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APG 3 – SOI III Fisiologicamente, tanto indivíduos normais quanto hipertensos, a PA é mantida pela regulação contínua do débito cardíaco e da resistência vascular periférica (PA = DC X RVP) em três sítios anatômicos: as arteríolas, as vênulas pós-capilares e o coração. Um quarto sítio, o rim, também contribui para a manutenção da PA ou regulação do volume do líquido intravascular. Nesses quatro locais, os barorreceptores mediado por nervos autônomos atuam em combinação com mecanismos humorais, como SRAA, coordenando e mantendo a PA normal. O grande problema, nos hipertensos, é que os barorreceptores e os sistemas de controles renais de volume sanguíneo/PA estão ajustados em um nível mais elevado para a manutenção da PA. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: DIURÉTICOS Os diuréticos têm sido as drogas mais usadas no tratamento da hipertensão há mais de 40 anos e têm um papel vital no controle dessa condição, seja isoladamente ou em combinações com outras drogas. Essas drogas ainda são as mais extensamente estudadas em ensaios clínicos em larga escala, e têm mostrado consistentemente redução das complicações cardiovasculares decorrentes da hipertensão. Nos últimos anos, o uso dos diuréticos tem sido reduzido nos EUA, devido aos seus efeitos metabólicos adversos potenciais. -Tiazídicos: Inibem a ação do íon transportador de Na+Cl– no túbulo contorcido distal com aumento de eliminação de Na+, Cl–, K+ e água. Os principais representantes são hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida. Possui tempo de ação longo e atinge seu efeito máximo com baixas doses. - De alça: Inibem o íon transportador de NaK2Cl encontrado na membrana apical de células epiteliais renais no ramo ascendente da alça de Henle. Os principais representantes são furosemida e bumetanida. São reservados para HAS associada à insuficiência renal com taxa de filtração glomerular < 30 ml/min/1,73 m² ou creatinina > 2,0 mg/dL e na insuficiência cardíaca com retenção de volume. - Poupadores de potássio: Inibem os canais con- dutores de sódio no túbulo coletor ou bloqueando a aldosterona. Eliminam sal e água, porém poupam potássio. Os principais representantes são: espironolactona, triantereno e amilorida. São menos eficazes, porém são utilizados principalmente em associações com outros tiazídicos para atenuar a excreção de potássio. o Mecanismo de ação: o local de ação dessas drogas é o néfron (unidade morfofuncional do rim). O mecanismo exato pelo qual os diuréticos baixam a pressão sanguínea não é totalmente compreendido. Inicialmente, eles produzem uma leve depleção de sódio, levando a diminuição do fluido extracelular e do débito cardíaco. Com a continuação da terapia, ocorrem diminuição da resistência vascular periférica e restauração do débito cardíaco. Contudo, sua atuação a longo prazo consiste na depleção de sódio. Acredita-se que o sódio contribua para a resistência periférica, aumentando a rigidez vascular e a atividade neural, possivelmente em decorrência do cálcio intracelular. Essas drogas depletam o sódio através da inibição do transporte de eletrólitos nos túbulos renais. A grande potência e o início rápido dos diuréticos de alça não proporcionam vantagem adicional para o tratamento diário da hipertensão crônica em que não exista insuficiência renal ou cardíaca ou edema refratário. Exceção parece haver com a piretanida. A prevenção dos efeitos adversos como dislipidemias, intolerância à glicose, hipocalemia, impotência sexual e hiperuricemia é alcançada com doses cada vez menores e monitorização dessas variáveis no tratamento individualizado. Os diuréticos tiazídicos e de alça diminuem a excreção renal de cálcio. Esse efeito foi associado recentemente à baixa incidência de fraturas em pacientes idosos. Os diuréticos poupadores de potássio devem ser dados a pacientes muito vulneráveis à hipocalemia, especialmente àqueles com história de arritmias cardíacas que recebem digitálicos ou aqueles com alterações no eletrocardiograma. Esse grupo de drogas está indicado no hiperaldosteronismo primário (síndrome de Conn). A xipamida é um diurético que age no túbulo distai do néfron; é um dos derivados do ácido 4-clorossalicnico e tem sua eficácia e efeitos adversos semelhantes aos dos benzotiazídicos. MEDICAMENTOS DIURÉTICOS MAIS USADOS: 1. Furosemida: bloqueia o sistema co- transportador de Na+K+2Cl- localizado na membrana celular luminal do ramo ascendente da alça de Henle; portanto, a eficácia da ação salurética da furosemida depende do fármaco alcançar o lúmen tubular via um mecanismo de transporte aniônico. 