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fundamentos socioantropológicos da educação- UNIDADE 1

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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO
· A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e os processos de interação social que interligam o indivíduo à sociedade.
· Enquanto o indivíduo, na sua individualidade, é estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em determinados grupos e interagem em seu interior. Ela estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando essas interações que ocorrem em nossas vidas. A Sociologia abrange, portanto, o estudo dos grupos sociais, da divisão da sociedade em estratos, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade etc.
· A cientifização dos pensamentos sociais foi um longo processo, influenciado pelas condições históricas e de uma análise da vida social concreta e específica para sua realização. A sociedade passou a ser vista como um problema a ser compreendido e explicado.
· A ideia de indivíduo começou a ganhar força no século XVI, com a Reforma Protestante. Esse movimento definia o homem com o um ser criado à imagem e semelhança de Deus, que não precisava dos clérigos cristãos para se relacionar com o divino. Isso significou que o ser humano, em sua individualidade, passava a ter poder.
· Mais tarde, no século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo do pensamento liberal, a noção de individuo e individualismo consolidou-se, pois se colocava a felicidade humana no centro das atenções. E isso significava ter dinheiro, bens ou apenas seu trabalho. No Século XIX, essa visão estava completamente espalhada e a sociedade capitalista, estabelecida.
· Neste contexto surge a Sociologia, com temas que abrangem toda a sociedade, como processos sociais, instituições, grupos sociais, estratificação social, divisão do trabalho, entre tantos outros. Nesta Unidade, trabalharemos um pouco dessas questões, de forma a melhor compreender os aspectos gerais do pensamento sociológico.
CONCEITO, O INDIVÍDUO NA SOCIEDADE
· Foi num contexto conturbado da Europa, em meio a Revolução Industrial e pós Revolução Francesa, que a sociologia surgiu, em um momento em que fica claro o caráter transitório das sociedades. É durante esse período de crise que a sociologia nasce como disciplina voltada para o estudo das relações sociais.
· Toda conjuntura política, econômica e cultural passava por modificações. As revoluções, industrial e francesa ocasionaram transformações que mudaram completamente o curso que a sociedade estava tomando naquela época, levando o homem a ter um novo objeto de estudo, “a sociedade”.
· No século XIX, Auguste Comte inventa e usa o termo sociologia pela primeira vez em seu curso de Filosofia Positiva (1839), tentando unificar os estudos relacionados ao homem.
· Com Émile Durkheim, a sociologia ganha o status de Ciência, sendo reconhecida pela Academia.
· É importante salientar que a Sociologia que dure no século XIX procurava entender e explicar os problemas decorrentes das transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no século XVIII com as Revoluções Industriais e Francesas, porém, só foi concretizada quando se dá a consolidação do capitalismo no mundo moderno.
· As teorias sociológicas são criadas baseadas no dia-a-dia, em coisas e fatos que acontecem de forma padronizada, mesmo em sociedade diferentes. A partir da compreensão da sociedade, pode-se manipulá-la com facilidade.
· A comunidade é a forma de viver unido, de modo privado, íntimo e exclusivo, onde se estabelecem relações de troca. Por exemplo: família e vizinhos
· A Sociedade é uma grande junção de grupos sociais marcadas pelas relações de troca, porém de forma não-pessoal, racional e com contatos impessoais.
· Nas comunidades, as normas de convivência e de conduta de seus membros estão interligadas à tradição, religião, consenso e respeito mútuo. Na sociedade, é totalmente diferente. Não há o estabelecimento de relações pessoais e na maioria das vezes, não há tamanha preocupação com o outro indivíduo, fato que marca a comunidade. Por isso, é fundamental haver um aparato de leis e normas para regular a conduta dos indivíduos que vivem em sociedade, tendo no Estado, um forte aparato burocrático, decisor e central nesse sentido. (MARTINS, 1994)
· De acordo com Santos, (...) a Sociologia não é uma ciência normativa, limitando-se a estudar os fatos sociais tais como são. Quer inteirar-se de como é a sociedade e não se propõe o problema de como deve ser. Em síntese mostra o que é a sociedade e não como deve ser.
