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Sedação inalatória com óxido nitroso em pessoas com necessidades

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Brazilian Journal of Health Review 
ISSN: 2595-6825 
13279 
 
 
Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 13279-13291 may./jun. 2021 
 
Sedação inalatória com óxido nitroso em pessoas com necessidades 
especiais: revisão integrativa 
 
Inhaled sedation with nitrous oxide in people with special needs: 
integrative review 
 
DOI:10.34119/bjhrv4n3-278 
Recebimento dos originais: 05/05/2021 
Aceitação para publicação: 01/06/2021 
 
Maria Júlia Ventura de Albuquerque 
Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: Majualbuquerque@outlook.com 
 
Lui Gabriel Guimarães Vieira 
Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: luiggv@hotmail.com 
 
Alice Christinne de Alencar Lemos 
Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: Lemos020@gmail.com 
 
Amanda Marinho Chaves Costa 
Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: amandamccosta@outlook.com 
 
Analícia Costa Soares 
Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: analiciacsoares@gmail.com 
 
Beatriz Nogueira dos Santos 
Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: Beatriznogueira44@hotmail.com 
 
Letícia Sandes de Albuquerque Silva 
Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: leticiasandes1998@outlook.com 
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Lucas Leverson Lisboa da Costa 
Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: Lucasleverson@gmail.com 
 
Rudson da Silva Nogueira 
Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: Rudson_lira@hotmail.com 
 
Victor Santos Andrade Cruz 
Mestre em Radiologia e Imaginologia e Professor pelo Centro Universitário Cesmac 
Centro Universitário Cesmac – Campu I 
Rua Cônego Machado, nº 918 – Farol, Maceió – AL, Brasil 
E-mail: Victor.cruz@cesmac.edu.br 
 
 
RESUMO 
A sedação odontológica é uma medida complementar utilizada no controle da dor e da 
ansiedade, sentimentos amplamente relatados dentro da rotina clínica de atendimentos. 
Quando busca setorializar essas condições para os pacientes portadores de necessidades 
especiais (PPNE), o atendimento torna-se ainda mais desafiador. O objetivo deste 
trabalho foi realizar uma revisão de literatura e analisar os estudos sobre os preceitos do 
tratamento com sedação inalatória nos pacientes portadores de necessidades especiais. Os 
artigos refinados neste estudo foram selecionados por meio das bases de dados: PubMed, 
Lilacs e Scielo. O levantamento limitou-se aos artigos publicados nos idiomas inglês e 
português, entre os anos de 2010 a 2020. Embora existam diversas publicações que 
envolvam esta área de conhecimento, foi verificado poucos registros a cerca do protocolo 
ideal para os tratamentos. Contudo, a sedação consciente com óxido nitroso demonstrou-
se ser uma técnica segura e eficaz no controle da ansiedade dos pacientes portadores de 
necessidades especiais ou não, sem contraindicação absoluta, permitindo que o 
profissional minimize as possíveis consequências negativas advindas do atendimento 
odontológico e obtenha uma abordagem comportamental satisfatória em seus pacientes. 
 
Palavras-chave: Sedação Consciente, Pacientes Especiais, Atendimento Odontológico. 
 
ABSTRACT 
Dental sedation is a complementary measure used to control pain and anxiety, feelings 
widely reported within the clinical routine of care. When seeking to sector these 
conditions for patients with special needs (PPNE), care becomes even more challenging. 
The aim of this study was to conduct a literature review and analyze studies on the 
principles of treatment with inhaled sedation in patients with special needs. The refined 
articles in this study were selected through the databases: PubMed, Lilacs and Scielo. The 
survey was limited to articles published in the English and Portuguese languages, between 
the years 2010 to 2020. Although there are several publications that involve this area of 
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knowledge, few records were found about the ideal protocol for treatments. However, 
conscious sedation with nitrous oxide has proven to be a safe and effective technique to 
control the anxiety of patients with special needs or not, without absolute 
contraindication, allowing the professional to minimize the possible negative 
consequences arising from dental care and obtain a satisfactory behavioral approach in 
their patients. 
 