2. Hidroclorotiazida: A hidroclorotiazida age diretamente sobre os rins, atuando sobre o mecanismo de reabsorção de eletrólitos no túbulo contornado distal. Aumenta a excreção de sódio e cloreto (em quantidades aproximadamente equiva- lentes) e, consequentemente, de água. A natriurese pode ser acompanhada de alguma perda de potássio. 3. Espironolactona: A espironolactona causa aumento das quantidades de sódio e água a serem excretados, enquanto o potássio é retido. A espironolactona atua como diurético e como anti-hipertensivo por este mecanismo. Ela pode ser administrada sozinha ou com outros agentes diuréticos que atuam mais proximamente no túbulo renal. 4. Amilorida: interfere com o mecanismo envolvido na troca de sódio por potássio no túbulo contornado distal e no túbulo coletor do néfron, o que diminui o potencial líquido negativo do lúmen tubular e reduz a secreção de potássio e hidrogênio e sua subsequente excreção. 5. Hidroclorotiazida e Espironolactona: tanto a espironolactona como a hidroclorotiazida reduzem o sódio permutável, o volume do plasma, o peso corpóreo e a pressão arterial. Os efeitos diuréticos e anti- hipertensivos dos componentes individuais são potencializados quando a espironolactona e a hidroclorotiazida são ministradas concomitantemente. INIBIDORES DO SISTEMA SIMPÁTICO CENTRAL Drogas de ação central: O cérebro exerce o controle maior sobre a circulação. O bulbo e o hipotálamo parecem ser os locais responsáveis pela atividade do coração e dos vasos. Parece lógico atuar farmacologicamente nessa área para a diminuição da pressão arterial dos hipertensos. Clonidina e metildopa são drogas desse tipo, usadas para tratar cronicamente a hipertensão em nosso meio. o Mecanismo de ação: Essas duas substâncias (clonidina e alfametildopa) deprimem o tônus simpático por ação agonista nos receptores pré-sinápticos alfa- 2-adrenérgicos e imidazólicos do sistema nervoso central (SNC). Essa estimulação diminuiria e eficácia da liberação de noradrenalina nos nervos terminais em resposta à despolarização. A única diferença entre a clonidina e a alfametildopa é que a primeira age diretamente nos receptores alfa-2- adrenérgicos e imidazólicos, enquanto a segunda tem que ser convertida em alfametilnoradrenalina para atuar (pro- droga). Elas reduzem o nível de renina plasmática por mecanismos ainda não esclarecidos. Não alteram o fluxo sanguíneo renal ou a taxa de filtração glomerular, porém reduzem a resistência vascular renal. BLOQUEADORES GANGLIONARES Agem na sinapse ganglionar. O representante da classe é o trimetafan. A base da ação anti- hipertensiva dessas drogas repousa na sua capacidade de bloquear a transmissão através do gânglio autonômico. Essa ação resulta da diminuição do númer9 de impulsos simpáticos que passam através da sinapse para a porção ganglionar, diminuindo como consequência o tônus vascular, o débito cardíaco e a pressão sanguínea. Essas drogas também evitam a interação da acetilcolina com os receptores nicotínicos nas membranas· neuronais pós-sinápticas do sistema nervoso parassimpático (SNPS). São bastante potentes e reduzem drasticamente a pressão arterial. Por esses bloqueios, a frequência e a intensidade dos efeitos adversos restringem seu uso. Podem ocorrer hipotensãopostura acentuada, visão turva, secura da boca, constipação, íleo paralítico, retenção urinária e impotência. Só está indicado o uso endovenoso como droga de ação rápida tipo cansilato de trimetafan em emergências hipertensivas e/ou pré-operatória (neurocirurgia) na qual a hipotensão é desejada, pelo risco de hemorragia. BLOQUEADORES