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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 2 GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................................... 4 2.1 Evolução histórica........................................................................................... 7 2.2 Natureza dos riscos corporativos.................................................................. 11 2.3 Riscos puros e riscos especulativos ............................................................. 12 2.4 Riscos ocupacionais ..................................................................................... 13 2.5 Etapas de avaliação de risco ocupacional .................................................... 17 3 NBR ISO 31000:2018 ................................................................................... 24 3.1 Princípios da NBR ISO 31000:2018 ............................................................. 25 3.2 Estrutura do processo de gestão de riscos conforme a NBR ISO 31000:2018 27 3.3 Comunicação e consulta .............................................................................. 28 3.4 Estabelecimento do contexto ........................................................................ 28 4 ENGENHARIA DE SEGURANÇA E A IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS ....... 28 5 CATEGORIZAÇÃO DE RISCOS PELA SINALIZAÇÃO ............................. 37 5.1 Os fundamentos jurídicos ............................................................................. 37 5.2 Identificação e análise de riscos ................................................................... 38 5.3 A sinalização dos riscos ............................................................................... 41 6 CONTROLE DE RISCOS ............................................................................. 45 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 56 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 GERENCIAMENTO DE RISCOS Alguns autores consideram o risco como uma possibilidade de sofrer uma perda (ALDENUCCI, SPINOSA, FAVARETO, 2009). Em todas as áreas de empreendimento temos potenciais eventos e consequências, que podem ser benéficos ou prejudiciais. O gerenciamento de riscos traz sua atenção tanto para os aspectos positivos quanto negativos dos riscos. Este é um tema vivenciado em todas as áreas de atuação, pois todo o trabalho a ser executado possui um risco, independente do grau. Em cada uma dessas áreas, o tema “risco” assume uma diferente definição e possui uma diferente perspectiva. Temos os riscos em um projeto e temos os riscos ocupacionais, aqueles que expõe as pessoas ao perigo. A Norma Brasileira (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR ISO 31000:2018, traz a definição de risco como o “efeito da incerteza nos objetivos” (ABNT, 2018, p. 1); com esse conceito, a norma apresenta duas notas de entradas que cabe, aqui, serem ressaltadas. Nota 1 de entrada: um efeito é um desvio em relação ao esperado. Pode ser positivo, negativo ou ambos, e pode abordar, criar ou resultar em oportunidades e ameaças. Nota 2 de entrada: objetivos podem possuir diferentes aspectos e categorias, e podem ser aplicados em diferentes níveis (ABNT, 2018, p. 1). Já a gestão de riscos, é definida pela NBR ISO 31000:2018, como as “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos” (ABNT, 2018, p. 1). O Conselho da Justiça Federal, em seu manual de gerenciamento de riscos, apresenta o processo de gerenciamento de riscos como o retrato do esforço organizacional na adoção de medidas para que as atividades realizadas sejam executadas de maneira a garantir a conquista dos objetivos institucionais (aspecto gerencial da gestão de riscos) e o cumprimento da legislação vigente (aspecto legal e normativo da gestão de riscos) (CJS, 2019, p. 8). São apontados três elementos por Charette (1990, apud Aldenucci, Spinosa, Favaretto, 2009), os quais estão presentes na definição de um risco: 5 • A existência de uma perda potencial; • A incerteza quanto ao resultado no caso de materialização do risco; • A necessidade de decidir como lidar com a incerteza. Considerando que toda empresa ou instituição possui um objetivo, como, por exemplo, um posto de saúde visa atender toda a demanda de pacientes e da comunidade, ou vacinar toda a população; já uma empresa de vendas, estabelece uma meta de vendas e trabalham para alcançar essa determinada meta. Este objetivo, aqui, será chamado de estado final desejado. Durante a execução do planejamento para alcançar os objetivos, diversas situações podem acontecer, o que pode interferir no resultado. Este resultado será considerado enquanto o estado final atingido. Em outras palavras, para alcançar o estado final desejado, todo o planejamento deve acontecer corretamente; portanto, caso não aconteça, se obtém, o estado final atingido. A diferença entre o que foi planejado e o que foi atingido é condicionado pelos riscos que configuram o projeto. A função do gerenciamento de riscos é limitar a diferença entre o planejamento e seu resultado. A Figura 1, ilustra exatamente o que foi explicado. Figura 1 - O resultado de um projeto visto como um derivado de seu objetivo. Fonte: Elaborado pelo autor. O gerenciamento de riscos tem, então, a função de manter um nível aceitável de confiança de que os resultados do projeto estão acima do limiar de sucesso. Para isso, este gerenciamento deve se basear na probabilidade de ocorrência de um evento e no impacto que este pode causar, caso ocorra. Portanto, qualquer percepção de risco deve servir de alerta para que a empresa tome as providências. 6 As empresas devem sempre estar atentas quanto aos riscos internos e externos, que possam comprometer suas operações. Os riscos internos, são aqueles que ocorrem mediante erros nos processos e deficiência no gerenciamento em diversas áreas da empresa. Já os riscos externos, são aqueles que não são controlados pela organização. Por exemplo, um desastre natural, como um terremoto, pode danificar o estoque de uma empresa; um atentado terrorista pode comprometer toda a cadeia de suprimentos. Felizmente, esses fenômenos naturais mencionados, não são comuns no Brasil, porém, temos outros fatores externos que comprometem os elos da cadeia de suprimentos. Por exemplo, a greve dos caminhoneiros, ocorrida em 2018, provocou desabastecimento em praticamente todos os setores da economia nacional. Além disso, os riscos externos variam conforme o setor a se analisar: por exemplo, o agronegócio; no tempo de seca, os pequenos agricultores podem ser prejudicados, na medida em que não possuam recursos financeiros para o investimento em sistemas de irrigação; não conseguindo, na maioria das vezes, suprir a ausênciade chuvas. Já no setor da saúde, pode-se mencionar como exemplo a pandemia da COVID-19, um fator externo que o setor da saúde não estava preparado para combatê-lo, o que levou a muitas mortes e a lotação nos centros de saúde e hospitais. Esses fatores externos, considerados naturais, são mais difíceis de se conter, sendo preciso que em um gerenciamento de riscos, toda e qualquer possibilidade de risco seja colocada em pauta. Para as empresas comerciais, a concorrência é considerada um risco externo. Dessa maneira, em um projeto de gestão de riscos, o trabalho realizado pelo concorrente deve ser analisado para que este não prejudique sua empresa. Assim, conforme mencionado no início, pode-se constatar que cada setor necessita passar por um procedimento para obter êxito na redução ou eliminação dos riscos. Primeiramente, devem definir a metodologia que será adotada, assim como as pessoas que vão estar à frente do monitoramento e atendimentos nos casos de emergências. O próximo passo é a identificação de riscos e a determinação do impacto de cada um destes, assim como as medidas emergenciais a serem tomadas, para amenização ou eliminação dos riscos. 7 Identificados os riscos, são realizadas duas análises: a análise qualitativa, que consiste em determinar a probabilidade da ocorrência do risco e seu impacto; e a análise quantitativa, realizada com base em valores monetários, utilizada na tomada de decisões e investimentos, na busca de controlar os riscos. Mediante as análises e a definição das probabilidades de impactos, é realizado o planejamento de estratégias, que vão ser adotadas caso o risco se torne real. No fim, os riscos devem ser monitorados constantemente para determinar o momento certo de agir, aquele onde o limite de risco aceitável for extrapolado. Durante todo o processo, a comunicação e a consulta são essenciais para que os responsáveis pela implementação do processo de gestão de riscos e as demais áreas tenham ciência dos motivos das decisões tomadas. 