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2011 Logística internacionaL Prof. José Geraldo Lamim Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof. José Geraldo Lamim Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 658.5 L231l Lamim, José Geraldo Logística internacional / José Geraldo Lamim. Indaial : Uniasselvi, 2011. 206 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-466-9 1.Logística Internacional I. Centro Universitário Leonardo da Vinci III apresentação Prezado acadêmico! O presente Livro de Estudos tem a finalidade de apresentar a você a logística aplicada ao comércio exterior, introduzindo-o no fascinante mundo do transporte internacional de cargas e todos os assuntos que cercam a estrutura responsável pelo escoamento dos produtos brasileiros para o mercado internacional. Abordaremos, de forma clara e didática, os assuntos inerentes ao transporte de cargas e à infraestrutura brasileira de transportes, voltada ao comércio exterior, seus pontos positivos e suas deficiências, as quais impedem que o Brasil incremente significativamente sua participação na área internacional mundial. Inicialmente, na Unidade 1, conheceremos toda a parte histórica da logística, ou seja, as origens do processo de transportes, sua evolução a partir das invenções e criações humanas que impulsionaram o setor de transportes de cargas em vários momentos da história da humanidade. A partir daí poderemos conhecer toda a estrutura de terminais que movimentam as cargas de exportação e de importação, suas características e os pontos a serem conhecidos pelos profissionais que trabalham na área. Na Unidade 2 vamos discorrer a respeito das principais embalagens utilizadas para acondicionar as cargas a serem movimentadas nos terminais, mencionadas na unidade anterior, e os aspectos para adequar a carga à embalagem e ao meio de transporte em que ela será embarcada. Por último, veremos os modais de transporte, sua classificação e como está a atual divisão da matriz de transporte nacional, abordando aspectos como: custos, distâncias, prazo de entrega e aplicabilidade de cada modal às necessidades dos clientes e, principalmente, como o conhecimento de cada um deles pode nos auxiliar a tornar as empresas mais competitivas e eficientes na área internacional. Em uma época de mudanças de mercado extremamente rápidas, que obrigam as empresas a mudar constantemente suas estratégias de penetração em outros mercados, este Livro de Estudos tem por objetivo orientar os profissionais da área internacional nestes desafios, tornando os produtos mais competitivos, a ponto de a empresa disputar o seleto mercado internacional. Por outro lado, também é importante conhecer e aprender como operar em um país de características tão peculiares como o nosso, que IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! apresenta uma ótima perspectiva de crescimento internacional, ao mesmo tempo em que possui uma série de dificuldades a serem superadas na área de infraestrutura. O intuito do presente caderno é auxiliar as empresas a planejar, de forma mais eficiente e com segurança, suas transações comerciais, e propor projeções otimistas de crescimento para seus participantes. Prof. José Geraldo Lamim NOTA V Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL............................................ 1 TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL ............................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 ÁREA DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL .......................................................................................... 4 3 HISTÓRICO DOS TRANSPORTES ................................................................................................. 8 3.1 MARCOS DO TRANSPORTE NO PAÍS ....................................................................................... 10 4 A LOGÍSTICA E O COMÉRCIO EXTERIOR – PANORAMA ATUAL ..................................... 13 5 CUSTOS OPERACIONAIS ................................................................................................................ 23 6 RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO ............................................................................................................. 25 7 TIPOS DE MODAIS E SUAS POSSIBILIDADES ......................................................................... 27 7.1 TRANSPORTE AQUAVIÁRIO ...................................................................................................... 27 7.2 TRANSPORTE TERRESTRE .......................................................................................................... 29 7.3 TRANSPORTE AÉREO ................................................................................................................... 30 7.4 HISTÓRICO ...................................................................................................................................... 32 8 O PAPEL DO ESTADO NOS TRANSPORTES RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 40 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41 TÓPICO 2 – RECINTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS ............................................. 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43 2 TIPOS DE ARMAZÉNS ....................................................................................................................... 44 2.1 LOCAIS PARAARMAZENAGEM ............................................................................................... 45 2.2 TIPOS DE INSTALAÇÕES ............................................................................................................ 47 3 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES ............................................................................................... 48 3.1 TIPOS DE ESTOQUES .................................................................................................................... 48 3.2 CONTROLE DE ESTOQUE ............................................................................................................ 49 3.3 INVENTÁRIO DE ESTOQUE ........................................................................................................ 50 3.4 CUSTOS DE ESTOQUES ................................................................................................................ 51 3.5 MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS ............................................................................................ 51 4 ZONA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA ............................................................................................... 53 4.1 ASPECTOS SOBRE PORTO ORGANIZADO .............................................................................. 55 4.2 TERMINAIS ALFANDEGADOS ................................................................................................... 57 4.3 TRA .................................................................................................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 62 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63 TÓPICO 3 – RECINTO ESPECIAL PARA DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO – REDEX.......................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 ASPECTOS LEGAIS ............................................................................................................................. 65 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 68 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 69 sumário VIII TÓPICO 4 – INCOTERMS ..................................................................................................................... 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71 2 ORIGEM ................................................................................................................................................. 72 2.1 SIGLAS .............................................................................................................................................. 72 2.2 SIGNIFICADO JURÍDICO .............................................................................................................. 75 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 82 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 85 UNIDADE 2 – EMBALAGEM E UNITIZAÇÃO, ASPECTOS SOBRE EMBALAGEM, PALLETS, BIG BAGS, CONTÊINERES .................................................................... 87 TÓPICO 1 – ASPECTOS SOBRE EMBALAGEM .............................................................................. 89 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89 2 ASPECTOS GERAIS ............................................................................................................................ 89 2.1 EMBALAGEM PRIMÁRIA ............................................................................................................ 90 2.2 EMBALAGEM SECUNDÁRIA ...................................................................................................... 91 3 ASPECTOS A SER CONSIDERADOS NA ESCOLHA DA EMBALAGEM ............................. 