· Somos todos seres sociais. Desde suas origens, há cerca de 190 mil anos, a espécie a qual pertencemos, constituiu-se por meio de um grupo. Assim como animais que viviam agrupados, os primeiros seres humanos só conseguiram sobreviver às difíceis condições a qual estavam expostos, pois contaram com o apoio e solidariedade do grupo que pertenciam.
· Essa interação e dependência do individuo em relação ao grupo início no momento em que surgiram os primeiros humanos, e assim é até hoje. Uma de suas características é a comunicação humana, sua capacidade de se comunicar com os seres a sua volta, podendo transmitir ideias, sentimentos, interesses, vontades, emoções. Ao logo do tempo, essa capacidade de aprimorou, passando de gestos e sinais à articulação de sons, formação da linguagem, manifestações artísticas e a escrita.
· Atualmente, utilizamos outras formas de comunicação, como a internet, mas a linguagem criada pelos nossos ancestrais e disseminada ao longo das gerações ainda continua em vigor.
· História da Comunicação Humana Por Geraldo Magela Machado Os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, deviam se comunicar através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada. Com certeza, em um determinado momento desse passado, esse homem aprendeu a relacionar objetos e seu uso e a criar utensílios para caça e proteção e pode ter passado isso aos demais, através de gestos e repetição do processo, criando assim, uma forma primitiva e simples de linguagem. Com o tempo, essa comunicação foi adquirindo formas mais claras e evoluídas, facilitando a comunicação não só entre os povos de uma mesma tribo, como entre tribos diferentes. As primeiras comunicações escritas (desenhos) de que se têm notícias são das inscrições nas cavernas 8.000 anos a.C. O povo sumério, considerada a uma das mais antigas civilizações do mundo, já ocupava a região da Mesopotâmia quatro séculos antes de Cristo. Essa civilização foi a primeira a usar o sistema pictográfico (escritas feitas nas cavernas, com tintas). Esse tipo de escrita era utilizado, também, pelos egípcios que, em 3100 a.C., criaram seus hierós glyphós ou “escrita sagrada”, como os gregos as chamavam. Esse tipo de escrita era, além de pictórica, ideográfica, ou seja, utilizava símbolos simples para representar tanto objetos materiais, como ideias abstratas. Utilizava o princípio do ideograma (sinal que exprime ideias) no estágio em que deixa de significar o objeto que representa, para indicar o fonograma referente ao nome desse objeto. Uma das mais significativas contribuições dos sumerianos está ligada ao desenvolvimento da chamada escrita cuneiforme. Nesse sistema, observamos a impressão dos caracteres sobre uma base de argila que era exposta ao sol e, logo depois, endurecida com sua exposição ao fogo. De fato, essa civilização mesopotâmica produziu uma extensa atividade literária que contou com a criação de poemas, códigos de leis, fábulas, mitos e outras narrativas. É a língua escrita mais antiga das que se têm testemunhos gráficos. As primeiras inscrições procedem de 3000 a.C. Um estágio moderno da comunicação humana foi a descoberta da tipografia (arte de imprimir), pelo alemão Johann Gutemberg, em 1445. Essa invenção multiplicou e barateou os custos dos escritos da época e abriu a era da comunicação social
· A tendência do ser humano em viver em grupo pode ser confirmada através da experiência cotidiana, seja na escola, na família, no país, onde querque façamos parte de um conjunto mais amplo de pessoas, um grupo social, que é conectada diretamente a sociedade em que vivemos.
· Quando nascemos, já encontramos as normas, os valores, os costumes e as tradições consolidadas. A nossa forma de produzir segue determinados parâmetros. Na maioria das vezes não temos como interferir ou lutar contra isso.
· A vida em sociedade é possível porque as pessoas falam a mesma língua, são regidas por leis comuns a todos, usam a mesma moeda, além de história e hábitos em comum, o que lhes traz um sentimento de pertencimento ao grupo.
· O individual (o que é de cada um) e o comum (o que é compartilhado por todos) não estão separados, formam uma relação recíproca. E é nesse processo que construímos a sociedade em que vivemos. Há uma interdependência entre a vida privada e o contexto social mais amplo.