Keywords: Conscious Sedation, Special Patients, Dental Care. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O atendimento odontológico é caracterizado como um momento que desperta 
sentimentos como o nervosismo e incomodo para muitos indivíduos, sendo estreitamente 
intensificado por sentimentos de medo e gatilho de ansiedade, tornando-se entraves na 
prática clínica tanto para o profissional e principalmente para o paciente 
(MELONARDINO; ROSA; GIMENES, 2016). Quando buscamos analisar este cenário 
para as crianças, portadores de comportamento físico e/ou metal que não cooperam 
durante o tratamento odontológico, esse trabalho torna-se ainda mais desafiador 
(DAHLANDER, 2019). 
Sabido que as impressões emocionais provocadas através do consultório 
odontológico e do manejo clínico do Cirurgião-Dentista, caso não sejam adaptadas de 
acordo com a necessidades de cada paciente, a fim de minimizar a ansiedade, 
irritabilidade e o medo, podem corroborar para instalação de marcas indeléveis na mente 
infantil, que repercutirão ao longo da vida desses indivíduos. Diante disso, existem várias 
técnicas disponíveis para que o profissional minimize essas consequências negativas e 
obtenha uma abordagem comportamental eficaz em seus pacientes (MONTE, 2020). 
Reportando-nos aos Portadores de Necessidades Especiais (PNEs), a sedação é 
um dos recursos mais utilizados no controle da dor e da ansiedade durante os 
procedimentos odontológicos (LOPES et al., 2018). O limiar da dor nesses pacientes é 
aumentado com o uso de sedativos e a ansiedade diminuída, fator imprescindível visto 
que a ansiedade tende a superestimar a dor, tornando o procedimento mais desconfortável 
para esse grupo de pacientes (SANTOS; CARNEIRO, 2019). 
Nesse contexto, os PNEs constituem cerca de 10% da população mundial e estão 
inclusos nesse grupo indivíduos portadores de deficiências físicas, mentais, neurológicas 
ou sociais. Tais indivíduos estão mais propensos a adquirir problemas de saúde, incluindo 
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manifestações orais, devido à requisição de cuidados médicos e odontológicos voltados 
para a sua condição em específico (MELO; QUEIROZ; NERO, 2019). 
Dentre as ferramentas clínicasque podem ser utilizadas para o manejo desses 
pacientes desafiadoras, a sedação consciente vem ganhando cada vez mais notoriedade 
por promover um nível mínimo de depressão da consciência, conservando a atividade 
respiratória autônoma do indivíduo, bem com a manutenção da capacidade de resposta 
aos estímulos físicos e comando verbal (BARROS; CUNHA, 2018). Vários agentes 
farmacológicos e suas combinações, bem como a via de administração, vem sendo 
estudados e utilizados na odontopediatria (SILVA, 2017). 
Existem vários fármacos e produtos medicinais empregados na sedação mínima, 
destacam-se as cadeias de benzodiazepínicos, anti-histamínicos e óxido nitroso (MAIA 
et al., 2018). Dente estes a inalação com óxido nitroso é uma técnica segura e eficaz para 
reduzir a ansiedade, produzir analgesia e aumentar a comunicação entre o paciente e 
cirurgião-dentista (GIORDANO et al., 2020). A modalidade de sedação consciente 
inalatória é largamente utilizada em vários países e possui ampla aplicação na 
odontologia, sendo uma técnica segura enquanto coadjuvante no manejo comportamental 
(JUNQUEIRA et al., 2019). 
Destarte, objetiva-se verificar as evidências científicas sobre a utilização do óxido 
nitroso como agente sedativo no manejo de pacientes com necessidades especiais, 
averiguar as dosagens registradas nos trabalhos científicos atuais, identificar os possíveis 
efeitos deletérios e contraindicações, bem como elucidar as atuais evidências sobre os 
mecanismos de ação do óxido nitroso na sedação consciente. 
Em consonância ao exposto, justifica-se este estudo para análise das evidências 
científicas sobre a aplicabilidade do óxido nitroso na sedação mínima em pacientes com 
necessidades especiais, compreendendo seu mecanismo farmacológico e identificar 
possíveis complicações biológicas inerentes a este tratamento, tendo em vista que as 
evidências científicas carecem de informações sobre a padronização das doses deste 
agente sedativo. 
 