91 3.1 PROTEÇÕES ADICIONAIS ........................................................................................................... 93 3.1.1 Empilhamento ......................................................................................................................... 95 4 TERMOS DE MANIPULAÇÃO DE EMBALAGENS .................................................................... 96 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 98 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 99 TÓPICO 2 – PALLETS, TIPOS E CARACTERÍSTICAS .................................................................101 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101 2 ASPECTOS GERAIS ..........................................................................................................................101 2.1 FINALIDADES ...............................................................................................................................101 2.2 MEDIDAS .......................................................................................................................................102 2.3 CUIDADOS A SER OBSERVADOS DURANTE O MANUSEIO ............................................102 2.4 FIXAÇÃO DOS VOLUMES OU PEAÇÃO DE CARGA ..........................................................103 2.5 VANTAGENS DA PALETIZAÇÃO ............................................................................................104 3 TIPOS DE PALLETS ...........................................................................................................................104 3.1 PALLET 2 ENTRADAS – FACE ÚNICA .....................................................................................104 3.3 PALLET 2 ENTRADAS – REFORÇO INFERIOR ......................................................................105 3.4 PALLET 4 ENTRADAS – DUPLA FACE NÃO REVERSÍVEL ................................................105 3.5 PALLET 4 ENTRADAS – DUPLA FACE REVERSÍVEL ...........................................................105 4 TIPOS DE MATERIAIS .....................................................................................................................105 5 FINALIDADES ....................................................................................................................................106 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................107 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................108 TÓPICO 3 – BIG BAGS .........................................................................................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 ASPECTOS GERAIS E DEFINIÇÃO ..............................................................................................109RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................111 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................112 TÓPICO 4 – CONTÊINERES ...............................................................................................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 2 ASPECTOS GERAIS ..........................................................................................................................113 3 PADRONIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS .................................................................114 IX 4 MEDIDAS ............................................................................................................................................115 4.1 TIPOS MAIS UTILIZADOS ..........................................................................................................121 4.2 FLUXOGRAMA DE CONTÊINER .............................................................................................128 4.3 CHECK LIST DO CONTÊINER ...................................................................................................129 4.4 LOCAL DE OPERAÇÃO ..............................................................................................................132 4.5 RESPONSABILIDADE PELA OPERAÇÃO...............................................................................133 4.6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA MOVIMENTAÇÃO DE CARGA ..............................134 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................138 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................140 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141 UNIDADE 3 – MODAIS DE TRANSPORTE, TRANSPORTE MARÍTIMO, TRANSPORTE RODOVIÁRIO, TRANSPORTE FERROVIÁRIO, TRANSPORTE AÉREO E TRANSPORTE HIDROVIÁRIO ..............................143 TÓPICO 1 – TRANSPORTE MARÍTIMO ........................................................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 HISTÓRICO DO TRANSPORTE MARÍTIMO ............................................................................145 3 ASPECTOS SOBRE NAVIOS ...........................................................................................................147 4 TIPOS DE NAVIOS ............................................................................................................................150 4.1 ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS INTERVENIENTES NA NAVEGAÇÃO ..........................155 4.2 CÁLCULO DE FRETE ...................................................................................................................156 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................160 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161 TÓPICO 2 – TRANSPORTE RODOVIÁRIO ...................................................................................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163 2 ANÁLISE DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO ............................................................................163 2.1 VANTAGENS .................................................................................................................................164 2.2 DESVANTAGENS ..........................................................................................................................165 2.3 CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ......................................................................................168 2.3.1 MIC/DTA ................................................................................................................................168 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................170 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171 TÓPICO 3 – TRANSPORTE FERROVIÁRIO ..................................................................................173 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173 2 ASPECTOS GERAIS ..........................................................................................................................173 2.1 VANTAGENS .................................................................................................................................174 2.2 DESVANTAGENS ..........................................................................................................................175 2.3 CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ......................................................................................176 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................178 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................179 TÓPICO 4 – TRANSPORTE AÉREO .................................................................................................181 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181 2 ASPECTOS GERAIS ..........................................................................................................................181 2.1 VANTAGENS .................................................................................................................................182 2.2 DESVANTAGENS ..........................................................................................................................183 2.3 ÓRGÃOS INTERVENIENTES NO TRANSPORTE AÉREO NO BRASIL .............................183 2.4 TIPOS DE CONHECIMENTO DE EMBARQUE ......................................................................184 2.5 TIPOS DE AERONAVES MAIS UTILIZADAS ..........................................................................184 X 3 CONTÊINERES AÉREOS .................................................................................................................185 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................188 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189 TÓPICO 5 – TRANSPORTE HIDROVIÁRIO .................................................................................191 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................191 2 PERFIL DO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO ...............................................................................191 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................197 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................199 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................200REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................201 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • conhecer a logística internacional de transportes no comércio exterior e sua importância no contexto atual do país, voltado às transações internacionais; • compreender o que são recintos alfandegados para movimentação de carga e como utilizá-los para otimizar a movimentação de mercadorias, com foco na qualidade e nos custos de movimentação; • verificar quais as opções que os exportadores e importadores têm hoje à sua disposição além dos Recintos Alfandegados para movimentação de carga, bem como os aspectos que devem ser do seu conhecimento, antes de contratar qualquer um desses terminais; • conhecer as áreas de atuação dos profissionais de logística e comércio exterior, identificando possíveis oportunidades no mercado de trabalho. Esta unidade foi dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles você encontrará atividades que o ajudarão na compreensão e fixação do assunto. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL TÓPICO 2 – RECINTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS TÓPICO 3 – RECINTO ESPECIAL PARA DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO – REDEX TÓPICO 4 – INCOTERMS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 1 INTRODUÇÃO Vamos tratar, neste tópico, de alguns conceitos básicos de logística aplicada ao comércio exterior, conhecer um pouco de sua história, bem como os principais momentos históricos que mudaram os rumos do transporte em nosso país. A partir daí poderemos traçar um perfil dos transportes, familiarizando- nos um pouco com seus termos e agentes intervenientes, que possibilitarão o entendimento deste setor e dos aspectos que devem ser do conhecimento de qualquer profissional da área. O comércio internacional vem crescendo novamente em ritmo acelerado após a última crise mundial de 2008. A economia brasileira e mundial foi posta à prova; havia rumores pessimistas de que o mundo passaria por um longo período de recessão, liderado pela onda de prejuízos financeiros ocorrida nos Estados Unidos. Apesar do quadro pessimista e de ter ocorrido, de fato, uma redução nas transações internacionais, o Brasil atravessou esta fase com relativa tranquilidade, fruto de uma economia que estava se fortalecendo nos últimos anos, e também pelo ótimo desempenho do aquecimento do mercado interno, que trouxe continuidade ao escoamento da produção das empresas. Este período caracterizou-se também por um forte investimento destas empresas, as quais aproveitaram este momento único para investir no parque industrial, preparando-se para a retomada de crescimento que começou já no final do ano de 2009 e início de 2010. O governo, por sua vez, também contribuiu para a retomada de nossas exportações e importações, lançando incentivos econômicos para estimular as empresas, e estados como Santa Catarina intensificaram seus incentivos na área fiscal do ICMS, gerando novos empregos e atraindo novos grupos econômicos para o Estado. Como resultado conjunto destas ações, dentre outras, a infraestrutura de portos e aeroportos foi fortalecida para auxiliar a retomada do crescimento do comércio exterior brasileiro. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 4 Nesta etapa, a logística consolidou-se como uma grande aliada das empresas para reduzir custos, diminuir as distâncias entre o mercado produtor e o consumidor, além de agilizar a movimentação, armazenagem e entrega ao cliente final. É neste universo, caro acadêmico, que iniciaremos os estudos que proporcionarão os conhecimentos necessários à atuação profissional nesta área tão importante para o desenvolvimento e sustentabilidade do crescimento econômico do país. 2 ÁREA DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Caro acadêmico! Iniciaremos nossa jornada contextualizando a área de atuação do profissional de logística, suas funções e responsabilidade dentro da cadeia de transporte e movimentação de cargas. UNI Com a expansão do comércio internacional e da atividade de transportes internacionais, houve um incremento significativo de postos de trabalho ligados diretamente à área de comércio exterior. Novos prestadores de serviços, terminais, portos, estruturas de apoio logístico, entre outras características, foram criados para dar suporte à expansão da atividade e, consequentemente, houve a necessidade de novos profissionais para este mercado. A seguir descreveremos algumas destas atividades, as quais estão intimamente ligadas à cadeia de comércio internacional e aos procedimentos logísticos que dependem destas áreas afins para cumprir o seu papel: ● operadores de empilhadeira: são responsáveis diretos pela movimentação das cargas nos terminais públicos e particulares, atuando na operação de máquinas específicas para esta finalidade, tais como: stackers, empilhadeiras pequenas e médias. Também são responsáveis pelas operações de estufagem e desova das cargas, as quais consistem em movimentar as cargas para o interior dos contêineres na exportação e retirá-las quando são objeto de conferência física pelas autoridades aduaneiras, ou também quando já estão liberadas para transporte até a fábrica do importador; ● conferentes de carga: desempenham um importante papel dentro da cadeia logística, atuando dentro e fora dos armazéns. São responsáveis diretos pelo controle das mercadorias movimentadas dentro destes terminais, desempenhando não somente a função específica da contagem dos volumes, TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 5 bem como separando e verificando o estado físico da carga movimentada. Dentro dos portos, os conferentes verificam também todos os contêineres que carregam e descarregam dos navios, verificando possíveis faltas e avarias nestas unidades. Em função do aumento das operações, os portos e terminais funcionam 24 horas em diferentes turnos de trabalho, razão pela qual os conferentes também desempenham suas tarefas em diferentes horários, através do rodízio de profissionais; ● analista de exportação: atua em diversas estruturas, desde escritório de despachos aduaneiros, agências marítimas, agentes de carga, trading companies e comerciais exportadoras. É um profissional que atua na análise e elaboração de documentos diversos que fazem parte dos processos de importação e exportação, tais como: bill of lading, commercial invoice, packing list, certificados diversos, análise de cartas de crédito, entre outros documentos. Sua função é fundamental para que os processos sejam elaborados de forma correta, agilizando os procedimentos de liberação de mercadorias de importação e exportação. Um dos grandes problemas atuais situa-se justamente na falta de profissionais qualificados para desempenhar tal função com habilidades e conhecimentos específicos da área internacional, além de noções de outros idiomas nos quais são elaborados estes documentos. Uma das características fundamentais deste profissional é a agilidade e habilidade de elaborar todos os documentos necessários, levando-se sempre em consideração o cumprimento dos prazos documentais e as exigências legais de cada país, proporcionando confiabilidade na elaboração dos processos; ● analista de importação: assim como o analista de exportação, o profissional de importação possui também um papel altamente relevante dentro da execução dos processos de importação. Nos últimos anos o país vem apresentando um crescimento bastante acentuado nesta área, alavancada principalmente pela taxa favorável da moeda estrangeira, assim como os altos níveis de investimento estrangeiro, os quais trouxeram grandes companhias para o Brasil e que necessitam de diversos produtos e matérias-primas para o seu processo produtivo. Com o aumento acentuado das importações, a estrutura de comércio exterior necessitade profissionais ligados à área de documentação e processos. Como a importação apresenta um nível de detalhamento maior comparado às importações, os profissionais desta área também são bastante exigidos e necessitam de expertise para elaborar, conferir e processar todas as etapas necessárias às rotinas burocráticas envolvidas, desde o registro da licença de importação até o desembaraço e entrega da carga. Seguem alguns documentos a serem elaborados por este profissional: 1) licença de importação: procedimento necessário para algumas mercadorias que necessitam de autorização prévia governamental para entrada no país; 2) nota fiscal de entrada: documento fiscal para a entrada da mercadoria nos controles fiscais da empresa; UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 6 3) bill of lading: é o conhecimento internacional de transporte. No caso das importações, o documento já vem elaborado da origem, cabendo ao analista a tarefa de conferi-lo e detectar possíveis inconsistências de preenchimento que possam dificultar o procedimento final de liberação da mercadoria; 4) declaração de importação: procedimento exigido pelas autoridades aduaneiras para a nacionalização do produto e que consiste em uma série de informações sobre a carga, fabricante, comprador, valores transacionados, entre