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1 A PEDAGOGIA EMPRESARIAL E OS PROJETOS EDUCACIONAIS NA EMPRESA 1 Sumário ................................................................................... Erro! Indicador não definido. NOSSA HISTÓRIA .................................................................................................... 2 1. A CIÊNCIA PEDAGOGIA ...................................................................................... 3 2. O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES ............................................. 5 3. A PEDAGOGIA EMPRESARIAL ........................................................................... 6 4. A APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES E O DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO ...................................................................................................... 11 4.1 A aprendizagem nas organizações ................................................................ 11 5. O DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO ........................................ 18 6. DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES .............................................................................................................. 21 6.1 O papel do Pedagogo nas organizações ....................................................... 21 7. A EDUCAÇÃO CORPORATIVA.......................................................................... 22 8. PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES ........... 27 9. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES .............................................................................................................. 29 9.1 Planejamentos de projetos educacionais nas organizações ......................... 29 9.2 Execuções de projetos educacionais nas organizações ................................ 33 10. O DIFERENCIAL DO PEDAGOGO NA EDUCAÇÃO CORPORATIVA ............ 36 11. COMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOS PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES .............................................................................................................. 37 11.1 Acompanhamento e avaliação da aprendizagem organizacional ................ 37 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 44 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. A CIÊNCIA PEDAGOGIA O termo pedagogo surgiu na Grécia Clássica, da palavra παιδαγωγός, cujo significado etimológico é preceptor, mestre, guia, aquele que conduz. Como ciência, a Pedagogia organizou-se somente a partir dos pressupostos da ciência positivista. O positivismo, como sabemos, foi uma ampla corrente de pensamento que durante o século XIX teve uma repercussão na Europa, e assentava-se na ideia de que a ciência é o nosso único meio de construção do conhecimento verdadeiro, ou seja, pregava uma espécie de primazia da ciência em detrimento de outras formas do conhecimento humano. Baseado no enorme avanço que as ciências naturais vinham conquistando, o positivismo vai encontrar nessas ciências o único método de conhecer digno de confiança, qual seja: a construção de leis que possam explicar os fatos. A pretensão do positivismo foi estender tal método para os estudos humanos e sociais. O que significa dizer que os fenômenos humanos e sociais seriam, assim como os fenômenos naturais, submetidos a um único método científico. O positivismo, portanto, vai postular uma unidade metodológica das ciências. (BRANDÃO, 2011, p. 80). De acordo com Libâneo (2011, p. 6), a Pedagogia como ciência da educação pode ser definida como “um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. ” Porém, o reconhecimento da cientificidade das Ciências Humanas é questionado desde muito tempo. Olhando para a história da ciência, até o século XV prevaleceu a Metafísica Medieval, e somente com Descartes e os racionalistas em geral houve o rompimento com esta concepção criacionista e religiosa do mundo. Os empiristas no Século XVIII e a Filosofia Positivista de Comte no Século XIX também influenciaram fortemente a ciência moderna. Neste período, as ciências naturais, sustentadas pelo “método experimental” tornaram-se o modelo de cientificidade, fundamentadas na observação e na experimentação, tendo a objetividade e a neutralidade como pressupostos básicos. Assim como as demais ciências, as humanas utilizavam o mesmo método experimental, porém, em decorrência das especificidades das ciências humanas, aplicar esse método foi sempre um grande desafio. Iniciou-se então, no Século XX, uma grande discussão epistemológica sobre a cientificidade ou não das ciências humanas. Nas ciências naturais o objeto de estudo é a própria natureza, uma realidade dada, exterior ao homem e o sujeito do conhecimento se põe fora dela para estudá-la. Já nas 4 ciências humanas, o objeto de estudo é o próprio homem, vivendo em sociedade, ou seja, o homem nas suas relações com os outros homens e com a própria natureza. (CAMARGO; ELESBÃO, 2004, p. 7). As Ciências Humanas possuem uma linguagem própria, gera um corpo de conhecimentos, uma série de experimentações e de técnicas necessárias para os estudos dos seus fenômenos e objetos. E, portanto, necessitam de métodos mais adequados e específicos aos seus estudos, que se desenvolveram mais para o final do século XX. A Pedagogia, como ciência, estuda o fenômeno educativo em todas as suas dimensões, compreendendo os elementos da ação educativa e sua contextualização. De acordo com Pimenta (1996), nos estudos da Pedagogia, o sujeito e o objeto se inter-relacionam e se constituem um ao outro e, sendo sua natureza de prática social, possibilita a relação com outras ciências. O conceito de práxis foi elaborado por Karl Marx e “compreende uma ação transformadora realizada pelo ser humano, pela qual transforma o mundo e se transforma e, é a capacidade de transformação (do mundo e de si mesmo) que faz a sua história” (COUTINHO, 2012, p. 128). Perante as ambiguidades do termo Pedagogia, (...) certos pensadores de ontem e de hoje mostraram a sua preferência por uma noção que é simultaneamente mais extensa e menos ambiciosa: a de Ciências da Educação. (...) Empreendimento de equipes de especialistas que se encontram na encruzilhada das diversas ciências humanas, as Ciências da Educação realizam incontestavelmente uma promoção da pedagogia, assegurando-lhe condições de objetividade e de rigor científico. (AMADO, 2007, p. 6). A Pedagogia, em primeiro lugar, se ocupa do ato educativo na atividade humana e da vida social do indivíduo. Considerando a educação como uma prática humana e social, que transforma os seres humanos, são estas transformaçõeso objeto de estudo da Pedagogia, visando o entendimento global e intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. “A pedagogia, como teoria da educação, busca equacionar, de alguma maneira, o problema da relação educador-educando, de modo geral, ou, no caso específico da escola, a relação professor-aluno, orientando o processo de ensino e aprendizagem” (SAVIANI, 2001, p. 102). Mas o Pedagogo pode e deve atuar apenas no âmbito escolar e na educação formal? 5 2. O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES A ação educativa e o processo de ensino-aprendizagem se dão em diferentes espaços, escolares ou não. Por muitos anos, a prática pedagógica cou restrita ao âmbito escolar, porém, a partir das mudanças tecnológicas, relações sociais numa nova organização capitalista, relações e organização do trabalho, entre outras, surgiu a necessidade de novos aprendizados e saberes aos indivíduos e profissionais não somente nas Instituições Educacionais. A educação é um fenômeno plurifacetado e extensivo em diversas esferas da sociedade e, portanto, possível de promover a educabilidade humana em face de demandas que marcam os contextos de inserção do sujeito nas dinâmicas sociais (SEVERO, 2015). Nesse contexto, o Pedagogo é um profissional importante em diferentes espaços onde há uma ação educativa intencional para a formação e desenvolvimento dos sujeitos, não só no âmbito escolar, mas também no social, hospitalar, empresarial, entre outros. Na escola, na sociedade, na empresa, em espaços formais ou não formais, escolares ou não escolares, estamos constantemente aprendendo e ensinando. Assim, como não há forma única nem modelo exclusivo de educação, a escola não é o único em que ela acontece e, talvez, nem seja o mais importante. As transformações contemporâneas contribuíram para consolidar o entendimento da educação como fenômeno multifacetado, que ocorre em muitos lugares, institucionais ou não, sob várias modalidades. (FRISON, 2004, p. 88). É importante ressaltar que a formação do Pedagogo no decorrer da história do curso até os dias atuais não contribui com a preparação deste profissional para atuação em outros campos que não o escolar. Desta forma, se faz necessário que os profissionais Pedagogos interessados na atuação em outros espaços que não sejam os escolares, busquem capacitação e formação complementar. Mesmo assim, a formação do Pedagogo possui uma base ampla, passando por diversas ciências como a Sociologia, Filosofia, Psicologia, Antropologia, entre outras, que proporciona um conhecimento amplo sobre os sujeitos e o seu contexto. O pedagogo gerencia muito mais do que aprendizagens, gerencia um espaço comum, o planejamento, a construção e a dinamização de projetos, de cursos, de materiais didáticos, as relações entre o grupo de alunos ou colaboradores. Isso significa que não 6 basta possuir inúmeros conhecimentos teóricos sobre determinado assunto, é preciso saber mobilizá-los adequadamente. (FRISON, 2004, p. 89). Assim, pode-se afirmar que o Pedagogo possui competências básicas fundamentais para a atuação em espaços não escolares. Tardif (2003) arma que o saber do pedagogo é um saber diversificado, pois sua prática implica vários saberes inter-relacionados, direta ou indiretamente. 