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Como cultivar mais vegetais - John Jeavons

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Como Cultivar Mais Vegetais
john jeaVons
Ecology Action of the Midpeninsula
Uma cartilha do estimulante método de CULTIVO BIOINTENSIVO de horticultura sustentável
8a 
EDIÇÃO
Ten Speed preSS
Berkeley
(e frutas, castanhas, bagas, grãos e outras culturas)
* do que você jamais pensou que fosse possível em menos espaço que você possa imaginar
Como Cultivar 
MAIS VEGETAIS*
Copyright © 1974, 1979, 1982, 1991, 1995, 2002, 2006, 2012 de Ecology Action of 
the Midpeninsula
Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos por Ten Speed Press, 
uma impressão do Grupo Crown Publishing, uma divisão de Random House, Inc., 
New York.
www.crownpublishing.com
www.tenspeed.com
Ten Speed Press and the Ten Speed Press colophon are registered trademarks of 
Random House, Inc.
www.growbiointensive.org
www.bountifulgardens.org
www.commongroundinpaloalto.org
Veja também: www.johnjeavons.info
 Informação de Catalogação de Publicação da Livraria do Congresso
Jeavons, John. 
Como cultivar mais vegetais: (e frutas, castanhas, bagas, grãos e outras culturas) do 
que você jamais pensou que fosse possível em menos espaço que você possa imaginar 
/ John Jeavons. Tradução de Nicolau, Carlos Henrique.
 p. cm.
 Inclui referências bibliográicas e índice.
 1. Horticultura. 2. Agricultura orgânica. I. Título. 
 SB324.4J43 2012
 635—dc23
 2011040066
ISBN 978-1-60774-189-3
eISBN 978-1-60774-190-9 
Tradução para o Português (Brasil): Carlos Henrique Nicolau 
www.casaemtransicao.hotglue.me
Revisão: Michele Côrrea Lau
Impresso nos Estados Unidos
Projeto por Betsy Stromberg
Ilustrações por Pedro J. Gonzalez, Ann Miya, Susan Stanley, Sue Ellen Parkinson, 
Betsy Jeavons Bruneau, e Dan Miller
Fotos nas páginas 14 e 235 por Cynthia Raiser Jeavons
Fotograia de capa (abóbora) e fotograia da espiral cortesia de Bountiful Gardens
Fotograia de capa (acelga vermelha) iStockphoto.com/swalls
Fotograia de capa (solo) iStockphoto.com/AdShooter
Fotograia de capa (botas vermelhas) iStockphoto.com/cjp
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 
Oitava Edição
DEDICADO À CYNTHIA RAISER JEAVONS
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii 
PREFÁCIO por Alice Waters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix
NOTA DO TRADUTOR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x
PREFÁCIO ação ecológica e o Projeto Chão Comum 
pela Equipe Ação Ecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi
INTRODUÇÃO Criando solo, Construindo o Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . 1
A História e Filosofia do Método de CULTIVO BIOINTENSIVO – Como usar 
este livro
1 Criação e Manutenção de solo Profundo . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Começando – Ferramentas Corretas • Esquematizando seus canteiros • Tipos 
de Preparação Profunda de Solo • Procedimento Geral de Dupla-Escavação 
• Considerações para Escavação Inicial em Solos Muito Pobres • Canteiros 
preparados
2 sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Fertilidade Sustentável do Solo • A Perda de Nutrientes e Húmus do Solo • 
Adição inicial de Húmus e Nutrientes ao Solo • 100% de Sustentabilidade 
Impossível • A Necessidade de Mais de 99% de Sustentabilidade • Busca da 
Sustentabilidade pela Ação Ecológica • Como Planejar a Fertilidade de Seu 
Solo
3 o Uso do Composto e a Fertilidade do solo . . . . . . . . . . . . . . 47
Um Sistema “Natural" • Funções do Composto • O Processo • Solo e Outros
Materiais na Pilha de Composto • Instalando a Pilha • Tamanho e Tempo •
Construindo a Pilha • Regando a Pilha • Cura do Composto e Taxas de Apli-
cação • Comparando os Métodos de Compostagem • Materiais para usar ao
mínimo ou nem usar • Benefícios do Composto no Solo • Construindo uma
Pilha de Composto Passo-a-Passo • Todo Composto Não é Igual
4 Fertilização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Testando o Solo • Coletando Uma Amostra de Solo • pH • Fontes Recomen-
dadas de Nutrientes • Adicionando Fertilizantes e Composto • Fertilização 
Mais Sustentável 
5 sementes de Polinização aberta, Propagação de sementes, 
espaçamento Curto e Conservação de sementes . . . . . . . . . .81
Plantando a Semente • Sementeiras • Solo das sementeiras • Algumas Causas de 
Má Germinação • Repicando as Mudas • Transplantando • Preenchendo Espaços 
Vazios • Plantando pelas Fases da Lua • Regando • Sombreamento • Miniestufas 
• Fatores Chave de Água • Capinando • Plantando na Estação 
6 Plantas Companheiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Saúde • Rotações • Nutrindo o Solo • Complementaridade Física • Relações 
com Ervas, Insetos e Animais
7 Um sistema Inter-relacionado de Cultivo de alimentos: 
Criação e manutenção de um sistema natural equilibrado 
com Insetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127
Predadores naturais • Outras Iniciativas
8 Gráficos Mestres e Planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Códigos das Letras • Vegetais e Hortaliças • Culturas Calóricas, Proteicas, de 
Grãos e Oleaginosas • Cultivos de Composto, Carbônicos, Matéria Orgânica, 
Forragem e Cobertura • Cultivos Energéticos, Fibras, Papel e outros • Cultivo 
de Árvores e Canas • Tabela de Espaçamento de Flores • Tabela de Espaça-
mento de Ervas • Planilha de Planejamento
9 exemplos de Planos de Cultivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .195
apêndices
APêNDICE 1 Ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
APêNDICE 2 a eficácia do método de CULTIVo BIoInTensIVo na 
melhoria da Produção sustentável e na Criação de solo . . . 229
APêNDICE 3 Publicações da ação ecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
APêNDICE 4 organizações e Informações Relacionadas . . . . . . . . . . . . . 241
APêNDICE 5 Filiação e encomendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
ÍNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
SOBRE O AUTOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
viii 
AGRADECIMENTOS
Betsy Bruneau, Rachael Leler, Tom Walker, Craig Cook, Rip 
King, Bill Spencer, George Young, Claudette Paige, Kevin Raftery, 
Marion Cartwright, Paka, Phyllis Anderson, Wayne Miller, Paul 
Hwoschinsky, Dave Smith, Steve and Judi Rioch, Louisa Lenz, Bill 
Bruneau, Dean Nims, Tommy Derrick, Carol Cox, Cynthia Raiser 
Jeavons, Rose Raiser Jeavons, Dan Whittaker, Shirley Coe, David 
Basile, Jed Diamond, Sensei, John Raiser, Helen Raiser, Jennifer 
Raiser, Phill Raiser, Victoria Raiser, Sheila Hilton, Mia Walker, Bill 
Somerville, John Beeby, Salvador Diaz, Bill Liebhardt, Jack e Vir-
ginia Jeavons, John Doran, Emmanuel Omondi, Joshua Machinga, 
Sandra Mardigian, Fernando Pia, Juan Manuel Martinez Valdez, 
Mercedes Torres Barreiro, e, especialmente, Jennifer Ungemach, 
Carol Vesecky, Vicci Warhol, Mary Zellachild, William Wardlaw e 
Patrícia Arnold, Maryanne Mot e Herman Warsh, Richard Rath-
bun, Mike e Diane Griggs, Steve e Carol Moore, Clancy Drake, 
Jasmine Star, Langtry Williams, Mark Larratt-Smith, Gayle Fill-
man, Jed Diamond, Karina MacAbee, Julian Gorodsky, Ellen Bar-
tholomew, Brian Bartholomew, Randy Fish, Dawn Grifn, Marie �
Laure Roperch, Jake Blehm, Mark House, Robert de Gross, Patricia 
Becker, Don Larson, Veronica Randall, Betsy Stromberg,membros 
da Ação Ecológica, e amigos, todos têm feito contribuições impor-
tantes para o conteúdo desse livro e seu espírito. 
Nós assumimos responsabilidade por quaisquer incorreções que 
tenham sido incluídas, elas são nossas e não de Alan Chadwick ou 
Stephen Kafka. Este livro não pretende ser um trabalho exaustivo 
no assunto, mas apenas um trabalho de simples completude. A 
maioria de nós na Ação Ecológica é um cultivador de nível iniciante 
a intermediário. O propósito deste livro é trazer à quanto mais pes-
soas possível, um método de horticultura e vida bonito e dinamica-
mente vivo. 
 ix
PREFÁCIO POR ALICE WATERS
Nos primórdios do Chez Panisse, quarenta anos atrás, nós 
tínhamos que implorar por feijões decentes, pegar limões das árvores 
de vizinhos, e caçar longe uma variedade de produto de qualquer 
qualidade. Mas a agricultura tem evoluído na Califórnia. Nós agora 
trabalhamos com, segundo última contagem, perto de cinquenta 
propriedades locais, de pequena escala, dirigidas por famílias e que 
cultivam – orgânica e sustentavelmente – as frutas e vegetais da 
estação que são a fundação de nossa culinária. Em grande parte, nós 
temos que agradecer à John Jeavons por isso. 
Eu conheci John no vigésimo aniversário do Chez Panisse, e ele 
se preparava para o vigésimo aniversário da Ação Ecológica. Nós 
dois tínhamos muito a celebrar. O trabalho que John havia começado 
em um pequeno jardim em Stanford havia inspirado pequenas 
propriedades em quase todo continente, ele já tinha trabalhado com 
os Peace Corps no Togo, ajudado a fundar um centro de agricultura 
no Kenya, lecionado no México, e apoiado programas na Rússia e 
Filipinas. Seu trabalho deu certo na inspiração, e a um ritmo rápido 
o suiciente para nos dar esperança real de que seremos capazes de 
cultivar comunidades sustentáveis ao redor do mundo.
Os métodos de John não são nada miraculosos. Ele tem 
demonstrado que quase qualquer solo pode ser preparado para 
o plantio de alimentos, e que inacreditáveis quantidades de 
produções de alta qualidade podem ser cultivadas, mesmo nas mais 
devastadas terras. Ele tem trabalhado incansavelmente para trazer 
autossuiciência para as mais pobres populações nas partes mais 
pobres do mundo. Enquanto escrevo, ele está se preparando para 
dividir seu método com os cinco mil produtores de pequena escala 
dos cento e trinta e um países esperados no Terra Madre, o encontro 
bianual de agricultores em Turin, Itália, organizado pelos eco 
gastrônomos do Slow Food International. Não posso imaginar lugar 
mais apropriado para a disseminação de suas ideias. 