outras; 5) packing list: documento que contém os dados separados da carga por especificação, itens, tipos etc., e também é necessário para elaboração e liberação da mercadoria na aduana; 6) fatura comercial: imprescindível para a elaboração, checagem e registro da declaração de importação no Siscomex. É um dos principais documentos utilizados para a conferência e verificação dos dados do processo. Deve ser conferido a fim de verificar possíveis erros que possam acarretar atrasos na liberação do processo ou multas por erro de preenchimento. ● encarregados de operação marítima: são aqueles profissionais que atuam dentro das agências marítimas e têm como função principal acompanhar todos os procedimentos operacionais de carga e descarga dos navios, desde a sua atracação até a sua saída. Para tal finalidade, este profissional desenvolve algumas habilidades ligadas ao planejamento e acompanhamento das operações. Ele mantém contato direto com a tripulação dos navios, órgãos oficiais encarregados dos trâmites burocráticos e todo o pessoal da mão de obra sindicalizada envolvida durante a estadia do navio em determinado porto. Para desenvolver suas tarefas, o conhecimento do idioma inglês é fundamental para o contato direto com o comandante da embarcação e seus tripulantes. Devido às operações de carga e descarga acontecerem em diversos períodos do dia ou da noite, o profissional que atua nesta função tem um horário diferenciado dos demais colaboradores da empresa, pois pode iniciar seu trabalho, por exemplo, durante a noite, estendendo-se durante o dia. Neste caso, existe um rodízio entre os encarregados de operação, para não ferir as leis trabalhistas e também para não acarretar sobrecarga de trabalho; ● vendedores de frete: atuam nas agências marítimas, agentes de carga e NVOCCs, comercializando os espaços ou praças nos navios para os clientes de importação e exportação. São profissionais treinados em vendas, com conhecimento de idioma estrangeiro e que são responsáveis pelas cotações de frete recebidas destes clientes. Devido à competitividade deste mercado, os vendedores de frete possuem autonomia para negociar os valores de tabela em função do tipo de carga, quantidades negociadas, entre outros fatores. Além da função exercida internamente no seu local de trabalho, alguns destes vendedores efetuam visitas periódicas aos clientes com maior nível de movimentação, negociando e acompanhando diretamente com os gerentes de mercado internacional das empresas os níveis de frete praticado, as perspectivas futuras de embarque, fechamento de contratos anuais etc.; yasmi Realce yasmi Nota é função do importador analisar o BL! yasmi Realce yasmi Realce yasmi Nota responsabilidade de conferência do CIPL é do importador! TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 7 ● encarregado de operações terrestres: é aquele profissional que atua principalmente nos escritórios de assessoria e comissariaria de despachos. Seu papel é fundamental para o bom andamento das operações logísticas, pois é responsável pelo controle de cargas nos terminais de zona primária, zona secundária e privados. Controla e acompanha toda a movimentação da mercadoria, desde a sua descarga, estufagem e desova, até o seu embarque efetivo. Faz parte de suas funções também o acompanhamento de vistorias de carga realizadas pelos diversos órgãos oficiais, como Receita Federal, Ministério da Agricultura, Anvisa e todos os demais envolvidos na cadeia de comércio exterior. Sua função também é orientar os motoristas, encarregados de armazém e operadores de máquinas durante o procedimento de movimentação da mercadoria, orientando-os da melhor forma possível para evitar avarias e manuseio indevido das cargas; ● fiéis de armazém: são os responsáveis diretos pela coordenação de armazéns diversos, gerenciando a recepção e carregamento de mercadorias, zelando pela integridade das cargas e também de todos os envolvidos nas operações, para que não haja acidentes durante as movimentações, tendo em vista que o fluxo das operações e máquinas é constante. Efetuam os registros de entrada e saída da mercadoria, controlando e comunicando possíveis faltas e/ou avarias durante a recepção, armazenagem e carregamento dos produtos. São responsáveis legais perante a Inspetoria da Receita Federal sobre possíveis faltas ou acréscimos de mercadorias, cabendo-lhes o papel de notificar a aduana local sobre possíveis irregularidades. O NVOCC (Non Vessel Operator Common Carrier, ou carregador que não é operador de navio) nada mais é que um agente de carga que trabalha com a consolidação de cargas para armadores. Os NVOCCs são empresas consolidadoras de carga que foram criadas, nos anos 80, pelos próprios armadores, que preferiam não se dedicar a consolidar pequenas cargas. Eles então compram espaço nos navios full containers para embarcar seus contêineres com cargas consolidadas de diversos clientes. Acontece que, com o tempo, os NVOCCs começaram a vender contêineres cheios também para seus clientes (H/H com carga de um cliente só), tornando-se de certa forma concorrentes dos próprios armadores. O NVOCC nada mais é que um armador que não é proprietário de navios ou de contêineres. Esse tipo de empresa capta cargas fracionadas no mercado, armazena as mercadorias em um ou mais contêineres e encaminha para o embarque em navios, que serão operados pelos freight forwarders. Para isso é necessário comprar espaços em navios full containers. O trabalho de carregamento é bastante técnico, pois em um mesmo lote são colocados produtos de composição, formato e tamanho diferentes, exigindo manuseio especializado. É um serviço utilizado exclusivamente no modal de transporte marítimo. Os NVOCCs são de grande utilidade para o Comércio Exterior e têm crescido muito nos últimos anos. FONTE: < <http://dicionario.babylon.com/nvocc/>. Acesso em: 24 ago. 2011. NOTA UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 8 3 HISTÓRICO DOS TRANSPORTES Como vimos até aqui, a logística desempenha um papel fundamental no crescimento das empresas e suas nações. Para viabilizar o comércio de mercadorias, o transporte sofreu uma grande evolução, desde os tempos em que o homem utilizava seu próprio corpo para o transporte da caça e seus utensílios, durante as jornadas dos povos nômades, até os dias atuais, em que existe uma grande variedade de opções para a movimentação e transporte de carga. O precursor do transporte para fins de movimentação de cargas foi o modal marítimo, através das embarcações, que possibilitaram o transporte de um volume maior de mercadorias, encurtando distâncias e diminuindo o esforço humano. Estemeio de transporte foi fundamental para o desenvolvimento humano, transportando inicialmente alimentos e mercadorias diversas nas expedições do descobrimento de novas civilizações. É fundamental, hoje, para mercadorias de elevado volume, como petróleo e derivados, minério de ferro, carvão, granéis sólidos e líquidos e uma infinidade de commodities que necessitam de grandes espaços para serem transportados de uma única vez, tornando seu custo acessível. Com o avanço da tecnologia da construção naval, as embarcações foram aumentando de tamanho rapidamente, proporcionando o transporte de grandes volumes de carga, diversificação de produtos, agilidade e precisão, que fazem o transporte marítimo ser utilizado pela grande maioria dos segmentos econômicos, desde pequenas até grandes corporações espalhadas pelo mundo como transporte em massa. A frota de navios e armadores cresceu proporcionalmente ao desenvolvimento da economia mundial, e hoje existem grandes companhias marítimas, proprietárias de uma considerável frota de navios, alguns deles verdadeiros gigantes do mar, proporcionando aos seus usuários um serviço de transporte de grande qualidade e confiabilidade. Não podemos deixar de comentar também o papel da navegação na defesa da soberania das nações, contribuindo para a defesa das fronteiras e a repressão de operações ilegais. Além disso, a navegação também é a grande responsável pelas missões de ajuda humanitária, tendo em vista que as embarcações podem ser deslocadas facilmente para áreas necessitadas, transportando alimentos e outros itens necessários à sobrevivência de comunidades afetadas por catástrofes naturais e outros eventos que podem ocorrer. A partir da década de 60, com o desenvolvimento dos contêineres, foi revolucionada a forma não apenas de transportar as cargas marítimas, mas também se proporcionou o acesso rápido, eficiente e mais barato a qualquer tipo de mercadoria. Posteriormente, o contêiner também foi adaptado aos outros modais, propiciando a mesma agilidade a toda a cadeia logística, reduzindo custos de movimentação, mão de obra e, mais importante: reduzindo sensivelmente os índices de avarias na carga. yasmi Realce TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 9 Atualmente a grande maioria das cargas, tanto na importação como na exportação, é movimentada através destas caixas de aço, com alto índice de segurança e agilidade. Os equipamentos de movimentação também foram se modernizando ao longo dos anos e atualmente possuem um alto índice de produtividade, o que garante tempos menores de