre e Doutora em Dentística pela FOB/USP. Marina Stella Bello-Silva Colaboradora do LELO-FOUSP. Doutora pelo Departa- mento de Dentística da FOUSP e pela RWTH Aachen University, Alemanha. Iniciais_ed_eletrônica.indd 7 05/11/2013 17:37:06 VIII o Autores Marisa Maltz Cirurgiã-dentista. Professora titular do Departamento de Odontologia Preventiva e Social da UFRGS. Mestre em Odontologia Preventiva e Social pela UFRGS. Doutora em Odontologia pela University of Gothenburg, Suécia. Milko Villarroel Professor adjunto de Dentística da Universidad de Valpara- íso, Chile. Licenciado em Odontologia pela Universidad de Valparaíso, Chile. Mestre em Clínica Integrada pela UEPG. Doutor em Dentística Restauradora pela FOAr/Unesp. Mitsue Fujimaki Cirurgiã-dentista. Professora adjunta do Curso de Odon- tologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Es- pecialista em Odontologia em Saúde Coletiva pela FOB/ USP. Mestre em Biologia e Patologia Bucodental pela FOP/ Unicamp. Doutora em Cariologia pela FOP/Unicamp. Osnara Maria Mongruel Gomes Professora associada do Departamento de Odontologia da UEPG. Coordenadora do Programa de Pós-Gradua- ção stricto sensu – Mestrado e Doutorado em Odontolo- gia da UEPG. Especialista, Mestre e Doutora em Dentís- tica Restauradora pela FOAr/Unesp. Patricia Moreira de Freitas Professora Doutora do Departamento de Dentística da FOUSP. Vice-coordenadora do LELO-FOUSP. Especia- lista e Mestre em Dentística pela FOP/Unicamp. Doutora em Dentística pela FOUSP. Paulo Henrique Perlatti D’Alpino Professor do Curso de Odontologia e do Mestrado Profis- sional em Biomateriais em Odontologia da Uniban. Mes- tre e Doutor em Dentística pela FOB/USP. Pós-Doutor em Física Aplicada: Ciências dos Materiais pela Unesp. Polliana Scaffa Cirurgiã-dentista. Especialista em Dentística pela Faculda- de de Odontologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Faodo-UFMS). Mestre em Dentística pela FOB/USP. Doutora em Materiais Dentários pela FOP/Unicamp. Raquel Sano Suga Terada Professora associada do Curso de Odontologia da UEM. Especialista em Saúde Coletiva pela Pontifícia Universi- dade Católica do Paraná (PUC/PR). Mestre e Doutora em Dentística pela FOB/USP. Renata C. Pascotto Cirurgiã-dentista. Professora associada da disciplina de Dentística do Curso de Odontologia da UEM. Mestre e Doutora em Dentística pela FOB/USP. Ricardo Amore Cirurgião-dentista. Professor do Mestrado Profissional em Biomateriais em Odontologia da Uniban. Mestre e Doutor em Dentística pela Unesp. Roberta Caroline Bruschi Alonso Cirurgiã-dentista. Professora Doutora do Mestrado Pro- fissional em Biomateriais em Odontologia da Uniban. Mestre, Doutora e Pós-Doutora em Materiais Dentários pela FOP/Unicamp. Rodrigo Carlos Nahas de Castro Pinto Professor dos Cursos de Atualização e Especialização em Periodontia da ESO, São Paulo. Professor dos Cursos de Atualização e Especialização em Periodontia da ABO, Santos. Especialista em Periodontia pela Profis, Bauru. Mestre em Periodontia pela FOUSP. Doutorando em Pe- riodontia da FOUSP. Rubens Côrte Real de Carvalho Professor titular do Departamento de Dentística da FOUSP. Mestre e Doutor em Dentística pela FOUSP. Samuel Jorge Moysés Cirurgião-dentista. Professor titular da PUC/PR. Profes- sor adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor em Epidemiologia e Saúde Pública pela Universi- ty of London, Reino Unido. Sérgio Kiyoshi Ishikiriama Cirurgião-dentista. Professor Doutor do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Odontológicos da FOB/USP. Mestre em Periodontia pela FOB/USP. Doutor em Dentística Restauradora pela FOB/USP. Vera Mendes Soviero Cirurgiã-dentista. Professora adjunta da disciplina de Odontopediatria da UERJ. Especialista, Mestre e Douto- ra em Odontopediatria pela UFRJ. Vinicius Di Hipólito Cirurgião-dentista. Professor titular dos Cursos de Gra- duação em Odontologia e do Mestrado Profissional em Biomateriais em Odontologia da Uniban. Mestre e Dou- tor em Materiais Dentários pela FOP/Unicamp. Viviane Hass Mestre e Doutoranda em Dentística Restauradora da UEPG. Wagner Baseggio Cirurgião-dentista. Professor titular na Universidade Pa- ranaense (Unipar). Mestre e Doutor em Dentística pela FOB/USP. Yasmine Mendes Pupo Professora adjunta do Curso de Graduação em Odontolo- gia e da Especialização Integrada em Prótese e Dentística da Universidade Tuiuti (UTP). Mestre e Doutora em Odontologia: Dentística Restauradora e linha de pesquisa de Propriedades Físico-químicas e Biológicas de Mate- riais pela UEPG. Iniciais_ed_eletrônica.indd 8 05/11/2013 17:37:06 apresentação O Grupo Brasileiro de Professores de Dentística (GBPD) sempre se pautou por ser uma associação que congrega um conjunto diferenciado de pessoas mobiliza- das pelo ideal comum de pesquisar e ensinar, a alunos e profissionais, as técnicas mais modernas e eficientes de prevenção da cárie dental e outras lesões que podem aco- meter os dentes, além de técnicas restauradoras nos casos em que os elementos dentários já se encontram afetados. Em seus 40 anos de existência, o GBPD marcou posi- tivamente seus associados com ações que contribuíram para a manutenção do elevado nível de todos os seus membros, ao promover, principalmente, reuniões cientí- ficas bienais, nas quais eram ministrados cursos de atua- lização com renomados professores do país e do exterior, bem como simpósios, conferências e painéis que envolve- ram também a expertise de seus sócios. Nos primórdios do grupo, quando seus membros docentes vivenciavam grande dificuldade para preparação de material didático, o GBPD organizou, com o auxílio de colegas de diversas regiões do país, uma coleção de diapositivos doada como recurso de apoio pedagógico para todas as instituições de Odontologia do Brasil e disponibilizada para seus asso- ciados a preço de custo. Uma característica marcante do GBPD é que todos os seus membros contribuem e usufruem. Não há um grupo dominante, que impede o crescimento dos demais cole- gas. Ao contrário, a fraternidade é sua marca típica. Com o passar do tempo, outras formas de manutenção da dinâmica do conhecimento vivo foram colocadas para os membros desse grupo, com a edição de livros e da revis- ta do GBPD, somada aos encontros bienais. Neste século XXI, o enorme volume de informação exigiu um trabalho de sistematização para que as inova- ções fossem criteriosamente tratadas e traduzidas em co- nhecimento útil. O compartilhamento desse conhecimen- to, tradicionalmente fragmentado, já não atendia às necessidades dos estudantes e profissionais, que demanda- vam explicações mais completas sobre o universo abrangi- do pelas diferentes disciplinas e suas temáticas. Atenta a essa nova realidade, a direção do GBPD teve a iniciativa empreendedora de idealizar um novo livro que abordasse os conteúdos da Dentística de maneira holística, com uma visão multidisciplinar. Para compor o livro Dentística: uma abordagem multi- disciplinar, foram convidados docentes/pesquisadores de renomada competência, atuantes em instituições priva- das, públicas, federais, estaduais, e com publicações no país e no exterior. Os autores dos diversos capítulos deste livro abordam temas tradicionais de Dentística de maneira inovadora, como a introdução da Biologia Molecular nessa especialida- de, orientações seguras para a prática terapêutica em Den- tística, princípios físicos da fotopolimerização e suas aplica- ções clínicas e a utilização do laser e do LED. Outros temas, igualmente importantes para uma prática diferenciada e que ainda não têm recebido muita atenção em livros-texto, são a inter-relação da Dentística com a Periodontia e o trata- mento ortodôntico como coadjuvante do tratamento restau- rador, abordados de maneira clara e didática neste livro. Os capítulos que tratam da fisiologia e resposta às injú- rias do complexo dentino-pulpar e dos tratamentos con-servadores da