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Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Introdução www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E ORGANIZAÇÃO DO ESTADO CONTEÚDO Competência Legislativa Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Introdução www.cenes.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. 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Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. http://www.faculdadefocus.com.br/ mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br. http://www.faculdadefocus.com.br/ Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Introdução www.cenes.com.br | 3 Sumário Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 2 Competências Legislativas ------------------------------------------------------------------------------ 4 2.1 Competência Legislativa Privativa da União (art. 22, CF/88) ------------------------------------------------ 6 2.2 Competências Legislativa Concorrente (art. 24, CF/88) ------------------------------------------------------- 7 2.2.1 Direito processual vs. normas sobre procedimentos processuais ----------------------------------------------------- 8 2.2.2 Seguridade Social vs. Previdência ----------------------------------------------------------------------------------------------- 8 2.2.3 Propaganda Comercial vs. Junta Comercial ---------------------------------------------------------------------------------- 9 2.2.4 L.D.B. vs. normas de educação -------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 2.2.5 Organização e subsídios da PC, PM do DF ---------------------------------------------------------------------------------- 10 2.2.6 Normas Gerais de licitação e contratação ---------------------------------------------------------------------------------- 10 2.3 Competências legislativas do Estado (art. 25, CF/88) -------------------------------------------------------- 11 2.4 Competência legislativas privativas do Município (art. 30, CF/88) --------------------------------------- 12 3 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 13 Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Introdução www.cenes.com.br | 4 1 Introdução Conforme explica Flavia Bahia (2017), ao retomar as palavras do Professor José Afonso da Silva, competência pode ser definida como “a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade ou a um órgão ou agente do Poder Público para tomar decisões", sendo que o princípio que norteia a repartição das competências é o da predominância de interesses. Assim, as matérias de interesse nacional ou geral são incumbidas à União, enquanto os assuntos relativos às regiões são tratados pelos Estados, e os assuntos de predominância local, pelos Municípios. As competências podem ser administrativas (delimitam decisões políticas) ou legislativas (delimitam poder para legislar sobre determinadas matérias). As primeiras estão dispostas nos arts. 21 e 23 da Constituição Federal, enquanto as segundas estão dispostas nos arts. 22 e 24. Nesta aula, focalizaremos as competências legislativas, que podem ser privativas ou concorrentes. 2 Competências Legislativas A competência legislativa é a competência para editar leis e atos normativos. Ela é tratada nos arts. 22 e 24 da Constituição Federal e se divide em competência privativa e concorrente. As competências privativas são aquelas relacionadas a matéria de interesse nacional e estão previstas no art. 22 da Constituição Federal. Já as competências concorrentes são aquelas que “os entes da federação citados legislam em colaboração, tendo em vista que os assuntos relacionados no dispositivo dizem respeito ao interesse também regional”. Conforme estabelece o § 1º do art. 24, CF/88, é de competência da União editar as normas gerais, ao passo que aos Estados e ao DF cabe suplementar essas normas a fim de adaptá-las as suas próprias realidades. Além disso, os Estados e DF também têm competência legislativa plena para atender às suas peculiaridades. Segundo Gilmar Ferreira Mendes (2021), é possível afirmar que o “propósito de entregar à União a responsabilidade por editar normas gerais se liga à necessidade de nacionalizar o essencial, de tratar uniformemente o que extravasa o interesse local. Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 5 Ganha importância como critério aferidor de legitimidade da lei o fator da predominância do interesse em questão”. É importante destacar que o princípio que rege a atribuição de uma competência legislativa para a União ou para os Estados é o mesmo que rege a atribuição de uma competência administrativa (princípio da predominância do interesse), assim, quando um assunto é muito importante ou de cunho nacional, a competência de legislar sobre ele é entregue à União. Caso seja de interesse da União, ela pode delegar essa competência aos Estados, por meio de Lei Complementar. Conforme veremos na sequência, é de competência privativa da União: o direito civil; o direito comercial; o direito penal; o direito do trabalho; o direito eleitoral; o direito aeronáutico; o direito marítimo; o direito agrário; e o direito processual. Por outro lado, são direitos de competência concorrente: o direito tributário; o direito financeiro; o direito econômico; o direito urbanístico; e o direito penitenciário. Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 6 2.1 Competência Legislativa Privativa da União (art. 22, CF/88) A Constituição Federal reserva privativamente à União competência sobre as matérias elencadas no art. 22. Segundo Gilmar Ferreira Mendes, “esse rol, entretanto, não deve ser tido como exaustivo, havendo outras tantas competências referidas no art. 48 da CF”. Além disso, muitas das disposições que decorremde leis integradoras de eficácia são de competência da União, tendo em vista a natureza do tema versado. No art. 22 estão, contudo, enumerados os assuntos “mais relevantes e de interesse comum à vida social no País nos seus vários rincões”, competindo à União legislar sobre: (I) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (II) desapropriação; (III) requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; (IV) águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; (V) serviço