PÓS-GANGLIONARES NEURONAIS São drogas que diminuem a PA, por dificultarem a liberação fisiológica normal de noradrenalina (NA) nos neurônios simpáticos pós-ganglionares. A guanetidina e a reserpina são os representantes em nosso meio. o MEDICAMENTOS GUANETIDINA: Em doses altas, essa droga produz efeitos deletérios, pela simpatoplegia profunda. Foi muito usada no passado para a crise hipertensiva. Mecanismo de ação: a guanetidina inibe a liberação de NA que ocorre quando o potencial de ação atinge as terminações nervosas simpáticas. Essa droga é transportada através da membrana nervosa simpática pelo mesmo mecanismo que transporta a NA, e a captação é essencial para a sua ação. Após penetrar no nervo, ela é concentrada nas vesículas transmissoras no lugar da NA. Contudo, na primeira administração pode ocorrer crise hipertensiva pela liberação de vesículas de NA já estocada. RESERPINA: É um alcaloide extraído da planta indiana Rauwolfia serpentina. Foi uma das primeiras drogas usadas em grande escala para o tratamento da hipertensão. Hoje ainda é considerada um fárrnaco eficaz e seguro no seu tratamento. Mecanismo de ação: a droga bloqueia a capacidade das vesículas neuro- transmissoras de captar e armazenar aminas biógenas. Isso resulta em depleção de NA, adrenalina e serotonina dos neurônios periféricos e centrais. Esses efeitos parecem duradouros, podendo-se observar traços da droga nas vesículas adrenérgicas por vários dias. A deleção dessas aminas em nível periférico é responsável pelo efeito anti-hipertensivo benéfico dessa droga. Em doses baixas, essa droga assemelha-se a drogas de ação central tipo alfametildopa, preservando os reflexos simpáticos. Ela diminui a pressão pela queda do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. BETABLOQUEADORES São drogas que antagonizam competitivamente as respostas a catecolaminas, mediadas pelos receptores beta. Embora existam perfis farmacológicos diferentes entre elas, parece claro que esse bloqueio é responsável pela sua capacidade de baixar a pressão sanguínea. São drogas muito populares, bem toleradas, e com efeitos adversos sérios raramente observados. Mecanismo de ação: Ainda não é bem entendido como os betabloqueadores produzem uma redução persistente da pressão sanguínea. Diminuição tanto da frequência quanto do débito cardíaco são os resultados indubitavelmente encon- trados após administração dessas drogas. Em um primeiro momento, a resistência vascular periférica é elevada por via reflexa como resultado da diminuição do débito. Contudo, com o tratamento crônico, a diminuição da pressão arterial se correlaciona melhor com alterações na resistência vascular periférica do que com variações na frequência ou no débito cardíaco induzidas por essas drogas. O retomo venoso, o volume e a atividade de renina plasmática são também diminuídos com essas drogas. Essa última atividade estaria implicada em um outro mecanismo de ação, antagonizando o efeito da noradrenalina no aparelho justaglomerular (rins) e talvez nas terminações pré- sinápticas dos nervos noradrenérgicos periféricos ou reajustando os barorreceptores de ação central a níveis de pressão mais baixos. Existem variações farmacológicas dos betabloqueadores: seletividade (S), atividade simpatomimética intrínseca (ASI),lipossolubilidade(L), hidrossolubilida- de (H) etc. O conhecimento desses pa- râmetros é útil na escolha individual dessa classe. ALFABLOQUEADORES São drogas que bloqueiam os receptores alfassimpáticos, levando a uma potente vasodilatação arterial com queda na RVP, que geralmente se encontra aumentada na HA. Contudo, o bloqueio não seletivo de receptores alfa-I e alfa-2 produz taquicardia reflexa, retenção de sódio e água, o que tem limitado seu uso crônico na HA. A fentolamina é o único usado na pre- paração pré-operatória do feocromocitoma. Os alfa-l-seletivos, cujo representante é a prazosina, têm sido aplicados com algum sucesso no tratamento da HA. Mecanismos de ação: Não há dúvida de que a ação vasodilatadora e anti-hipertensiva desse antagonista alfa-1 é baseada no bloqueio do adrenorreceptor alfa-1 no local