Vandana Shiva, uma sincera ativista indiana da alimentação, tem 
dito que as quintas são zonas de paz neste planeta. Uma revolução 
pacíica na agricultura – que eu gosto de chamar de revolução deliciosa 
– começou, e John é um de seus mais brilhantes líderes. Como Cultivar 
mais Vegetais pode ser um dos mais importantes guias de “como fazer” 
jamais escritos. 
x 
NOTA DO TRADUTOR
Em geral, os seguintes critérios foram estabelecidos no texto:
1) Foi utilizado o Sistema Internacional de Medidas (S.I.U.) 
ou, em alguns casos, as unidades mais usuais. Foram utilizadas as 
seguintes unidades de medida:
 a) comprimento: milímetro (mm), centímetro (cm), metro 
(m), onde no original usou-se inches ou foot.
 b) massa: grama (g), ou quilo (kg), onde no original usou-se 
pounds, ou ounces,
 c) área: metro quadrado, onde no original usou-se square 
foot.
 d) Volume: centímetro cúbico (cm3), litro (L) ou metro 
cúbico (m3), onde no original usou- se cubic feet ou cubic yard.
 e) Temperatura: graus Celsius (ºC), onde no original usou-
se Farenheit (ºF)
2) O arredondamento das medidas foi usado, sendo feita a 
aproximação ao número inteiro ou fração decimal mais próxima.
3) Em relação à fauna e lora, foram selecionados, quando pos-
sível, os nomes a partir das respectivas nomenclaturas cientíicas, 
sendo escolhidos os correspondentes populares em português com 
menor teor de ambiguidade. Ainda assim, a acuidade da tradução 
só pode ser garantida acessando-se os nomes na língua original, 
devendo também ser lembrado que muitas espécies são nativas da 
América do Norte, o que diiculta a sua tradução.. 
xi
PREFÁCIO
ação ecológica e o 
Projeto Chão Comum 
pela Equipe Ação Ecológica
oBjeTIVo da ação eCoLóGICa: Agir como um catalisador, instruir 
professores e treinar estudantes
O trabalho tem sido sempre válido apesar do contínuo desaio em 
atrair apoio forte e atual. A maior qualidade deste empreendimento 
é a infalível estamina e dedicação de John Jeavons. Muitas vezes, 
quando todos nós perguntamos, “Isso funciona?” ele responde, 
“Como nós faremos para que isso funcione?” Está se tornando 
inacreditavelmente claro que o CULTIVO BIOINTENSIVO – Micro-
Produção Sustentável será uma parte importante na solução da 
fome e desnutrição, da diminuição de suplementos energéticos, 
desemprego e exaustão e perda de terras aráveis, se os desaios 
sociais e políticos puderem ser cumpridos.
Após quarenta anos de testes, o CULTIVO BIOINTENSIVO 
de alimentos tem produzido benefícios fantásticos. Safras podem 
atingir médias de 2 a 6 vezes às da agricultura americana, e 
algumas poucas podem atingir até 31 vezes – uma vantagem em 
tempos de pico de alimentos. Mas ainda há mais a aprender; por 
exemplo, ainda estamos trabalhando para desenvolver um sistema 
de solo perfeitamente saudável. A compostagem e o cultivo de 
calorias apresentam os maiores desaios por que eles são cruciais 
xii Ação Ecológica e o Projeto Chão Comum
para alcançar as necessidades nutricionais das pessoas e do solo. 
Experimentos incluem alfafa, feijões de fava, trigo, aveias, cardos 
e confrei. Até agora, nossas colheitas são de uma a cinco vezes 
maiores que a média americana para estes cultivos. O uso de água 
está bem abaixo da agricultura comercial por quilo de alimento 
produzido, e cerca de 33% a 12% das técnicas convencionais, por 
unidade de área cultivada. Isso é especialmente importante em um 
mundo que alcançou o pico de água.
O gasto energético, expresso em quilocalorias de insumos, é de 
6% a 1% do usado pela agricultura comercial, e ajuda a enfrentar o 
desaio do pico de petróleo. O corpo humano é ainda mais eiciente 
do que qualquer máquina que tenhamos sido capazes de inventar. 
Diversos fatores contradizem a concepção popular de que este é 
um método de trabalho intensivo. Usar ferramentas manuais pode 
parecer mais trabalhoso, mas as colheitas mais do que compensam. 
Mesmo a 1 dólar por quilo no atacado, abobrinhas podem trazer de 
$18 a $32 por hora, dependendo do tempo de colheita, porque são 
fáceis de cultivar, manter e colher. O tempo gasto na preparação do 
solo é mais do que compensado depois, em menor necessidade de 
capina, desbaste, cultivo e outras tarefas por unidade de área e por 
unidade de colheita. Irrigação e colheita manuais parecem ser o que 
toma mais tempo. Preparação inicial do solo, incluindo fertilização 
e plantio, pode tomar de 5 a 9 horas e meia a cada 9 metros 
quadrados de canteiros cultivados. Consequentemente, o tempo 
gasto diminui drasticamente. Uma nova ferramenta de escavação, 
a Barra em U, tem reduzido subsequentemente a preparação dos 
canteiros para até poucos 20 minutos. Uma nova ferramenta de 
irrigação manual que rega mais rapidamente e mais gentilmente 
também está sendo desenvolvida.
A natureza tem respondido às nossas perguntas originais 
com uma abundância ainda maior que esperávamos, e temos 
direcionado nossas pesquisas para a mais importante questão 
que pode ser perguntada em qualquer sistema agrícola: Isso é 
sustentável? Atualmente o método de CULTIVO BIOINTENSIVO1 
usa 50%, ou menos, de fertilizantes comprados quando comparado 
ao uso de agricultores comerciais. Podemos manter todos os níveis 
de nutrientes no lugar, uma vez que eles foram construídos e 
balanceados? Ou algum aditivo externo serásempre necessário? 
Precisamos olhar mais atentamente para todos os nutrientes: 
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e micro minerais. Qualquer 
um pode ter bons cultivos em bom solo, enriquecendo às custas 
das riquezas acumuladas da natureza. O método de CULTIVO 
BIOINTENSIVO aparece para permitir a qualquer um pegar 
 Ação Ecológica e o Projeto Chão Comum xiii
“o pior solo possível” (avaliação de Alan Chadwick sobre nosso 
lugar de pesquisa original em Palo Alto) e transformá-lo em um 
jardim abundante ou mini fazenda. O monitoramento preliminar 
de nosso processo de criação de solo, por um cientista em solos da 
Universidade da Califórnia, foi provavelmente a mais importante 
informação coletada sobre nosso local inicial. O monitoramento 
contínuo irá revelar novos segredos e prover esperança para 
pessoas com solos marginais, desgastados ou desertiicados. No 
entanto, uma resposta completa para a questão de longo prazo da 
fertilidade sustentável do solo irá requerer ao menos cinquenta 
anos de observação, ao passo que o solo vivo se modiica e cresce! 
Nós continuamos a trabalhar com essa oportunidade. Porque não 
criarmos ecossistemas de esperança?
Nove anos de cultivo e testes no jardim urbano e mini fazenda 
da Ação Ecológica chegaram ao im em 1980 devido ao término 
de nosso contrato de aluguel e uma nova construção no terreno. 
Assim como outras terras agricultáveis nos Estados Unidos, 
nossos amáveis canteiros sucumbiram à pressão da urbanização. 
A urbanização nos preparou para um lugar rural. As instalações 
da mercearia e as linhas elétricas foram trocadas por céus abertos 
e espaço para plantar mais ervas, lores, vegetais, feijões, grãos e 
culturas de composto que jamais imaginamos. Na Mini fazenda 
Chão Comum, em Willits, Califórnia, estamos usufruindo de um 
lugar permanente onde podemos plantar árvores de todos os tipos 
– para alimento, combustível e beleza. Outros projetos incluem um 
campo autofertilizante composto de ervas aromáticas e trevos, e uma 
mini fazenda funcional. Em 1973, nós estimamos inicialmente que 
uma pessoa com uma pequena propriedade (1/8 a 1/2 acre) poderia 
produzir cultivos que gerassem rendimentos de $5.000 a $20.000 
por ano (de R$100 a $400 por semana), após quatro ou cinco anos. 
No entanto, uma senhora na Ilha de Vancouver, British Columbia, 
estava ganhando em torno de $400 por semana, cultivando vegetais 
gourmet para restaurantes, em 1/16 de acre, vinte anos depois 
de nosso começo. Em princípio, ela pensou que não seria possível, 
mas quando ela tentou os cultivos para proventos, funcionou. 
Depois ela passou suas habilidades para outras vinte mulheres. As 
culturas incluíam couve manteiga, acelgas, beterrabas, beterraba 
forrageira, espinafre, cebolinhas, alho, rabanetes, alface romana 
e bibb, abobrinha, pepinos, abóbora pattypan e lavanda. Melhor 
que somente procurar a Ação Ecológica em busca de respostas, nós 
esperamos que você se envolva e tente o CULTIVO BIOINTENSIVO 
por si mesmo! Como este livro demonstra, as técnicas são simples de 
usar. Não são necessários grandes gastos com capital para começar. 
Nota: O método de CULTIVO 
BIOINTENSIVO é muito eficiente 
em energia, muito porque ele 
depende do trabalho do capaz e 
eficiente corpo humano, ao invés do 
trabalho das máquinas. Uma pessoa 
consome anualmente em alimentos 
a energia equivalente a 123 litros de 
gasolina. Em contraste, o carro mais 
econômico gastará o mesmo em 
um mês ou dois de simples direção. 
Imagine o combustível consumido 
por um trator em um ano!
xiv Ação Ecológica e o Projeto Chão Comum
As técnicas funcionam em climas e solos variados. Agricultores 
americanos estão alimentando o mundo, mas a mini produção pode 
dar às pessoas conhecimento e empoderamento para que alimentem 
a si mesmas.
