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Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13279 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 Sedação inalatória com óxido nitroso em pessoas com necessidades especiais: revisão integrativa Inhaled sedation with nitrous oxide in people with special needs: integrative review DOI:10.34119/bjhrv4n3-278 Recebimento dos originais: 05/05/2021 Aceitação para publicação: 01/06/2021 Maria Júlia Ventura de Albuquerque Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: Majualbuquerque@outlook.com Lui Gabriel Guimarães Vieira Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: luiggv@hotmail.com Alice Christinne de Alencar Lemos Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: Lemos020@gmail.com Amanda Marinho Chaves Costa Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: amandamccosta@outlook.com Analícia Costa Soares Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: analiciacsoares@gmail.com Beatriz Nogueira dos Santos Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: Beatriznogueira44@hotmail.com Letícia Sandes de Albuquerque Silva Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: leticiasandes1998@outlook.com Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13280 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 Lucas Leverson Lisboa da Costa Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: Lucasleverson@gmail.com Rudson da Silva Nogueira Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: Rudson_lira@hotmail.com Victor Santos Andrade Cruz Mestre em Radiologia e Imaginologia e Professor pelo Centro Universitário Cesmac Centro Universitário Cesmac – Campu I Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil E-mail: Victor.cruz@cesmac.edu.br RESUMO A sedação odontológica é uma medida complementar utilizada no controle da dor e da ansiedade, sentimentos amplamente relatados dentro da rotina clínica de atendimentos. Quando busca setorializar essas condições para os pacientes portadores de necessidades especiais (PPNE), o atendimento torna-se ainda mais desafiador. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura e analisar os estudos sobre os preceitos do tratamento com sedação inalatória nos pacientes portadores de necessidades especiais. Os artigos refinados neste estudo foram selecionados por meio das bases de dados: PubMed, Lilacs e Scielo. O levantamento limitou-se aos artigos publicados nos idiomas inglês e português, entre os anos de 2010 a 2020. Embora existam diversas publicações que envolvam esta área de conhecimento, foi verificado poucos registros a cerca do protocolo ideal para os tratamentos. Contudo, a sedação consciente com óxido nitroso demonstrou- se ser uma técnica segura e eficaz no controle da ansiedade dos pacientes portadores de necessidades especiais ou não, sem contraindicação absoluta, permitindo que o profissional minimize as possíveis consequências negativas advindas do atendimento odontológico e obtenha uma abordagem comportamental satisfatória em seus pacientes. Palavras-chave: Sedação Consciente, Pacientes Especiais, Atendimento Odontológico. ABSTRACT Dental sedation is a complementary measure used to control pain and anxiety, feelings widely reported within the clinical routine of care. When seeking to sector these conditions for patients with special needs (PPNE), care becomes even more challenging. The aim of this study was to conduct a literature review and analyze studies on the principles of treatment with inhaled sedation in patients with special needs. The refined articles in this study were selected through the databases: PubMed, Lilacs and Scielo. The survey was limited to articles published in the English and Portuguese languages, between the years 2010 to 2020. Although there are several publications that involve this area of Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13281 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 knowledge, few records were found about the ideal protocol for treatments. However, conscious sedation with nitrous oxide has proven to be a safe and effective technique to control the anxiety of patients with special needs or not, without absolute contraindication, allowing the professional to minimize the possible negative consequences arising from dental care and obtain a satisfactory behavioral approach in their patients. Keywords: Conscious Sedation, Special Patients, Dental Care. 1 INTRODUÇÃO O atendimento odontológico é caracterizado como um momento que desperta sentimentos como o nervosismo e incomodo para muitos indivíduos, sendo estreitamente intensificado por sentimentos de medo e gatilho de ansiedade, tornando-se entraves na prática clínica tanto para o profissional e principalmente para o paciente (MELONARDINO; ROSA; GIMENES, 2016). Quando buscamos analisar este cenário para as crianças, portadores