2.1 Evolução histórica Conforme Dias (2021), alguns historiadores acreditam que o conceito de risco surgiu através dos jogos. Apesar do conceito de risco e avaliação de risco ser considerado como um assunto antigo, o gerenciamento de riscos é algo novo, com cerca de 30 ou 40 anos. Seus fundamentos, ideias e princípios são abordados principalmente em revistas científicas, artigos e conferências. Ainda segundo o autor, este é um campo que teve um desenvolvimento considerável a partir dos anos de 1970 e 1980. Atualmente, encontramos diversos estudos que buscam reconstruir os traços cronológicos das principais mudanças no gerenciamento de riscos desde seu início, indicando os contextos de formação da área e suas aplicações. Essas mudanças são discutidas em termos das diferentes fases ou idades do gerenciamento de risco: a era tecnológica, a era humana, a era organizacional e a era dos sistemas. A primeira era do gerenciamento de riscos – a tecnologia No início da Revolução Industrial entre os anos de 1750 e 1760, foi criado a máquina a vapor, para a época, essa era uma grande tecnologia que ainda estava sendo desenvolvida, portanto, ao decorrer do tempo, foram constatadas muitas falhas, 8 que ocasionaram ferimentos em diversos trabalhadores e pessoas que estavam próximas às máquinas. Com os muitos acidentes registrados, iniciou-se o desenvolvimento do gerenciamento de riscos. Nesse contexto, o primeiro intuito do gerenciamento foi garantir que a tecnologia fosse segura para utilização, pois conforme Dias (2021), para as pessoas da época, se a tecnologia fosse segura, eles consideravam que, consequentemente, estariam seguros. Essa visão tornou-se parte do que é conhecido como era técnica, ou a era da tecnologia. Nesta era, foi visível as melhoras na capacidade de identificação de falhas na tecnologia e assim, evitaram-se falhas de um único componente. Para este fim, foram desenvolvidas técnicas sofisticadas, como avaliação de risco probabilística. Então, falhas tecnológicas, problemáticas, podiam ser projetadas para fora do sistema. Esse era o pensamento das pessoas antes do colapso do reator de Three Mile Island (TMI). Conforme Dias (2021), esse foi um acidente que surpreendeu todos os engenheiros e gerentes, pois apesar de todas as avaliações de riscos e recursos de segurança tecnológica, o reator derreteu. Em seguida, a comissão do presidente em TMI descobriu que as causas do acidente estavam relacionadas com as pessoas, portanto, não era uma falha tecnológica. O fato colocou, portanto, a necessidade de uma outra percepção na gerência de riscos À medida que o hardware e o software se tornaram cada vez mais confiáveis, a contribuição humana para os acidentes tornou-se cada vez mais evidente. Em resposta, foi necessário que o foco do gerenciamento de risco se expandisse para que o elemento humano, assim como a tecnologia, fosse abordado, criando assim a segunda era do gerenciamento de risco: os fatores humanos. Segunda era do gerenciamento de risco – o ser humano Essa foi uma era que se expandiu tendo seu foco direcionado tanto ao ser humano quanto à tecnologia. Os sistemas foram projetados para serem tolerantes aos erros humanos, de modo que nem a ação humana, nem as falhas isoladas resultariam em acidentes. Muito desse trabalho se concentrou em interfaces homem-máquina e 9 layout de espaço de trabalho, com o pensamento de que se o humano estivesse seguro, então estariam seguros (DIAS, 2021). Essa visão de gerenciamento de risco continuou até acidentes como o acidente do ônibus espacial Challenger e o derretimento do reator de Chernobyl. O que levou os profissionais de segurança a repensar a abordagem para o gerenciamento de riscos. Com isso, além de encontrarem falhas técnicas ou erro humano, foi identificada uma propensão dentro do gerenciamento para conter problemas potencialmente sérios. Esses e outros acidentes, geraram outra mudança de paradigma no gerenciamento da segurança. Focar no ser humano ou na tecnologia já não era o suficiente: foi constatado que para manter as operações seguras era necessário considerar a organização e não os fatores isoladamente, o que trouxe a terceira era do gerenciamento de risco, a era organizacional. Terceira era do gerenciamento de risco – a organização Mantendo os focos das eras anteriores, essa era foi além e se expandiu para se concentrar na organização. Surge uma visão diferente dos erros humanos e das falhas técnicas; elas passam ser a entendidas mais como consequências do que causas. Os erros passam, portanto, a serem compreendidos como a ponta do iceberg para condições latentes mais sérias e problemas superiores na organização, por exemplo, liderança fraca para segurança/risco ou cultura de segurança/risco. Sem remover esses problemas e outros existentes em níveis mais altos na organização, as falhas na ponta aguda continuariam, ou seja, os erros e as falhas técnicas continuarão a aparecer. Novos modelos de gerenciamento de segurança e avaliações surgiram, o que permitiu aos gestores de segurança encontrar e, em seguida, remover os pontos fracos superiores na organização, que poderiam levar a acidentes graves no futuro. O pensamento era de que se a organização estiver segura, então estaremos seguros (DIAS, 2021). Essa visão continuou até acidentes como o desastre do ônibus espacial Columbia, em 2003. Mais do que simplesmente falhas isoladas no nível organizacional ou falhas humanas e tecnológicas evidentes, o Columbia Accident Investigation Board 10 (CAIB) encontrou causas nas interações humanas, tecnológicas e organizacionais complexas e interdependentes presentes no momento do acidente. Na tentativa de descrever com precisão essa complexidade, esse acidente considerou que as medidas de controle poderiam ser mais bemdelineadas para evitar que tais acidentes voltassem a ocorrer. Esse e outros acidentes provocaram outra mudança de paradigma no gerenciamento de risco. Não era mais suficiente simplesmente focar nos fatores tecnológicos, humanos e organizacionais de forma isolada. A interação e a interdependência complexas também precisam ser descritas, sinalizando o nascimento da era atual do gerenciamento de segurança: a era de sistemas. Quarta era do gerenciamento de risco – os sistemas Essa abordagem visa compreender a complexidade do trabalho do dia a dia. Por isso, ela se preocupa em descrever as complexas inter-relações e interdependências entre a tecnologia, o ser humano e a organização. Isso permite que a descrição da organização reflita, mais de perto, a verdadeira realidade do trabalho no início do século XXI: contextos sistêmicos onde pessoas trabalham juntas e usam tecnologia complexa, conforme os vários espaços, locais e divisões dentro da organização. Sem utilizar essa abordagem de risco por sistema, as pessoas efetivamente estão vendo apenas parte da imagem ou apenas algumas peças do quebra-cabeça. Adotar a abordagem sistêmica, significa ver como cada peça do quebra-cabeça se encaixa, afeta e é dependente de outras peças. Isso não só fornece uma imagem mais completa ou real do contexto, mas também significa que as medidas de controle e as medidas tomadas serão mais eficientes e eficazes para evitar acidentes. Isso difere das outras idades do gerenciamento de risco, em que falhas isoladas ou de componentes eram identificadas e a última pessoa na fila da cadeia do acidente era considerada culpada. Identificar a montante, os fatores contextuais como errôneos, por exemplo, era uma cultura de gerenciamento de risco e de segurança pobre, que não descrevia realmente por quais motivos eles apareciam (DIAS, 2021). 11 2.2 Natureza dos riscos corporativos O conceito de risco, como visto no início do capítulo, possui mais de uma linha de desenvolvimento. Conforme Dias (2021), podemos ter uma abordagem financeira centrada na administração de empresas e seguros, como também um esforço que se orienta para a engenharia de segurança. Além disso, existem uma terceira e quarta possibilidade, orientada para o gerenciamento de desastres e pela lei. Assim, pela sua amplitude, o conceito de gerenciamento de risco está se espalhando não apenas entre empresas, mas em vários campos, incluindo administração, sociedades locais, institutos educacionais, institutos médicos, residências e indivíduos. Na década de 1960, os campos de engenharia de segurança no Japão começaram a adotar métodos de gerenciamento de risco. O principal motivo foi que, na época, os sistemas das máquinas rapidamente se tornaram complexos e eles precisavam de outras maneiras para analisar os riscos. Para sistemas de engenharia reais, os engenheiros desenvolveram métodos de análise, por exemplo, a análise de árvore de falhas, que estima a probabilidade de falha funcional com base em eventos causais e dados de confiabilidade, além da análise de árvore de eventos, que analisa o progresso de eventos dos sistemas. Após a eclosão do acidente TMI nos EUA, em 1979, os métodos de gerenciamento de risco mostraram um maior desenvolvimento do que em épocas anteriores (DIAS, 2021). Os sistemas de máquina têm funções complexas interligadas e, simultaneamente, apresentam funções distribuídas em amplas áreas na Internet. O avanço das tecnologias em comunicação mecânica e de informação impulsionou mais pesquisas no desenvolvimento de métodos de gerenciamento de risco, que agora, desempenha um papel central na engenharia de resiliência. Como pode-se notar até aqui, o gerenciamento de risco foi originalmente iniciado e desenvolvido em campos de desastres provocados pelo homem, portanto, a sua história no tratamento de desastres naturais é relativamente nova. É difícil para o ser humano controlar fenômenos naturais, que causam desastres naturais. Além disso, terremotos e erupções vulcânicas possuem baixa frequência de ocorrência, assim, seus mecanismos necessários para avaliar as magnitudes das forças externas, não foram bem esclarecidos, mesmo na década de 1980. Por esse 12 motivo, na prevenção de desastres para se preparar contra desastres naturais, era comum estabelecer os padrões ao máximo, nos registros anteriores. Esse método só funciona para evitar o mesmo desastre e não segue a linha de gerenciamento de risco. O gerenciamento de riscos contra desastres naturais se espalhou no Japão após o Grande Terremoto Hanshin-Awaji de 1995. Conforme Dias (2021), nos casos de desastres sísmicos, por