3. A PEDAGOGIA EMPRESARIAL E o Pedagogo no ambiente empresarial? Em todo lugar que houver prática educativa com intencionalidade, haverá a necessidade do Pedagogo. As empresas/organizações há algumas décadas vêm passando por transformações nas suas estruturas, organização do trabalho e gestão, necessitando de pessoas com saberes diversificados que precisam ser atualizados constantemente; a capacidade de aprendizagem contínua torna-se um diferencial. Portanto, profissionais como o pedagogo, adquiriram importância num cenário em que se valoriza cada vez mais o conhecimento, levando as empresas a investir na formação e desenvolvimento dos seus profissionais. A pedagogia empresarial torna-se um ramo da pedagogia responsável pelo desenvolvimento dos profissionais como um diferencial da empresa, ligada às atividades que estimulam o desenvolvimento profissional e pessoal. O pedagogo começou a atuar nas empresas no final da década de 1960, pois as escolas, na época, não davam conta de preparar mão de obra para as fábricas, contribuindo para a aceleração e desenvolvimento econômico do país. No final do Século XX e início do Século XXI, diante de todas as mudanças que estavam ocorrendo no Brasil e no mundo, “as empresas percebem que o seu sucesso não está restrito somente à força física do trabalhador, mas sim à sua capacidade inventiva e dedutiva, ou seja, buscam-se profissionais com a facilidade de aprender e aplicar o que foi aprendido” (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 16). O pedagogo, neste contexto, ganha mais espaço no ambiente empresarial. 7 O conceito de competência que começou a ser utilizado na Europa nos anos de 1980, após a crise do sistema fordista e taylorista e mundialização da economia, invade as organizações no Brasil e a educação na década de 1990. A competência como “a capacidade de mobilizar, articular os conhecimentos e habilidades necessárias para o desempenho eficiente das atividades requeridas pela natureza do trabalho” (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 36). [...] na fábrica fordista o trabalhador não cessava de recomeçar um mesmo trabalho (com algumas variações), já nas empresas contemporâneas a condição típica é a instabilidade, a mudança contínua, ou seja, tudo é passível de revisão, de remodulação contínua, seja o conteúdo do trabalho, sejam as metas ou as aquisições cognitivas do indivíduo. (Zarian, 2002 apud Lima, Zambroni-de-Souza & Araújo, 2015, p. 1225). A perspectiva do desenvolvimento das competências exige dos formadores/educadores metodologias centradas no sujeito que aprende, a partir de ações desencadeadas por desafios, problemas e projetos, com o objetivo de formar indivíduos com autonomia, iniciativa e com a capacidade de solucionar problemas. Na área administrativa, é muito comum ouvirmos a sigla CHA para denominar o desenvolvimento de competências. Por meio deste ideograma CHA, refere-se ao conhecimento, habilidade e atitude. O conhecimento corresponde ao domínio de um determinado know-how, é o saber. A habilidade diz respeito à capacidade em realizar uso real do conhecimento e produzindo algo efetivamente, é o saber fazer. E a atitude, que deve ser assertiva e proativa, ser capaz de fazer o que precisa ser feito de forma assertiva. É o querer fazer. Os termos como sociedade do conhecimento, qualidade total, pedagogia das competências e empregabilidade são comuns no mercado de trabalho e na preparação dos indivíduos para o trabalho. Do ponto de vista do trabalhador assalariado, “a garantia do emprego como direito social desmanchou-se diante da nova promessa de empregabilidade como capacidade individual para disputar as limitadas possibilidades de inserção que o mercado oferece” (GENTILI apud FRIGOTTO, 1998, p. 89). 8 Portanto, a manutenção do emprego diante de um contexto com escassez de oportunidades, leva os indivíduos a buscarem um desenvolvimento eficiente e eficaz do ofício, com postura flexível e dinâmica e, uma incessante atualização e aprimoramento intelectual e emocional. A competitividade, não somente interempresarial, mas interpessoal e fortemente individualizante (PINTO, 2011, p. 28). Do ponto de vista das empresas/organizações, estão em busca de profissionais cada vez melhor preparados, polivalentes, flexíveis e dispostos ao aperfeiçoamento constante para o desenvolvimento de novas competências que atendam ao mercado de trabalho. Capacidades como adaptação às mudanças e saber lidar com situações diferenciadas passaram a ser valorizadas, uma vez queas empresas se encontram neste contexto. Do ponto de vista dos trabalhadores assalariados, as habilidades exigidas para o século XXI não os tornam, necessariamente, “mais hábeis” para nós mesmos, mas mais “bem encaixados” no ritmo da produtividade neoliberal” (DEMO, 2008, p. 5). A organização do trabalho nas empresas deixou de necessitar de uma divisão técnica totalmente marcada, mas sim do trabalho em equipe e funções mais polivalentes. O trabalho passou a ficar mais intelectualizado, autônomo, coletivo e complexo, relacionado às informações, signos e linguagens simbólicas. O desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais, entre as quais estão: analises, síntese, criatividade, rapidez de respostas, comunicação clara e interpretação das diferentes formas de linguagem, o gerenciamento de processos, a avaliação de procedimentos, enfim, tudo o que envolve o aprimoramento contínuo, são exigidas nas organizações do Século XXI. As empresas/organizações necessitam manter a competitividade numa economia mundial, com base na evolução tecnológica e, portanto, exige que novas competências sejam desenvolvidas nos funcionários. Profissionais como o Pedagogo podem contribuir de forma significativa nas empresas/organizações, atuando no diagnóstico das necessidades, na aprendizagem, no desenvolvimento e na avaliação dos profissionais. A ramificação da Pedagogia que, na grande maioria, acontece por meio de pós- graduação lato sensu, é a Pedagogia Empresarial. A possibilidade da existência do pedagogo nas empresas traz uma nova área de atuação formada por uma equipe multidisciplinar, composta, na maioria das vezes, por psicólogos, administradores e, pedagogos. 9 Segundo Ribeiro (2003), o pedagogo empresarial necessita de uma formação que inclua a didática aplicada ao treinamento, jogos e simulações empresariais, administração do conhecimento, ética nas organizações, comportamento humano nas organizações, educação e dinâmica de grupos, relações interpessoais nas organizações, desenvolvimento organizacional e avaliação do desempenho. Observe que está é uma formação humanística e técnica voltada para a atuação junto aos recursos humanos da empresa. (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 38). O Pedagogo empresarial atua na aprendizagem dos colaboradores por meio de treinamentos e capacitações, mas também nos processos de conscientização, com as lideranças argumentando e defendendo as necessidades de capacitação e formação dos funcionários de acordo com cada momento e contexto, na inovação e formação dentro das universidades corporativas, nos programas de especialização de mão de obra, nos projetos educacionais para públicos externo e interno, orientação para o desenvolvimento gerencial e educação continuada, entre outros. O Pedagogo empresarial pode e deve contribuir na melhoria do clima organizacional, atento às relações interpessoais e Inter setoriais e atuando na administração de conflitos. Figura: 1 A atuação do pedagogo se dá em todas as áreas de Recursos Humanos, porém é no Treinamento, Desenvolvimento e Educação (T, D & E) e Desenvolvimento Organizacional (DO) sua maior atuação. Sua atuação deve estar intrinsecamente ligada às estratégias definidas pela direção da empresa. 10 O principal desafio da área de Recursos Humanos é defender uma cultura organizacional voltada à gestão do conhecimento, promovendo o desenvolvimento de uma cultura da aprendizagem e o compartilhamento do conhecimento dentro da organização, além das políticas de recursos humanos. A cultura organizacional é o que é compartilhado com relação às crenças, suposições e expectativas dos indivíduos da organização e a percepção e sentimento sobre as normas, valores e ambiente da empresa. Segundo Freeman e Gilbert (1995), a cultura como um todo é menos explícita que os procedimentos e as regras, podendo ser comparada a um iceberg em que, na superfície, estão os aspectos visíveis, formais, e abaixo dela os aspectos ocultos e não formais (FERREIRA, 2017). Pode-se afirmar que, para este século XXI, são o conhecimento e a aprendizagem os grandes diferenciais para o profissional e para a empresa. Por isso, o desenvolvimento dos diversos saberes (teórico, prático, emocional, social, digital, entre outros) é de fundamental importância, bem como as estratégias para disseminar a aprendizagem. O papel do pedagogo nunca foi tão valorizado e desafiador, pois cabe a ele propor ações efetivas para o desenvolvimento e gestão do conhecimento dentro do meio organizacional. Portanto, o Pedagogo que deseja atuar nas empresas/organizações com a aprendizagem e desenvolvimento das pessoas deve estar consciente dos conhecimentos e saberes que deverá adquirir, complementando a sua formação. Conhecimentos e saberes que envolvem a educação de adultos e profissionais, organização empresarial, desenvolvimento de competências, entre outros. Nesta temática, você estudou a Pedagogia como ciência, o foco dos seus estudos e como as mudanças sociais, econômicas e políticas levaram à percepção dos processos de ensino e aprendizagem em vários espaços além do escolar, formal. Espaços estes cada vez mais diversos como organizações não-governamentais, hospitais, museus e, entre outros, as empresas. Os ambientes empresariais com trabalho basicamente operacional, fragmentando, perdeu espaço há muitas décadas. A evolução tecnológica e, atualmente, digital, têm exigido cada vez mais dos indivíduos e empresas competências mais abstratas e complexas onde diversos saberes se fazem necessários, principalmente o conhecimento. Espero que você tenha compreendido este contexto e identificado as possibilidades de atuação do Pedagogo e também os desafios deste profissional dentro das organizações. 