de comportamento físico e/ou metal que não cooperam durante o tratamento odontológico, esse trabalho torna-se ainda mais desafiador (DAHLANDER, 2019). Sabido que as impressões emocionais provocadas através do consultório odontológico e do manejo clínico do Cirurgião-Dentista, caso não sejam adaptadas de acordo com a necessidades de cada paciente, a fim de minimizar a ansiedade, irritabilidade e o medo, podem corroborar para instalação de marcas indeléveis na mente infantil, que repercutirão ao longo da vida desses indivíduos. Diante disso, existem várias técnicas disponíveis para que o profissional minimize essas consequências negativas e obtenha uma abordagem comportamental eficaz em seus pacientes (MONTE, 2020). Reportando-nos aos Portadores de Necessidades Especiais (PNEs), a sedação é um dos recursos mais utilizados no controle da dor e da ansiedade durante os procedimentos odontológicos (LOPES et al., 2018). O limiar da dor nesses pacientes é aumentado com o uso de sedativos e a ansiedade diminuída, fator imprescindível visto que a ansiedade tende a superestimar a dor, tornando o procedimento mais desconfortável para esse grupo de pacientes (SANTOS; CARNEIRO, 2019). Nesse contexto, os PNEs constituem cerca de 10% da população mundial e estão inclusos nesse grupo indivíduos portadores de deficiências físicas, mentais, neurológicas ou sociais. Tais indivíduos estão mais propensos a adquirir problemas de saúde, incluindo Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13282 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 manifestações orais, devido à requisição de cuidados médicos e odontológicos voltados para a sua condição em específico (MELO; QUEIROZ; NERO, 2019). Dentre as ferramentas clínicasque podem ser utilizadas para o manejo desses pacientes desafiadoras, a sedação consciente vem ganhando cada vez mais notoriedade por promover um nível mínimo de depressão da consciência, conservando a atividade respiratória autônoma do indivíduo, bem com a manutenção da capacidade de resposta aos estímulos físicos e comando verbal (BARROS; CUNHA, 2018). Vários agentes farmacológicos e suas combinações, bem como a via de administração, vem sendo estudados e utilizados na odontopediatria (SILVA, 2017). Existem vários fármacos e produtos medicinais empregados na sedação mínima, destacam-se as cadeias de benzodiazepínicos, anti-histamínicos e óxido nitroso (MAIA et al., 2018). Dente estes a inalação com óxido nitroso é uma técnica segura e eficaz para reduzir a ansiedade, produzir analgesia e aumentar a comunicação entre o paciente e cirurgião-dentista (GIORDANO et al., 2020). A modalidade de sedação consciente inalatória é largamente utilizada em vários países e possui ampla aplicação na odontologia, sendo uma técnica segura enquanto coadjuvante no manejo comportamental (JUNQUEIRA et al., 2019). Destarte, objetiva-se verificar as evidências científicas sobre a utilização do óxido nitroso como agente sedativo no manejo de pacientes com necessidades especiais, averiguar as dosagens registradas nos trabalhos científicos atuais, identificar os possíveis efeitos deletérios e contraindicações, bem como elucidar as atuais evidências sobre os mecanismos de ação do óxido nitroso na sedação consciente. Em consonância ao exposto, justifica-se este estudo para análise das evidências científicas sobre a aplicabilidade do óxido nitroso na sedação mínima em pacientes com necessidades especiais, compreendendo seu mecanismo farmacológico e identificar possíveis complicações biológicas inerentes a este tratamento, tendo em vista que as evidências científicas carecem de informações sobre a padronização das doses deste agente sedativo. 2 METODOLOGIA O presente trabalho trata-se de uma revisão integrativa, que é uma modalidade para revisar rigorosamente e combinar estudos com diversas metodologias buscando integrar os resultados. Com o potencial de promover os estudos de revisão em diversas áreas do conhecimento, mantendo o rigor metodológico das revisões sistemáticas. O Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13283 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 método de revisão integrativa permite a combinação de dados da literatura empírica e teórica que podem ser direcionados à definição de conceitos, identificação de lacunas nas áreas de estudos, revisão de teorias e análise metodológica dos estudos sobre um determinado tópico. (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010; ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014). Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema central que envolveu a seguinte pergunta norteadora: Qual a aplicabilidade e protocolo clínico da sedação inalatória com óxido nitroso em pessoas com necessidades especiais? A partir da utilização das bases de dados PUBMED, LILACS, e SCIELO foi realizada a seleção de trabalhos entre dezembro de 2020 a março de 2021, utilizando os descritores padronizados pelo Descritores em Ciências da Saúde (Decs): Sedação Consciente; Pacientes Especiais; Atendimento Odontológico, e seus correspondentes em inglês. Em todas as combinações foi utilizado o operador booleano And. O levantamento limitou-se aos artigos publicados em língua portuguesa e inglesa, entre os anos de 2010 e 2020. Os estudos foram compilados inicialmente pelos títulos, refinados pelos resumos. Após leitura dos resumos, os artigos que indicavam corresponder ao objetivo desta revisão, foram lidos integralmente, e uma vez que preencheram os critérios de inclusão, participaram deste estudo. Desta forma, para que os artigos encontrados nas bases de dados pudessem serem incluídos na análise, utilizaram-se os seguintes critérios: estar em formato de artigo, possuírem título e resumo que se assemelhem aos objetivos do trabalho e estar publicado na íntegra. Excluíram-se todos os trabalhos que não corresponderam a estes critérios, conforme ilustrado na Figura 1. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13284 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 Figura 1: Etapas da coleta de dados de estudo. Fonte: Autores, (2021). 3 RESULTADOS Empregando as palavras: Sedação Consciente; Pacientes Especiais; Atendimento Odontológico, foram encontrados um total de 60 artigos nas bases de dados PubMed, Lilacs e Scielo, nos idiomas escolhidos. Sendo 39 artigos destes excluídos na leitura de título, dos 21 trabalhos que restaram, 8 foram descartados na leitura de resumos. Ao final, 13 artigos estavam disponíveis para leitura na íntegra, onde destes, 8 foram excluídos por duplicação. Ao final, restaram 5 artigos que estavam de acordo com os critérios de inclusão do presente estudo. Os trabalhos avaliados no quadro 1, indicam que o emprego do óxido nitroso como sedativo inalatório em pacientes com necessidades especiais, tem efeitos significativos no controle comportamental desses indivíduos e otimizam os atendimentos odontológicos, reduzindo os níveis de ansiedade e irritabilidade, tornando a execução desses procedimentos mais tranquila, consequentemente um ganho profícuo pro profissional e paciente. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13285 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 Entretanto ao visualizar os trabalhos realizados nos últimos 10 anos, deve-se considerar a necessidade de conduzir trabalhos clínicos mais robustos e abrangentes com essa temática, tendo em vista a necessidade de apresentar evidências científicas nos tratamentos destes indivíduos e ajudar os profissionais da odontologia na tomada de decisões mais eficazes. Quadro 1: Síntese de publicações incluídas na revisão integrativa, entre os anos 2010 e 2020 segundo as bases de dados PubMed, Lilacs e Scielo. TITULO E AUTORES ANO DELINEAMENTO OBJETIVOS DESFECHO Nitrous oxide/oxygen inhalation sedation: an effective option for odontophobic patients (PICCIANI et al.) 2014 Relato de Caso Demonstrar um caso de paciente odontológico atendido com sucesso através da sedação inalatória. Demonstrou-se a eficiência do óxido nitroso permitindo a colaboração do paciente e diminuindo os riscos de emergências médicas. Conscious sedation with nitrous oxide in pediatric dental clinic (LADEWIG et al.) 2016 Revisão de Literatura Discutir o uso do óxido nitroso na prática odontológica clínica como ferramenta para sedação consciente, bem como os cuidados que se deve ter e suas indicações e contraindicações. Relataram ser uma técnica eficaz no controle da ansiedade dos pacientes pediátricos e dos indivíduos com necessidades especiais ou não, sem contraindicação absoluta, proporcionando conforto e segurança ao paciente e ao profissional. Odontologia e pacientes especiais: conhecer, orientar e prevenir (PORTOLAN et al.) 2017 Estudo Qualitativo Busca uma reflexão do quão importante é o conhecimento do profissional odontólogo em relação a pacientes especiais e as principais técnicas de manejo. Foi relatado que a sedação inalatória com óxido nitroso permite que o paciente permaneça consciente, responda a estímulo físico, o limiar da dor aumenta, a ansiedade diminui, a recuperação dá-se de forma rápida e seus efeitos não perduram após o atendimento. Sedação na odontologia em pacientes com necessidades especiais: revisão de literatura (OLIVEIRA) 2018 Revisão Narrativa Esclarecer sobre o uso da sedação na odontologia para pacientes com necessidades especiais no consultórioodontológico. Perceberam que a utilização das técnicas farmacológicas na sedação consciente venha a se tornar uma ferramenta indispensável no ambiente odontológico determinando um método de controle comportamental e segurança do paciente. Controle de comportamento em pacientes com necessidades especiais - revisão narrativa (FRAGOSO) 2019 Revisão Narrativa Descrever as diferentes formas de controle de comportamento em odontopediatria, especialmente em pacientes com necessidades especiais. Concluíram que o óxido nitroso é um agente sedativo eficaz para estes pacientes, sendo necessário atenção a dosagem que não altere nem modifique os sinais vitais do paciente e permitir uma rápida recuperação. Fonte: Autores, (2021). Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13286 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 4 DISCUSSÃO Picciani et al. (2014); Portolan et al. (2017); Fragoso (2019), advogam que o atendimento odontológico para uma parcela da população é tipificado como um momento que desperta ansiedade e medo, sendo um obstáculo para o desenvolvimento dos tratamentos. Embora, estejam relatadas diversas técnicas de abordagem comportamental e ainda hoje representam a primeira opção para o manejo do temor do paciente, entretanto, estes métodos além de potencializarem na maioria das vezes os traumas pregressos, também não conseguem minimizar este sentimento e consequentemente o profissional não consegue executar seu plano de atendimento. Neste contexto, Ladewig et al. (2016); Oliveira (2018), destacam que este cenário ainda se torna ainda mais desafiador quando o atendimento é voltado para crianças não colaborativas e aos pacientes com necessidades especiais. Dessa forma, estudar novos métodos que otimizem o manejo clínico para pacientes com necessidades especiais se faz extremamente importante e urgente. Afinal, a importância dos cuidados na Odontologia para com os pacientes especiais portadores de distúrbios neuropsicomotores vem sendo estudada ao longo dos anos, pois envolve o conhecimento do cirurgião dentista frente aos problemas psicossociais que possam interferir no processo de colaboração do paciente à assistência odontológica. De acordo com Picciani et al. (2014), os pacientes com necessidades especiais são aqueles indivíduos que apresentam qualquer tipo de condição que requer uma atenção diferenciada por um período de sua vida ou indefinidamente. Sendo assim, estes indivíduos requerem cuidados de saúde multiprofissionais direcionados especificamente à sua condição e particularidades, neste contexto os profissionais devem estar preparados para oferecer um tratamento adequado, humanizado e resolutivo. Afinal, estes pacientes constituem um grupo que pode ser considerado de alto risco para o desenvolvimento de doenças bucais de acordo com o tipo de patogenia sistêmica, alteração salivar, ineficácia da higienização, dieta cariogênica, alteração muscular, distúrbios motores, entre outros fatores determinantes. Em concordância ao exposto, Ladewig et al. (2016), advogam que os indivíduos portadores de necessidades especiais se beneficiam muito de todas as técnicas de gerenciamento comportamental, sejam elas não-farmacológicas, ou as farmacológicas com suporte dos princípios ativos medicamentosos. Alguns indivíduos se beneficiam por apresentarem habilidades cognitivas imaturas no desenvolvimento, distúrbios neurológicos e/ou motores, que os tornam incapazes de Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13287 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 colaborar, entretanto outros pacientes por apresentarem dificuldades sistêmicas, requerem evitar situações de estresse intenso. Dentro dessas ferramentas disponíveis na atualidade para auxiliar no manejo comportamental, a sedação odontológica é uma medida complementar utilizada no controle da dor e da ansiedade quando métodos não farmacológicos são ineficazes para a realização de procedimentos (FRAGOSO, 2019). Oliveira (2018), alega que a sedação pode ser classificada em mínima, moderada e profunda. A sedação mínima consiste em uma pequena depressão no nível de consciência, e assim como a sedação moderada, o paciente é responsivo ao comando verbal e preserva as funções respiratória e cardiovascular inalteradas. Na sedação profunda, o paciente responde aos estímulos dolorosos, a função cardiovascular geralmente é mantida, mas há alteração na função respiratória, onde se torna necessário uma assistência. Fazendo um recorte histórico, Ladewig et al. (2016), relataram que o óxido nitroso foi chamado de gás do riso, dióxido de nitrogênio, gás hilariante, e protoxido de azoto, sua descoberta é dada pelo químico inglês Joseph Priestley (1733-1804), que foi o primeiro a identificar e isolar o óxido nitroso, embora não conhecia as propriedades analgésicas desse gás, sendo em 1798 com o pesquisador de farmácia Humphrey Davy (1778 – 1829), após relatar forte dores causadas pela erupção do 3ª molar que inalou o gás a 100% e observou além do alívio doloroso uma vontade de rir com sensação relaxante. Por fim, Horace Wells (1789 – 1869), Cirurgião-Dentista que se interessou pelas características analgésicas do óxido nitroso, melhorando a técnica e conduzindo cirurgias com melhor controle da dor. Com atuação no sistema