vitalidade pulpar se completam de maneira primorosa. Do mesmo modo, aqueles que abordam o exa- me clínico, o diagnóstico e o plano de tratamento restaura- dor e as manifestações clínicas da cárie dental (diagnóstico e tratamento da dentina cariada) são perfeitamente articu- lados e de fácil compreensão. Outros assuntos com os quais os profissionais e os pro- fessores estão mais habituados, como preparo cavitário para restaurações diretas, instrumentação cavitária para restaurações indiretas, interação dos sistemas restaurado- res adesivos com o esmalte e a dentina, cimentação adesiva, restauração de lesões dentárias não cariosas e de dentes vi- tais e tratados endodonticamente, são apresentados com novo enfoque, atraindo a atenção do leitor e contribuindo para uma prática odontológica de alto nível, traduzida em grande satisfação pessoal para quem a exerce e melhor qualidade de vida para os pacientes. Como fundadora do GBPD, eu me senti extremamen- te honrada pelo convite para apresentar este livro. Cumprimento o professor José Carlos Pereira, atual presidente do GBPD e diretor da Faculdade de Odontolo- gia de Bauru (FOB), da Universidade de São Paulo, pela feliz iniciativa de organizar este livro e marcar sua passa- gem pela coordenação do grupo com esta contribuição que beneficiará especialistas, alunos, professores, clínicos gerais e a comunidade assistida com conhecimentos avançados e mais sólidos da profissão. Maria Fidela de Lima Navarro Ex-presidente do GBPD, ex-diretora da FOB, ex-secretária-geral da USP e ex-presidente da International Association for Dental Research Iniciais_ed_eletrônica.indd 9 05/11/2013 17:37:06 prefácio É possível notar que alguns procedimentos odontoló- gicos restauradores, sobretudo os que abordam os aspec- tos estéticos da boca e da face, passaram a ter destaque especial, tornando-se, na visão de muitos, mais impor- tantes ou interessantes do que a prática restauradora para a recuperação da saúde dental e bucal. É como se a beleza do sorriso, mais do que a função mastigatória em seus princípios fisiológicos, passasse a ser o determinante da saúde geral. Sem qualquer depreciação da importância da estética na expressão comportamental dos indivíduos, não se deve esperar que o conteúdo seja maior que o con- tinente, isto é, que a Odontologia restauradora estética, um dos conteúdos do ensino e da prática dos procedi- mentos clínicos restauradores, sobreponha-se à discipli- na de Dentística – nesse caso, o continente. Assim, no ano em que comemora quatro décadas de existência, o Grupo Brasileiro de Professores de Dentística (GBPD) lança um novo livro. Não se trata aqui de apenas mais um livro. Mas de um texto que ratifica a posição da Dentística como a especialidade que lidera e conduz o en- sino e o domínio do espectro das práticas preservadoras e restauradoras das estruturas dentais, integrada a outras especialidades e alicerçada nos conhecimentos científicos e técnicos. A publicação de Dentística: uma abordagem multidisciplinar tem esse foco e, com isso, atende a um dos compromissos do GBPD, lavrado em seu estatuto: promo- ver o aprimoramento e a integração dos programas de ensi- no de Dentística com as disciplinas afins. Ainda assim, este não é um livro corporativo, embora traga consigo a identidade do GBPD. Como todo o livro- -texto persegue, desde o início de sua idealização, o obje- tivo aqui é identificar a Dentística como especialidade que vai além da prática. Isso explica o delineamento de seu conteúdo, que contempla um elenco de tópicos que permitirá ao leitor ter em mente o complexo de conheci- mentos científicos e técnicos necessários para a realiza- ção do tratamento restaurador, no cenário do sistema es- tomatognático. Pela natureza de seu conteúdo e por sua apresentação, configura-se como um texto que servirá tão bem ao pro- fessor e ao clínico experiente como ao estudante de Odontologia que dá os primeiros passos para a compreen- são dos segredos da prática restauradora dental. Será, com certeza, um instrumento didático importante para auxiliar no ensino da Dentística e das especialidades que a ela se integram. Certamente, este livro não existiria sem a colaboração pronta e desinteressada de todos os autores que dele par- ticipam. São professores e pesquisadores que têm dedica- do seu tempo a detectar e compreender os fenômenos que ocorrem nas estruturas bucais, de modo geral, e dos den- tes, em particular; cientistas que propõem soluções para os problemas da saúde bucal; clínicos experientes que praticam e aprimoram as técnicas restauradoras. A eles nossos agradecimentos sinceros pela dedicação à feitura deste livro e nossa profunda admiração pelo trabalho que realizam. Resta dizer que a materialização deste livro foi possí- vel graças à eficiência, à conduta profissional e, por que não dizer, à paciência da Editora Artes Médicas, parceira nesta publicação, bem como em outros livros do GBPD. Ao oferecer este livro aos seus associados e à comuni- dade odontológica em geral, o Grupo Brasileiro de Pro- fessores de Dentística está ciente de que a diversidade e a natureza mutante do pensamento são ferramentas essen- ciais para o ensino e a motivação permanente ao desen- volvimento científico. Assim como a obediência aos dog- mas não faz o crente, também um homem não se faz artista só por seguir servilmente os códigos de uma arte (Rabindranath Tagore). Nesse particular, ciência e arte se integram neste texto e acabam por demonstrar o caráter privilegiado da profissão odontológica. José Carlos Pereira Camillo Anauate-Netto Silvia Alencar Gonçalves Iniciais_ed_eletrônica.indd 11 05/11/2013 17:37:06 sumário 1 COMPLEXO DENTINO-PULPAR: fisiologia e resposta às injúrias 1 Diana Gabriela Soares o Ana Paula Dias Ribeiro o André Luiz Fraga Briso o Josimeri Hebling o Carlos Alberto de Souza Costa Introdução 1 Complexo dentino-pulpar 1 Odontogênese 1 Dentina 3 Polpa dental 4 Resposta do complexo dentino-pulpar aos agentes irritantes 4 Repercussão dos procedimentos clínicos no complexo dentino-pulpar 7 Preparo cavitário 8 Turbina de alta velocidade 8 Método químico/mecânico 9 Laser de Er:YAG 9 Procedimentos restauradores 10 Capeamento pulpar indireto 11 Hidróxido de cálcio 11 Sistemas adesivos 12 Cimento de ionômero de vidro 14 Capeamento pulpar direto 15 Agentes cimentantes 18 Clareamento dental 19 Considerações finais 20 Referências 20 2 A BIOLOGIA MOLECULAR APLICADA À DENTÍSTICA 25 Marcela Rocha de Oliveira Carrilho o Cristina de Mattos Pimenta Vidal o Polliana Scaffa o André Guaraci De Vito Moraes o Fábio Dupart Nascimento Introdução 25 O papel das proteases endógenas na progressão das lesões de cárie 25 Contribuição da Biologia Molecular na proposição de um novo modelo para explicar a progressão das lesões de cárie 25 O papel das proteases endógenas na integridade das restaurações dentais 34 Contribuição da Biologia Molecular na proposição de terapêuticas de controle da degradação das restaurações adesivas 34 Considerações finais 37 3 TRATAMENTOS CONSERVADORES DA POLPA DENTÁRIA 43 Linda Wang o Marcela Pagani Calabria o Luciana Fávaro Francisconi o Maria Teresa Atta o José Carlos Pereira Introdução 43 Complexo dentino-pulpar 43 Diagnóstico da cárie 48 Diagnóstico clínico da condição pulpar 49 Testes subjetivos 49 Anamnese e exame clínico 49 Testes objetivos 49 Testes clínicos de confirmação de diagnóstico 52 Materiais para os tratamentos conservadores da polpa 52 Hidróxido de cálcio 54 Agregado de trióxido mineral (MTA) 56 Sistemas adesivos 57 Procedimentos conservadores da vitalidade pulpar 59 Tratamento expectante ou terapia pulpar indireta 60 Terapia pulpar indireta: 1ª sessão 60 Terapia pulpar indireta: 2ª sessão 62 Tratamentos da polpa exposta ao meio bucal 62 Proteção pulpar direta 64 Proteção pulpar direta: 1a sessão 64 1. Isolamento absoluto 64 2.Remoção completa do tecido cariado e conclusão do preparo