11 4. A APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES E O DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO Objetivos A temática desenvolvida tem como objetivos: • Apresentar e promover o conhecimento e compreensão sobre a aprendizagem nas organizações. • Apresentar e proporcionar conhecimento e compreensão sobre o desenvolvimento do potencial humano. • Proporcionar reflexões importantes sobre a prática da aprendizagem e desenvolvimento do potencial humano nas organizações. 4.1 A aprendizagem nas organizações A quarta Revolução Industrial tem provocado mudanças e transformações nas organizações, sociedade e, consequentemente, na vida profissional e pessoal dos indivíduos. Muitos são os desafios das organizações e dos profissionais neste contexto. O interesse crescente pelos estudos sobre a aprendizagem nas organizações, impulsionadas pela Revolução Tecnológica e Digital, parte da compreensão que o conhecimento é um diferencial e uma vantagem competitiva na sociedade do “conhecimento”. Assim, as organizações precisam aprender constantemente e dependem de conhecimentos aplicados ao seu negócio para se destacar. 12 Figura: 2 Alguns autores, entre eles Peter M. Senge, defendem a aprendizagem como o grande diferencial para as organizações e indivíduos, numa sociedade em que o “conhecimento” é um diferencial estratégico. “À medida que o mundo torna-se mais interligado e os negócios mais complexos e dinâmicos, o trabalho precisa ligar-se em profundidade à aprendizagem” (SENGE, 2006, p. 37). A concepção de aprendizagem organizacional ou organizações que aprendem surgiu ainda na década de 1950, mas foi após as décadas de 1980 e 1990 que os estudos sobre a temática expandiram. Na pesquisa e produção do conhecimento sobre a temática, há acadêmicos das diversas áreas do conhecimento como psicologia, sociologia, antropologia e, também, consultores e profissionais da área de administração. A diversidade de áreas estudando sobre a temática, promove diferentes enfoques sobre a aprendizagem nas organizações. A prevalência dos estudos sobre o tema aprendizagem nas organizaçõesestá na literatura estrangeira, produzida por autores posicionados nos Estados Unidos. A literatura sobre Aprendizagem Organizacional tem avançado nos últimos tempos, não somente no volume de publicações, mas também descortinando outras dimensões do tema. Ela apresenta um legado de mais de 30 anos, com crescimento exponencial a partir dos anos 90 (Crossan; Guatto, 1996; Easterby-smith, 1997). Desde então, diversas 13 revisões de literatura contribuíram para a consolidação e o progresso neste campo de estudo (Easterby-smith, 1997; Miller, 1996; Dodgson, 1993, Huber, 1991; Fiol; Lyles,1985). (ANTONELLO; GODOY, 2011, p. 32). Importante ressaltar as diversas linhas de estudos sobre a aprendizagem organizacional e, portanto, a divergência que existe entre o conceito na área, colocando em risco a sua clara compreensão. O processo de aprendizagem nas organizações promovendo uma organização que aprende não é simples e não deve ser apenas um modismo. Conhecer o processo de aprendizagem dos profissionais dentro das organizações é o primeiro passo para promover de forma sustentável a aprendizagem nas organizações e contribuir na construção de uma organização que aprende. Mas, quais concepções e conceitos de aprendizagem estão orientando as organizações? Os estudos sobre aprendizagem têm contribuição de muitos teóricos e estudiosos. No campo educacional, temos vários estudiosos, entre eles, Vygotsky, famoso pelo conceito de zona de desenvolvimento proximal e a interação social no processo de aprendizagem. Para Vygotsky, a aprendizagem é uma experiência social, mediada pela utilização de instrumentos e signos e a ação. A aprendizagem ocorre no intervalo da zona de desenvolvimento proximal (ZDP) – a distância existente entre aquilo que o sujeito já sabe, seu conhecimento real, e aquilo que o sujeito possui potencialidade para aprender, seu conhecimento potencial – e o professor, outro indivíduo e/ou instrumento tem o papel de mediador neste intervalo e promovendo nova ZDP. No campo empresarial, as concepções se diferenciam de acordo com a sua base teórica que, segundo Antonello e Godoy (2011), podem se dividir em: aprendizagem organizacional e a perspectiva psicológica; aprendizagem organizacional e a perspectiva sociológica; aprendizagem organizacional e a perspectiva antropológica; aprendizagem organizacional e a perspectiva da ciência política; aprendizagem organizacional e a perspectiva econômica. Quadro 1 – A Aprendizagem Organizacional em diferentes abordagens teóricas Abordagens Teóricas Abordagens Teóricas Linha de raciocínio 14 Aprendizagem organizacional e a perspectiva psicológica A literatura da administração contemporânea contém basicamente duas visões sobre a relação entre Aprendizagem Organizacional e o processo de aprendizagem estudado em Psicologia. Na primeira, a Aprendizagem Organizacional é vista como uma analogia da aprendizagem individual. Sob esta perspectiva, o conhecimento sobre processos de aprendizagem individual pode ser usado para compreender o processo de aprendizagem organizacional (Walsh; Ungson, 1991). Na segunda visão, a aprendizagem individual é a base para a Aprendizagem Organizacional (Argyris; Schon, 1978; Cangelosi; Dill, 1965; Duncan; Weiss, 1979; Hedberg, 1981; March; Olsen, 1976). De acordo com esta visão, o incremento do conhecimento organizacional – um indicador de Aprendizagem Organizacional – está baseado na aquisição de conhecimentos dos indivíduos na organização. Aprendizagem organizacional e a perspectiva sociológica De acordo com Gherardi e Nicolini (2001, p. 47), os “sociólogos não abordam a aprendizagem como algo que acontece na mente, mas como algo produzido e reproduzido nas relações sociais dos indivíduos quando eles participam de uma sociedade”. Este conceito sugere que a aprendizagem está integrada no cotidiano dos indivíduos. Sugere também, que grande parte da aprendizagem é oriunda da fonte informal das relações sociais, o que introduz, posteriormente, o conceito de prática como um fator proeminente na visão sociológica. Gherardi e Nicolini (2001, p. 49) comentam que “prática é um sistema de atividades no qual saber não está separado do fazer e das situações e poderia ser chamado de conhecimento coproduzido por meio da atividade”. Pressupõe que toda atividade na vida dos indivíduos é uma oportunidade para aprendizagem e que a aprendizagem em situações sociais casuais é tão importante quanto experiências de aprendizagem formais. 15 Aprendizagem organizacional e a perspectiva antropológica Uma maneira de construir a ponte entre a antropologia e a teoria das organizações foi conceber a organização como processos e não como estruturas. Os próprios antropólogos providenciaram argumentos para tratar esta questão: “culturas são organizações para fazer algo, para perpetuar a vida humana e a si mesmas” (Czarniawska, 2001, p. 24). A antropologia começou a utilizar o termo Aprendizagem Organizacional como uma referência à aprendizagem que o indivíduo realiza em contexto de estruturas sociais. O conceito entrecruza diferentes disciplinas e está focado na maneira como as pessoas aprendem em estruturas sociais. A natureza e o processo da aprendizagem podem variar em culturas e situações diferentes. Aprendizagem organizacional e a perspectiva da ciência política Aprendizagem é percebida como um processo político no qual os atores investem muitos esforços para influenciar uns aos outros, interpretar a experiência e tentar construir coalizões internas. O framework conceitual pelo qual a experiência é interpretada; a comunicação, estruturada; a informação, difundida, torna- se muito importante. Aprendizagem é vista como uma luta interna para o desenvolvimento de novos modelos mentais compartilhados. Uma ênfase é atribuída ao conflito intraorganizacional, isto é, ao conflito entre subgrupos ou partes com interesses políticos diferentes (Lapalombara, 2001). Aprendizagem organizacional e a perspectiva histórica Conforme Weber e Berthoin Antal (2001, p. 358), a “história tem um efeito de identificação para organizações”. A forma como uma organização empregou a aprendizagem no passado pode ser utilizada em oportunidades futuras. A história ou a identidade de uma organização é construída, em parte, sobre a aprendizagem coletiva de indivíduos e grupos, dentro da organização, no transcorrer do tempo. É esta dimensão histórica do tempo que, de fato, capta esses elementos