Colado na parede de nosso centro local de desenvolvimento, 
existia um irônico guia chamado 50 Coisas Realmente Difíceis que 
Você pode Fazer para Salvar a Terra. O segundo item era “Cultive 
todos seus próprios vegetais”. Nós tínhamos que rir. Havíamos 
mudado para nossa nova minifazenda em Willits com um plano 
para autossuiciência em alimentos a curto prazo. Isso foi há 
quarenta anos atrás. Nós ainda somos gozados pela vizinhança por 
corrermos para o mercado de produtores para comprar milho verde, 
cenouras e outros vegetais e frutas para alimentar uma extensa 
família de equipe, aprendizes, internos e amigos em nosso centro 
de pesquisa. Prioridades de pesquisa muitas vezes interferem no 
cultivo de nossos próprios vegetais e frutas. É difícil pesquisar, 
escrever, publicar, ensinar, fazer contatos ao redor do mundo – e 
cultivar – tudo ao mesmo tempo!
Rachael Leler disse: “Meu primeiro jardim foi um total fracasso. 
Eu planejei, cavei e plantei, mas ainda não havia aprendido como 
cultivar. Agora minha aula favorita de ensinar é sobre compostagem. 
Eu trago uma jarra de vidro com resíduos– uma poção viscosa de 
cascas de batata, borras de café e as rosas apodrecidas da semana 
passada. A outra jarra contém composto – cheiro doce, de terra, e vivo, 
e, a propósito, nada a ver com o peneirado e homogeneizado produto 
vendido em centros de agricultura. Estas duas jarras me lembram da 
mágica transformação de um jardim: saúde do lixo, riquezas do lixo. 
Eu posso “ver” a mágica imediatamente, apesar de ter levado anos 
para que compreendesse isso!”
Betsy Bruneau, sênior da equipe, tem uma ainidade por 
pequeninas formas de vida. Ela nos ensinou a apreciar a variedade 
ininita de líquens que se pegam em pedras nuas e árvores caídas, 
criando solo para formas de vida maiores ainda por vir. As pessoas 
costumavam trazer insetos para nossa loja para identiicá-los. A 
primeira resposta de Betsy era usualmente um sussurado “Que 
lindo!” Ela admirava-se com os mandarovás de cores intensas do 
tomate, com as intrincadas marcas nas conchas de sábios e velhos 
caracóis e com o fato de tesourinhas serem ótimas mães.
Nós vivemos em uma era de consumo, onde somos 
constantemente exortados a nos medirmos por nossas posses. Não 
importa quão ricos planejemos ser, algo de humano em nós diz 
que nosso verdadeiro valor é reletido por aquilo que nós mesmos 
criamos. Porquê não fazê-lo cheio de vida ao invés de poluído. 
 Ação Ecológica e o Projeto Chão Comum xv
Nossa vizinha Ellen passou todo o dia fazendo conservas de feijão 
trepador e picles, e ainda trabalhou até meia noite para inalizar 
uma fornada de framboesas. Uma de suas observações é: “Não há 
descanso para o jardineiro... mas há sempre sobremesa!”
Cultivar nem sempre é fácil, mas as recompensas são pessoais 
e divertidas. Para a maioria de nós, o meio ambiente é o que está 
ao nosso redor, separado das atividades humanas. Cultivar oferece 
a chance de nos tornarmos parceiros da natureza. A recompensa 
não é somente uma salada do quintal ou uma reluzente jarra de 
pêssegos. Cultivar é o processo de cavar o solo, iniciar pequenas 
sementes, observar uma pequena macieira crescer. Cultivar é uma 
educação em observação, harmonia, honestidade e humildade – em 
saber e entender nosso lugar no mundo.
Mas o impacto também é global. Alan Chadwick sentiu que 
cultivar era o único caminho para prevenir outra guerra mundial 
– para trazer uma paz viva e ativa na Terra, trabalhando com 
forças de vida saudáveis, criativas e positivas. Ao fazermos isso, 
nos tornamos um com estas forças de vida. Ele sentiu que “ao 
soprarmos vida de volta ao solo, nós sopramos vida de volta a nós 
mesmos.” Os tomates cultivados em casa não requerem combustível 
para transporte, embalagens para serem enviadas ao aterro, 
decisões políticas sobre quem está autorizado a trabalhar nos 
campos ou quais níveis de poluentes são aceitos em nossos lençóis 
d'água. A natureza não é sempre um Jardim do Éden. Alguma 
parceria é requerida para trazer o melhor tanto da natureza 
quanto das pessoas. “Dê à Natureza e ela o retribuirá em gloriosaabundância” era um dos ditos favoritos de Chadwick. O cultivo 
e micro produção nos dão a oportunidade de participar da sutil 
transformação de desertos em delícias. (N. do T.: no original, em 
inglês, desert into dessert). Tudo que precisamos fazer é começar 
com um canteiro e cuidar bem dele, e teremos começado o processo 
emocionante, expansivo e de entrega, de dar vida e saúde à Terra e a 
nós mesmos.
NOTAS FINAIS
 1 Neste livro você verá os termos cultivo biointensivo e Biointensivo. Ambos 
referem-se à programas, projetos e indivíduos usando algo ou mais, respec-
tivamente, das técnicas biologicamente intensivas antes da Ação Ecológica 
registrar a marca, em 1999, do CULTIVO BIOINTENSIVO, e/ou não usando 
todos os aspectos do CULTIVO BIOINTENSIVO, que têm o objetivo de maxi-
mizar sistemas fechados de produção sustentável de alimentos. 
xvi
1
INTRODUÇÃO 
Criando solo, 
Criando o Futuro
Temos um emocionante desaio à nossa frente. Como podemos 
revitalizar nosso extraordinário planeta, assegurando vida e 
saúde para o ambiente, para as formas de vida da miríade de 
ecossistemas, humanidade e gerações futuras? A resposta está 
mais próxima de nós do que a comida que consumimos todos os 
dias. Podemos começar a criar um mundo melhor exatamente 
de onde estamos – em jardins caseiros e pequenas propriedades. 
Milhões de pessoas em mais de 140 países já estão usando as 
técnicas de CULTIVO BIOINTENSIVO de Micro Produção 
Sustentável em direção à um mundo melhor. 
Nós “plantamos” como comemos. Se consumimos alimentos que 
foram cultivados usando métodos que inadvertidamente esgotam 
o solo no processo de crescimento, nós somos responsáveis pela 
exaustão do solo. É assim que estamos “cultivando”. Se, em vez 
disso, nós cultivamos ou requeremos alimentos cultivados de modo 
a sanar a Terra, então estamos curando a Terra e seu solo. Nossa 
escolha alimentar diária faz a diferença. Podemos escolher nosso 
sustento enquanto ampliamos a vitalidade do planeta. No processo, 
preservamos recursos, respiramos um ar mais limpo, desfrutamos 
de bons exercícios e comemos alimentos puros.
Quais são as dimensões do desaio de cultivar alimentos que 
dão energia ao solo? Práticas correntes da agricultura destroem 
declaradamente aproximadamente 3 quilos de solos para cada 
Eles estão criando pessoas 
todos os dias, mas não estão 
criando mais terra.
— WILL RoGeRs
2 Criando Solo, Criando o Futuro
meio quilo de alimento produzido1. As áreas de cultivo nos Estados 
Unidos estão perdendo solo supericial 18 vezes mais rápido do que 
a taxa de formação do solo. Esta perda não é sustentável. De fato, 
só restam ao mundo aproximadamente de 33 a 49 anos de solo 
agricultável que valha.2
Porque isso está acontecendo? Práticas de agricultura 
convencional frequentemente exaurem o solo 18 a 80 vezes mais 
rápido do que a natureza o constrói. Este fenômeno acontece 
quando o húmus (matéria orgânica curada) do solo é usado e não 
é reposto, quando os padrões de cultivo são usados de forma a 
esgotar a estrutura do solo e quando minerais são removidos do 
solo mais rapidamente do que podem ser repostos. Até mesmo a 
agricultura orgânica provavelmente exaure o solo de 9 a 67 vezes 
mais rápido do que a natureza pode criá-lo, ao importar matéria 
orgânica e minerais de outros solos, que, assim, se tornam cada vez 
mais empobrecidos. O resultado planetário é uma redução em rede 
da qualidade global do solo.
Em contraste, as técnicas usadas no CULTIVO 
BIOINTENSIVO de Micro produção Sustentável podem criar o 
solo 60 vezes mais rápido que a natureza3. O objetivo geral das 
técnicas de CULTIVO BIOINTENSIVO, que distinguem estas 
técnicas das práticas Biointensivas, é a miniaturização da produção 
de alimentos em um sistema fechado. O CULTIVO BIOINTENSIVO 
pressupõe o uso das seguintes oito técnicas em um sistema fechado 
que não usa nenhuma substância química. Dez anos atrás, a Ação 
Ecológica cunhou o termo “CULTIVO BIOINTENSIVO” para 
referir-se a este estilo de produção.
As técnicas Biointensivas incluem:
Preparação profunda do solo, que desenvolve a boa estrutura do 
solo. Uma vez que a estrutura está estabelecida poderá ser mantida 
por muitos anos com um cultivo supericial de 5 centímetros 
de profundidade (até que a compactação necessite outra vez de 
preparação profunda do solo).
O uso de composto (húmus) para fertilidade do solo e nutrientes.
Pequeno espaçamento de plantas, como na natureza. 
Plantio sinergético de combinações de plantio para que as 
plantas que crescem conjuntamente melhorem umas às 
outras.
 Criando Solo, Criando o Futuro 3
Cultivo eiciente em carbono, no qual aproximadamente 60% 
da área de plantio é plantada com sementes de duplo propósito 
e cultivos de grãos para a produção de grandes quantidades de 
material carbônico para composto e quantidades signiicantes de 
calorias dietéticas.
Cultivo eiciente em calorias, no qual aproximadamente 30% da 
área de plantio é plantada com cultivos de raízes especiais, como 
batatas, alho poró alho, pastinacas e tupinambos, que produzem 
uma grande quantidade de calorias para a dieta por unidade de 
área.
O uso de sementes de polinização aberta para preservar a 
diversidade genética.
Um sistema de agricultura integral e inter-relacionado. 
Quando o CULTIVO BIOINTENSIVO é usado apropriadamente 
– com todos seus componentes e todos seus resíduos reciclados e 
suiciente matéria orgânica cultivada para assegurar que cada 
propriedade possa produzir composto suiciente para criar e manter 
a fertilidade sustentável do solo – o CULTIVO BIOINTENSIVO 
Micro produção Sustentável pode criar solo rapidamente e manter 
sua fertilidade sustentável. É como cada um de nós usa o CULTIVO 
BIOINTENSIVO, ou outras práticas de cultivo de alimentos, que 
faz a verdadeira diferença!
A combinação destas técnicas torna possível uma grande 
redução de recursos comparados às práticas da agricultura 
convencional, enquanto aumenta a fertilidade do solo e a 
produtividade.