cavitário 64 3. Hemostasia e limpeza com água de hidróxido de cálcio 64 Iniciais_ed_eletrônica.indd 13 05/11/2013 17:37:06 XIV o Sumário 4. Capeamento pulpar propriamente dito 64 5. Procedimento restaurador 65 Proteção pulpar direta: 2a sessão 65 1. Anamnese e exames clínico e radiográfico 65 2. Inspeção da área da exposição 65 Curetagem pulpar 66 Curetagem pulpar: sequência operatória 66 Considerações finais 68 Referências 69 4 CÁRIE: diagnóstico e planejamento preventivo e restaurador 73 Renata C. Pascotto o Raquel Sano Suga Terada o Mitsue Fujimaki o Samuel Jorge Moysés Introdução 73 Considerações gerais 73 Etiologia da cárie 74 Abordagem biológica ou individual 74 Abordagem socioecológica 74 Métodos de diagnóstico da cárie 75 Método de diagnóstico clínico individual 77 Diagnóstico de lesões de cárie proximais 80 Diagnóstico de lesões de cárie oclusais 82 Método de diagnóstico comunitário 82 Planejamento preventivo e restaurador 83 Planejamento clínico individual 83 Planejamento das ações coletivas 86 Diferença entre o planejamento individual e coletivo 86 Gestão em saúde bucal como ferramenta básica para o planejamento coletivo 87 Papel da promoção da saúde 88 Construção das redes de atenção à saúde 88 Métodos coletivos de prevenção da cárie 88 Fluoretação das águas de abastecimento 88 Escovação dental supervisionada com dentifrícios fluoretados 88 Restaurações ART como estratégia de promoção de saúde bucal 89 Enxaguatórios (bochechos) bucais 90 Educação em saúde bucal 90 Monitoramento e avaliação da atenção 90 Formação dos profissionais para uma visão ampliada sobre saúde geral e bucal 91 Clínica ampliada como modelo de organização 91 Considerações finais 91 Referências 92 5 O MANEJO DA DOR NA DENTÍSTICA RESTAURADORA 95 Flávio Augusto Cardoso de Faria o Bella Luna Colombini Ishikiriama o Carlos F. Santos Introdução 95 Por que o controle da dor é importante na Dentística restauradora? 95 Controle transoperatório da dor: anestésicos locais 97 Mecanismo de ação 98 Duração da anestesia 100 Influência do pH 100 Sensibilidade diferencial das fibras nervosas 101 Associação de vasoconstritores 101 Reações adversas dos anestésicos locais 105 Doses máximas recomendadas 106 Uso de anestésicos locais na gravidez e lactação 106 Controle pós-operatório da dor: AINEs e opioides 107 Considerações finais 112 Referências 113 6 REMOÇÃO PARCIAL DA DENTINA CARIADA: Odontologia atual baseada em evidências 115 Denise Fonseca Côrtes o Luana Severo Alves o Marisa Maltz o Vera Mendes Soviero Introdução 115 Diagnóstico de cárie, detecção de lesões cariosas e decisão de tratamento 115 Métodos de identificação e remoção do tecido cariado 116 Adesão dentinária e remoção parcial de tecido cariado 119 Evidências científicas sobre a remoção de tecido cariado 119 Tratamento expectante 120 Capeamento pulpar indireto com dentina cariada subjacente 120 Remoção parcial de dentina cariada em lesões profundas de cárie em dentes permanentes 120 Selamento de lesões cariosas sem remoção prévia de tecido cariado 122 Tratamento restaurador atraumático 122 Evidências clínicas 122 Evidências microbiológicas 122 Iniciais_ed_eletrônica.indd 14 05/11/2013 17:37:06 Sumário o XV Evidências radiográficas 123 Evidências laboratoriais 124 Considerações finais 124 Referências 125 7 PREPARO CAVITÁRIO PARA RESTAURAÇÕES DIRETAS: novas perspectivas 129 Ricardo Amore o Camillo Anauate-Netto o Hugo Roberto Lewgoy o Andréa Anido-Anido o Roberta Caroline Bruschi Alonso o Marcela Rocha de Oliveira Carrilho oFábio Dupart Nascimento o Paulo Henrique Perlatti D’Alpino o Vinicius Di Hipólito o Alejandra Hortencia Miranda González Introdução 129 Principais requisitos dos preparos cavitários 131 Adequação cavitária para restaurações minimamente invasivas 131 Caso clínico 134 Caso clínico de cavidade tipo túnel 136 Preparos cavitários com largura maior que um quarto da distância intercuspídica 136 Preparo cavitário para amálgama 136 Configuração da caixa proximal em preparos de classe II para amálgama 139 Preparo cavitário para resina composta 140 Considerações finais 146 Referências 147 8 PREPARO CAVITÁRIO PARA RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS INDIRETAS 149 Marco Antônio Masioli o Marcelo Massaroni Peçanha o Bianca M. Vimercati o Milko Villarroel Introdução 149 Princípios biológicos e mecânicos 150 Princípios biológicos 150 Conservação da estrutura dental 150 Preservação da saúde pulpar 150 Conservação e manutenção da saúde dos tecidos adjacentes 150 Princípios mecânicos 150 Retenção e estabilidade 150 Altura e forma do preparo 151 Características da cimentação 151 Considerações sobre preparo cavitário para restaurações estéticas indiretas 152 Cerâmicas pobres em sílica 152 Cerâmicas ricas em sílica 152 Características peculiares 152 Restaurações com espessura uniforme 152 Expulsividade das paredes do preparo 152 Paredes planas e ângulos arredondados 152 Términos cervicais 153 Tipos de preparos para as restaurações indiretas 153 Protocolo de preparo para restaurações estéticas indiretas 154 Inlay em cerâmica pura 154 Onlay em cerâmica pura 155 Coroa total em cerâmica pura 156 Caso clínico de faceta indireta em cerâmica 158 Considerações finais 159 Referências 159 9 ALTERNATIVAS CLÍNICAS PARA MINIMIZAR A DEGRADAÇÃO DA INTERFACE DE UNIÃO À DENTINA 161 Alessandra Reis o Issis V. Luque Martinez o Viviane Hass o Alessandro D. Loguercio Introdução 161 Fatores envolvidos no envelhecimento das interfaces de união à dentina 162 Degradação da parte resinosa 163 Degradação das fibrilas colágenas 165 Como melhorar a estabilidade da união resina- dentina 166 Melhorar a impregnação do adesivo em dentina desmineralizada e mineralizada 167 Melhorar a resistência do polímero formado pelos sistemas adesivos 170 Melhorar a resistência das fibrilas colágenas à degradação enzimática 173 Outras abordagens 176 Considerações finais 176 Referências 177 10 CIMENTAÇÃO ADESIVA 183 Rubens Côrte Real de Carvalho o Angela Mayumi Shimaoka o Alessandra Pereira de Andrade o Marcio Vivan Cardoso Introdução 183 Tipos de agentes de cimentação 184 Agentes cimentantes não adesivos 184 Agentes cimentantes adesivos 184 Cimentos de ionômero de vidro 184 Cimentos resinosos 185 Técnica operatória 188 Considerações finais 193 Referências 193 Iniciais_ed_eletrônica.indd 15 05/11/2013 17:37:06 XVI o Sumário 11 TRATAMENTO DE LESÕES CERVICAIS 195 Ana Regina Cervantes Dias o Katia Regina H. Cervantes Dias o Silvia Alencar Gonçalves o Marcos Barceleiro Introdução 195 Tipos de lesões não cariosas 196 Erosão 196 Abrasão 199 Atrição 199 Abfração 200 Lesões multifatoriais 201 Tratamento 202 Restauração 203 Hipersensibilidade 206 Laser 207 Flúor 208 Cloreto de estrôncio e sais de potássio 208 Dessensibilizantes dentinários resinosos 208 Derivados de caseína 209 Novamin® 209 Nano-hidroxiapatita 209 Arginina 210 Procedimentos cirúrgicos 210 Considerações finais 211 Referências 211 12 PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTOS PERIODONTAIS APLICADOS À DENTÍSTICA 213 Sérgio Kiyoshi Ishikiriama o Bella Luna Colombini Ishikiriama o Rodrigo Carlos Nahas de Castro Pinto o José Antônio Mesquita Damé Introdução 213 O que é biológico? 214 Distâncias biológicas 215 Biotipos periodontais 216 O que é estético? 