· As relações entre os indivíduos que vivem em sociedade são chamadas de relações sociais. Elas constituem a base da sociedade, onde as pessoas interagem reciprocamente, não sendo relações fixas e imutáveis. São relações dinâmicas que se transformam de acordo com as mudanças na sociedade.
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO, ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL, MUDANÇA SOCIAL
· A divisão social do trabalho existe em todas as sociedades e se origina nas diferenças da fisiologia humana, diferenças usadas para favorecer determinados fins, dependendo das relações sociais predominantes na sociedade. Isto é o que implica em diferentes tipos de relações sociais estabelecidas em vários ambientes de produção das necessidades dos seres humanos.
· Sendo assim, Marx estabeleceu as formas pelas quais a humanidade impulsionou a especialização da produção e, consequentemente, a divisão do trabalho.
· Em A Ideologia Alemã (1992), Karl Marx identificou as etapas da divisão social do trabalho, correspondendo às distintas formas de propriedade: os estágios do desenvolvimento da divisão do trabalho têm seus respectivos correspondentes com as formas de propriedade. A primeira delas é a propriedade da tribo, e a divisão do trabalho corresponde à extensão da divisão natural do trabalho. Na comunidade tribal, a divisão do trabalho se baseia primeiramente na diferença dos sexos para, em seguida, tomar por base as diferenças das forças físicas entre os indivíduos de ambos os sexos. A estrutura social baseia-se no desenvolvimento e na modificação do grupo de parentesco e na divisão interna do trabalho. Nesse modo de produção social, tudo que era produzido era de uso coletivo e as trocas entre as tribos e/ou bandos eram equitativas, ou seja, o que definia o valor de um produto era a necessidade de alguma pessoa. Com o avanço da sociedade e consequente aperfeiçoamento da produção, as pessoas começaram a produzir mais do que o necessário para sobreviver. A partir desse momento, as tribos e/ou bandos começaram a guerrear entre si para dominar o excedente da produção e os grupos vencedores transformavam os grupos vencidos em escravos. Por causa disso, surgem as classes sociais e a propriedade privada dos meios de produção.
· Essa nova realidade resulta com o surgimento da escravidão, originando-se pelo aumento da população, na vivência de relações externas, representadas pela guerra e pelo escambo. Acontece também a separação do trabalho industrial e comercial do trabalho agrícola, bem como a diferenciação e a dicotomia entre a cidade e o campo.
· O segundo tipo de propriedade, encontrada na obra A Ideologia Alemã, é a propriedade antiga, comunal e do Estado, resultante da associação de tribos em uma cidade, tanto por contrato quanto por conquista. A divisão do trabalho já demonstra a separação entre cidade e campo, o desenvolvimento da propriedade privada e das relações de classe entre os cidadãos em geral. Percebe-se que da primazia do desenvolvimento da propriedade privada surgem as relações que vamos encontrar na propriedade privada moderna.
· A terceira forma é a propriedade feudal ou por ordens. É caracterizada pelo trabalho servil, repousada sobre a classe dos camponeses avassalados, cuja estrutura da propriedade da terra reproduziu as estruturas sociais e de dominação da nobreza sobre os servos.
· As relações entre as classes no feudalismo reproduzem essa estrutura, acrescentando, ainda, o clero. Nos últimos séculos da vigência da sociedade feudal na Europa, ocorre o surgimento das cidades, dos burgos, as oficinas com a “organização feudal das profissões”, reproduzindo quase que nas mesmas condições aquelas desigualdades existentes no campo. Com a revolução comercial, o surgimento das manufaturas, a divisão entre o comércio e a indústria acontece na medida em que as cidades proporcionam o desenvolvimento das relações de troca e intercâmbio entre elas.
· Marx (1992) expõe um elemento importante nesse período de mudança do feudalismo para o capitalismo, que diz respeito à propriedade privada do trabalho, onde o produtor detém o controle sobre o processo de produção das ferramentas e sobre o produto final. Com o os salários, nas oficinas e na indústria, o trabalho se torna propriedade social; o trabalhador vende sua força de trabalho para o capitalista.