e os apresenta como uma combinação dos efeitos de tempo na 16 habilidade da organização para aprender. Estes autores dizem que “a influência da história na organização pode ser positiva como também disfuncional” (Weber; Berthain Antal, 2001, p. 358). Organizações podem usar sua história para ampliar o potencial de seu conhecimento coletivo armazenado. Porém, elas têm que se precaver da obsolescência que pode ocorrer com a aderência rígida às práticas e aos procedimentos passados, sem a consideração de novas aprendizagens e oportunidades. Aprendizagem organizacional e a perspectiva econômica Nesta perspectiva, a aprendizagem é definida como aquisição e uso do conhecimento existente e/ou criação de novo conhecimento com o objetivo de melhorar o desempenho econômico (Boerner; Macher; Teece, 2001). Apesar da centralidade da aprendizagem em questões econômicas fundamentais, seu tratamento na literatura da economia ortodoxa é escasso e, frequentemente, caricaturado. De certa forma, este descaso da economia para com a aprendizagem organizacional não surpreende. A negligência em relação à aprendizagem em economia sustenta-se, em parte, pelo fato de os teóricos construírem suas suposições a partir dos processos de comportamento e da tomada de decisão dos agentes econômicos.Em um ambiente baseado nestas suposições, os agentes são perfeitamente racionais e capazes de responder ótima e instantaneamente a condições variáveis. A natureza estilizada de tal ambiente é resumida por Nelson e Winter (1982). Importante ressaltar que o quadro apresenta abordagens a partir de estudos realizados por diversos autores e que Antonello e Godoy (2011) realizaram a categorização destes estudos de acordo com as áreas de conhecimento. Porém, na prática, dentro das organizações, nem sempre há esta clareza e as abordagens se misturam e predominam em uma ou outra. 17 De acordo com Coelho Junior e Borges-Andrade, 2008, p. 224:Segundo Auelete (2004), Ausubel, Novak e Hansesian (1983), Ferreira (1999) e Salvador (1994), os principais usos do conceito de aprendizagem na linguagem cotidiana dentro das organizações referem-se a: (1) ação de reter algo, de fixar algo na memória, qualquer ofício, arte, ciência ou uma profissão (saber como, tornar-se capaz de); (2) ato, processo ou efeito de obter conhecimento por meio de escolarização/estudo, ficar sabendo (de algo com alguma finalidade); (3) aprender algo ou alguma coisa (conhecimento ou habilidade) por meio de escolarização e estudo, instruir-se em e instruir-se para; (4) adquirir habilidade prática (em aprender um esporte); (5) conhecimento ou habilidade obtido por meio de treino e/ou estudo, aplicada a principiantes em torno da aquisição de algo; (6) reter algo na memória, esforço deliberado para se obter conhecimento sobre algo e que se relaciona à vontade de aprender; (7) vivência, carga afetiva e de sensibilidade “aprendeu com a vida”. A aprendizagem dentro das organizações sempre estará ligada às estratégias e objetivos da empresa, ao desempenho que se espera em nível individual e coletivo para se alcançar o organizacional. A aprendizagem organizacional acontece por meio das experiências e das ações dos seus colaboradores. A aprendizagem organizacional é um processo contínuo de apropriação e geração de novos conhecimentos nos níveis individual, grupal e organizacional, envolvendo todas as formas de aprendizagem – formais e informais – no contexto organizacional, alicerçado em uma dinâmica de reflexão e ação sobre as situações-problema (...). (ANTONELLO, 2005, p. 27). Para que a aprendizagem ocorra dentro das organizações, é necessária a criação de processos de gestão do conhecimento, a compreensão do processo de aprendizagem e criação de um clima organizacional propício à aprendizagem contínua e coletiva, à inovação, à criatividade e à criação de comunidades de aprendizagem (ABBAD e BORGES- ANDRADE, 2004). Promover este ambiente de aprendizagem exige conhecimento sobre a complexidade que envolve uma organização. As organizações são formadas por pessoas que representam unidades singulares e únicas, ao mesmo tempo em que faz parte de unidades maiores (departamentos, divisões), também únicas e interdependentes, com finalidades semelhantes e complementares. O modelo de gestão do conhecimento nas organizações deve buscar a criação de uma cultura organizacional que valorize o desenvolvimento e a aprendizagem de forma contínua, desde os cargos estratégicos até os mais operacionais da empresa, envolvendo clientes internos e externos. A gestão do conhecimento prezando pela aprendizagem individual, coletiva e organizacional deve 18 promover transformações conscientizando os dirigentes, as equipes e as pessoas sobre a necessidade da aprendizagem contínua: aprender, desaprender e aprender novamente. Um limitador no processo de aprendizagem nas organizações é não conhecer e/ou considerar o potencial humano. A literatura sobre a temática é bastante limitada e é na literatura da psicologia organizacional que o conceito de potencial é estudado a partir dos trabalhos de Ellliott Jaques e Gillian Stamp que desenvolveram conceitos sobre estruturas organizacionais complexas, sobre a capacidade humana para o trabalho e sobre o crescimento dessas capacidades ao longo do tempo, na Universidade de Brunel, em Londres. E como o potencial humano é compreendido dentro das organizações? 5. O DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO A definição sobre o Potencial Humano nas organizações, de acordo com os estudos de Elliott Jaques e Gillian Stamp, se refere à capacidade humana que se desdobra em diferentes padrões de crescimento ao longo do tempo. Contudo, o crescimento não acontece no mesmo padrão para todas as pessoas, mas todos temos um potencial que se desdobra e pode ser identificado. Considerando que cada potencial humano é singular, o olhar para as complexidades de cada projeto, atividades e desafios são diferentes. Pode-se afirmar que o Potencial Humano é o intervalo entre a capacidade que indivíduo atua no presente, de acordo com seu histórico, e a capacidade que pode alcançar num intervalo de tempo determinado por meio de mediação humana ou não (livros, entre outros). A equipe de Recursos Humanos deve atuar na identificação e desenvolvimento dos potenciais humanos dentro da organização, utilizando estratégias adequadas alinhadas aos objetivos organizacionais e dos indivíduos. Importante salientar que no século XXI, com os novos paradigmas de carreira, os profissionais passaram a exigir das empresas condições de desenvolvimento e atendimento de suas expectativas. As organizações, portanto, devem promover o alinhamento dos desempenhos individual e institucional, atendendo às expectativas do trabalhador e da empresa, em uma responsabilização de ambos com o objetivo de ganho mútuo. 19 Nas últimas décadas, o desenvolvimento de competências e a gestão por competências se tornou comum no meio organizacional em função, principalmente, da necessidade de diferentes saberes e capacidades dos indivíduos. Mas, o que isso significa? A gestão por competências utiliza do conceito de competência para “orientar diversos processos organizacionais, utilizando diferentes estratégias e instrumentos, com o propósito de identificar, desenvolver e mobilizar as competências necessárias à consecução dos objetivos organizacionais” (BRANDÃO, 2017, p. 8). Competência não é um termo de consenso entre os estudiosos nas diversas áreas de conhecimento, mas pode-se definir como o conjunto de saberes, incluindo habilidades, conhecimentos e atitudes que o indivíduo possui e que o torna capaz de agir de forma adequada em determinada situação. Alguns estudiosos armam que as competências podem se manifestar em nível individual, coletivo e organizacional. Zarifian, por exemplo, arma que em cada equipe de trabalho se manifesta uma competência coletiva, que representa mais do que a simples soma das competências individuais de seus integrantes, devido às interações sociais estabelecidas entre eles. Já Prahalad e Hamel referem-se às competências organizacionais como o que confere vantagem competitiva, gera valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis de ser imitadas pela concorrência. Os atributos da organização, e não de suas equipes ou empregados isoladamente (BRANDÃO, 2017). Desta forma, é possível classificar as competências como individuais e organizacionais, sendo que um nível influencia o outro, e vice-versa. Sob essa perspectiva, as competências individuais dos integrantes de uma equipe de trabalho influenciam as competências coletivas da equipe, ao mesmo tempo em que são influenciadas por estas. Da mesma forma, as competências de equipes de trabalho afetam as competências organizacionais, e vice-versa. As competências nos diferentes níveis (individual, de equipes e organizacional), por sua vez, são influenciadas por estímulos e demandas presentes no contexto organizacional, social e econômico, ao mesmo tempo em que influenciam o ambiente ou contexto no qual a organização está inserida. (BRANDÃO, 2017, p. 7). A figura a seguir exemplifica a relação dascompetências nos diferentes níveis organizacionais e como estão interligadas. 