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i UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR Ana Heloneida de Araújo Morais Diversidade de Carotenóides Antioxidantes em Frutos de Espécies de Solanum (seção Lycopersicon): Caracterização Via Cromatografia Líquida de Alta Resolução (CLAE) e Análise Filogenética do Gene Codificador da Enzima Licopeno-β-ciclase Brasília-DF Dezembro, 2007 Tese de Doutoramento em Ciências Biológicas-Biologia Molecular apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de doutor pelo Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília. Orientadora: Dra Damares de Castro Monte Co-orientadora: Dra Maria Esther de Noronha Fonseca Boiteux Co-orientadora: Dra Elionor Rita Pereira de Almeida ii É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta tese e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese de doutorado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. Ana Heloneida de Araújo Morais Morais, Ana Heloneida de Araújo. Diversidade de Carotenóides Antioxidantes em Frutos de Espécies de Solanum (seção Lycopersicon): Caracterização Via Cromatografia Líquida de Alta Resolução (CLAE) e Análise Filogenética do Gene Codificador da Enzima Licopeno-β-ciclase/ Ana Heloneida de Araújo Morais Brasília, 2007. 106p. : il. Tese de Doutorado. Departamento de Biologia Celular (IB), Universidade de Brasília, Brasília. 1. Variabilidade, Carotenóides, Tomate, Alimento funcional. iii UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR Diversidade de Carotenóides Antioxidantes em Frutos de Espécies de Solanum (seção Lycopersicon): Caracterização Via Cromatografia Líquida de Alta Resolução (CLAE) e Análise Filogenética do Gene Codificador da Enzima Licopeno-β-ciclase Ana Heloneida de Araújo Morais Tese de Doutorado submetida ao Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Doutor em Ciências Biológicas – Biologia Molecular. Aprovado por: Damares de Castro Monte, Doutora-PhD (EMBRAPA – Recursos Genéticos e Biotecnologia) (Orientadora) Patrícia Gonçalves Baptista de Carvalho, Doutora (EMBRAPA – Hortaliças) (Examinador Externo) Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, Doutor-PhD (EMBRAPA – Recursos Genéticos e Biotecnologia) (Examinador Externo) Soraya Cristina de Macedo Leal Bertioli, Doutora-PhD (EMBRAPA – Recursos Genéticos e Biotecnologia) (Examinador Externo) Renato de Oliveira Resende, Doutor (Universidade de Brasília) (Examinador Interno) Maria Fátima Grossi de Sá, Doutora-PhD (EMBRAPA – Recursos Genéticos e Biotecnologia) (Examinador Suplente) Brasília-DF, 14 Dezembro 2007 iv “... A semente da curiosidade e do desejo de busca já foi semeada...” (Ana Heloneida de Araújo Morais). v DEDICO A Deus, pela vida; À minha Mãe Salete, pela minha existência; Ao meu marido Antonio Carlos, pelo companheirismo e confiança; À minha filha Ana Clara, por todo amor e com todo amor. vi AGRADECIMENTOS À Universidade de Brasília e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas- Biologia Molecular, pela oportunidade na realização do curso; Aos professores do programa de Pós-Graduação pelas contribuições em conhecimentos e experiências; À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de doutorado, concedida durante a realização deste trabalho e pelas contribuições ao curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas-Biologia Molecular; A Empresa Brasileira Agropecuária (EMBRAPA) Recursos Genéticos e Biotecnologia e EMBRAPA-Hortaliças pela doação de amostras e pela infra-estrutura concedida para o desenvolvimento desta pesquisa; À Dra. Maria Esther de Noronha Fonseca Boiteux, pelas contribuições inesgotáveis do saber na pesquisa científica, pela orientação, pelo incentivo em minha carreira e amizade; À Dra. Damares de Castro Monte, por transmitir com sua experiência, uma visão objetiva de conhecimentos tão abstratos e singulares, pela amizade e orientação; À Dra Elionor Rita Pereira de Almeida, por ter despertado meu interesse pela Biologia Molecular e pelo carinho sempre; Ao Dr. Leonardo Silva Boiteux, pelo seu entusiasmo contagiante, que tanto contribuiu de forma especial, neste trabalho científico; Aos técnicos e amigos do laboratório de Melhoramento Genético e Análise Genômica da EMPRAPA- Hortaliças, pela permanente contribuição; Aos técnicos e amigos do laboratório de nutrigenômica da EMPRAPA- Recursos Genéticos e Biotecnologia, pelo valoroso auxílio; Aos funcionários da EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia e Hortaliças pela eficiência e empenho na realização de suas tarefas; Aos Amigos de laboratório, especialmente Ana Maria, Anne Gisele, Wesley, Patrícia, Cristiane, Juliana e Lisângela pelas contribuições diretas e indiretas na realização deste trabalho; As amigas Kellen, Liziane e Railene, pelo imprescindível companheirismo nos anos longe de casa; Aos colegas e amigos do programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas- Biologia Molecular, pela amizade e convivência; vii Aos Dr. Renato de Oliveira Resende e Dr. Robert Neil Gerard Miller, da banca de qualificação, pelas contribuições e sugestões incorporadas nesta dissertação; A toda minha família e a do meu marido, nossa família, pelo incentivo sempre; A todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, me estimularam nesta jornada. viii Sumário RESUMO ABSTRACT Lista de abreviações e siglas Lista de símbolos Lista de ilustrações INTRODUÇÃO OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos específicos Capítulo 01 Revisão da Literatura 1.0- REVISÃO DA LITERATURA 1.1-Importância da Cultura de Tomate no Brasil. 1.2-Origem e Taxonomia do Gênero Lycopersicon. 1.2.1. Sistemas Taxonômicos do Gênero Lycopersicon. 1.2.2. Sistemática Molecular e a Nova Classificação do Gênero Lycopersicon. 1.3. Principais Características das Espécies do Gênero Solanum seção Lycopersicon. 1.4. Carotenóides Mais Comumente Encontrados em Tecidos Vegetais. 1.5. Importância dos Carotenóides na Dieta Humana. 1.6. Importância dos Carotenóides como Elementos Funcionais. 1.7. Biologia dos Carotenóides.1.8. Identificação e Quantificação de Carotenóides em Tecidos Vegetais. 1.9. A Via Biossintética dos Carotenóides: Enzimas e Genes. 1.10. Genética, Biologia Molecular e Regulação da Biossíntese de Carotenóides em Tomate. 1.11. Melhoramento de Tomate para Modificar Teores e Tipos de Carotenóides. 1.12. Genômica e Seleção Assistida por Marcadores Derivados de Genes da Via Biossintética dos Carotenóides em Tomateiro. xi xiii xv xix xx 01 04 04 04 05 05 05 05 06 08 09 10 11 11 16 17 18 20 23 26 27 ix 1.13. Considerações Finais e Objetivos do Trabalho. Capítulo 02 Análise bioquímica do conteúdo e composição de carotenóides em frutos maduros de espécies silvestres e cultivadas de Solanum (seção Lycopersicon: Solanaceae). 2.0- INTRODUÇÃO 2.1-MATERIAIS E MÉTODOS 2.1.1. Acessos de espécies de Solanum (Seção Lycopersicon). 2.1.3. Análise dos Carotenóides. 2.1.2. Extração dos Carotenóides. 2.1.4. Identificação dos Carotenóides. 2.1.5. Obtenção de Padrões Externos. 2.1.6. Determinação do Conteúdo dos Carotenóides. 2.2-RESULDADOS E DISCUSSÕES 2.3-CONCLUSÕES Capítulo 03 Desenvolvimento de protocolos de PCR específicos para a detecção de genes codificadores de enzimas da via biossintética de carotenóides em espécies de Solanum (Seção Lycopersicon). 3.0-INTRODUÇÃO 3.1-MATERIAIS E MÉTODOS 3.1.1. Acessos de espécies de Solanum (Seção Lycopersicon). 3.1.2. Purificação do DNA genômico. 3.1.3. Estimativa da concentração de DNA purificado. 3.1.4. Desenho e síntese dos iniciadores de síntese de DNA. 3.1.4.1. Desenho e síntese dos iniciadores de síntese de DNA para o gene da enzima licopeno β-ciclase. 3.1.4.2. Desenho e síntese dos iniciadores de síntese de DNA 28 30 30 33 33 35 35 35 36 37 38 47 48 48 51 51 52 52 52 x para o gene da enzima licopeno ε-ciclase. 3.1.4.3. Desenho e síntese dos iniciadores de síntese de DNA para o gene da enzima fitoeno sintase. 3.1.4.4. Reação em cadeia da polimerase (PCR). 3.1.4.5. Seqüênciamento direto dos amplicons. 3.1.4.6. Análise das seqüências correspondentes a segmentos dos genes das enzimas em estudo. 3.2-RESULDADOS E DISCUSSÕES 3.3-CONCLUSÕES Capítulo 04 Caracterização parcial do gene codificador da enzima licopeno-β-ciclase: Detecção de polimorfismos e análise filogenética em acessos de diferentes espécies do gênero Solanum (seção Lycopersicon). 4.0-INTRODUÇÃO 4.1-MATERIAIS E MÉTODOS 4.1.1. Acessos de espécies de Solanum (Seção Lycopersicon). 4.1.2. Purificação de DNA Genômico. 4.1.3. Estimativa da Concentração do DNA Genômico. 4.1.4. Reação em cadeia da polimerase (PCR). 4.1.5. Clonagem dos Amplicons. 4.1.6. Seqüenciamento dos fragmentos obtidos. 4.1.7. Análise das Seqüências Correspondentes a Segmentos dos Genes Codificadores da Enzima Licopeno-b-ciclase. 4.1.8. Análise do Gene waxy. 4.1.9. Análise e Identificação dos Polimorfismos de Nucleotídeos. 4.1.10. Análise Filogenética. 4.3-RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.4-CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53 53 53 54 54 56 67 68 68 71 71 71 71 71 72 72 73 73 74 74 75 82 83 ANEXO xi RESUMO MORAIS, A. H. A. Diversidade de Carotenóides Antioxidantes em Frutos de Espécies de Solanum (seção Lycopersicon): Caracterização Via Cromatografia Líquida de Alta Resolução (CLAE) e Análise Filogenética do Gene Codificador da Enzima Licopeno-β-ciclase. Brasília, 2007. 