217 Parâmetros estéticos do periodonto 218 Zênite gengival 218 Posição da margem gengival 218 Papila interdentária ou gengival 219 Solucionando problemas biológicos 221 Invasão do espaço biológico 221 Cirurgia de aumento de coroa (osteotomia e osteoplastia) 222 Extrusão dentária 224 Falta de mucosa ceratinizada 226 Solucionando problemas estéticos 226 Planejamento multidisciplinar para o tratamento de discrepâncias de margem gengival 226Recessão gengival 227 Sorriso gengival 229 Considerações finais 230 Referências 232 13 PRINCÍPIOS FÍSICO-QUÍMICOS DA FOTOATIVAÇÃO: implicações clínicas em restaurações diretas com resinas compostas 235 Lawrence Gonzaga Lopes o João Batista de Souza o Wagner Baseggio o Eduardo Batista Franco Introdução 235 Processo de polimerização das resinas compostas ativadas com luz visível 236 Fontes de luz 239 Lâmpada halógena (LH) 239 LED (light emitting diode – diodos emissores de luz) 239 Resinas compostas à base de metacrilato 240 Cinética da reação de polimerização 241 Efeito da técnica de fotoativação nas propriedades finais do polímero 243 Técnicas de fotoativação 243 Modo contínuo de irradiação 244 Uniforme contínuo 244 Gradual ou soft-start 244 Exponencial ou ramp 244 Alto pulso de energia 244 Modo descontínuo de irradiação 244 Pulso interrompido, pulso tardio ou pulse delay 244 Resina composta à base de silorano 246 Considerações finais 248 Referências 250 14 RESTAURAÇÕES EM DENTES VITAIS E TRATADOS ENDODONTICAMENTE: prognóstico e riscos 253 João Carlos Gomes o Osnara Maria Mongruel Gomes o Alessandra Reis o Antonio S. Sakamoto Junior o Cristian Higashi o Felipe Augusto Villa Verde o Giovana Mongruel Gomes o Yasmine Mendes Pupo Introdução 253 Restaurações em dentes vitais 254 Restaurações diretas em dentes anteriores 254 Restaurações indiretas em dentes anteriores 254 Restaurações diretas em dentes posteriores 257 Iniciais_ed_eletrônica.indd 16 05/11/2013 17:37:06 Sumário o XVII Restaurações indiretas em dentes posteriores 257 Procedimentos clínicos para melhor desempenho das restaurações em dentes vitais 260 Restauração de dentes tratados endodonticamente 261 Dentes tratados endodonticamente 261 Restauração de dentes tratados endodonticamente 262 Restaurações com pinos de fibra 263 Restaurações com núcleos metálicos fundidos 263 Considerações finais 268 Referências 268 15 A INTERVENÇÃO ORTODÔNTICA ALIADA AOS PROCEDIMENTOS RESTAURADORES 273 Galdino Iague Neto Introdução 273 Diagnóstico 273 Proporção anterior 274 Planejamento e sequência do tratamento 275 Passo 1: ajuste da relação molar 275 Passo 2: correção da relação de pré-molares e caninos 275 Passo 3: distribuição dos espaços na região anterior 275 Oportunidades para o tratamento restaurador 276 Tratamento restaurador prévio ao tratamento ortodôntico 276 Tratamento restaurador concomitante ao tratamento ortodôntico 276 Tratamento restaurador posterior ao tratamento ortodôntico 277 Tratamentos complementares 281 Considerações finais 283 Referências 284 16 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E INDICAÇÕES CLÍNICAS DOS LASERS DE ALTA E BAIXA POTÊNCIA EM DENTÍSTICA RESTAURADORA 285 Carlos de Paula Eduardo o Ana Cecilia Correa Aranha o Patricia Moreira de Freitas o Karen Muller Ramalho o Marina Stella Bello-Silva Introdução 285 O laser em Odontologia 285 Interação da luz com os tecidos 286 Lasers de alta potência 289 Lasers de baixa potência 289 Indicações dos lasers de baixa e alta potência em Dentística restauradora 289 Preparos cavitários conservadores, condicionamento dental e adesão ao substrato irradiado 289 Caso clínico 291 Redução de sensibilidade pós-operatória 293 Laser de baixa potência na manutenção da saúde gengival 294 Caso clínico 296 Redução microbiana 298 Lesões cervicais não cariosas e hipersensibilidade dentinária cervical 299 Caso clínico 303 Novas propostas do uso do laser em procedimentos relacionados à Dentística restauradora 304 Terapia fotodinâmica no tratamento restaurador direto 304 Histórico da terapia fotodinâmica 304 Mecanismos de ação 304 Mecanismo tipo I ou via formação de radical 304 Mecanismo tipo II ou via formação de oxigênio singleto 304 Fotossensibilizadores (FS) 305 Terapia fotodinâmica em Dentística no tratamento restaurador direto 305 Condicionamento interno de cerâmicas odontológicas 308 Clareamento dental 310 Fontes de luz utilizadas no clareamento dental 311 Luz halógena 311 LED 311 Lasers (alta potência) 312 Lasers como métodos promissores para o diagnóstico e prevenção da cárie dental 312 Considerações finais 313 Referências 316 Iniciais_ed_eletrônica.indd 17 05/11/2013 17:37:06 COMPLEXO DENTINO-PULPAR: fisiologia e resposta às injúrias Diana Gabriela Soares Ana Paula Dias Ribeiro André Luiz Fraga Briso Josimeri Hebling Carlos Alberto de Souza Costa 1 o INTRODUÇÃO Neste capítulo, abordaremos, de maneira geral, o complexo dentino-pulpar, desde sua formação, durante a odontogênese, passando pelas características dos teci- dos que o compõem (dentina e polpa), até como esta es- trutura responde às agressões que recebe durante a vida do elemento dental. Nesse contexto, serão discutidos, com base em evidências científicas, os possíveis danos que determinados procedimentos clínicos podem cau- sar no complexo dentino-pulpar e como podemos evi- tar, ou pelo menos minimizar, a ocorrência de lesões nesta estrutura responsável pela vitalidade do elemento dental. Para isso, serão abordados os materiais dentá- rios e as técnicas amplamente empregados na Dentística restauradora contemporânea. COMPLEXO DENTINO-PULPAR A dentina e a polpa são tecidos que apresentam inter- -relação estrutural e funcional durante toda a vida do ór- gão dental. Responsáveis pela síntese e deposição da matriz de dentina, as células da polpa, denominadas odontoblas- tos, permanecem com seus prolongamentos citoplasmáti- cos no interior dos túbulos dentinários. Consequentemen- te, as repercussões e os mecanismos de resposta tecidual ocorrem de forma integrada, o que determina que a denti- na e a polpa sejam entendidas e reconhecidas como inte- grantes de um mesmo complexo, o complexo dentino-pul- par (Figuras 1.1 a 1.3). Odontogênese A inter-relação dentina/polpa tem início na odonto- gênese. Em sítios específicos do epitélio bucal (banda epi- telial primária), células proliferam para formar as lâmi- nas dentárias. Imediatamente ao redor delas, ocorre o fenômeno denominado condensação do ectomesênqui- ma, em que um aglomerado de células ectomesenquimá- ticas determina a formação da papila dentária, responsá- vel pela origem tanto da dentina quanto da polpa dental. Pelo fato de as células da lâmina dentária assumirem, em conjunto, uma estrutura cuja conformação assemelha-se a um broto, esse estágio é chamado de estágio de botão. Com a condensação das células do ectomesênquima, as células localizadas no interior do epitélio continuam a se desenvolver, caracterizando a formação de uma estrutura que assume a forma de um capuz. Essa nova estrutura, que Capitulo_01.indd 1 16/09/2013 10:24:11 2 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar repousa sobre a papila dentária, recebe o nome de órgão dentário, cuja morfologia determina uma nova fase da odontogênese, o estágio de capuz. Ao redor do órgão den- tário e da papila dentária, um grupamento significante de células ectomesenquimáticas se organiza para originar o folículo dentário. Nesse momento, o germe dentário passa a ser composto de: (1) órgão dentário, que dará origem ao esmalte; (2) papila dentária, responsável pela formação da dentina e da polpa; e (3) folículo dentário, que dá origem aos tecidos de suporte do elemento dentário, como o osso alveolar, o ligamento periodontal e o cemento.1 Ocorrem diversos fenômenos durante a fase seguinte da odontogênese, chamada de estágio de campânula. Nes- sa etapa, diferentes estratos (epitélio dentário externo, retí- culo estrelado, estrato intermediário e epitélio dentário interno) podem se diferenciar no órgão do esmalte. Já na periferia do órgão dentário, as células mais próximas à pa- pila dentária (epitélio dentário interno) adquirem forma cilíndrica baixa e interagem reciprocamente com as células do ectomesênquima, o que resulta na formação do comple- xo dentino-pulpar. No epitélio dentário interno,as células relacionadas às futuras cúspides tornam-se colunares al- tas, dando início ao estágio tardio de campânula, além de promover uma sinalização, por meio da membrana basal, que passa a diferenciá-las das células mais periféricas da papila dentária, transformando-as em