20 Fonte: Adaptado de Brandão, 2017, p.8 Figura: 3 O desenvolvimento das competências nas organizações, considerando a inter- relação entre todos os níveis organizacionais supera o âmbito do Treinamento e Desenvolvimento que compõe a área de Recursos Humanos e passa a ser uma atividade estratégica de toda a organização. O Potencial Humano, desta forma, é identificado entre as competências que os indivíduos já possuem e aquelas que são desejáveis de ser alcançadas. O potencial de cada indivíduo para alcançar as competências desejadas pela organização será diferente, assim como o tempo em que alcançarão. Realizar a análise do Potencial Humano dentro das organizações e planejar as melhores estratégias de intervenção para o desenvolvimento destes potenciais é tarefa importante do Pedagogo Empresarial. A avaliação do potencial humano visa não só avaliar as competências dos profissionais, mas também proporcionar o desenvolvimento do autoconhecimento, favorecendo o reconhecimento dos pontos fortes e de melhoria. Os estudos proporcionaram a compreensão dos aspectos teóricos da aprendizagem organizacional, como ela é interpretada dentro das organizações e qual o papel do Pedagogo neste contexto. Foi possível também identificar como os estudos sobre o Potencial Humano é escasso e a importância deste conceito para o desenvolvimento humano e organizacional. O Pedagogo Empresarial compondo uma equipe multidisciplinar possui, entre muitos outros desafios, garantir que a aprendizagem organizacional, o 21 potencial humano e o desenvolvimento de competências, entre outros, sejam interpretados e implementados da forma adequada. 6. DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES Objetivos A temática possui como objetivos: • Apresentar a Educação Corporativa como foco de atuação do Pedagogo Empresarial. • Proporcionar a compreensão sobre o que são os Programas e Projetos Educacionais desenvolvidos nas organizações. • Promover reflexões sobre a Educação Corporativa e os programas e projetos educacionais implementados nas organizações. 6.1 O papel do Pedagogo nas organizações O Pedagogo, nas últimas décadas, apesar de pouco disseminado ainda, vem atuando em outros espaços além das instituições formais de educação. Um destes espaços são as organizações empresariais, atuando em cooperação com os outros profissionais de gestão e compondo uma equipe multidisciplinar, geralmente formada por psicólogos, administradores, entre outros. O papel do pedagogo dentro de uma organização envolve o desenvolvimento das relações humanas, o desenvolvimento das pessoas e a cultura organizacional. Portanto, este profissional deve estar envolvido, desde o diagnóstico das deficiências e necessidades com relação ao desenvolvimento das relações humanas, das pessoas e da cultura organizacional, o mapeamento das competências, potencial humano, assim, como no planejamento, implementação e avaliação de programas e projetos educacionais/organizacionais. 22 A função do pedagogo empresarial não é só preparar os treinamentos, mas também definir, em conjunto com os comandos da empresa, quem participará dos mesmos; motivar os colaboradores e conscientizá-los da importância dessas capacitações e, além de tudo, atuar diretamente com as lideranças, desenvolvendo a consciência de que a participação dos seus colaboradores nos programas de treinamento deve ser facilitada, resultando em pessoas cada vez mais qualificadas, autônomas e inovadoras. (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 22). O Pedagogo empresarial, portanto, está envolvido em várias frentes, necessitando de sólidos saberes para promover o desenvolvimento cognitivo, comportamental, profissional, considerando a criatividade, comunicação, capacidade de trabalho em grupo, gerenciamento de processos, avaliação de procedimentos, entre outros. A presença de um Pedagogo na área de desenvolvimento de pessoas em uma organização contribui no olhar para a inclusão. Inclusão das pessoas portadoras de deficiência (PCD), assim como toda e qualquer diversidade como: as mulheres, os negros, os homossexuais, os transgêneros, os obesos, pessoas que possuem diversas crenças, costumes e valores, entre outros (CARVALHO; SILVA, 2016). O processo de inclusão deve prever também a sensibilização de todos os profissionais, lideranças e alta gestão sobre as diferenças, compreendendo suas especificidades, mas também suas potencialidades individuais e na equipe. A aprendizagem nas organizações deve incluir os saberes técnicos, comportamentais, mas também, os éticos e sociais, contribuindo para o desenvolvimento de profissionais cidadãos. Portanto, o Pedagogo atuará nas organizações contribuindo para o desenvolvimento das pessoas e as relações estabelecidas neste contexto. Estará vinculado à área de Treinamento e Desenvolvimento e/ou a Educação Corporativa – a Educação organizada e ofertada pelas empresas dos diversos setores. 7. A EDUCAÇÃO CORPORATIVA A Educação Corporativa é um termo que passou a ser utilizado na década de 1950 por empresas americanas afim de melhorar a vantagem competitiva, promovendo a educação de funcionários, clientes e fornecedores, pois passou a apresentar resultados mais eficazes que o tradicional modelo de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). No Brasil, a Educação Corporativa surge apenas na década de 1990, no contexto de abertura econômica do país e mercado globalizado. 23 Figura: 4 De acordo com Jeanne C. Meister (1999) – estudiosa de destaque sobre Educação Corporativa – a educação corporativa é uma iniciativa organizacional que visa garantir um processo contínuo e estruturado de aprendizagem vinculada a objetivos estratégicos. Ela pode ser definida como um sistema de desenvolvimento de pessoas, pautado pela gestão por competências, cujo papel é o de servir de ponte entre o aprimoramento pessoal e a estratégia de atuação da instituição. A Educação Corporativa inclui um conjunto de práticas educacionais planejadas fomentando a cultura de aprendizagem contínua e proporcionando a aquisição de novas competências vinculadas às estratégias empresariais. A Educação Corporativa surgiu e foi disseminada entre as organizações com o objetivo de desenvolvimento contínuo de aprendizagem e por não conseguirem, através das Instituições de Ensino formais, a educação e capacitação que necessitam de forma rápida e flexível. Tabela 1 – Principais diferenças entre Treinamento e Educação Corporativa 24 Treinamento Educação corporativa Trabalha as competências individuais. Trabalha as competências de acordo com as necessidades do negócio. Ênfase nas competências individuais e pontuais dos colaboradores. Ênfase nas competências individuais, do grupo e da organização alinhadas às necessidades estratégicas do negócio. Foco no desenvolvimento de competências individuais com uma visão de curto prazo. Foco no desenvolvimento de competências de forma contínua que contribua para o aumento da competitividade com uma visão de longo prazo. Aprendizagem passiva em que o colaborar recebe o conhecimento para assimilação. Aprendizagem ativa em que o colaborar é protagonista do seu desenvolvimento. No processo de implantação da Educação Corporativa na Organização, o comprometimento e o envolvimento da alta cúpula, o alinhamento do modelo de gestão de pessoas e programas e projetos educacionais às estratégias do negócio, são fundamentais. Sem estes requisitos básicos, o projeto de Educação Corporativa não sairá do papel. A Educação Corporativa abrange várias modalidades de ensino, tais como: cursos de formação continuada, cursos técnicos, educação básica, pós-graduação lato sensu, entre outros. A certificação dos cursos de educação formalsão empecilhos para as empresas, pois somente instituições acadêmicas credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) ou secretarias de educação (no caso da Educação Básica) podem emitir diplomas. Desta forma, as empresas realizam parcerias com as Instituições de Ensino tanto públicas quanto privadas. A Educação Corporativa pode ser ofertada por meio da educação presencial, à distância ou semipresencial. A Revolução tecnológica e digital proporciona às organizações a utilização da Educação a Distância que promove uma qualificação por um tempo menor e com custos reduzidos. Porém, não é adequado escolher a modalidade a Distância apenas pelos custos reduzidos e menor tempo gasto. O Pedagogo e os demais profissionais envolvidos nos programas de Educação Corporativa devem trabalhar no processo de conscientização das lideranças para que as escolhas das modalidades, cursos e investimentos possam atender às necessidades de todos - indivíduos e organização -, visando processos de desenvolvimento efetivos e, portanto, com maiores e melhores resultados organizacionais. 