permanência dos navios nos portos e, consequentemente, redução nos níveis de frete e custos operacionais relacionados à movimentação de cargas. As ferrovias também contribuíram de forma decisiva não só para o transporte, mas também para a integração de regiões distantes em vários lugares do mundo. Para algumas nações, como os Estados Unidos, as ferrovias foram decisivas para o crescimento econômico e social, fato que se reflete até hoje, pois ainda são utilizadas de forma equacionada na matriz de transporte americana, contribuindo para a redução dos custos logísticos. Segundo dados do Departamento Nacional de Transportes, a primeira locomotiva foi construída em 1814 pelo inglês George Stephenson e, já em 1825, foi utilizada de forma comercial, em um percurso de 15 quilômetros a uma velocidade de 20 km/h, sendo considerado o primeiro fabricante de uma locomotiva a vapor e também da primeira estrada de ferro. (BRASIL, 2011a). Além do setor de transporte, as ferrovias tiveram, ao longo da história da humanidade, uma importante atuação nos grandes conflitos mundiais, proporcionando o transporte de tropas, armas e munições para as linhas de frente de combate. Vale também o registro da contribuição das ferrovias para o desenvolvimento de regiões distantes, que tinham neste modal a única forma de abastecer estas cidades e seus habitantes dos produtos necessários para sua subsistência. No âmbito comercial, o trem proporcionou o transporte de maiores quantidades de produtos agrícolas para os grandes centros urbanos, ligando o campo às centrais de distribuição, diminuindo as perdas com estoques de produtos que se deterioravam nos armazéns. Foi também através da construção e implementação das ferrovias que surgiram muitas cidades, algumas em regiões distantes de fronteiras, tornando- se uma ferramenta para a aproximação e integração dos povos. Outro meio de transporte largamente utilizado são os caminhões, dos mais variados tamanhos e tipos. Um caminhão é um veículo terrestre para o transporte de bens. A maioria dos caminhões é contruída sobre uma estrutura monobloco forte denominada chassi, com várias combinações de eixos que o habilitam a transportar maior quantidade de peso e volumes. No Brasil, o transporte rodoviário é um dos principais componentes de nossa matriz de transporte, movimentando uma grande parcela das cargas. Tal fato tem se tornado alvo de críticas, pois, neste caso, como o país tem grande UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 10 extensão territorial, este modal encarece o custo do transporte de cargas de longa distância, além de haver grandes decifiências de infraestrutura, como veremos nos tópicos seguintes. Por último, temos a navegação aérea, que se utiliza de diferentes aeronaves para o transporte de carga e passageiros. Sua criação trouxe enormes benefícios à humanidade, reduzindo principalmente o fator tempo e distâncias, proporcionando agilidade, segurança e praticidade para as empresas no gerenciamento de seus estoques, como veremos no Tópico 4. O item a seguir explica a transição do modal ferroviário para o rodoviário e em qual momento histórico se deu tal fato. IMPORTANT E 3.1 MARCOS DO TRANSPORTE NO PAÍS Como observamos no item anterior, cada modal de transporte tem uma contribuição decisiva para as pessoas e empresas. Conforme dados do Ministério dos Transportes (BRASIL, 2011b), o setor de transportes já passou por uma série de momentos históricos, dentre os quais podemos destacar: ● No ano de 1900 o nosso modelo social era basicamente regido pelas estruturas coloniais comandadas pelo império; não tínhamos qualquer traço de modernização no setor de transportes. O primeiro automóvel foi importado em 1907 por Santos Dumont. Posteriormente, veículos como Daimler inglês, Packard, Renault, Fiat, Oldsmobile e outros foram introduzidos em nosso país. Se o transporte rodoviário era restrito a poucos, o transporte de mercadorias era bastante precário, dependendo unicamente da força humana ou de animais de carga para sua movimentação. ● A ferrovia, desenvolvida a partir do século XIX, inaugurou o transporte de algumas cargas. • O transporte ferroviário, combinado ao marítimo, proporcionou o início da intermodalidade, reduzindo as distâncias entre as regiões produtoras agrícolas e o transporte de sua safra. ● Em 1814, o inglês George Stephenson apresentou a primeira locomotiva. ● Em 1825 a primeira locomotiva tracionou uma composição ferroviária, trafegando entre Stockton e Darlington, num percurso de 15 quilômetros, a uma velocidade próxima dos 20 quilômetros horários. yasmi Realce TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 11 • Em 1902, a Cia. União de Transportes foi a primeira empresa registrada no transporte rodoviário de cargas. • A malha ferroviária contava com aproximadamente 17 mil km no ano de 1903. • A partir de 1909 foi dado novo impulso ao transporte de cargas, com a utilização dos primeiros caminhões. • A Primeira Guerra Mundial trouxe um grande impacto no desenvolvimento industrial do país, pois, com a interrupção das importações, o país começou a criar seus primeiros estabelecimentos industriais neste período. Entre 1914 e 1918, para fomentar o desenvolvimento econômico e social, deu-se início à criação de rodovias. • O primeiro armador nacional, a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, criada em 1918, consolidoua importância do setor marítimo no transporte de cargas no período pós-guerra. • Em 1919, com o crescimento do setor de automóveis no país, a Ford Company funda sua primeira fábrica em solo brasileiro. • A rodovia Rio-São Paulo é construída no ano de 1926. • A Companhia Varig implementa o transporte aéreo doméstico de passageiros e cargas em 1927. Na esteira do desenvolvimento nacional, outras companhias, como a General Motors, também desembarcam no Brasil. • Em 1929 o país já possuía aproximadamente 145 mil automóveis em circulação e, com a crise instalada no setor ferroviário, o transporte rodoviário consolidou sua importância no setor de transportes nacionais. • Na década de 30, a matriz de transporte era dominada ainda pelo transporte marítimo e ferroviário, sendo os responsáveis diretos pelo transporte do café, produto essencial no desenvolvimento do país com suas exportações. • No ano de 1937 o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem foi criado para gerir este segmento de transporte. • No ano de 1939 os caminhões já representavam 35% da frota nacional. Embaladas pelo crescimento econômico e industrial, surgiram as primeiras transportadoras rodoviárias. • A Segunda Guerra Mundial trouxe a primeira crise do setor automobilístico no Brasil e em vários outros países, pois a interrupção das importações de petróleo representou um freio para o desenvolvimento. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 12 • Em 1944 a malha rodoviária já era extensa, com a maioria das rodovias ainda não pavimentadas. Havia dificuldades financeiras no setor ferroviário e falta de navios para aumentar o transporte de cabotagem, assim o transporte rodoviário ganhou destaque no cenário nacional. • A Fábrica Nacional de Motores inicia sua produção de caminhões em 1949 e, posteriormente, o setor de transporte rodoviário segue se organizando, com a criação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A partir de 1957 a indústria automobilística começou a substituir em definitivo o sistema de transporte ferroviário no país. • Em 1996 começa o processo de privatização da estrutura ferroviária nacional, já sucateada pela falta de investimentos e desenvolvimento do setor. O governo permite que navios de outras nacionalidades também explorem a navegação de cabotagem. Desta época até os dias atuais, a matriz de transporte fica definitivamente focada no modal rodoviário. Isto nos traz até hoje sérios problemas de custos no transporte nacional e internacional de cargas, como veremos mais adiante, pois a distribuição inadequada no setor de transporte aumenta a cadeia de custos entre o produtor e o consumidor final. Segundo dados estatísticos da Confederação Nacional de Transportes (CNT), a matriz de transporte brasileira está dividida da seguinte forma: QUADRO 1 – ESTATÍSTICA RELATIVA AO MÊS DE MAIO/2011 MODAL DE TRANSPORTE MILHÕES (TKU) TONELADAS POR KM ÚTIL PARTICIPAÇÃO % RODOVIÁRIO 485.625 61,1 FERROVIÁRIO 164.809 20,7 AQUAVIÁRIO 108.000 13,6 DUTOVIÁRIO 33.300 4,2 AÉREO 3.169 0,4 FONTE: <https://bit.ly/2QTL2dt>. Acesso em: 2 set. 2011. Em um país de dimensões continentais como o nosso, na maioria das vezes o transporte rodoviário, que representa 60% do custo do frete marítimo, encarece a cadeia de transportes, impactando diretamente no preço do produto final. A seguir apresentamos um quadro comparativo entre as diferenças de capacidade de volume de carga transportada, entre o modal rodoviário e o ferroviário: TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 13 FIGURA 1 – QUADRO DE MEDIDAS DE CAMINHÕES E TRENS Carrocerias Medidas Internas Compr. Larg. Altura Carroceria tipo sider tamanho padrão 7,65 mts 2,46 mts 3,0 mts Carroceria tipo sider semi-reboque 15,10 mt (externo) 14,86 mts 2,51 mts 3,0 mts Carroceria tipo baú com capacidade para 4 ton. 5,32 mts 2,08 mts 2,2 mts Carroceria tipo baú com capacidade para 6 ton. 7,32 mts 2,48 mts 2,63 mts Carroceria tipo baú semi-reboque 15,10 mts (externo) 19,94 mts 2,48 mts 2,73 mts Vagão Graneleiro de Trem Peso Bruto Tara Volume Lotação Máxima 130.000 kgs 26.500 kgs 134 m3 104.700 kgs Os números acima correspondem a média de capacidade de cada vagão. Capacidade de Carga Equipamento Capacidade de Peso Vagão de Trem 100 toneladas Carreta Rodoviária 26 toneladas Barcaça Fluvial 1.500 toneladas Medidas de Caminhões e Trens FONTE: < <www.guiadelogistica.com.br>. Acesso em: 24 ago. 2011. 