nervoso, o gás em questão, promove uma leve depressão do córtex cerebral, diferentemente dos benzodiazepínicos que atuam a nível de bulbo, deste modo, não promove a depressão do centro respiratório, mantendo o reflexo laríngeo. Portolan et al. (2017), explicam que assim é justificado essa condição de tranquilizar o paciente de forma célere e sobretudo segura, reduzindo então sua sensibilidade à dor. Além do que, sua baixa solubilidade no sangue e nos tecidos corporais, induzem propriedades farmacocinéticas adequadas a um agente inalatório, visto que sua absorção e distribuição são muito rápidas, bem como sua eliminação. De maneira unânime Picciani et al. (2014); Ladewig et al. (2016); Portolan et al. (2017); Oliveira (2018); Fragoso (2019), esclarecem que a utilização do óxido nitroso é útil em pacientes ansiosos, portadores de doenças respiratórias não obstrutivas, doenças cardiovasculares, renais, doenças hepáticas, oncológicas, com distúrbios neurológicos, Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13288 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 distúrbios endócrinos incluindo diabetes, portadores de desordens nutricionais, leucêmicos e sobretudo aos pacientes portadores de necessidades especiais. Afinal, os benefícios desse gás influenciam decisivamente no comportamento, decrescendo os níveis de ansiedade. Já em relação as contraindicações sistêmicas e locais, a penas Ladewig et al. (2016); Oliveira (2018); Fragoso (2019), alertam as principais restrição são com os indivíduos que possuem infecções agudas das vias respiratórias superiores, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças sistêmicas severas, pacientes psicóticos, portadores de miastenia gravis, hérnia diafragmática, esclerose múltipla, discrasias decorrentes da deficiência B12 e gravidez. Já as pontuações sobre as contraindicações à nível local, são aquelas que possam interferir com a máscara nasal, visto a necessidade de se manter livre a via aérea. Em relação a dosagem e informações técnicas de excussão, Picciani et al. (2014), preconizam que após a escolha do fluxo gasoso preferível e de verificar o perfeito ajuste da máscara no paciente, inicia-se a liberação do óxido nitroso de maneira incremental, usualmente de 10% a cada minuto, até atingir um bom nível de sedação. Portolan et al. (2017), reforçam que a determinação da sedação idealé subjetiva, sendo mutável conforme o perfil de cada paciente e das necessidades clínicas impostas. Ressaltam também que, a máscara facial selecionada é a que mais se adéqua à anatomia do paciente, o ajuste do fluxo de oxigênio deve estar entre 6 a 7 L/min em adultos, e de 4 a 5 L/min para crianças. Por fim, tendo em vista que a assistência de saúde em todos os parâmetros para os portadores de necessidades especiais, deve ser personalizada para fornecimento de uma conduta mais apropriada e assertiva, há procedimentos que não podem ser realizados em um paciente desse grupo específico, requerendo o complemento de uma medida sedativa ou anestesia geral. Entretanto, é importante ressaltar que não há um protocolo padrão para abordagem anestésica, devido às variações fisiológicas e comportamentais de cada paciente desse grupo, sendo crucial a análise global de suas condições de saúde e avaliação individualizada de suas demandas. 5 CONCLUSÃO Destarte, a sedação consciente com óxido nitroso voltada aos pacientes com necessidades especiais, mostra-se como um método profícuo e seguro. Sua utilização dentro da prática clínica odontológica vem sendo aperfeiçoada e difundida com o tempo, Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13289 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 sendo primordial que os profissionais tenham experiência clínica, afim de potencializar seus benefícios e certificar-se das contraindicações, tendo como objetivo um atendimento satisfatório. Contudo, é latente a necessidade do desenvolvimento de protocolos mais bem estruturados sobre o manejo destes pacientes com o óxido nitroso. Considerando a grande demanda por atendimentos nos serviços públicos e privados, sendo assim é urgente que mais pesquisas sejam conduzidas para guiar os profissionais da odontologia que atuam neste campo. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 13290 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 REFERÊNCIAS BARROS, B. C.; CUNHA, D. P. Desafios no atendimento ao paciente portador de necessidades especiais em uma clínica escola. Rev. Mult. Psic., v.12, n. 42, p. 919-932, 2018. DAHLANDER, A. Factors Associated with Dental Fear and Anxiety in Children Aged 7 to 9 Years. Dent. J., v. 7, n.3, p. 68-76, 2019. ERCOLE, F. F.; MELO, L. S.; ALCOFORADO, C. L. G. C. Revisão Integrativa versus Revisão Sistemática. Rev. Min. Enferm., Mato Grosso, v. 18, n. 1, p. 1-260, 2014. FRAGOSO, A. P. S. C. 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