106p. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas - Biologia Molecular) - Departamento de Biologia Celular, Instituto de Biologia (IB), Universidade de Brasília. O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) apresenta um papel de destaque na dieta humana de diferentes etnias e regiões geográficas. Entre as estratégias para aumentar e/ou permitir um consumo adequado de nutrientes essenciais, destacam-se a introdução de alimentos ricos em carotenóides na dieta, além do melhoramento genético visando aumentar o teor pró-vitamínico e de antioxidantes em culturas adaptadas para plantio e com tradição de consumo nas regiões geográficas onde ocorrem carências nutricionais. Um dos objetivos neste trabalho foi avaliar os tipos e o conteúdo de carotenóides visando selecionar genótipos com melhores características nutricionais. Outro objetivo foi, baseado em informações genéticas para genes que codificam enzimas envolvidas na via biossíntetica de carotenóides, gerar oligonucleotídeos iniciadores (primers) universais para uso em PCR. Estes primers foram utilizados para isolar alelos do gene que codifica a enzima licopeno β-ciclase em diferentes acessos de tomate. Os dados obtidos destas seqüências foram avaliados para estimar as relações filogenéticas dentro do gênero Solanum (seção Lycopersicon). Esta análise foi comparada com estudos anteriores utilizando o gene waxy ou GGSSI (Grandule-bound starch syntase). Esta análise foi informativa e a sua utilização forneceu uma boa resolução na definição das espécies de tomate. Demonstrou ainda que as espécies com frutos verdes, amarelos e vermelhos pertencem a um grupo monofilético, além de revelar a proximidade entre as espécies de tomate com frutos com pigmentação verde. Os resultados aqui apresentados forneceram ainda o perfil de carotenóides de tomates de coloração verde, mostrando estas espécies como essenciais fontes de carotenóides luteína e zeaxantina. Um carotenóide já reconhecido nutricionalmente, mas não encontrado em concentrações significativas em tomates comerciais, o beta caroteno, foi identificado nas espécies S. cheesmaniae, S. galapagense e S. pimpinellifolium, que possuem frutos com pigmentação amarela. Destaca-se ainda o S. pimpinelifolium vermelho como sendo a melhor opção em cruzamentos visando o melhoramento no conteúdo e na diversidade de carotenóides. A geração dos oligonucleotídeos iniciadores universais, específicos para o isolamento de alelos xii dos genes das enzimas fitoeno sintase, licopeno ε-ciclase e licopeno β-ciclase foi satisfatória, uma vez que foram específicos para os genes em estudo. À disponibilização do catálogo de tipos e teores de carotenóides em um subconjunto do germoplasma destas espécies e o desenvolvimento de ferramentas moleculares com potencial uso em sistemas de seleção assistida cria perspectivas de aumento da eficiência do melhoramento visando o aumento do teor e a diversidade de carotenóides em tomate. Palavras chaves: Variabilidade, Carotenóides, Tomate, Alimento funcional. xiii ABSTRACT MORAIS, A. H. A. Diversity of AntioxidantsCarotenoids in Fruits of Solanum (section Lycopersicon): Characterization Via High Performance Liquid Chromatography (HPLC) and Phylogenetic Analysis of The Lycopene-β-cyclase Gene. Brasília, 2007. 106p. Thesis (Doctor degree in Ciências Biológicas - Biologia Molecular) - Departamento de Biologia Celular, Instituto de Biologia (IB), Universidade de Brasília. The cultivated tomato (Solanum lycopersicum L. Mill) plays an important role in the human diet in distinct ethnic groups and geographical regions, being a major source of vitamins and antioxidants. One of the most efficient strategies to increase and/or to allow the satisfactory intake of essential nutrients is to introduce in the daily diet improved food crop cultivars with higher nutritional/nutraceutical value. Breeding cultivars displaying regional adaptation for higher pro-vitamin A and antioxidant contents would be an effective way of minimizing/alleviating nutritional deficiencies in geographic areas with sub-optimum levels of intake of these compounds. One of the main objectives of the present thesis was to evaluate the profile and content of carotenoids in a germplasm collection of tomato and in its wild and semi-domesticated relatives [Solanum (section Lycopersicon)]. This germplasm displayed a wide range of fruit color varying from greenish to yellow up to deep red. The final aim of this study is to improve diversity and content of this group of potent antioxidants in the cultivated tomato via conventional and molecular breeding. A second objective was to isolate a sub-set of genes coding for structural enzymes of carotenoid biosynthesis in accessions of this germplasm and to generate a set of “universal” primers derived from the genetic information of these genes for use in PCR assays. This approach was employed to isolate alleles of the gene coding for the enzyme lycopene β-cyclase from the distinct accessions and the sequence data obtained was evaluated to estimate the phylogenetic relationships of the genus Solanum (section Lycopersicon). This analysis was informative and displayed enough resolution to discriminate the distinct species within the genus. A monophylletic group was composed by the green, yellow and red fruit species. A close relationship was also observed among green- fruited species, which was in agreement with the results reported in the literature using both classical and molecular tools. Therefore, the sequence of the lycopene β-ciclase gene could represent an additional tool for phylogenetic analysis in the genus Solanum (section Lycopersicon) as well as in closely related sections. The results indicated a wide range of carotenoid types and blends in the accessions of species belonging to the genus Solanum xiv (section Lycopersicon). Green-fruited tomatoes accumulated lutein and zeaxanthin, two carotenoids that are not commonly found in cultivated tomatoes. The carotenoid β-carotene was identified in accessions of the S. cheesmaniae, S. galapagense and S. pimpinellifolium (yellow-fruit mutant). Therefore, these species might represent important sources of gene controlling β-carotene accumulation. However, the most diverse profiles of carotenoids were found in accessions of S. pimpinelifolium with red fruit phenotype. These would be the preferential sources for use in breeding programs. PCR primers were developed for universal, gene-specific isolation of alleles of the following genes: phytoene synthase, lycopene ε- cyclase and lycopene β-ciclase. The establishment of a catalog of content and types of carotenoids in representative accessions of species belonging to the genus Solanum (section Lycopersicon) and the development of molecular tools with potential utility in classical breeding as well as in marker assisted selection systems. The isolation of new genes/alleles from wild and semi-domesticated species related to the cultivated tomato has also a potential scientific and technological impact allowing the identification and cloning of genes of the carotenoid pathway able to modulate distinct blends of antioxidants carotenoids in fruits of this important vegetable crop. Keywords: Variability, Carotenoids, Tomato, Functional Foods. xv Lista de Abreviaturas e Siglas A – adenina ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária 2-D – bidimensional BAC - Bacterial Artificial Chromosomes B- gene Beta b ou og- Old-gold-crimson BLAST - basic local alignment search tool cm - centímetro cm2 - centímetro quadrado A1%1cm - coeficiente de absorvidade lmáx - comprimentos de onda máximos de absorção CAPS - Cleaved Amplified Polymorphic Sequences cv. - cultivar crtY ou lyc – licopeno ciclase crtYB - licopeno β-ciclase C - citosina cpDNA – DNA de croloplasto chr. - cromossomos chrs - cromossomos CRTISO - carotenóide isomerase CLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência C40 - 40 átomos de carbono C20 - 20 átomos de carbono C-3 – Carbono 3 CTAB - brometo de cetiltrimetilamônio CNPH - Centro Nacional de Pesquisas em Hortaliças Cenargen - Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia CLAE-FR - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência- fase reversa Del - Delta DXP - deoxixilulose 5-fosfato DXS - deoxixilulose 5-fosfato sintase xvi Continua DNA- ácido desoxiribonucléico DMAPP - dimetilalil difosfato EcoR I – enzima de restrição de Escherichia coli EDTA EthyleneDiamineTetrAcetic acid EMPRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EST - Expressed Sequence Tag et al – entre outros E-value- Expectation value Fig. - figura GBSSI - grandule-bound starch syntase I GGPP - geranilgeranil pirofosfato GGDS - GGPP sintase G -guanina g - grama HPLC - High Performance Liquid Chromatography HCL- Ácido clorídrico IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPP - isopentenil pirofosfato Kg - Kilograma LCYB - licopeno β-ciclase LDL - lipoproteína de baixa densidade LCYE - licopeno ε-ciclase µg – micrograma µg/g-1 – micrograma/grama mm - micrometro MVA - ácido mevalônico MEP - metileritriol 4-fosfato Mbp – mil pares de base mm - milímetro m - metro mM - milimolar ml min-1 – mililitro minuto mcg/dl-1 – micrograma/decilitro xvii Continua mg/kg-1 – miligrama/kilograma mg - miligrama mRNA - Ácido ribonucléico mensageiro min - minutos mAU - miliunidades de absorbância nRFLP - nuclear restriction fragment length polymorphisms NSY - neoxantina sintase N2 - nitrogênio NaCl – cloreto de sódio NCBI - National Center for Biotechnology Information ng/µl-1 – nanograma/microlitro nº - número nm - nanometro OMS – Organização Mundial de Saúde pmoles – pico moles pmoles/mL-1 - pico moles/micro litro pb – pares de base pH - potencial hidrogeniônico PSY - fitoeno sintase PPPP - fitoeno pirofosfato PDS - fitoeno dessaturase PAUP - Phylogenetic Analysis Using Parsymony and Other Methods PCR - reação em cadeia pela polimerase PTFE - polytetrafluoroethylene ppm - parte por milhão rpm – rotação por minuto RNA - Ácido ribonucléico sp - self-pruning S. - Solanum SNPs - Single Nucleotide Polymorphisms SOL - International Solanaceae Genome Project Tm - temperaturas de anelamento TE - Tris-.HCl EDTA xviii Continua t – tonelada t/ha-1 – tonelada/hectare t/dia-1 – tonelada/dia T - tiamina 3-D - tridimensional UI - unidades internacionais UNB – Universidade de Brasília UV - Ultra Violeta UV-VIS - Ultra Violeta - visível. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância Var. - variedade v/v – volume/volume VDE - violaxantina de-epoxidase x - vezes WPTC - World Processing Tomato Council WHO/NUT - World Health Organization/Nutrition ZDS - z-caroteno dessaturase ZEP - zeaxantina epoxidasexix Lista de Símbolos ~ - aproximadamente α - alfa β – beta ε - epsilon δ - delta °C - graus Celsius l - lambda > - maior < - menor ± - mais ou menos % - percentual z - zeta xx Lista de Ilustrações Capítulo 01 FIGURA 1.1. Distribuição geográfica do tomateiro na parte ocidental da América do Sul, incluindo as Ilhas Galápagos. Fonte: American Journal of Botany 88(10): 1888-1902, 2001....................................................................................................………..............……… 07 FIGURA 1.2. Visão esquemática da via biossintética de carotenóides em plantas. ...............23 Capítulo 02 FIGURA 2.1. Seis diferentes estádios de maturação do fruto de tomateiro. Fonte: (http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/659/1/FERREIRA-2004-DEF.pdfDEF.)...33 FIGURA 2.2. Obtenção da estrutura fina do espectro de carotenóides (BRITTON, 1995).........................................................................................................................................36 FIGURA 2.3. Fórmula de LAMBERT-BEER para cálculo da concentração de carotenóides..............................................................................................................................37 FIGURA 2.4. Variedade de cores dos frutos maduros das espécies (A) S. peruvianum; (B) S. pimpinellifolium e (C) S. cheesmaniae. Fonte: Acervo de fotos da Embrapa-Hortaliças........38 FIGURA 2.5. Espectros em 2-D de absorção na região visível na fase móvel (acetonitrila:metanol:etil acetato - 8:1:1) dos picos característicos identificados nas espécies de tomate: (A) Luteína (λ dos picos localizados a 425, 449 e 475 nm); (B) Licopeno ( λ dos picos localizados a 446, 473 e 503 nm); (C) α-caroteno ( λ dos picos localizados a 448 e 480 nm); (D) β-caroteno (λ dos picos localizados a 454 e 480 nm) e (E) Zeaxantina (λ dos picos localizados a 450 e 477 nm)......................................................................................................39 Capítulo 03 FIGURA 3.1. Amplicons correspondendo a potenciais fragmentos de genes codificadores da enzima licopeno-β-ciclase obtidos de diferentes acessos de tomateiro e analisados em gel de xxi agarose [1% (p/v) corado com brometo de etídeo]. (1) Solanum pimpinellifolium amarelo ‘CNPH 1037’; (2) S. galapagense ‘CNPH 432’; (3) S. lycopersicum ‘CNPH 1154’; (4) S. neorickii ‘CNPH 945’; (5) S. cheesmaniae ‘CNPH 944’; (6) S. lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’; (7) S. chmielewskii ‘CNPH 1022’; (8) S. lycopersicum ‘CNPH 1136’; (9) S. chilense ‘CNPH 943’, (10) S. pennellii ‘CNPH 409’, (11) S. pimpinellifolium ‘CNPH 796’, (12) S. peruvianum ‘CNPH 402’; (13) S. habrochaites ‘CNPH 421’ e (14) S. chilense ‘CNPH 410’...........................................................................................................................................57 FIGURA 3.2. Amplicons obtidos correspondendo a fragmentos da seqüência do gene codificador da enzima licopeno-ε-ciclase obtidos de diferentes acessos de tomateiro (Seção Lycopersicon) e analisados em gel (agarose 1% corado com brometo de etídeo). (1) Solanum chmielewskii ‘CNPH 1022’; (2) S. lycopersicum ‘CNPH 1136’; (3) S. chilense ‘CNPH 943’; (4) S. pennellii ‘CNPH 409’; (5) S. pimpinellifolium amarelo ‘CNPH 1037’; (6) S. galapagense ‘CNPH 432’; (7) S. peruvianum ‘CNPH 1277’; (8) S. lycopersicum ‘CNPH 1154; (9) S. chilense ‘CNPH 410’; (10) S. neorickii ‘CNPH 945’; (11) S. peruvianum ‘CNPH 944’ e (12) S. lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’. .........................................................59 FIGURA 3.3. Resultado da amplificação do fragmento gênico da fitoeno sintase utilizando o o par de iniciadores PSY-1 tom-1 e PSY-1 tom 1R. Amplicons foram nalisados em gel de agarose 1% corado com brometo de etídeo. (1) Solanum pimpinellifolium amarelo ‘CNPH 1037’; (2) S. galapagense ‘CNPH 432’; (3) S. peruvianum ‘CNPH 1277’; (4) S. lycopersicum ‘CNPH 1154’; (5) S. chilense ‘CNPH 410’; (6) S. neorickii ‘CNPH 945’; (7) S. cheesmaniae ‘CNPH 944’; (8) S. lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’; (9) S. chmielewskii ‘CNPH 1022’; (10) S. chmielewskii ‘CNPH 1136’; (11) S. chilense ‘CNPH 943’; (12) S. pennellii ‘CNPH 409’; (13) S. pimpinellifolium ‘CNPH 796’; (14) S. peruvianum ‘CNPH 402’; (15) S. habrochaites ‘CNPH 421’ e (16) S. peruvianum ‘CNPH 201’.................................................61 FIGURA 3.4. Amplicons correspondentes a fragmentos gênicos codificadores da enzima fitoeno sintase sintase utilizando o par de iniciadores PSY-1 tom-2 e PSY-1 tom-2R. Amplicons foram analisados em gel de agarose 1% corado com brometo de etídeo. (1) Solanum pimpinellifolium amarelo ‘CNPH 1037’; (2) S. galapagense ‘CNPH 432’; (3) S. peruvianum ‘CNPH 1277’; (4) S. lycopersicum ‘CNPH 1154’; (5) S. chilense ‘CNPH 410’; (6) S. neorickii ‘CNPH 945’; (7) S. cheesmaniae ‘CNPH 944’; (8) S. lycopersicum ‘Santa Clara CNPH1496’; (9) S. chmielewskii ‘CNPH 1022’; (10) S. lycopersicum ‘CNPH 1136’; xxii (11) S. chilense ‘CNPH 943’; (12) S. pennellii ‘CNPH 409’; (13) S. pimpinellifolium ‘CNPH 796’; (14) S. peruvianum ‘CNPH 402’; (15) S. habrochaites ‘CNPH 421’ e (16) S. peruvianum ‘CNPH 201’..........................................................................................................63 FIGURA 3.5. Amplicons correspondendo a fragmentos gênicos codificadores da enzima fitoeno sintase utilizando o par de iniciadores PSY-1 tom-3 e PSY-1 tom-3R. Amplicons foram analisados em gel de agarose 1% corado com brometo de etídeo. (1) Solanum pimpinellifolium amarelo ‘CNPH 1037’; (2) S. galapagense ‘CNPH 432’; (3) S. peruvianum ‘CNPH 1277’; (4) S. lycopersicum ‘CNPH 1154’; (5) S. chilense ‘CNPH 410’; (6) S. neorickii ‘CNPH 945’; (7) S. cheesmaniae ‘CNPH 944’; (8) S. lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’; (9) S. chmielewskii ‘CNPH 1022’; (10) S. lycopersicum ‘CNPH 1136’; (11) S. chilense ‘CNPH 943’; (12) S. pennellii ‘CNPH 409’; (13) S. pimpinellifolium ‘CNPH 796’; (14) S. peruvianum ‘CNPH 402’; (15) S. habrochaites ‘CNPH 421’ e (16) S. peruvianum ‘CNPH 201’. ........................................................................................................................................65 Capítulo 04 FIGURA 4.1. Variabilidade das cores de algumas espécies de tomate maduro do gênero Solanum [Secção Lycopersicon]. Fonte: Enciclopedia.us.es. & acervo Charles Rick Center........................................................................................................................................68 FIGURA 4.2. Alinhamento das seqüências do fragmento do gene codificador da enzima licopeno-β-ciclase. O alinhamento foi obtido utilizando o método Clustal W disponível no pacote do Lasergene com as seguintes condições: Gap penalty e Gap length penalty = 10. Os polimorfismos de bases estão identificados em vermelho....................................................................................................................................77 FIGURA 4.3. Filograma de consenso mostrando nos ramos os valores de Bootstrap (após 5000 repetições). Este filograma foi obtido através de análise de parcimônia baseada no alinhamento realizado com Clustal W do fragmento gênico correspondente ao gene codificador da enzima licopeno-β-ciclase específica de cromoplasto de espécies de Solanum. O índice de consistência foi de 0,73.........................................................................................78 xxiii FIGURA 4.4. Filograma obtido do alinhamento das seqüências do gene de waxy (PERALTA & SPOONER, 2001). As seqüências do gene waxy foram obtidas no GenBank: (AY875630 = L. chilense, AY875633 = L. hirsutum (= Solanum habrochaites), AY875636 = L. pennellii, AY87541 = L. pimpinellifolium, AY875412 = L. esculentum, AY875413= L. peruvianum, AY875585 = L. parviflorum, AY875588 = L. chmielewskii, AY875582 = S. galapagense = L. cheesmaniae). Os números nos ramos indicam a porcentagem obtida por análise Bootstrap com 5000 repetições..................................................................................................................80 Capítulo 02 QUADRO 2.1. Identificação e características de coloração de fruto do germoplasma de tomate utilizado neste estudo....................................................................................................34 QUADRO 2.3. Média do conteúdo dos carotenóides (em mg/g de peso fresco) verificados nas espécies do gênero Solanum da seção Lycopersicon.. .............................................................40 Capítulo 03 QUADRO 3.1. Identidade do fragmento de licopeno-β-ciclase amplificado de DNA de Solanum lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’ com a seqüência alvo de licopeno-beta- ciclase. Para a obtenção da validação a seqüência objeto foi submetida ao banco de dados do GenBank pelo programa BLASTn, na página eletrônica do NCBI (www.ncbi.nlm.nih.gov)...........................................................................................................58 QUADRO 3.2. Identidade do fragmento de licopeno-ε-ciclase amplificado de DNA de Solanum lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’. Para a obtenção da validação a seqüência objeto foi submetida ao banco de dados do GenBank pelo programa BLASTn, na página eletrônica do NCBI (Erro! A referência de hiperlink não é válida. QUADRO 3.3. Identidade do fragmento de fitoeno sintase amplificado de DNA de Solanum lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’. Para a obtenção da validação a seqüência objeto foi submetida ao banco de dados do GenBank pelo programa BLASTn, na página eletrônica do NCBI (www.ncbi.nlm.nih.gov).................................................................................................62 xxiv QUADRO 3.4. Identidade do fragmento de fitoeno sintase amplificado de DNA de Solanum lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’. Para a obtenção da validação a seqüência objeto foi submetida ao banco de dados do GenBank pelo programa BLASTn, na página eletrônica do NCBI (www.ncbi.nlm.nih.gov).................................................................................................64 QUADRO 3.5. Identidade do fragmento de fitoeno sintase amplificado de DNA de Solanum lycopersicum ‘Santa Clara CNPH 1496’. Para a obtenção da validação a seqüência objeto foi submetida ao banco de dados do GenBank pelo programa BLASTn, na página eletrônica do NCBI (www.ncbi.nlm.nih.gov)................................................................................................66 Capítulo 04 QUADRO 4.1. Sessenta e três sítios de polimorfismos detectados em múltiplas análises de alinhamento de um fragmento gênico correspondente ao gene codificador da enzima licopeno β-ciclase específico de cromoplasto de sete espécies de Solanum (Seção Lycopersicon). Os números representam os locais de ocorrência dos polimorfismos ao longo da seqüência amplificada de 1219pb, em um ou mais acessos quando comparado com a seqüência de referência (S. lycopersicum AF 254793). Os pontos simbolizam inserções e/ou deleções de nucleotídeos. Os polimorfismos de bases foram identificados com as letras em vermelho, (S) indica os polimorfismos tipo transição e (V) os polimorfismos tipo transversão. Os polimorfismos correspondendo a inserções/deleções foram identificados pelo símbolo ID..............................................................................................................................................79 Ana Heloneida de Araújo Morais Diversidade de Carotenóides Antioxidantes em Frutos de Espécies de Solanum (seção Lycopersicon): Caracterização Via Cromatografia Líquida de Alta Resolução (CLAE) e Análise Filogenética do Gene Codificador da Enzima Licopeno-β-ciclase Brasília-DF Dezembro 2007 1 INTRODUÇÃO O tomateiro é originário nas regiões andinas do Peru, Bolívia e Equador na parte ocidental da América do Sul. Esta hortaliça foi amplamente cultivada e consumida pelos povos pré-colombianos. O tomate cultivado foi, muito provavelmente, levado da região ocupada pelos povos Incas até a região do sul do México, onde habitavam os Astecas (PAZINATO & GALHARDO, 1997). O México, em especial as regiões de Puebla e Vera Cruz, é considerado o mais provável centro de domesticação do tomate (JENKINS, 1948; RICK & BUTLER, 1956; MONACO, 1964). Levada para a Europa pelos colonizadores espanhóis, em poucos anos a tomaticultura espalhou-se pelos diferentes países daquele continente. Durante um longo tempo, o tomateiro foi considerado apenas como uma planta medicinal ou simplesmente ornamental, sendo o seu uso difundido na alimentação e na culinária apenas dois séculos depois de ser levado para a Europa (GARDÊ & GARDÊ, 1993). Posteriormente, o cultivo do tomate foi introduzido em quase todos os países, em maior ou menor escala, tendo hoje uma utilização global (FONTES & SILVA, 2002). A maioria dos botânicos atribui a origem do cultivo e consumo, e mesmo a seleção genética, do tomate como alimento, à civilização Inca do antigo Peru. Esta origem foi deduzida pelo fato de que ainda hoje persiste, naquela região, uma grande variedade de tomates selvagens e algumas espécies domesticadas, de cor verde, que são conhecidas apenas no Peru. Os tomates selvagens e cultivados se desenvolvem em uma ampla gama de habitats, com dispersão geográfica variando desde o nível do mar até uma altitude maior que 3.300 m (RICK, 1973; TAYLOR, 1986). Estes habitats incluem desde a costa árida do Pacífico até as regiões montanhosas nos Andes, passando por matas ciliares, encostas úmidas (JENKINS, 1948) e as Ilhas Galápagos (RICK, 1967; CAMARGO, 1992). A variedade Solanum (Lycopersicum) cerasiforme, o mais provável ancestral do tomate cultivado, teria sido levado do Peru e introduzido pelos povos antigos na América Central, posto que este foi encontrado amplamente cultivado no México (EMBRAPA, 1993; FONTES & SILVA, 2002). O tomateiro é uma planta fanerógama, angiosperma e dicotiledônea. Os tomates podem ser divididos em diversos grupos, de acordo com seu formato e sua finalidade de uso, como: ‘Santa Cruz’, tradicional na culinária, utilizado em saladas e molhos e de formato oblongo; ‘Caqui’, utilizado em saladas e lanches, de formato redondo; ‘Saladete’ ou ‘Italiano’, utilizado principalmente para molhos, podendo ainda fazer parte de saladas. Seu formato é oblongo, tipicamente alongado; e ‘Cereja’, utilizado como aperitivo, ou ainda em saladas. 2 Nos últimos dez anos, o mercado de tomates no Brasil e no mundo apresentou um significativo aumento de produção, consumo, produtividade e nos preços pagos pelo consumidor final. Esse incremento veio atrelado ao desenvolvimento da produtividade e mudanças no hábito alimentar das pessoas. Esse crescimento da produção e do consumo está relacionado, entre outros fatores, ao aumento da demanda por alimentos industrializados ou produtos semi-prontos tais como molhos de tomate, ketchup e congelados. A busca por alimentos mais saudáveis pela população, associada com a proliferação de restaurantes fast- food e do tipo self-service também colaboram com o aumento da demanda mundial de frutos in natura (CARVALHO & PAGLIUCA, 2007). O tomate é a principal fonte do pigmento vermelho licopeno e contém, em menores teores, os carotenóides b-caroteno, zeaxantina e luteína. A maioria das investigações tem sugerido a associação entre dietas ricas em licopeno e a redução dos riscos da ocorrência de vários tipos de câncer (LUGASI et al., 2003; GIOVANNUCCI, 1999; CLINTON, 1998). O b-caroteno é um precursor de vitamina A, cuja deficiênciaé um problema de saúde pública no Brasil. A luteína e a zeaxantina atuam na prevenção da catarata e degeneração macular (SOMMERBURG et al., 1999). As cores de fruto nas diversas espécies de tomate variam do amarelo para o vermelho alaranjado, dependendo da razão licopeno/β-caroteno. O teor e balanço destes carotenóides também estão associados com a ação da enzima licopeno-β- ciclase (BOTELLA-PAVÍA & RODRÍGUEZ-CONCEPCIÓN, 2006). A via dos carotenóides, responsável pela biossíntese dos terpenos, é uma das vias bioquímicas mais bem caracterizadas em plantas, com vários genes já clonados e seqüenciados (CUNNINGHAM & GANTT, 1998). Vários estudos têm tentado associar marcadores moleculares com o acúmulo de licopeno em frutos de tomate (LIU et al., 2003; KABELKA et al., 2004; ROUSSEAUX et al., 2005). Entretanto, poucos são os exemplos de esforços para aumentar e/ou modificar a composição nutricional ou nutracêutica de tomates, explorando a variação de espécies selvagens (LINCOLN & PORTER, 1950; MACKINNEY et al., 1954, TOMES et al., 1954; STOMMEL & HAYNES, 1994). Por outro lado, existe na literatura uma vasta quantidade de trabalhos sobre a caracterização genética e molecular dos fatores que controlam diferentes teores de carotenóides em frutos de tomates cultivados. Entretanto, comparativamente, poucas informações estão disponíveis sobre a quantidade e diversidade de carotenóides em frutos de espécies selvagens. O presente trabalho visou explorar novos aspectos associados com a composição e conteúdo de carotenóides em espécies selvagens do gênero Solanum [Seção Lycopersicon: Solanaceae]. O objetivo final deste trabalho foi gerar ferramentas que auxiliem no processo de 3 seleção de genótipos com melhores características nutricionais. A informação gerada no presente trabalho poder ser utilizados no estabelecimento de sistemas de seleção assistida e/ou potenciais estratégias de transformação genética visando obter cultivares de tomate com melhores combinações e teores de carotenóides nutracêuticos. Foram gerados iniciadores de síntese e otimizados protocos de PCR (polymerase chain reaction) que foram empregados na amplificação de fragmentos dos genes que codificam as enzimas licopeno-β-ciclase, licopeno- ε-ciclase e fitoeno sintase em diferentes espécies de tomate. O fragmento do gene que codifica a licopeno-β-ciclase foi utilizado para a construção de uma árvore filogenética do gênero Solanum [Section Lycopersicon: Solanaceae] e o resultado foi comparado com trabalhos de taxonomia usando marcadores moleculares e morfológicos disponíveis na literatura. 