25 A atuação do Pedagogo na Educação Corporativa deve ter como foco uma educação inclusiva e emancipatória. O que isso significa? Significa promover aprendizagens que incluam todos, respeitando as diferenças e considerando a importância das mesmas para o crescimento das equipes. Significa não apenas transmitir conhecimentos, mas promover, por meio de diversos saberes, aprendizagens que promovam mudanças e transformações nas organizações e nos projetos pessoais. Portanto, são necessárias estratégias de desenvolvimento de ações educacionais, alinhadas com as lideranças e pares, que superem a visão simplista, de curto prazo e pragmática, ampliando para estratégias que contribuam com a construção da autonomia do trabalhador, do desenvolvimento de sua capacidade de pensar e agir, de aprender a aprender. Pensar em uma Educação Corporativa que promova emancipação dos colaboradores, nos obriga a refletir sobre qual educação corporativa estamos tratando: uma aprendizagem restrita aos anseios e interesses da empresa ou que promova aprendizagens alinhadas também aos anseios dos trabalhadores? A Educação Corporativa precisa ter como um dos seus principais focos os negócios da empresa num contexto de competitividade. Porém, é possível atender os negócios da empresa e também promover uma educação inclusiva e emancipatória. A educação corporativa em empresas engajadas nesta concepção de educação visa contemplar a inclusão em diversas dimensões, principalmente, as que privilegiam o bem- estar social e a cidadania em uma sociedade mais igualitária com respeito às diferenças. (...) desenvolvendo trabalhadores bem qualificados e comprometidos com o seu fazer no cotidiano do chão de fábrica, mas, também, com valores éticos e de respeito às individualidades. (SANTOS; RICARDO, 2013, p. 76). Uma Educação Corporativa com base nesta concepção promove muitos benefícios para as empresas que realmente desejam ser cada vez mais competitivas. “As organizações inseridas num ambiente de forte competitividade enfrentam o desafio de transformar a vida de trabalhadores e os resultados das organizações” (SANTOS; RICARDO, 2013, p. 77). As organizações que necessitam de mais inovação e pesquisa podem investir na Universidade Corporativa. O fenômeno das universidades corporativas não é tão recente, mas é após o final do Século XX e início do Século XXI que o conceito se expandiu e intensificou nas empresas de diversos setores. As primeiras experiências de Universidade Corporativa no Brasil são: Academia Accor 26 (1992), a Universidade Brahma (1995), Universidade do McDonald’s (1997), Siemens Management Learning (1998), entre outras. As universidades corporativas devem ser compreendidas como um espaço de aprendizagem dos profissionais para a realização de estudos e pesquisas que envolvem o nível de ensino superior, gerando maior conhecimento não só dentro da organização, mas também, no seu entorno e promovendo um trabalho educacional inclusivo. Para a implementação de uma Universidade Corporativa é necessária a parceria empresa-escola devido às questões legais da educação formal. Área esta que o Pedagogo domina e pode contribuir muito. A Universidade Corporativa, para ter sucesso e proporcionar à empresa resultados importantes e significativos, deve ser bem planejada e gerida para não correr o risco de se limitar apenas a portais, sistemas on-line engessados e ações educacionais voltadas apenas para as lideranças. A característica fundamental das Universidades Corporativas é a personalização dos cursos de acordo com a realidade de cada empresa, por meio de parcerias estratégicas e inovadoras entre as Universidades Corporativas e as instituições de ensino superior. Observe a comparação realizada por Eboli (1999) entre o papel das escolas de negócio e/ou administração, vinculadas às universidades tradicionais e o papel das Universidades Corporativas. Tabela 2 – Papel das Universidades Tradicionais e das Universidades Corporativas Universidade Tradicional Universidade Corporativa Desenvolver competências essenciais para o mundo do trabalho. Desenvolver competências essenciais para o sucesso do negócio. Aprendizagem baseada em sólida formação conceitual e universal. Aprendizagem baseada na prática dos negócios. Sistema educacional formal. Sistema do desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências. Ensinar crenças e valores universais. Ensinar crenças e valores da empresa e do ambiente de negócios. Desenvolver cultura acadêmica. Desenvolver cultura empresarial. Formar cidadãos competentes para gerar o sucesso das instituições e da comunidade. Formar cidadãos competentes para gerar o sucesso da empresa e dos clientes. 27 Fonte: EBOLI, Marisa. Coletânea Universidades Corporativas, 1999, p. 117 Desta forma, as organizações entendem que, por meio da Universidade Corporativa, conseguem unir as necessidades do ensino superior às habilidades, conhecimento e competências necessárias para a realidade organizacional, criando programas de educação que atingem de forma mais eficaz os objetivos estratégicos da organização. 8. PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES Antes de continuar, você sabe o que é um programa, um projeto e a diferença entre eles? O programa possui uma amplitude maior envolvendo um conjunto de projetos que visam objetivos comuns. Já o projeto possui um objetivo mais específico e exige um esforço temporário para criar/desenvolver um produto, serviço ou resultado. Portanto, os programas e projetos são diferentes, mas complementares. Os programas exigem esforços maiores, envolvendo objetivos e múltiplas equipes por um tempo maior de desenvolvimento e implementação. Já os projetos proporcionam o desenvolvimento e alcance dos objetivos dos programas, além de contar com equipes menores e são finitos. Os programas educacionais estão presentes no escopo da Educação Corporativa e demais ações do Pedagogo Empresarial – juntamente com seus pares e lideranças - afim de promover o desenvolvimento das pessoas, das relações interpessoais e da cultura organizacional. Estes programas possuem intenções, objetivos e metas que são implementadas por meio dos projetos. Os programas e projetos devem ter como foco promover aprendizagens organizacionais que desenvolvam o potencial dos indivíduos, equipes e organização, assim como as competências individuais, coletivas e organizacionais. Sempre alinhados às estratégias organizacionais e alta liderança. Para a construção de programas educacionais, alguns requisitos são fundamentais, como: 28 • Diagnóstico cuidadoso das competências da organização contribuindo de maneira assertiva no atendimento das reais necessidades da organização, grupos e pessoas. Essa análisepermite construir eixos de competências a serem desenvolvidas e que na Educação Corporativa, geralmente são subdivididos em “escolas e pilares”. • Identificação dos públicos a serem atendidos a m de determinar a natureza dos programas, nível de profundidade dos conteúdos e especificidades de cada público. Os profissionais que atuam no desenvolvimento de pessoas nas organizações precisam dominar os conhecimentos sobre gestão de projetos a m de acompanhá-los ou implementá-los com sucesso. A gestão de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a m de atender aos seus objetivos. A gestão de projetos, aliada à gestão estratégica das organizações, proporciona soluções, caminhos e resultados importantes à organização. O Pedagogo Empresarial pode atuar tanto como um membro de um projeto, como também um gestor de projetos para o desenvolvimento de pessoas, relações e cultura organizacional. A gestão de projetos inclui: Identificação das necessidades; estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis; balanceamento das demandas conflitantes de escopo, tempo, custo e qualidade; balanceamento dos objetivos do projeto em face de diferentes prioridades e expectativas das partes interessadas. (CAVALCANTI, 2016, p. 3). Uma grande questão deve estar presente em todo projeto: o quanto este projeto irá alterar/impactar a cultura do grupo, as mudanças nas pessoas, a forma de trabalhar e o funcionamento da organização? Questão orientadora para um projeto assertivo e de sucesso. De acordo com Sarkar, autor de Simple steps to ma-nage your project changes, os principais passos para gerenciar melhor as mudanças provenientes da implantação de projetos, são: definir o orçamento; obter razões para mudar; analisar os impactos; identificar as interdependências; analisar os riscos; determinar o impacto da mudança; documentar o processo (MADRUGA, 2018).Mais do que implementar projetos de forma adequada, é necessário implementar projetos que promovam mudanças e transformações nos indivíduos, grupos e organização de forma satisfatória. 29 No decorrer desta temática, foi possível identificar o principal foco de atuação do Pedagogo Empresarial nas organizações e porque desenvolver programas e projetos educacionais nas organizações. A atuação do Pedagogo Empresarial nas organizações exige competências complexas para atuar de forma adequada no desenvolvimento das pessoas, do grupo e da organização, sempre preservando uma postura de educador e mediador, intrínseca à formação do Pedagogo. 9. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES Planejamento e execução de projetos educacionais nas organizações: Como? Para quem? Por quê? Objetivos Os objetivos dos estudos nesta temática são: • Apresentar e promover a compreensão sobre a etapa de planejamento do plano de ação da Educação Corporativa. • Apresentar e promover a compressão sobre a fase de implementação do plano de ação por meio de programas e projetos educacionais para desenvolvimento dos profissionais e da organização. • Promover reflexão sobre a complexidade da atuação do Pedagogo dentro das organizações, destacando as competências a serem desenvolvidas, mas também, a contribuição de um profissional com a formação do Pedagogo no desenvolvimento das pessoas e cultura organizacional. 