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PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS MANUAIS APLICADOS À ESTÉTICA FACIAL Paula Lima Bosi Alterações faciais da pele Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever lesões primárias cutâneas faciais e suas características. Identificar as causas das lesões cutâneas faciais. Propor objetivos de tratamento para lesões primárias cutâneas faciais. Introdução Lesões da pele consistem em interrupções na integridade do tecido. Uma série de lesões podem acometer a face, e a identificação e a classificação de lesões cutâneas são etapas que obrigatoriamente devem preceder qualquer procedimento facial, visando não apenas ao tratamento ade- quado para melhorar o aspecto da pele, mas também à saúde do cliente. Neste capítulo, você vai aprender a identificar algumas lesões cutâneas faciais e descobrir quais são os tratamentos estéticos mais indicados para cada uma. 1 Lesões cutâneas faciais As lesões elementares da pele são classifi cadas de acordo com sua morfologia, textura, cor, distribuição e tamanho. Elas podem ser classifi cadas em primá- rias, secundárias ou mistas. As lesões primárias são aquelas decorrentes de um distúrbio ou doença, e se desenvolvem espontaneamente. Já as lesões secundárias são aquelas derivadas da progressão natural das lesões primárias, de automutilação ou da ação de medicamentos. Há, também, lesões mistas: podem ser primárias ou secundárias (MAIO, 2011). A seguir, serão detalhadas as causas e as características das lesões faciais mais comuns. Ceratose facial As ceratoses actínicas, também denominadas ceratoses senis ou ceratoses solares, são neoplasias intraepiteliais benignas e representam uma das afec- ções cutâneas mais frequentes. São mais comuns nos homens e raras na pele negra, e costumam acometer indivíduos que trabalham ou praticam esportes ao ar livre, pela recorrente exposição aos raios solares (WOLFF et al., 2019). Pessoas com ceratoses actínicas podem apresentar pápulas ou placas ir- regulares, vermelhas ou amarelo-amarronzadas e escamosas em regiões do corpo expostas ao sol. Se não forem tratadas, podem evoluir para carcinoma espinocelular invasivo, o que ressalta a importância da detecção precoce e do desenvolvimento de um plano de tratamento. De acordo com Marques e Chen (2020), há uma variedade de opções de gerenciamento disponíveis para ceratoses actínicas, que serão abordadas a seguir. Com frequência, as ceratoses são mais facilmente sentidas do que vistas. A pele pode ficar mais seca e áspera ao toque, sensível e dolorida. Pode ocorrer coceira ou sensação de formigamento ou queimação. As ceratoses podem parecer inflamadas e, em casos graves, podem sangrar ou evoluir para ferida persistente, conhecida como ulceração (Figura 1) (REINEHR; BAKOS, 2019). Figura 1. Ceratoses actínicas. Escamas bem aderentes acinzentadas e com aspecto sujo. Pode-se observar um pequeno carcinoma basocelular na bora do couro cabeludo (seta). Fonte: Wolff et al. (2019, p. 222). Alterações faciais da pele2 A radiação UVA (320-400 nm) penetra a pele mais profundamente e estimula a produção de espécies reativas de oxigênio, que danificam as membranas celulares, seus núcleos e proteínas, além disso, o UVA promove mutações de substituição de guanina (G) em timina (T) no DNA. Como resultado, as vias de transdução de sinal e de interação celular são afetadas e ocorre proliferação celular anormal. Assim, os mecanismos envolvidos no início das ceratoses actínicas incluem inflamação, estresse oxidativo, imunossupressão, apoptose prejudicada, desregulação do ciclo celular e proliferação celular e remodelação de tecidos (BERMAN; COCKERELL, 2013). Dermatite seborreica A dermatite seborreica ocorre em áreas da pele com um rico suprimento de glândulas sebáceas e se manifesta como lesões vermelhas, com margens agudas e escamas de aparência oleosa. Na face, afeta principalmente a face medial das sobrancelhas, a área entre as sobrancelhas e as pregas nasolabiais. No couro cabeludo, manifesta-se como descamação seca (caspa) ou descamação amarela e oleosa, com eritema. “Caspa” é um termo leigo comumente utilizado no contexto da dermatite seborreica leve do couro cabeludo (TUCKER; MASOOD, 2020). A dermatite seborreica afeta pelo menos 1–3% da população e causa man- chas vermelhas com escamas oleosas na face, tórax, flexões da pele e couro cabeludo (Figura 2). Figura 2: Dermatite seborreica na face. Fonte: Wolff et al. (2019, p. 47). 