exemplo, o gerenciamento de risco leva a estimativa de danos com o seguinte procedimento: • Estabelecer o modelo de origem para analisar o terremoto; • Estimar a força do movimento do solo ou intensidade sísmica em cada ponto de interesse; • Estimar a magnitude dos danos causados por diferentes resistências do movimento do solo; • Coletar estimativas de danos em locais de interesse e mostrá-las em um mapa. 2.3 Riscos puros e riscos especulativos Uma melhora na compreensão e na gestão dos riscos que pode afetar a organização, levarão a um melhor desempenho e a vantagem competitiva, especialmente quando os perigos e ameaças são identificados, e os riscos avaliados e controlados, da mesma forma para oportunidades e recompensas. O gerenciamento de riscos pode ser definido como a mitigação dos efeitos adversos de riscos puros e especulativos aos quais uma organização está exposta. O risco puro, também conhecido como risco absoluto, é uma categoria de risco em que os resultados são uma perda ou nenhuma perda e não há oportunidade de ganho. São exemplos de risco puro, a morte prematura, incêndio, crime, desastres naturais, impactos ambientais, doenças ocupacionais, produto e obrigações contratuais. Existem produtos disponíveis para mitigar perigos de risco puro, como o seguro residencial, que ajuda a proteger os proprietários contra a destruição de propriedades e/ou bens. Nota-se que os riscos puros podem resultar apenas na preservação do status quo ou perda para a organização. 13 Já os riscos especulativos podem resultar em ganho ou perda. É uma opção consciente, portanto, requer a opinião da pessoa que está procurando assumir o risco, logo, é um ato voluntário. Ao mesmo tempo, é difícil prever o resultado do risco especulativo, uma vez que a quantidade exata de ganho ou perda é desconhecida. Temos como exemplos de riscos especulativos, novos produtos, mudança de fornecedores, novas restrições comerciais, novas condições de mercado, entre outros (DIAS, 2021). Conforme já fora mencionado, o gerenciamento de risco é utilizado nas organizações para considerar possíveis impactos de riscos significativos previsíveis no desempenho da organização, responder adequadamente a mudanças internas e externas na percepção de risco, conceber opções estratégicas a fim de eliminar ou controlar todos os riscos significativos e seus impactos, vincular essas opções à estrutura de decisão e controle usada pela organização. Para uma empresa e para os indivíduos, o risco é um componente a ser considerado dentro de um objetivo geral de maximizar o valor associado ao risco. Como alternativa, tem-se o desejo de minimizar os prejuízos associados ao colapso financeiro ou outras consequências adversas. 2.4 Riscos ocupacionais As Normas Regulamentadoras (NR) foram elaboradas pelo Ministério do Trabalho (MTb) através da Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. O próprio Ministério, comenta que, [...] A elaboração e a revisão das normas regulamentadoras são realizadas adotando o sistema tripartite paritário, preconizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio de grupos e comissões compostas por representantes do governo, de empregadorese de trabalhadores. Nesse contexto, a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) é a instância de discussão para construção e atualização das normas regulamentadoras, com vistas a melhorar as condições e o meio ambiente do trabalho (BRASIL, 2020, documento online). Em resumo, por trás da elaboração das NRs, existe um ciclo de equilíbrio do mercado de trabalho, em que, o governo necessita arrecadar impostos da população, para prestar os serviços públicos. Já os cidadãos, necessitam de trabalho para terem 14 renda e então, pagarem os devidos tributos ao governo. Para que haja esse equilíbrio, os cidadãos devem trabalhar com segurança, ou seja, os riscos de acidentes devem ser evitados, então entra a importância das NRs. Além disso, existem os empresários, que visam obter máxima produção com um custo mínimo, cumprindo suas obrigações legais e obtendo lucro, assim, os empresários devem manter uma supervisão, para que todas as normas sejam cumpridas corretamente, evitando quaisquer acidentes, visto que, a ocorrência de acidentes acomete perdas e gastos aos empresários. Conforme Dias (2021), desde o século XXI é reconhecido que a causa mais comum de acidentes é a variabilidade do desempenho humano. Essa abordagem difere do paradigma de erro humano tradicional. No entanto, deve-se destacar que apesar da mudança de paradigma, o fator mais importante para a melhoria da segurança do trabalho ainda é a conscientização dos colaboradores. Uma opção consiste em moldar atitudes seguras no local de trabalho por meio de treinamento adequado e implementação de procedimentos de prevenção de risco. A Figura 2 exemplifica a condição segura de trabalho, mostrando o trabalhador usando equipamentos de proteção necessários para a execução do trabalho. Figura 2 - Funcionário trabalhando em condição segura. Fonte: br.freepik.com/ 15 Na avaliação de risco ocupacional, o principal problema é a alta subjetividade e a necessidade resultante de combinar informações quantitativas e qualitativas. Os métodos utilizados para avaliar o risco ocupacional foram frequentemente adotados na área de estimativa quantitativa de riscos, o que exigiu o ajuste do seu sistema de classificação para efeitos de avaliação dos riscos ocupacionais. O objetivo geral de uma avaliação de risco é garantir que ninguém sofra danos como resultado das atividades no local de trabalho. As três principais razões para avaliar e gerir o risco são: • Dano humano: o motivo mais forte para a avaliação de risco no local de trabalho é evitar que ocorram danos às pessoas como resultado das atividades no local de trabalho. As atividades do local de trabalho são inerentemente perigosas, no entanto, ninguém espera arriscar a vida ou a saúde física, ou psicológica como consequência de executar um trabalho. Existe, portanto, o dever moral dos empregadores de tomar as medidas adequadas para garantir a saúde e a segurança de seus empregados. A avaliação de risco é o principal meio pelo qual isso pode ser planejado com eficácia. • Efeitos legais: os empregadores têm obrigações legais em relação à saúde e segurança dos empregados. Um perigo pode ser bloqueado antes de atingir os funcionários, e caso elas não sejam cumpridas eles podem sofrer severas penalidades, até mesmo multas ou prisão. Uma avaliação de risco adequada pode fornecer evidências de que um empregador tomou as medidas corretas para cumprir essas obrigações. A legislação afirma que os empregadores devem assumir total responsabilidade pelas medidas de bem-estar, segurança e saúde de todos os empregados. Conforme a lei, o empregador é obrigado a fornecer ferramentas e equipamentos de segurança adequados, além de garantir a capacitação desses trabalhadores. • Efeitos econômicos: os empregadores desejarão minimizar os custos financeiros, em consequência dos acidentes no local de trabalho. Os prejuízos incluem não apenas o custo direto de danos a máquinas e equipamentos, mas a perda de produção, a diminuição nas vendas e o aumento do prêmio de seguro, etc. 16 Um requisito fundamental para o gerenciamento de riscos no local de trabalho é consultar os trabalhadores afetados por questões de saúde e segurança. Os trabalhadores devem estar envolvidos na identificação de perigos, avaliação de riscos e processos de controle de riscos. Quando os trabalhadores são representados pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), seus representantes devem estar envolvidos no processo de consulta. A identificação, avaliação e controle de perigos no local de trabalho é um processo contínuo que deve ser realizado em vários momentos, incluindo: • No início de um ciclo produtivo ou atividade. • Sempre que identificado um novo perigo e risco. • Quando uma mudança no local de trabalho pode introduzir ou alterar um perigo. Por exemplo, quando ocorrem mudanças no equipamento, nas práticas, nos procedimentos ou no ambiente de trabalho. • Como parte da resposta a um incidente no local de trabalho, mesmo quando não ocorreu um ferimento. • Onde novas informações sobre um risco se tornam disponíveis ou preocupações sobre um risco são levantados pelos trabalhadores • Em horários programados regularmente e apropriados para o local de trabalho. Frequentemente, é mais fácil e eficaz eliminar os perigos se as abordagens de gerenciamento de risco forem utilizadas nos estágios de planejamento e projeto de produtos, processos e locais de trabalho (DIAS, 2021). O procedimento para gerenciamento de risco, envolvendo identificação de perigo, avaliação de risco e controle, é um guia prático para ajudar a tornar todos os locais de trabalho da empresa mais seguros para trabalhadores, contratados e visitantes. Isso ajudará a gerência e os trabalhadores, por meio de consultas, a cumprir as normas regulamentadoras. 