2 METODOLOGIA 
O presente trabalho trata-se de uma revisão integrativa, que é uma modalidade 
para revisar rigorosamente e combinar estudos com diversas metodologias buscando 
integrar os resultados. Com o potencial de promover os estudos de revisão em diversas 
áreas do conhecimento, mantendo o rigor metodológico das revisões sistemáticas. O 
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método de revisão integrativa permite a combinação de dados da literatura empírica e 
teórica que podem ser direcionados à definição de conceitos, identificação de lacunas nas 
áreas de estudos, revisão de teorias e análise metodológica dos estudos sobre um 
determinado tópico. (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010; ERCOLE; MELO; 
ALCOFORADO, 2014). 
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema central que envolveu a 
seguinte pergunta norteadora: Qual a aplicabilidade e protocolo clínico da sedação 
inalatória com óxido nitroso em pessoas com necessidades especiais? 
A partir da utilização das bases de dados PUBMED, LILACS, e SCIELO foi 
realizada a seleção de trabalhos entre dezembro de 2020 a março de 2021, utilizando os 
descritores padronizados pelo Descritores em Ciências da Saúde (Decs): Sedação 
Consciente; Pacientes Especiais; Atendimento Odontológico, e seus correspondentes em 
inglês. Em todas as combinações foi utilizado o operador booleano And. O levantamento 
limitou-se aos artigos publicados em língua portuguesa e inglesa, entre os anos de 2010 
e 2020. 
Os estudos foram compilados inicialmente pelos títulos, refinados pelos resumos. 
Após leitura dos resumos, os artigos que indicavam corresponder ao objetivo desta 
revisão, foram lidos integralmente, e uma vez que preencheram os critérios de inclusão, 
participaram deste estudo. 
Desta forma, para que os artigos encontrados nas bases de dados pudessem serem 
incluídos na análise, utilizaram-se os seguintes critérios: estar em formato de artigo, 
possuírem título e resumo que se assemelhem aos objetivos do trabalho e estar publicado 
na íntegra. Excluíram-se todos os trabalhos que não corresponderam a estes critérios, 
conforme ilustrado na Figura 1. 
 
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Figura 1: Etapas da coleta de dados de estudo. 
 
Fonte: Autores, (2021). 
 
3 RESULTADOS 
Empregando as palavras: Sedação Consciente; Pacientes Especiais; Atendimento 
Odontológico, foram encontrados um total de 60 artigos nas bases de dados PubMed, 
Lilacs e Scielo, nos idiomas escolhidos. Sendo 39 artigos destes excluídos na leitura de 
título, dos 21 trabalhos que restaram, 8 foram descartados na leitura de resumos. Ao final, 
13 artigos estavam disponíveis para leitura na íntegra, onde destes, 8 foram excluídos por 
duplicação. Ao final, restaram 5 artigos que estavam de acordo com os critérios de 
inclusão do presente estudo. 
Os trabalhos avaliados no quadro 1, indicam que o emprego do óxido nitroso como 
sedativo inalatório em pacientes com necessidades especiais, tem efeitos significativos 
no controle comportamental desses indivíduos e otimizam os atendimentos 
odontológicos, reduzindo os níveis de ansiedade e irritabilidade, tornando a execução 
desses procedimentos mais tranquila, consequentemente um ganho profícuo pro 
profissional e paciente. 
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Entretanto ao visualizar os trabalhos realizados nos últimos 10 anos, deve-se 
considerar a necessidade de conduzir trabalhos clínicos mais robustos e abrangentes com 
essa temática, tendo em vista a necessidade de apresentar evidências científicas nos 
tratamentos destes indivíduos e ajudar os profissionais da odontologia na tomada de 
decisões mais eficazes. 
 