pós-sináptico das arteríolas pré-capilares (vasos de resistência) da circulação periférica através de uma interação competitiva. Os adrenorreceptores são componentes cruciais da transmissão sináptica do sistema nervoso simpático. Eles podem ser divididos em função da afinidade seletiva dos antagonistas e agonistas. VASODILATADORES DIRETOS São drogas que têm um efeito relaxador direto no músculo liso vascular sem intermediação de receptores específicos. O resultado da va- sodilatação da arteríola pré-capilar é a queda na RVP. Isso pode ser compensado pelo aumento na atividade simpática, o qual aumenta o débito cardíaco e pode, via sistema renina-angiotensina, levar à retenção de fluido. Estudaremos a hidralazina e o minoxidil, drogas usadas para o tratamento crônico da HA. o Hidralazina: É droga bastante usada nos Estados Unidos para o tratamento da hipertensão grave da toxemia gravídica, por via parenteral. Ela diminui a pressão arterial e aumenta a pressão venosa central pelo seu caráter seletivo (somente arterial). Como resultado do seu mecanismo de ação, a PAD é geralmente reduzida em uma extensão maior do que a PAS. Atualmente essa droga é pouco usada por via oral devido aos frequentes efeitos adversos. o Minoxidil: É um vasodilatador oralmente eficaz. Seu efeito parece resultar da abertura dos canais de potássio nas membranas das células do músculo liso. Como a hidralazina, ele dilata as arteríolas, mas não as veias. ANTAGONISTAS/ BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO O verapamil endovenoso foi usado há mais de 50 anos para baixar a pressão arterial em pacientes renais crônicos. De lá para cá, quatro classes de antagonistas dos canais de cálcio foram sintetizadas, e o uso como monoterapia e em dose única diária tem sido otimizado para o tratamento crônico da HA. Na HA em fases iniciais ou nos jovens, prevalece a resposta mediada pelos receptores beta (aumento de FC e de renina plasmática), tendo como consequência uma resistência periférica global normal. Nas fases avançadas com HA estabelecida (doença) ou nos idosos, a mediação é feita pelos receptores alfa-1 e alfa-2 pós-sinápticos e dependentes do influxo de cálcio, tendo como consequência o aumento importante da resistência vascular periférica global. Essa vasoconstrição via receptores alfa é dependente da concentração de cálcio livre intracelular. Mecanismos de ação: Na HA essencial é estabelecida, o aumento da RVP depende do fluxo de cálcio aumentado. Os antagonistas dos canais de cálcio (ACC) diminuem as concentrações de cálcio livre intracelular principalmente através desse influxo transmembrana via canais L, levando a uma potente vasodilatação arteriolar. Essa vasodilatação é acompanhada de mecanismos compen- satórios reflexos, levando ao aumento da FQ, do índice cardíaco, da concentração de NA plasmática e da atividade de renina. Essas alterações simpáticas reflexas são maiores em pessoas com barorreflexos normais; nos idosos hipertensos, ocorrem uma diminuição funcional desses barorreflexos e, consequentemente, uma menor resposta simpática reflexa; contudo, isso pode ser importante em certas circunstâncias. Existe uma correlação inversa entre atividade de barorreceptores e queda da PA após o uso de ACC. Essas drogas parecem também interferir na vasoconstrição mediada pela angiotensina II e na síntese e secreção de aldosterona,especialmente nos estados hipertensivos, em que a aldosterona é inapropriadamente alta. Essas drogas, por um lado, diminuem a vasoconstrição, via influxo de cálcio na musculatura lisa do vaso, e, por outro, aumentam, via barorreceptores, a atividade do SNS e da aldosterona, levando à vasoconstrição. Diferentemente de outros vasodilatadores, essas drogas não produzem retenção de sódio e água. o VERAPAMIL: Tem afinidade maior pelo miocárdio, incluindo o tecido de condução. É um depressor do miocárdio e um anti- hipertensivo potente quando associado a IECA ou a betabloqueador. O uso EV deve ser cauteloso devido a hipotensão acentuada com piora da isquemia miocárdica em isquêmicos. Estudos têm mostrado inibição da agregação pla- quetária induzida