postal; (VI) sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; (VII) política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; (VIII) comércio exterior e interestadual; (IX) diretrizes da política nacional de transportes; (X) regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; (XI) trânsito e transporte; (XII) jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; (XIII) nacionalidade, cidadania e naturalização; (XIV) populações indígenas; (XV) emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; (XVI) organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; (XVII) organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (XVIII) sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; (XIX) sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; (XX) sistemas de consórcios e sorteios; (XXI) normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (XXII) competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; (XXIII) seguridade social; (XXIV) diretrizes e bases da educação nacional; (XXV) registros públicos; (XXVI) atividades nucleares de qualquer natureza; (XXVII) normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (XXVIII) defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; (XXIX) propaganda comercial. Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 7 É imperativo que haja delegação por parte da União para que os Estados possam legislar sobre as matérias catalogadas no art. 22, conforme estabelece o parágrafo único: “Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”. 2.2 Competências Legislativa Concorrente (art. 24, CF/88) As competências concorrentes, comuns à União, aos Estados e ao Distrito Federal estão enumeradas no art. 24 da CF. Relacionam-se a assuntos que dizem respeito aos Estados-membros e são tratados em âmbito geral. A União será responsável por elaborar uma norma geral para esse assunto, e os Estados-membros legislarão sobre eles de forma suplementar, de acordo com suas peculiaridades. Nada impede que criem normas para matérias sobre as quais a União ainda não tenha legislado (desde que sejam de competência concorrente). Assim, aos entes federados compete comumente: (I) direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (II) orçamento; (III) juntas comerciais; (IV) custas dos serviços forenses; (V) produção e consumo; (VI) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; (VII) - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; (VIII) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (IX) educação, cultura, ensino e desporto; (IX) educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (X) criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; (XI) procedimentos em matéria processual; (XII) previdência social, proteção e defesa da saúde; (XIII) assistência jurídica e Defensoria pública; (XIV) proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; (XV) proteção à infância e à juventude; (XVI) organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. Segundo os parágrafos § 1º ao 4º do art. 24, no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais, sendo que esta Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 8 competência não exclui a competência suplementar dos Estados. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades, sendo que a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Neste sentido, explica Gilmar Ferreira Mendes (2020) que “se a União vier a editar a norma geral faltante, fica suspensa a eficácia da lei estadual, no que contrariar o alvitre federal. Opera-se, então, um bloqueio de competência, uma vez que Estado não mais poderá legislar sobre normas gerais, como lhe era dado até ali”. Na sequência, trabalharemos alguns pontos relevantes concernentes às competências. 2.2.1 Direito processual vs. normas sobre procedimentos processuais Embora o direito processual seja de competência privativa da União, as normas sobre os procedimentos processuais são de competência concorrente. 2.2.2 Seguridade Social vs. Previdência A União legislará sobre a Seguridade Social (saúde, previdência e assistência social), porém as normas que são vinculadas apenas à previdência podem ser legisladas também pelos Estados. Compete privativamente à União (art. 22) Legislar sobre Direito Processual (inciso I) Compete à União, Estados e DF concorrentemente (art. 24) Legislar sobre procedimentos em matéria processual (inciso XI) Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 9 2.2.3 Propaganda Comercial vs. Junta Comercial Legislar sobre a propaganda comercial também é uma competência privativa da União, mas legislar sobre a junta comercial, por ser um órgão de responsabilidade estadual, é competência comum à União, Estados e Distrito Federal. 2.2.4 L.D.B. vs. normas de educação A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (L.D.B.) regulam os assuntos que constam no currículo escolar, desde a pré-escola ao ensino superior. Esta lei é de competência privativa da União. No entanto os Estados também têm competência para legislar sobre a educação de modo geral. Compete privativamente à União (art. 22) Seguridade social (XXIII) Compete à União, Estados e DF concorrentemente (art. 24) Previdência social, proteção e defesa da saúde (XII) Compete privativamente à União (art. 22) Propaganda comercial (XXIX) Compete à União, Estados e DF concorrentemente (art. 24) Juntas comerciais (III) Compete privativamente à União (art. 22) Diretrizes e bases da educação nacional (XXIV) Compete à União, Estados e DF concorrentemente (art. 24) Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (IX) Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 10 2.2.5 Organização e subsídios da PC, PM do DF O inciso XVI do art. 24 estabelece como competência concorrente a “organização, garantias, direitos e deveresdas polícias civis”. Porém importante destacar, quanto aos rendimentos desses policiais, que a Súmula Vinculante nº 39 do STF estabelece a como competência privativa da União legislar sobre os rendimentos da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. 