17 2.5 Etapas de avaliação de risco ocupacional Mesmo que, no geral, a realização da avaliação de risco não possua regras, é importante que seja adotada uma abordagem estruturada, que possibilite que todos os riscos ou perigos relevantes sejam considerados. Conforme Dias (2021), as etapas de avaliação de risco ocupacional nas organizações, foram categorizadas pela Engenharia de Segurança, em cinco etapas, conforme é apresentado a seguir: • Etapa 1: identificar os perigos. Nessa etapa, é realizada a identificação de todos os perigos existentes no ambiente ocupacional. Devendo sempre manter os empregadores e funcionários cientes de todos os riscos possíveis. Cabe ressaltar que os colaboradores que realizam as tarefas são considerados as melhores pessoas para avaliar os riscos, mesmo que a familiaridade com o trabalho posso torná-las menos objetivas, ao se tratar dos perigos potenciais. • Etapa 2: decidir quem pode e como pode ser prejudicado. Nessa etapa, é determinado as pessoas que podem ser afetadas em caso de um incidente ou acidente envolvendo o perigo. Deve-se ter atenção especial, no caso de uma equipe inexperiente, trabalhadores individuais ou temporários e quanto as necessidades particulares de funcionários com deficiências, mulheres grávidas e crianças. • Etapa 3: avaliar os riscos e decidir sobre as precauções. Nessa etapa, avaliada a importância dos riscos e sugerido o que deve ser feito para proteger as pessoas. São implementados sistemas e procedimentos de trabalho adequados para verificar a probabilidade de um acidente ocorrer. • Etapa 4: registrar as descobertas. Nessa etapa, é feito o registro dos resultados significativos obtidos na avaliação. Todos os perigos devem ser registrados, assim como, os riscos aos quais estes apresentam, e as preocupações existentes para proteção das pessoas mediante aos perigos. 18 Os registros escritos são uma referência importante para uso futuro, não apenas como base para análise de riscos, mas tambémcomo informações para agentes de fiscalização, ou mesmo como evidências em qualquer processo judicial decorrente de acidente envolvendo o risco. Fundamentos jurídicos Os pilares do estudo de gerenciamento de riscos estão centrados nas normas apresentadas adiante. A NR 01, titulada “Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais”, apresenta seu objetivo no item 1.1.1, sendo: 1.1.1 O objetivo desta Norma é estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras - NR relativas a segurança e saúde no trabalho e as diretrizes e os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho – SST (MTb, 2020, documento online). A NBR ISO 31000:2018, titulada “Gestão de riscos – Diretrizes”, em sua introdução, faz o seguinte comentário: Gerenciar riscos é iterativo e auxilia as organizações no estabelecimento de estratégias, no alcance de objetivos e na tomada de decisões fundamentadas [...] Gerenciar riscos considera os contextos externo e interno da organização, incluindo o comportamento humano e os fatores culturais. (ABNT, 2018, p.vi) E a ISO 45001:2018, com titulação “Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional: Requisitos com orientação para uso” que possui como objetivo: [...] fornecer uma estrutura para gerenciar os riscos e oportunidades de SSO. [...] prevenir lesões e problemas de saúde relacionadas ao trabalho para os trabalhadores e proporcionar locais de trabalho seguros e saudáveis: consequentemente, é extremamente importante para organização eliminar os perigos e minimizar os riscos de SSO tomando medidas preventivas e de proteção efetivas (ABNT, 2018, p. vi). Fluxograma de trabalho e dimensionamento do Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 19 Em primeiro momento, é importante tratar de forma abrangente a gestão de saúde e segurança operacional, isto é, elaborar um fluxograma que, teoricamente, atenda a todas as empresas, como mostrado na Figura 3. Na prática, uma grande parte das empresas não possuem a Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (GSSO). Figura 3 – Fluxograma do gerenciamento de risco. Fonte: Dias (2021). Dependendo do porte da empresa e complexidade dos seus processos produtivos, é necessário efetivar um corpo de profissionais com atribuições específicas na área de segurança e saúde ocupacional. Os profissionais que compõem os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), são os responsáveis diretos pela gestão de saúde e segurança ocupacional. Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho Este sistema, pode ser definido como um conjunto de ações e procedimentos com objetivo de reduzir os riscos ocupacionais, mantendo uma cultura de segurança e melhorando a produtividade. Gerenciar saúde e segurança não precisa ser complicado, caro ou demorado. A certificação em um padrão internacional de saúde 20 e segurança ocupacional sinaliza que uma determinada organização implantou um sistema de gestão visando controlar os riscos a níveis aceitáveis, garantido a saúde e integridade de seus colaboradores. Os padrões são baseados no processo de gerenciamento “planejar–fazer– verificar–agir” sendo projetados para serem compatíveis com os padrões de gerenciamento ABNT NBR ISO 9001:2015, direcionada a gestão da qualidade, a ABNT ISO 14001:2015, direcionada à gestão ambiental e a ABNT ISO 45001:2018, direcionada à gestão de saúde e segurança. Conforme Dias (2021), mediante a apresentação de melhorias do desempenho e em um clima de valorização da saúde ideal, as organizações e os setores industriais estão adotando os sistemas de gestão, após compreenderem que a segurança e a saúde ocupacional são fundamentais para o sucesso de toda organização. Quando a organização não trata com prioridade a saúde e a segurança ocupacional, consequências sérias podem surgir, como multas e interdições, processos trabalhistas, trazendo uma imagem ruim da empresa perante a sociedade e principalmente aos seus clientes. Elementos-chave de um sistema de gestão de saúde e segurança Independentemente do tamanho ou tipo da organização, os melhores sistemas de gestão de saúde e segurança aplicam em uma abordagem baseada em uma compreensão completa dos perigos e riscos específicos que a organização enfrenta diariamente. Isso requer liderança e gerenciamento proativos, incluindo o desenvolvimento de processos apropriados, considerando o Plano de Atendimento de Emergências (PAE). Também é necessária uma força de trabalho competente e bem treinada, operando em um ambiente de confiança. Além disso, é necessária uma abordagem de entrega consistente e sustentada. Um sistema de gestão de saúde e segurança eficaz, estabelece e mantém uma cultura de segurança que permeia toda a organização. A atitude e os comportamentos da gerência e dos trabalhadores devem exibir um forte compromisso com um ambiente de trabalho mais seguro, ou o sistema não produzirá os resultados desejados. 21 Conforme Dias (2021), a estrutura de sistemas de gestão de saúde e segurança envolve a identificação de requisitos legais e outros, uma estrutura clara para autoridade e responsabilidade, objetivos mensuráveis para melhoria contínua, abordagem estruturada para avaliação de risco, abordagem planejada e documentada para saúde e segurança e o monitoramento de questões de saúde, segurança e auditoria de desempenho. Este sistema, pode trazer diversos benefícios, entre os quais, pode-se destacar a redução de acidentes e doenças ocupacionais, a redução no estresse e um aumento na produtividade, a redução na probabilidade de pagar custas judiciais e indenizações e a melhoria no risco de subscrição, relacionado aos itens com seguro da empresa. A conscientização de toda organização garante o atendimento legal da legislação referente à saúde e à segurança ocupacional. O fato de a empresa colocar um foco mais forte na gestão de saúde e segurança ajuda a gerar consciência sobre a importância da segurança no local de trabalho em toda a organização. Os trabalhadores farão da segurança o foco principal enquanto realizam suas atividades diárias. Melhoria da moral dos funcionários Quando os trabalhadores sabem que seu empregador preocupa com sua saúde e segurança, eles se sentem melhor em vir para o trabalho diariamente e são mais propensos a encarar seus empregos com uma atitude positiva. A moral elevada, tende a melhorar a satisfação no trabalho, podendo diminuir a rotatividade de funcionários (DIAS, 2021). As pessoas querem trabalhar para empresas que valorizem seus funcionários. Implementar um sistema de gestão de saúde e segurança demonstra que a organização se preocupa com o bem-estar de seus funcionários, o que pode ajudá-lo a atrair candidatos com melhor capacitação. Gestão de riscos A gestão de risco é o processo de formulação e implementação de uma série de ações para mitigar os perigos identificados, como sendo importantes no processo 22 de avaliação de risco. O programa de gerenciamento de riscos vai ao encontro da identificação dos riscos, e o processo de determinação do risco associado a eles é a avaliação de risco. Os perigos reconhecidos podem ser gerenciados com uma variedade de ajustes nas práticas de trabalho, equipamentos e instalações, evitando gaps na trajetória da empresa, de modo que ela não caia perante os clientes e concorrentes, como ilustrado na Figura 4. Dependendo da situação, as principais modificações se concentram nos controles de engenharia, as instalações e os equipamentos, ou nas mudanças administrativas, como a delegação de autoridade de tomada de decisão para o nível correto, ou revisão dos procedimentos de segurança estabelecidos, e em outros casos,ainda, na adoção de dispositivos relacionados à segurança, equipamentos de proteção ou métodos de pesquisa. Figura 4 - Os riscos da empresa. Fonte: LeoWolfer/iStock.com Os programas de treinamento devem ser ajustados conforme as mudanças para garantir sua eficácia. Diferentes pessoas devem estar envolvidas para alcançar avanços apropriados nos vários elementos que contribuem para a melhoria da saúde e segurança do trabalhador. A pesquisa básica e aplicada também pode ser necessária para identificar, avaliar e desenvolver os meios para lidar com novos perigos específicos e para garantir sua praticidade e uso do local de trabalho. 