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Thais Alves Fagundes PATOLOGIAS BENIGNAS DO CORPO UTERINO E SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS CORPO UTERINO REVISÃO: ANATOMIA E HISTOLOGIA Útero: corpo, istmo (transição), colo Corpo uterino: · Três folhetos: serosa, miométrio, endométrio. · Miométrio: componente muscular liso contrátil. · Endométrio: camada que prolifera e descama. Endométrio: · Estrato basal: · Pouco responsivo a estímulos hormonais. · Atua como substrato para proliferação do endométrio após a descamação. · Estrato funcional: · Muito responsivo a estímulos hormonais. Ciclo menstrual: · Ovário: · Fase folicular: FSH · Fase endometrial: LH · Endometrial: Fase descamativa Fase proliferativa Ovulação Fase secretória Fase secretória tardia 1-5º dia 5-14º dia 14º dia 15-28º dia Glândulas pequenas, retas, tubulares, com alta atividade mitótica Glândulas helicoidais, por aumento de superfície, com vacúolos abaixo do núcleo que produzem secreções Esgotamento dos vacúolos, diminuídos. Endométrio descama Sangue no estroma ENDOMETRIOSE Endometriose Presença de glândulas e/ou estroma endometriais fora da cavidade uterina · Inflamação crônica (alteração da imunidade celular e humoral) · Dor e infertilidade Sedes mais comuns: ovário, tuba uterina, ligamentos uterinos, peritônio, cicatriz de laparotomia Epidemiologia 10% população feminina global (prevalência aumenta para 30-50% se infertilidade e/ou dor) 20-40 anos Redução na qualidade de vida, atraso no diagnóstico e tratamento insatisfatório → impacto negativo. Clínica Dismenorreia, dispareunia, dor pélvica (aderências entre os órgãos), sangramento irregular, infertilidade Fatores de risco Dismenorreia, nulíparas, menarca precoce, ciclos < 27 dias, fluxo com volume aumentado, HF Etiopatogênese Interação de conjunto de fatores Teoria da regurgitação: fluxo retrógado da menstruação pelas trompas e disseminação das células endometriais no ovário. Teoria da metástase benigna: disseminação linfática e hematogênica de células endometriais (endometriose órgãos distantes). Teoria da metaplasia celômica: diferenciação do epitélio celômico (mesótelio de pelve e abdome), que dá origem aos ductos Müllerianos e ao próprio endométrio, que sofre metaplasia para tecido endometrial (endometriose em homens tratados com estrogênio e orquiectomia, mulheres na pré-menarca e na pós-menopausa). Teoria da célula progenitora extrauterina: células da medula óssea se diferenciam em tecido endometrial Endometriose ovariana Endometrioma ovariano (“cisto achocolatado”): Estímulo hormonal: pode ocorrer de haver maior quantidade de tecido endometrial no ovário, que irá sofrer estímulo hormonal. Esse tecido irá proliferar e descamar, acumulando e formando um cisto (“cisto achocolatado) = endometrioma. Diagnóstico: identificado ao ultrassom facilmente. Macroscopia: implantes endometriais castanho-avermelhado, focos enegrecidos. Microscopia: estroma e glândula endometriais, com descamação (sangramento) no interior e mitoses. · Macrófagos no estroma endometrial ricos em hemossiderina (absorvem o sangramento). Endometriose colônica Glândulas endometriais em meio à parede colônica Estímulo hormonal: tecido irá proliferar e descamar. ADENOMIOSE ADENOMIOSE Presença de glândulas endometriais dentro do miométrio / intramural (> 2,5 mm de profundidade). > 2,5 mm de profundidade: às vezes o endométrio pode demonstrar uma continuidade do miométrio, sendo um artefato da lâmina, essa determinação > 2,5 mm reduz essa possibilidade. Estímulos hormonais: responde aos estímulos hormonais (sangramento e processo inflamatório, dor). Classificação: difusa ou localizada. Sendo mais comumente