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Artigo de TCC Vítimas e Não Marginais

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC II
VÍTIMAS E NÃO MARGINAIS
A Desmistificação do Preconceito que Envolve as Crianças Institucionalizadas em Rio Verde de MT/MS
LEONEIDI RODRIGUES DE ALMEIDA RA: 444954
OSENI DA SILVA GUSMÃO RA: 439942
SANDRA DOS SANTOS RODRIGUES NOGUEIRA RA: 433479
ORIENTADOR (A): ANA MARIA DE OLIVEIRA ESPÍNDOLA
Rio Verde de Mato Grosso/MS
Novembro de 2016
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------4
2. A DESMISTIFICAÇÃO DO PRECONCEITO QUE ENVOLVE AS CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS NO MUNICÍPIO DE RIO VERDE DE MATO GROSSO/MS------------------------------------------------------------------------------------5
2.1 O Preconceito----------------------------------------------------------------------------------6
2.2 Contextualização histórica da exclusão social da criança e do adolescente no Brasil--------------------------------------------------------------------------------7
2.3 A Exclusão--------------------------------------------------------------------------------------7
2.4 O Preconceito que envolve os abrigos institucionais ---------------------------8
2.4.1 O Rótulo ------------------------------------------------------------------------------------------9
2.4.2 Estigma de marginalidade--------------------------------------------------------------------9
3. FUNÇÃO DE UM ABRIGO INSTITUCIONAL----------------------------------------10
4. AÇÕES DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO PELOS ASSISTENTES SOCIAIS JUNTO A QUESTÃO DE PRECONCEITO-------------------------------10
4.1 Demanda do assistente social----------------------------------------------------------11
4.2 Legislações pertinentes ao tema------------------------------------------------------12
5. CONSEQUÊNCIAS OCASIONADAS PELO PRECONCEITO E EXCLUSÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------------13
5.1 Sentimento De Inferioridade-------------------------------------------------------------14
5.2 Agressividade--------------------------------------------------------------------------------14
5.3 Mau desempenho escolar----------------------------------------------------------------15
5.4 Aceitação da marginalidade-------------------------------------------------------------15
6. O PAPEL DA ESCOLA NO PROCESSO DE INCLUSÃO------------------------16
6.1 O que fazer com o bullyng---------------------------------------------------------------16
6.2 Abrigos e escolas juntos no desenvolvimento e inclusão social-----------17
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------19
REFERÊNCIAS----------------------------------------------------------------------------------------20
 
VÍTIMAS E NÃO MARGINAIS
A Desmistificação do Preconceito que Envolve as Crianças Institucionalizadas em Rio Verde de MT/MS
LEONEIDI RA: 444954
OSENI RA: 439942
SANDRA RA: 433479
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso surgiu do resultado da pesquisa realizada no período que compreendeu os três níveis de estágio curricular obrigatório do curso de Serviço Social da faculdade Anhanguera Uniderp. Onde o objetivo deste estudo foi desmistificar a imagem destes infantes, de que “Crianças Institucionalizadas são marginais”, a sociedade de um modo geral as vê como menores infratores, ou sem perspectivas de um futuro promissor. Este estudo visa trazer a tona os conhecimentos de estudos que demonstram a realidade emocional de quem precisam viver se defendendo de olhares julgadores e de condenações verbais. Diante de um vasto cenário de pesquisas em artigos, livros e revistas, juntamente com as experiências e conhecimento adquirido no campo de estágio curricular, fica notório a necessidade de intervenção no papel Institucional e social como um todo, visando à inclusão das crianças e adolescentes institucionalizados, na sociedade desde o seu primeiro rompimento afetivo. Neste estudo o tema do preconceito, bem como a exclusão é abordado de modo a prover os esclarecimentos necessários a respeito do assunto, como também abordará a prática do assistente social junto a essa questão do preconceito, quais ações de prevenção e enfrentamento poderão ser implantadas uma vez que o profissional desenvolve ações interventivas junto a este segmento. A pesquisa também mostra a importância da interação Crianças e Adolescentes Abrigados com o Mundo, ou seja, incluídos na sociedade favorecendo a inserção de novos conhecimentos e oportunidades, de forma a serem estimulados e incentivados a pensar no futuro como autor da sua própria história.
Palavras-chave: Desmistificação; Preconceito; Crianças; Adolescentes; Abrigos.
1. Introdução
Este estudo tem como proposta desmistificar o termo de que “Crianças Institucionalizadas são marginais”, a sociedade de um modo geral as vê como menores infratores, ou sem perspectivas de um futuro promissor. 
O presente artigo tem como objetivo geral promover o entendimento e a compreensão das consequências maléficas que atitudes preconceituosas e discriminatórias podem acarretar na vida social das pessoas, visando à compreensão da valorização do ser humano independente de sua cor, raça, cultura, posição social e violências sofridas, quebrando assim o conceito Pré-existente de marginalidade que envolve as crianças abrigadas em instituições.
Compreender a questão do preconceito de forma crítica e reflexiva. Reconhecer como a discriminação afeta o adolescente abrigado em seu ambiente escolar. Constatar como o preconceito discriminatório prejudica a interação e inclusão social dessas crianças, também faz parte dos objetivos deste artigo.