23 É importante reconhecer que muitos fatores influenciam o gerenciamento de riscos. Os fatores externos, tais como valores públicos, política, economia, questões jurídicas e questões técnicas, podem influenciar o processo de gerenciamento de risco localmente, como no ajuste de procedimentos operacionais padrão, ou nacionalmente, como no ajuste de diretrizes e regulamentos. Em alguns casos, as influências externas forçam decisões e ações excessivamente conservadoras de gerenciamento de risco, mais frequentemente, essas influências, especialmente as restrições fiscais, levam a decisões e ações de gestão de risco aquém das ideais. Para ser eficaz, a gestão de riscos deve ter dois elementos, sendo um plano específico de saúde e segurança ocupacional e uma cultura de segurança e ambiente de trabalho adequados. A cultura de segurança é frequentemente considerada um dado adquirido, embora seja fundamental na construção de um sistema de gerenciamento de risco eficaz e um ambiente de trabalho saudável. Em um nível básico, a cultura de segurança é a maneira como a administração institucional e os funcionários de uma organização se sentem em relação ao risco, sentimentos, atitudes e percepções sobre o risco, influenciarão como ele é gerenciado. Essa cultura dá o tom de uma organização, influenciando a consciência de seu pessoal na condução de suas atividades diárias, além de abranger a tolerância de uma organização ao risco em suas atividades operacionais diárias e processos de tomada de decisão (DIAS, 2021). Quanto maior o grau em que a administração reconhece a necessidade de gerenciamento de risco, maior será seu compromisso com o estabelecimento de padrões e protocolos para identificar, avaliar e gerenciar riscos, e mais benéfico será o programa de gerenciamento de risco. Os dados estatísticos no gerenciamento de riscos O desempenho da segurança é tradicionalmente avaliado através da aplicação de métodos estatísticos para a análise de dados de acidentes e lesões. Os indicadores de acidentes ou lesões incluem o número, frequência, gravidade, taxas e seus custos, sendo geralmente referidos como indicadores defasados. Esses indicadores enfocam os resultados de segurança e medem as falhas dos programas de segurança. 24 O clima de segurança normalmente é importante para avaliar o desempenho de segurança nas organizações. Embora seja comum empregar separadamente os indicadores de atraso e de avanço para medir o desempenho de segurança, Cooper e Phillips (2004), sugeriram a aplicação de uma combinação desses indicadores para medir os impactos dos programas de segurança em uma organização. A avaliação da eficácia das intervenções de saúde e segurança ocupacional auxilia as organizações a determinarem se eles utilizaram seus recursos para atingir os objetivos de SSO. O objetivo final das organizações na condução das intervenções é a prevenção de lesões e doenças ocupacionais. As organizações tentam aplicar estratégias de prevenção de forma eficaz, no entanto, algumas empresas não medem sua eficácia. Vários fatores, incluindo a participação dos funcionários em atividades de segurança, treinamento de segurança, o comprometimento dos gestores e seu envolvimento com a segurança, bem como a boa comunicação entre gestores e funcionários, estão relacionados a menores taxas de acidentes de trabalho nas organizações. As empresas que possuem o hábito de investigarem os acidentes registrados, possuem sistemas de registro, utilizam regras e procedimentos segurança para realizar atividades de maneira segura, e empregam um sistema de feedback para práticas de gestão de segurança que afetam o desempenho da segurança. A identificação de perigos, a proteção da máquina, a existência de um comitê de segurança, limpeza e o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), aumentam o desempenho da segurança nos locais de trabalho. 3 NBR ISO 31000:2018 Criada para o fornecimento de princípios e diretrizes e destinada às organizações na gestão de riscos, ABNT NBR ISO 31000, passou pela última revisão no ano de 2018. Geralmente, as normas criadas são específicas para alguma área, já a ISO 31000, não é específica em algum ramo ou atividade. Se trata de uma norma que 25 pode ser usada em qualquer organização e aplicada para quaisquer riscos, além de servir de base de consulta ao longo da vida da organização (BRASIL, 2018). A publicação desta norma, foi realizada no ano de 2009, pela ABNT. Dentre as especificações da norma, haviam orientações genéricas quanto a gestão formal de riscos, de modo que fosse aplicado aos mais diversos contextos organizacionais e aplicada a qualquer tipo de risco. Conforme mencionado anteriormente, o objetivo principal desta criação é de ser base para consultas ao decorrer da vida da organização, auxiliando a estruturação das estratégias, decisões, processos e demais atividades, que devem ser elaboradas conforme as particularidades de cada organização (ABNT, 2018). Sua elaboração surgiu mediante a necessidade de aprimoração e do estabelecimento de um padrão na terminologia e nos conceitos usados na gestão de riscos pelas organizações. Visando atender as necessidades de diversas partes interessadas, para assegurar o correto gerenciamento dos riscos. A ABNT se baseou na primeira norma mundial, que abordou o tema gestão de riscos empresariais, a norma AS NZS n.º 4.360/2004. 3.1 Princípios da NBR ISO 31000:2018 Princípio, tem o significado de começo (DICIO, 2022), mas também pode ser considerado a base de sustentação de uma norma, em outras palavras, o princípio corresponde às ideias genéricas de onde surgem as concepções e intenções para elaboração de outras normas (ABNT 2018). A ISO 31000, estabelece importantes princípios para gestão de riscos que julga convenientes de serem aderidos ou adaptados em todos os níveis da organização, para que a gestão seja eficaz. A norma apresenta seus princípios através da Figura 5, os quais orientam quanto as características da gestão de riscos eficaz e eficiente. 26 Figura 5 - Princípios. Fonte: ABNT NBR 31000:2018 Adiante é apresentado uma explicação quanto aos elementos da Figura 5. • Integrada: pelo fato de que a gestão é integrante de todas as atividades organizacionais; • Estruturada e abrangente: uma abordagem dessa forma, favorece resultados consistentes e comparáveis; • Personalizada: a gestão de riscos deve ser conforme as demandas internas e externas de uma organização em relação aos seus objetivos. • Inclusiva: a inclusão de todas as partes interessadas na gestão, a iteração entre estes resulta em uma melhor conscientização e gestão de riscos fundamentada; • Dinâmica: ser dinâmica possibilita a gestão de riscos se antecipar e detectar as diversas mudanças internas e externas das organizações; • Melhor informação disponível: a gestão de risco é baseada em informações detalhistas. Os talhes devem ser levados em consideração para resultar em uma melhor gestão. 27 • Fatores humanos e culturais: estes fatores influenciam de forma significativa os aspectos da gestão de riscos em cada nível e estágio. • Melhoria contínua: constantemente a gestãode riscos deve ser melhorada, em decorrência das experiências e do aprendizado (ABNT, 2018). O objetivo principal da norma ao descrever esses princípios sobre a gestão de riscos, é proporcionar subsídios concretos às organizações, facilitando o desenvolvimento de planos de gestão de riscos, adaptados a sua realidade. 3.2 Estrutura do processo de gestão de riscos conforme a NBR ISO 31000:2018 É necessário que todo o processo de gestão de riscos seja considerado como uma parte integrante da gestão em termos gerais e amplos, sendo incorporada na cultura e nas práticas de todos os níveis e funções da organização, fazendo parte de seus objetivos e processos. A norma apresenta uma estrutura de todo o processo de gestão de risco, o qual é baseado em algumas atividades descritas na própria norma. Essa estrutura é apresentada na Figura 6, a seguir: Figura 6 - Processo. Fonte: ABNT NBR 31000:2018. 28 3.3 Comunicação e consulta Considerando tanto a intenção de comunicar e consultar de forma eficaz quanto os recursos disponíveis para fazê-lo, isso deve ser considerado e expresso ao projetar a estrutura. A consulta aos interessados externos e internos é essencial e deve ocorrer em todas as fases (definindo os critérios de risco, identificação, avaliação e tratamento dos riscos) ou em casos de ocorrência de sinistros. As organizações devem ter técnicas e ferramentas apropriadas para comunicação e consulta. O uso de software, pode ser uma ótima opção de plataforma para comunicação e gestão do conhecimento. Considerando tanto a intenção de comunicar e consultar de forma eficaz, quanto os recursos disponíveis para fazê-lo, isso deve ser considerado e expresso ao projetar a estrutura. 3.4 Estabelecimento do contexto A definição dos critérios para gestão de riscos, como, o escopo da gestão, as áreas e os setores envolvidos, devem ser divididos em contexto interno e externo. No contexto interno, deve-se considerar a estrutura organizacional, as responsabilidades, os processos, os sistemas de informação internos e diálogo e relações com as partes interessadas internas. Já no contexto externo, as questões voltadas ao ambiente legal, social, cultural, político, financeiro, tecnológico, econômico, entre outros, devem passar por avaliação, assim como, a relação com as partes interessadas externas, sua percepção e valores. 