pela NA e pela serotonina com o uso dessas drogas. o DI-HIDROPIRIDÍNICOS: Esse grupo tem uma afinidade vascular preponderante. São muito eficazes como monoterapia no tratamento da HA nas formas leve e moderada e como terapia combinada na forma grave. Em tomo de 50% a 75% desses pacientes têm redução significativa ou mesmo normalização das pressões. As formulações comuns necessitam de 2 ou 3 tomadas ao dia. As preparações de ação lenta ou prolongada permitiram uma única dose diária. Geralmente, os ACC apresentam eficácia e efeitos colaterais comparáveis aos dos diuréticos e betabloqueadores, sem os seus efeitos metabólicos indesejáveis, e estão indicados em pacientes com doença vascular periférica. A resposta anti-hipertensiva ocorre em torno de 3 semanas. O nifedipino sublingual tem sido muito usado na crise hipertensiva, com bons resultados. Em idosos, as doses devem ser fracionadas. Estudos com a via oral têm mostrado utilidade do exercício na HA. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA (IECA) Essas drogas desencadearam um grande avanço no tratamento da HA. A partir do surgimento dos primeiros compostos, houve uma enorme expansão no conhecimento do sistema renina- angiotensina. Esses compostos inibem a formação de angiotensina 11 (Ali), bloqueando esse sistema. Usados isoladamente ou em combinação com outras drogas, eles são muito eficazes em diminuir a PA na maioria dos pacientes. Têm perfis metabólico e hemodinâmico favoráveis e podem ser usados na vigência de outras doenças associadas. Têm poucos efeitos adversos e uma excelente tolerabilidade subjetiva. O SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERO- NA (SRAA) A ativação da cadeia enzimática que culmina com a formação de Angiotensina II começa com a secreção de renina pelos rins. Essa enzima proteolítica transforma o angiotensinogênio (produzido pelo fígado e encontrado no plasma) em Angiotensina I. A enzima conversora de angiotensina transforma a Angiotensina I em Angiotensina II. Essa conversão ocorre durante a passagem da circulação nos pulmões. A Angiotensina II aumenta a PA por diferentes mecanismos: 1. Ação vasoconstritora direta; 2. Interação com o sistema simpático por vários mecanismos e locais; 3. Exacerbação da resposta ao estímulo alfa- adrenérgico; 4. Estímulo à produção de aldosterona, levando a retenção de sódio e água; 5. Crescimento das células musculares lisas devido à hipertrofia vascular. Mecanismos de ação: O desaparecimento da AII da circulação é provavelmente o mecanismo principal responsável pelo efeito anti-hipertensivo dos IECA. Pacientes com renina alta são os melhores respondedores, embora possam ser eficazes nos demais. Além disso, no bloqueio da enzima conversora existe uma exacerbação do sistema cinina-calicreína que promove vasodilatação através do fator relaxante derivado do endotélio (EDRF) e de prostaciclinas, proporcionando um efeito aditivo. O fato de o sistema simpático não se tomar ativado durante o bloqueio da síntese de Angiotensina II certamente representa uma grande vantagem para a ação dessas drogas. Ao contrário, tem-se observado leve estímulo parassimpático. *TUDO QUE FOR “PRIL” É RELACIONADO A IECA. - Farmacocinética: Alguns dos IECA são prodrogas (enalapril e ramipril) e têm que ser convertidos (desesterificação) pelo fígado em um componente ativo. As formas ativas das drogas alcançam um nível sérico alto mais tarde. A meia-vida de eliminação dos diferentes componentes é curta; contudo, essa meia-vida média curta pode ser associada a uma ação prolongada quando a afinidade pela enzima conversora é alta (ramipril). A via primária de eliminação é a renal, levando, consequentemente, à redução da dose em pacientes com função renal diminuída. BLOQUEADORES DO RECEPTOR DA ANGIOTENSINA II O sistema renina-angiotensina (SRA) tem sido há muito tempo implicado na fisiopatologia da HA. Locais de receptores para Angiotensina II são encontrados em vários órgãos, que estão envolvidos com a homeostase da circulação. Esses locais incluem: córtex adrenal, vasos sanguíneos, rins e terminações nervosas noradrenérgicas. A ligação da