Quadro 1: Síntese de publicações incluídas na revisão integrativa, entre os anos 2010 e 2020 segundo as 
bases de dados PubMed, Lilacs e Scielo. 
TITULO E AUTORES ANO DELINEAMENTO OBJETIVOS DESFECHO 
Nitrous oxide/oxygen 
inhalation sedation: an 
effective option for 
odontophobic patients 
 
(PICCIANI et al.) 
2014 Relato de Caso Demonstrar um caso de 
paciente odontológico 
atendido com sucesso 
através da sedação 
inalatória. 
Demonstrou-se a eficiência do 
óxido nitroso permitindo a 
colaboração do paciente e 
diminuindo os riscos de 
emergências médicas. 
Conscious sedation with 
nitrous oxide in pediatric 
dental clinic 
 
(LADEWIG et al.) 
 
2016 
 
Revisão de Literatura 
Discutir o uso do óxido 
nitroso na prática 
odontológica clínica como 
ferramenta para sedação 
consciente, bem como os 
cuidados que se deve ter e 
suas indicações e 
contraindicações. 
Relataram ser uma técnica 
eficaz no controle da ansiedade 
dos pacientes pediátricos e dos 
indivíduos com necessidades 
especiais ou não, sem 
contraindicação absoluta, 
proporcionando conforto e 
segurança ao paciente e ao 
profissional. 
Odontologia e pacientes 
especiais: conhecer, orientar e 
prevenir 
 
(PORTOLAN et al.) 
2017 Estudo Qualitativo Busca uma reflexão do 
quão importante é o 
conhecimento do 
profissional odontólogo 
em relação a pacientes 
especiais e as principais 
técnicas de manejo. 
Foi relatado que a sedação 
inalatória com óxido nitroso 
permite que o paciente 
permaneça consciente, 
responda a estímulo físico, o 
limiar da dor aumenta, a 
ansiedade diminui, a 
recuperação dá-se de forma 
rápida e seus efeitos não 
perduram após o atendimento. 
Sedação na odontologia em 
pacientes com necessidades 
especiais: revisão de literatura 
 
(OLIVEIRA) 
2018 Revisão Narrativa Esclarecer sobre o uso da 
sedação na odontologia 
para pacientes com 
necessidades especiais no 
consultórioodontológico. 
Perceberam que a utilização 
das técnicas farmacológicas na 
sedação consciente venha a se 
tornar uma ferramenta 
indispensável no ambiente 
odontológico determinando 
um método de controle 
comportamental e segurança 
do paciente. 
Controle de comportamento 
em pacientes com 
necessidades especiais -
revisão narrativa 
 
(FRAGOSO) 
2019 Revisão Narrativa Descrever as diferentes 
formas de controle de 
comportamento em 
odontopediatria, 
especialmente em 
pacientes com 
necessidades especiais. 
Concluíram que o óxido 
nitroso é um agente sedativo 
eficaz para estes pacientes, 
sendo necessário atenção a 
dosagem que não altere nem 
modifique os sinais vitais do 
paciente e permitir uma rápida 
recuperação. 
Fonte: Autores, (2021). 
 