4 ENGENHARIA DE SEGURANÇA E A IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS A engenharia passou por uma revolução tecnológica, mas as técnicas básicas de engenharia aplicadas na engenharia de segurança, criadas em um mundo analógico mais simples, mudaram muito pouco ao longo dos anos. Uma nova abordagem relacionada à segurança, baseada no pensamento sistêmico, sendo 29 eficaz, menos custosa e mais fácil de usar do que as técnicas atuais, procura melhorar a segurança e gerenciar riscos (DIAS, 2021). O esforço consciente da engenharia de segurança e da administração para implementar medidas de segurança e garantir que as regras sejam cumpridas, obriga os funcionários a estarem sempre conscientes da segurança. Uma visão mais ampla da segurança é necessária para que a gestão da organização possa formular políticas corretas em relação à segurança que sejam proporcionais aos padrões internacionais, compatíveis com as políticas nacionais e, simultaneamente, atendam aos objetivos organizacionais de prestação de cuidados de saúde de qualidade e satisfação pessoal. Conforme a OIT (2013), a identificação de risco no local de trabalho é uma das principais ferramentas para melhorar as condições de segurança e saúde ocupacional no trabalho. Assim, ela desempenha um papel importante na proteção dos trabalhadores e empresas, bem como no cumprimento das leis em muitos países. A identificação de risco ajuda a todos a se concentrarem nos riscos que realmente importam no local de trabalho – aqueles com potencial para causar danos reais. Uma avaliação de risco bem conduzida no local de trabalho contribuirá para a proteção dos trabalhadores, eliminando ou minimizando os perigos e riscos relacionados ao trabalho. Essa avaliação de risco deve, também, beneficiar as empresas por meio de uma melhor organização das práticas de trabalho, aumentando potencialmente a produtividade (OIT, 2013). Para fornecer uma visão geral do gerenciamento de risco para estabelecimentos industriais, é de grande importância ter a compreensão dos elementos-chave do gerenciamento de risco, procurando compreender e familiarizar com as principais abordagens, como mostra a Figura 7, embora esses conceitos sejam unilaterais para muitas disciplinas, categorias de risco e grupos de perigo. 30 Figura 7 - Ciclo do gerenciamento de riscos. Fonte: Dias (2021). Para garantir que o risco tenha sido minimizado e outro perigo não tenha sido criado, as novas medidas de segurança precisam ser testadas cuidadosamente antes do trabalho começar novamente. A consulta entre o empregador e outras pessoas no local de trabalho ajudará a chegar a uma decisão segura. A identificação de riscos é formalizada após perigos significativos terem sido identificados. A análise de perigos inclui a identificação, classificação e avaliação de técnicas de mitigação associadas para estabelecer se os perigos podem ser evitados, ou se eles não afetarão a confiabilidade de um sistema de trabalho. Onde os perigos são eliminados e/ou suas consequências são consideradas insignificantes, a análise pode ser interrompida nesse ponto e as suposições e julgamentos decisórios documentados. A estimativa do risco pode ser expressa como taxas de mortalidade previstas, gráficos de frequência contra consequência e/ou taxas de perdas esperadas. Um método comum é determinar um nível de risco combinando a frequência do evento de perigo e a gravidade das consequências associadas. A atribuição de valores de frequência e gravidade, além das ponderações associadas, permite que o nível de risco seja estimado como o produto desses dois termos, por exemplo: 31 Gravidade versus frequência = nível de risco: Os valores de frequência e gravidade podem ser estimados por métodos qualitativos ou quantitativos. Os métodos qualitativos são classificados por argumentos descritivos, como um intervalo “baixo a alto”, ou enumerados em uma escala predefinida, enquanto os exemplos quantitativos incluem: análise estatística, por exemplo, regressão e/ou mínimos quadrados, métodos de inteligência artificial, como sistemas especialistas, teoria da probabilidade, inferência Bayesiana. A avaliação de risco determina se o risco é tolerável ou garante uma resposta. Essa fase pode ser conduzida usando métodos quantitativos, qualitativos ou uma combinação dos dois. A tolerância ao risco, ou evolução do risco, conforme Dias (2021), ainda é uma área em desenvolvimento na pesquisa da dinâmica humana. Um exemplo de tolerância ao risco é se as empresas decidem ou não fazer novos projetos ou ampliações. A tolerância ao risco foi associada a um melhor desempenho de tomada de decisão e eficiência de recursos, além de custos mais baixos e durações de projeto mais curtas. No entanto, há, sem dúvida, um ato de malabarismo entre resultados bons e ruins, assumindo grandes riscos para possibilitar a oportunidade, equilibrando o resultado. A resposta ao risco inclui prevenção ou eliminação de perigo, retenção, em que o risco cai abaixo de um determinado nível ou intervalo, considerado aceitável ou tolerável, nenhuma outra resposta é necessária, transferência do risco para um terceiro, ou seja, contratando subcontratado ou prêmios de seguro, redução da gravidade ou frequência associada a um determinado perigo, isso pode produzir um risco residual que fica dentro de uma zona tolerável. O monitoramento de riscos garante que as respostas estejam sendo executadas de forma adequada durante todo o ciclode vida do sistema, instalação ou atividade. Isso pode ser alcançado por meio de auditorias e/ou análises de avaliação. A identificação de riscos na produção está relacionada aos fios expostos, trabalhadores cansados, equipamento malconservado, etc. As instalações de manufatura estão repletas de riscos, tanto ocultos quanto expostos. Esses perigos podem resultar em ferimentos graves ou morte. 32 Máquinas e equipamentos sem manutenção adequada podem ser muito perigosos. Mesmo o equipamento com proteção contra falhas, pode funcionar mal se não forem realizadas verificações de manutenção regulares. Para minimizar o risco, é necessário ter o equipamento inspecionado regularmente por um profissional, interno ou contratado. Além disso, não se deve depender apenas dessas inspeções espaçadas, mas certificar-se de que os funcionários saibam como fazer uma inspeção rápida antes e após usar cada peça do maquinário (DIAS, 2021). As pessoas com contato regular com o seu equipamento devem saber como é a aparência de uma máquina, como “cheira” e qual o barulho típico quando está funcionando corretamente. Eles devem saber como detectar sinais de alerta imediatamente, como fios expostos, odores de queimado ou panes elétricos, oscilações anormais, ruídos de trituração ou raspagem, ou quaisquer outros sons irregulares. Se uma máquina for considerada potencialmente insegura, ela deve ser desligada imediatamente para reparos. Os trabalhadores do setor não devem tentar consertar equipamentos com defeito por conta própria, sem primeiro alertar um supervisor. A manutenção adequada só o levará até certo ponto. Muitas máquinas, quando em produção, são perigosas, independentemente de estarem funcionando exatamente como deveriam. Considerando os produtos químicos, por exemplo, não é possível simplesmente remover o risco de um produto químico perigoso fazendo uma verificação rápida, mas é necessário ter certeza de que todos os produtos químicos estão devidamente rotulados e que os funcionários estão equipados para manuseá- los adequadamente. Muitas máquinas aquecem rapidamente e apresentam risco de incêndio, mesmo quando operando de forma correta. É responsabilidade do empregador conhecer os limites do equipamento e comunicá-los a todos os trabalhadores. Os espaços confinados são outro perigo permanente que pode ser difícil de tratar. Como existem espaços confinados na maioria dos ambientes de manufatura, é importante que seus funcionários entendam os riscos de ficarem presos ou se encontrarem em uma área sem oxigênio. O ideal é abordar esse risco com treinamento, incluir exaustores e equipamentos de resgate em espaço confinado, e 33 sempre certificar-se de que os funcionários nessas condições trabalhem em pares. O treinamento adequado é a melhor defesa contra esse tipo de perigo. As instalações de uma empresa são tão seguras quanto as pessoas que nela trabalham. Os funcionários devem receber treinamento regular em todos os equipamentos com os quais possam entrar em contato. Deve-se considerar incluir e/ou reciclar vários tipos de operações, como também verificar se tudo está funcionando como deveria. Conforme as máquinas são atualizadas e substituídas, o treinamento deve ser repetido. Os trabalhadores também devem ser submetidos a treinamentos periódicos de segurança, para conhecerem as melhores práticas, e mais atuais, para manter a segurança deles próprios e de seus colegas de trabalho. Isso deve incluir resposta de emergência para queimaduras ou outros ferimentos, como reconhecer os sintomas de exposição a gás ou produtos químicos e quem contatar durante uma emergência. Além disso, todos os funcionários devem saber como e quando evacuar uma instalação. Em caso de emergência, o fácil acesso ao equipamento médico é crucial. A instalação deve ser abastecida com uma variedade de equipamentos de primeiros socorros, incluindo itens gerais de resposta a primeiros socorros, bem como alguns adaptados ao ambiente de trabalho específico, e devem ser bem identificados. Todos os funcionários devem ter pelo menos um treinamento mínimo para usar o equipamento de primeiros socorros. Em muitos casos, é necessário ter funcionários especialmente treinados em primeiros socorros e em resgate em espaço confinado. Um funcionário que se torna complacente com a segurança pode ser um grande risco para a empresa. A identificação de riscos no transporte, armazenagem e manuseio de materiais Os sistemas de transporte de materiais são usados em ambientes de manufatura e produção para levar materiais de um local para outro. O manuseio de materiais consiste na movimentação, no armazenamento, na proteção e no controle de materiais durante todo o processo de fabricação e distribuição, incluindo seu consumo e descarte. 