9.1 Planejamentos de projetos educacionais nas organizações 30 O papel do pedagogo dentro de uma organização envolve o desenvolvimento das relações humanas, o desenvolvimento das pessoas e a cultura organizacional. Sua atuação não se limita à educação corporativa, mas é aqui sua principal atuação. Por meio da educação corporativa é possível estabelecer um processo contínuo e estruturado de aprendizagem vinculado a objetivos estratégicos, com o comprometimento e o envolvimento da direção da empresa. Para isso, programas e projetos educacionais são concebidos, alinhados às estratégias do negócio. Assim como em qualquer atividade educativa intencional, o planejamento é fundamental. Ao planejar é possível analisar a realidade, de forma organizada e com foco nos objetivos que se pretende alcançar, refletindo sobre as condições existentes e elaborando estratégias e formas de ação para superar as dificuldades e/ou alcançar os objetivos desejados. O planejamento é uma etapa de tomadas de decisões. Figura: 4 Um bom planejamento exige seguir algumas etapas, que são: o diagnóstico, ou seja, o conhecimento da realidade e a elaboração de um plano de ação que inclua todos os detalhes da execução, avaliação e o aperfeiçoamento do plano. Conhecer a realidade Planejo um programa e projetos para quem, como e por quê? Esse precisa ser o primeiro passo de qualquer planejamento, um diagnóstico cuidadoso das competências dos indivíduos e da organização. Em todas as etapas, o envolvimento da alta administração e demais elementos importantes na estrutura organizacional é importante, porém, no diagnóstico é fundamental. 31 As lideranças estratégicas devem contribuir com as necessidades reais das empresas e, consequentemente, as necessidades das pessoas em termos de preparação e qualificação. “A participação direta e engajada da liderança colabora também ao desenvolver pessoas que compartilham das crenças e valores da organização, contribuindo para a perenidade da organização” (EBOLI, 2014, p. 31). No diagnóstico inicial, o alinhamento estratégico e a harmonia com os demais processos da organização garantem uma boa parte do sucesso nas próximas ações. Em seguida, quais são as pessoas/equipes que serão envolvidas no programa e projetos? Quais são as suas expectativas, necessidades e competências? Aqui o mapeamento das competências se faz imprescindível. O mapeamento objetiva fundamentalmente identificar o denominado gap de competências, isto é, a diferença entre as competências necessárias para concretizar a estratégia formulada e as competências internas já disponíveis na organização. (BRANDÃO, 2017, p. 12). Ao identificarem-se os gaps de competências a serem desenvolvidos, identifica-se o potencial humano de cada indivíduo que, como estudado, não serão iguais e esse fator precisa ser levado em consideração no plano de ação. Elaborar o plano estratégico. Com o alinhamento e integração das competências e potencial humano, é possível iniciar a elaboração do plano de ação estratégico que permitirá: identificar os públicos que deverão ser atendidos; determinar qual a natureza das estratégias e dos programas educacionais; definir os níveis de complexidade dos conteúdos a cada público; alinhar os objetivos organizacionais com os individuais e coletivos; entre outros. Estas informações possibilitam definir as diretrizes e pilares do plano de ação, promovendo sustentabilidade, clareza e transparência para todos os envolvidos, inclusive a alta gestão. Essas diretrizes e pilares deverão atender os objetivos estratégicos da empresa e considerar os objetivos individuais e coletivos. Devem estar sustentados por bases que promovam a aprendizagem contínua, o desenvolvimento dos níveis individuais, coletivos e organizacional. Deve ter como base um desenvolvimento emancipatório. Deve estar alinhada à cultura organizacional a m de, aos poucos, promover mudanças de hábitos, 32 comportamentos. Para isso, a equipe de RH responsável deve possuir conhecimentos profundos do que está defendendo e ter argumentos claros e objetivos com toda a organização. Importante salientar que não se devem desconsiderar as estratégias de aprendizagem já existentes e integrá-las ao novo plano de ação. E quais são os instrumentos, modalidades, recursos necessários, avaliações que serão realizadas? Ao definir o plano de ação, é fundamental prever todos os possíveis impactos nas diferentes áreas da organização,sejam eles positivos ou negativos. Os impactos positivos para justificar a necessidade do plano de ação e os negativos para preparar as soluções, adequar caminhos, entre outros. Os impactos devem ser monitorados durante a implantação. O Pedagogo Empresarial, assim como seus pares devem atuar de forma a obter credibilidade em toda a organização e até fora dela. A qualificação e nível de especialização são fundamentais para uma gestão que proporcione experiências de aprendizagem realmente significantes e que tragam os resultados esperados para a organização. O planejamento do plano estratégico deve ser sistêmico; deve incluir uma linguagem comum e clara; deve proporcionar a integração das ações em toda a organização; deve promover a harmonização e alinhamento com reuniões periódicas com os responsáveis de cada área para integrar processos e iniciativas. Os programas que irão compor o plano estratégico deverão ser divididos por objetivos, ou seja, qual a necessidade dos programas. Podemos exemplificar dividindo em: um programa que tenha como objetivo principal a ‘formação inicial’, ou seja, competências iniciais para realização das atividades de novos funcionários; outro programa que tenha como objetivo o aperfeiçoamento no cargo, ou seja, o desenvolvimento de competências para novas responsabilidades, perfil e atividades; outro programa com o objetivo de transferência, ou seja, desenvolvimento de competências que envolvam alterações de cargos e/ou funções; e, por fim, outro programa que tenha como objetivo a promoção, ou seja, o desenvolvimento de competências para contribuir com a promoção de pessoas a outros postos de trabalho, com atribuições mais complexas. Com o plano de ação em mãos, alinhado com todos os envolvidos e sabendo o que se quer que alguém aprenda e porque, é hora de passar à fase de implantação para 33 possibilitar situações de aprendizagem e acompanhar seus resultados, fazendo as melhorias necessárias. 9.2 Execuções de projetos educacionais nas organizações Implementar um programa com diferentes projetos para promover o desenvolvimento de competências nos diferentes níveis dentro de uma organização exige dos profissionais envolvidos muito conhecimento sobre processo de ensino-aprendizagem, desenvolvimento de pessoas, relações de trabalho, entre outros conhecimentos correlatos. A Andragogia é um conhecimento importante para o Pedagogo que deseja atuar dentro das organizações. E o que é Andragogia? O termo Andragogia foi estabelecido em 1833, pelo professor alemão Alexander Kapp, mas a educação de adultos num formato andragógico já é aplicada há séculos, desde a antiguidade grega com forte influência da filosofia socrática. Uma das vertentes da ciência da educação, onde aprende-se sobre os adultos e utiliza-se os melhores métodos para ensiná-los, respeitando suas necessidades e motivações. Com a Andragogia, surgem fundamentos sobre aprendizagem ao longo da vida. Além dos fundamentos teóricos referentes à aprendizagem e Andragogia, um bom conhecimento em design instrucional, do ambiente de trabalho, gestão de projetos, entre outros saberes ajudarão muito o Pedagogo nos desafios diários. Porém, com todo o alinhamento realizado no momento do plano estratégico, a área da Educação Corporativa não estará sozinha. A parceria com as mais diversas áreas como Tecnologia da Informação (TI), financeira (recursos necessários), comunicação (parceira na divulgação), entre outras, garantirá o sucesso dos programas. A área de Recursos Humanos responsável pela Educação Corporativa é a gestora dos programas educacionais e de desenvolvimento, mas é fundamental que toda a organização faça parte dos processos compreendendo que a aprendizagem organizacional depende de todos. Importante ressaltar e considerar que há empresas que terão apenas a Educação Corporativa e outras que terão a Universidade Corporativa. Como já estudado, o princípio da Educação Corporativa e Universidade Corporativa é o mesmo, porém, a Universidade vai um pouco além, ofertando por meio de parcerias com as Instituições de educação tradicional, cursos regulamentados. 34 Seja qual for o formato, os objetivos maiores precisam ser os mesmos, promover o desenvolvimento dos profissionais e, consequentemente, o desenvolvimento da organização. A partir dos programas estabelecidos a serem desenvolvidos no plano de ação, de acordo com as necessidades já alinhadas com a organização, iniciam-se os projetos. Qual curso? Como? Quando? Com qual tipo de oferta? Duração? Carga Horária? Quantas pessoas envolvidas? Quais competências serão desenvolvidas? Inicia-se a gestão dos projetos. Portanto, vale relembrar que a gestão de projetos, aliada à gestão estratégica das organizações, deve incluir: identificação das necessidades; estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis; balanceamento das demandas conflitantes de escopo, tempo, custo e qualidade; balanceamento dos objetivos do projeto em face de diferentes prioridades e expectativas das partes interessadas (CAVALCANTE; SILVEIRA, 2016). O projeto de um determinado treinamento, curso, formação terão muitas pessoas envolvidas de forma direta e indireta. No entanto, existem três papéis de destaque: o patrocinador, o gerente e o cliente. O patrocinador é a organização que fornece todos os recursos financeiros para o projeto, que defende no ambiente organizacional, autorizando ou vetando os projetos; o cliente irá receber os produtos e serviços gerados no projeto; e o gerente que irá liderar o projeto e coordenar a utilização dos recursos disponíveis para o alcance dos objetivos (CAVALCANTE; SILVEIRA, 2016). Novamente haverá um planejamento, mesmo que mais curto e objetivo, com base no plano de ação, que se refere aos objetivos, competências a serem desenvolvidas, tipo de oferta, carga horária, período de oferta, público, recursos a serem utilizados, metodologia e avaliação. Além disso, a definição dos requisitos do projeto é realizada pelo cliente e