3Alterações faciais da pel A causa da dermatite seborreica é desconhecida, mas parece ser uma doença multifatorial. As leveduras Malassezia, gênero classificado em sete espécies, são consideradas importantes na dermatite seborreica, produzindo uma reação inflamatória envolvendo células T e complemento. Segundo Marínques e Uribe (2007), condições que foram relatadas como predisponentes à dermatite seborreica incluem o vírus da imunodeficiência humana, condições neuroló- gicas, como doença de Parkinson, danos neuronais, como paralisia do nervo facial, lesão vertebral, doença isquêmica do coração e pancreatite alcoólica. Comedões Popularmente conhecidos como “cravos”, os comedões aparecem devido a uma obs- trução do folículo piloso. Essa obstrução pode ser causada por tampões com excesso de sebo, por tampões com excesso de queratinização ou pelos dois fatores juntos. Os comedões abertos são os famosos “cravos pretos”, cuja aparência se deve ao fato de o folículo piloso acometido ter uma abertura mais larga que o normal, de forma que o tampão se oxida na presença do ar e, por isso, fica escuro. Além disso, esse conteúdo do comedão tende a ficar mais ressecado e duro. Já os comedões fechados, também conhecidos como “cravos brancos”, possuem a mesma composição dos comedões abertos, mas não há abertura do folículo ou a abertura é bem pequena, de forma que o conteúdo do tampão não entra em contato com o ar (BORGES; SCORZA, 2016). Ambos os tipos de comedões podem ser visualizados na Figura 3. Figura 3. Seta superior: comedão branco; seta inferior: co- medão preto. Fonte: Wolff et al. (2019, p. 3). Alterações faciais da pele4 Outra lesão comum e que pode ser facilmente confundida com comedão fechado são os miliuns. O milium é um pequeno cisto superficial, de caraterística epidérmica, que possui queratina em seu interior. Essas lesões podem ser amarelas ou brancas, e seu tamanho pode variar. Geralmente, aparece na face, nas regiões ao redor dos olhos. Pápulas As pápulas são um tipo de lesão que aparece quando há uma irritação na pele. É sólida e bem pequena, com menos de 1 cm de diâmetro. A coloração dessa lesão pode ser vermelha, rosa, amarelada ou castanha. Em alguns casos, podem se agrupar e causar erupções cutâneas, piorando o quadro da lesão. Quando o excesso de óleo e células da pele obstruem os poros, o bloqueio é conhecido como comedão. O óleo nesse poro obstruído alimenta bactérias que vivem na pele, chamadas de Propionibacterium acnes (P. acnes). (PURDY; BERKER, 2011). As principais causas de pápulas e acne em geral incluem: bactérias; excesso de produção de óleo; excesso de atividade de andrógenos (hormônios sexuais masculinos). As pápulas não apresentam um centro pus amarelo ou branco. Quando uma pápula acumula pus, ela se torna uma pústula. Veja a diferença na Figura 4. Pústulas As pústulas (Figura 4) são pequenas lesões causadas pela infl amação no folículo pilossebáceo. São as conhecidas “espinhas”. Dentro delas, existe um líquido purulento, o pus, e, quando se rompem, podem liberar pus e sangue. Geral- mente, as pessoas que possuem essas pústulas apresentam a pele mais oleosa. A acne inflamatória é o resultado da resposta do hospedeiro ao habitante folicular Propionibacterium acnes, um membro da flora normal e um comensal inofensivo, amplamente incapaz de invasão de tecido ou infecção grave. O organismo metaboliza os triglicerídeos sebáceos, consumindo a fração de glicerol e descartando osácidos graxos livres. Como consequência do cres- 5Alterações faciais da pel cimento e do metabolismo, o P. acnes produz quimioatraentes neutrófilos, e geralmente é inflamatório quando colocado em contato com o sistema imunológico (WEBSTER, 2002). Pústulas podem se formar quando há inflamação da pele como resultado de uma reação alérgica a alimentos, alérgenos ambientais ou picadas de in- setos venenosos. Pústulas geralmente contêm pus devido a uma infecção da cavidade dos poros. Pústulas causadas por acne podem se tornar duras e dolorosas (KEDE, 2009). Figura 4. Jovem com pápulas e pústulas (pus) na face. Fonte: Keri (2018, documento on-line). Foliculite