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GESTÃO DE RISCOS SUMÁRIO Apresentação Autor 4 5 Planejamento do Gerenciamento de Riscos 22 Identificação de riscos Análise quantitativa e qualitativa dos riscos Planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos UNIDADE 2 6 Conceitos Perigo e riscos Incidentes e acidentes Considerações iniciais UNIDADE 1 SUMÁRIO Métodos de Gestão de Riscos II 54 TIC: Técnica de incidentes críticos Diretiva de SEVESO e Convenção 174 da OIT Plano de emergência UNIDADE 4 40 APR: análise preliminar de riscos HAZOP: hazard and operability study AMFE: análise de modos e falhas e efeito Métodos de Gestão de Riscos I UNIDADE 3 4 A disciplina de Gestão de Riscos fornecerá os conceitos básicos relacionados ao processo de identificação, avaliação e controle de riscos ocupacionais, com a finalidade de promover a preservação da integridade física dos trabalhadores, dos equipamentos e do patrimônio das organizações. No primeiro momento, serão apresentados conceitos relacionados à evolução histórica da relação do homem com o trabalho e as diversas transformações desta, resultando em variações de tipos de riscos. Em seguida, estudaremos a identificação dos diversos tipos de riscos, além de suas definições, análise, planejamento de respostas e monitoramento e controle dos riscos. Na sequência, serão analisados os métodos de gestão de riscos desde sua identificação, análise e até a fase de avaliação de riscos. APRESENTAÇÃO 5 CLARICE MELO Bióloga, mestre em Meio Ambiente, especialista em Ciências da Educação e Educação Profissional. Professora na área de saúde e segurança e higiene ocupacional desde 2009, na Faculdade de Ciências e Tecnologias e Universidade Jorge Amado – Unijorge. Coordenadora do Curso de Graduação Tecnológica em Segurança no Trabalho da Unijorge, desde 2013. AUTOR Considerações iniciais UNIDADE 1 7 A concepção contemporânea de gerenciamento de riscos encontra-se bastante distante da prática de muitas empresas brasileiras. Em muitas delas não se trabalha com a antecipação, ou seja, espera-se a ocorrência do desastre, como acidentes graves e doenças ocupacionais, para que algum tipo de medida corretiva seja realizado, sendo que, na maioria dos casos, o trabalhador ainda é responsabilizado pelo dano. Negligencia- se o investimento em prevenção. A gestão de riscos é a parte da segurança no trabalho que organiza a empresa no intuito de se antecipar ao risco, reconhecendo-o e tratando-o antes que o acidente de trabalho aconteça. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Conhecer as definições iniciais e conceitos relacionados à gestão de riscos ocupa- cionais. OBJETIVO 8 Conceitos As atividades realizadas pelos homens desde os tempos remotos estão diretamente ligadas a um potencial de risco, podendo resultar em lesões diversas com perdas de capacidade produtiva temporárias ou permanentes e até mesmo a morte. Bem lá no início da história, as atividades mais desenvolvidas eram ligadas à pesca e à caça, ou seja, àquelas que garantissem a sobrevivência do ser humano no meio ambiente. O tempo passa, e o homem das cavernas transforma-se em artesão e passa a fabricar suas primeiras ferramentas de trabalho, o que faz surgir novos tipos de riscos ligados ao processo produtivo. Logo depois, o homem passa a desenvolver a agricultura, o pasto, o artesanato, até que chega a era industrial, o que muda, e muito, o espectro de atuação e amplia o leque de possibilidades de acidentes e também de doenças ocupacionais. 9 Sobre a evolução do homem e o risco, leia o seguinte texto: O conceito de prevenção evoluiu juntamente com a racionalidade e a capacidade de organização da espécie humana, desenvolvendo a habilidade da antecipação e reconhecimento dos riscos das suas atividades. O estudo da relação do homem com o trabalho e os riscos derivados dessa relação teve início, de forma mais ampla, com o médico italiano Bernardino Ramazzini, considerado o Pai da medicina do trabalho. Outros estudiosos apresentaram suas contribuições sobre o tema, com o passar dos anos, levando a uma evolução e mudança de conceitos, ampliando sua abordagem. Nesse contexto, os acidentes de trabalho passam de eventos incontroláveis e aleatórios para tornarem-se eventos indesejáveis e de causas conhecidas e evitáveis. Modificando, assim, o processo tradicional de segurança, baseado em trabalhos estatísticos (RUPPENTHAL, 2013, p. 16). Segundo Cetesb (2009) apud Korf (2011), a evolução da importância dos acidentes ocupacionais relaciona-se diretamente com a evolução da era industrial e com as suas relações de produção e consumo ao longo dos tempos. O desenvolvimento da natureza competitiva capitalista do setor industrial, associado ao crescimento da economia global e ao seu incremento possibilitou o surgimento de indústrias gigantescas e a complexidade dos processos produtivos. O contexto social também foi se transformando e outras demandas ligadas à poluição ambiental, segurança e saúde começaram a ser preocupantes para o empregador e para os governos. Consequentemente, a indústria foi obrigada a examinar os efeitos de suas operações sobre o trabalhador e, em particular, a analisar mais cuidadosamente os possíveis perigos decorrentes de suas atividades. Saiba mais 10 Dando um salto na era industrial, chegamos à era da globalização, juntamente com toda a sua restruturação produtiva, intensificadas ao longo dos anos 1990 que geram, consequentemente, novos desafios aos trabalhadores e à defesa de sua saúde. Essa era é acompanhada do aumento da pobreza, da desigualdade social, da exclusão, do desemprego, da terceirização do trabalho e do desenvolvimento de estratégias que visavam à flexibilização das relações de trabalho, denominadas, em conjunto, de neoliberalismo. Toda essa mudança dificulta a luta por melhores condições de trabalho e saúde. Vamos agora estudar alguns conceitos importantes na área de gerencia- mento de riscos! Risco ocupacional: condição de ameaça ao dano que o trabalhador encontra em seu ambiente laboral. Normalmente são decorrentes de processos tecnológicos (ou não) de produção que negligenciam as necessidades do trabalhador. Termo bastante utilizado no dia a dia de profissionais de segurança no trabalho. É importante que você saiba o seguinte: Diversas instituições públicas vêm passando por sérias crises, diante da falta de políticas integradas e de investimentos pelos governos. Outra consequência desta “modernização” neoliberal tem sido a intensificação do trabalho em vários setores econômicos, com implicações para a saúde dos trabalhadores. Um exemplo é a verdadeira epidemia de lesões por esforços repetitivos (LER) que vem ocorrendo com trabalhadores nos setores de serviços, bancos e setores de embalagem e linhas de montagem de várias indústrias. As LER têm sido responsáveis por cerca de 80 a 90% dos casos de doenças profissionais registrados na Previdência Social nos últimos anos (PORTO, 2008, p. 5). Importante 11 Agente de risco: são os processos produtivos, as ferramentas e até mesmo o ambiente de trabalho que podem expor o trabalhador ao dano. Refere-se principalmente aos agentes físicos, mecânicos, químicos e biológicos presentes nos ambientes de trabalho, além dos agentes ergonômicos e os psicossociais. Grau de risco: trata-se de uma denominação numérica que varia de 1 a 4 para classificar a intensidade do risco da atividade exercida na empresa, descrita pelo CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas). Ter ciência do grau de risco de uma empresa é importante no processo de dimensionamento do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), ou seja, na definição das ações a serem implementadas para garantir a prevenção de acidentes ocupacionais. A partir do grau de risco também que se define o percentual que a organização deve repassar para o Seguro Acidente de Trabalho (SAT). Fator de Risco: é qualquersituação que possa aumentar a probabilidade de exposição do trabalhador ao agente de risco. Segundo a Organização Mundial de Saúde (1983) apud Guilam (1996), um fator de risco é toda característica ou circunstância determinável de uma pessoa ou um grupo de pessoas que se sabe estar associado a um risco anormal de aparecimento ou evolução de processo patológico ou de afecção especialmente desfavorável por tal processo. Ou seja, pode incluir características do meio e pessoais, como, por exemplo, ser fumante, para classificar grupos mais predispostos a desenvolver certos tipos de doenças. 12 Estudar o gerenciamento de risco constitui-se fator primordial para elaboração de ações prevencionistas, a partir do detalhamento da atividade laboral, com a finalidade de identificar fatores de risco e quantificá-los. O processo de avaliação de riscos deve ser contínuo. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre análise de risco ambiental. 