 • Uma redução de 67% a 88% no consumo de água por unidade 
de produção
 • Uma redução de 50% ou mais no montante de fertilizantes 
comprados na forma de fertilizantes orgânicos requeridos por 
unidade de produção
 • Uma redução de 94% a 99% no montante de energia usada 
por unidade de produção
 • Um aumento de 100% na fertilidade do solo, enquanto a 
produtividade aumenta e o uso de recursos diminui
Nota: Mais de 6 bilhões de formas 
de vida microbianas podem viver 
em 5 gramas de composto curado, 
aproximadamente o tamanho de 
um quarteirão.
4 Criando Solo, Criando o Futuro
 • Um aumento de 200% a 400% na produção calórica por 
unidade de área
 • Um aumento de 100% nos rendimentos por unidade de área
No entanto, o CULTIVO BIOINTENSIVO de Micro produção 
Sustentável (ou qualquer outra prática de agricultura sustentável) 
não é uma panaceia. Se não usadas apropriadamente, as práticas de 
CULTIVO BIOINTENSIVO podem esgotar o solo mais rapidamente 
que outras práticas de agricultura por causa da alta produtividade. 
Mas, acima de tudo, usar somente uma abordagem para cultivar 
alimentos não seria vital. Seria uma outra forma de “mono-cultivo” 
em um ecossistema mundial vivo que se desenvolve na diversidade. 
No futuro, enfoques sustentáveis serão provavelmente uma síntese, 
uma colagem sustentável de:
 • CULTIVO BIOINTENSIVO
 • Agroloresta
 • Plantio direto de alimentos de Fukuoka
 • Agricultura Tradicional Asiática de arroz alagado com algas 
cianofíceas
 • Agricultura “árida” de chuvas naturais
 • Agricultura indígena
Estas técnicas de cultivo de alimentos são apenas parte de um 
futuro sustentável. Para preservar a diversidade genética 
animal e vegetal da qual todos dependemos, precisaremos 
manter metade das terras agricultáveis do mundo selvagens, 
em estado natural. Ao começarmos a usar os preceitos 
sustentáveis de cultivo de alimento, das terras e da conservaçãode recursos, mais áreas selvagens permanecerão intocadas, logo 
mais diversidade animal e vegetal em perigo na Terra poderá ser 
preservada. Esta riqueza de diversidade genética é necessária se o 
planeta no qual vivemos existe para manter a abundância.
Geralmente, os desaios da fome mundial, da degradação do 
solo e da diminuição de recursos parecem ser tão avassaladores 
que tendemos a procurar por grandes soluções, tais como o envio de 
quantidades massivas de grãos, a criação de cultivos miraculosos 
A população aumentará 
rapidamente, mais rápido que 
em tempos antigos, e de longe 
a mais valiosa de todas as 
artes será a arte de obter uma 
subsistência confortável no 
menor pedaço de terra.
—aBRahaM LInCoLn
 Criando Solo, Criando o Futuro 5
de alta produtividade, ou o estabelecimento de infraestruturas - 
empréstimos bancários, compra de maquinários e fertilizantes, 
mercados e estradas. Estas soluções criam dependência a longo 
prazo. O que é tão emocionante sobre um enfoque pessoal é que 
este procura responder a questão “Como podemos nos capacitar 
para darmos conta de nossas necessidades?” Soluções pessoais 
terão aplicações tão variadas como pessoas, solos, climas e culturas. 
Nossa pesquisa é uma das propostas sustentáveis, o CULTIVO 
BIOINTENSIVO, um caminho para as pessoas começarem a 
desenvolver suas soluções. 
Nosso trabalho cultivou uma preocupação pessoal sobre a 
fome mundial e a desnutrição, ampliado por uma avaliação sóbria 
da insustentabilidade dos métodos correntes mais dominantes de 
produção da nossa comida. Chegamos a acreditar que se podemos 
determinar o menor pedaço de terra e recursos necessários à uma 
pessoa para suprir todas as suas próprias necessidades de uma 
forma sustentável, nós podemos chegar a uma solução pessoal. 
E se uma pessoa pudesse, em uma pequena área, facilmente 
cultivar todas as culturas que supririam todo alimento, roupas, 
materiais de construção, materiais para composto, sementes e 
rendimentos para um ano inteiro? Perguntamos se alguém sabia 
a menor área requerida. Ninguém sabia. Então começamos nossa 
busca de 40 anos (ainda contando).
Da maneira que a humanidade está vivendo e aumentando a 
população, não seremos capazes de prover nossa própria comida 
necessária se não criarmos um solo vivo a tempo do pico de solos 
agricultáveis. Os gráicos no Apêndice 2 ilustram como em menos 
de dois anos, haverá somente uma média abaixo de 836 metros 
quadrados de terra agricultável por pessoa para um grande número 
de pessoas. Também precisamos deixar metade desta terra em seu 
estado natural e selvagem, para preservar a diversidade genética 
animal e vegetal em ecossistemas prósperos. Por sua vez isso 
permitirá aos ciclos da Natureza proverem uma vida maravilhosa 
para todos nós.
Por isso, muitas das terras teoricamente acessíveis se tornam 
limitadas a 418 metros quadrados, e esta disponibilidade pode ser 
limitada além disso, ao tornar-se a água menos disponível para 
culturas de água. A ONU-FAO relatou que, em menos de 13 anos, 
em 2025, com o aumento da limitação de água disponível, mais de 
dois terços da população mundial, em torno de 5 bilhões de pessoas, 
não terão água suiciente para cultivar alimentos suicientes. Com 
o CULTIVO BIOINTENSIVO de Micro Produção Sustentável , 
pode ser possível cultivar todo o alimento para a nutrição de uma 
6 Criando Solo, Criando o Futuro
pessoa, assim como alimento para o solo, em menos de 370 metros 
quadrados, sem muita diiculdade – e com menos de 67% a 88% de 
água por quilo de alimento produzido. Isso é importante, uma vez 
que 70% a 80% da água usada por pessoas é usada na agricultura. 
Se todos tivermos o desejo, podemos transformar a escassez de água 
em abundância. 
A crise energética não está em um barril de óleo, está 
primeiramente em nós mesmos!
Também acreditamos que o CULTIVO BIOINTENSIVO 
pode produzir mais rendimentos por acre do que as práticas de 
agricultura convencional. Lutando por um cultivo de qualidade, 
uma pessoa pode assim ser capaz de prover uma dieta e 
rendimentos com um solo vivo mais do que suiciente para suas 
necessidades. O esforço produzirá um renascença humana e 
uma cornucópia de alimentos para todos.
O mundo todo está se tornando urbanizado. Atualmente, 
91% das pessoas na Índia vivem em cidades. Em breve, 90% das 
pessoas na China serão urbanas. Japão, México e Quênia estão 
importando aproximadamente 60% de suas calorias. Pessoas estão 
se mudando para cidades em busca de uma vida melhor e maior 
“segurança alimentar”, ainda que cada vez mais a oferta mundial de 
alimentos excedentes esteja diminuindo. E se não fossemos capazes 
de importar alimentos à um preço razoável, ou de modo algum? 
A maioria das pessoas do mundo perdeu as técnicas de cultivo. 
Os chineses costumavam chamar seus agricultores de Bibliotecas 
Vivas, porque sabiam que os agricultores sabiam mais do que 
eles haviam aprendido na escola, que seus pais ou de milênios de 
experiência e tradição. Eles os sentiam em suas mãos e corações. 
Precisamos reaprender isso! A cultura Hananoo nas Filipinas 
se desenvolveu na Idade da Pedra. Eles ainda prosperam. Seus 
membros são analfabetos. Oitenta por cento de suas conversas 
durante as refeições são sobre cultivo de alimentos, e suas crianças 
brincam de agricultor. Esta cultura tem mais de 200 cultivos, um 
sistema de rotação de 5 anos com 40 variedades de arroz cultivadas a 
cada ano – para que, caso o clima esteja quente, frio, úmido ou seco, 
tenham uma boa colheita de calorias! A cultura Maia na Guatemala 
sobreviveu enquanto outras civilizações ao seu redor pereceram. 
Eles o izeram, em parte, através do cultivo biologicamente intensivo 
de alimentos por zonas. Ninguém sabe porque esta cultura tão 
habilidosa e inteligente eventualmente desapareceu. Existem 
muitas possibilidades, incluindo doenças, mas uma delas é de que 
as práticas de cultivo de alimentos possam não ter sido usadas com 
total sustentabilidade. Muitas culturas pereceram por práticas 
A segurança de nosso 
futuro agora depende do... 
desenvolvimento de novas e 
mais produtivas tecnologias de 
cultivo.
—LesTeR BRoWn
 Criando Solo, Criando o Futuro 7
insustentáveis no solo. A África do Norte costumava ser o celeiro de 
Roma – até que foi cultivada à exaustão. Agora é em grande parte 
um deserto. O Deserto do Saara costumava ser uma loresta, até ser 
cortada com muita frequência. À taxa que o mundo tem se tornado 
desertiicado desde 1977, o planeta deve estar completamente 
desertiicado em apenas 70 anos. Talvez hajam menos de 33 a 49 
anos de terras agricultáveis remanescentes no mundo.
Todos temos uma oportunidade agora de nos tornarmos 
instruídos na agricultura! O mundo gastou seus últimos 30 anos 
tornando-se instruído em computadores. Porque não gastarmos os 
próximos 30 anos nos tornando instruídos na agricultura? Se podemos 
ir à lua e voltar com toda nossa inteligência, habilidade e sabedoria, 
nós podemos construir solo – e este bolo esponjoso vivo pode cultivar 
alimentos para nós, e mais bons materiais para composto, para 
enriquecer nossos solos. A revista Newsweek uma vez chamou o solo 
produzido por métodos de cultivo biologicamente intensivos de sacher 
torte, ou confeitaria de alta qualidade, na agricultura. 
Podemos pensar que isso seja impossível, ainda que uma 
cultura da Antiga Idade da Pedra no norte do Irã há 10.000 
anos atrás cultivasse suas necessidades calóricas em apenas 
20 horas por ano – 20 minutos por dia por 60 dias – de acordo 
com antropólogos. Vamos nos dar uma quíntupla desvantagem e 
trabalhar no redescobrimento de como cultivar todo nosso alimento 
em apenas 100 horas por ano por pessoa!
Como podemos viver melhor com menos recursos? Isso é 
possível! 
Porque não começar agora e evitar a pressa? 