pré-odontoblastos. Esse fenômeno se inicia pela secreção de fatores de cresci- mento, particularmente aqueles pertencentes à superfamí- lia TGFβ, os quais se acumulam na membrana basal. Essas proteínas bioativas se relacionam com os receptores de membrana dos pré-odontoblastos, que passam a secretar fibronectina e a expressar a proteína 165kDa, específica para interagir com a fibronectina. A interação entre essas moléculas resulta na diferenciação final dos pré-odonto- blastos em odontoblastos, momento em que ocorre o alon- gamento das células e a polarização do núcleo (assumindo a posição basal), bem como o desenvolvimento do retículo endoplasmático rugoso que se dispõe paralelo ao longo do eixo da célula.2 A partir desse momento, inicia-se a deposição de matriz de dentina, composta principalmente de colágeno tipo I, proteoglicanos e proteínas não colagenosas, como sialopro- teína óssea, sialoproteína da dentina, osteocalcina, fosfofori- na, osteopontina, osteonectina, entre outras. Nesse processo, denominado dentinogênese, os odontoblastos se deslocam centripetamente em relação à papila dentária, movimento em que deixam para trás de seu corpo um prolongamento citoplasmático. Durante a mineralização da matriz dentiná- ria, os prolongamentos citoplasmáticos dos odontoblastos são envolvidos pela matriz mineralizada, formando, assim, os túbulos dentinários, os quais conferem a característica de permeabilidade à dentina. Os odontoblastos se organizam em monocamada em toda a periferia da polpa dental, for- mando a camada odontoblástica1 (Figura 1.4). Essa camada de odontoblastos é forte e intimamente unida por junções intercelulares vigorosas que funcio- o Figura 1.1 Vista geral da polpa coronária de um pré- -molar humano jovem extraído. É possível observar que a polpa (P) está envolvida pela dentina (D), a qual é internamente revestida por uma camada contínua de odontoblastos (setas). Tricrômico de Masson, 32 ×. o Figura 1.2 Polpa radicular do mesmo dente apresenta- do na Figura 1.1. Verifica-se, nesta figura, o tecido conjuntivo fibroso denso (FD) no centro da polpa radicular. Tricrômico de Mas- son, 32 ×. o Figura 1.3 Detalhe da polpa radicular. Nota-se o con- traste entre o tecido pulpar central fibroso (FD) e o tecido pulpar periférico frouxo (F). Observa-se aqui a camada contínua de odontoblastos que resveste internamente a dentina radicular (setas). Tricrômico de Mas- son, 180 ×. D P D FD FD F Capitulo_01.indd 2 16/09/2013 10:24:14 Complexo Dentino-Pulpar o 3 nam como um filtro que permite a passagem de água e de algumas proteínas de baixo peso molecular e íons, for- mando, assim, o fluido dentinário, o qual preenche toda a extensão dos túbulos dentinários. Ao mesmo tempo em que a atividade de síntese dos odontoblastos primários ocorre, células mesenquimais do centro da papila dentá- ria se diferenciam em outros tipos celulares, dando ori- gem à região central da polpa. Dentina A dentina é considerada um tecido parcialmente mi- neralizado, formado quase em sua totalidade por cristais de hidroxiapatita, em meio à matriz de colágeno.3,4 De maneira geral, tem sido demonstrado que sua composi- ção, em volume, é de aproximadamente 55% de minerais, 30% de material orgânico e 15% de fluido.5 O tecido dentinário é depositado pelos odontoblastos por toda a vida do órgão dental. Durante a odontogênese até a erupção e completa formação do ápice radicular, ocorre deposição rápida de dentina (dentina primária) pelos odontoblastos primários. Após esse período, ocorre uma abrupta redução na deposição de dentina pelos odontoblastos, porém essa atividade permanece de forma lenta por toda a vida do órgão dental. Aqui, trata-se da dentina secundária, a qual promove uma diminuição fi- siológica do volume da câmara pulpar e do canal radicu- lar com o passar dos anos. Como os prolongamentos dos odontoblastos estão presentes, a dentina primária e a se- cundária apresentam característica tubular e são tam- bém consideradas fisiológicas6 (Figura 1.5). No tecido dentinário, é possível diferenciar, ainda, dois tipos distintos de estruturas com composições diferentes. Entre os túbulos dentinários, há um tecido mineralizado com interposição de colágeno, denominado dentina inter- tubular. Já ao redor dos túbulos dentinários, existe um te- cido dentinário altamente mineralizado (95%), que leva o nome de dentina peritubular. A deposição de dentina peri- tubular promove redução do diâmetro dos túbulos denti- nários da periferia (0,9 µm) até a polpa (3,0 µm), o que per- mite que os túbulos dentinários apresentem a característica de cone invertido. Além disso, o número de túbulos denti- nários é menor na superfície da dentina (15.000/mm2) do que próximo à polpa (65.000/mm2). Esses fatores permi- tem que a morfologia da dentina adquira diferentes carac- terísticas de acordo com a profundidade, fato este que apresenta repercussão direta sobre a eficácia dos procedi- mentos restauradores, bem como a respeito dos diversos procedimentos clínicos sobre o tecido pulpar.4,6 o Figura 1.4 Detalhe do complexo dentino-pulpar de pré-molar humano íntegro. Aqui, vê-se que os odontoblastos, organizados em camada para re- vestir internamente a dentina, apresentam prolongamentos citoplas- máticos (setas) que se localizam no interior dos túbulos dentinários. Tricrômico de Masson, 125 ×. o Figura 1.5 A Corte transversal na região de deposição de matriz dentinária não mineralizada (pré-dentina) demonstrada em B. É possível observar a presença dos túbulos dentinários que contêm, individualmente, prolon- gamentos citoplasmáticos (setas) dos odontoblastos. Entre os túbulos, pode-se observar a matriz dentinária (MD) rica em colágeno. TEM. B A MD MD Capitulo_01.indd 3 16/09/2013 10:24:16 4 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar Polpa dental A polpa dental é constituída por um tecido conjuntivo frouxo especializado, estruturalmente dividido em ca- madas: a odontoblástica; a acelular; a rica em células; e a central. Na periferia da polpa, encontram-se células orga- nizadas em paliçada logo abaixo da pré-dentina, conheci- da como camada odontoblástica (Figura 1.6). Os odontoblastos, quando completamente diferencia- dos, apresentam-se altamente polarizados (núcleo locali- zado próximo à região subodontoblástica) e carateriza- dos como células secretoras, com presença abundante do retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi. Além disso, seus corpos celulares estabelecem entre si numerosos contatos por meio das junções intercelulares, as quais permitem comunicação intercelular e trocas me- tabólicas.7 Responsáveis pela produção contínua de den- tina fisiológica (dentina secundária), quando expostas a injúrias, essas células podem participar do processo de esclerose dentinária e produção de dentina reacional, bem como estão envolvidas na resposta imunoinflamató- ria da polpa. Logo abaixo dos odontoblastos, encontra-se uma del- gada área com nenhuma ou com poucas células, denomi- nada zona acelular (zona de Weill). Essa camada, atraves- sada por prolongamentos de células adjacentes, vasos e fibras nervosas, é parcialmente ocupada pelo plexo de Rashkow, constituído por fibras mielínicas (A-δ e A-β) e fibras amielínicas (fibras C). Essa estrutura nervosa se caracteriza por numerosos filetes nervosos, originados de um ou mais feixes nervosos centrais que penetram a polpa pelo forâmen apical e acompanham os vasos san- guíneos em sua rota. Deste plexo alguns filetes nervosos, ricos em receptores para dor, passam através dos odonto- blastos e terminam na pré-dentina ou dentina (cerca de 100 µm dentro dos túbulos dentinários). Em virtude da localizaçãoperiférica dessas fibras nervosas de rápida condução e baixo limiar de excitabilidade, estímulos ex- ternos que conseguem provocar rápida movimentação do fluido dentinário promovem a ativação das terminações nervosas na embocadura dos túbulos e