13 Perigo e riscos Você sabe a diferença entre risco e perigo? O perigo está diretamente associado a um conjunto de situações que se apresenta como fonte de risco, mas não se tratando de um risco em si. Os perigos, associados ao potencial de causar danos em instalações industriais e à saúde do trabalhador, podem ser caracterizados pela existência de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou psicossociais e mecânicos ou de acidentes. Todos esses agentes estão associados a um fator de risco, o qual expressa a possibilidade de ocorrência de um dado perigo. O risco de acidentes é, portanto, expressado em relação à frequência ou probabilidade de ocorrência de um perigo e à magnitude (KORF, 2011, p. 3). Já o risco caracteriza-se pela exposição a uma situação perigosa, ou a um fator de risco. O risco sempre acontecerá a partir do momento que houver a exposição do trabalhador a alguma fonte de perigo. O grau do risco tende a aumentar quanto maior for o grau de exposição do trabalhador ao perigo. Segundo Porto (2008), os riscos não devem ser avaliados somente a partir de informações teóricas, mesmo que concedidas por profissionais especialistas e pela alta gestão das organizações, a partir de seus documentos e conhecimentos técnicos. Os riscos fazem parte do trabalho real vivido no dia a dia dos trabalhadores, e, muitas vezes, as análises de risco apresentadas por especialistas e pelas gerências das empresas aos fiscais ou auditores externos diferem das situações de risco reais vivenciadas pelos trabalhadores. 14 A exposição ao risco pode estar associada a três fatores: 1. Tempo de contato com o fator de risco. 2. Intensidade do contato com o perigo. 3. Própria natureza do agente causador do risco. Segundo Camargo (2016), a exposição está diretamente relacionada ao trabalhador e ao controle da exposição do trabalhador. Esse controle deve ser realizado a partir de ações de conscientização, treinamento e uso de EPIs, quando as medidas de controle não forem suficientes para garantir que a exposição do trabalhador esteja abaixo dos limites considerados aceitáveis de acordo com a boa prática de higiene ocupacional. Em se tratando de educação e treinamento, estes devem incluir informações sobre os perigos e riscos oferecidos pelos produtos, equipamentos e processos executados. Informações detalhadas sobre as consequências da exposição também devem ser passadas para o trabalhador. A diferença entre risco e perigo indica que: Para ser definido o conceito de risco, precisamos do conceito de perigo e o oposto. Por exemplo, uma inundação é um perigo, porém, aquele que constrói sua casa no leito de um rio expõe-se a um risco. Um furacão é um perigo, mas quem provoca o aquecimento global se (e nos) expõe a um risco. A inundação, o terremoto e o furacão são o mesmo fenômeno, mas podem ser contemplados a partir de dois pontos de vista (SERRANO, 2009, p. 2). Importante 15 Figura 1: Risco e perigo. Fonte: Adaptado de https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/perigoseriscos. Risco = Perigo x Exposição PerigoRisco = + Exposição Ainda sobre o perigo, ele pode ser identificado em: • Materiais: como em alguns tipos de substâncias tóxicas como solventes, ácidos, álcalis, metais, gases, plásticos, resinas, material particulado sólido, perfuro cortantes, entre outros. • Equipamentos/Maquinário: máquinas ou mesmo móveis sem condições de uso, com má conservação, impróprio para o serviço, uso incorreto. • Ambientes de trabalho: meio ambiente de trabalho insalubre. Postos de trabalhos inadequados ergonomicamente. • Trabalhadores: falta ou insuficiência de capacitação, inexistência de políticas de segurança, fadiga, uso de drogas e álcool, pressão no trabalho, assédio moral, carga de trabalho excessiva, falta de qualidade de vida no ambiente laboral. Fonte: UNIFAL-MG. Saiba mais Baseada na intensidade, duração e frequência de contato com a gente Risco: exposição a um perigo (ou fator de risco) Sem exposição não há risco Inerente à substância, mistura de substâncias, processo, equipamento, situação https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/perigoseriscos https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/perigoseriscos 16 Na última atualização da OHSAS 18001, em 2007, a definição do termo perigo deixou de se referir aos danos ocorridos no meio ambiente ou local do trabalho, passando a considerar somente os danos para o corpo humano e saúde do trabalhador. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre a diferença entre risco e perigo. 17 Incidentes e acidentes Em primeiro lugar, vamos analisar o conceito de acidente de trabalho. Segundo a Lei nº 8.213/1991 em seu artigo 19, o acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Ou seja, a legislação define como acidente toda ocorrência que provoque lesão, adoecimento e, em caso extremos, a morte, durante a execução de uma atividade laboral, dentro ou fora da empresa. Já alguns profissionais da área de saúde e segurança no trabalho definem acidente como toda e qualquer ação inesperada que interfere no fluxo normal de atividades em uma empresa ou o interrompe, trazendo consequência isolada ou simultânea de dano ao trabalhador. Analisado o conceito de acidente, vamos agora analisar o conceito de incidente. O incidente é o fato ocorrido de forma inesperada e aleatória em momento não previsível de trabalho sem que haja qualquer tipo de dano ao trabalhador e à sua saúde. É importante destacar que todo incidente tem potencial de se transformar em acidente. Como no dito popular, o incidente não foi acidente por “sorte”. Um trabalhador altamente “proativo” resolve consertar um dos lustres do escritório de seu chefe. Sem escada disponível, ele coloca um banco em cima da mesa do chefe e tenta parafusar o lustre. Em um ato falho, acaba se desequilibrando e caindo com o lustre de vidro na mão, porém não se machucou. Esse é um grande exemplo de incidente que teve risco iminente de ser acidente, caso o trabalhador se acidentasse. Exemplo 18 No gerenciamento de riscos, os profissionais em saúde e segurança do trabalho devem inserir no planejamento estratégico da empresa o quesito prevenção de acidentes. Infelizmente, muitas empresas não direcionam a verdadeira importância a esse quesito, não sabendo que, na ocorrência de um acidente, o prejuízo será muito maior que o valor investido em ações prevencionistas. Os danos provenientes de acidentes impactam diretamente na produtividade da empresa. É importante a notificação de todos os incidentes que ocorrerem também,pois como foi visto, todo incidente tem um risco iminente de acidente. É importante também manter a equipe engajada, consciente e devidamente treinada. Em caso de acidentes, a comunicação deve ser rápida, precisa e organizada. A análise e avaliação do risco constituem etapas do gerenciamento de risco, ferramenta fundamental que tem como objetivo desenvolver ações sistemáticas para estabelecer requisitos de orientações de prevenção de acidentes. Na última atualização da OHSAS 2007, uma série de conceitos foi atualizada, dentre eles o de incidente e acidente. Compare, a seguir, as alterações: OHSAS 18001:1999: Acidente: evento indesejado que origina morte, doença, perturbação funcional, lesão ou outra perda. Incidente: evento que originou um acidente ou que tinha potencial para originar um acidente. OHSAS 18001:2007: Incidente: eventos relacionados com o trabalho em que ocorreu, ou poderia ter ocorrido, um ferimento, dano para a saúde ou uma fatalidade. Saiba mais 19 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre a diferença entre acidente e incidente. NA PRÁTICA Um técnico de análise clínica que trabalha há 10 anos na mesma função, na hora de colocar as luvas para realizar o procedimento de coleta de sangue, percebe que ela rasgou. Na pressa, resolve utilizá-la mesmo assim para realizar o procedimento. Na hora de remover a agulha do paciente, o mesmo, em um ato falho, remove o braço bruscamente, o que, por muito pouco, não fura a mão do trabalhador. O evento acima é um exemplo prático de incidente, muito comum em ambientes laborais de saúde. Seria considerado acidente caso o dano tivesse acontecido. 20 Resumo da Unidade 1 Nesta unidade, você pôde entender que o principal objetivo do gerenciamento de riscos nos ambientes ocupacionais é garantir a prevenção, ou seja, a identificação, o controle e, até mesmo, a eliminação dos riscos, seguindo sempre parâmetros pré-estipulados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Os empregados devem ser capacitados e conscientizados continuamente quanto aos riscos aos quais estão expostos, além de treinados quanto ao uso correto das medidas preventivas, muitas vezes equipamentos de proteção individual e coletiva. Os trabalhadores são peças-chave fundamentais na análise e no controle dos riscos, pois são as pessoas que, de fato, vivenciam as situações reais de trabalho do cotidiano e suas vidas é que são postas em risco. Tudo isso precisa ser considerado nas decisões tomadas pela alta gestão das organizações, confrontando prioridades nos investimentos a serem realizados, na definição do tipo de tecnologia, na aquisição de equipamentos e nas formas de contratação, no treinamento e na divisão de tarefas dos trabalhadores. O risco ocupacional é a condição de ameaça ao dano que o trabalhador encontra no seu ambiente laboral. Normalmente, são decorrentes de processos tecnológicos (ou não) de produção que negligenciam as necessidades do trabalhador. CONCEITO 21 Referências BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previ- dência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 jul. 