4 A LOGÍSTICA E O COMÉRCIO EXTERIOR – PANORAMA ATUAL O comércio exterior, como todos nós sabemos, é a atividade que concentra as operações de compra, venda e troca de bens e serviços, sem esquecermos também a circulação de capitais e mão de obra entre os países. A atividade de exportação é atualmente a grande meta do governo para continuar gerando o superávit necessário para o crescimento econômico de nosso país, inserindo-o no seleto clube das grandes nações exportadoras, fazendo desta atividade seu maior fator de geração de riqueza. Não podemos nos esquecer de que não é somente através das exportações que o país alcança um nível desejável de desenvolvimento. As importações, por sua vez, também desempenham um papel importante neste contexto, pois é através delas que o país consegue acesso a novas tecnologias, produtos e serviços, que fazem com que o importador ofereça ao seu mercado consumidor bens de melhor qualidade, estimulando uma saudável competição no seu mercado interno. Nos últimos anos, o mercado e o consumidor brasileiro vêm experimentando um aumento significativo das importações. O crescimento acelerado da economia mundial, a despeito de algumas crises ocorridas nos últimos anos, trouxe UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 14 a necessidade de os países buscarem no mercado internacional os produtos e matérias-primas necessários à sustentabilidade do crescimento econômico de cada país. O Brasil não fugiu a esta regra e, com o mercado interno bastante aquecido, aliado à facilidade de acesso via internet aos centros produtores, começou a apresentar um ritmo acentuado de crescimento nas importações, suprindo uma série de lacunas que temos em termos de produtos e preços mais competitivos. O acesso a novas tecnologias proporciona ao país um maior e melhor desenvolvimento do seu parque industrial, consequentemente, contribui na fabricação de vários produtos, que são posteriormente destinados também ao mercado exportador. É através da importação de máquinas e equipamentos de alta tecnologia que o país pode aprimorar sua produção e seu leque de produtos destinados ao mercado exportador. É através das exportações que um país procura escoar a parcela excedente de sua produção, ou ainda procura explorar nichos de mercado para determinados produtos que não têm boa ou têm pequena aceitação em seu mercado interno, sem contar a questão do preço no mercado internacional, o qual normalmente é altamente compensatório. Podemos afirmar que hoje o governo brasileiro tem como meta principal a geração de riquezas oriundas do comércio exterior, para geração de riquezas e aumento de suas reservas cambiais, gerando riqueza e superávits que alimentam o crescimento econômico e social do país. Neste contexto, começaremos a explorar o universo da logística, que, aliada aos diversos meios de transporte combinados com variáveis como armazenagem, movimentação, tempo, qualidade, preço, prazos eficientes de entrega, entre outras, é a responsável pela circulação destes bens de um ponto a outro, passando pelas diversas fases operacionais, desde sua origem até a entrega ao cliente final. Com a evolução de toda a cadeia dos meios de transporte e comunicação descritos anteriormente, ficou muito mais fácil escoar a produção para outros países, quebrando as fronteiras econômicas e algumas barreiras que, até bem pouco tempo atrás, frustravam o esforço exportador de algumas de nossas empresas. O quadro atual e também das próximas décadas apontapara um cenário mais favorável em termos econômicos. Para aproveitar este bom momento, as empresas têm na logística um grande aliado para fazer com que os seus produtos cheguem aos grandes centros consumidores mundiais. Podemos afirmar, sem a menor margem de erro, que a logística e a distribuição de um produto serão as grandes responsáveis, como veremos mais yasmi Realce yasmi Nota fio diamantado TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 15 adiante, pelo sucesso ou fracasso de uma operação, pelo seu prejuízo ou lucro. Isto fará com que a empresa exportadora ou importadora continue a desempenhar com sucesso suas atividades no competitivo mercado internacional. Vale ressaltar a importância do gerenciamento da cadeia de custos relacionados à atividade exportadora e importadora, pois somente desta forma é que as empresas podem se prevenir de surpresas financeiras desagradáveis. Através do planejamento e gerenciamento correto das operações, qualquer empresa pode ter acesso ao mercado mundial com segurança e garantia de bons negócios. Podemos representar, através do seguinte esquema, a participação e a importância da logística em todo o processo de transporte e entrega do produto ao consumidor final: FIGURA 2 – LOGÍSTICA, FUNÇÕES, GERENCIAMENTO E RESULTADOS EMPRESARIAIS MODAIS DE TRANSPORTE ARMAZENAGEM MOVIMENTAÇÃO TEMPO QUALIDADE PREÇO PRAZO CIRCULAÇÃO DE BENS LOGÍSTICAPREJUÍZO ? LUCRO? FONTE: O autor A figura anterior traduz a importância do gerenciamento e do conhecimento dos aspectos ligados ao setor de logística e transporte de cargas, na consecução dos objetivos de qualquer empresa e profissionais ligados a este setor, gerenciando corretamente os meios de transporte e armazenagem para efetuar operações com eficiência, qualidade e prazos aceitáveis pelo mercado consumidor, não importando onde se localize, proporcionando o lucro desejado e retorno dos investimentos monetários e de esforços empregados em qualquer movimentação de bens. A LOGÍSTICA, apesar de ter sido incorporada ao nosso vocabulário em um período relativamente recente, já era praticada de fato desde que o homem começou a buscar formas cada vez melhores, mais ágeis e com menor esforço de transportar os produtos necessários à sua sobrevivência. O próprio homem deu início a esta atividade utilizando-se de sua própria estrutura física, para levar um objeto de um lugar a outro. Com o surgimento e UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 16 aperfeiçoamento de objetos que pudessem facilitar esta tarefa, é que - podemos concluir - surgiram os primeiros princípios da logística de transporte e de intermodalidade. Com o transcorrer dos anos, estes rudimentares processos de transportes foram evoluindo e se diversificando, através da utilização dos meios aquaviários e, posteriormente, com a Revolução Industrial, quando foram criados os mecanismos a vapor para utilização em barcos e trens. Neste momento, se deu o grande salto na era dos transportes. A invenção do automóvel possibilitou atingir pontos mais distantes, impulsionando a revolução dos transportes terrestres. Com a criação dos trilhos, permitiu-se o transporte de maiores volumes de mercadorias em menor espaço de tempo. Posteriormente, o descobrimento e o desenvolvimento de novas fontes de energia, como carvão, petróleo e energia nuclear, possibilitaram então o impulso definitivo da consolidação dos meios de transporte em seus diversos modais. Faltava ainda alcançar distâncias maiores e ainda mais rapidamente. Então, com a criação do avião, estava preenchida a lacuna que faltava para uma completa interligação entre os países, permitindo transportar qualquer mercadoria para qualquer lugar do planeta, em curto espaço de tempo. Neste cenário, foram criadas as condições para o surgimento do processo de gestão dos diferentes modais de transportes conhecidos (marítimo, terrestre e aéreo) para atingir o principal objetivo das trocas internacionais: transferência de mercadorias de um ponto de origem ao ponto de destino. Neste contexto, a logística participa ativamente na coordenação e controle das operações dos bens comercializados pelas empresas. Para Vazquez (2003, p. 199): Minimizar custos e auferir maiores receitas, com margem remuneratória condizente com o esforço empreendido. Proteger ao máximo sua operação, sem obstáculos burocratizantes, inibidores de novos negócios. Vender e receber; receber no prazo avençado; vender e entregar o que foi vendido; vender com qualidade. Estes são os deveres do exportador. Tal processo é a essência da Logística de Transportes, a qual poderíamos conceituar da seguinte forma: Logística de transporte é a melhor forma de transferir uma mercadoria do seu ponto de origem ao seu destino final, com melhor preço, qualidade e tempo. Ou melhor ainda: TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 17 Logística de transporte é uma forma de viabilizar o comércio de mercadorias em qualquer lugar do planeta com custos acessíveis e qualidade, no tempo certo e na quantidade adequada. Para o cumprimento fiel deste conceito, ou melhor, para que qualquer operação logística obtenha o sucesso esperado, veremos