8 Criando Solo, Criando o Futuro
a história e Filosofia do Método de 
CULTIVo BIoInTensIVo
O métodode CULTIVO BIOINTENSIVO de horticultura é uma 
arte quieta e vital de agricultura orgânica que conecta pessoas 
com todo o universo – um universo em que cada um de nós é uma 
parte interligada com o todo. Pessoas encontram seu lugar ao se 
relacionarem e cooperarem em harmonia com o sol, ar, chuva, 
solo, lua, insetos, plantas e animais, em vez de tentar dominá-los. 
Todos estes elementos nos ensinarão suas lições e farão por nós a 
jardinagem, se apenas os observarmos e ouvirmos. Nos tornamos 
gentis pastores provendo as condições para o crescimento da planta.
A agricultura biologicamente intensiva data de quatro mil anos 
atrás na China, dois mil anos na Grécia e mil anos na América 
Latina. De fato, a cultura Maia cultivou alimentos desta maneira 
em seus lares em um esquema de vizinhança. Esta é uma das 
razões pela qual sua cultura sobreviveu enquanto outras ao redor 
entravam em colapso.
O método de CULTIVO BIOINTENSIVO é a combinação de 
duas formas de horticultura praticadas na Europa durante o século 
18 e começo do século 19. Técnicas francesas intensivas foram 
desenvolvidas nos séculos 17 e 18 fora de Paris. Culturas eram 
cultivadas em 45 centímetros de esterco de cavalo, um fertilizante 
que estava prontamente disponível. Eram cultivadas tão próximas 
umas das outras que quando as plantas estavam maduras suas 
folhas podiam se tocar. O curto espaçamento provia um microclima 
e uma cobertura viva que reduzia o crescimento de ervas daninhas 
e ajudava a manter a umidade do solo. Durante o inverno, jarros 
de vidro eram colocados entre as sementes para dar-lhes um início 
precoce. Agricultores plantavam mais de nove safras durante o ano 
e ainda podiam cultivar melões durante o inverno.
Técnicas biodinâmicas foram desenvolvidas em meados de 1920 
por Rudolf Steiner, um brilhante ilósofo e educador austríaco. Seu 
trabalho começou após a introdução de fertilizantes e pesticidas 
químicos. Inicialmente, apenas fertilizantes nitrogenados eram 
utilizados para estimular o crescimento. Depois, fósforo e potássio 
eram adicionados para dar força às plantas e minimizar doenças 
e problemas com insetos. Eventualmente, micro-minerais eram 
adicionados às despensas químicas para completar a dieta das 
plantas. Os nutrientes físicos, individualmente, em forma de sal 
solúvel em fertilizantes químicos, não eram nem completos nem 
refeições vitais para as plantas, causando desequilíbrios que 
 Criando Solo, Criando o Futuro 9
atraíam doenças e insetos. Tais fertilizantes causaram mudanças 
químicas no solo que daniicaram sua estrutura, mataram a vida 
microbiana benéica e reduziram em muito a habilidade do solo de 
criar nutrientes que já estavam no ar e no solo, disponíveis para 
as plantas. Steiner relatou que o número de cultivos afetados por 
doenças e problemas com insetos aumentou, enquanto o valor 
nutritivo e a produção diminuíram
Steiner rastreou a causa destes problemas até o uso dos mais 
novos fertilizantes e pesticidas químicos sintéticos introduzidos. 
Ele retornou às dietas mais suaves, diversas e balanceadas de 
fertilizantes orgânicos como cura para as doenças trazidas pela 
fertilização química sintética. Focou no ambiente holístico de 
crescimento das plantas: sua taxa de crescimento, o equilíbrio 
sinérgico de seus ambientes e nutrientes, a proximidade de outras 
plantas e suas variadas relações de companhia. E também iniciou 
um movimento para explorar cientiicamente as relações entre as 
plantas umas com as outras.
O método biodinâmico também trouxe de volta os canteiros 
erguidos de plantio. Dois mil anos atrás, os Gregos notaram que 
as plantas prosperavam em deslizamentos de terra. A terra solta 
permitia ao ar, umidade, calor, nutrientes e raízes penetrarem 
apropriadamente no solo. A área curvada na superfície entre 
as duas bordas do canteiro desmoronado provê maior área 
supericial para penetração e interação de elementos naturais do 
que em uma superfície plana. Os desmoronamentos simulados 
ou canteiros soerguidos usados pelos agricultores biodinâmicos 
tinham usualmente de 90 a 180 centímetros de largura e variados 
comprimentos. 
Entre os anos 1920 e 1930, Alan Chadwick, um inglês, 
combinou as técnicas biodinâmica e intensiva francesa dentro do 
método intensivo biodinâmico/francês. Os Estados Unidos foram os 
primeiros expostos à combinação, quando o Sr. Chadwick trouxe o 
método para o Jardim Orgânico do Estudante de quatro acres, no 
campus da Universidade de Santa Cruz, na Califórnia, em meados 
de 1960. Chadwick, um gênio horticultor bem como dramaturgo 
e artista, cultivava por meio século. Estudou com Rudolf Steiner, 
com agricultores franceses, e como agricultor para a União da 
África do Sul. O local que desenvolveu em Santa Cruz estava ao 
lado de uma encosta com solo empobrecido e rica em argila. Apenas 
o venenoso carvalho crescia bem naquela área. Chadwick e seus 
aprendizes removeram o venenoso carvalho com picaretas e criaram 
um rico solo em dois ou três anos a mão. Um verdadeiro Jardim do 
Éden cresceu da visão e do trabalho duro de Chadwick. Um solo 
10 Criando Solo, Criando o Futuro
improdutivo tornou-se fértil através do extenso uso de composto, 
com seu húmus doador de vida. O húmus produziu um solo 
saudável que criou plantas saudáveis, menos suscetíveis à doenças 
e ao ataque de insetos. As muitas nuances do método intensivo 
biodinâmico/francês – como o transplante de mudas para um solo 
melhor cada vez que a planta é movida e semear pelas fases da lua 
– eram também usadas. Os resultados foram belíssimas lores com 
delicadas fragrâncias e saborosos vegetais de alta qualidade. 
Em 1971, Larry White, diretor do Departamento de Natureza 
e Ciência da Prefeitura de Palo Alto, convidou Stephen Kafka, 
Aprendiz Sênior no jardim da universidade, para dar uma aula 
de quatro horas sobre o método de cultivo intensivo biodinâmico/
francês. Membros de uma organização local sem ins lucrativos 
de pesquisa e educação ambiental, Ação Ecológica, foram à 
aula e reconheceram que o tempo era propício: a cidade havia 
disponibilizado terra para o cultivo público dois anos antes, e 
eles haviam sido inspirados pelo Éden local que tinha sido criado 
na universidade. Exceto por um programa de aprendizagem de 
dois anos em Santa Cruz e as aulas periódicas dadas por Alan 
Chadwick ou Stephen Kafka, o treinamento em Biointensivo não 
estava disponível ao público. Nem aulas públicas detalhadas nem 
a produção de pesquisa estavam sendo conduzidas regularmente 
em nenhum lugar. Em janeiro de 1972 o conselho administrativo 
aprovou um projeto que incluiria um horto para pesquisa (o 
Horto Chão Comum) para aulas regulares; coleta de dados em 
grandes colheitas reportadas pelo sonoro método Biointensivo; 
disponibilização de terras para cultivo ao residentes adicionais 
da Midpeninsula; e publicação de informação sobre as técnicas do 
método. 
Instruídos por Alan Chadwick e Stephen Kafka, os membros 
da Ação Ecológica começaram a dar suas próprias aulas na 
primavera de 1972, em um terreno de 3 3/4 de acres pertencente à 
Syntex Corporation no Parque Industrial Padrão, oferecido à Ação 
Ecológica. Como Cultivar mais Vegetais, originalmente com somente 
96 páginas, surgiu dos clamores por informação. A Ação Ecológica 
começou a investigar quais técnicas de agricultura fariam o cultivo 
de alimentos por pequenos produtores e agricultores mais eiciente. 
O conceito de “mini agricultura” começou a ser desenvolvido. 
Em 1980 a Ação Ecológica perdeu a concessão do terreno em 
Palo Alto. Uma nova Mini Fazenda Chão Comum foi inaugurada 
em Willits, Califórnia. As instalações da mercearia e linhas elétricas 
foram trocadas pelos céus abertos e espaço para mais ervas, lores, 
vegetais, feijões, grãos e cultivos de composto do que jamais tínhamos 
 Criando Solo, Criando o Futuro 11
imaginado. O lugar oferecia um terreno permanente para o cultivode árvores de todos os tipos – para alimentação, combustível e beleza. 
E também oferecia um lugar para plantar. Uma biblioteca com 
livros de todo o mundo, habitação e escritório agraciaram o lugar. 
A infraestrutura foi construída ao longo do tempo para prestar-se 
à programas de treinamento de curto e longo prazo. A cada ano, 
centenas de pessoas visitam o local em passeios programados e 
através de oicinas. Internos de todo o mundo estudam no programa 
de treinamento de 6 meses. Eles desenvolvem um papel chave na 
documentação de dados dos mais de 100 canteiros do horto, dentro de 
uma miríade de experimentos.
A pesquisa continua em aspectos quantitativos, como listado 
acima, mas também aprofundou-se em áreas relacionadas à 
dietética e desenho de composto. Por exemplo, que cultivos podem 
produzir calorias e composto? Qual o menor tamanho de terra 
que alguém precisa para produzir sustentavelmente uma dieta 
completa? Que estratégias de geração de rendimentos são possíveis 
em uma pequena escala? Quais são as melhores estratégias para 
estabelecer um jardim Biointensivo enquanto se consome o mínimo 
de nutrientes externos?
Em 1999, a Ação Ecológica cunhou o termo CULTIVO 
BIOINTENSIVO para diferenciar seu trabalho de outras iniciativas 
Biointensivas. Ao longo do tempo, Biointensivo passou a referir-se 
a várias práticas, algumas delas incluindo abordagens químicas. A 
Ação Ecológica procurou distinguir seu trabalho destas iniciativas 
e ressaltá-lo em desenhos que envolviam a miniaturização da 
agricultura em um sistema fechado.
Como Usar este Livro
Alan Chadwick avisou, “Plante apenas uma pequena área, e o faça 
bem. Então, uma vez que o fez direito, plante mais!” A genialidade 
destas palavras orientadoras deve formar a espinha dorsal de 
sua aprendizagem. Uma das vantagens de Como Cultivar mais 
Vegetais é que ele descreve uma abordagem geral e completa 
para a agricultura. Outra é que permite a você começar pequeno e 
construir suas habilidades como agricultor ao longo dos anos.