4 OBJETIVOS Objetivo geral O objetivo geral deste trabalho foi caracterizar diversidade (composição) e teores de carotenóides em várias espécies do gênero Solanum [seção Lycopersicon] e gerar dados de sequência e potenciais marcadores moleculares para genes codificadores de algumas das principais enzimas da via biossintética dos carotenóides. Objetivos Específicos Caracterizar diversos materiais genéticos, incluindo linhagens das espécies selvagens do gênero Solanum seção Lycopersicon Mill, quanto à composição de carotenóides, visando selecionar genótipos que sejam potenciais fontes de elementos nutracêuticos para utilização no melhoramento genético do tomateiro. Gerar oligonucleotídeos iniciadores e definir protocolos de amplificação (PCR) específicos para isolar alelos dos genes codificadores das enzimas fitoeno sintase, licopeno-ε-ciclase e licopeno-β-ciclase de cromoplasto. Caracterizar a diversidade estrutural do gene/alelos codificadore da enzima licopeno- β-ciclase nas espécies já caracterizadas dentro da seção Lycopersicon Mill. Conduzir uma análise filogenética das espécies de Solanum seção Lycopersicon Mill utilizando os dados de sequência do gene que codifica a enzima licopeno-β-ciclase. 5 CAPÍTULO 01 1.0. Revisão da Literatura. 1.1. Importância da Cultura de Tomateiro no Brasil. O tomateiro (Solanum lycopersicum L. = Lycopersicon esculentum Mill.) é cultivado em regiões temperadas, tropicais e subtropicais em todos os cinco continentes. De acordo com dados da FAO, a produção mundial de tomate gira em torno de 125 milhões de toneladas ao ano. Entre os maiores produtores destacam-se a China e os Estados Unidos, com cerca de 30% do total mundial (WIEN, 1997; CASQUET, 1998; FONTES & SILVA, 2002; FAO/ONU, 2004). O Brasil é o nono produtor com 3,3 milhões de toneladas por ano (CARVALHO & PAGLIUCA, 2007). Os dados coletados em 2004 apontaram um total de 60 milhões de toneladas tomate para o processamento em nível mundial (WORLD PROCESSING TOMATO COUNCIL – WPTC, 2004). Aproximadamente 62% da produção brasileira têm como destino o consumo in natura. Em países como Itália, Espanha e Estados Unidos ocorre uma intensa industrialização e agregação de valor a produtos derivados de tomate. Por exemplo, apenas vinte e um por cento da produção norte-americana tem sido destinada para consumo in natura, sendo o restante da produção processada pelas indústrias de alimentos (CARVALHO & PAGLIUCA, 2007). Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) e as pesquisas de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA (ESALQ/USP) mostram um aumento considerável na produção nacional de tomate nas últimas duas décadas. Nos últimos dez anos, o mercado de tomates no Brasil e no mundo apresentou um significativo aumento de produção, consumo, produtividade e nos preços pagos pelo consumidor final. Esse incremento veio atrelado ao aumento da produtividade e mudanças no hábito alimentar das pessoas. Para os analistas do CEPEA, esse crescimento da produção e do consumo está relacionado, entre outros fatores, ao aumento da demanda por alimentos industrializados ou produtos semi-prontos tais como molhos, ketchup e congelados. A busca por alimentos mais saudáveis pela população associada com a proliferação de restaurantes fast-food e do tipo self-service também colaboram com o aumento da demanda mundial de frutos de tomate in natura (CARVALHO & PAGLIUCA, 2007). No Brasil, o tomate ocupa o segundo lugar em volume de produção/consumo dentro do agronegócio de hortaliças, vindo logo atrás da batata, a frente da alface e com volume duas vezes maior que o da cebola. Segundo dados do AGRIANUAL (2007), a área plantada com 6 tomate no Brasil é superior a 58 mil hectares com produção anual em torno de 3,5 milhões de toneladas. Os principais Estados produtore são Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, que juntos representam 77% do volume comercializado, sendo 65% destinado ao consumo in natura e 35% para processamento industrial (IBGE, 2004). O Brasil cultiva anualmente aproximadamente 42,5 mil hectares de tomate para consumo in natura e produtividade média de 47 t/ha. A região Sudeste é responsável por 55% da produção nacional do tomate para consumo in natura. Em 2006, a produção de tomate para processamento foi de 1,16 milhões de toneladas, em área de 14,9 mil hectares (produtividade de 77,8 t/ha). Os Estados de Goiás e Minas Gerais são responsáveis por aproximadamente 71% da produção nacional de tomate para processamento. Atualmente, a capacidade instalada de nossas indústrias é de aproximadamente 15.000 t/dia de pasta de tomate e de 1.500 t/dia de tomate em cubos. A produção de tomate, tanto para consumo in natura quanto para processamento industrial, envolve grande utilização de mão-de-obra, gerando empregos diretos e indiretos em diversas regiões do país. O mercado de sementes de tomate no Brasil é de aproximadamente US$ 11 milhões, representando cerca de 30% do mercado de sementes de hortaliças, que é atualmente estimado em US$ 44 milhões. Além de sua importância econômica e social, o tomate estádiariamente presente na mesa de milhares de brasileiros, sendo uma importante fonte de nutrientes na dieta de diferentes classes sociais. Sob o ponto de vista social, a cadeia de produção nacional abriga mais de 10.000 produtores, com 60.000 famílias de trabalhadores compostas por um efetivo de mais de 200.000 pessoas (TAVARES, 2003). Como mencionado, o Brasil figura entre os dez maiores produtores mundiais de tomate. No entanto, ainda existem grandes possibilidades de melhorar os indicadores tecnológicos da cultura (por exemplo, produtividade e custo de produção) permitindo estabilizar a oferta do produto ao longo do ano, atender a demanda doméstica por produtos de melhor qualidade sensorial/nutricional e gerar excedentes para exportação, especialmente de produtos processados (CARVALHO & PAGLIUCA, 2007). 1.2. Origem e Taxonomia do Gênero Solanum. O tomateiro é originário na parte ocidental da América do Sul (Figura 1.1.), nas regiões andinas do Peru, Bolívia e Equador (EMBRAPA, 1993; FONTES & SILVA, 2002). Os tomateiros selvagens e cultivados se desenvolvem em uma ampla gama de habitats, com dispersão geográfica variando desde o nível do mar até uma altitude maior que 3.300 m (RICK, 1973; TAYLOR, 1986). Estes habitats incluem desde a costa árida do Pacífico até as 7 regiões montanhosas nos Andes, encostas úmidas (JENKINS, 1948) e as Ilhas Galápagos (RICK, 1967; CAMARGO, 1992). FIGURA 1.1. Distribuição geográfica do tomateiro na parte ocidental da América do Sul, incluindo as Ilhas Galápagos. Fonte: American Journal of Botany 88(10): 1888-1902, 2001. O tomate cultivado foi, muito provavelmente, transportado da região ocupada pelos povos Incas até a região do sul do México, onde habitavam os Astecas (PAZINATO & GALHARDO, 1997). O México, em especial as regiões de Puebla e Vera Cruz, é considerado o mais provável centro de domesticação do tomate cultivado (JENKINS, 1948; RICK & BUTLER, 1956; MONACO, 1964). Levada para a Europa pelos colonizadores espanhóis, em poucos anos a tomaticultura espalhou-se pelos diferentes países daquele continente. Durante 8 um longo tempo, o tomateiro foi considerado apenas uma planta medicinal ou simplesmente ornamental, sendo o seu uso difundido na alimentação e na culinária apenas dois séculos depois de sua introdução na Europa (GARDÊ & GARDÊ, 1993). O cultivo do tomate foi introduzido em quase todos os países, em maior ou menor escala, tendo hoje uma utilização global (FONTES & SILVA, 2002). 