na câmara pulpar, gerando o quadro clínico de hipersensibilidade.8 Propos- ta por Brännström no ano de 1986, essa teoria hidrodinâ- mica é a mais aceita pela comunidade científica para ex- plicar o fenômeno de hipersensibilidade dentinária.9 Junto à camada acelular, existe uma delgada área es- pecífica de tecido conjuntivo que apresenta notável quantidade de células, a zona rica em células. Nessa re- gião, está presente uma quantidade considerável de célu- las mesenquimais indiferenciadas que funcionam como um sistema de reserva e que estão diretamente relaciona- das com a manutenção da camada odontoblástica e, con- sequentemente, com a reparação pulpar. Já foi observado que, quando ocorre morte de odontoblastos, seja por um mecanismo natural de morte celular programada (apop- tose) ou por um processo patológico, as células mesen- quimais de reserva são estimuladas por meio da intera- ção de mediadores químicos e fatores de crescimento com receptores de membrana, o que resulta em sua dife- renciação em novos odontoblastos, que agora levam o nome de odontoblastoides.10,11 Esse processo de recruta- mento e diferenciação celular ainda não está bem escla- recido, porém sabe-se que ele é distinto daquele da odon- togênese, no qual a presença de células epiteliais se faz necessária.12 A última camada, conhecida como zona central, é constituída por um tecido conjuntivo frouxo singular, no qual estão presentes fibroblastos, células mesenquimais indiferenciadas, células do sistema imune (macrófagos e linfócitos), além de capilares e fibras nervosas distribuí- das de forma equilibrada na matriz extracelular. Essa ma- triz é composta de elementos fibrosos e da substância fundamental (formada por proteoglicanas, glicosamino- glicanas, glicoproteínas e água), sendo o colágeno o cons- tituinte fibroso mais abundante (Figura 1.7), e permite a difusão de nutrientes, oxigênio e proteínas entre os com- ponentes celulares e a microcirculação, o que lhe consa- gra papel importante na manutenção da capacidade de reparação pulpar.1,2,7 RESPOSTA DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR AOS AGENTES IRRITANTES Uma vez rompida a integridade do esmalte, o comple- xo dentino-pulpar fica exposto às diversas injúrias do meio bucal, que compreendem desde estímulos de ori- o Figura 1.6 Neste corte histológico de um dente humano íntegro, pode-se obser- var as distintas estruturas e camadas que caracterizam o complexo dentino-pulpar: dentina (D); pré-dentina (PD); camada de odonto- blastos (CO); camada acelular (CA); camada rica em células (CRC); e região central da polpa (P). Tricrômico de Masson, 250 ×. D PD CO CA CRC P Capitulo_01.indd 4 16/09/2013 10:24:17 Complexo Dentino-Pulpar o 5 gem microbiana, traumática e iatrogênica (preparos cavi- tários e outros procedimentos clínicos) até traumas de origem química advindos de materiais dentários. De ma- neira geral, esse complexo responde a esses irritantes com a produção de dentina, tendo como principal objetivo li- mitar a difusão de componentes tóxicos para o tecido pulpar, pela diminuição da permeabilidade do tecido dentinário, bem como afastar-se da fonte agressora. Des- sa forma, a resposta do complexo dentino-pulpar com- preende três mecanismos básicos de defesa, que estão in- timamente relacionados e que dependem do tempo e da intensidade da agressão: a deposição de dentina intratu- bular; a deposição de dentina terciária; e a inflamação/ resposta imune.13,14 O primeiro mecanismo, a deposição de dentina intra- tubular, resulta na formação da esclerose dentinária. Esse fenômeno é considerado um importante mecanismo de defesa da polpa, o qual reduz e pode até mesmo obstruir a luz interna dos túbulos dentinários, reduzindo drasti- camente a permeabilidade da dentina. Essa redução no diâmetro tubular pode ocorrer em virtude do acúmulo de cristais de apatita provenientes da própria dissolução da dentina no interior dos túbulos, que leva à liberação de proteínas não colagenosas aprisionadas na dentina mine- ralizada, as quais podem atuar diretamente nos odonto- blastos, estimulando a produção de matriz extracelular.15 Segundo Pashley e colaboradores,16 quando o dente é ex- posto à atrição, ocorre uma alteração no movimento de fluido dentinário do interior da polpa para fora, com o objetivo de conduzir e formar depósitos de minerais no interior dos túbulos. Já nos casos de lesões de cárie, este mecanismo também está associado à resposta dos recep- tores de membrana localizados nos odontoblastos e/ou em seus prolongamentos citoplasmáticos, que seriam ati- vados por proteínas metabolicamente ativas provenientes da dissolução da dentina. Essas proteínas são liberadas no interior dos túbulos e ativam os odontoblastos, esti- mulando a secreção de proteínas relacionadas à deposi- ção de matriz dentinária. Dessa forma, os túbulos de den- tina próximos ao processo de lesão por cárie podem ser obstruídos por proteínas secretadas pelos odontoblastos em associação com cristais do fluido dentinário e da den- tina descalcificada, além dos próprios componentes in- ternos dos túbulos. Quando ocorre a deposição de dentina terciária na pe- riferia pulpar em resposta a um estímulo externo, o meca- nismo de defesa é conhecido como deposição de dentina terciária, considerada patológica, cujo objetivo, de maneira geral e simplória, seria o distanciamento dos odontoblastos do agente agressor. A dentinogênese terciária engloba um amplo espectro de respostas que vão desde a secreção de uma dentina tubular, que pouco difere da dentina primá- ria e da secundária, até a deposição de uma dentina amorfa e atubular. Dessa forma, a dentina terciária tem sido sub- classificada em reacional e reparadora em virtude dos dis- tintos eventos biológicos que envolvem sua deposição, bem como de suas características morfológicas.17 Em situações em que o complexo dentino-pulpar é submetido à agressão de baixa intensidade, os odontoblastos primários (os mes- mos responsáveis pela deposição da dentina primária e da secundária) são estimulados a depositar e mineralizar ma- triz dentinária, provavelmente por mecanismos associados à inflamação de baixa intensidade. Essa dentina, denomi- nada reacional, pouco se diferencia da dentina primária e da secundária, apresentando, na maioria das vezes, carac- terística tubular (Figura 1.8). Quando a agressão é de alta intensidade, pode ocorrer morte dos odontoblastos ou mesmo aspiração dessas cé- lulas para o interior dos túbulos dentinários (desenca- deando um processo de autólise). Durante esse processo, o Figura 1.7 A Detalhe da região central da polpa selecionada a partir de B. Nota-se que, neste tecido conjuntivo frouxo, há a presença de células do siste- ma imune, fibroblastos (seta amarela) e vasos sanguíneos (VS) TEM. B A VS Capitulo_01.indd 5 16/09/2013 10:24:19 6 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar células mesenquimais indiferenciadas da polpa são “esti- muladas” a se diferenciar em células odontoblastoides e secretar matriz de dentina, inicialmente amorfa e, muitas vezes, atubular, a qual caracteriza a dentina reparadora. A deposição de uma matriz tubular por células polariza- das é observada posteriormente na superfície dessa ma- triz amorfa. Esse processo de reparação pulpar é mais complexo e envolve diversos eventos bioquímicos/mole- culares, que dependem diretamente das condições e ca- racterísticas da polpa previamente à ação do agente irri- tante18,19 (Figura 1.9). A diferenciação entre esses dois tipos de dentina terciá- ria é de grande importância no estudo da biocompatibili- dade dos materiais dentários. Isso porque, se determina- do material resultar na deposição de dentina reparadora, sabe-se que ocorreu a morte dos odontoblastosagredidos e nova formação de camada de células odontoblastoides pela diferenciação das células mensequimais indiferen- ciadas subjacentes. Consequentemente, um