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm>. Acesso em: 24 fev. 2019. CAMARGO, O. Perigo, risco e exposição, 2016. Disponível em: <http://multimedia.3m. com/mws/media/379657O/ohes.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. GUILAM, M. C. R. O conceito de risco. Sua utilização pela Epidemiologia, Engenharia e Ciências Sociais, 1996. Disponível em: <https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFi- le/3779571681924/conceito%20de%20risco%20-%20sua%20utilizacao.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. KORF, E.P. et al. Diretrizes para programas de Gerenciamento de Riscos de Acidentes Ambientais e Ocupacionais em Instalações Industriais. Paraná: Universidade Tecnológi- ca Federal do Paraná. Revista Gestão Industrial. v. 07, n. 03, p. 60-74, 2011. Disponí- vel em: <https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=p- t-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b>. Acesso em: 24 fev. 2019. OHSAS 1001:2007. Sistema de gestão da segurança e da saúde do trabalho – Requi- sitos. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/7319/2/Anexo%20 I%20OHSAS180012007_pt.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. PORTO, M. F. de S. Análise de riscos nos locais de trabalho: conhecer para transformar. Cadernos de Saúde do Trabalhador, 2008. Disponível em: <https://normasregulamenta- doras.files.wordpress.com/2008/06/riscos_trabalho.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de riscos. RS: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria. Rede e-tec Brasil, 2013. Disponível em: <http:// estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/sexta_etapa/gerenciamento_riscos.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. SERRANO, J. L. A diferença risco/perigo. 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Acesso em: 24 fev. 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm http://multimedia.3m.com/mws/media/379657O/ohes.pdf http://multimedia.3m.com/mws/media/379657O/ohes.pdf https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/3779571681924/conceito%20de%20risco%20-%20sua%20utilizacao.pdf https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/3779571681924/conceito%20de%20risco%20-%20sua%20utilizacao.pdf https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/7319/2/Anexo%20I%20OHSAS180012007_pt.pdf https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/7319/2/Anexo%20I%20OHSAS180012007_pt.pdf https://normasregulamentadoras.files.wordpress.com/2008/06/riscos_trabalho.pdf https://normasregulamentadoras.files.wordpress.com/2008/06/riscos_trabalho.pdf http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/sexta_etapa/gerenciamento_riscos.pdf http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/sexta_etapa/gerenciamento_riscos.pdf http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/A%20diferen%C3%A7a%20Risco-Perigo.pdf http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/A%20diferen%C3%A7a%20Risco-Perigo.pdf Planejamento do Gerenciamento de Riscos UNIDADE 2 23 A realização do gerenciamento do risco ocupacional necessita primeiramente do entendimento de conceitos como risco e perigo e de desenvolver estratégias para gerenciá-los. O desenvolvimento industrial originou uma série de recursos tecnológicos que aumentaram o volume de produção, porém o trabalho humano permanece sendo imprescindível, e dessa forma o risco ocupacional continuará sempre presente, em maior ou menor grau. Nesta unidade, você conhecerá as etapas de construção de um programa de gerenciamento de risco e alguns métodos auxiliares utilizados na análise do risco. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Conhecer as etapas de construção de um planejamento de gestão de riscos ocupacionais. OBJETIVO 24 Identificação de riscos A presença de risco no ambiente de trabalho varia de acordo com o tipo de bem ou serviço produzido, podendo ser atenuados por medidas de proteção coletiva e ou equipamentos de proteção individual, mas são inerentes aos produtivos (MEDEIROS, 2013). O Ministério da Saúde (MS) e o Ministério do Trabalho e Emprego reconhecem os cinco grupos de riscos. Vamos conhecê-los? 1. Físicos. 2. Químicos. 3. Biológicos. 4. Mecânicos. 5. Grupo de acidentes ergonômicos e psicossociais. Os riscos físicos representam diversas formas de energia que podem estar presentes em um ambiente de trabalho, em quantidade considerada superior àquela que o organismo é capaz de suportar, podendo conduzir a uma doença profissional, podendo ser provocados por algum tipo de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como:ruído, vibrações pressões anormais, temperaturas extremas e radiações ionizantes e não ionizantes. O risco químico é caracterizado pelo perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar a saúde. Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo por meio da pele ou por ingestão (SILVA, 2012). 25 Os riscos biológicos são distribuídos em quatro classes diferentes de risco biológico, segundo os perigos de infecção que apresentam. A progressão na classificação desses riscos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), considera critérios como a patogenicidade para o homem, o modo de transmissão, a endemia e a existência ou não de profilaxia e de terapêutica eficazes. Os riscos mecânicos ou de acidentes são caracterizados como qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado etc. (ALMEIDA, 2017). Os riscos ergonômicos são classificados como qualquer fator que possa interferir nas características psicológicas e fisiológicas do trabalhador, a partir da realização de atividades laborais em condição de desconforto que podem afetar sua saúde. São exemplos de Risco Ergonômico o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, a repetição, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho e o trabalho em turnos (HIRATA, 2002). Vamos estudar agora o gerenciamento de riscos? Gerenciamento de riscos é conceituado como o conjunto de técnicas que tem como objetivo promover a segurança no meio ocupacional a partir da minimização dos efeitos da exposição dos riscos que possam trazer danos ao trabalhador e ao meio ambiente, presentes no ambiente laboral. 26 O processo de gerenciamento de riscos começa com a identificação dos riscos. Não existe um método ótimo para se identificar riscos. Na prática, a melhor estratégia será combinar os vários métodos existentes, obtendo-se o maior número possível de informações sobre riscos, e evitando-se assim que a empresa seja, inconscientemente, ameaçada por eventuais perdas decorrentes de acidentes (LEITE, 2012). A identificação dos riscos consiste na percepção de situações, operações, eventos, produtos, substâncias e demais agentes que porventura possam ocasionar danos (impactos adversos) à saúde e segurança do trabalhador. Inicialmente cada processo a ser avaliado é desdobrado identificando-se suas diversas tarefas e seus perigos ou riscos e impactos adversos associados. Uma única atividade pode apresentar vários riscos, que, por sua vez, podem dar origem a diversos danos ocupacionais (VASCONCELOS, 2006). A fase de identificação de riscos inicia-se a partir da investigação de situações que possam levar a um evento indesejável. Em muitas empresas, o gerenciamento de risco para já nessa etapa, o que não evita a ocorrência dos riscos. A maioria das técnicas de identificação de riscos segue o passo a passo que você pode ver a seguir: 27 Análise da experiência vivida coletada por meio de entrevistas com trabalhadores Reuniões com o SESMT Análise da experiência vivida coletada por meio de entrevistas com trabalhadores Listas de verificações de não conformidades Inspeções de campo de todo os tipos e em todos os ambientes da empresa Construção de relatório, análise e divulgação de acidentes e quase acidentes (pessoais e não pessoais) Fonte: Elaborada pela autora (2019). A etapa de identificação do gerenciamento de riscos inicia-se a partir da análise do ambiente, estudando os aspectos da natureza da atividade laboral o risco nem sempre é tão fácil de ser identificado. É importante analisar a atividade e o meio ambiente em que ela ocorre. O risco nem sempre é tão aparente. O trabalho do profissional da área de segurança é minucioso. Nessa fase, também se identifica os riscos iminentes de acidente, ou seja, encontra-se as áreas de perigo. 28 Ainda nessa fase, é preciso realizar um levantamento de todo tipo de acidente já ocorrido e de quase acidente também, ou incidente. Todo incidente gera um risco iminente de acidente. Além disso, realiza-se as consequências para os trabalhadores que passaram pelo dano. O processo de identificação de perigos tem como objetivo realizar o rastreamento de toda e qualquer possível causa que poderá levar a ocorrência de um acidente de trabalho. Por meio desse processo, a organização terá um panorama completo dos riscos em suas instalações e que estes sejam avaliados e classificados (VASCONCELOS, 2006). MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor sobre identificação e avaliação dos riscos. 