O referido artigo foi elaborado somente através de pesquisa bibliográfica sem pesquisa de campo, de modo que usamos o conhecimento adquirdo no estágio curricular, como referência para o tema, no quesito atores envolvidos, ou seja, as crianças e adolescentes do Abrigo Institucional de Rio Verde MT/MS.
Abordamos também neste estudo a importância do papel da escola no processo de inclusão, conceituamos sobre a prática do bullyng nas escolas e relacionamos sobre a importância do trabalho conjunto entre escolas e abrigos, através da participação dos assistentes sociais no que se refere às práticas discriminatórias e vexatórias.
A pesquisa também mostra a importância da interação Crianças e Adolescentes Abrigados com o Mundo, ou seja, incluídos na sociedade favorecendo a inserção de novos conhecimentos e oportunidades, de forma a serem estimulados e incentivados a pensar no futuro como autor da sua própria história.
De modo que este estudo se justifica no esclarecimento de questões que servirão de subsídios para projetos interventivos que objetivam a contribuir para a diminuição do preconceito e da discriminação, visando a uma convivência harmoniosa entre crianças e adolescentes, promovendo, assim, uma educação de respeito, valorização às diferenças raciais e sociais, garantindo assim assegurar os direitos fundamentais.
2. A DESMISTIFICAÇÃO[footnoteRef:1] DO PRECONCEITO QUE ENVOLVE AS CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS NO MUNICÍPIO DE RIO VERDE DE MATO GROSSO/MS [1: (Marcelo Augusto de Paiva dos Santos (DF) em 03-12-2009) Desmistificação significa romper com o mito, romper com o enigma acerca de algo. Significa também tirar do senso comum, desligar da ideologia, dissecar sem alienações. 
Usa-se a palavra desmistificação para enfatizar a pureza da realidade, sem adornos, sem complementos. A palavra desmistificação é de amplo conceito filosófico também, referindo-se ao ato de tornar nu algo camuflado, permitindo uma análise mais verossímel e mais próxima do real. 
] 
No Brasil, observa-se que as instituições de acolhimento têm sido marcadas por estigmas negativos. Por consequência, o preconceito ganha força contra crianças e adolescentes, em situação de acolhimento, bem como a discriminação e exclusão social a que esses sãoconstantemente submetidos (Buffa, Teixeira, & Rosseti-Ferreira, 2010).
A necessidade de pesquisar sobre o tema, surgiu a partir da inserção no campo de estágio curricular obrigatório do curso de Serviço Social da Universidade Anhanguera Uniderp EAD, o estágio ocorreu no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) /Alta complexidade no Abrigo Institucional Aureliano Martins Alves. 
Este estudo tem como proposta desmistificar o termo de que “Crianças Institucionalizadas são marginais”, a sociedade de um modo geral as vê como menores infratores, ou sem perspectivas de um futuro promissor. Infelizmente são poucos os que realmente entendem o seu significado, de maneira que este estudo visa um maior esclarecimento desta questão, para que se quebre este conceito pré-existente e passe a relacionar estas crianças como vítimas que tiveram os seus direitos violados e de que necessitam da compreensão de todos para que sejam inseridos na sociedade como cidadãos que realmente são e não serem mais rotulados como menores infratores por questões adversas a eles. De modo que para a realização deste estudo foi feita uma pesquisa bibliográfica, onde o material utilizado foram artigos disponíveis na internet, como também livros e revistas referentes ao assunto.
A presente pesquisa pretende analisar a questão do preconceito existente em torno das crianças que vivem no Abrigo Institucional Aureliano Martins Alves em Rio Verde de MT/MS, preconceito este que dificulta a sua inclusão na sociedade. Como também abordará a prática do assistente social junto a essa questão do preconceito, quais ações de prevenção e enfrentamento poderão ser implantadas uma vez que o profissional desenvolve ações interventivas junto a este segmento.
O referido estudo tem como parte do seu objetivo geral, promover as autoridades competentes bem como a sociedade de um modo geral o entendimento e compreensão dá importância de se incluir as crianças abrigadas em instituições em projetos sociais a elas destinadas de modo a, promover a sua inclusão na sociedade, visando quebrar o estigma de marginalidade que as envolve.
De modo que este estudo possui o objetivo de promover o entendimento e a compreensão das consequências maléficas que atitudes preconceituosas e discriminatórias podem acarretar na vida social das pessoas, visando à compreensão da valorização do ser humano independente de sua cor, raça, cultura, posição social e violências sofridas, quebrando assim o conceito Pré-existente de marginalidade que envolve as crianças abrigadas em instituições. Onde permitirá pensar no respeito ao próximo, com base nos critérios de que todos nós somos iguais perante a Lei.
2.1 O PRECONCEITO
É um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, culturas, lugares, sentimentos, tendências de comportamento ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Ao ser usado no sentido pejorativo costuma ser simplista, grosseiro e maniqueísta. Em outras palavras Anna Oliveira (2011), conceitua o que é o preconceito. 