Preparação de canteiros, fertilização, compostagem, propagação 
de sementes, transplante, irrigação e capina são realizadas 
essencialmente para todos os cultivos. A diferença principal entre 
os cultivos são as sementeiras e as recomendações de espaçamento 
12 Criando Solo, Criando o Futuro
nos canteiros. (Recomendações de espaçamento encontram-se nas 
colunas M, E e I nos Gráicos Mestres que começam na página 
144). Ao familiarizar-se com as diferentes culturas e outras 
“personalidades”, você verá outras nuances. No entanto, o trabalho 
principal terá sido feito: construir uma estrutura para o cultivo 
sustentável de alimentos. Então, uma vez que você sabe como 
cultivar alface, saberá o básico para cultivar cebolas, tomates, trigo, 
macieiras e até algodão! 
Se você é um agricultor iniciante ou um pequeno produtor 
lendo Como Cultivar mais Vegetais, você deve se concentrar em 
aprender técnicas básicas de preparo de canteiros, criação de 
composto e curto espaçamento. Você pode querer se concentrar em 
plantar mudas que já tenham sido iniciadas em um viveiro local. 
Fazer suas próprias mudas requer um nível alto de habilidade, e 
você pode querer esperar até seu segundo ou terceiro ano. Seu uso 
nos Gráicos Mestres do capítulo 8 provavelmente se concentrará na 
coluna M, que dá o espaçamento das plantas no canteiro..
Se você é um agricultor intermediário, recomendamos que 
use mais das tabelas e gráicos para cultivar mudas, cultivos de 
composto, grãos e árvores frutíferas. Esperamos que você se torne 
fascinado em produzir culturas para fertilidade do solo (cultivos 
carbônicos e de calorias) em seu próprio jardim como maneira de 
alimentar seu solo e você mesmo.
Um agricultor se torna plenamente experiente com uma 
média de dez anos de cultivo. Você será capaz de desenhar todas 
as informações providas neste livro enquanto trabalha no cultivo de 
maior parte ou todo alimento para sua família em casa, ou ensina à 
outros técnicas que você já domina.
Durante o processo de aprendizagem, recomendamos que as 
culturas carbônico-calóricas (veja páginas 41-43) devam ocupar 
uma crescente parte de seu jardim. Cultivos carbônico-calóricos 
alimentam tanto o solo quanto você. Exemplos incluem milho, 
milheto, trigo, aveia, cevada, centeio e amaranto. Estes cultivos 
criam bastante material carbônico para a pilha de composto, o que 
por sua vez alimenta o solo com húmus, assim como proveem um 
bom e nutritivo alimento. Para mais informação, veja o capítulo 
8 em particular. (Informações sobre estes cultivos de duplo 
propósito, que fornecem tanto calorias dietéticas quanto materiais 
para composto, estão inclusas na seção dos Gráicos Mestres 
começando na página 138, assim como nas seções Cultivos de 
Composto, da Mini-série Autodidática da Ação Ecológica, livretos 
14, 15, 25, 26, 28, 34, 35 e 36).
 Criando Solo, Criando o Futuro 13
Como Cultivar mais Vegetais lhe fornece tudo que você precisa 
para criar um jardim sinfônico – das técnicas básicas às habilidades 
avançadas de planejamento para um quintal lindamente cultivado. 
Cada um de nós pode se revitalizar, também ao solo e à Terra – um 
pequeno pedaço por vez. Antes que percebamos, viveremos todos em 
uma vibrante e próspera Terra, repleta de mini reservas comunais e 
pessoais, restabelecidas com saúde em um todo dinâmico e vital!
A real emoção é que cada um de nós nunca saberá tudo. Após 
anos de agricultura, Alan Chadwick exclamou, “Ainda estou 
aprendendo!” E assim estamos todos nós. De fato, enquanto os 
princípios cientíicos universais operam dentro dos sistemas 
biológicos do CULTIVO BIOINTENSIVO de Micro produção 
Sustentável, nosso jardim muda a cada ano. Enquanto exploramos, 
passamos a entender os princípios subjacentes e todo um novo 
mundo se descortinará. Seremos capazes de promover mudanças 
para melhorar a saúde, fertilidade, efetividade e sustentabilidade 
do modo como cultivamos para uma vida ainda melhor neste 
planeta.
Esta última revisão inclui novo material para tornar seu trabalho 
mais fácil: esclarecimentos chave nos capítulos de compostagem e 
propagação de sementes; informação sobre rotação de culturas, 
técnicas implementadas aperfeiçoadas, compreensão e abordagens; 
Gráicos Mestres corrigidos e atualizados e dados de plantio; toda 
uma nova organização dos oito conceitos chave; uma reorganização 
de uma bibliograia mais acessível. A edição representa quarenta 
anos de trabalho com as plantas, solos e pessoas – em praticamente 
todos os climas e solos ao redor do mundo. 
Cada um de nós tem uma vida diante de nós, e a oportunidade 
de continuamente melhorar o nosso entendimento sobre o quadro 
vivo que estamos pintando. Mais e mais pessoas estão se envolvendo 
com o cultivo caseiro de alimentos e a pequena produção como 
resultado de um desaio do pico de petróleo, assim como por amor 
à natureza, trabalhando com um abundante solo com vida. Comece 
agora com apenas um canteiro. A auto suiciência em sua própria 
“zona alimentar” fará toda a diferença do mundo. Cada um de nós 
tem um tremendo potencial para curar a Terra. Deixe-nos começar. 
Como Gandhi observou, “esquecer como cavar a terra e cuidar do 
solo é esquecer de nós mesmos”. Em Cândido, Voltaire aponta 
o caminho: Todo o mundo é um jardim, e que maravilhoso 
lugar seria, se cada um de nós tomasse conta de sua parte da 
Terra – nosso jardim! Cada um de nós é necessário. Construir 
uma agricultura sustentável é parte essencial da construção das 
comunidades sustentáveis. Ao criarmos solo, criamos também 
14 Criando Solo, Criando o Futuro
uma cultura feita de saúde viva e agricultura efetiva, assim como 
damos suporte às comunidades. Para cumprirmos este objetivo, 
precisamos mudar a nossa perspectiva de agricultura. Precisamos 
parar de cultivar e começar a construir solo. Reconhecidamente, para 
criarmos solo, precisamos cultivar. Mas, aoinvés de plantar apenas 
para o propósito do consumo, o objetivo muda para dar e criar um 
solo produtor de vida, e no processo, uma abundância de alimentos. 
Devemos começar nos educando, depois dividir o que aprendemos, ao 
ensinarmos as pessoas a compreenderem a importância de criar solo. 
Vida cria mais vida, e nós temos a oportunidade de trabalhar junto 
com esta poderosa força para expandir a nossa vitalidade e a deste 
planeta. 
Junte-se a nós nesta exploração! Apesar do impacto mundial, 
a Ação Ecológica permaneceu uma pequena organização, 
acreditando que o pequeno é eicaz e humano. Nos consideramos 
catalisadores: nossa função é empoderar pessoas com habilidades 
e conhecimento necessário para capacitá-las a melhorarem suas 
vidas e deste modo transformar o mundo em um jardim de saúde 
e abundância. A mensagem é viver ricamente de uma maneira 
simples – de uma maneira que todos desfrutemos.
Você pode ajudar a Ação Ecológica neste trabalho ao pegar cinco 
amigos e envolvê-los na Micro Produção Sustentável do CULTIVO 
BIOINTENSIVO e/ou em outras práticas de cultivo sustentável de 
alimentos.4 Juntos podemos fazer uma diferença signiicativa no 
mundo, um pequeno lugar por vez. Esta é nossa oportunidade. É 
divertido ser parte de todo o cenário e parte da solução ambiental 
de longo prazo do mundo!
ENDNOTES
 1 Desenvolvido pelas estatísticas do Departamento de Agricultura dos E.U.A.
 2 Desenvolvido por P. Buring, “Availability of Agricultural Land for Crop and 
Livestock Production” e D. Pimental e C.W.Hall (editores), Food and Natural 
Resources (San Diego: Academic Press, 1989) pp. 69-83, como apontado em 
“Natural Resources and an Optimum Human Population”, David Piental et 
al.; Population and Environment: A Journal of Interdiciplinary Studies, Vol. 
15, No. 5, Maio 1994; e com estatísticas das Nações Unidas.
 3 Ibid.
 4 Para ajudar a acelerar o processo, nos últimos 20 anos a Ação Ecológica já 
capacitou 1.855 participantes no Curso Introdutório de 3 dias em 47 estados 
e no Distrito de Columbia, mais 29 países e iniciou uma Sessão Autodidática 
em seu site na internet www.growbiointensive.org.
 Criando Solo, Criando o Futuro 15
“nada acontece na natureza 
que não esteja relacionado com o todo” .
—GoeThe
17
reparar o canteiro elevado é um importante passo no CUL-
TIVO BIOINTENSIVO. Um canteiro corretamente preparado 
facilita uma apropriada estrutura de solo. Uma estrutura de 
solo apropriada permite um crescimento saudável e ininterrupto 
da planta. Um solo solto com bons nutrientes permite que as raízes 
penetrem facilmente, e assim, uma corrente permanente de nutri-
entes pode luir para os galhos e folhas. Quanta diferença de uma 
situação em que a planta é transferida de uma sementeira com solo 
solto e adequados nutrientes para um quintal preparado às pressas 
ou um campo estimulado por químicos. A planta sofre não somente 
pelo choque de ser arrancada, mas também por um ambiente onde 
é difícil crescer. O crescimento é interrompido e as raízes encon-
tram diiculdades para penetrar no solo e para conseguir alimento. 
Como resultado, a planta produz mais carboidratos e menos pro-
teína do que o normal. Este desequilíbrio atrai insetos. Um ciclo 
debilitante pode começar, e terminar com o uso de pesticidas que 
matam a vida no solo e tornam as plantas ainda menos saudáveis. 
Fertilizantes são então usados em uma tentativa de melhorar a 
saúde da planta. Ao contrário, os fertilizantes destroem ainda mais 
a vida no solo, daniicam sua estrutura com o passar do tempo e 
1
CRIação e ManUTenção 
de soLo PRoFUndo
P
oBjeTIVo: Desenvolver a estrutura do solo para 
que as plantas tenham um “bolo esponjoso vivo” 
em que possam prosperar
18 Criação e Manutenção de Solo Profundo 
criam plantas cada vez menos saudáveis que atraem mais insetos, 
e “precisam” de mais “medicinas” tóxicas na forma de mais pesti-
cidas e fertilizantes. Informações bem documentadas nos contam 
que uma ampla variedade de pesticidas matam predadores inver-
tebrados que “controlam” as populações de pestes. Estes pesticidas 
exterminam minhocas e outros invertebrados que são necessários à 
manutenção da fertilidade do solo. Os pesticidas também destroem 
micro-organismos que possibilitam as relações simbióticas entre 
o solo e os sistemas de raízes das plantas. Nós propomos que nos 
empenhemos para termos um solo bom e saudável, em primeiro 
lugar, começando com a preparação dele – e uma preparação mais 
fácil da próxima vez.