difusa. Diagnóstico: US endovaginal (aumento de tamanho, características do miométrio) e histopatológico. Tratamento: histerectomia. Clínica Menstruações irregulares e intensas, dor pélvica intensa, dismenorreia Etiopatogênese Causa desconhecida, interação de conjunto de fatores (teorias, exceto de fluxo retrógrado). Macroscopia Focos enegrecidos (sangramento e liberação de hemossiderina). Alteração do miométrio que passa a ser mais trabeculado, ao invés de liso. Aumento de espessura da parede (devido à reação inflamatória adjacente). MICROSCOPIA Estroma endometrial e glândula endometrial, entre as fibras musculares lisas do miométrio. · Macrófago contendo hemossiderina. · Fibrose (inflamação adjacente ao foco endometrial). LEIOMIOMA UTERINO LEIOMIOMA UTERINO Tumor benigno mais comum do útero. Origem monoclonal (mutação em uma única célula). EPIDEMIOLOGIA 20% a 50% das mulheres após 30 anos. Mais comuns na raça negra Etiopatogênese Origem monoclonal (mutação em uma única célula, que prolifera e origina o leiomioma). · Maioria dos leiomiomas são múltiplos e cada um deriva de uma célula. · Crescimento hormônio-dependente: · Aumento de receptores de estrogênio e de progesterona nessas células. · Estímulo hormonal provoca o crescimento e inibe a apoptose do tumor. · Com a diminuição dos hormônios, tende a diminuir de tamanho, mas não desaparece. · Gravidez: relação com hormônios sexuais (progesterona). · Alterações degenerativas por suprimento sanguíneo inadequado. · Hialina (mais comum), rubra/vermelha/carnosa (gravidez), sarcomatosa (transformação maligna rara: tumores agressivos, crescimento rápido e na pós-menopausa). CLASSIFICAÇÃO Quantidade: 15-30% solitários e 70-85% múltiplos Tamanho: pequenos ou gigantes Localização nas camadas uterinas: Intramurais: miométrio (dismenorreia, dor). · Pode ter contato com o endométrio, mas não ultrapassa a cavidade uterina. · Pode ter contato com a serosa para fora do útero, desde que seja menos que a metade do nódulo. Submucosos: cavidade endometrial/uterina (sangramento anormal, infertilidade). · Pediculado: totalmente localizado na cavidade endometrial, ligado ao endométrio por pedículo. · Intramural: parte localizada na parede, mas maior parte dentro da cavidade endometrial. · Submucoso: maior parte localizada intramural, mas possui parte na cavidade endometrial. Subserosos: serosa (compressão de estruturas adjacentes). · Subseroso: mais de 50% para fora do útero. · Pediculado: totalmente localizado fora do útero, ligado a serosa por pedículo. · Composto: abrange a cavidade endometrial, parede intramural e componente subseroso. Macroscopia Nódulos brancacentos. Neoplasia bem delimitada (pseudo-cápsula), aspecto irregular rendilhado, pela disposição das fibras no tumor. OBS.: fato de serem múltiplos indica maior probabilidade de ser uma patologia benigna, visto que a maior parte dos miomas são múltiplos e os sarcomas são únicos. MICROSCOPIA Nódulo composto por tecido muscular desorganizado, com tecido miometrial normal ao redor. · Disposição irregular das fibras musculares lisas. · Maior quantidade de tecido conjuntivo (estroma) entre elas. · Células benignas, com núcleos alongados normais, poucas mitoses típicas. OVÁRIOS REVISÃO: ANATOMIA E FISIOLOGIA Ovário: · Tamanho: ±3,0 x 1,5 x 1,0 cm · Dividido em córtex e medula · Córtex: camada compacta de células e estroma denso, onde se encontram os folículos. · Medula: tecido conjuntivo frouxo vascularizado. · Fixo pelo ligamento ovariano, pelo qual passa a vascularização, que irriga a medula, que irá irrigar o córtex. · Função: ovulação e produção hormonal, com regulação do ciclo menstrual · Folículos ovarianos primordiais presentes no ovário