facial Essa lesão se inicia nos folículos pilosos, na raiz do pelo, exatamente onde começa a infl amação. A infl amação geralmente é causada por bactérias, mas, em alguns casos, pode ser causada por fungos ou vírus. Em casos mais específi cos, não há infecção, e o pelo acaba causando o próprio processo infl amatório. Geralmente, a foliculite começa com uma coceira na região afetada. Quando a foliculite é mais profunda, pode causar nódulos e lesões com pus (Figura 5). Alterações faciais da pele6 Figura 5. Foliculite postular em barba. Fonte: Sun e Chang (2017, documento on-line). Foliculite da barba, uma infecção estafilocócica perifolicular crônica da área barbada, é um termo médico para irritação persistente causada pelo barbear e comumente ocorre em homens de 20 a 40 anos. Ela se apresenta mais frequentemente como pústulas superficiais perfuradas por fios de cabelo em uma base eritematosa e pode ser assintomática ou dolorosa e sensível. Se não for tratada, a infecção e a inflamação podem progredir gradualmente, levando a uma infecção mais profundamente enraizada, conhecida como sicose da barba, que pode resultar em uma cicatriz atrófica delimitada por pústulas e crostas. Além disso, em casos graves de sicose, podem estar presentes blefarite marginal e conjunti- vite. Os antibióticos tópicos são os tratamentos mais comumente usados, enquanto os casos mais extensos podem exigir antibióticos sistêmicos (SUN; CHANG, 2017). Discromias As discromias são quaisquer alterações no pigmento. Podem ser classifi cadas em hipercromias, quando há excesso de pigmento, hipocromias, quando há diminuição do pigmento, e acromia, quando há ausência de pigmento. 7Alterações faciais da pel As alterações pigmentares na pele podem surgir em diversas regiões do corpo, mas as que acabam gerando maior desconforto são as manchas no rosto. As hipercromias podem ter origem congênita ou ser adquiridas. Entre elas, destacam-se as listadas a seguir. Melasma (Figura 6): são as manchas que podem variar de castanho-claro até tons bem escuros. Seu aparecimento pode ser causado após lesões, depilações, alterações hormonais e excesso de sol (SMALL, 2014). Figura 6. Melasma na bochecha. Fonte: Plensdorf, Livieratos e Dada (2017, documento on-line). Efélides (Figura 7): as famosas sardas são lesões maculares pe- quenas, de 1 a 2 mm, nitidamente definidas de cor uniforme, mais frequentemente encontradas na face, no pescoço, no tórax, nos braços e nas pernas. A cor pode variar de vermelho a castanho-claro, e o número, de algumas a centenas. O início se dá geralmente na infância, após a exposição ao sol. Essas lesões devem ser diferen- ciadas de lentigos juvenis (2 a 10 mm), que aparecem na primeira infância, e lentigos solares (2 a 20 mm), que geralmente aparecem Alterações faciais da pele8 mais tarde na vida. As efélides são assintomáticas e o tratamento não é necessário. Lesões indesejadas podem ser tratadas da mesma forma como lentigos, usando crioterapia, hidroquinona, ácido aze- laico, peelings de ácido glicólico, laser e outras terapias baseadas em luz (SMALL, 2014). Figura 7. Efélides na face. Fonte: Plensdorf, Livieratos e Dada (2017, documento on-line). Telangiectasia As telangiectasias são pequenos capilares localizados na pele, muito fi nos, ramifi cados, em geral de coloração avermelhada, constituídos de microfístu- las arteriovenosas. Também são chamadas de spider veins, pelo padrão tipo teias de aranha (Figura 8), e, na maioria das vezes, causam distúrbios apenas do ponto de vista estético. Trata-se de dilatações intradérmicas das veias, cujo diâmetro estimado é de aproximadamente 1 mm. É uma lesão linear e superfi cial, mas adverte que se trata de uma pele sensível, que exige maiores cuidados. Apesar de esteticamente não agradável, não há alterações funcionais ou sintomas (OLIVEIRA, 2007). 