· O trabalho torna-se abstrato, fonte de geração de valor. Concluindo, o trabalho abstrato é designado para a produção de mercadorias, tornando-se trabalho alienado. Esse modelo não é suficiente para realocar todos os indivíduos de uma sociedade capitalista, pois cada vez mais seu desenvolvimento gerou grandes mudanças econômicas e políticas em variadas sociedades, resultando em subdivisões no interior das classes, principalmente nas “classes médias”.
· Percebemos na definição que Marx faz das relações entre proprietários e não proprietários dos meios de produção como consolidadoras na formação da estrutura social e das classes sociais. Mas também nos mostra, que é possível encontrar complexidades em diferentes lugares e contextos, sendo assim, relações econômicas e políticas complexas podem gerar novas classes e subclasses em diferentes sociedades capitalistas. Este sempre foi e ainda é uma importante discussão para o marxismo: como as classes sociais se configuram em diferentes sociedades, em diferentes situações políticas, sociais, culturais e econômicas.
· A persistência da divisão do trabalho característica do capitalismo ocorre por causa do domínio do capital sobre os produtores diretos. A divisão do trabalho é imposta aos trabalhadores pela sociedade que eles mesmos fizeram, pois, no momento em que o trabalho é dividido, cada um tem um campo de atividade exclusivo e determinado, que lhe é imposta e que não tem como escapar, devido às suas condições sociais de garantir sua subsistência. Por outro lado, sua abolição somente ocorrerá com a eliminação de todas as formas de propriedade privada.
ESTRUTURA E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
· A organização da sociedade, também conhecida por estrutura social, constitui-se da relação entre varias esferas da vida, como a econômica e a política. Essa relação condiciona a forma com que os indivíduos vivem. Uma das características da estrutura social é estratificação, ou seja, o modo como os indivíduos e grupos são classificados em camadas (estratos).
· As estruturas de apropriação econômica e de dominação política, que organizam a estratificação em cada sociedade, são atravessadas por outros elementos, como religião, etnia, raça, cultura e sexo; que também influenciam na divisão do trabalho social e na hierarquização social.
· As estratificações sociais são geradas historicamente, produzidas por diversas situações que se expressam na organização social em sistema de castas, de estamentos ou de classes.
· AS CASTAS O sistema de castas e uma configuração social registrada na história nas mais diferentes épocas e locais. A Grécia e na China antigas, são os exemplos históricos mais antigos. Mas é na Índia, mesmo nos dias de hoje, que ela se expressa categoricamente. O processo que consolidou a constituição das castas na Índia começou há cerca de três mil anos. A sua hierarquia é baseada na religião, etnia, cor ocupação e hereditariedade.Esses elementos são definidores na organização do poder político e na distribuição de riqueza na sociedade indiana. Mesmo na Índia hoje existindo uma estrutura de classes, ela é mesclada ao sistema de castas, pois o sistema sobrevive por força da tradição, já que foi legalmente abolido em 1950.
· Existem quatro grandes castas na Índia: os brâmanes, formada por sacerdotes, superior a todas as outras; os xátrias, a casta intermediária, formada por guerreiros, que são responsáveis pelo governo e pela administração pública; os vaixás, formada por comerciantes, camponeses, artesãos; e os sudras, aqueles que fazem os trabalhos manuais, são os servos. Os párias não pertencem a nenhuma casta, vivem fora das regras existentes.
· No sistema de castas não existe mobilidade social, ou seja, quem nasce em uma determinada não tem como mudar isso, não tem como passar de uma casta para a outra. Há uma imobilidade social, concretizada principalmente pela hereditariedade, pelo casamento entre pessoas dentro de uma mesma casta (endogamia) e proibição de contato físico entre membros de castas diferentes.
· Ainda que o sistema de castas seja rígido, ele não é inquebrável. Existem casamentos entre membros de castas diferentes, mesmo sendo raros. O sistema de castas, apesar de aos poucos estar se diluindo, ainda é muito presente no dia-a-dia dos indianos.