número me- nor de células mesenquimais permanecerá na polpa re- manescente, o que pode reduzir a capacidade do complexo dentino-pulpar de responder a agressões futu- ras. Como ocorre a morte dos odontoblastos, o prolonga- mento deles será degradado. O último mecanismo de defesa, a inflamação/respos- ta imune, está relacionado à capacidade das células pul- pares de induzir uma resposta inflamatória e imune fren- te aos agentes agressores do complexo dentino-pulpar. Esse mecanismo envolve tanto uma resposta imune inata quanto a adaptativa, incluindo desde o fluido dentinário até diversos tipos celulares e suas citocinas inflamató- o Figura 1.8 Dentina reacional (DRL) depositada abaixo de uma área de agressão de baixa intensidade aplicada sobre o complexo dentino-pulpar. Nota- -se a linha cálcio-traumática (setas), sendo que, abaixo dela, a matriz de dentina reacional recém-depositada exibe túbulos dentinários evi- dentes. Uma camada contínua de odontoblastos também pode ser observada. H/E, 250 ×. o Figura 1.9 Dentina reparadora (DRA) depositada abaixo de uma área de agres- são de forte intensidade aplicada sobre o complexo dentino-pulpar. Nota-se que resíduos de odontoblastos primários mortos permanece- ram incluídos em uma matriz de dentina amorfa (setas oblíquas), a qual, em uma região mais interna, apresenta alguns túbulos dentiná- rios irregulares (setas horizontais). Essa dentina terciária reparadora está revestida por uma delicada camada de células odontoblastoides de variada morfologia, que foram recém-diferenciadas. Tricrômico de Masson, 250 ×. DRL DRA rias.20,21 O resultado final dessa resposta imune é um qua- dro inflamatório exacerbado, cujo objetivo principal é eliminar os agentes agressores. Entretanto, se o agente agressor não for eliminado, como pode ocorrer durante a evolução do processo carioso, essa inflamação imune eventualmente leva à destruição irreversível da polpa.21 A resposta inicial compreende o aumento da pressão intrapulpar, resultando na exsudação do fluido dentiná- rio. Quando a dentina é exposta, a pressão positiva da polpa dental limita a invasão dos túbulos dentinários por bactérias e seus produtos, bem como de outras substân- cias nocivas, prevenindo, pelo menos durante um perío- do curto inicial de tempo, que cheguem até o tecido pul- par.22 Em polpas injuriadas, observou-se um alto conteúdo de anticorpos no interior dos túbulos dentiná- rios próximos à região afetada, possivelmente como for- ma de reagir aos antígenos de forma específica ou não.14 Outro fenômeno frequentemente encontrado nessa situa- ção específica é a precipitação de proteínas plasmáticas de alto peso molecular no interior dos túbulos dentiná- rios, entre eles o fibrinogênio, que podem reduzir a per- meabilidade da dentina.23 Por estarem localizados na periferia da polpa e, conse- quentemente, em contato direto com a pré-dentina e com a dentina, por meio de seus prolongamentos, os odontoblas- tos representam o primeiro grupo celular a entrar em con- tato com os agentes agressores que podem se difundir pe- los tecidos mineralizados do dente. Apesar de sabermos Capitulo_01.indd 6 16/09/2013 10:24:22 Complexo Dentino-Pulpar o 7 que a principal função dos odontoblastos é a síntese e pos- terior mineralização da matriz dentinária, estudos recen- tes demonstraram a participação desse tipo celular no pro- cesso de reconhecimento de padrões moleculares associados aos patógenos, na produção de citocinas e quimiocinas e na regulação do fluxo sanguíneo pulpar.20,21,24 Os odontoblastos expressam receptores do tipo Toll (“Toll-like receptors”), que induzem a fase efetora da res- posta imune inata pela ativação da via NF-κB, resultando em secreção de citocinas pró-inflamatórias e quimioci- nas, na produção de peptídeos antimicrobianos e na ma- turação das células dendríticas.25,26 Além disso, essas cé- lulas são responsáveis pela produção de certas quimiocinas, como as CCL2 (que participam da quimio- taxia de células dendríticas imaturas), os monócitos, os macrófagos ativos etc., para o sítio injuriado.24 Com rela- ção à participação dos odontoblastos na microcirculação, foi demonstrado o aumento na expressão da quimiciona pró-angiogênica CXCL2 quando essas células foram esti- muladas com LTA (ácido lipoteicoico), o que pode contri- buir para o aumento na vascularização durante o proces- so inflamatório, particularmente em virtude de sua posterior ligação a receptores nas células endoteliais.27 Esse mesmo estímulo (LTA) sobre células odontoblastoi- des e outras células pulpares resultou em aumento na produção do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), um importante indutor de angiogênese e per- meabilidade vascular.28 Essas células também podem produzir a enzima NADPH-diaforase, envolvida na pro- dução de óxido nítrico, um potente vasodilatador.29,30 Outros componentes dessa resposta imune pulpar são os neuropeptídeos, responsáveis por alterar múltiplos pro- cessos, como a permeabilidade vascular e a vasodilatação no local da injúria.31 Entre os neuropeptídeos mais comu- mente encontrados no tecido pulpar, estão o peptídeo rela- cionado ao gene da calcitonina (CGRP), a substância P (SP), a neuroquinina (NKA) e o polipeptídeo vasoativo intestinal (VIP). O resultado final da inflamação neurogê- nica é um aumento transiente na pressão tecidual intersti- cial e na movimentação do fluido dentinário em sentido contrário à polpa, sendo considerado, como descrito ante- riormente, um fator protetor do complexo dentino-pul- par. No entanto, caso o tecido pulpar não consiga absorver esse excesso de fluido intersticial por meio dos sistemas linfático e circulatório, um aumento nos níveis dos neuro- peptídeos somado ao edema persistente podem levar à dor e possível necrose local na polpa.32,33 Os demais participantes da resposta imunoinflamató- ria pulpar incluem células típicas do sistema imune, como células dendríticas, macrófagos, linfócitos T e B, além de suas citocinas e quimiocinas. As células dendríticas são consideradas a população mais importante no reconheci- mento e na apresentação de antígenos do tecido pulpar. Diante da captura, do processamento e do reconhecimento dos produtos de patógenos, essas células em estado imatu- ro iniciam um processo de maturação funcional e migram até os nódulos linfáticos regionais para apresentar os antí- genos aos linfócitos T imaturos.34 O processo de maturação das células dendríticas resulta em maior produção de cito- cinas pró-inflamatórias, as quais sustentam o recrutamen- to desse tipo celular circulante imaturo, de seus precurso- res e também de células T para o local da injúria.35 Os macrófagos participam da resposta pulpar na apresentação de antígenos, na fagocitose e na modulação da resposta imune por meio da produção de diversas citocinas e fatores de crescimento.21 Essas células, quando ativadas, produ- zem TNF-α, IL-1, IL-10, IL-12, quimiocinas e vários me- diadores lipídicos, como o fator de ativação de plaquetas, prostaglandinas e leucotrienos. Com relação aos linfócitos, são mais encontradas células T do que B no tecido pulpar. Quando ativados, os linfócitos T participam no reconheci- mento do antígeno por meio dos receptores de membrana (células T “helper”) e atuam na eliminação de células do hospedeiro infectadas e transformadas por vírus, induzin- do a apoptose delas, além de produzir IFN-γ com objetivo de aumentar a fagocitose (células T citotóxicas). Os linfóci- tos B são geralmente encontrados em lesões de cárie pro- funda21 e caracterizam uma resposta pulpar adaptativa, ou seja, um antígeno específico. Além de sua função principal em produzir anticorpos, as células B podem também atuar como apresentadoras de antígenos, modular as funções das células dendríticas e produzir citocinas, como IL-10,IL-4 e IFN-γ, em resposta aos patógenos.36,37 REPERCUSSÃO DOS PROCEDIMENTOS CLÍNICOS NO