 
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4 DISCUSSÃO 
Picciani et al. (2014); Portolan et al. (2017); Fragoso (2019), advogam que o 
atendimento odontológico para uma parcela da população é tipificado como um momento 
que desperta ansiedade e medo, sendo um obstáculo para o desenvolvimento dos 
tratamentos. Embora, estejam relatadas diversas técnicas de abordagem comportamental 
e ainda hoje representam a primeira opção para o manejo do temor do paciente, entretanto, 
estes métodos além de potencializarem na maioria das vezes os traumas pregressos, 
também não conseguem minimizar este sentimento e consequentemente o profissional 
não consegue executar seu plano de atendimento. 
Neste contexto, Ladewig et al. (2016); Oliveira (2018), destacam que este cenário 
ainda se torna ainda mais desafiador quando o atendimento é voltado para crianças não 
colaborativas e aos pacientes com necessidades especiais. Dessa forma, estudar novos 
métodos que otimizem o manejo clínico para pacientes com necessidades especiais se faz 
extremamente importante e urgente. Afinal, a importância dos cuidados na Odontologia 
para com os pacientes especiais portadores de distúrbios neuropsicomotores vem sendo 
estudada ao longo dos anos, pois envolve o conhecimento do cirurgião dentista frente aos 
problemas psicossociais que possam interferir no processo de colaboração do paciente à 
assistência odontológica. 
De acordo com Picciani et al. (2014), os pacientes com necessidades especiais são 
aqueles indivíduos que apresentam qualquer tipo de condição que requer uma atenção 
diferenciada por um período de sua vida ou indefinidamente. Sendo assim, estes 
indivíduos requerem cuidados de saúde multiprofissionais direcionados especificamente 
à sua condição e particularidades, neste contexto os profissionais devem estar preparados 
para oferecer um tratamento adequado, humanizado e resolutivo. Afinal, estes pacientes 
constituem um grupo que pode ser considerado de alto risco para o desenvolvimento de 
doenças bucais de acordo com o tipo de patogenia sistêmica, alteração salivar, ineficácia 
da higienização, dieta cariogênica, alteração muscular, distúrbios motores, entre outros 
fatores determinantes. 
Em concordância ao exposto, Ladewig et al. (2016), advogam que os indivíduos 
portadores de necessidades especiais se beneficiam muito de todas 
as técnicas de gerenciamento comportamental, sejam elas não-farmacológicas, ou as 
farmacológicas com suporte dos princípios ativos medicamentosos. Alguns indivíduos 
se beneficiam por apresentarem habilidades cognitivas imaturas 
no desenvolvimento, distúrbios neurológicos e/ou motores, que os tornam incapazes de 
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colaborar, entretanto outros pacientes por apresentarem dificuldades sistêmicas, requerem 
evitar situações de estresse intenso. 
Dentro dessas ferramentas disponíveis na atualidade para auxiliar no manejo 
comportamental, a sedação odontológica é uma medida complementar utilizada no 
controle da dor e da ansiedade quando métodos não farmacológicos são ineficazes para a 
realização de procedimentos (FRAGOSO, 2019). Oliveira (2018), alega que a sedação 
pode ser classificada em mínima, moderada e profunda. A sedação mínima consiste em 
uma pequena depressão no nível de consciência, e assim como a sedação moderada, o 
paciente é responsivo ao comando verbal e preserva as funções respiratória e 
cardiovascular inalteradas. Na sedação profunda, o paciente responde aos estímulos 
dolorosos, a função cardiovascular geralmente é mantida, mas há alteração na função 
respiratória, onde se torna necessário uma assistência. 
Fazendo um recorte histórico, Ladewig et al. (2016), relataram que o óxido nitroso 
foi chamado de gás do riso, dióxido de nitrogênio, gás hilariante, e protoxido de azoto, 
sua descoberta é dada pelo químico inglês Joseph Priestley (1733-1804), que foi o 
primeiro a identificar e isolar o óxido nitroso, embora não conhecia as propriedades 
analgésicas desse gás, sendo em 1798 com o pesquisador de farmácia Humphrey Davy 
(1778 – 1829), após relatar forte dores causadas pela erupção do 3ª molar que inalou o 
gás a 100% e observou além do alívio doloroso uma vontade de rir com sensação 
relaxante. Por fim, Horace Wells (1789 – 1869), Cirurgião-Dentista que se interessou 