Preconceito é a convicção de que determinadas características físicas, condições financeiras, opções eclesiásticas e sexuais ou até mesmo a nacionalidade do cidadão (entre outros motivos) determinam também os traços de caráter, capacidade e inteligência do mesmo. (ANNA OLIVEIRA, 2011. Projeto Ágora). 
Os sentimentos negativos em relação a um grupo fundamentam a questão afetiva do preconceito, e as ações, o fator comportamental. Segundo Max Weber (1864-1920), o indivíduo é responsável pelas ações que toma. Uma atitude hostil, negativa ou agressiva em relação a um determinado grupo, pode ser classificada como preconceito. 
2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EXCLUSÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL
O início da política de exclusão social no Brasil, remota ao século XVI, quando da chegada dos jesuítas os quais impuseram seus dogmas.
 Desde então as políticas sociais implantadas no país, em todo o decorrer do Império e República, firmaram-se no propósito de aperfeiçoar cada vez mais uma sociedade mais excludente e desigual.
 O termo exclusão vem sendo discutido pela sociedade com muita frequência, porém, há a ausência de políticas públicas visando à inclusão social da criança e do adolescente, oriundos de famílias menos favorecidas e que tem a crucial realidade de estarem inseridos nos benefícios sociais oferecidos pelo estado.
Segundo TAVARES, (2011) a exclusão social das crianças e adolescentes se deve:
 A desintegração das famílias na realidade atual é um fator preponderante para o processo de exclusão de crianças e adolescentes. [...] Um aspecto notório no processo de exclusão social, refere-se também ao fruto de uma política social defasada, que não inclui em suas ações um atendimento sociocultural, afetivo e econômico, que corresponda às necessidades da demanda em risco. (TAVARES, 2011.) 
Segundo OLIVEIRA (2011) surge como herança deste descaso às inúmeras áreas carentes existentes hoje em nosso país, dando início à desigualdade social e diferença entre classes sociais, culminando em crimes e violências devido ao desajustamento social, dando origem aos diversos grupos sociais e por fim preconceito, exclusão e discriminação.
2.3 A EXCLUSÃO
Conforme mencionamos anteriormente no contexto histórico e origem da exclusão social das crianças e adolescentes no Brasil, vários foram os fatores que influenciaram no processo de exclusão dos diversos grupos sociais. 
Na sociedade capitalista que constitui a nação brasileira, a questão dos jovens e das crianças em estado de exclusão social é focada como meros produtos do poder econômico, causado por interesses individuais, políticos e desigualdades sociais, oriundas de um processo histórico arraigado de preconceitos agravantes, marcados pela pobreza, pelo racismo que até hoje perduram excluindo e marginalizando indivíduos sem percepção dos direitos humanos. 
Encontra-se em processo de exclusão social crianças e adolescentes inseridos no meio da sociedade, dispersos nos bairros periféricos, cadastrados nos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS, acompanhados pelos Conselheiros Tutelares, enfrentando grandes dificuldades de aceitação pessoal. Frente a esta realidade social cruel indagam-se como estes, sem defesas, sem perspectivas de vida, atentem para adquirir o conhecimento sobre os direitos humanos e outras questões.
2.4 O PRECONCEITO QUE ENVOLVE OS ABRIGOS INSTITUCIONAIS
O modo disciplinar que caracteriza tais instituições foi objeto de vários estudos, dentre os quais se encontram os trabalhos de Foucault (1997) e Goffman (1974). De acordo com afirmações de Arpini (2003) a respeito das seguintes obras “Nessas obras, os autores refletem sobre aspectos como a representação que o interno faz da vida institucional, o aniquilamento de sua identidade, a estigmatização e as dificuldades enfrentadas em seu processo de reinserção social”. 
Arpini (2003) também acrescenta as consequências da separação da criança de sua família. Assim, conforme observamos anteriormente, a instituição criou uma imagem negativa de seu próprio mundo, uma vez que serviu de cenário para que todas as repressões, humilhações e violências acontecessem com a população interna, ficando definida como um lugar de fracasso, um lugar sem saída e sem perspectivas. 
A instituição, desse modo, reproduz a acusação social e acaba, então, culpando as crianças e adolescentes pela natureza da família destes. Referem-se às famílias sem muitos cuidados e espera que os jovens eliminem seus contatos familiares sem dor nem sofrimento, considerando suficiente para isso apenas o fato de entenderem que seus familiares não são pessoas que agiram corretamente. O que ocorre aí é uma desconsideração do fato de que o rompimento de vínculos afetivos é um processo muito doloroso. Não se pode eliminar uma história familiar sem que se viva muita dor, angústia e medo do presente e do futuro. (ARPINI, 2003).
De modo que para a sociedade em geral as crianças institucionalizadascarregam este estigma de marginalidade devido ao ambiente desfavorável onde se encontram suas famílias. Vale ressaltar que as crianças do Abrigo Institucional de Rio Verde não diferem das demais crianças institucionalizadas de outras localidades, no que se refere aos preconceitos sofridos.