1.2.1. Sistemas Taxonômicos do Gênero Lycopersicon. O botânico Milller, em 1754, foi o primeiro a propor a nomenclatura e a classificação do tomateiro cultivado dentro do gênero Lycopersicon (MINAMI & HAAG, 1989). Embora Karl Von Linnaeus tenha incialmente classificado o tomateiro dentro do gênero Solanum em 1753, esta espécie permaneceu sendo classificada como uma dicotiledônea, da ordem Tubiflorae, família Solanaceae, gênero Lycopersicon, subgênero Eulycopersicum e espécie Lycopersicon esculentum L. (Mill.) Wettst. As análises morfológicas iniciais do gênero Lycopersicon resultaram em dois tratamentos taxonômicos distintos. MILLER (1940) considerou Lycopersicon como um gênero distinto e subdividido em dois subgêneros, de acordo com a presença ou não do carotenóide licopeno (que confere cor vermelha aos frutos): Eulycopersicon (frutos maduros vermelhos) composto por duas espécies e Eriopersicon (frutos maduros não vermelhos) composto por quatro espécies. LUCKWILL (1943) adotou as mesmas categorias supra- específicas, mas reconheceu um total de sete espécies no subgênero Eriopersicon (WARNOCK, 1988). As nove espécies caracterizadas dentro do gênero Lycopersicon, segundo RICK (1986) podem ser agrupadas em dois “complexos”, de acordo com a ausência/presença de barreiras de cruzamentos com L. esculentum: (1) “complexo esculentum” e (2) “complexo peruvianum”. O “complexo esculentum” abrange sete espécies: L. esculentum L. Mill, L. cheesmaniae L. Riley, L. pimpinellifolium L. Miller; L. chmielewskii Rick; L. parviflorum Rick; L. hirsutum Dunal e L. pennellii (Corr.) D’Arcy. O “complexo peruvianum” abrange duas espécies: L. chilense Dunal e L. peruvianum L. Miller (PERALTA & SPOONER, 2000). CHILD (1990), em um tratamento taxonômico posterior, posicionou o tomate no gênero Solanum seção Lycopersicon subseção Lycopersicon e dividiu esta subseção em três séries: Lycopersicon (frutos vermelhos contendo licopeno), Neolycopersicon (frutos sem licopeno) e Eriopersicon, seguindo o mesmo conceito já descrito acima. 9 1.2.2. Sistemática Molecular e a Nova Classificação do Gênero Lycopersicon. A sistemática molecular da família Solanácea, incluindo o tomateiro, tem sido baseada na análise de seqüência de genes de cloroplasto (SPOONER et al., 1993); de genes mitocondriais (MCLEAN & HANSON, 1986); padrões de isoenzimas (RICK & FOBES, 1975a; RICK & FOBES 1975b; RICK & TANKSLEY, 1981, RICK, 1983; 1986; BRETÓ et al., 1993) e marcadores moleculares do tipo “restriction fragment length polymorphism” – RFLP (MILLER & TANKSLEY, 1990). Mais recentemente, PERALTA & SPOONER (2001) conduziram uma exaustiva análise morfológica e molecular que definiu, de maneira consistente, que o tomateiro é uma espécie dentro do gênero Solanum na seção Lycopersicon. No entanto, por questões de ordem prática, muitos dos botânicos e geneticistas ainda reconhecem o tomate como pertencente ao gênero Lycopersicon Miller (PERALTA & SPOONER, 2000). A análise de PERALTA & SPOONER (2001) envolveu a comparação de dados de seqüência do gene GBSSI (“Granule Bound Starch Synthase”). Os resultados mostraram uma relação estreita entre espécies com frutos maduros verdes, estando de acordo com as classificações anteriores baseadas exclusivamente em dados morfológicos (PERALTA & SPOONER, 2001). A partir dos dados obtidos com a seqüência do gene GBSSI combinados com uma coleção de dados morfológicos (incluindo coloração de fruto), foi proposto o retorno do gênero Lycopersicon para o gênero Solanum sendo as espécies reclassificadas da seguinte forma: S. lycopersicum L. Mill = L. esculentum L. Mill.; S. cheesmaniae L. Riley = L. cheesmaniae L. Riley; S. galapagense S. (Darwin) Peralta = L. cheesmaniae L. Riley var. minor; S. pimpinellifolium L. Miller = L. pimpinellifolium L. Miller; S. chmielewskii Rick = L. chmielewskii Rick; S. neorickii Rick = L. parviflorum Rick; S. habrochaites S. Knapp = L. hirsutum Dunal; S. pennellii Correl = L. pennellii (Corr.) D’Arcy; S. chilense Dunal = L. chilense Dunal O complexo L. peruvianum L. Miller foi desmembrado em quatro taxa (PERALTA & SPOONER, 2001; PERALTA et al., 2005): S. corneliomuelleri Macbr, (nova espécie) descrita como L. glandulosum Mull.; S. arcanum Peralta (nova espécie); S. huaylasense Peralta (nova espécie); S. peruvianum L. Miller que corresponde a todos os acessos típicos de L. peruvianum. 10 1.3. Principais Características das Espécies do Gênero Solanum seção Lycopersicon. A maioria das espécies da seção Lycopersicon é silvestre, apresentando frutos extremamente pequenos, por vezes pubescentes. Estas espécies têm sido utilizadas com freqüência em programas de melhoramento do tomateiro visando à introgressão de genes que conferem resistência a pragas e doenças, melhoria da qualidade dos frutos e aumento da qualidade nutritiva (GIORDANO et al., 2003). Solanum peruvianum é a espécie selvagem que apresenta a maior variabilidade genética e fenotípica. Ela é nativa da região central e norte do Peru, apresenta fatores de resistência a diversas pragas e doenças e é a fonte mais rica em vitamina C. Alguns acessos também apresentam tolerância à seca. Esta espécie tem sido utilizada nos programas de melhoramento como fonte de resistência a um grande número de doenças, tais como as causadas pelos fungos Cladosporium fulvum e Fusarium oxysporum,várias espécies do nematóide Meloidogyne e patotipos de Tomato mosaic virus e espécies de Tospovirus (GIORDANO et al., 2003). Como mencionado, a espécie S. peruvianum L. Miller foi recentemente dividida em três novas espécies: S. corneliomuelleri Macbr (de ocorrência nas regiões sul e central do Peru) e duas novas espécies (S. arcanum Peralta e S. huaylasense Peralta) de ocorrência restrita ao norte do Peru (PERALTA et al., 2005). A espécie selvagem S. pimpinellifolium é originária do Peru e também denominada de “tomate-groselha”. No melhoramento genético, esta espécie tem sido fonte de fatores de resistência a um grande número de patógenos (C. fulvum, F. oxysporum, Phytophthora infestans, Verticillium dahliae e Pseudomonas tomato) e também de características relacionadas à qualidade do fruto, tais como: menor acidez, elevado teor de minerais, licopeno e pró-vitamina A. Esta espécie é adaptada a temperaturas muito altas no que diz respeito ao pegamento de frutos e ao crescimento vegetativo (GIORDANO et al., 2003). Solanum cheesmaniae é uma espécie endêmica das Ilhas Galápagos. Ela é resistente à salinidade (com ocorrência litorânea) e não tem abscisão no pedúnculo floral. Acessos anteriormente denominados de S. cheesmaniae var. minor foram reclassificados como uma nova espécie, S. galapagense (PERALTA et al., 2005). Solanum habrochaites é uma espécie selvagem e rústica de ocorrência em regiões de elevadas altitudes, no Equador e no Peru. É resistente a numerosos insetos, ácaros e vírus e é adaptada a temperaturas muito baixas, no que diz respeito à germinação e pegamento de frutos. O gene B, que controla teores mais elevados de β-caroteno foi introgredido desta espécie (PERALTA et al., 2005). 11 Solanum neorickii é uma espécie que se encontra nos altos vales dos Andes peruanos. Esta espécie se caracteriza por frutos com elevados teores de matéria seca (PERALTA et al., 2005). Solanum chilense é uma espécie originária das regiões áridas do norte do Chile e do sul do Peru. Esta espécie é muito resistente à seca. Um dos genes de resistência a geminivírus (Ty-1) foi introgredido a partir de acessos desta espécie (GIORDANO et al., 2003). Solanum chmielewskii é uma espécie que se caracteriza por um fruto de cor amarela e pelo seu alto teor de açúcar, tendo sido utilizada pelos programas de melhoramento genético visando aumentar o Brix (teor de açúcares solúveis) de tomates para processamento industrial (PERALTA et al., 2005). Solanum pennellii é uma espécie selvagem originária do oeste do Peru e que resiste consideravelmente à seca. Acessos desta espécie apresentam tricomas glandulares que conferem resistência a diversos insetos e ácaros (GIORDANO et al., 2003). 1.4. Carotenóides Mais Comumente Encontrados em Hortaliças e Frutas. Os carotenóides mais comumente encontrados nos alimentos de origem vegetal são: o ß-caroteno e a-caroteno presentes, por exemplo, na cenoura (Daucus carota) e abóboras (Cucurbita spp), o licopeno presente no tomate, goiaba e melancia e várias xantofilas (zeaxantina, luteína e outros carotenóides com estruturas oxigenadas) presentes, por exemplo, no milho (Zea mays); na manga (Mango indica) e no mamão (Carica papaya). A bixina (corante dérmico e aditivo culinário usado por indígenas amazônicos) é obtida do urucum (Bixa orellana). Carotenóides como o β-caroteno, licopeno, zeaxantina e luteína exercem funções antioxidantes em fases lipídicas, bloqueando os radicais livres que danificam as membranas lipoprotéicas (SIES & STAHL, 1995). O licopeno é o carotenóide predominante no plasma e nos tecidos humanos, sendo encontrado em um número limitado de alimentos, como no tomate e seus produtos, na goiaba, na melancia, no mamão e na pitanga (ARAB & STECK, 2000). 