29 Análise quantitativa e qualitativa dos riscos A avaliação do risco pode ser feita tanto de forma quantitativa como qualitativa, em função da frequência do perigo e consequência do dano, definida pela primeira etapa do gerenciamento de risco, de uma atividade que pode ocasionar perigo (VASCONCELOS, 2016) Segundo Vasconcelos (2006), no modelo OHSAS 18002 e nas diretrizes da Organização Internacional do Trabalho, o processo de identificação de perigo e avaliação de risco constituem a base de todo o Sistema de Gerenciamento de Saúde e Segurança Ocupacional. A Norma Regulamentadora 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) exige que as empresas elaborem um documento para a identificação dos riscos. É indispensável saber identificar, analisar e avaliar os perigos e riscos, ou seja, “conhecer as características agressivas latentes em máquinas, equipamentos, energias, matérias- primas etc., presentes em todo ambiente de trabalho, que podem causar acidentes ou doenças ao trabalhador” (VASCONCELOS, 2006). No gerenciamento de riscos, após a identificação do risco, temos a fase de análise dos riscos, entendendo a natureza dos eventos já ocorridos. Esse tipo de processo é chamado de análise qualitativa, que será complementada com a análise quantitativa, que funciona verificando a probabilidade da ocorrência do evento e a sua severidade. É fundamental que você saiba o seguinte: O gestor de qualquer empresa deseja minimizar o risco, o que pode ser traduzido em maximizar a probabilidade de sucesso, lucro ou qualquer tipo de ganho. Neste sentido, quanto mais o gestor sabe sobre os potenciais riscos, mas ele estará apto a lidar com eles. [...] A análise de riscos procura identificar os riscos em potencial e os seus impactos [...]. (DUARTE, 2012, p. 25) Importante 30 A realização de análises, investigações e ações preventivas são estratégias a ser adotadas de forma contínua para garantir a prevenção de acidentes de forma eficiente. Ações corretivas, tais como um treinamento constantes para novos funcionários, evita danos em geral, além de contribuírem para a redução da probabilidade de acidentes, devendo os mesmos procedimentos também ser adotados para trabalhadores antigos, de forma contínua (DUARTE, 2012). Análise quantitativa de riscos A análise quantitativa de riscos permite quantificar, por meio de modelos matemáticos, os riscos identificados, visando a, principalmente, embasar os profissionais de segurança quanto à tomada de decisões relacionadas com a segurança tanto da instalação como também de regiões próximas que sofrem interferência do processo produtivo da empresa e do meio ambiente. Consiste em um dos elementos fundamentais para um programa de gerenciamento de riscos, permitindo que a alocação de recursos para a redução dos riscos seja justificada.A análise quantitativa de riscos permite quantificar, preventivamente, o risco de eventos como explosão, incêndio, dispersão de nuvem tóxica, entre outros. Assim, o gestor terá informação relevante e objetiva para tomada de decisão quanto ao gerenciamento dos riscos. (DUARTE, 2012, p. 23) A análise quantitativa de riscos permite contabilizar os riscos existentes em um ambiente de trabalho, de forma que contribui para fornecer uma base objetiva para aceitação da presença de um risco ocupacional ou não, e, dessa forma, auxiliar na tomada de decisões e em seu nível de priorização, preparação dos trabalhadores e auxiliando no processo de redução dos riscos ocupacionais e promovendo a cultura prevencionista no ambiente de trabalho. É um processo contínuo que pode e deve ser revisado constantemente, e novos riscos sendo identificados, devem ser prontamente incorporados no processo. Veja a figura a seguir: 31 Figura 2: Organograma da análise qualitativa de riscos. Início Caracterização do empreendimento e da região Identificação de perigos e consolidação dos cenários acidentais Estimativa de efeitos físicos e vulnerabilidade Existem efeitos que atingem pessoas situadas fora da instalação? É possível reduzir os efeitos? Estimativa de frequências Estimativa dos riscos 11 Respostas SIM Programa de gerenciamento de riscos Fim Medidas para a redução dos riscos É possível reduzir os riscos? Reavaliação do projeto Medidas para redução dos efeitos físicos Fonte: CETESB (2000) apud Duarte (2012, p. 26). 32 Análise qualitativa de riscos A avaliação qualitativa acontece quando o profissional de segurança no trabalho realiza a inspeção no local de trabalho após a identificação de agente(s) de risco(s). A análise é realizada a partir da observação e comunicação com as pessoas envolvidas diretamente com a atividade laboral onde foi identificado o agente. Dessa forma, o mesmo poderá compreender e avaliar, de fato, a presença e o grau desse risco. Podem ser utilizados questionários que forneçam respostas. As avaliações qualitativas devem ser realizadas para mostrar o perfil da exposição em determinada tarefa. O resultado dessas avaliações pode antecipar controles para exposições perigosas, para reavaliação de exposições controladas e, estrategicamente, em um programa de avaliação de exposição a substâncias que não possuam limites de exposição ocupacional (MAGNANELLI, 2007). MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pela professora sobre análise qualitativa e quantitativa. 33 Planejamento de respostas, monitoramen- to e controle de riscos O planejamento de respostas tem por objetivo recomendar, projetar, implementar e verifi- car medidas de prevenção e controle de riscos, que devem ser integradas em programas bem gerenciados e sustentáveis. Essas medidas podem ser relativas ao processo e/ou ambiente de trabalho, ao trabalhador, e administrativas que envolvem a organização do trabalho (GOELZER, 2016). O reconhecimento e a avaliação dos riscos são etapas fundamentais para a construção de um ambiente ocupacional conforme e seguro, porém não suficientes. Os agentes de risco só podem ser de fato evitados a partir do momento que são implementadas as medidas preventivas adequadas, associadas aos programas de prevenção e controle de riscos ocupacionais. Planejamento de resposta antecipada A condição ideal é a de antecipação. Ou seja, de planejamento de resposta antecipada ao risco, reconhecendo-o e reconhecendo medidas de controle do mesmo. Esse tipo de ação depende de uma série de fatores como o planejamento assertivo de processos, equipamentos, máquinas e do próprio ambiente de trabalho. 34 Segundo GOELZER (2016), a ação preventiva antecipada inclui: • Avaliações prévias do impacto ocupacional e ambiental de novos processos de trabalho. • Escolha de tecnologias, processos, máquinas e equipamentos que produzam o menor risco possível tanto para a saúde como para a segurança, que sejam menos poluentes e de fácil e seguro acesso para limpeza e manutenção. • Localização adequada dos locais de trabalho, em relação às comunidades adjacentes e recursos naturais. • Incorporação, já no projeto, dos sistemas de prevenção e controle necessários, incluindo tratamento de efluentes e resíduos tóxicos. • Treinamento na operação e manutenção de equipamentos e máquinas, bem como dos sistemas de controle. • Treinamento para atuar nas situações de emergência. Importante O profissional de segurança deve sempre trabalhar para conseguir eliminar qualquer agente ou fator que possa afetar a saúde nos ambientes de trabalho. Infelizmente nem sempre isso é possível. Nesse caso deve-se criar estratégias de monitoramento e controle do risco. O ciclo emissão, propagação e exposição do rico deve ser rompido a qualquer custo como forma de garantia da segurança e saúde do trabalhador. Monitoramento do risco Segundo Korf (2011), o plano de monitoramento da saúde ocupacional deve considerar todo o monitoramento de todos e quaisquer agentes de perigo capazes de causar distúrbios à saúde do trabalhador devido à sua exposição com característica crônica, ou seja, que se caracteriza pela exposição a baixas doses e por evidência de sintomas em longo prazo. A estrutura do plano deverá apresentar os cenários e as medidas cabíveis para a realização do monitoramento. 35 Controle do risco Segundo Goelzer (2016), quanto mais perto da fonte for a intervenção preventiva, mais eficaz será o resultado; quanto mais longe, maior a possibilidade de falhas. Portanto, a hierarquia dos controles deve ser: • Controle na fonte do risco. • Controle na transmissão (propagação) dos agentes de risco (entre a fonte e o receptor). • Controle no receptor do risco (trabalhador). Ainda segundo Goelzer (2016), a melhor estratégia enfatiza as medidas que modificam os processos e/ou o ambiente de trabalho de modo a prevenir ou controlar situações de risco, por meio de técnicas objetivas de engenharia, pois modificar o comportamento humano nem sempre é fácil e requer reforço constante. Entretanto, deve ser lembrado que o processo de trabalho não se resume ao ambiente físico, mas envolve pessoas (trabalhadores, supervisores, gerentes) cuja atitude e colaboração são essenciais. Aspectos como comunicação de risco e educação, práticas adequadas de trabalho e vigilância da saúde são sempre indispensáveis. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pela professora sobre identificação de riscos e perigos. 36 NA PRÁTICA Uma empresa terceirizada que constrói programas de gerenciamento de riscos ocupacionais foi contratada por uma clínica odontológica. Em um primeiro momento, os profissionais realizaram inspeções por todos os ambientes da clínica com o objetivo de identificar riscos ambientais. No segundo momento, os mesmos realizaram avaliações qualitativas, por meio de entrevistas realizadas com trabalhadores, e quantitativas, através de pesquisas sobre acidentes anteriores que já ocorreram na clínica. A partir daí o planejamento de ações preventivas é construído, além do monitoramento e controle dos riscos que não podem ser neutralizados. 37 Resumo da Unidade 2 Nesta unidade, você pôde entender que o Gerenciamento de Risco Ocupacional é o estudo dos fundamentos de análise de risco, perigo, incidente e acidente, com o objetivo de reconhecê-los, neutralizá-los ou, ao menos, minimizá-los com o intuito de reduzir ao máximo a exposição do trabalhador a uma atividade que possa trazer danos para a sua segurança e saúde. Em resumo, o trabalho de gestão do risco ocupacional pode evitar prejuízos financeiros para as empresas, devendo ser realizado de forma minuciosa, a partir de análises qualitativas e quantitativas apuradas dos riscos identificados, envolvendo, dessa forma, todos os membros da organização, principalmente da alta administração e de pessoas habilitadaspara que a efetividade dessa atividade alcance seu êxito (BERKENBROCK, 2010). CONCEITO A identificação dos riscos consiste na percepção de situações, operações, eventos, produtos, substâncias e demais agentes que porventura possam ocasionar danos (impactos adversos) à saúde e segurança do trabalhador. Inicialmente, cada processo a ser avaliado é desdobrado, identificando-se suas diversas tarefas e seus perigos ou riscos e impactos adversos associados. 38 Referências ALMEIDA, A. B. Análise qualitativa de riscos ocupacionais em uma indústria vidreira. In: CONGRESSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 7., Ponta Grossa, 2017. Anais... Ponta Grossa, 2017. Disponível em: <http://www.aprepro.org.br/conbrepro/2017/down. php?id=2683&q=1>. Acesso em: 24 fev. 2019. BERKENBROCK, P. E.; BASSANI, I. A. Gestão do risco ocupacional: uma ferramenta em favor das organizações e dos colaboradores. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v. 4, n. 1, p. 43-56. Disponível em: <http://rica.unibes.com.br/index. php/rica/article/viewFile/360/318>. Acesso em: 24 fev. 2019. DUARTE, H. O.; DROGUETT, E. A. L. Análise quantitativa de risco de uma unidade de recuperação de enxofre em uma refinaria de petróleo. GEPROS - Gestão da Produção, Operações e Sistemas, ano 7, n. 2, abr-jun/2012, p. 23-38. Disponível em: <https://revista. feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/756/422>. Acesso em: 18 fev. 2019. GOELZER, B. I. F. et al. Reconhecimento, avaliação, prevenção e controle de riscos ocupacionais, 2016. Disponível em: <http://www.saude.ufpr.br/portal/medtrab/wp- content/uploads/sites/25/2016/08/HO-por-Berenice-Goelzer.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019. HIRATA, M.H. Manual de Biossegurança. São Paulo: Manole, 2002. KORF, E. P. et al. Diretrizes para programas de gerenciamento de riscos de acidentes ambientais e ocupacionais em instalações industriais. Paraná: Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Revista Gestão Industrial, v. 7, n. 3: p. 60-74, 2011. 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Acesso em: 24 fev. 2019. http://www.aprepro.org.br/conbrepro/2017/down.php?id=2683&q=1 http://www.aprepro.org.br/conbrepro/2017/down.php?id=2683&q=1 http://rica.unibes.com.br/index.php/rica/article/viewFile/360/318 http://rica.unibes.com.br/index.php/rica/article/viewFile/360/318 https://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/756/422 https://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/756/422 http://www.saude.ufpr.br/portal/medtrab/wp-content/uploads/sites/25/2016/08/HO-por-Berenice-Goelzer.pdf http://www.saude.ufpr.br/portal/medtrab/wp-content/uploads/sites/25/2016/08/HO-por-Berenice-Goelzer.pdf https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b http://www.levantaiprofetas.com.br/home/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=47&Itemid=11 http://www.levantaiprofetas.com.br/home/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=47&Itemid=11 39 MAGNANELLI, N. P. Avaliação qualitativa de riscos químicos: princípios básicos para o controle das substâncias nocivas à saúde em fundições. Rev. Bras. Saúde Ocup. São Paulo, v. 32, n. 116, p. 69-71, Dez. 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572007000200009>. Acesso em: 24 fev. 2019. MEDEIROS, A. L. Gerenciamento de riscos e segurança no trabalho em unidades de saú- de da família. Revista Brasileira de Saúde. 17 (4): 341-348, 2013. Disponível em: <http:// www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/rbcs/article/view/12677/11434>. Acesso em: 24 fev. 2019. VASCONCELOS, F. D. L. Um método para a avaliação de risco para a gestão da seguran- ça na construção de edificações urbanas. ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 11, 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis, 2006. Disponí- vel em: <http://www.infohab.org.br/entac2014/2006/artigos/ENTAC2006_2666_2675. pdf>. 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Existem diversas formas de promover a gestão dos riscos ocupacionais e alguns serão apresentados ao longo desta unidade. INTRODUÇÃO Nesta unidade você será capaz de: • Conhecer as diversas ferramentas utilizadas para auxiliar no gerenciamento de riscos ocupacionais. 42 APR: análise preliminar de riscos As técnicas de análise de riscos são métodos eficazes no fornecimento de dados concretos para subsidiar o processo de análise e decisões organizacionais fundamentais para reduzir o risco de acidentes. As técnicas possuem fácil aplicação dada a grande generalidade e abrangência, podendo ser utilizadas em quaisquer ambientes produtivos (PEREIRA, 2015). A análise preliminar de risco – APR é utilizada para identificar os perigos de uma operação ou de uma instalação de processos. Por meio da técnica de APR é provável identificar acidentes que porventura possam ocorrer na instalação. Essa técnica ainda pode ser aplicada na fase inicial de um projeto, com finalidade de verificar as possibilidades de modificações que reduzam ou até eliminem os riscos (FUNDACENTRO, 2002). A análise preliminar do risco é considerada uma técnica de identificação de riscos associada à ocorrência de situações indesejáveis (incidentes, por exemplo). Tem como objetivo reduzir os riscos e os gastos financeiros que não tenham sido planejados no Programa de Gerenciamento de Riscos. Durante o estudo da APR é realizada uma avaliação qualitativa da frequência de ocorrência de alguns eventos, da severidade das suas consequências e do risco associado. À medida que cada perigo é identificado, as causas em potencial, os efeitos e a gravidade dos acidentes, bem como as possíveis medidas corretivas e/ou preventivas, são também descritas. Ao final da análise, uma lista de recomendações é obtida com o objetivo de aumentar a segurança do sistema e diminuir a probabilidade de ocorrência de eventos indesejáveis e de suas respectivas consequências (SELLA, 2014, p. 22). A ferramenta APR é uma metodologia de fácil entendimento e execução, sendo bastante utilizada, documentada e testada nas empresas para obterem resultados de qualidade e confiabilidade na prevenção de acidentes (PEREIRA, 2015). 43 Segundo Sella (2014), a análise preliminar do risco deve analisar todos os possíveis eventos perigosos da unidade, incluindo tanto as falhas intrínsecas de equipamentos, instrumentos e materiais, quanto os erros humanos. Faz parte do desenvolvimento da APR a análise dos seguintes elementos: • Equipamentos perigosos: sistemas de alta pressão e de armazenamento de energia. • Materiais perigosos: materiais combustíveis, substâncias químicas altamente reativas e substânciastóxicas. • Fatores externos: vibração, temperaturas extremas, descargas eletrostáticas e umidade. • Procedimentos: procedimentos de operação, teste, manutenção e parada, comissionamento e emergência. • Layout da instalação: disposição dos equipamentos de controle e dos equipamentos de proteção contra acidentes. • Elementos de apoio à instalação: armazenamento, equipamentos de teste, treinamento e utilidades. • Equipamentos/sistemas de segurança: sistemas de atenuação e redundância, extintores de incêndio e equipamentos de proteção pessoal. • Erros humanos: erros operacionais ou de manutenção (SELLA, 2014, p. 23-24, grifo nosso). A APR constitui-se de uma análise qualitativa eficaz na fase de concepção de um novo produto, sistema ou processo. Ou seja, deve ser escolhida como método de identificação de riscos quando a empresa decide desenvolver uma nova atividade, ou quando a empresa é nova. É uma ferramenta muito eficaz na identificação de fontes de perigo, no