2.4.1 O RÓTULO
“A arte de rotular as pessoas”, rotular alguém é limitar as suas capacidades, ou seja, rotular é dar àquela pessoa um valor menor ou maior por conta dessas limitações. Sabemos que os juízos de valor são usados no convívio na escola, nas relações com a família e até nas avaliações pelas quais passamos em toda a nossa vida, mas certamente esta não é a melhor prática, e é importante que possamos rever isso em nossa conduta e na educação dos filhos. Muitas vezes, a criança mal consegue manifestar suas habilidades e capacidades, porque já é desqualificada diante das demais pessoas.
 Jeorgino da Silva, um professor cearense, publicou em alguns blogs em maio de 2011. “O Ser Humano e a Sutileza de Rotular os Outros”. No referido texto ele cita alguns rótulos que as pessoas costumam utilizar.
 [...] Se está desempregado, o rótulo é: Ele é preguiçoso. Esta sempre orando, o rótulo é: Ele é fanático! Esta sempre estudando, o rótulo é: Ele é bitolado nos estudos. Nerd. Dificilmente faz orações, o rótulo é: Ele é incrédulo. Ateu. (JEORGINO DA SILVA, 2011).
2.4.2 ESTIGMA DE MARGINALIDADE
Arpini (2003) retrata o forte estigma social que envolve os adolescentes abrigados em instituições, além de enfatizar como são vistos perante a sociedade.
Ser visto como um adolescente que vive em uma Instituição de abrigo é ainda um forte estigma social e, sobretudo, uma marca muito forte que eles passam a carregar, pois as pessoas, via de regra, julgam que uma criança ou adolescente institucionalizado carrega algum problema em sua “bagagem”. O preconceito se funda na ideia de que eles não podem ser pessoas “normais”, de que devem ter falhado em algo em sua história, que são em alguma medida responsáveis por sua situação e pela ideia de marginalidade que os acompanha. E é justamente dessa forma que eles são percebidos; na verdade não se considera que o que os levou à instituição não foi uma ação cometida por eles, senão o resultado de uma violência estrutural em nossa sociedade ou do abandono e violência praticada por suas famílias. Isso ilustra muito bem o fenômeno dos “preconceitos instituídos[footnoteRef:2]”, pois o imaginário construído em torno dessa população é muito forte e determina a perspectiva preconceituosa com que o grupo é tratado, a qual consiste num resultado direto dessa representação socialmente instituída. (ARPINI, 2003). [2: Preconceitos Instituídos: São preconceitos impostos e praticados pela sociedade contra minorias específicas como uma das formas de dominação do opressor para com o oprimido, isso acarreta a exclusão social, visto que em muitos casos aquele que sofre com tal atitude, silencia, reprime-se e fica a margem dos grupos sociais. (ELIZABETH DIAS DE SOUZA CINTRA, Mestranda em Letras, professora da Rede Estadual de Sergipe). ] 
O que criou esse conceito de “marginais” nas crianças institucionalizadas perante a sociedade é o fato de que as crianças e os adolescentes que vivem em situações de risco são vistas como um problema a ser extirpado da sociedade e sofrem descasos, tornando-se seres movidos ao acaso.
3 FUNÇÃO DE UM ABRIGO INSTITUCIONAL
Abrigo Institucional Conforme o documento normativo publicado pelo Conanda/CNAS, 2009[footnoteRef:3], define-se como “Serviço que oferece acolhimento provisório para crianças e adolescentes afastados do convívio familiar, por meio de medida protetiva de abrigo (ECA, art.101), em função de abandono, maus tratos, abuso sexual, negligência grave ou cujas famílias ou responsáveis encontram-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção, até que seja viabilizado o retorno ao convívio com a família de origem ou, na sua impossibilidade, encaminhamento para família substituta. O serviço deve ter aspecto semelhante ao de uma residência e estar inserido na comunidade, em áreas residenciais oferecendo ambiente acolhedor e condições institucionais para o atendimento com padrões de dignidade”. [3: Orientações Técnicas: Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, Brasília, 2. Ed., 2009, p67.
] 
4 AÇÕES DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO PELOS ASSISTENTES SOCIAIS JUNTO A QUESTÃO DO PRECONCEITO
Entendemos que a concepção que mais prevalece em nossa prática operativa é a Referência Dialética, que aborda a nossa realidade. De modo que a metodologia de prevenção e enfrentamento empregada pelos assistentes sociais, consiste em relacionar à dialética, que propõe o diálogo informativo, estimulando o conhecimento visando promover o reconhecimento de diversos assuntos, para este estudo relacionado ao tema do preconceito.
Trabalhar o preconceito de uma forma geral é importante, pois o adolescente abrigado não sofre preconceito exclusivamente por morar em um abrigo, embora este seja o principal fator discriminatório deste público alvo, existem outros fatores que também devem ser levados em conta, o fator da cor, obesidade, posição social além das violências sofridas.
A construção de valores da criança se dá por meio das interações com o seu meio social. Ampliando seus conhecimentos a respeito de si, dos outros e da sociedade, a autoimagem também será construída através das relações estabelecidas no ambiente que essa criança vive e/ou nos lugares que ela frequenta. 
4.1 DEMANDA DO ASSISTENTE SOCIAL
Segundo Tavares (2011) “muitas situações são deparadas no cotidiano de jovens que vivem em situações degradantes e inadequadas frente à omissão das autoridades do Estado”.