Angiotensina II a seus receptores na superfície celular nesses tecidos modula eventos como formação e secreção de aldosterona, vasoconstrição, reabsorção renal de sódio e água e liberação de NA. Por isso, o bloqueio da Angiotensina II e dos seus receptores tem sido objeto de intensas pesquisas. O primeiro antagonista do receptor da Angiotensina II foi a saralazina, em 1970, mas a meia-vida e ação muito curtas e seu uso parenteral não são úteis para tratamento crônico da HA. Em 1982, Furakawa e cols. descobriram o primeiro antagonista oral da Angiotensina II, e após várias modificações mole- culares sintetizaram o losartan, o único oralmente disponível no mercado até o momento. Os antagonistas do receptor da angiotensina II podem ser classificados farmacologicamente em três grupos: 1. Aqueles que bloqueiam especificamente os receptores AT; 2. Aqueles que bloqueiam os receptores AT; 3. Aqueles que bloqueiam os dois subtipos de receptores. Ainda não há informações precisas sobre a função dos receptores AT2. No momento, só dispomos de bloqueadores de AT1 para uso clínico. São eles: losartan, irbesartan e candesartan. O bloqueio dos receptores AT1 in vitro inibe o efeito contrátil da angiotensina II (AII) e previne e reverte todos os seus efeitos conhecidos, tais como respostas hipertensoras e, a longo prazo, estimulação do sistema nervoso simpático periférico e central, liberação de catecolaminas da adrenal, secreção de aldosterona e crescimento celular. o LOSARTAN: estudos recentes têm mostrado eliminação aumentada de ácido úrico em pacientes em uso de losartan, o que seria útil nos pacientes com ácido úrico aumentado. Mecanismo de ação: Substância não peptídica, antagonista total, competitivo e específico do receptor da angiotensina II. Antagoniza as respostas endógenas da AII, levando principalmente a vasodilatação, excreção de sódio e diminuição da atividade noradrenérgica. Diferentemente dos IECA, essa droga não interfere nos sistemas de cininas e das prostaglandinas. O significado disso na hipertensão e nos órgãos-alvo será mais bem entendido agora com o advento dessa nova classe de drogas. *TUDO QUE FOR “TAN” É RELACIONADO AOS BLOQUEADORES DOS RECEPTORES DE ANGIO- TENSINA II. INIBIDORES DE ENDOTELINA O endotélio vascular não age apenas como barreira passiva entre o plasma e o fluido extracelular, mas também como fonte de numerosos mediadores químicos potentes. Além de determinar a contração da musculatura lisa, também interfere nas funções dos elementos figurados do sangue, como plaquetas e células mononucleares. A descoberta do fator de relaxamento derivado do endotélio (EDRF) e sua subsequente identificação como óxido nítrico (NO) pelo grupo de Moncada e cols. em 1988 expandiram enormemente o papel do endotélio. O endotélio secreta vários peptídios vasoativos, como "peptídio C-natriurético", adre- nomedulina e endotelina, um potente vasoconstritor de longa ação. Essa substância é estimulada pela ativação plaquetária,endotoxinas, trombina, várias citocinas, fatores de crescimento, angiotensina 11, vasopressores, adrenalina, insulina, hipoxemia e baixo atrito vascular. É inibida por óxido nítrico, peptídio natriurético, prostaglandinas E2 e I2, heparina e alto atrito vascular. Existem no mínimo dois tipos de receptores de endotelina, designados ETa e ETb. ETa medeia resposta de vasoconstrição, broncoconstrição e secreção de aldosterona; ET b medeia resposta de vasodilatação por estímulo de óxido nítrico. Está sendo lançado no mercado um antagonista do receptor de ETa, efetivo por via oral BMS 182874, com o nome genérico de OMAPATRILATO, que poderá ser uma grande forma de atuar na resposta bastante específica ao desequilíbrio homeostático que acontece com a hipertensão arterial sistêmica. TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO: A adoção de alimentação saudável, hipossódica, redução do estresse, restrição ao consumo de álcool, cessação do tabagismo e prática de exercício físico podem levar, inclusive, à diminuição da dosagem dos anti-hipertensivos ou até mesmo sua suspensão.
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