34 Coordenação e controle são necessários para mover materiais que atuam como entradas para o processo e movimentar/remover materiais como saídas do processo. Dias (2021) ressalta que o manuseio de materiais é frequentemente esquecido no esquema geral de produção. Os fatores que podem influenciar o projeto e a identificação do risco de um sistema de manuseio de materiais são, as características do material a ser manuseado, questões de vazão, roteamento e programação, considerações decorrentes do layout da planta escolhido, e a aplicação do princípio de carga unitária. Entre os vários tipos de equipamentos de transporte de materiais que podem ser identificados, tem-se, caminhões industriais, veículos guiados automatizados, monotrilhos e veículos guiados por trilhos, empilhadeiras, talhas e guindastes. Os veículos guiados por sistemas automáticos, usam tipos específicos de tecnologia de orientação para realizar a operação do sistema, incluindo, fios-guia embutidos, tiras de pintura, e veículos autoguiados ou autônomos. Dois pontos surgem com o gerenciamento e coordenação de veículos não tripulados, são eles, o controle de tráfego e o despacho de veículos. O controle de tráfego minimiza a interferência entre os veículos e evita colisões. Dois sistemas podem ser usados para atingir esses objetivos, a detecção a bordo dos veículos e controle de zona. Em um veículo guiado por sistemas automáticos, quando em funcionamento, os veículos devem ser despachados em tempo hábil, da maneira que estiverem e quando forem necessários. Os recursos de segurança associados aos veículos guiados por sistemas automáticos incluem, velocidades de movimento menores que o ritmo de caminhada, parada automática do veículo, sensores de detecção de obstáculos, para-choques de emergência, luzes de aviso e sirenes. Na maioria das vezes, a segurança do local de trabalho afeta diretamente a produtividade e o bem-estar de sua força de trabalho, afetando diretamente a qualidade da produção de seu negócio. Portanto, os empregadores devem se esforçar para criar um ambiente seguro que ofereça um nível de risco aceitável para todos os funcionários. 35 Além disso, os funcionários devem ser rápidos na identificação de situações e condições no local de trabalho que possam comprometer sua segurança ou expô-los a níveis de risco inaceitáveis. Um exemplo prático pode ser associado aos acidentes elétricos, uma vez que são muito comuns no local de trabalho, causados pela exposição desprotegida a tomadas elétricas de alta tensão. Queimaduras elétricas, incêndios elétricos e choques elétricos são três tipos principais de acidentes elétricos. Quando os trabalhadores precisam usar cabos de extensão defeituosos ou trabalhar em ambientes repletos de linhas de energia expostas, eles correm o risco direto de acidentes elétricos. Essa exposição pode resultar de ferimentos leves a graves, especialmente queimaduras, parada cardíaca e até mesmo morte, no caso de eletrocussão. Outros cenários que podem resultar em acidentes elétricos incluem,tomadas elétricas ocultas na área de trabalho, equipamento ou instalação insegura, falta de equipamento de proteção individual, fraco controle das atividades de trabalho, fiação elétrica não isolada, falta de treino e falha em isolar circuitos antes de trabalhar. Em casos de acidentes elétricos em especial choques e queimaduras no local de trabalho, os demais trabalhadores devem evitar tocar na vítima, além disso, também devem evitar a remoção de bolhas, ou carne queimada do corpo da vítima, também não é recomendado esfregar pomadas nas queimaduras. Para proteger os funcionários e impedir acidentes por choque elétrico no local de trabalho, empregadores e funcionários devem tomar cuidado extra para praticar hábitos de segurança no local de trabalho, como inspecionar a área de trabalho com antecedência para ver se há fios não isolados, cabos quebrados e circuitos elétricos expostos, não utilizar equipamento elétrico defeituoso em todos os momentos, os trabalhadores devem usar equipamento de proteção individual e isolar os equipamentos elétricos antes de trabalhar neles, além de ter um sistema rápido para relatar e documentar incidentes de choque elétrico no local de trabalho. Outro exemplo, que ocorre com frequência nas empresas, são os acidentes com produtos químicos, que também podem prejudicar a segurança dos funcionários, especialmente quando são expostos a essas substâncias sem os devidos cuidados. 36 A exposição a produtos químicos pode resultar em uma série de efeitos, desde câncer e falência de órgãos, até em morte. Os funcionários podem ser expostos aos produtos químicos por inalação, contato direto ou indireto com a pele, ingestão e injeção. Ao contrário de outros acidentes de trabalho, os efeitos das exposições químicas são geralmente graduais e de longo prazo, e seus impactos são de longo alcance. Algumas dicas de segurança no local de trabalho para evitar a exposição a produtos químicos perigosos, é o uso de equipamento de proteção pessoal ao manusear produtos químicos no local de trabalho, o monitoramento da segurança diária dos funcionários usando o formulário de revisão de segurança. Os funcionários que trabalham em indústrias que exigem o uso de máquinas e ferramentas, como construção ou transporte, correm o risco de acidentes com máquinas e ferramentas. Em muitos casos, esses acidentes são causados pelo uso de equipamentos defeituosos, falta de conhecimento adequado, defeitos do produto ou negligência das precauções de segurança estipuladas. Exemplos comuns de acidentes com máquinas e ferramentas no local de trabalho são, uma queimadura causada por um aquecedor defeituoso na fábrica, quedas de uma escada com defeito ou andaime instável, cortes de ferramentas quebradas ou arestas de ferramentas afiadas, lesões causadas pelo uso de ferramenta errada, perda auditiva por trabalhar na fábrica sem protetores de ouvido, lacerações ou amputações em decorrência do uso de equipamentos sem mecanismos de segurança, lesões por esmagamento devido ao emaranhamento da máquina. A cultura de segurança abrange a tolerância de uma organização ao risco em suas atividades operacionais diárias e processos de tomada de decisão. Quanto maior o grau em que a administração reconhece a necessidade de gerenciamento de risco eficaz na organização, maior será seu compromisso com o estabelecimento de padrões e protocolos para identificar, avaliar e gerenciar riscos. 37 5 CATEGORIZAÇÃO DE RISCOS PELA SINALIZAÇÃO Conforme Dias (2021), com as mudanças climáticas, de legislação, normas técnicas e as demandas vindas dos clientes e investidores, os empresários não estão tendo outra saída a não ser se adaptar, pois todas essas mudanças, consequentemente, apresentam novos riscos. Para se manterem competitivas no mercado, as organizações precisam estudar o novo cenário e entender como as novas tecnologias e processos podem auxiliar na redução do risco. O gerenciamento de risco na perspectiva da segurança do trabalho é amplamente creditado por reduções no risco de acidentes graves e melhor desempenho da indústria de processos. As práticas de segurança de processo e sistemas formais de gerenciamento de segurança já existem em algumas empresas há muitos anos. No entanto, após um aumento inicial, as atividades de gerenciamento de segurança de processo parecem ter estagnado em muitas organizações. As investigações continuam a identificar o desempenho inadequado do sistema de gestão como um dos principais contribuintes para o incidente/acidente. E as auditorias revelam um histórico de descobertas repetidas, indicando problemas crônicos cujos sintomas são corrigidos continuamente, sem abordar com eficácia as causas técnicas e culturais (DIAS, 2021). 