COMPLEXO DENTINO-PULPAR A partir do rompimento da integridade do esmalte, seja por um processo carioso ou mesmo durante a reali- zação de um preparo cavitário, túbulos dentinários são expostos, criando, assim, uma via de comunicação direta entre o tecido pulpar e o ambiente externo. Com o objeti- vo de selar a dentina e atuar como agente de reparação tecidual, diversos materiais dentários estão sendo empre- gados na Odontologia. Entretanto, esses materiais apre- sentam características distintas no que se refere à compo- sição química, hidrofilicidade, resistência mecânica, adesividade com os tecidos dentários e presença de pro- dutos de degradação, fatores intimamente relacionados à resposta do tecido pulpar. Dessa forma, uma característi- ca extremamente importante na seleção do material den- tário ideal é a sua compatibilidade e capacidade de intera- gir com o complexo dentino-pulpar, com o objetivo de prevenir danos pulpares ou, pelo menos, contribuir para a reparação da polpa em um curto período de tempo. Outro fator a ser levado em consideração no que diz respeito à repercussão de um dado procedimento clínico no tecido pulpar é a profundidade do preparo cavitário. Capitulo_01.indd 7 16/09/2013 10:24:23 8 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar Sabe-se que, dependendo da profundidade da cavidade, o tecido dentinário assume características completamente distintas quanto ao número e diâmetro dos túbulos den- tinários, como relatado anteriormente neste capítulo. As- sim, atenção especial deve ser dada quando se está traba- lhando em dentina profunda, um substrato que apresenta elevada permeabilidade, em virtude do maior número e diâmetro dos túbulos dentinários, o que também deter- mina uma elevada umidade nesse tecido. Esses fatores devem ser levados em consideração quando da escolha do material odontológico a ser aplicado nesse tipo de subs- trato. Quanto maior a permeabilidade do tecido dentiná- rio, maior a possibilidade de difusão transdentinária de componentes dos materiais dentários não polimerizados para o tecido pulpar. Os componentes liberados pelos materiais que conseguem atravessar a dentina para al- cançar a polpa podem desencadear reações no tecido pul- par que vão desde uma leve reação inflamatória até ne- crose. Dessa forma, a espessura do remanescente dentinário (RDT – Remaining Dentin Thickness) deve ser considerada como um importante fator a ser avaliado quando da seleção do material dentário ideal para solu- cionar uma situação clínica específica. Preparo cavitário O procedimento clínico mais comumente praticado pelos cirurgiões-dentistas e que pode provocar desequilí- brio entre os diversos componentes do complexo dentino- -pulpar é aquele onde o esmalte e a dentina são cortados durante a realização de um preparo cavitário. Uma vez que esse procedimento pode gerar danos ao tecido pulpar de intensidade variada, cuidados simples devem ser levados em consideração e respeitados durante sua confecção. Com o advento do condicionamento ácido dos teci- dos duros dentários proposto por Buonocore,38 associa- do à aplicação de sistemas adesivos, os antigos conceitos atribuídos aos preparos cavitários passaram por uma profunda transformação. Ao deixar de ser prioridade a forma de retenção, atualmente recomenda-se que o pre- paro cavitário limite-se à remoção do tecido cariado (preparo cavitário minimamente invasivo). Sabe-se que, quanto maior a profundidade do corte da dentina, maior a probabilidade de dano direto aos odontoblastos pelo corte dos seus prolongamentos citoplasmáticos presentes nos túbulos dentinários.12 Dessa forma, com essa nova filosofia restauradora, passou-se a valorizar a capacida- de reparadora da polpa, já que o prolongamento dos odontoblastos é preservado, aumentando o potencial de formação de esclerose dentinária. Além disso, o corte de dentina sadia promove exposição de túbulos sem escle- rose dentinária promovida pelo processo carioso, ou seja, ocorre exposição de túbulos com amplo diâmetro e altamente permeáveis.13 Turbina de alta velocidade Convencionalmente, os procedimentos de corte dos tecidos dentais são realizados a partir da utilização de instrumentos rotatórios associados à turbina de alta velo- cidade. O contato direto da broca com as superfícies do dente gera uma alta intensidade de calor, a qual é neutra- lizada pelo jato água/ar que atinge a porção ativa da broca e dos tecidos dentários remanescentes. Sob essa condição, a broca e o dente são refrigerados, o que impede que o calor excessivo seja transmitido para o tecido pulpar, ou seja, evita-se que o aquecimento venha a causar danos de variada intensidade a esse tecido conjuntivo especializa- do39 (Figura 1.10). O aquecimento do elemento dental é a principal causa de alterações irreversíveis aos odontoblastos. O estudo clássico desenvolvido por Zach e Cohen, em 1965, de- monstrou, pela primeira vez, os efeitos produzidos pelo calor em dentes de primatas. Os autores relataram que, quando se aplicou uma temperatura de 5,6°C na câmara pulpar dos dentes desses animais, 15% das polpas avalia- das sofreram necrose. Contudo, quando se elevou a tem- peratura para 16,5°C, 100% das polpas sofreram danos irreversíveis.40 Durante a preparação cavitária, o aumen- to inadvertido da temperatura na câmara pulpar pode ocorrer por diversos fatores. A utilização de brocas sem a correta atividade de corte e a excessiva pressão de corte aplicada sobre as estruturas dentárias, bem como a falta de refrigeração, podem, isoladamente, ou em associação, causar aquecimento e gerar sérios danos para o tecido o Figura 1.10 Dente humano submetido a preparo cavitário sem os devidos cuida- dos com a irrigação, pressão de corte da dentina e capacidade de corte da ponta diamantada. Observa-se a ruptura da camada odonto- blástica, sendo que muitos odontoblastos foram aspirados para o in- terior dos túbulos dentinários (setas). Nota-se a desorganização do tecido pulpar subjacente associada à hemorragia local. Tricrômico de Masson, 250 ×. Capitulo_01.indd 8 16/09/2013 10:24:26 Complexo Dentino-Pulpar o 9 pulpar. Por esse motivo, é recomendada a substituição frequente das brocas empregadas em procedimentos clí- nicos.41-43 Da mesma maneira, movimentos de pressão intermitentes devem ser aplicados sobre a estrutura den- tária durante a preparação cavitária, o que reduzirá a possibilidade de aquecimento excessivo do elemento den- tal. Pode-se recomendar a pressão de corte de quatro se- gundos com outros quatro segundos de descanso. Tam- bém devem ser obtidas adequada refrigeração das brocas e das estruturas dentárias pela utilização de turbinas que contenham pelo menos dois orifícios de diâmetros apro- priados, os quais devem estar totalmente desobstruídos durante o procedimento clínico de corte das estruturas dentárias.41,44 O descuido na observação de qualquer um desses itens poderá acarretar sérios prejuízos ao tecido pulpar, fato que certamente justifica os cuidados a serem tomados. Método químico/mecânico A remoção químico/mecânica do tecido cariado é um método que foi proposto com o objetivo de desenvolver procedimentos menos invasivos e mais confortáveis ao paciente. Ele propõe a aplicação de um agente químico que consegue atuar apenas na dentina comprometida pelo processo carioso, amolecendo-a e facilitando, assim, sua remoção mecânica por meio de instrumentos manuais especialmente desenhados.45 Já foram propostos diversos métodos químico/mecâ- nicos para remoção do tecido cariado.45,46 Atualmente, um método patenteado e com comprovada efetividade para essa atividade é o que emprega o Carisolv™ (Medi Team Dentalutveckling AB, Sävedalen, Suécia), um pro- duto que apresenta, na sua composição, três aminoácidos com diferentes funções que interagem efetivamente na dentina cariada: a lisina (aminoácido básico); a leucina
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