· Texto: As castas no Japão, por José Oliveira Martins A desigualdade com base nas castas não é uma coisa do passado no Japão, apesar de toda a modernização e da presença de alta tecnologia. Oficializadas durante o período Edo (16 00 -1868), as castas foram abolidas em 1871. A casta de maior importância era a dos samurais, seguida, em ordem decrescente, pela dos agricultores, pela dos artesãos e pela dos comerciantes. Havia ainda os párias (os desclassificados) - entre eles, os hinins, aqueles que eram considerados “não-gente”, corno mendigos, coveiros, mulheres adúlteras e suicidas fracassados, e os burakumins, pessoas encarregadas de matar, limpar e preparar os animais para o consumo. A classificação social dos burakumins tinha motivos religiosos. Um desses motivos provém do xintoísmo, que relaciona morte a sujeira, e o outro provém do budismo, que considera indigna a matança de animais. Na soma das duas crenças, que tivesse o ofício de trabalhar com couro ou carne de animais mortos deveria ser isolado e condenado a uma situação subalterna. Os descendentes dos burakumins, cerca de 3 milhões de pessoas, ainda vivem segregados e dificilmente conseguem empregos que não sejam de lixeiros, limpadores de esgotos ou de ruas. Quando revelam sua ascendência, a vida deles é sempre investigada, seja no ato de pedir emprego, seja nas tentativas de se casar. O governo japonês criou programas voltados para combater essa discriminação; entretanto, isso não se resolve por decreto, pois as questões culturais são mais fortes que os decretos governamentais. Há também, desde 1922, associações de burakumins, que procuram lutar contra a segregação, que, de maneira generalizada, está tanto no interior das pequenas vilas quanto nas grandes empresas
· ESTAMENTOS O sistema de estamentos ou estados constitui outra forma de estratificação social. A sociedade feudal organizava-se desse modo. Havia três estados: a nobreza, o clero e o terceiro estado, que incluía todos os outros membros da sociedade, como comerciantes, camponeses etc.
· A sociedade estamental é baseada em relações recíprocas e hierárquicas, fundamentadas na tradição e honra, regulando as relações de poder e as relações econômicas no período.
· O que identifica e também diferencia um estamento é o conjunto de direitos e deveres, juntamente com privilégios e obrigações que são aceitos como naturais e reconhecidos publicamente, corroborados pelas autoridades e pelos tribunais.
· A mobilidade entre os estamentos era possível, porém muito controlada. Era possível conseguir-se algum titulo nobre, mas o que dava valor a isso era a posse de terra. Era a propriedade da terra que definia o prestígio e o poder dos indivíduos.
· AS CLASSES SOCIAIS As questões que envolvem propriedade, renda, consumo, poder, conhecimento etc., definem a forma com que as classes sociais participam da sociedade. As classes sociais expressam como as desigualdades se dividem na sociedade capitalista.
· Considerando a posição do indivíduo no processo de produção, dividimos as classes em alta, média e baixa, em variações de classes A, B, C, D e E. As desigualdades que definem as classes sociais no sistema capitalista podem ser relativos à apropriação de riqueza, participação nas decisões políticas, apropriação de bens simbólicos, entre outros.
· A mobilidade social nas sociedades capitalistas é maior e mais comum no do que nas sociedades de estamentos ou castas. Mas não é tão acessível quanto parece. As barreiras sociais para ascensão de classes são bem complexas e envolvem educação, saúde, família, capital, instituições etc.
· A MOBILIDADE SOCIAL Quando temos uma mudança de posição social que ocorre em sentido ascendente ou descendente, para cima ou para baixo, essa mobilidade é vertical. Já se a mudança ocorrer dentro da própria camada social, chamamos essa mudança de horizontal.
· Quando uma pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação, passando a integrar um grupo superior economicamente, essa mobilidade é ascendente. Mas se ela passa a integrar uma classe economicamente inferior a que tinha antes, chamamos de uma mobilidade descendente ou queda social.
· Quando uma pessoa muda de uma cidade para outra, por exemplo, do interior para a capital, onde defendia ideias conservadoras e agora passa a defender ideias progressistas, não alterando substancialmente sua renda, mostra que houve uma mudança social com o indivíduo, mas isso não alterou sua classe social. Essa mudança, chamamos de mobilidade social horizontal, onde a pessoa muda de posição dentro de uma mesma camada social.
PROCESSOS SOCIAIS
· Processo social indica uma mudança social, movimento em sentido de algo, uma mudança. Os Processos sociais são as diversas formas em que as pessoas e os grupos atuam uns sobre os outros, ou seja, a forma com que elas se relacionam, estabelecendo suas relações sociais. Portanto, qualquer mudança originária dos contatos e da interação social entre os membros de uma sociedade são consideradas processos sociais.