Tavares (2011), também afirma sobre as necessidades básicas como forma de prevenção.
[...] não se preocupam em equilibrar esta situação, buscando formas de trabalhar a família como um todo, oferecendo vida digna, saúde e educação de qualidade, inserção no mundo cultural, elementos básicos que suprem as necessidades básicas, como forma de prevenção de possíveis problemas. (TAVARES, 2011).
A violência é uma das consequências da desigualdade social, enfrentada em nossa sociedade. De modo que está cada vez mais presente nos lares, cujas famílias se encontram em situação de vulnerabilidade e desagregação familiar e social. Ainda Segundo TAVARES, (2011). 
Os índices de violência vêm aumentando consideravelmente em nossa nação, frutos do não cumprimento dos preceitos da Carta Magna de 1988, que explicita em seu bojo o direito à saúde, à educação, à moradia e tantos outros. Esta crucial realidade da nação brasileira faz com que o país torne-se cada vez mais inserido no contexto das desigualdades sociais. [...] Conclui-se que crianças em situações vulneráveis são exclusas da sociedade porque vêm de um ambiente hostil, sem perspectivas de melhoria de vida e falta de oportunidades sociais. Logo cedo precisam de trabalho para sua manutenção e da família deixando a escola de lado. [...] É preocupante, pois a desintegração da família é uma das principais causas, ressaltando também, que o sistema econômico e social desiguais acelera o crescimento de crimes. (TAVARES, 2011).
Trabalhar com famílias de crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional é um grande desafio. De modo que o acolhimento institucional é a última medida de proteção conforme o Estatuto. Segundo (SANTOS 2011, p.13) “Isto significa que as demais políticas falharam e agora existe uma família desprotegida e desamparada. O trabalho com a família deve ocorrer no sentido de prevenção a medidas como o acolhimento institucional”.
Quanto à demanda referente ao enfrentamento do preconceito e discriminação no intuito de remediar, o enfrentamento consiste em garantir os direitos dessas crianças previstos no ECA. Ou seja, que "representa mudança de paradigma nas questões da criança e do adolescente, que passam a ser definidos como sujeitos de direitos e seres em condição peculiar de desenvolvimento" (SERRANO, 2008, p. 42).O ECA também diferencia a criança vitimizada da criança infratora, antes agrupadas na mesma categoria pelo Código de Menores (BRASIL, 1979).
Levando a propostas diferentes de intervenção com cada um desses grupos, uma vez que o segundo grupo demanda medidas de proteção e também socioeducativas. Para o primeiro grupo, é formulada uma nova política de acolhimento, uma mudança nos cuidados despendidos à criança e ao adolescente em situação de risco, antagônica à prática de confinamento e segregação social e à cultura da institucionalização de forma geral (RIZZINI, 2006).
Referente ao tema a demanda do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) da cidade de Rio Verde de Mato Grosso/MS, consiste no atendimento de crianças e adolescente vítimas de violência, negligência, dentre outros.
4.2 LEGISLAÇÕES PERTINENTES AO TEMA
A CF de 1988 e a promulgação do (ECA) traz um novo olhar sobre a infância e a adolescência, ao incluir diretrizes da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada por unanimidade na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989, e assinada pelo Brasil em 26 de janeiro de 1990.
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA é um órgão colegiado permanente de caráter deliberativo e composição paritária, previsto no artigo 88 da lei no 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Integra a estrutura básica da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).
O ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
§ V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
5 CONSEQUÊNCIAS OCASIONADAS PELO PRECONCEITO E EXCLUSÃO
No intuito de compreender melhor o universo Institucional, observa-se através da leitura de artigos, livros e pesquisas, que as crianças institucionalizadas sofrem com a deturpação de sua imagem, vistas então como "Marginais ou futuros Marginais", devido ao distúrbio de conduta causado pela ausência Materna e a carência afetiva. Estas privações causam-nos mesmos, um turbilhão de emoções diferenciadas.
Nos casos mais severos, apresenta relacionamento superficial, nenhuma capacidade de se interessar pelas pessoas e de fazer amizades, levando as assim a um julgamento cruel por parte da sociedade, que as veem como peças de descartes e as deixam a mercê da própria sorte.
Ao serdes vistas como marginais essas crianças e adolescentes sofrem várias consequências como, por exemplo: tornam-se inferiores perante as demais crianças com quem convive, baixa autoestima, insegurança, agressividade, sentimento de inferioridade, sentimentos de revolta, mau desempenho escolar, dificuldades em conviver na sociedade. 
 Crianças essas que já traz em seu histórico de vida, sofrimentos que elas não entendem e/ou não aceitam sofrimentos estes que deixam sequelas em suas mais diversas formas e ainda são subjugadas pela sociedade desinformada, preconceituosa e discriminadora, onde são tachados de marginais por residirem mesmo que provisoriamente em uma casa abrigo.
O fato de separá-los do meio familiar de origem e levá-los para um abrigo, mundo este aleatório as suas vivências e afinidades, cria-se sentimentos e emoções adversos ao habitual, ocorrendo transformações em suas vidas, e assim a tristeza, a insatisfação, e muitas vezes a agressividade, faz-se presente no cotidiano da criança e do adolescente abrigado.