levantamento de suas consequências e de definição de medidas corretivas. A sua forma de aplicação é extremamente simples, sem muito aprofundamento técnico, o que acaba resultando em tabelas de fácil interpretação. Seu procedimento é de relevante importância quando feita a análise de sistemas novos e/ou pouco conhecidos (PEREIRA, 2015). Importante 44 A análise preliminar de riscos tem por objetivo responder às seguintes perguntas (CATAI, 2014 apud PEREIRA, 2015): • O que pode acontecer de errado? • Com que frequência isto pode acontecer? • Quais as suas consequências? • Precisamos reduzir riscos e de que modo isto pode ser feito? O desenvolvimento da APR segue o cumprimento de etapas básicas tais como de revisão de problemas; a verificação de procedimentos de operação; determinação dos riscos principais, identificando os riscos iniciais e contribuintes por meio da elaboração da série de riscos; eliminação ou controle dos riscos, identificação de responsáveis para ações corretivas e preventivas. No relatório devem constar a identificação do sistema, os subsistemas, as causas e consequências do risco, a categoria dos riscos encontrados e as medidas de prevenção e correção, objetivando eliminar ou minimizar os riscos (QUINTELLA, 2011). A análise preliminar de risco – APR deve ser minuciosamente estudada e elaborada de maneira compreensível por todos os envolvidos. Para tanto, é importante buscar o máximo de informações com todos os funcionários da organização, além da realização de visitações e inspeções no local. Assim, facilita-se a compreensão da realidade do ambiente e da análise e avaliação de riscos presentes. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo profes- sor sobre a análise preliminar de risco – APR. 45 HAZOP: hazard and operability study A técnica de HAZOP foi utilizada pela primeira vez na década de 1960 pela indústria britânica Imperial Chemical Industries Ltd. – ICI. A empresa buscava desenvolver um método para analisar perigos no processo a partir das condições básicas de operação, efetuando modificações nos parâmetros e observando as consequências dessas mudanças (NOLAN, 1994 apud SELLA, 2014). Segundo Quintella (2011), a técnica de HAZOP: Realiza uma análise qualitativa do ambiente com o objetivo de identificar o perigo e os riscos, além de examinar as linhas de processo em sistemas industriais. Pode ser aplicada em equipamentos de processo e em sistemas em geral que envolvem atividades humanas. Foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado nas fases preliminares de projetos, ou em modificações de processos já existentes. 46 Sobre a técnica de HAZOP, é importante que você entenda o seguinte: A técnica de HAZOP é uma metodologia qualitativa estruturada e sistemática para exame de sistemas (produtos, processos, plantas, atividades) e análise de riscos. Presume que eventos de risco são causados por desvios de projeto ou falhas operacionais. A identificação dos desvios é facilitada pela utilização de desvio de “palavras-guia”, que funcionam como uma lista sistemática de perspectivas de desvio (PQRI, 2014). Antes da utilização das palavras-guia devem ser destacados do processo os pontos específicos que são localizados nos fluxogramas do sistema estudado. Estes são denominados “nós” e são individualmente analisados. As palavras-guias são confrontadas com os parâmetros do processo (temperatura, pressão, nível etc.), gerando os possíveis problemas a serem estudados (REBELATO, 2015, p. 12). Vamos agora estudar alguns conceitos importantes para o entendimento da ferramenta HAZOP, segundo Sella (2014)? 1) Nós de estudo: são divisões que ocorrem nos fluxogramas com o objetivo de estudar os instrumentos e equipamentos do processo. 2) Palavras-guia: são palavras utilizadas para qualificar ou quantificar os desvios de operação no intuito de instigar a discussão pelo grupo de gestores, sendo associadas aos parâmetros de processo (vazão, temperatura, pressão) e as usualmente utilizadas são: não, nenhum, mais, menos, também, entre outras. 3) Desvios: são afastamentos das intenções de operação que são desenvolvidas ao longo do processo, a partir da aplicação sistemática de palavras-guia. 4) Causas: são os motivos pelos quais os desvios acontecem. 5) Consequências: são os resultados decorrentes de um desvio. 6) Recomendações/observações: são as sugestões de alteração do projeto ao longo da sua execução. 47 O HAZOP é desenvolvido a partir de um trabalho em equipe em que as pessoas que exercem diferentes funções na organização são estimuladas a compreender os diversos problemas nas diferentes áreas do ambiente. A base conceitual da realização de técnica considera que uma pessoa, mesmo competente, trabalhando sozinha, frequentemente está sujeita a erros por desconhecer os aspectos alheios à sua área de trabalho. Assim, o desenvolvimento do HAZOP alia a experiência e competência individual com as vantagens indiscutíveis do trabalho em equipe (QUINTELLA, 2011). O HAZOP é hoje indicado para uma série de atividades como ferramenta de análise qualitativa mais voltada para o conhecimento do processo, gerando análises mais aprofundadas dos processos e auxiliando na identificação de erros operacionais. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo profes- sor sobre o método HAZOP. 48 AMFE: análise de modos e falhas e efeito O FMEA (failure mode and effects analysis) – em português, AMFE (análise de modos e falhas e efeito) – é um método voltado à identificação de falhas presentes e ativas e seus efeitos em sistemas de produção e processos como um todo nas organizações, com foco em definir as melhores condutas para reduzir ou eliminar os riscos associados a cada falha identificada. Essa ferramenta avalia o grau de severidade de cada falha relativamente ao impacto causado aos funcionários, sua probabilidade de ocorrência e sua possibilidade de detecção. Com base nessas três informações, o FMEA leva ao cruzamento de quais modos de falha provocam os maiores riscos ao trabalhador e que, portanto, devem ser priorizados (PUENTE et al., 2002 apud REBELATO, 2015). De acordo com Rebelato (2015), as etapas para a execução de FMEA são: a) Identificar modos de falha (eventos que resultam em redução da função e dos objetivos de desempenho do sistema) conhecidos e potenciais. b) Identificar os efeitos de cada modo de falha e a sua respectiva severidade ou gravidade sob o ponto de vista do usuário. c) Identificar as causas possíveis para cada modo de falha e a sua probabilidade de ocorrência. d) Identificar os meios de controle atuais do modo de falha e sua probabilidade de detecção (probabilidade de que a falha seja constatada antes que o produto chegue ao cliente). e) Avaliar o nível de prioridade de risco – NPR de cada modo de falha. Saiba mais 49 f) Avaliar se o patamar do NPR é aceitável ou não. g) Em caso de NPRem nível inaceitável, definir medidas para a eliminação ou redução do NPR. Isso é conseguido por meio de ações que aumentem a probabilidade de detecção ou reduzam a probabilidade de ocorrência da falha. h) Definir os responsáveis pela implantação das melhorias, por acompanhar a implantação e recalcular o NPR. i) Se o novo NPR estiver em nível ainda inaceitável, devem-se replanejar novas medidas de melhorias. Segundo Rebelato (2015), para se determinar o risco associado a cada modo de falha, multiplica-se a pontuação da severidade – S pela ocorrência – O e pela detecção – D. Para classificar os riscos, pode-se ter, por exemplo, uma escala que vai de um a mil pontos, sendo um um baixíssimo risco e mil, um risco crítico ao usuário. O FMAE é considerado um método de avaliação quase totalmente quantitativo. Sua escolha é definida pela característica mais abrangente, possibilitando a identificação de possíveis riscos e suas consequências, ao mesmo tempo que as avalia. método proativo e de avaliação semiquantitativa. Estima o risco por meio da gravidade das falhas, frequência e detecção, possibilitando uma comparação entre as mesmas. É considerado um método bastante completo, que reúne um escopo vasto de informação sobre o objeto em estudo (LOURENÇO, 2015). Alguns outros métodos no mesmo registo poderiam ser aplicados, como o método da matriz de risco, mas considerou-se mais completo o AMFE por abranger não somente dois parâmetros principais, mas sim três. Para além disso, o AMFE pressupõe uma pormenorização superior acerca da identificação das falhas e consequências e consegue priorizar as intervenções necessárias na minimização do risco, sendo que a matriz de risco, na sua aplicação original simplificada, apenas classifica as falhas em categorias, dependendo da zona da matriz (REBELATO, 2015). 