que não é suficiente conhecer apenas aspectos relacionados ao transporte puro e simples. Deveremos também ter o devido conhecimento de fatores como: ● armazenagem: fator de conhecimento determinante para qualquer profissional do comércio exterior. Os fatores de armazenagem devem ser observados sob a ótica do produto, suas necessidades e características, tais como: espaço físico, equipamentos disponíveis para movimentação, cuidados no manuseio (avarias), proximidade com o ponto final de embarque, conservação, limpeza e higiene. Os armazéns representam hoje uma peça estratégica para as empresas, pois o gerenciamento de estoques reduz custos com mercadorias armazenadas, transferindo os custos de estocagem para estruturas privatizadas que estão localizadas mais próximas dos centros distribuidores de carga, como portos, aeroportos e fronteiras; ● transporte internacional e seus modais: como veremos na Unidade 3, a forma e a escolha correta do modal de transporte é que determinará o sucesso da operação, bem como o seu custo e viabilidade. Sua correta escolha tem impacto direto nos custos do produto, determinando, em alguns casos, seu grau de competitividade com os concorrentes diretos. Os meios de transporte, conforme comentado anteriormente, estão cada vez mais eficientes, cumprindo prazos e escalas, proporcionando confiabilidade e segurança às operações; ● formas de acondicionamento: garantem a integridade do produto desde a fase inicial do transporte até a entrega no destino final. Atualmente, temos várias opções disponíveis no mercado, as quais proporcionam agilidade aliada à proteção, sempre voltadas ao meio de transporte escolhido. Veremos na Unidade 3 que cada modal tem várias particularidades, que influenciam diretamente a integridade física dos produtos movimentados. Os movimentos durante o transporte são responsáveis por uma grande parcela das avarias ocorridas no período em que a carga está em viagem para entrega ao cliente, acarretando, em algumas situações, altos índices de reclamação no destino por parte dos recebedores. O contêiner continua sendo a grande estrela do acondicionamento de cargas, pois apresenta baixos índices de avarias em cargas, segurança e praticidade em sua utilização e transporte; ● aspectos legais: compreendem todos os aspectos que devem ser do conhecimento de todos os profissionais ligados à atividade internacional. Como todos nós sabemos, o comércio exterior envolve basicamente a troca de mercadorias, bens e serviços entre pessoas e empresas em diversas partes do mundo. Tal atividade é constantemente monitorada por qualquer governo, pois envolve, além dos yasmi Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 18 aspectos de carga, também a remessa internacional ou circulação dedivisas para o pagamento e recebimento de tais operações. É justamente a este aspecto que devemos ficar atentos. Determinadas situações podem significar redução imediata de custos, porém, se forem realizadas em desacordo com normas e regulamentos legais de cada país envolvido, podemos ser penalizados, assim como as empresas, pela legislação aduaneira, que trata diretamente deste assunto, além de responsabilidades cíveis e criminais resultantes de uma operação irregular. Tais aspectos serão devidamente abordados no Tópico 2 desta unidade, quando conversaremos a respeito dos recintos alfandegados e não alfandegados, quais os tipos de operações que podem ser realizados nestes locais em cumprimento ao que determina a legislação em vigor. Aliada aos conhecimentos já descritos, a Logística de Transporte Internacional requer ainda, além de outros conhecimentos e habilidades específicas, a formação de uma rede ampla de parcerias, com diversos intervenientes no mercado de movimentação de cargas. Abordaremos, a seguir, alguns deles e suas principais funções na cadeia logística: ● transportadores: responsáveis diretos pelo transporte da mercadoria em qualquer modal de transporte. O conhecimento sobre a atuação destes profissionais proporciona uma maior flexibilidade no acionamento do modal mais indicado para o transporte de determinado produto. Os transportadores, assim como outros segmentos da cadeia de comércio exterior, adotaram ao longo destes últimos anos novas estratégias e ações voltadas ao atendimento de seus clientes. Os grandes grupos empresariais buscam, através de parcerias, formas de garantir o transporte e abastecimento de seus produtos em países, como o Brasil, que ainda apresentam uma série de deficiências e gargalos no setor de transportes. A atuação destas empresas vem apresentando destaque expressivo no cenário econômico nacional, pois através delas é que o custo das operações de transporte pode ser projetado de forma otimizada, proporcionando competitividade aos seus usuários; ● agentes de carga: representantes diretos dos armadores, são responsáveis pelo fechamento das cargas a serem embarcadas. São responsáveis pela intermediação entre o dono do navio e os importadores e exportadores, ofertando espaço nas embarcações e negociando os fretes. Os agentes de carga proporcionam vantagens para ambas as partes: para o armador, contribui para que o navio esteja com a ocupação máxima; e para o embarcador, há a oportunidade de embarque de lotes menores, pois, na maioria das vezes, as grandes empresas fecham grandes lotes, reduzindo muito os espaços disponíveis nos navios; ● despachantes aduaneiros: responsáveis pela parte burocrática do comércio exterior, proporcionam a tranquilidade e agilidade necessária às empresas no momento do desembaraço das mercadorias com os órgãos públicos. Alguns interpretam seu papel como apenas mais um dos intermediários na cadeia de comércio exterior, entretanto, o papel dos despachantes é fundamental para yasmi Realce TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 19 que as empresas foquem suas ações nas áreas pertinentes, e não percam tempo com procedimentos legais nem sempre tão simples. Procuram, na medida do possível, assessorar as empresas na busca por alternativas legais que tragam redução de custos e agilidade aos procedimentos de carga, descarga, armazenagem e liberação da mercadoria; ● terminais de carga: oferecem uma ampla gama de serviços na cadeia logística, desde a recepção, armazenagem, ovação, desova, contagens e recontagens, expurgo, movimentação e uma série de outros serviços que serão abordados na unidade seguinte. Estes terminais assumiram um papel importante em toda a cadeia logística, tendo em vista que a maioria das empresas está tentando reduzir seus custos com estoques e movimentação dentro das fábricas, razão pela qual, em vários casos, fica economicamente viável produzir e transferir os lotes aos terminais para armazenamento e posterior entrega no meio de transporte internacional; ● armador: normalmente o proprietário do navio, prestando o serviço de transporte de cargas em vários portos ou localidades do mundo. É juridicamente responsável pelas cargas que transporta, assim como é aquele que firma o contrato deste transporte com os embarcadores, através da emissão do conhecimento de embarque ou bill of lading; ● agente marítimo: é o representante legal do armador nos portos em que os navios normalmente fazem sua escala, sendo responsável pelo fechamento do espaço, booking, recebimento dos fretes para repasse ao armador; coordena toda a logística operacional do navio, entre outras funções; ● NVOCC (Non Vessel Operating Common Carrier): é o armador sem navio, realizando o serviço de transporte marítimo através dos armadores tradicionais. O NVOCC firma acordos com os armadores na compra de espaço no navio, através de contratos de frete. São utilizados para cargas tipo ship’s convenience. São atribuições: logística do transporte, recebimento e ovação das cargas, emissão do b/l etc. O conhecimento dos itens descritos torna mais eficiente o trabalho do profissional, pois o habilita a monitorar todas as fases do processo logístico. IMPORTANT E UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 20 A atividade de Despachante Aduaneiro é regulamentada pelo Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, no capítulo III, artigos 808 a 810, os quais transcrevemos a seguir: CAPÍTULO III DAS ATIVIDADES RELACIONADAS AOS SERVIÇOS ADUANEIROS Seção I Das Atividades Relacionadas ao Despacho Aduaneiro Subseção I Das Disposições Gerais Art. 808. São atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou na internação, transportadas por qualquer via, as referentes a: I - preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação de documentos relativos ao despacho aduaneiro; II - subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro, inclusive termos de responsabilidade; III - ciência e recebimento de intimações, de notificações, de autos de infração, de despachos, de decisões e de outros atos e termos processuais relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro; IV - acompanhamento da verificação da mercadoria na conferência aduaneira, inclusive da retirada de amostras para assistência técnica e perícia; V - recebimento de mercadorias desembaraçadas; VI - solicitação e acompanhamento de vistoria aduaneira; e VII - desistência de vistoria aduaneira. § 1o