1.5. Importância dos Carotenóides na Dieta Humana. A hipovitaminose A têm sido observada em algumas regiões brasileiras tais como o semi-árido nordestino e o Vale do Rio Jequitinhonha (Norte de Minas Gerais). Entre as estratégias para aumentar e/ou permitir um consumo adequado deste nutriente, destacam-se a introdução de alimentos ricos em carotenóides em culturas adaptadas para plantio e com tradição de consumo nas regiões geográficas onde a carência nutricional é manifestada 12 (WHO/UNICEF, 1995). Além disso, BRAMLEY (2000) menciona que muitas tentativas de controle da deficiência de vitamina A via suplementação (cápsulas) não têm sido eficientes em países em desenvolvimento. É fundamental também a introdução de alimentos derivados de plantas com alto teor pró-vitamínico na dieta da população. Neste contexto, o melhoramento genético, visando desenvolver e disponibilizar cultivares com maiores teores de pigmentos com ação de pró-vitamina A apresenta um papel de relevo. O tomate, apesar de não conter teores elevados de carotenóides pró-vitamina A, é uma das mais importantes fontes deste elemento devido ao alto consumo tanto de produtos in natura quanto de produtos processados (TAVARES & RODRIGUEZ-AMAYA, 1994). Além disso, o tomate é também fonte de moléculas antioxidantes com conhecida ação anticâncer (exemplo: licopeno e luteína) (OLSON, 1999). O estudo da ação dos antioxidantes bem como da sua relação com os radicais livres e a prevenção de algumas doenças tornou-se um tema de grande interesse. Os radicais livres são átomos ou moléculas produzidas durante os processos metabólicos e que atuam como mediadores da transferência de elétrons em várias reações bioquímicas nas células e tecidos humanos. As principais fontes de radicais livres são as organelas citoplasmáticas que metabolizam o oxigênio, o nitrogênio e o cloro (MÉNDEZ FILHO & RODRÍGUEZ, 1997). A produção excessiva de radicais livres pode conduzir a diversas formas de dano celular e sua cronicidade está associada com o desenvolvimento de numerosas doenças (SPEISKY & JIMÉNEZ, 2000). As lesões celulares causadas pelos radicais livres podem ser prevenidas ou minimizadas por meio da atividade de antioxidantes, sendo estes encontrados em muitos alimentos de origem vegetal (PAPAS, 1999). Os antioxidantes podem ser definidos como qualquer substância que, mesmo presente em baixas concentrações, retarda ou inibe de maneira eficaz a oxidação de um dado substrato celular (AUST et al., 2001). O sistema de defesa antioxidante (com ação direta na neutralização da ação dos radicais livres) é formado por fatores enzimáticos e não-enzimáticos. Estes agentes antioxidantes estão presentes tanto no organismo (nas células ou na circulação sangüínea) como nos alimentos ingeridos (MONTERO, 1996). No sistema enzimático, os principais agentes antioxidantes são as proteínas das classes superóxido-dismutases, glutationa-peroxidases e catalases (HALLIWELL & GUTTERDGE, 1999). Dos componentes não-enzimáticos da defesa antioxidante destacam-se alguns minerais (ex. cobre, manganês, zinco, selênio e ferro); vitaminas (ácido ascórbico, vitamina E, vitamina A); carotenóides (β-caroteno, a-caroteno, 13 licopeno e luteína); bioflavonóides (genisteína e quercetina) e taninos (catequinas) (PAPAS, 1999; CARVALHO et al., 2006). Os carotenóides e as vitaminas são as substâncias mais investigadas como agentes antioxidantes em sistemas biológicos (POOL-ZOBEL et. al., 1997). Os carotenóides compreendem uma família de compostos naturais, dos quais mais de 600 variantes estruturais estão reportadas e caracterizadas em bactérias, algas, fungos e plantas superiores. A produção mundial de carotenóides naturais é estimada em 100 milhões de toneladas por ano, sendo que o maior volume individual encontra-se na obtenção da fucoxantina das algas fotossintéticas marrons. Os mamíferos não estão bioquimicamente capacitados para a síntese de carotenóides, mas podem acumular e/ou converter precursores que obtêm da dieta (exemplo, conversão de ß-caroteno em vitamina A) (STAHL & SIES, 1999). Dos carotenóides acíclicos,o licopeno e o z-caroteno são os mais comuns. O licopeno é o principal pigmento de algumas hortaliças de coloração vermelha (RODRIGUEZ- AMAYA, 2001). O carotenóide bicíclico b-caroteno é o mais difundido de todos os carotenóides, presentes tanto em altas quanto em baixas concentrações, dependendo da espécie vegetal. Estudos mostram a relação entre o aumento no consumo de alimentos ricos em carotenóides e a diminuição no risco de várias doenças. Testes in vitro e in vivo sugerem que os carotenóides são excelentes antioxidantes, seqüestrando e inativando os radicais livres (ERDMAN, 1999). Segundo OLSON (1999), os carotenóides seqüestram o oxigênio singleto, removem os radicais peróxidos, modulam o metabolismo carcinogênico, inibem a proliferação celular, estimulam a comunicação entre células e elevam a resposta imune. Em decorrência da importância atribuída aos carotenóides, especialmente ao licopeno, vários estudos vêm sendo realizados para confirmar o efeito benéfico desta classe de pigmentos vegetais. MICHAUD et al. (2000) relataram que a ingestão de carotenóides reduziu em 32% o risco de câncer de pulmão em não fumantes. Uma maior ingestão de β-caroteno reduziu em 63% o risco de aparecimento de câncer em não-fumantes. Em fumantes, no entanto, a redução do risco foi insignificante para os demais antioxidantes, exceto licopeno. Uma significativa redução no risco de câncer foi observada com o aumento no consumo de licopeno (MICHAUD et al., 2000), corroborando com uma vasta literatura médica (HEBER, 2000). O licopeno apresenta maior eficiência na proteção das membranas celulares contra as lesões causadas pelo radical dióxido de nitrogênio (encontrado no fumo), apresentando, desta forma, um papel especial na prevenção do câncer de pulmão (BOHM et al., 1995). 14 Apesar das evidências protetoras do licopeno no câncer de próstata (RAO & AGARWAL, 2000), alguns estudos têm demonstrado resultados inconsistentes sobre este efeito (SHIRAI et al., 2002). Esta inconsistência pode ser parcialmente explicada por problemas com a biodisponibilidade do licopeno de diferentes fontes alimentares e questões fisiológicas próprias de cada indivíduo (TUCKER, 2003). Segundo um estudo realizado no Canadá por RAO et al. (1998), a média de ingestão de licopeno, verificada por meio de questionários de freqüência alimentar, foi de 25 mg por dia, com 50% desta ingestão representada por tomates in natura. RAO & AGARWAL (2000) sugerem que o valor de 35 mg/dia seria uma ingestão média diária apropriada do licopeno. Portanto, é necessário estimular o consumo de alimentos ricos em licopeno, visando suprir as necessidades diárias recomendadas. Os tomates consumidos in natura apresentam o licopeno em forma menos biodisponível que os tomates processados (WILLCOX et al., 2003). Essa diferença de biodisponibilidade está relacionada com as formas isoméricas apresentadas pelo licopeno, sugerindo que uma maior ingestão de tomates processados seria a maneira mais eficiente de suprir este pigmento nas concentrações consideradas adequadas (RAO & AGARWAL, 2000). Mais recentemente, as propriedades nutracêuticas dos carotenóides fitoeno e fitoflueno têm sido demonstradas em diferentes estudos. Estes compostos estão também presentes em frutos do tomateiro e são absorvidos e acumulados em importantes órgãos de diferentes mamíferos. Três carotenóides do tomate (licopeno, fitoeno e fitoflueno) apresentaram uma ampla distribuição no organismo de ratos, porém se acumularam mais intensamente na próstata. O fitoflueno mostrou mais alta concentração no fígado (CAMPBELL, 2007). As moléculas dos carotenóides apresentam muitas possibilidades de isomeria geométrica (especialmente induzida por temperatura) e ótica. CLINTON et al. (1996) demonstraram que 79% a 91% do licopeno presente nos tomates e seus produtos encontram- se sob a forma do isômero trans (trans-licopeno), em contraste com os níveis de licopeno sérico e tissulares, que se encontra em mais de 50% na forma de isômero cis-licopeno. O licopeno ingerido, na sua forma natural (trans-licopeno), é pouco absorvido, mas, como mencionado, estudos demonstram que o processamento térmico dos tomates e seus produtos melhoram a sua biodisponibilidade. O processamento térmico rompe a parede celular e permite uma extração mais eficiente do licopeno dos cromoplastos (WILLCOX et al., 2003). A importância dos carotenóides β-caroteno e a-caroteno na dieta, como precursores da vitamina A, tem sido reconhecida por muitas décadas (BRITTON, 1995). No organismo humano, estes pigmentos atuam na formação de pigmentos visuais, no crescimento celular normal, no desenvolvimento e manutenção da estrutura epitelial e das mucosas que revestem 15 intestinos, vias respiratórias bem como no desenvolvimento de dentes e ossos. A conversão do β-caroteno em vitamina A é realizada na parede do intestino delgado, sendo influenciada pela ingestão de gordura e proteínas da dieta. O â-caroteno só é biologicamente ativo quando transformado em retinol (vitamina A), sendo seu teor médio no sangue de 300 mcg/dL. A absorção de β-caroteno é dependente da presença de bile e aproximadamente um terço de β- caroteno é absorvido no intestino (AMBRÓSIO et al., 2006). A dificuldade de definir um fator geral de conversão do carotenóide pró-vitamina A em vitamina A, não é recente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu, em 1967, que 6 µg de ß-caroteno trans ou 12 µg de todos os carotenóides do tipo pró-vitamina A trans nos alimentos é equivalente a 1 µg de retinol trans (FAO/WHO, 1967). Na ausência de uma informação precisa e devido à complexidade do problema, a maioria dos comitês nacionais e internacionais adota os mesmos valores. Estes valores foram recentemente duplicados, sendo proposto que 12 µg de ß-caroteno trans ou 24 µg de carotenóides do tipo pró-vitamina A trans é equivalente a 1 µg de retinol trans (MONSEN, 2000). O β-caroteno é uma molécula que pode ser convertida em vitamina A no organismo sempre que necessário. O excesso da vitamina A pode ser nocivo, enquanto o β-caroteno em si não faz mal algum. Os níveis máximos de ingestão de vitamina A recomendados são de 10000 unidades internacionais (UI). Por seu lado, o β-caroteno pode ser tomado em doses diárias que ultrapassam as 300.000 UI (180 mg), sem que se observem efeitos nefastos (PASSWATER, 1998). O β-caroteno