50 Segundo Lourenço (2015), a metodologia foi criada em 1949 pelas Forças Armadas norte-americanas, ganhando especial notoriedade na década de 1960, quando aplicada à missão Apolo 11, em que o homem pisa o solo lunar pela primeira vez com sucesso. No final da década de 1970, a Ford Motor Company introduziu o AMFE pela primeira vez na indústria (automóvel, neste caso), como principal modo de análise de riscos, uma vez que, embora tenha sido inicialmente desenvolvido por militares, o uso do AMFE é extensível e aplicável a diversas áreas, dada a sua versatilidade de adaptação a cada caso particular. Ainda segundo Lourenço (2015), o método tem como lema “faça o melhor que conseguir com o que tem” e pode ser empregado em qualquer altura, mas usualmente é aplicado nas seguintes situações: • Quando novos sistemas, equipamentos, processos ou serviços são feitos. • Quando novos sistemas, equipamentos, processos ou serviços estão prestes a mudar. • Quando novas aplicações são encontradas para sistemas, equipamentos, processos ou serviços. • Quando são consideradas melhorias para sistemas, equipamentos, processos ou serviços. • Como pode ser utilizado sempre pelo prisma da melhoria contínua e inovação empresarial e tecnológica, nunca será considerado completo e dispensável, embora a literatura considere que esteja concluído quando todas as operações tenham sido identificadas e avaliadas e todos os pontos críticos e significativos sejam tidos em conta no plano de controlo. A análise de risco feita por meio do AMFE tem essencialmente como objetivos: • Identificação e percepção da totalidade das potenciais falhas, suas causas e seus efeitos. • Estimativa do risco associado às falhas, causas e efeitos, priorizando as ações corretivas. • Identificação e implementação de ações corretivas nos casos mais necessários, mitigando o risco. Importante 51 O AMFE feito por uma equipe de produção essencialmente focada na otimização do processo, trabalhará no intuito de descobrir a gravidade que as falhas poderiam ter para o processo, analisando uma falha por vez. Uma situação comum de acontecer é ter a gravidade das consequências das falhas retratada em um cenário financeiro, sendo a otimização do lucro e a minimização dos custos o foco também do processo. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo profes- sor sobre a análise de modos e falhas e efeito – AMFE. NA PRÁTICA Uma empresa precisa realizar o PPRA para cumprimento de requisitos legais e também porque se preocupa com a saúde e segurança dos seus trabalhadores. Para tanto, contratou o serviço terceirizado de uma empresa de engenharia e segurança no trabalho. A empresa contratada, após avaliar o tipo de ambiente laboral desenvolvido pela empresa, indica a utilização do FMEA como metodologia para identificação de possíveis falhas no processo produtivo, além de ser um método que propõe o passo a passo de condutas a serem desenvolvidas para prevenir a exposição aos possíveis riscos identificados. 52 Resumo da Unidade 3 Ao longo dos anos, os profissionais da área de segurança ocupacional sentiram a necessidade de padronizar o processo de avaliação dos riscos ambientais. Para tanto, algumas técnicas eficazes no fornecimento de dados concretos para subsidiar o processo de análise e decisões organizacionais fundamentais para reduzir o risco de acidentes foram criadas, conforme você pôde ver nesta unidade. Essas técnicas são de fácil aplicação, podendo ser utilizadas nos mais diversos ambientes de processo produtivo. CONCEITO O FMEA é um método voltado à identificação de falhas presentes e ativas e seus efeitos em sistemas de produção e processos como um todo nas organizações, com foco em definir as melhores condutas para reduzir ou eliminar os riscos associados a cada falha identificada. 53 Referências CETESB. Norma P4.261 – risco de acidente de origem tecnológica – método para decisão e termos de referência. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ userfiles/file/servicos/normas/pdf/P4261-140414.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019. FUNDACENTRO. Prevenção de acidentes industriais maiores. Um código de práticas de OIT. 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Nesse sentido, reconhecer e gerenciar esses riscos torna-se atividade primordial para prevenir acidentes ocupacionais. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Compreender as técnicas e os métodos utilizados para otimizar o planejamento da gestão do risco. 56 TIC: Técnica de incidentes críticos Para iniciar nosso estudo, vamos entender a diferença entre incidente e incidente crítico? Incidente é definido como um tipo de observação da atividade humana que permite prognósticos e conclusões acerca de uma determinada situação ou evento. Já o incidente crítico pode gerar uma contribuição significante a essa mesma situação ou evento, de forma positiva ou não, a partir da coleta de dados, por meio de pesquisas de serviços e abordagem, solicitando, em entrevistas, que os participantes descrevam uma história referente a uma determinada experiência sobre um tema específico. Essa pessoa então, por meio da Técnica de Incidentes Críticos, lembra-se dos elementos que chamaram sua atenção, positivos ou negativos. Essa técnica pode ser útil no caso em que os fenômenos minoritários ameaçam ser encobertos no centro de uma onda dominante de notas de satisfação elevadas (FISHER, 2009). Os incidentes críticos também são por vezes conhecidos como “momentos de verdade”. Segundo Vavra (1997, p. 108), esta expressão foi primeiramente adoptada em 1987, por Jan Carlzon, antigo presidente da Scandinavian Airlines Systems (SAS). A expressão é inspirada de “moment de veridad”, quando o toureiro espanhol está em face do touro e se prepara para o matar (Vilares e Coelho 2005). Também Edvardsson (1988) fala em “momentos de verdade”. Para “Incidente crítico” significa uma situação problemática e desagradável que coloca certas exigências nos recursos da empresa, especialmente no seu pessoal. Existem os momentos de verdade que, de forma especial, permanecem na memória dos consumidores a longo prazo, sendo que um incidente crítico assinala as necessidades de mudança na empresa. Em termos gerais, um incidente crítico é um contacto entre um cliente. (SERRANO, 2009, p. 20) 57 Vamos ver, agora, como alguns autores conceituam incidente crítico? Foguel afirma que: Essa técnica consiste em um conjunto de procedimentos para a coleta de observações diretas do comportamento humano, de modo a facilitar sua utilização potencial na solução de problemas práticos e no desenvolvimento de amplos princípios psicológicos, delineando também procedimentos para a coleta de incidentes observados que apresentem significação especial e para o encontro de critérios sistematicamente definidos. (FOGUEL, 2014 p. 4) Para Monteiro (2017), a Técnica de Incidentes Críticos é um método que identifica erros e condições inseguras que podem culminar na ocorrência de acidentes potenciais, utilizando, para tanto, técnicas não muito sofisticadas, principalmente quando o tempo é restrito. A técnica tem como objetivo a detecção de incidentes críticos e o tratamento dos riscos que eles representam. Para tanto, utiliza-se de um grupo de entrevistas representativas dentre os principais departamentos da empresa, procurando representar as diversas operações da organização dentro das diferentes categorias de risco (MONTEIRO, 2017). Segundo Foguel (2014), a Técnica de Incidentes Críticos teve sua origem em 1941, com a sistematização realizada por J.C. Flanagan mediante estudos comportamentais realizados no Programa de Psicologia da Aviação da Força Aérea dos Estados Unidos da América. Entre 1941 e 1945, vários estudos foram realizados no intuito de identificar exigências críticas determinantes para o sucesso ou fracasso de uma determinada atividade. Curiosidade 58 Chell e Pittaway (1998, apud FISCHER, 2009) descreveram a análise de incidente crítico como um método de entrevista qualitativo que tem como objetivo facilitar a investigação de eventos, incidentes, processos ou problemas, descritos pelo entrevistado da forma como foram conduzidos, e seus resultados em termos da percepção dos efeitos. O objetivo é entender de fato como um determinado incidente ocorreu pela análise do relato do entrevistado, considerando elementos cognitivos, afetivos e comportamentais. Para finalizar, é importante que você entenda que a Técnica de Incidentes Críticos identifica os perigos e os quase acidentes de pequena gravidade que não foram relatados por outras análises de risco. É utilizada nos sistemas e instalações em sua fase operacional, tendo como base de estudo os eventos, comportamentos, condições de trabalho, instalações e relações entre trabalhadores e equipamentos e máquinas presentes no ambiente laboral. Acesse a Midiateca da unidade 4 e veja o conteúdo complementar indicado pelo professor na mídia 1. MIDIATECA 59 Diretiva de SEVESO e Convenção 174 da OIT Diretiva SEVESO A preocupação internacional com relação a questões de sustentabilidade e preservação ambiental não é recente, porém, somente nas últimas décadas do século XX essa vertente ganhou espaço nas agendas políticas de organizações intergovernamentais e não governamentais, multinacionais e também de sindicatos. A primeira experiência internacional para a prevenção de acidentes maiores deu-se em junho de 1982, com a publicação, na União Européia, da Diretiva 82/501/ECC, mais conhecida como “Diretiva Seveso”, em decorrência dos inúmeros acidentes maiores ocorridos na Europa, como Feysin, na França (1966); Flixborough, na Inglaterra (1974); Beek, na Holanda (1975); e, Seveso, na Itália (1976). O acidente de Seveso contribuiu de uma forma dramática para o crescimento da preocupação pública com os riscos industriais associados à produção de substâncias químicas, pois houve danos de grandes proporções, tanto à saúde coletiva como ao meio ambiente, acelerando a necessidade de uma resposta regulamentadora da segurança de instalações químicas. Seveso tornou-se, ao lado de Bhopal (1984) e Chernobyl (1986), representação das doenças de nossa civilização tecnológica. (MARCHI; FUNTOWICZ; RAVETZ, 2000 apud GODINI, 2006, p. 7) Segundo Vieira (2016), a Diretiva SEVESO tem como objetivos identificar as fontes de perigo, aplicar metodologias de análise e avaliação de risco, avaliar o cenário do acidente e avaliação da adequação das técnicas e medidas de prevenção, controle e mitigação de riscos. Em 1985, após o acidente de Bhopal, a Environmental Protection Agency (EPA) iniciou, nos Estados Unidos, um programa com o intuito de mobilizar ações comunitárias de emergência em caso de acidentes com substâncias químicas. Outras ações envolvendo a sociedade e o Estado americano, com o objetivo de promover a saúde e a segurança do trabalhador e do meio ambiente deram origem, pela Occupational Safety and Health 60 Administration (OSHA), à versão final da legislação americana para proteção dos trabalhadores em ambientes ocupacionais a acidentes ampliados. A legislação recebeuo nome de Process Safety Management of Highly Hazardous Chemicals, tendo entrado em vigor em 26 de maio de 1992. (PUIATTI, 2000 apud GODINI, 2009). A Diretiva SEVESO estabeleceu uma lista de substâncias e produtos químicos que deveriam estar sob controle, além de uma série de medidas de segurança, planos de urgência e determinações para os Estados-membros a partir de uma adoção de medidas necessárias que deveriam ser exercidas nas atividades laborais de risco. Também foi tomada uma série de medidas de segurança apropriadas, bem como foi determinada a obrigatoriedade de utilização de equipamentos além de treinamento de trabalhadores envolvidos nas atividades de riscos comprovados. Para algumas fábricas, foi definida a necessidade de notificar às autoridades competentes a utilização de substâncias perigosas no processo produtivo. Por fim, foi estabelecido o passo a passo de planos de intervenção e de emergência em caso de acidentes de grandes dimensões. Convenção 174 da OIT Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2010), a Convenção nº 174 tem como tema a prevenção de acidentes industriais maiores, considerando a necessidade de assegurar a adoção de medidas apropriadas para: Prevenir acidentes maiores. Reduzir ao mínimo os riscos de acidentes maiores. Reduzir ao mínimo as consequências desses acidentes maiores. 61 A OIT, na 80º sessão de sua conferência geral, realizada em Genebra, em 02/08/1993, aprovou a convenção 174, que trata da prevenção de acidentes industriais maiores, cujos principais objetivos são: prevenir a ocorrência de acidentes maiores; minimizar os riscos de acidentes maiores e seus efeitos. A convenção traz uma série de recomendações para implementação de programas para prevenção de acidentes maiores em instalações industriais, contemplando ações a serem adotadas por governos, indústrias e trabalhadores (SILVA, 2005, p. 2). Importante Devem ser consideradas também as causas dos acidentes, como erros da empresa, erros humanos, defeitos de componentes, desvios de condições normais de funcionamento, influência de fatores externos, e mesmo a ocorrência de fenômenos naturais. A convenção pode e deve ser aplicada nas instalações sujeitas a riscos de acidentes maiores. Segundo Brasil (2010), a convenção não se aplica a: • Instalações nucleares e usinas que processem substâncias radioativas. • Exceção dos setores dessas instalações nos quais se manipulam substâncias não radioativas. • Instalações militares. • Transporte fora da instalação distinto do transporte por tubulações. Segundo a OIT (2010), a expressão “substância perigosa” designa toda substância ou mistura de substâncias que, em razão de suas propriedades químicas, físicas ou toxicológicas, isoladas ou combinadas, constitui um perigo. Saiba mais 62 A expressão “instalação sujeita a riscos de acidentes maiores” designa a instalação que produz, transforma, manipula, utiliza, descarta ou armazena, de uma maneira permanente ou transitória, uma ou várias substâncias ou categorias de substâncias perigosas, em quantidades que excedam a quantidade-limite. A expressão “acidente maior” designa todo evento subitâneo, como emissão, incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente. (BRASIL, 2010, p. 15). Importante A convenção deve ser implementada a partir de políticas que promovam no ambiente laboral que contém instalações de alto risco, um conjunto de medidas voltadas à proteção do trabalhador e das instalações. Acesse a midiateca da Unidade 4 e veja o conteúdo complementar sobre a OIT, indicado pelo professor. MIDIATECA 63 Plano de emergência Pode-se definir um plano de emergência como um conjunto de regras e procedimentos predefinidos e estruturados no intuito de propiciar resposta rápida e eficiente em casos de situações emergenciais. O plano de emergência constitui um instrumento preventivo de gestão de segurança, responsável desde a identificação do risco até o estabelecimento de meios e estratégias de ação frente a um acidente. Segundo Cardella (1999), a função controle de emergência é o conjunto das ações que visam obter o controle das situações nas quais os fatores do risco emergem como fatos atuais, ameaçando produzir danos e perdas, enquanto que, o sistema de gestão da função controle de emergência é o conjunto de instrumentos que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas atividades no exercício da função controle de emergência. (SILVA, 2005, p. 4) O objetivo primordial do plano de emergência é preservar a vida dos trabalhadores, além das instalações e do meio ambiente, reduzindo ao máximo as consequências de uma situação adversa não evitada. Um plano de emergência se aplica a toda situação de crise que demande ações de socorro às pessoas, proteção da propriedade ou do meio ambiente. Controlar emergência é adquirir o poder de levar a situação para o estado que se julgar mais conveniente (CARDELLA, 1999 apud SILVA, 2005). 64 Em uma situação de emergência, em uma unidade industrial, há no mínimo os riscos de acidentes pessoais e de incêndio. Porém, caso a indústria utilize produtos químicos, devem ser considerados os riscos inerentes aos produtos ou às reações que esses produtos podem provocar (incêndios, explosões e emissões). Acidentes naturais, como os riscos de inundações e desmoronamentos, também devem ser considerados como potencializadores de riscos industriais específicos ou de grandes vias de circulação (BRASIL, 2010). Saiba mais Segundo a OIT (2010), com relação a cada instalação sujeita a risco maior, os empregadores deverão criar e manter um sistema documentado de controle de risco que preveja: • Identificação e estudo dos perigos e avaliação dos riscos, levando em conta a probabilidade de substâncias entrarem em contato entre si e as consequências desse contato. • Medidas técnicas que definam a seleção das substâncias químicas e como utilizá- las, Além de prever inspeção sistemática, manutenção e operação da instalação. • Planos e procedimentos de emergência que compreendam: preparação de planos e procedimentos eficazes de emergência local, inclusive atendimento médico emergencial, a serem aplicados no caso de acidentes maiores ou de ameaça de acidente, com testes e avaliações periódicos de sua eficácia e revisão, quando necessário. • Fornecimento de informações sobre possíveis acidentes e planos internos de emergência a autoridades e órgãos responsáveis pela preparação de planos e procedimentos de emergência para proteção do público e do meio ambiente fora do local da instalação; toda consulta necessária a essas autoridades e a esses órgãos. • A melhoria do sistema, incluindo medidas para a coleta de informações e análise de acidentes ou quase acidentes. As experiências assim adquiridas deverão ser debatidas com trabalhadores e seus representantes e registradas em conformidade com a legislação e a prática nacionais. 65 É importante que você saiba que: A legislação nacional através da lei 6514/77, e portaria 3214/78, especificamente nas normas reguladoras 22, 23 e 29 não é omissa, nota-se que há uma preocupação com os aspectos emergenciais nas diversas atividades industriais, principalmente em relação aos recursos materiais e formação de pessoal para combate a incêndio e primeiros socorros, uso de sistemas de alerta e alarmes, como também elaboração do plano de controle de emergência – PCE. Os trabalhadores, através do Seminário Nacional de Riscos de Acidentes Maiores, ocorrido no município de Atibaia, no estado de São Paulo, em dezembro de 1995, sob a coordenação da Confederação Nacional dos Químicos da Central Única dos Trabalhadores (CNQ/CUT), também contribuíram com recomendações para o controle e preparação, através de
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