9Alterações faciais da pel Figura 8. Telangectasias “teia de aranha” na região nasal. Fonte: International Journal of Medical Sciences ([20--?], documento on-line). Rosácea É uma doença que, na maioria dos casos, manifesta-se na face, apresentando alteração vascular e reações infl amatórias no local. Essa doença pode ser causada por vários fatores, que se associam à tendência genética. Esses fatores são: muita exposição solar, alterações emocionais, mudanças abruptas de temperatura climática, uso de bebidas alcoólicas, uso de drogas, etc. Costuma acometer mulheres de pele e olhos claros (MAIO, 2011). Na prática clínica diária, os clientes geralmente apresentam características morfológicas de mais de um subtipo de rosácea e podem se queixar de aumento da sensibilidade da pele facial com sintomas de queimação, ardência e coceira. A diversidade de apresentações clínicas tornou a fisiopatologia da rosácea indescritível. Vários estímulos ambientais e fatores endógenos mostraram estimular uma resposta imune inata aumentada e sinalização neurovascular aberrante. A jusante desses eventos, vários mediadores orquestram os efeitos vasculares e inflamatórios que caracterizam a doença. Aqui, revisamos o conhecimento atual da epidemiologia, fisiopatologia e tratamento da rosácea com ênfase na literatura mais recente (RAINER; KANG; CHIEN, 2017). A rosácea apresenta cinco sinais principais: 1. eritema (vermelhidão) constante; 2. telangiectasias; 3. pápulas (se inflamada); Alterações faciais da pele10 4. edema (se inflamada); 5. pústulas (se inflamada). Com base nas características morfológicas, a rosácea é geralmente classifi- cada em quatro subtipos principais: eritematotelangiectásica, papulopustular, fimatosa e ocular. A rosácea eritematotelangiectásica é caracterizada por um eritema facial transitório (rubor), combinado com um fundo de eritema centrofacial persistente, com telangiectasia também presente na maioria dos casos (Figura 9a). A definição clínica pode ser desafiadora devido a uma sobreposição com os achados cutâneos de dano actínico crônico em indivíduos de pele clara (dermato-heliose). Por sua vez, a rosácea papulopustulosa se apresenta com intensidade variável de eritema facial central e um número variável de pequenas pápulas e pústulas eritematosas. Já a rosácea fimatosa afeta mais comumente o nariz (rinofima) e se apresenta com hipertrofia dos tecidos, que se manifesta como espessamento da pele e hiperplasia das glândulas sebáceas. É comum em homens com mais de 40 anos (Figura 9b). Com o tempo, o nariz pode até dobrar de tamanho. Queixo, rosto, olhos e ouvidos também podem ser comprometidos. Por fim, os sintomas da rosácea ocular consistem em queixas inespecíficas de secura, sensações de areia, lacrimejamento, coceira e chiqueiros frequentes. A rosácea ocular mais ativa se apresenta como blefarite, frequentemente com injeção conjuntival, telangiectasia da margem da pálpebra, calázio ou formação de hordéolo (SUN; CHANG, 2017). Figura 9. (a) Indivíduo com rosácea eritematotelangiectásica e (b) indivíduo com rosácea fimatosa. Fonte: Adaptada de Wolff et al. (2019). 11Alterações faciais da pel Os hormônios podem influenciar diretamente o aparecimento de lesões de pele, principalmente a acne. Nas mulheres, essa oscilação pode estar relacionada aos níveis de estradiol e progesterona, que variam de acordo com o ciclo menstrual. A progesterona, quando metabolizada,produz andrógenos que estimulam receptores específicos, produzindo mais sebo. 2 Objetivos de tratamento para lesões cutâneas faciais Nos últimos anos, uma das áreas que mais tem avançado na estética é a dos cuidados com a pele. Isso aconteceu devido ao grande interesse da população pela saúde, pela beleza e pelo envelhecer bem. Para melhor defi nir o tratamento mais indicado para cada tipo de lesão, vamos dividir os tratamentos conforme seus objetivos, relacionados com a fi siopatologia da lesão. São eles: amenizar a hiperpigmentação da pele; controlar o processo inflamatório e/ou infeccioso; controlar a oleosidade da pele. Lembre-se de que só é aconselhado tratar clientes sem contraindicações. Algumas lesões podem ser decorrentes de infecções por bactérias, por exemplo, que só podem ser manejadas por um especialista, inclusive pelo risco de contágio. Assim, indivíduos com lesões graves, que necessitam de avaliação e cuidados médicos, devem ser imediatamente encaminhados a um dermatologista. A limpeza de pele é um dos procedimentos estéticos mais procurados pelos clientes com disfunções de pele. A técnica ajuda no controle da oleosidade da pele e a controlar os casos de lesões acneicas. A limpeza de pele é uma técnica muito importante, pois, além de remover as lesões superficiais da pele, como os comedões abertos e