co- existe como dois isômeros na geometria quadrado planar, o trans e o cis, em proporções desiguais. Foram realizados vários estudos de absorção dos dois isômeros e verificou-se que os níveis sanguíneos da forma em trans são superiores ao do isômero cis (STAHL et al., 1993; 1995; TAMAI et al., 1995; BEN-AMOTZ & LEVY, 1996; JOHNSON et al., 1997). Alguns destes autores sugerem que este resultado é indicativo de uma maior absorção do trans-β-caroteno por parte do intestino. Todavia, a maior parte destes estudos não determinou os níveis de β-caroteno acumulado em tecidos, em especial no fígado, o que implicaria a realização de biópsias (seres humanos) ou o sacrifício dos animais em estudo. Portanto, são necessários estudos mais rigorosos de modo a determinar se existe uma absorção preferencial de um dos isômeros. A luteína é um carotenóide encontrado em flores, frutos e folhas e, na biologia humana, tem um importante papel na saúde dos olhos. A luteína tem sido usada como suplemento, atuando na prevenção do desenvolvimento de catarata e degeneração macular e prevenindo a diminuição da densidade macular causada por fatores como envelhecimento e 16 tabagismo (HAMMOND et al., 1997; LYLE et al., 1999; SEDDON et al., 1994). A luteína é sintetizada a partir de α-caroteno. Os seus ésteres, formados pela combinação de uma molécula de ácido orgânico com uma molécula de álcool, ocorrem naturalmente em muitas frutas tais como a maçã, a laranja, o mamão papaia, o pêssego, a ameixa seca e atangerina. A luteína e a zeaxantina são os dois principais carotenóides encontrados na mácula, o pigmento da retina responsável pela visão nítida das imagens, e estão associadas a proteínas solúveis (SOMMERBURG et al., 1999). O excesso no acúmulo desses carotenóides pode causar uma típica pigmentação amarelada da retina (LYLE et al., 1999). 1.6. Importância dos Carotenóides como Elementos Funcionais. Dentro de alimentos funcionais e do programa internacional visando utilizar a biodiversidade vegetal para promover uma alimentação mais saudável, existe a necessidade de se determinar, com maior precisão, os teores de nutrientes e substâncias bioativas em alimentos nativos do Brasil. Atualmente já existe um banco de dados sobre composição de carotenóides em diferentes alimentos brasileiros, incluindo diversas hortaliças (RODRIGUEZ-AMAYA, 1996; 1999). Esta informação catalogada minimiza a falta de exatidão ao utilizar tabelas gerais de composição de alimentos (RODRIGUEZ-AMAYA, 2000), em especial em inquéritos dietéticos que visam avaliar o estado nutricional de indivíduos e o estabelecimento de eventuais programas de intervenção. Uma recente revisão sobre as hortaliças como fontes de elementos funcionais foi recentemente publicada (CARVALHO et al., 2006). O efeito terapêutico do consumo adequado de hortaliças e frutas inclui alteração na composição de gorduras corporais, redução na absorção do colesterol, regulação da coagulação do sangue, influência nas atividades digestivas, entre outras. Contudo, a grande área emergente é aquela que basicamente combina alimentação com a prevenção de doenças, buscando os chamados alimentos com propriedades funcionais ou nutracêuticas. Parte considerável das substâncias de origem vegetal que previnem doenças são pró-vitaminas ou antioxidantes. Algumas substâncias fazem parte do metabolismo secundário, em especial os pigmentos carotenóides e os flavonóides (LÁZARO, 2002). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, visando regulamentar esta nova prática no Brasil, publicou a portaria nº 398 de 1999, que estabelece as diretrizes básicas para a análise e comprovação de propriedades funcionais e/ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos. Esta atitude visa proteger o consumidor e estimular os investimentos em pesquisas científicas. Atualmente existem alguns alimentos que já tem suas propriedades funcionais comprovadas. Por exemplo: 17 as fibras diminuem o colesterol sangüíneo e a glicemia em pacientes diabéticos e previnem o câncer de cólon; o tomate possui o licopeno, que atua contra os cânceres de próstata, cólon, pâncreas e pulmão; o alho e a cebola possuem substâncias de ação antiinflamatória (exemplo, a alicina). A falta de informação da população acerca das fontes de carotenóides é fato que deve ser levado em consideração. Programas de educação nutricional da população brasileira acerca dessas fontes funcionariam como uma importante ferramenta no combate de diversas carências de pró-vitaminas e antioxidantes. Por exemplo, um programa que proporcionou a elevação dos níveis séricos de retinol de crianças em uma comunidade rural da África do Sul envolvia a inclusão na dieta de hortaliças de coloração verde-escura ou amarela combinada com uma atenção à saúde e educação nutricional (FABER et al. 2002). É importante também levar em consideração fatores fisiopatológicos dos diferentes grupos etários para garantir uma maior eficácia destes programas. No caso da vitamina A, de acordo com a NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES USA (2001), a ingestão diária mínima, para garantir um nível sérico adequado e prevenir sintomas de deficiência em indivíduos adultos é de 500 a 600µg; em crianças 200 a 300µg; em gestantes 550µg e em lactantes 900µg. Os tomates e seus derivados aparecem como as maiores fontes de licopeno (DJURIC & POWELL, 2001; TAKEOKA et al., 2001). Em relação ao antioxidante licopeno, o tomate in natura apresenta, em média, 30 mg/kg do fruto; o suco de tomate cerca de 150 mg/litro; e o ketchup contém em média 100 mg/kg (STAHL & SIES, 1999). O licopeno presente nos tomates varia conforme o tipo e o grau de amadurecimento dos mesmos e entre diferentes cultivares (CARVALHO et al., 2005) Segundo GIOVANNUCCI (1999), o tomate vermelho maduro contém maior quantidade de licopeno que de β-caroteno, sendo responsável pela cor vermelha predominante. Embora seja relativamente pobre em pró-vitamina A, o tomate constitui-se na terceira fonte desta substância na dieta humana devido ao elevado consumo per capita de extratos e produtos processados derivados do tomate (TIGCHELAAR, 1986). 1.7. Biologia dos Carotenóides. Os carotenóides são classificados em dois grandes grupos (carotenos e xantofilas). Os primeiros são hidrocarbonetos simples e os últimos são oxigenados. Os carotenóides são sintetizados e acumulados nos plastídeos, onde eles se ligam a proteínas hidrofóbicas específicas. Em todos os organismos fotossintéticos, os carotenóides realizam funções indispensáveis nos sistemas de captação de luz e nos centros de reações fotossintéticas. Os carotenóides apresentam a chamada “função de antena”, absorvendo energia solar na região 18 azul-verde do espectro e transferindo esta energia para as clorofilas (GIULIANO et al., 2003). São também importantes para a conjugação e estabilidade de alguns complexos de pigmentos- proteínas fotossintéticos (função estrutural). Os carotenóides agem como fotoprotetores, prevenindo a formação de oxigênio singleto e seqüestrando diretamente estes e outros radicais livres nocivos à célula vegetal (FOOTE, 1976). Em plantas superiores, estes pigmentos desempenham papéis adicionais fornecendo as cores amarela, laranja e vermelha a certos órgãos, como as flores e os frutos, a fim de atrair animais para polinização e para dispersão de sementes. Nas hortaliças, certos carotenóides que são sintetizados como metabólitos secundários, se acumulam em altas concentrações e são estocados dentro dos cromoplastos (RONEN et al., 2000). As cores conferidas por estes pigmentos são de importante valor agronômico e comercial em várias culturas e plantas ornamentais (CUNNINGHAM & GANTT, 1998). 1.8. Identificação e Quantificação de Carotenóides em Tecidos Vegetais. Vários métodos têm sido utilizados para a obtenção de perfis de compostos metabólicos em tecidos vegetais. A técnica mais recentemente desenvolvida é a espectrometria de massa, uma ferramenta analítica poderosa que é usada para identificar compostos desconhecidos, quantificar materiais conhecidos e elucidar as propriedades químicas e estruturais das moléculas. A detecção de compostos pode ser conseguida para quantidades tão pequenas como 10-15 g, para um composto de massa de 1000 Daltons em misturas quimicamente complexas. A essência da técnica envolve a geração de íons que são depois detectados. A sofisticação surge nos métodos que são usados para a geração desses mesmos íons e no modo de analisá-los (CODY et al., 1994). Estudos utilizando espectrometria de massa acoplada à cromatografia de gás foram capazes de identificar e quantificar vários metabólicos com propriedades biológicas em folhas e frutos de S. lycopersicum (SCHAUER et al., 2005; MOCO et al., 2006; TIKUNOV et al., 2005). A cromatografia gasosa é uma técnica para separação e análise de misturas de substâncias voláteis, muito utilizada para determinar o perfil de carotenóides. Neste método a amostra é vaporizada e introduzida em um fluxo de um gás adequado denominado de fase móvel ou gás de arraste. Este fluxo de gás com a amostra vaporizada passa por um tubo contendo a fase estacionária (coluna cromatográfica), onde ocorre a separação da mistura. As substâncias separadas saem da coluna dissolvida no gás de arraste e passam por um detector,
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