· Segundo Dantas (2008), os processos sociais são as formas pelas quais os indivíduos se relacionam uns com os outros, ou seja, as formas de estabelecer as relações sociais. Os processos sociais estão presentes em toda a sociedade e podem ser distinguidos em associativos e dissociativos.
· No primeiro grupo os indivíduos estabelecem relações positivas, de cooperação e de consenso. Temos ai a cooperação, acomodação e assimilação. No segundo grupo estão a competição e o conflito, ou seja, as relações estabelecidas são negativas, de divergência e oposição (DANTAS, 2008). Nas sociedades e nos grupos sociais, os indivíduos e os grupos se unem e se separam , se associam e se dissociam. Segundo essa lógica,
· os processos sociais podem ser associativos e dissociativos.
· Processos associativos: Cooperação, acomodação e assimilação.
· Processos dissociativos: Competição e conflito.
· Cooperação: é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades operam juntos para a concretização de um mesmo fim. Exemplo: pessoas que se unem para organizar uma festa.
· Competição: uma força que leva aos indivíduos a agirem uns contra os outros, no objetivo de alcançar uma posição melhor dentro do grupo social. Exemplo: funcionário que busca uma promoção dentro da empresa.
· Conflito: quando a competição gera um elevado nível de tensão social é que surge o conflito. Tomando forma de rivalidade, discussão e guerra, e mais visível na luta entre partidos políticos, nações etc. Exemplo: guerras.
· Acomodação: é o processo social em que o indivíduo ou um grupo se ajustam a uma situação de conflito, sendo uma solução superficial do conflito. Exemplo: quandonum conflito um dos adversários derrota o outro, e o perdedor aceita as condições impostas pelo vencedor, para não ser aniquilado. O perdedor se acomoda a uma situação que lhe é favorável, tem-se uma situação de subordinação.
· Assimilação: a assimilação é a solução definitiva a pacífica do conflito social, onde o mesmo é suspenso. Exemplo: o imigrante, que aos poucos se envolve com a cultura do novo país, assimilando a mesma.
GRUPOS SOCIAIS
· O grupo social é uma forma básica de associação humana que se considera como um todo, com tradições morais e materiais. Para que exista um grupo social é necessário que haja uma interação entre seus participantes
· Um grupo de pessoas que só apresenta uma serialidade entre si, como em uma fila de cinema, por exemplo, não pode ser considerado como grupo social, visto que estas pessoas não interagem entre si (MARTINS, 1994; FERREIRA, 2007). Dentre as características desse grupo, temos: uma forma de organização, mesmo que subjetiva, são superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se uma pessoa sair de um grupo, provavelmente ele não irá acabar. Os membros de um grupo também possuem uma consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), certos valores, princípios e objetivos em comum, se diferem quanto ao grau de contato de seus membros.
· Não há necessidade de proximidade ou contato mútuo para que as pessoas sejam consideradas pertencentes a uma mesma categoria social. As principais categorias estudadas pela Sociologia são as que implicam valores sociais. Embora sejam variáveis nas sociedades, algumas constituem determinantes quase que gerais de status e, portanto, servem de base para a classificação das categorias sociais mais significativas. São elas:
· Parentesco: separa as pessoas em grupos em função de sua descendência familiar e/ou étnica. A primeira grande distinção seria a separação entre nobres e plebeus, e depois, entre as famílias tradicionais e os novos ricos. Temos também a distinção entre as legalmente constituídas e as ilegais, entre outras. Outra diferença que pode ser observada relaciona-se com os nativos e os imigrantes. Entre alguns estrangeiros ou, geralmente, entre seus filhos, nota-se o desejo de modificação do nome para se assemelharem mais aos que prevalecem na sociedade que agora vivem.
· Riqueza: A posse ou a ausência de bens pode indicar diversas camadas de uma sociedade. Esta divisão é importante, principalmente para aquelas que dão mais valor aos bens materiais. A classificação baseada na riqueza agrupa a população em determinada categoria, como, rico, pobre, classe média, etc.