fechados, auxilia na renovação celular, na hidratação da Alterações faciais da pele12 pele e na manutenção do manto hidrolipídico saudável. Na sessão de limpeza de pele, são utilizados recursos elétricos, como a alta frequência, que tem efeito cicatrizante, ameniza processos inflamatórios e tem ação bactericida e antisséptica, o que torna fundamental seu uso em tratamentos de acnes (DAIF, 2012). O vapor de ozônio é outro recurso muito utilizado no processo de limpeza de pele, principalmente quando há presença de acnes inflamatórias. Respon- sável por promover a emoliência da epiderme e, com isso, facilitar a extração dos comedões, também possui função bactericida e fungicida pela presença do ozônio (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019) Outra possibilidade utilizada é a combinação de produtos com laser e LED de baixa potência. O LED mais utilizado para tratamento da acne é o LED azul, por sua ação bactericida e oxigenante. Esses recursos podem ser utilizados sozinhos ou associados a produtos específicos. A fototerapia é indicada em casos de acne, hidratação, clareamento de manchas, para suavizar marcas de expressão, iluminar a pele, tratamentos capilares, como melhora de alopecia, entre outros (AGNE, 2009). As cores mais utilizadas de LED são as seguintes (AGNE, 2009). Vermelha: tem uma ação bioestimulante e regeneradora. É utilizada para melhora de flacidez e do envelhecimento da pele. Tem ação anti-inflamatória. Azul: tem ação bactericida, fungicida e oxigenante, por isso é utilizada no tratamento da acne. Amarela: melhora a circulação sanguínea e linfática. É indicada, prin- cipalmente, para peles sensíveis e no tratamento da rosácea. Além disso, o tratamento em casa, também conhecido como home care, é imprescindível para obter melhores resultados. Alguns exemplos de cuidados caseiros são a utilização de fórmulas tópicas como: adapaleno 0,3% + peróxido de benzoíla 2,5% em gel; nicotinamida 4% + retinol 0,05% em gel; sabonete facial à base de ácido salicílico. Com o objetivo de controlar as manchas como o melasma e as efélides, os ácidos são grandes aliados. Além disso, alguns deles ajudam no controle da inflamação e da oleosidade da pele. Os ácidos mais utilizados na estética, inclusive por tecnólogos em estética, são (BORGES, 2010; RIBEIRO, 2010): 13Alterações faciais da pel ácido azelaico (tem ação clareadora e ajuda a melhorar o aspecto da pele acneica, além de ajudar a prevenir a acne); ácido salicílico (um dos principais utilizados no tratamento da acne, pois ajuda a diminuir o sebo produzido pela pele impedindo que novas pústulas apareçam. Isso ocorre porque esse ácido desobstrui os poros e combate as bactérias que causam a acne); ácido glicólico (utilizado para reduzir marcas de expressão, afinamento epidérmico, rejuvenescimento e clarear de manchas. Utilizado em fototipos mais baixos); ácido retinóico (utilizado para tratar peles envelhecidas, diminuindo marcas de expressão e rugas, porque estimula a produção de colágeno. É derivado da vitamina A e, por isso, também é eficaz no tratamento de fotoenvelhecimento. Pode ser aplicado em pele acneica, pois normaliza a queratina dentro dos poros, como complementação de outro tratamento ou procedimento); ácido kójico (é um despigmentante natural utilizado para clarear man- chas da pele. Esse ácido não é fotossensível, ou seja, pode ser exposto ao sol. Sua ação inibe a produção de melanina, causando o clareamento da pele.); ácido mandélico (é mais utilizado em peles morenas para hiperpigmen- tação. Promove rejuvenescimento facial e afina as linhas de expressões superficiais, além de clarear a pele e tratar a acne.). O protocolo escolhido para tratar seu cliente poderá ser composto por esses ácidos. Não se pode prescrever nem utilizar qualquer ácido fora do tratamento programado (SMALL, 2014; BORGES; SCORZA, 2016). No home care, pode-se indicar ácidos despigmentantes nos casos de hipercromias ou de melasmas para manter e garantir um resultado mais duradouro do tratamento. Nesses casos, também deve-se evitar a exposição solar, que pode gerar a recidiva das manchas. Referente ao tratamento de rosácea, deve-se tomar um cuidado maior com os recursos e ativos que serão utilizados, pois trata-se de uma pele fragilizada e sensível. São contraindicados