patrocinador. O ideal é garantir uma harmonia e compromisso entre os “desejos” de cada parte envolvida. Em geral, a perspectiva empresarial inclui aspectos de mercado, da concorrência, janelas de oportunidade, incluindo objetivos de negócio, tais como margem de lucro. A perspectiva do cliente inclui requisitos de qualidade, as funções desejadas para o produto e o nível de desempenho esperado. A perspectiva executiva técnica envolve possibilidades 35 de solução técnica, restrições tecnológicas, regulatórias, de prazo e custo, e como elas interagem com as outras duas perspectivas. (CAVALCANTE; SILVEIRA, 2016, p. 13). De forma bem resumida, deverá ter competências para gerir pessoas; gerir o Ambiente do Projeto; saber realizar a administração do projeto; possuir conhecimentos técnicos. Vamos compreender melhor estas competências no quadro abaixo: Quadro 2 – Áreas de habilidades do gerente de projetos Gestão de Pessoas Capacidade de liderar, influenciar e motivar; de comunicar-se efetivamente; de negociar, resolver conflitos e tomar decisões; capacidade de desenvolver senso de confiança e entrosamento no time; capacidade de aconselhamento (coaching). Gestão do Ambiente do Projeto Noções de cultura e comportamento organizacional; capacidade de percepção do ambiente de negócios; capacidade de identificar partes interessadas e gerenciar seus interesses; consciência e respeito às diferenças culturais em equipes multidisciplinares ou internacionais; capacidade de perceber os aspectos culturais e políticos do contexto do projeto. Administração Competências em gestão de projetos; em gerenciamento financeiro; sobre legislação de contratos, trabalhista e fiscal; noções de logística; noções de planejamento estratégico e operacional; capacidade de comunicação eficiente com as partes interessadas. Conhecimentos Técnicos Aplicaçãode conhecimentos técnicos da área de aplicação do projeto para a supervisão da qualidade e correção do trabalho do projeto visando atender às necessidades do cliente. Fonte: CAVALCANTE; SILVEIRA, 2016, p. 17. O projeto é composto por quatro fases que são: fases de iniciação (preparação), fase de planejamento, fase de execução e controle e fase de encerramento (conclusão). 36 Durante a execução do projeto, o responsável, ou seja, o gestor do projeto deverá manter as pessoas envolvidas e integradas do objetivo a ser alcançado, estar atentos às ocorrências que podem prejudicar o andamento e ter ações preventivas, resolvendo os problemas que aparecerem; deve também acompanhar todo o processo e garantir o andamento de forma adequada. Assim, se o projeto é um curso para desenvolver as competências de liderança em profissionais que poderão vir assumir esta responsabilidade no futuro, o gestor de projetos terá como funções e responsabilidades convidar as pessoas que podem contribuir na elaboração do curso, definir tipo de oferta, estabelecer cronograma, escopo de trabalho, providenciar os recursos necessários, certificação , assim como, fornece feedback, resolvendo conflitos e gerenciando mudanças para otimizar o desempenho do projeto, de forma ética e com responsabilidade profissional. 10. O DIFERENCIAL DO PEDAGOGO NA EDUCAÇÃO CORPORATIVA O Pedagogo deve estar atento a todas as competências que precisa adquirir ao decidir atuar nas organizações com Educação Corporativa. Mas, deve também levar para este ambiente organizacional, práticas e concepções importantes que fazem parte da essência de sua formação: o educador disposto a promover aprendizagem a todos, sem exceção. Portanto, a atuação na melhoria do clima organizacional e na promoção de conscientização e reflexão sobre as questões sociais, políticas e direitos humanos, deve ser considerada pelo Pedagogo. A diversidade e inclusão, por exemplo, em um ambiente tão competitivo é olhada com a atenção que merece? A diversidade e inclusão nas organizações envolvem mudanças culturais e, portanto, não se resumem a questões administrativas. E, ao utilizar os termos diversidade e inclusão, a discussão é bem ampla, pois envolve questões culturais, de gênero, de deficiências, de raça, religiosa e, muitas outras. Como promover então um clima de trabalho para atender os resultados que a organização 37 espera, destacando-se no mercado competitivo e um ambiente que seja colaborativo, de respeito, de empatia, de responsabilização mútua? Os Pedagogos, entre outros profissionais envolvidos, possuem como desafio promover o repensar das relações de trabalho inseridas no contexto de diversidade e inclusão, em todos os níveis organizacionais, promovendo um novo olhar sobre o outro e sobre o coletivo. Será que não está aqui o grande diferencial das organizações? Nesta temática foi possível estudar o planejamento e execução dos projetos educacionais nos ambientes corporativos e toda a sua complexidade. Os cuidados são diversos, mas com a parceria e engajamento de todos, o resultado será sempre positivo. O diferencial de se ter um pedagogo na equipe responsável pelo desenvolvimento das pessoas também foi destacado por envolver processos pedagógicos e que envolvem o desenvolvimento das pessoas. 11. COMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOS PROJETOS EDUCACIONAIS NAS ORGANIZAÇÕES Objetivos A temática possui como objetivos: • Apresentar as principais abordagens sobre a avaliação no contexto educacional e no contexto das empresas, mostrando as semelhanças e diferenças. • Proporcionar a compreensão da importância da avaliação da aprendizagem no contexto educacional, promovendo reflexões sobre a importância de adotar uma concepção continuada e formativa. • Apresentar e promover a compreensão da avaliação nas etapas dos programas e projetos destinados à aprendizagem organizacional. 11.1 Acompanhamento e avaliação da aprendizagem organizacional 38 Avaliar é indispensável em toda a atividade humana e não seria diferente com os processos de aprendizagem. Para ser efetiva, precisa ser constante, promovendo ação- reflexão-ação. A avaliação precisa investigar, questionar, refletir, incluindo os diversos aspectos humanos, sociais, políticos, sociais, culturais e contextuais do processo. O Pedagogo, na essência da sua formação, estuda em profundidade a avaliação, seja ela da aprendizagem ou da educação de forma mais ampla, por ser um conceito diretamente ligado à educação. No decorrer da história da educação, as concepções de educação mudaram de acordo com os momentos históricos, políticos e econômicos. Podemos verificar no quadro a seguir uma síntese das concepções. Quadro 3 – Avaliação e modelos epistemológicos AVALIAÇÃO E MODELOS EPISTEMOLÓGICOS Modelos Objetivista Subjetivista Socioconstrutivista Ensino- aprendizagem Conteúdos são transmitidos pelo professor aos alunos. Professor é quem ensina, aluno é quem aprende. Deve adaptar-se ao aluno, os métodos devem ser ativos e atrativos, ênfase em atividades práticas. Valoriza o trabalho individual e em grupo. Professor deve intervir para promover a aprendizagem. Aprendizagem é entendida como o desenvolvimento do aluno. O professor atua de forma interativa e assume a postura de mediador entre o conhecimento e o aluno. Currículo Elaborado da parte para o todo, priorizando as habilidades básicas e seguindo regras rígidas. Elaborado a partir dos interesses do aluno, inclui atividades práticas e trabalhos manuais. É flexível, prioriza os conceitos relevantes e se elabora do todo às partes. Valoriza os aspectos culturais, políticos, históricos e sociais. Aluno Trabalha individualmente e é visto como “receptáculo” de conhecimento, atitude passiva. É responsável pela sua aprendizagem. É o centro do processo ensino- aprendizagem. O ensino gira em torno do aluno e dos seus interesses. É construtor ativo do seu conhecimento, está inserido em um meio sociocultural e interage com ele. 39 Avaliação Dicotomia entre ensino e avaliação. A avaliação deve ser objetiva e se fundamenta na aplicação de provas e testes. A avaliação está relacionada ao ensino, incorpora elementos subjetivos, utiliza instrumentos de auto avaliação e observação. Avaliação é integrada ao ensino, utiliza instrumentos variados e seu objetivo é formativo, ou seja, garantir a aprendizagem dos alunos. Fonte: ARCAS, 2017, p21. A avaliação no decorrer da história caminhou por diferentes concepções, como o autor apresenta: abordagens objetivista, subjetivista e socioconstrutivista. Atualmente, apresenta formas mais amplas, de integralidade, continuidade, de processo, formativa, mas ainda convivemos com concepções fragmentadas e reducionistas da avaliação. Assim, a importância da reflexão constante sobre a práxis educativa. E a avaliação da aprendizagem nas organizações? Seguem as mesmas concepções? Possuem os mesmos propósitos? A avaliação da aprendizagem no contexto organizacional possui a mesma complexidade que nos ambientes escolares, acrescida de alinhamento com as decisões administrativas da empresa. A avaliação neste contexto deve ser um mecanismo para explicar e medir a implementação dos programas, as aprendizagens individuais, a satisfação dos envolvidos, os resultados concretos na prática do dia a dia, o alcance dos objetivos esperados, a melhoria dos resultados organizacionais. Desde meados do século XX, a avaliação organizacional tem sido utilizada. Observe a síntese do referencial teórico da avaliação organizacional a seguir. Quadro 4 – Síntese do referencial teórico de avaliação: 1960 – 2009 Fase Ênfase Principais Autores Desenvolvimento Predominantemente metodológica. Ênfase na resolução dos principais problemas
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