· Ocupação: Relaciona-se com os variados tipos de atividades e profissões, e sua valorização na sociedade. Exemplo: professores, funcionários públicos, médicos, padeiros, etc. A diferenciação também se dá em relação às atividades não remuneradas, como por exemplo, donas-de-casa.
· Educação: diferencia analfabetos de alfabetizados, habilidades de incapacidades, graduações escolares e cargos no ensino. Nesta categoria, encaixam-se também os cientistas, literatos, filósofos entre outros.
· Religião: Parte da ideia da manifestação de valores religiosos. Primeiramente, temos a distinção entre o sagrado e o secular, entre as pessoas que aplicam a religião e os eis. Católicos e protestantes, muçulmanos e confucionistas, conservadores e modernistas, crentes e ateus, também formam camadas sociais. Muitas vezes, até as minorias de uma sociedade são classificadas através de uma categoria religiosa.
· Fatores Biológicos: As principais diferenciações neste quesito dizem respeito a gênero, idade e cor da pele. As categorias de gênero e idade tem relevância sociológica, pois, nas sociedades em geral, os homens e as mulheres, as crianças, os adolescentes, os adultos e os idosos ocupam status diferentes e, por causa disso, desempenham diversos papeis. Dentre as características físicas, como tipo de cabelo, forma do nariz, cor dos olhos e da pele, espessura dos lábios, o critério de representação, em várias sociedades, tem um valor social mais importante. Tipos físicos, como estatura e peso, também servem para a classificação de categorias sociais.
· CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS SOCIAIS Os grupos apresentam diversidade entre si, não só na forma de recrutamento, como também na organização, finalidade e objetivos. Mas todos eles possuem determinadas características, que ajudaram Fichter (1973) a definir grupo social como “uma coletividade identificável, estruturada, contínua, de pessoas sociais que desempenham papeis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objetivos comuns”.
· Para Fichter (1973), as características dos grupos sociais são as seguintes:
· 1) identificação: o grupo deve poder ser identificado como grupo pelos seus participantes e pelos elementos de fora. 
· 2) Estrutura social: Decorre do fato de que cada membro ocupa uma posição relacionada com a posição dos outros participantes. 
· 3) Papéis individuais: Cada um de seus membros tem uma participação determinada dentro do grupo.
· 4) Relações recíprocas: Entre os participantes de um grupo deve haver interação obrigatoriamente. 
· 5) Normas comportamentais: São certos padrões, escritos ou não, que orientam a forma de agir dos membros do grupo e determinam a forma de desempenho do papel.
· 6) Interesses e valores comuns: O que é considerado bom, aceito, esperado e compartilhado pelos participantes do grupo. 
· 7) Finalidade social: Razão de existir do grupo e seu objetivo. 
· 8) Permanência: é necessário que os membros do grupo permaneçam nele durante um período determinado.
INSTITUIÇÕES SOCIAIS
· Uma instituição é um sistema complexo e organizado das relações sociais que agrega valores, costumes, crenças, práticas e procedimentos comuns, com relações padronizadas, rotineiras e previsíveis para cumprir certas necessidades básicas do indivíduo.
· Durkheim (1995) desenvolveu o conceito de Representação Social, e nesse sentido, as instituições sociais, ao serem responsáveis pelas representações sociais, cumprem a função de organizar as práticas, pensamentos e sentidos da vida dos indivíduos em sociedade.
· Ao falar em instituições sociais, Durkheim (1995) se refere às estruturas sociais que têm dimensão material e também simbólica. A família, a escola, o governo, a polícia são alguns exemplos dessas instituições. Mesmo as sociedades não modernas, como as indígenas, são também formadas por instituições sociais.
· Cabe ao sociólogo identificá-las, caracterizá-las e entender suas atribuições para o funcionamento do corpo social. Em suma, as instituições sociais podem ser compreendidas como um conjunto de regras e procedimentos socialmente definidos e aceitos pela sociedade. Assim, as instituições sociais têm como objetivo manter o corpo social organizado.