recursos que lesionam a pele, como peelings químicos ou mecânicos, e qualquer outra eletroterapia que desenvolva irri- tação ou inflamação tecidual. Além disso, devem ser evitados tratamentos que aumentem a circulação, produtos contendo álcool, hamamélis, acetona e substâncias hidroalcoólicas. O recurso mais utilizado em casos de rosácea é a ledterapia. O mecanismo de ação da luz na rosácea está relacionado com a capacidade de mediar a Alterações faciais da pele14 inflamação da patologia eritematosa telangiectásica. Com objetivo de diminuir o eritema facial, podem ser indicados ativos anti-inflamatórios como bisabolol e alantoína. A vitamina B3 (niacinamida) também pode ser associada ao tratamento, pois auxilia na barreira da pele. Alguns procedimentos estéticos auxiliares podem ser indicados, como drenagem linfática manual, protocolos de hidratação, laser e luz intensa pulsada (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). Sugestões de fórmulas para tratamento tópico incluem: brimonidina 0,5% + alfa-bisabolol 2% (uso noturno); ácido azelaico 5% + alfa-bisabolol 2% (uso noturno); niacidamida 2% (uso tópico noturno); Além disso, deve-se aconselhar que o paciente utilize protetor solar, evite alimentos que provoquem vasodilatação (pimenta e álcool, por exemplo), não fume, evite usar maquiagem em crise, opte por banhos com água fria, use água termal, evite produtos com toque seco e não se exponha ao sol. A fototerapia é um tratamento antigo. Povos utilizavam a luz do sol para fins terapêu- ticos, como para melhorar a pele e o bem-estar geral. As primeiras descrições do uso da fototerapia datam de 1400, quando hindus recomendavam plantas medicinais junto com exposição ao Sol para tratamento de vitiligo. Foi, porém, a partir de 1903, quando Niels Finsen recebeu o prêmio Nobel pelo sucesso do tratamento de lúpus vulgar com a radiação UV, que a fototerapia começou a ser realmente estudada e praticada para tratamento de várias dermatoses (ROELANDTS, 2002). Para o tratamento de foliculite, pode-se utilizar o recurso elétrico da alta frequência, por ser um aparelho que causa a formação de ozônio quando o gás interior entra em contato com o ar. O ozônio é eficaz contra fungos, agentes virais e bactérias gram-negativas e positivas.Desde sua descoberta, tem sido utilizado como agente terapêutico no tratamento de diferentes doenças. Seus efeitos estão relacionados por eventos mediados por espécies reativas de oxi- gênio (INAL et al., 2011). Os prováveis mecanismos de ação do ozônio são: analgésico, anti-inflamatório e antioxidante, ativando o metabolismo celular e reduzindo o estresse oxidativo pela indução da síntese de enzimas antioxi- 15Alterações faciais da pel dantes (superóxido dismutase, glutationa peroxidase e catalase). Além disso, há melhoria do suprimento de oxigênio no tecido por meio de vasodilatação e estimulação da angiogênese (BENVENUTI, 2006; CALUNGA et al., 2012). Para o tratamento da foliculite, também podem ser utilizados esfoliantes físicos e químicos para ajudar no refinamento epidérmico e, com isso, faci- litar a saída do pelo inflamado. É sugerido que sejam evitados métodos de depilações com lâmina ou com aparelhos de barbear; em casos mais graves, é indicada depilação a laser para cessar o crescimento do pelo e evitar as crises de inflamações e/ou infecções. Vale ressaltar que qualquer tratamento facial deve ser desenvolvido em cima de uma anamnese criteriosa e que o tratamento deve ser individualizado, voltado para as disfunções e características apresentadas por cada paciente. AGNE, J. Eu sei eletroterapia. 2. ed. São Paulo: Andreoli, 2009. BENVENUTI, P. Oxygen-ozone treatment of the knee, shoulder and hip: a personal experience. Rivista Italiana di Ossigeno-Ozonoterapia, v. 5, p. 135–144, 2006. Disponível em: http://humares.de/files/fallbeispiele/Oxygen-OzonetreatmentsofKneeShoulder. pdf. Acesos em: 28 out. 2020. BERMAN, B.; COCKERELL, C. J. Pathobiology of actinic keratosis: ultraviolet-dependente keratinocyte proliferation. Journal of the American Academy of Dermatology, v. 68, nº. 1, p. 10–19, 2013. BORGES, F. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. BORGES, F. dos S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. CALUNGA, J. 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