5.1 SENTIMENTO DE INFERIORIDADE
De acordo com (SILVA, 2008) [footnoteRef:4], a respeito de como surgem os sentimentos de inferioridade. [4: Diretora-presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude, Maria Lúcia da Silva. São Paulo, 2008.] 
Ela ressalta que o desenvolvimento da autoestima se dá nos primeiros anos de vida, por meio do modo com que a criança é tratada pela família e também nas relações sociais. A inferiorização de determinados grupos não deve ser negligenciada, sobretudo na infância. Na opinião de Maria Lúcia, as brincadeiras pejorativas entre colegas, muitas vezes tidas como “inocentes”, podem esconder padrões de comportamentos que ajudam a perpetuar o preconceito na sociedade.
 Segundo (SILVA, 2008) relata “Ao ser xingada, a criança sente-se humilhada, envergonhada. Ela é destituída de seu nome próprio e de sua humanidade quando, por exemplo, lhe atribuem alguma característica animal”. 
Entre os efeitos da constante exposição a situações vexatórias, estariam o sentimento de desvalorização, a rejeição da própria imagem, a inibição e a dificuldade de confiar em si mesma. Valem ressaltar que o sentimento de inferioridade, não se deve exclusivamente por questões devido ao estereótipo, negligências, violências e abuso de diversas naturezas podem provocar tais reações.
5.2 AGRESSIVIDADE
Analisemos algumas situações comuns, nas quais a criança aprende a ser agressiva e violenta; e, onde ela pode copiar e praticar a violência.
Conforme elencamos anteriormente crianças e adolescente que se encontra em situação de acolhimento institucional, significa que foram vítimas de violações de seus direitos e este recurso somente é aplicado quando os demais não resolveram.
Vejamos algumas situações segundo Canhoto, (2010).
· Com os pais e adultos com os quais convive: Desnecessário falar sobre os efeitos causados na construção da personalidade, do padrão de atitudes, de alguém criado num ambiente familiar onde à violência é explícita; com espancamentos, agressões psicológicas e morais. Predomina entre os adultos da atualidade; as pessoas que ainda nem percebem quando agridem; apenas sentem quando são agredidas e buscam sempre uma forma de retaliar ou até de se vingar de uma maneira que supere a agressão sofrida.
· Brigas em família: Filhos de casais que se desentendem com frequência são vítimas de estresse de agressividade e rebeldia. A perda de autoridade dos pais brigões é imediata e notória. Se os adultos são incapazes de entender quando é o momento certo para resolver suas divergências; como esperar tal atitude de uma criança. 
· Na vida em sociedade: As desigualdades, os preconceitos e todos os tipos de exclusão do indivíduo da sociedade são indutores de agressividade e violência. (CANHOTO, 2010).
A criança ou o adolescente que já vem de um lar desregrado na qual não lhe proporcionou uma boa conduta e não entendendo que seus agressores é a própria família, não aceita que seus vínculos familiares estejam rompidos, isso proporciona o aumento da agressividade que eles já conhecem. 
5.3 MAU DESEMPENHO ESCOLAR
O rendimento escolar dos indivíduos que são vítimas do bullying pode ficar comprometido, visto que, para esses alunos o ambiente escolar já não é mais um local de estudo e sim de medo e sofrimento. Alguns indicadores podem sinalizar o desinteresse do aluno em ir à escola, bem como, sentir-se mal perto da hora de sair, pedir para trocar de escola, revelar medo de ir ou voltar da escola, mudar frequentemente o trajeto entre a casa e a escola são também muito comuns e isso afetada diretamente o rendimento escolar desses alunos.
Na construção do desempenho escolar, a qualidade da escola é tão importante quanto à valorização do conhecimento escolar por parte dos pais ou responsáveis, pois tanto uma quanto outra influência as condições de sucesso/insucesso escolar. 
5.4 ACEITAÇÃO DA MARGINALIDADE
Outro pontoa ser questionado, onde uma das mais graves consequências desse tipo de discriminação é o fator da aceitação por parte dos adolescentes abrigados, ou seja, os colegas em sala de aula segregam, discriminam e até mesmo ofendem, a sociedade também exercem o seu papel discriminatório em suas mais diversas formas, de modo que eles não conseguem ser aceitos dentro dessa sociedade “civilizada”. Devido a esta série de fatores eles praticamente são empurrados realmente para a marginalidade, alegando que lá sim eles são aceitos sem serem julgados, ou seja, eles praticamente assumem a marginalidade imposta pela sociedade em questão.
Eis a necessidade, de cobrar da sociedade o respeito e a responsabilidade em oferecer os direitos fundamentais dessas crianças, protegendo-os contra ameaças e violações de seus direitos, evitando expô-los às situações de riscos e constrangimentos e oferecendo a oportunidade de um recomeço.
6 O PAPEL DA ESCOLA NO PROCESSO DE INCLUSÃO
A escola é o lugar onde a construção social exerce um papel de extrema importância nos indivíduos ali inseridos, construção social esta que irá moldar personalidades e conceitos de vida quando adultos e é justamente nas escolas que as crianças institucionalizadas sofrem mais com o preconceito, como se não bastasse o olhar indiferente da sociedade, ainda vivenciam situações de descasos e xingamentos por parte dos colegas de classe. Os tipos de preconceitos praticados em sala de aula por parte dos alunos vão da segregação, ou seja, excluí-los do relacionamento social, até agressões verbais e físicas.