desde o nascimento. · Seleção de um folículo primordial, para ser maturado naquele ciclo, passando a ser folículo primário. · Folículo primário constituído pelo ovócito primário, circundado por uma camada de células foliculares. · Origina folículo secundário ou antral, pois forma cavidade separando o ovócito das células foliculares. · Origina folículo de Graaf, constituído pela teca, células fibrosas ao redor das foliculares conjuntivas · Ovulação, na qual folículo se aproxima da parede do ovário e rompe, liberando o ovócito · Células foliculares remanescentes no ovário sofrem luteinização,mediada pelo GnRH. · Formação do corpo lúteo, que involui originando corpo albicans, área de fibrose no córtex ovariano. DOENÇA DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (Síndrome de Stein-Leventhal) sop Critérios de Rotherdam (2003): pelo menos dois dos três critérios: · Ovários esclerocísticos (12 ou mais folículos entre 2 e 9 mm; ovário >10cm³) ao US pélvico. · Oligoamenorreia e ciclos anovulatórios · Sinais de androgenismo (clínico e/ou laboratorial) Diferenciação entre ovário policístico e ovário multifolicular: · Policístico: ovário com folículo dominante desenvolvido. · Multifolicular: função hormonal preservada, ausência de maturação dos folículos e ovulação. EPIDEMIOLOGIA Frequente em jovens (6 a 10%) ETIOPATOGÊNSE Hormônios ovarianos: Hipotálamo produz GnRH que estimula a produção de FSH e LH na hipófise. FSH estimula o desenvolvimento folicular e LH a ovulação. Folículo produz estrogênio e testosterona nas células da teca (células fibrosas que revestem o folículo). Testosterona (androgênio), pela ação da enzima aromatase, é convertida em estradiol (estrogênio). · Estradiol inibe a produção de GnRH, diminuindo GnRH, FSH e LH (feedback negativo). Testosterona (androgênio), pela ação da aromatase no adipócito, é convertida em estrona (estrogênio). · Estrona inibe tobutamina (tobutamina inibe GnRH), aumentando GnRH, FSH e LH. Doença dos ovários policísticos: Hiperandrogenismo: aumento da produção de testosterona na teca estimulada por LH. · Nível ovariano: redução da conversão em estradiol e aumento de androgênios. · Nível periférico: elevação de estrogênios e androgênios. · Aumento da conversão em estrona (estrogênio). · Probabilidade de neoplasia dependente de estrogênios (mama, endométrio). · Estrona inibe tobutamina, aumentando GnRH e LH e reduzindo FSH. · Aumento de LH estimula produção de androgênios. · Diminuição de FSH reduz ação da aromatase e reduz conversão da testosterona em estradiol no ovário. E impede a ovulação. · Inibição da SHBG no fígado, aumentando testosterona e estrogênio na circulação. · Resistência periférica à insulina e hiperinsulinemia. · Insulina estimula células da teca a produzir androgênios e reduz SHBG. Testosterona atua no folículo piloso: hirsutismo, alopecia Testosterona aumenta estrona, gerando controle inadequado do eixo HHO, perdendo regulação do ciclo menstrual: oligo/amenorreia, anovulação crônica e infertilidade. MACROSCOPIA Ovários aumentados de volume com cistos. Aumento do tecido conjuntivo do ovário (produção aumentada de colágeno por fibroblastos). MICROSCOPIA Múltiplos folículos em diferentes etapas de desenvolvimento. ALTERAÇÕES Alterações clínicas Alterações endócrinas Alterações metabólicas Oligo/amenorreia Hirsutismo, acne, alopecia Infertilidade anovulatória Aborto recorrente Elevação dos androgênios (produção aumentada de androgênios pelos ovários e pela adrenal), LH, estrogênios e prolactina Resistência à insulina e hiperinsulinemia (acantose nigrans) Obesidade Dislipidemia Risco de intolerância à glicose e DM2
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