Somente mediante cláusula expressa específica do mandato poderá o mandatário subscrever termo de responsabilidade em garantia do cumprimento de obrigação tributária, ou pedidos de restituição de indébito, de compensação ou de desistência de vistoria aduaneira. § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá dispor sobre outras atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias. Art. 809. Poderá representar o importador, o exportador ou outro interessado, no exercício das atividades referidas no art. 808, bem assim em outras operações de comércio exterior: (Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º, caput e § 1o) I - o dirigente ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes da responsabilidade do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, no caso de operações efetuadas por pessoas jurídicas de direito privado; II - o funcionário ou servidor, especialmente designado, no caso de operações efetuadas por órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país NOTA TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 21 estrangeiro ou representação de órgãos internacionais; II-A - o empresário, o sócio da sociedade empresária ou pessoa física nomeada pelo habilitado, nos casos de importações ao amparo doregime de que trata o art. 102-A (Lei no 11.898, de 2009, art. 7o, § 2o); (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) III - o próprio interessado, no caso de operações efetuadas por pessoas físicas; e IV - o despachante aduaneiro, em qualquer caso. § 1o Nos despachos relativos ao regime de trânsito aduaneiro, o transportador ou o operador de transporte, quando forem beneficiários, equiparam-se a interessado. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) § 2o As operações de importação e exportação dependem de prévia habilitação do responsável legal da pessoa jurídica interessada, bem como do credenciamento das pessoas físicas que atuarão em seu nome no exercício dessas atividades, de conformidade com o estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) Subseção II Do Despachante Aduaneiro Art. 810. O exercício da profissão de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa física inscrita no Registro de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Decreto-Lei no 2.472, de 1988, art. 5º, § 3o) § 1o A inscrição no registro a que se refere o caput será feita, a pedido do interessado, atendidos os seguintes requisitos: I - comprovação de inscrição há pelo menos dois anos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; II - ausência de condenação, por decisão transitada em julgado, à pena privativa de liberdade; III - inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se for o caso, militares; IV - maioridade civil; IV-A - nacionalidade brasileira; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) V - formação de nível médio; e VI - aprovação em exame de qualificação técnica. § 2º Na execução das atividades referidas no art. 809, o despachante aduaneiro poderá contratar livremente seus honorários profissionais. (Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 5º) § 3º A competência para a inscrição nos registros a que se referem o caput e o inciso I do § 1º será do chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição aduaneira sobre o domicílio do requerente. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010) § 4o Para inscrição no Registro de Ajudante de Despachantes Aduaneiros, o interessado deverá atender somente os requisitos estabelecidos nos incisos II a V do § 1º. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 22 § 5º Os ajudantes de despachantes aduaneiros poderão estar tecnicamente subordinados a um despachante aduaneiro e exercer as atividades relacionadas nos incisos I, IV, V e VI do art. 808. § 6o Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010) I - editar as normas necessárias à implementação do disposto neste artigo; e (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) II - dar publicidade, em relação aos despachantes aduaneiros e ajudantes inscritos, das seguintes informações: (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) a) nome; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) b) número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) c) número de registro; (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) d) número e data de publicação do ato declaratório de inscrição no registro em Diário Oficial da União; e (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) e) situação do registro. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) § 7o Enquanto não for disciplinada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil a forma de realização do exame a que se refere o inciso VI do § 1o, o ingresso no Registro de Despachantes Aduaneiros será efetuado mediante o atendimento dos demais requisitos referidos no § 1º. § 8o Aos despachantes aduaneiros e ajudantes de despachantes aduaneiros inscritos nos respectivos registros até a data da publicação deste Decreto ficam asseguradas as regras vigentes no momento de sua inscrição. § 9o A aplicação do disposto neste artigo não caracterizará, em nenhuma hipótese, qualquer vinculação funcional entre os despachantes aduaneiros, ajudantes de despachante aduaneiro e a administração pública. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) § 10. É vedado, a quem exerce cargo, emprego ou função pública, o exercício da atividade de despachante ou ajudante de despachante aduaneiro. (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010) FONTE: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/decretos/2009/dec6759.htm>. Acesso em: 24 ago. 2011. Com o conhecimento dos intervenientes e dos fatores descritos, o profissional de logística poderá, então, oferecer uma ampla gama de serviços, com o intuito de proporcionar aos seus clientres: • serviço superior ao menor custo compatível; • conhecimento global da operação; • clientes leais; • criação de valor na cadeia logística; TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 23 • agrupamento de clientes com necessidades semelhantes, focando a redução de custos operacionais; • gestão global da operação; • customização de pacotes de serviços adequados a cada tipo de operação. Como vimos até aqui, o profissional de logística tem uma atuação bastante ampla na cadeia de comércio exterior. Mais do que um prestador de serviços, este profissional será o responsável direto pela gestão operacional do comércio exterior de qualquer empresa, tendo inúmeras responsabilidades e atribuições, dentre as quais podemos destacar: • planejamento; • controle e continuidade das operações; • follow up operacional; • desempenho operacional; • gestão de custos operacionais. Sabemos que a tarefa de consolidar o Brasil como uma grande nação exportadora e geradora de riquezas na retomada do crescimento econômico é uma tarefa árdua, porém não tão difícil como imaginávamos poucos anos atrás. Não basta sermos detentores de matéria-prima e mão de obra barata, nem produzir produtos com preços competitivos. Temos que buscar soluções práticas e criativas para resolver os graves problemas de comercialização e distribuição destes produtos no mercado internacional. Vencidos estes desafios, certamente teremos condições de ser mais eficientes e distribuir nossos produtos a preços competitivos, cumprindo à risca os prazos e condições que hoje são dominados pelas grandes potências econômicas. Estas potências há muito tempo se beneficiam de uma estrutura logística capaz de gerar lucros e oportunidades de negócios, em qualquer parte onde existir um consumidor em potencial. 5 CUSTOS OPERACIONAIS Agora vamos discorrer sobre os custos incidentes nas operações de movimentação de carga e como gerenciar estes custos para agregar valor às operações sem, no entanto, onerar as empresas com custos desnecessários ou mal planejados. yasmi Realce yasmi Nota custos operacionais corriqueiros UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTERNACIONAL 24 Para melhor entender a origem dos custos, necessitamos sempre conhecer as diferentes estruturas existentes para cada tipo de carga, os equipamentos utilizados nas movimentações e também os horários de execução dos serviços, pois todos estes fatores podem alterar significativamente o valor final de cada operação. Qualquer terminal, independente de seu tamanho ou localização, necessita de vários tipos de equipamentos, como empilhadeiras, cabos, cintas, caminhões para transporte interno, balanças rodoviárias etc., para efetuar os diversos serviços adequados a cada cliente. Tais equipamentos e também a mão de obra especializada representam um custo alto para estes terminais, inclusive alguns deles operam com equipamentos alugados ou arrendados, em virtude do grande investimento no ato da compra do equipamento. Para que a movimentação e a prestação do serviço sejam rentáveis para ambas as partes, são elaboradas tabelas de custos separadas por tipo de mercadoria, utilização ou não de mão de obra e horário a ser requisitado o serviço. As empresas preferem, em muitos casos, armazenar a sua mercadoria em terminais particulares
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