Se situações como essas acontecem e não é segredo para ninguém dentro da escola, onde fica o papel da escola no processo de inclusão?
6.1 O QUE FAZER COM O BULLYNG
Segundo BRUNELLI[footnoteRef:5], (2012) fala a respeito do conceito de bullyng, como também o classifica. [5: CLÁUDIA BRUNELLI, Professora e Psicóloga, é coordenadora pedagógica da educACES, em Buenos Aires, Argentina.] 
Bullyng, este termo inglês que significa intimidação ou castigo entre colegas. [...] pode ser de natureza psicológica ou física. Para que uma conduta seja classificada como bullyng, precisa ser intencional e causar dano, incomodar ou ferir outra pessoa. (BRUNELLI, 2012, p.28).
O bullying pode ser identificado por meio de algumas ações, como ressalta a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à infância e à Adolescência (Abrapia).
Colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences. (Palácios et al, 2006).
De acordo com afirmações de Brunelli (2012) “a primeira coisa que se deve fazer é se conscientizar do fenômeno e conseguir que todos os envolvidos (professores, estudantes, pais ou responsáveis), saibam o que é o bullyng”. A autora também fala a respeito da solução que começa por uma “intervenção participativa de toda a comunidade da área educacional e demais autoridades envolvidas na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, ou seja, é necessário quebrar o círculo vicioso do silêncio e da indiferença” (BRUNELLI 2012).
Como desenvolver resiliência diante do bullyng na escola segundo Brunelli (2012).
1. Incentivar a presença de um adulto idôneo que proporcione afeto, apoio, dando respaldo e ânimo incondicionais, como base e amparo, tanto para o agressor quanto para o agredido.
2. Estabelecer e transmitir expectativas elevadas e realistas, atuando como motivador eficaz. Isso permitirá o desenvolvimento de boa autoestima nos estudantes.
3. Propiciar oportunidades de participação significativa na solução de problemas, fixação de metas, planejamento, tomada de decisões. 
4. Enriquecer vínculos sociais visando ao desenvolvimento de uma comunidade educativa. Estabelecer comunicação eficaz entre a família e a escola.
5. Promover a capacitação dos professores sobre as estratégias de aconselhamento, tendo em vista uma disciplina restauradora. Possibilitar que toda a comunidade participe na fixação de normas e limites claros, com o consentimento de todos.
6. Ensinar habilidades para a vida: cooperação, resolução de problemas, capacidade de comunicar e tomar decisões. Isso ocorre quando as pessoas aprendem a ser afirmativas (comportamento pelo qual a pessoa não agride nem se submete a vontade de outras pessoas, mas manifesta suas convicções e defende seus direitos sem a intenção de ferir nem prejudicar, atuando a partir de um estado interior de autoconfiança, em vez de emocionalismo limitador, típico da ansiedade, culpa e raiva). (BRUNELLI 2012).
6.2 ABRIGOS E ESCOLAS JUNTOS NO DESENVOLVIMENTO E INCLUSÃO SOCIAL
 Sendo os abrigos necessários em nossa sociedade, não se deveria permanecer questionando sobre a possibilidade de esse ambiente ser prejudicial para quem dele precisa, mas sim investir em sua qualidade, como já ocorre em alguns locais. (SIQUEIRA; DELL’AGLIO, 2006), atribuindo lhes novos significados, que colaborem para a construção de um local favorecedor do desenvolvimento. Da mesma forma que o abrigo, a escola pode ser compreendida como um contexto desenvolvimental importante, já que é o local em que a criança passa grande parte do seu dia.
A integração escola e abrigo precisam formar vínculos que estabeleçam como prioridade o bom desempenho das crianças e adolescentes institucionalizados, é preciso desconstruir a visão do abrigamento como fator de risco no desenvolvimento pessoal, pois dessa forma começaremos a desmistificar o estigma e a exclusão social que sofrem as crianças abrigadas. A escola como parte fundamental neste processo deve ter o direcionamento de suas ações voltadas às políticas de igualdade, que facilitem a permanência deste público no ambiente social. Para Aquino (1996), a principal dificuldade não se encontra no acesso, mas na permanência de um grupo de alunos socialmente desfavorecidos, entre eles os abrigados, que acaba por ser excluído pelo processo do fracasso escolar (CASTILHO, [s. d.]; PATTO, 1992; SILVA, 1997).
A massificação da educação, segundo Chrispino (2007), fez que a escola tivesse que aceitar um contingente de alunos heterogêneo para o qual não estava preparada, acabando por culpar o próprio aluno por não corresponder à imagem esperada. Segundo Aquino (1998, p. 142), “o perfil e os hábitos da clientela não são compatíveis com os de uma instituição clássica como a escola”.