2.2.6 Normas Gerais de licitação e contratação Legislar sobre as normas gerais de licitação e contratação também compete privativamente à União. É importante, contudo, observar as duas outras leis referidas no inciso que traz essa competência. De acordo com o inciso XVII, compete à União as “normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; O art. 37, XXI, diz respeito à Lei Geral de Licitações (Lei n º 8.666/93), e o art. 173, §1º, III, dispõe sobre a Lei das Estatais ou Estatuto das Empresas Estatais (Lei nº 13.303/16). Elas tratam, em partes, dos mesmos assuntos, mas são diferentes à medida que a Lei Geral de Licitações trabalha a licitação para órgãos, autarquias e fundações públicas e a Lei das Estatais trabalha licitações para empresa pública e sociedade de economia mista e suas subsidiárias. Compete privativamente à União (Súmula Vinculante 39) Legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Compete à União, Estados e DF concorrentemente (art. 24) Organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis (XIV) Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 11 2.3 Competências legislativas do Estado (art. 25, CF/88) Além do poder de auto-organização, os Estados têm por natureza a chamada competência residual, que está relacionada às matérias que não são de competência nem da União nem dos Municípios. Fora isso, compete-lhes as matérias expressamente discriminadas nos parágrafos 2º e 3º do art. 25 da CF, relacionadas a exploração e fornecimento de gás canalizado e a instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (por meio de lei estadual, e respeitado o período a ser fixado em lei complementar federal, o Estado pode criar, fundir e desmembrar Municípios). A esse respeito é importante lembrar que a União é responsável por instituir territórios, os Estados, as microrregiões, e os Municípios, os distritos. No que diz respeito a matéria tributária, a Constituição Federal elencou, no art. 155, a competência dos Estados de instituir impostos sobre: (I) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (II) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (III) propriedade de veículos automotores. Por fim, Gilmar Ferreira Mendes (2021) elucida que “a maior parte da competência legislativa privativa dos Estados-membros, entretanto, não é explicitamente enunciada na Carta. A competência residual do Estado abrange matérias orçamentárias, criação, extinção e fixação de cargos públicos estaduais, autorizações para alienação de imóveis, criação de secretarias de Estado, organização administrativa, judiciária e do Ministério Público, da Defensoria Pública e da União Institui Territórios Estado Institui Microrregião Município Intitui Distrito Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Competências Legislativas www.cenes.com.br | 12 Procuradoria-Geral do Estado”. 2.4 Competência legislativas privativas do Município (art. 30, CF/88) A Constituição Federal dispõe no art. 30 o rol de competências dos Municípios. São elas: (I) legislar sobre assuntos de interesse local; (II) suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (III) instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; (IV) criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; (V) organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; (VI) manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; (VII) prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; (VIII) promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; (IX) promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Gilmar Ferreira Mendes (2021) esclarece que embora parte das competências reservadas aos Municípios encontram-se explicitamente elencadas pela CF, a exemplos do art. 29, IV e art 144, § 8º, outra parcela dessas competências fica implícita. Para ele, As competências implícitas decorrem da cláusula do art. 30, I, da CF, que atribui aos Municípios “legislar sobre assuntos de interesse local”, significando interesse predominantemente municipal, já que não há fato local que não repercuta, de alguma forma, igualmente, sobre as demais esferas da Federação. [...] tem-se reiterado, de toda sorte, que se consideram de interesse local as atividades, e a respectiva regulação legislativa, pertinentes a transportes coletivos municipais, coleta de lixo, ordenação do solo urbano, fiscalização das condições de higiene de bares e restaurantes, entre outras. Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Conclusão www.cenes.com.br | 13 Assim, um ponto que é importante destacar diz respeito ao horário do comércio local; conforme estabelece a Súmula Vinculante 38 do STF, o horário do comércio local é de competência dos Municípios, exceto o horário de funcionamento dos bancos, este é definido pela União, uma vez que transcende o interesse predominante dos Municípios. “Por outro lado, é da competência legislativa do Município, por ser matéria de interesse local (proteção do consumidor), a edição de lei que fixa tempo máximo de espera em fila de banco”. 3 Conclusão Nesta aula, falamos sobre as competências legislativas privativas da União, sobre as competências concorrentes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e sobre as competências próprias dos Estados e Municípios, abarcando os arts. 22, 24, 25 e 30 da Constituição Federal. Compreendemos que à União cabe legislar sobre matérias de interesse geral, tendo em vista a necessidade de nacionalizar o essencial e tratar esses assuntos de maneira uniforme, e, aos entes da federação, os assuntos pertinentes também ao interesse regional. 4 Referências Bibliográficas FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional, ed. 12. Salvador: JusPodivm, 2020. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, ed. 33. São Paulo: Atlas. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, ed. 37, São Paulo: Malheiros Editores. Princípios Fundamentais e Organização do Estado | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 14 Sumário 1 Introdução 2 Competências Legislativas 2.1 Competência Legislativa Privativa da União (art. 22, CF/88) 2.2 Competências Legislativa Concorrente (art. 24, CF/88) 2.2.1 Direito processual vs. normas sobre procedimentos processuais 2.2.2 Seguridade Social vs. Previdência 2.2.3 Propaganda Comercial vs. Junta Comercial 2.2.4 L.D.B. vs. normas de educação 2.2.5 Organizaçãoe subsídios da PC, PM do DF 2.2.6 Normas Gerais de licitação e contratação 2.3 Competências legislativas do Estado (art. 25, CF/88) 2.4 Competência legislativas privativas do Município (art. 30, CF/88) 3 Conclusão 4 Referências Bibliográficas
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