A preparação inicial e o plantio de um canteiro elevado requer 
um investimento de tempo entre 6 horas e 1/2 à 11 horas, para 
cavar e transplantar um canteiro de 10 metros quadrados. Se você 
é sortudo e tem um solo solto, o tempo gasto será muito menor. O 
tempo investido retribui com colheitas maiores e plantas e solo mais 
saudáveis.
Ao tornar-se mais habilidoso na dupla-escavação, o tempo inves-
tido diminui muito. Frequentemente, um canteiro de 10 metros 
quadrados pode ser feito em duas horas ou menos. Estimamos que 
uma base de apenas 4 a 6 horas e meia sejam necessárias para a 
preparação e processo de plantio do canteiro, enquanto o solo desen-
volve uma melhor estrutura ao longo do tempo com o correto cui-
dado e compostagem. 
Começando—Ferramentas Corretas
Nós recomendamos o investimento em ferramentas de qualidade 
para o começo. Ferramentas pobres vão se desgastar ou cansá-lo 
enquanto você prepara sua área de plantio. Para tudo icar mais 
fácil, pás retas com cabo em D e garfos de boa têmpera devem ser 
usados na preparação dos canteiros. O cabo em D permite que 
você ique diretamente de frente para sua ferramenta. Uma ferra-
menta de cabo longo signiica que você deve segurá-la de lado. Esta 
posição não permite uma postura simples e direta. Muitas pessoas 
acham que as ferramentas com cabo em D são menos cansativas. No 
entanto, pessoas com problemas nas costas devem precisar de fer-
ramentas com cabos longos. De fato, qualquer um com dor crônica 
e outros problemas de saúde deve checar primeiro com seu médico 
antes de iniciar o processo ativo e físico da dupla-escavação.
Canteiros vs Fileiras: o plantio 
em fileiras normalmente feito 
por agricultores e produtores 
hoje tem apenas alguns 
centímetros de largura com 
largos espaços entre eles. As 
plantas encontram dificuldade 
para crescer nestas fileiras por 
conta da extrema penetração 
de ar e das grandes flutuações 
de temperatura e umidade ali 
dentro. Durante a irrigação, 
a água corre pelas fileiras, 
encharca as raízes e lava o 
solo e as raízes superficiais. 
Consequentemente, muito 
da vida microbiana benéfica 
ao redor das raízes e no solo, 
que são essenciais para a 
prevenção de doenças e para 
a transformação de nutrientes 
em formas que a planta possa 
usar, é destruída e pode até 
ser substituída por organismos 
prejudiciais. (Em média três 
quartos da vida microbiana 
benéfica habitam os 15 
centímetros superficiais do solo). 
Depois que a água penetra o 
solo, as camadas superiores 
secam e a vida microbiana 
é gravemente encurtada. As 
fileiras ficam mais sujeitas às 
flutuações de temperatura. 
Por último, para cultivar e 
colher, pessoas e máquinas 
revolvem a terra entre as fileiras, 
compactando o solo e as raízes, 
que comem, bebem e respiram 
– uma tarefa difícil com alguém 
ou algo na sua boca ou nariz!
 Criação e Manutenção de Solo Profundo 19
C
riação de solo 
Para Propagação de semente 
As ferramentas apropriadas tornarão o trabalho mais fácil e mais produtivo
Garfo de mão Pá para transplantar
Semeadeira
A diferença entre as pás na visão 
lateral.
Pá reta com 
cabo em D
Garfo com 
cabo em D
Hula hoe
Ancinho 
curvado 
(1,10 metro)
Pá com cabo 
em D
Pá comum
Para Preparação do solo
As pás e garfos de um metro geralmente são para pessoas com 1,65 metro ou menos; ferramentas com 1,10 metro são para pessoas com 
1,70 metro ou mais.20 Criação e Manutenção de Solo Profundo 
A pá reta tem a particular vantagem de cavar igualmente fundo 
ao longo de toda a borda do canteiro, melhor que no padrão em V. A 
borda plana é preferida pois todos os pontos do canteiro devem ter 
igual profundidade. A lâmina na pá reta também entra no solo com 
quase nenhum ângulo e sem a usual curva da pá. Por isso, os lados 
do canteiro podem ser cavados perpendicularmente ou até diago-
nalmente de fora do caminho para dentro, melhorando a penetração 
das raízes e o luxo de água.
Uma prancha de madeira de 15mm, com 60 ou 90 centímetros 
de comprimento por 90 ou 150 centímetros de largura, servirá como 
uma “prancha de escavação” para pisar. O tamanho da sua prancha 
vai depender da sua altura e da largura do canteiro. Trate a prancha 
com óleo de linhaça para proteger contra a umidade. Esta prancha 
vai distribuir o seu peso sobre o canteiro enquanto você cava ou tra-
balha.
Um ancinho em arco (N. do T.: o autor usa o termo Hula Hoe, 
como citado acima, nas ferramentas para preparação do solo, daqui 
por diante será referido como ancinho em arco), (preferencialmente 
com 1,50 metro de comprimento) faz o nivelamento e a formatação 
do canteiro serem mais fáceis. Uma enxada de capina é a ferra-
menta perfeita para cultivar os 5 ou 10 centímetros superiores do 
solo.
esquematizando seus canteiros
Com cuidado escolha um lugar para seu canteiro elevado que tenha 
acesso à água e luz solar – preferencialmente de 7 a 11 horas de sol 
direto a cada dia.
Para começar, marque um canteiro com 90 a 150 centímetros de 
largura com no mínimo 90 centímetros de comprimento. Um espaço 
de um metro quadrado assegura um microclima mínimo. Muitas 
pessoas preferem canteiros com 1,5, 3 ou 6 metros de comprimento, 
para facilidades de cálculo. 
O comprimento máximo deve ser determinado pela facili-
dade de trabalho. Considere a sua fonte de composto. Idealmente, 
você terá preparado um composto que estará disponível assim 
que começar a preparar os canteiros. No entanto, muitos decidem 
comprar o composto ou esterco curtido para começar. Para esta 
aplicação inicial de matéria orgânica, podemos considerar o uso 
de esterco curado. Enquanto o composto for preferível, se escolher 
o esterco curtido, assegure-se que seja esterco bovino de 2 anos, 
nota: o solo dos níveis superiores 
e inferiores da carreira devem ser 
preparados quando o solo atingir 
um nível aproximado de umidade 
de 50%.
 Criação e Manutenção de Solo Profundo 21
C
riação de solo 
esterco de cavalo que tenha originalmente bastante serragem ou 
esterco de cavalo ou galinha com 2 meses e que não contenha tanta 
serragem.
A melhor época para escavar duplamente o solo é de manhã 
cedo ou à tarde na primavera ou outono. A temperatura do ar 
está mais agradável nessas horas, logo menos matéria orgânica 
será perdida no processo. Cave apenas quando o solo estiver igual-
mente úmido. Escavar um solo seco e duro quebra sua estrutura e 
é difícil de penetrá-lo. Um solo encharcado é pesado e facilmente 
compactável. A compactação destrói a estrutura friável e mini-
miza a aeração. Estas condições matam a vida microbiana. A umi-
dade correta do solo pode ser determinada por um simples teste 
manual. O solo está muito seco para cavar quando está solto e 
não mantém seu formato após ser apertado na palma da mão (nos 
casos de areia ou barro). O solo está muito úmido quando cola na 
pá ao cavar. 
O objetivo da dupla-escavação é soltar o solo numa profundidade 
de 60 centímetros abaixo da superfície. No primeiro ano, você será 
capaz de atingir apenas 37 ou 45 centímetros com razoável esforço. 
Fique satisfeito com este resultado. Não culpe a você mesmo ou suas 
ferramentas. Mais importante do que atingir os 60 centímetros nos 
primeiros anos é melhorar ao longo do tempo. A natureza, o solo 
solto, minhocas e as raízes das plantas irão soltando o solo a cada 
cultivo, logo, cavar se tornará mais fácil a cada ano e a profundi-
dade vai aumentar com o tempo. Seja paciente neste processo de cri-
ação do solo. Demora de 5 a 10 anos para construir um bom solo (e 
suas técnicas). Na verdade, é muito rápido. A natureza geralmente 
requer um período de 3 mil anos ou mais para construir a camada 
de 15 centímetros de solo agricultável necessária para cultivar uma 
boa cultura de alimento.
Depois que o solo tenha sido inicialmente preparado, você vai 
achar que o método de CULTIVO BIOINTENSIVO requer menos 
trabalho por unidade de comida produzida do que na técnica de cul-
tivo que você usa atualmente. Os irlandeses chamam isso de método 
do “canteiro preguiçoso” de cultivo de alimentos. 
Uma estrutura apropriada de solo e 
nutrientes permite um crescimento 
ininterrupto e saudável da planta.
Nota: Se o garfo não penetrar 
facilmente o solo, com o auxílio de 
todo seu peso sobre a ferramenta, 
arqueie vagarosamente a ferramenta 
para frente e para trás. Seu peso e 
o arqueamento irão ajudar a cravar 
plenamente a ferramenta no solo.
22 Criação e Manutenção de Solo Profundo 
Tipos de Preparacao Profunda do solo 
A dupla-escavação é o principal caminho para preparar um canteiro 
de CULTIVO BIOINTENSIVO até que uma boa estrutura seja 
estabelecida. Mais tarde, dependerá de uma superfície de cultivo 
de 5 ou 10 centímetros. Outra maneira de manter o solo solto entre 
uma dupla-escavação e outra é uma escavação simples (soltar os 30 
centímetros superiores com um garfo). Recomendamos esta ação 
entre os cultivos no mesmo ano de produção. 