· Ao estudar as instituições sociais, sua configuração e funções, Durkheim desenvolveu o conceito de Morfologia Social. Ao identificá-la, o sociólogo poderia realizar uma de suas principais tarefas, a comparação entre as variadas sociedades. Influenciado pela linha positivista, que classificava as sociedades de acordo com a complexidade das formas de organização do corpo social, Durkheim acreditada que todas as sociedades teriam sido derivadas da Horda. A horda seria “a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento em que os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais”.
· CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS Segundo Eva Lakatos (1990, p. 167), as características das instituições sociais são:
· • Finalidade: Satisfação das necessidades sociais.
· • Conteúdo relativamente permanente: Padrões, papeis e relações entre indivíduos da mesma cultura. 
· • Serem estruturadas: Ha coesão entre os componentes, em virtude de combinações estruturais de padrões de comportamento. 
· • Estrutura unificada: Cada instituição, apesar de não poder ser completamente separada das demais, funciona como uma unidade. 
· • Possuem valores: Código de conduta.
· Todas as instituiçõesdevem ter função e estrutura. Função é o propósito do grupo, cujo objetivo seria regular suas necessidades. A Estrutura e composta por pessoal (elementos humanos); equipamentos (aparelhamento material ou imaterial); organização (disposição do pessoal e do equipamento, observando-se uma hierarquia-autoridade e subordinação); comportamento (normas que regulam a conduta e a atitude dos indivíduos).
· PRINCIPIAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS 1 - Família Funções:
· • Regulamentar o comportamento sexual; 
· • Repor dos membros da sociedade através da reprodução; 
· • Cuidar e proteger as crianças, os jovens, os doentes e os idosos; 
· • Socializar as crianças
· ; • Garantir a segurança econômica proporcionada pela família enquanto; 
· • Base de produção e de consumo dentro da economia no Estado.
· 2 - Educação Funções: 
· • Preparar para os papéis profissionais;
· • Transmissão cultural e de conhecimento;
· • Transmitir aos indivíduos os papéis sociais;
· • Promover mudança social através do estudo e pesquisa; 
· • Estimular a adaptação pessoal e melhorar os relacionamentos em sociedade.
· 3 - Religião Funções:
· • Auxiliar na busca no indivíduo pela sua identidade moral; 
· • Controle social;
· • Promover sociabilidade, coesão social e solidariedade de grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
· A sociologia como conhecemos hoje é fruto de um longo processo de desenvolvimento com origem nas transformações históricas do mundo ao longo do século XVIII e XIX, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. A consolidação da disciplina como ciência no decorrer dos anos, trouxe uma forma científica de análise social da sociedade possibilitando estudos de processos sociais de forma a explicar determinadas situações e acontecimentos em nosso meio.
· A existência de interesses opostos no mundo capitalista influenciou na visão de como os sociólogos deveriam ver e analisar a sociedade. E a partir disso, surgiram várias correntes sociológicas, debates sobre o seu objeto de estudo e sobre os métodos de investigação.
· Na ideia de Marx, o trabalho é condição de existência humana, e a divisão do trabalho significou o surgimento da sociedade. Em condição de suas necessidades, o homem desenvolveu atividades produtivas das quais surgiram relações sociais convergentes com os estágios históricos de desenvolvimento das forças de produção e da divisão do trabalho. Segundo o autor, o grau de desenvolvimento de uma sociedade somente será percebido a partir do reconhecimento do grau em que aquela sociedade se desenvolveu pelas forças produtivas, pela divisão do trabalho e pelas relações sociais construídas em cada sociedade.
· Os homens são condicionados através do desenvolvimento do modo de produção da vida material; portanto, a formação das classes sociais em cada tempo histórico depende das relações sociais de produção. As relações sociais se estabelecem na medida em que os homens procuram satisfazer suas necessidades materiais.
· As instituições sociais não são naturais, muito menos criações divinas. Ao contrário, são criações da vida em sociedade ao longo da história da humanidade. As instituições sociais expressam as representações de que as sociedades têm e constroem sobre si mesmas, sobre seus membros e sobre as coisas com as quais se estabelecem relações.
· Nas sociedades em geral, existem as questões de estratificação, as quais estão todos condicionados. Na sociedade Feudal, aos estamentos; na Índia, às castas; na nossa sociedade, as classes sociais. Todas estas, institucionalizadas.
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