 A escola é um local onde são estabelecidas diversas relações, a construção e o fortalecimento de preconceitos bem como de sua desconstrução. Nesse caso, a educação pode ser utilizada como instrumento de inclusão, quando rompe o compromisso com uma categoria idealizada de alunos e passa a aceitar a diversidade, oferecendo condições compatíveis com tais diferenças (CASTILHO, 2008; SUPLINO, 2008). 
As vivências e às relações estabelecidas no ambiente escolar são considerados contextos de desenvolvimento, constitui-se constituídos pelas interações neles estabelecidas, perpassados pela matriz sócio histórica composto por múltiplas condições e discursos, entre eles o que coloca a criança abrigada como fracassada, e tal colocação tem circunscrito as interações estabelecidas entre crianças abrigadas e demais atores escolares.
A escola brasileira, baseada na tradição moderna de educação, construiu uma categoria de aluno idealizada, para a qual estaria preparada, com a qual se identifica e quanto à criança abrigada – marginalizada e fracassada, de acordo com o discurso hegemônico – não faz parte, sendo excluída e silenciada, dificultando ainda mais a negociação desse papel de fracasso atribuído pela sociedade. (BUFA, TEIXEIRA e ROSSETI FERREIRA, 2010).
Propõe se hoje um papel de inclusão para a escola, que para ser exercido, exige a não seleção prévia de uma categoria determinada de alunos, a desconstrução do preconceito, a aceitação da diversidade de sua clientela, da contemplação das diferenças no âmbito escolar, o que poderia facilitar a negociaçãode papéis e a construção de novos significados para a criança abrigada. 
O abrigo, como instituição pedagógica também não está isento dessa responsabilidade, formando assim vínculos sociais que facilitam o convívio destes pequenos cidadãos de direitos, diretamente ligados a matriz sócio histórica que envolve o abrigado, e em especial, o discurso que o aproxima da imagem de “marginal”, criando ações que partam dos responsáveis por essas crianças, no sentido de prepará-las para a convivência escolar ou mesmo de defendê-las quando são excluídas. 
Essa matriz que parece se fortalecer ainda mais pelos moldes atuais das instituições de abrigamento, considerados inadequados para o desenvolvimento infantil, deixa claro a necessidade de realizar novos estudos na área, a fim de investigar as significações que estão sendo atribuídas a essas crianças e ao contexto de abrigamento, não só pela escola, mas também pela sociedade, e de fato questioná-las, negociá-las e ressignificá-las[footnoteRef:6]. Além disso, há também a necessidade de qualificar os professores, técnicos, educadores e demais profissionais das escolas e dos abrigos, bem como conscientizar a sociedade através de palestras e movimentos sociais, com o objetivo de desconstruir preconceitos existentes, e de evitar atitudes de exclusão dentro e fora dessas instituições com relação à criança abrigada. [6: Ressignificar: Revisar buscar uma nova visão, aprofundar a visão, buscar novos pontos ainda não colhidos. Ressignificar é o encontro da reavaliação e inclusão de novos pontos de vista sobre um significado anterior. Disponível em: O significado de elanklever para a palavra ressignificar. Acesso em 22 de Nov. 2016.
] 
Dessa forma contribuiremos significativamente para uma diminuição do estigma que envolve este público, e nos habilitamos a atuar de fato como facilitadores da inclusão dessas crianças, de maneira que novos caminhos lhes possam ser abertos.
7 Considerações Finais
Neste estudo, o objetivo foi desmistificar a imagem destes infantes, trazendo a tona o conhecimento de fatos reais, e estudos que demonstram a realidade emocional de quem precisam viver se defendendo de olhares julgadores e de condenações verbais. Estes como qualquer outro ser humano tem o direito ao recomeço, sem ter a frente o estigma de condenados a uma vida trágica.
Diante de um vasto cenário de pesquisas, juntamente com as experiências e conhecimento adquirido no campo de estágio curricular, fica notório a necessidade de intervenção no papel Institucional e social como um todo, visando à inclusão das crianças e adolescentes institucionalizados, na sociedade desde o seu primeiro rompimento afetivo. E que para tanto fica claro a necessidade da união dos trabalhos dos abrigos com as escolas no enfrentamento do preconceito.
De modo que como resultado da pesquisa: Trabalhar emocionalmente o contato com o mundo através da inclusão e alusão aos seus direitos os fará ter confiança em si mesmo, de forma em que a dura realidade de um rompimento seja visto mais como força para seguir do que um empecilho para se desistir, sendo que o resgate da autoestima, o conhecimento e o estimulo dado a cada um, demonstra que eles fazem parte do mesmo mundo real que todos nós, e que dessa forma sejam vistos com cidadãos de direitos e oportunidades como qualquer um.
Esse trabalho através de sua finalidade pode proporcionar a nós alunas do curso de serviço social através do seguinte artigo a desenvolver habilidades e competências requeridas na atuação profissional, podendo então lançar mão de todo um aprendizado adquirido ao longo do curso, (competência teórico-metodológica) visando aprimorar um conhecimento maior dentro dos princípios básicos das normas que regem a profissão, (competência ético-política) colocando em prática através da teoria aplicada (competência técnico-operativa) a defesa dessa tese no referido artigo, de modo a nos aproximar mais do trabalho exercido pelos assistentes sociais.
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