5.1 Os fundamentos jurídicos O tema classificação de riscos, está suportado em fundamentos jurídicos, que estabelecem qualificações e dispositivos legais, infralegais e regulamentadores, proporcionando a validade jurídica ao tema. Os principais fundamentos da classificação de riscos são: • Constituição da República Federativa do Brasil; • Norma regulamentadora NR-26 – Sinalização de segurança; • Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 38 5.2 Identificação e análise de riscos O termo “identificação de perigos e análise de riscos” é coletivo. Ele abrange todas as atividades envolvidas na identificação de perigos. Seu objetivo é avaliar o risco nas instalações ao longo de seu ciclo de vida, para garantir que os riscos aos funcionários, ao público e/ou ao meio ambiente sejam controlados de forma consistente dentro da tolerância de risco da organização. Esses estudos geralmente abordam três questões de risco principais, em um nível de detalhe compatível com os objetivos da análise, estágio do ciclo de vida, informações disponíveis e recursos. As três principais questões de risco são: • Perigo – O que pode dar errado? • Consequências – O quão ruim poderia ser? • Probabilidade – Com que frequência isso pode acontecer? Os riscos ambientais para um fabricante, estão relacionados à sua posição geográfica e à localização de suas fábricas, que podem estar expostas ao aumento do nível do mar, inundações, ventos fortes e eventos climáticos imprevisíveis. Os locais de fabricação também podem ser vulneráveis a interrupções na cadeia de suprimentos e instabilidade na rede elétrica e na infraestrutura de transporte. Todos esses fatores podem desvalorizar os ativos existentes. Os riscos de transição estão associados à mudança de tecnologia ou processos, como integração de Inteligência Artificial (IA) e robótica em operações de manufatura avançadas, mudança de fontes de energia ou combustível, ou mudança para matérias-primas mais sustentáveis ou novas fontes de materiais. A utilização de novas tecnologias e processos, também pode exigir que a equipe passe por novo treinamento, ou tenha seus conhecimentos reciclados e as cadeias de suprimentos reestruturadas para aumentar a resiliência, considerar as geopolíticas e atender às necessidades de políticas e regulamentos. Os riscos operacionais, estão relacionados à eficiência das operações do processo. As medidas de risco operacional incluem, o consumo de recursos por unidade de produção, rendimento do produto, geração de resíduos ou emissões e manutenção necessária e tempo de inatividade. O risco operacional pode ser reduzido 39 garantindo que as operações sejam robustas, o que pode ser habilitado através da redundância e gerenciamento da cadeia de suprimentos (DIAS, 2021). No desenvolvimento, avaliação ou melhoria de qualquer sistema de gestão de risco, os princípios a seguir devem ser abordados. I. Manter uma prática confiável: quando uma empresa identifica ou define uma atividade a ser realizada, provavelmente seu desejo é que a atividade seja realizada de forma correta e consistenteao longo da vida desse processo e de outros processos semelhantes. Para que o sistema de gestão de risco seja executado de forma confiável em uma instalação envolvendo uma variedade de pessoas e situações, os seguintes recursos essenciais devem ser considerados: • Documentar o sistema de gestão de risco pretendido; • Integrar as atividades da identificação de perigos e análise de riscos ao ciclo de vida de projetos ou processos; • Definir o escopo analítico da identificação de perigos e análise de riscos e garantir uma cobertura adequada; • Determinar o escopo físico do sistema de risco; • Envolver pessoal competente; • Fazer julgamentos de risco consistentes; • Verificar se as práticas de identificação de perigos e análise de riscos permanecem eficazes. II. Avaliar riscos e tomar decisões baseadas em riscos: uma vez que os perigos forem identificados e os riscos associados analisados, a aceitabilidade do risco deve ser avaliada. Algumas empresas podem julgar um risco aceitável, se o sistema estiver conforme um padrão mínimo, como um regulamento ou código, enquanto outras empresas podem exigir que os riscos atendam aos critérios de risco toleráveis internos, ou mesmo sejam reduzidos ao mínimo razoavelmente praticável. Algumas empresas podem julgar o risco inaceitável em quaisquer circunstâncias e exigir que o processo seja realocado ou abandonado, a menos que uma alternativa inerentemente mais segura possa ser encontrada. 40 O risco químico, é um tipo de risco ocupacional causado pela exposição a produtos químicos no local de trabalho, podendo causar efeitos prejudiciais à saúde, em curto, médio ou longo prazo. Existem muitos tipos de produtos químicos perigosos, incluindo neurotoxinas, agentes imunológicos, agentes dermatológicos, carcinógenos, toxinas reprodutivas, toxinas sistêmicas, agentes pneumoconióticos, sensibilizantes, entre outros. Esses perigos podem causar riscos físicos e/ou para a saúde. Dependendo do produto químico, os riscos envolvidos podem ser variados. Os riscos biológicos, referem-se a substâncias biológicas que representam uma ameaça à saúde dos organismos vivos, principalmente dos humanos. Isso pode incluir amostras de um microrganismo, vírus ou toxina, de uma fonte biológica, que podem afetar a saúde humana. O risco físico é um agente, fator, ou circunstância que pode causar danos com ou sem contato. Eles podem ser classificados como tipo de risco ocupacional ou risco ambiental. Nessa categoria de risco, são incluídos, os riscos ergonômicos, radiação, estresse por calor e frio, riscos de vibração e riscos de ruído. Os riscos ergonômicos, são condições físicas que podem representar risco de lesão ao sistema musculoesquelético, como os músculos ou ligamentos da parte inferior das costas, tendões, ou nervos das mãos/pulsos, ou ossos ao redor dos joelhos, entre outros, resultando em um distúrbio musculoesquelético. Estes riscos incluem, posturas inadequadas, posturas estáticas, demanda de forças excessivas, movimentos repetitivos, ou intervalos curtos entre as atividades. O risco de um distúrbio musculoesquelético é frequentemente ampliado quando se tem diversos fatores presentes, como vibração de todo o corpo ou mão/braço, a exposição a iluminação insuficiente, ou a utilização de ferramentas, equipamentos, e espaço organizacional, mal projetado, produzindo interações negativas com o trabalhador. Estes riscos são detectados tanto no ambiente ocupacional, quanto em ambientes não ocupacionais, como em oficinas, canteiros de obras, escritórios, casa, escola, ou em espaços e instalações públicas (DIAS, 2021). No sentido de fornecer informações sobre os riscos descritos a todos os trabalhadores, um dos recursos está na utilização da sinalização de segurança, sendo um indicador visual e/ou sonoro para uma determinada atividade ou situação. 41 5.3 A sinalização dos riscos A NR 01, que abrange as disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais, apresenta no item 1.5.7.3.2, as informações mínimas que devem conter em um inventário de riscos ocupacionais, sendo: a) caracterização dos processos e ambientes de trabalho; b) caracterização das atividades; c) descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, descrição de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos a esses riscos, e descrição de medidas de prevenção implementadas; Este texto não substitui o publicado no DOU 8 d) dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes físicos, químicos e biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17. e) avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de elaboração do plano de ação; e f) critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de decisão (MTb, 2020, documento online). A NR 5 traz definições para Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), em uma dessas definições, a norma cita que, 5.3.1 A CIPA tem por atribuições: a) acompanhar o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos bem como a adoção de medidas de prevenção implementadas pela organização (MTb, 2020, documento online). O Quadro 1, apresentado a seguir, foi retirado da Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 1994, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego. No quadro é descrito a classificação dos principais riscos, divididos em grupos, de acordo com sua natureza e padronização das cores correspondentes. 42 Quadro 1 - Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos. Fonte: Brasil (1994). Partindo do princípio de que os grupos de riscos são identificados por cores, o mesmo raciocínio foi utilizado para as cores de segurança e cores de tubulações. Conforme estabelecido pelas normas da ABNT, a NBR 7195:2018 – Cores para Segurança e a NBR 6493:2019 – Emprego de cores para identificação de tubulações industriais. Ambas as normas estabelecem uma padronização de cores mediante situações e tubulações, as quais são apresentadas nos Quadros 2 e 3, a seguir: 43 Quadro 2 - Cores para segurança. Fonte: Adaptado da ABNT NBR 7195:2018 44 Quadro 3 - Cores para identificação de tubulações. Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6493:2019. Um sistema de cores consistente, denotando a relação cor – risco, alerta os funcionários quanto aos riscos à segurança, pois, o conhecimento do sistema aumenta a segurança dos funcionários. Um exercício de integração dos funcionários, é fazer um tour pela operação, apontando os diferentes exemplos de cores usados e os perigos identificados. A sinalização do local de trabalho é um processo simplificado e padronizado, que visa a identificação dos riscos, no sentido de evitar acidentes, preservar a vida dos trabalhadores e os ativos da empresa. Conforme Dias (2021), a utilização de cores é uma solução encontrada para atender necessidades da área da Segurança do Trabalho, e a adoção da padronização das cores através das normas técnicas foi de 45 abrangência mundial, facilitando assim, a interpretação do risco por parte dos trabalhadores. 6 CONTROLE DE RISCOS Entende-se que o risco ocorre em todos os lugares em uma organização, em destaque à área operacional. Para maior segurança de todos os operadores, é essencial que a empresa dê prioridade a detectar e gerenciar os riscos. Até aqui, pode-se constatar que o risco possui diferentes origens e suas consequências podem afetar todas as funções dentro de uma empresa, sendo assim, é necessário que este seja mitigado e as implicações para organizações que não o fazem podem ser significativas. O nível de risco que as empresas enfrentam muda continuamente, com novos riscos emergindo e outros se tornando menos críticos. Pelo
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