pelas características analgésicas do óxido nitroso, melhorando a técnica e conduzindo 
cirurgias com melhor controle da dor. 
Com atuação no sistema nervoso, o gás em questão, promove uma leve depressão 
do córtex cerebral, diferentemente dos benzodiazepínicos que atuam a nível de bulbo, 
deste modo, não promove a depressão do centro respiratório, mantendo o reflexo laríngeo. 
Portolan et al. (2017), explicam que assim é justificado essa condição de tranquilizar o 
paciente de forma célere e sobretudo segura, reduzindo então sua sensibilidade à dor. 
Além do que, sua baixa solubilidade no sangue e nos tecidos corporais, induzem 
propriedades farmacocinéticas adequadas a um agente inalatório, visto que sua absorção 
e distribuição são muito rápidas, bem como sua eliminação. 
De maneira unânime Picciani et al. (2014); Ladewig et al. (2016); Portolan et al. 
(2017); Oliveira (2018); Fragoso (2019), esclarecem que a utilização do óxido nitroso é 
útil em pacientes ansiosos, portadores de doenças respiratórias não obstrutivas, doenças 
cardiovasculares, renais, doenças hepáticas, oncológicas, com distúrbios neurológicos, 
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distúrbios endócrinos incluindo diabetes, portadores de desordens nutricionais, 
leucêmicos e sobretudo aos pacientes portadores de necessidades especiais. Afinal, os 
benefícios desse gás influenciam decisivamente no comportamento, decrescendo os 
níveis de ansiedade. 
Já em relação as contraindicações sistêmicas e locais, a penas Ladewig et al. 
(2016); Oliveira (2018); Fragoso (2019), alertam as principais restrição são com os 
indivíduos que possuem infecções agudas das vias respiratórias superiores, como a 
doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças sistêmicas severas, pacientes psicóticos, 
portadores de miastenia gravis, hérnia diafragmática, esclerose múltipla, discrasias 
decorrentes da deficiência B12 e gravidez. Já as pontuações sobre as contraindicações à 
nível local, são aquelas que possam interferir com a máscara nasal, visto a necessidade 
de se manter livre a via aérea. 
Em relação a dosagem e informações técnicas de excussão, Picciani et al. (2014), 
preconizam que após a escolha do fluxo gasoso preferível e de verificar o perfeito ajuste 
da máscara no paciente, inicia-se a liberação do óxido nitroso de maneira incremental, 
usualmente de 10% a cada minuto, até atingir um bom nível de sedação. Portolan et al. 
(2017), reforçam que a determinação da sedação idealé subjetiva, sendo mutável 
conforme o perfil de cada paciente e das necessidades clínicas impostas. Ressaltam 
também que, a máscara facial selecionada é a que mais se adéqua à anatomia do paciente, 
o ajuste do fluxo de oxigênio deve estar entre 6 a 7 L/min em adultos, e de 4 a 5 L/min 
para crianças. 
Por fim, tendo em vista que a assistência de saúde em todos os parâmetros para os 
portadores de necessidades especiais, deve ser personalizada para fornecimento de uma 
conduta mais apropriada e assertiva, há procedimentos que não podem ser realizados em 
um paciente desse grupo específico, requerendo o complemento de uma medida sedativa 
ou anestesia geral. Entretanto, é importante ressaltar que não há um protocolo padrão para 
abordagem anestésica, devido às variações fisiológicas e comportamentais de cada 
paciente desse grupo, sendo crucial a análise global de suas condições de saúde e 
avaliação individualizada de suas demandas. 
 
5 CONCLUSÃO 
Destarte, a sedação consciente com óxido nitroso voltada aos pacientes com 
necessidades especiais, mostra-se como um método profícuo e seguro. Sua utilização 
dentro da prática clínica odontológica vem sendo aperfeiçoada e difundida com o tempo, 
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sendo primordial que os profissionais tenham experiência clínica, afim de potencializar 
seus benefícios e certificar-se das contraindicações, tendo como objetivo um atendimento 
satisfatório. 
Contudo, é latente a necessidade do desenvolvimento de protocolos mais bem 
estruturados sobre o manejo destes pacientes com o óxido nitroso. Considerando a grande 
demanda por atendimentos nos serviços públicos e privados, sendo assim é urgente que 
mais pesquisas sejam conduzidas para guiar os profissionais da odontologia que atuam 
neste campo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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