Procedimento Geral para a dupla 
escavação – a cada ano antes do cultivo 
principal até que a boa estrutura do solo 
seja estabelecida
Após marcar o canteiro, coloque sobre ele a prancha de escavação, 
deixando-a a aproximadamente 30 centímetros da borda para a 
primeira carreira. Remova 7 baldes de 20 litros de terra do nível 
superior da primeira carreira (considerando um canteiro de 150 
centímetros de largura; veja ilustração na página 27). Esteja certo 
de cavar as carreiras ao longo da largura do canteiro. Isso lhe dará 
3 baldes de terra para composto (que retornarão aos canteiros em 
forma de composto curado), 1 balde de terra para fazer as bandejas 
para mudas e os 3 baldes restantes retornarão para o canteiro após 
a escavação completa. 
sistemas de Raízes selecionados Mostrados em escala
cm
60
120
180
240
300
milho verde alface tomate cenoura couve-flor beterraba
 Criação e Manutenção de Solo Profundo 23
C
riação de solo 
Agora, de pé sobre a carreira ou na prancha de escavação, cave 
outros 30 centímetros (ou o mais profundo possível) com um garfo, 
alguns centímetros por vez se a terra estiver pesada ou apertada. 
Deixe o garfo o mais fundo que ele conseguir penetrar, solte o sub-
solo ao empurrar o cabo para baixo e alavanque os dentes no solo. 
Se o solo não se descompactar o suiciente neste processo, leve os 
torrões de terra para fora da carreira. Então jogue-os para cima e 
para baixo com cuidado, e deixe-os caírem nos dentes do garfo para 
que se quebrem. Trabalhe de uma ponta à outra da carreira desta 
maneira. 
A seguir, mova para trás a prancha de escavação (aproxima-
damente os 30 centímetros de largura da próxima carreira). Cave 
outra carreira atrás da primeira, e cada pá cheia de terra dos 30 
centímetros de solo que retirar dessa carreira, coloque na pri-
meira carreira. Ao escavar, faça o mínimo de movimento e use o 
mínimo de músculos possível no processo. Assim você conservará 
sua energia e trabalhará menos. De fato, ao cavar o solo, você 
descobrirá que pode usar uma economia de movimento e ener-
 1. Espalhe uma camada de composto sobre toda a área a ser 
escavada. (O composto é adicionado após a dupla escavação e 
formatação do canteiro para Dupla Escavação Básica Contínua 
[veja a página 28]).
 2. Com uma pá, remova o solo da carreira a 30 centímetros de 
profundidade e 30 centímetros de largura ao longo da carreira 
ecoloque a terra em baldes ou num galão para usar no com-
posto ou nas sementeiras. Se o canteiro tem 150 centímetros 
de largura, a terra deverá preencher 7 baldes. (A carreira está 
sendo cavada ao longo da largura do canteiro)
 3a. Solte o solo mais 30 centímetros com um garfo ao enterrar a 
ferramenta em sua total profundidade e então empurre-a para 
baixo, o garfo vai alavancar o solo, soltando-o e arejando-o. 
(Veja ilustrações ao lado para soltar um solo compactado).
1 2 3a
o processo inicial de dupla escavação: Passo-a-Passo 
24 Criação e Manutenção de Solo Profundo 
gia como no Aikido, no qual você está praticamente deslocando 
seu equilíbrio e peso ao invés de escavando. Algumas vezes você 
terá de trabalhar na carreira uma segunda ou terceira vez para 
remover todo o solo e obter o tamanho apropriado para ela. Repita 
o processo de soltar o subsolo na segunda carreira. 
Cave a terceira carreira e assim por diante, até que todo o 
canteiro esteja duplamente escavado. Faça o nivelamento do solo 
com um ancinho a cada 3 ou 4 carreiras durante o processo de 
escavação. Se você não o izer, pode terminar com uma carreira 
muito funda ao inal do canteiro, e terá que mover grande quan-
tidade de terra de uma ponta à outra do canteiro para nivelá-lo 
quando tiver terminado. Esta ação também causa uma movimen-
tação desproporcional de terra supericial para a área de subsolo.
Ao retirar o solo de uma carreira para outra, observe algumas 
coisas. Se você espalhar composto no canteiro antes de começar, 
note que uma parte desta camada desce de 8 a 15 centímetros na 
carreira, criando um pequeno monte de terra ou desbarrancado. 
3b(ii)3b(i)
 3b(i). PARA SOLO COMPACTADO: De pé na carreira, solte o solo 
30 centímetros a mais com o garfo, ao enterrá-lo em sua total 
profundidade e revirar a fatia de solo compactado. 
 3b(ii). Em seguida, ao mover seus braços para cima em um pequeno 
empurrão, o solo vai quebrar ao cair, atingindo os dentes do 
garfo e caindo no buraco abaixo. 
 4. Cave a parte superior da segunda carreira com 30 centímetros 
de profundidade e largura. Mova cada pá de terra para a 
primeira carreira, misturando o mínimo possível as duas 
camadas de terra.
4
o processo inicial de dupla escavação: Passo-a-Passo 
 Criação e Manutenção de Solo Profundo 25
C
riação de solo 
Isso se aproxima da maneira como a natureza adiciona folhas, lores 
e outra vegetação caída na superfície do solo, onde serão quebradas 
e suas essências poderão percolá-lo. 
Sempre certiique-se de que a camada superior do solo (os 30 
centímetros supericiais) não sejam removidos durante a dupla-
escavação. A maioria da vida microbiana vive nos 15 centímetros 
superiores do solo. Igualmente, a camada natural do solo que é for-
mada pela água da chuva e lixiviação, folhas caídas, temperatura, 
gravidade e outras forças naturais, é menos perturbada quando o 
solo não é misturado, mesmo quando ele está solto e um tanto dis-
tribuído. Tenha como objetivo um equilíbrio entre a estratiicação 
natural e o solo solto por deslizamento. (Como meta, se esforce em 
não misturar as camadas de solo. Mesmo que algo se misture, é 
importante evitar a disrupção excessiva das camadas do solo). 
No processo de dupla-escavação, o solo supericial e aerado do 
canteiro será suiciente para encher a carreira inal do canteiro. 
Você pode também adicionar alguns baldes da primeira carreira. Se 
você adicionar composto feito com terra, também contribuirá com 
terra para o canteiro.
Leve baldes de solo supericial para a pilha de solo.
Nivele e modele o canteiro. Espalhe composto e qualquer corre-
tivo recomendado pelo seu teste de solo sobre a superfície do can-
teiro. Isso pode incluir nitrogênio orgânico, fósforo, potassa, cálcio e 
fertilizantes de micro minerais. (Para mais detalhes, veja a página 
73). Inclua qualquer modiicador de pH (como folhas especiais ou 
composto de agulhas de pinheiro, para tornar o solo menos alcalino 
ou cal para tornar o solo menos ácido) como indicado no seu teste de 
solo. Adicione o composto, fertilizantes e modiicador de pH apenas 
em 5 ou 10 centímetros de profundidade com um garfo. Após adi-
cioná-los, não passe mais o ancinho, para evitar prejudicar a distri-
buição uniforme de fertilizantes e composto. 
Considerações para escavação Inicial 
em solos Muito Pobres
Você pode escolher adicionar o composto em diferentes pontos da 
dupla-escavação inicial e quando estiver trabalhando com um solo 
com pouca quantidade de matéria orgânica. Ao invés de aplicar o 
composto apenas após a dupla-escavação, considere espalhar uma 
camada de 1 centímetro sobre o canteiro antes de escavar, e/ou uma 
camada de 1 centímetro durante a escavação, incorporando-o à car-
reira com 30 centímetros de profundidade..
26 Criação e Manutenção de Solo Profundo 
PRePaRação do CanTeIRo de 10 MeTRos qUadRados 
 1. Cheque a umidade do solo. O solo deve estar igualmente úmido 
para facilitar a escavação, mas não saturado. Se necessário, 
irrigue a área a ser cavada. Para argilas duras e secas que não 
tenham sido cultivadas, irrigue por 2 horas. Comece os próxi-
mos passos quando o solo estiver igualmente úmido.
 2. Solte os 30 centímetros de solo com um garfo e remova qualquer 
cobertura de planta.
 3. Cheque a umidade do solo e molhe novamente se for necessário. 
Se seu solo tem principalmente torrões grandes, considere espe-
rar alguns dias e deixar a natureza ajudar no trabalho. O calor 
do sol, noites frescas, vento e água ajudarão a quebrar os tor-
rões. Molhe os canteiros todos os dias para auxiliar o processo.
OPCIONAL (ÚNICA VEZ): Neste momento, areia pode ser 
adicionada ao canteiro com um solo argiloso, ou argila num 
canteiro muito arenoso, para melhorar a textura. Normalmente 
você não deve adicionar mais que 1 centímetro (110 litros) de 
areia ou argila. (Mais areia deixará que os fertilizantes solúveis 
em água sejam levados rapidamente). Misture a areia ou argila 
cuidadosamente nos 30 centímetros de solo solto com um garfo.
OPCIONAL (ÚNICA VEZ): Se o solo está pobre (muita areia 
ou muito barro), adicione uma única vez uma camada de 2 
centímetros (220 litros) de composto ou esterco curado. 
Remova o solo supericial da primeira carreira e coloque-o 
em uma área de estocagem de solo para usá-lo para fazer com-
posto ou sementeiras ou para retornar para a última carreira do 
canteiro.
 4. Solte o solo em mais 30 centímetros. 
OPCIONAL (ÚNICA VEZ): Espalhe uma camada de 1 centí-
metro de composto no solo solto da primeira carreira.
 5. Escave a parte supericial da segunda carreira e mova para a 
parte superior da primeira carreira.
 6. Solte a parte inferior da segunda carreira.
 7. Continue o processo de dupla-escavação (repetindo os passos 7 e 
8) nas carreiras que faltam. Passe o ancinho a cada 3 ou 4 car-
reiras para assegurar a altura do nível do canteiro.
 Criação e Manutenção de Solo Profundo 27
C
riação de solo 
dupla escavação Inicial
 1. Quando o solo estiver levemente úmido, solte os 30 centímetros superiores de 
toda a área do canteiro a ser escavado com um garfo e remova todo o capim.
 2. Espalhe uma camada de 1 centímetro de composto sobre toda a área a ser 
escavada (depois de misturar uma camada de 2,5 centímetros de areia ou barro 
em 30 centímetros de profundidade; opcional, veja páginas 25-26).
 3. Remova o solo superficial da primeira carreira e coloque-o em uma área para 
estocar terra para fazer composto, sementeiras e terra para preencher a carreira 
final, se necessário.
 4. Solte o solo em mais 30 centímetros.
 5. Escave a parte superior da segunda carreira e mova-a para a primeira carreira.
 6. Solte a parte baixa da segunda carreira. 
 7. Continue com o processo de dupla escavação (repetindo os passos 3, 4, 5 e 6) 
para as carreiras que faltam. Passe o ancinho a cada 3 ou 4 carreiras para garantir 
o nível de altura do canteiro.
 8. Preencha o canteiro final.

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