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CICLO CIRCADIANO E SONO

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CICLO CIRCADIANO
O sono possui um comportamento circadiano composto por estágios cíclicos. Em todas as espécies, o período do sono é regulado pela rotação da terra e pelos indicadores do tempo ou agentes que impõem o tempo e que indicam o ciclo dia-noite. O principal indicador é o nascer do sol diário. Esse ritmo circadiano é produzido por um sistema que é autossustentado mesmo na ausência de pistas ambientais e pode ser sincronizado com o meio interno do organismo. Esse processo atua como uma adaptação por permitir que os organismos se antecipem diante das mudanças ambientais externas que são cíclicas e recorrentes. Para o ser humano, o ciclo sono-vigília é principalmente sincronizado com o ciclo claro-escuro gerado pela rotação da Terra. 
Os núcleos supraquiasmáticos (NSQ) são estruturas anatômicas localizadas no hipotálamo anterior. É a estrutura temporizadora central capaz de gerar um ritmo endógeno próprio. A principal estimuladora do NSQ é a luz solar, que funciona como um estimulo excitatório para a atividade do NSQ. A etapa inicial da fotossincronização do NSQ está nas células ganglionares retinianas, que são responsáveis pela fotorrecepção e pela transdução excitatória do estímulo luminoso via trato retino-hipotalâmico até o NSQ. As células do NSQ transmitem essa informação para outros núcleos hipotalâmicos adjacentes responsáveis pela periodicidade da atividade do sistema nervoso autônomo, secreção de hormônios e melatonina, propensão ao sono e pela duração do ciclo sono-vigília. 
As principais eferências do NSQ de importância no ciclo sono- vigília são para o VLPO (Núcleo Pré-Óptico Ventrolateral) e para o Sistema Hipocretinérgico. A aferência do NSQ sobre o VLPO é inibitória, e o papel funcional da eferência NSQ para o VLPO é mantê-lo inibido durante o foto-período e desinibi-lo ao final do foto-período principal. Quando há ausência de luz solar, o sinal do NSQ diminui, permitindo, assim, o início do sono NREM. A relação funcional do NSQ com o sistema hipocretinérgico é excitatório. A redução da atividade do NSQ, ao final do foto-período principal, reflete-se na redução da atividade aminérgicahipocretinérgica. Mas a redução da atividade aminérgicahipocretinérgica permite o início do sono. O sinal fotossincronizado das células do NSQ é transmitido para a glândula pineal, que é responsável pela secreção de melatonina. A fotoestimulação inibe a secreção de melatonina. A melatonina exerce efeito autoinibitório na atividade do NSQ ao final do foto-período principal, sendo mais um mecanismo na cascata de eventos na redução da atividade aminérgicahipocretinérgica para o início do sono. A glândula pineal sintetiza o neuro-hormônio promotor do sono, a melatonina, a partir do triptofano. 
Para que haja a regulação desses mecanismos, são necessários mecanismos que percebam as mudanças na intensidade da luz. Essas alterações são percebidas por receptores na camada externa da retina, que se situam dentro da camada de células ganglionares das restinas. Nessas células estão presentes o fotopigmento denomidado melanopsina, que são despolarizados pela luz. A função desses fotorreceptores é codificar a luminosidade ambiental e, assim, ajustar o relógio biológico. 
SONO
O sono pode ser definido como um estado de inconsciência em que a pessoa pode ser despertada por um estímulo, podendo este ser sensorial ou outro. Esse estado pode ser dividido em dois tipos, totalmente diferentes e com diferentes características: o sono REM e não REM. O sono possui funções de extrema importância para um bom funcionamento do organismo. Dentre elas estão a economia de energia, secreção de hormônios somáticos, consolidação de memória episódica, síntese de novas informações e organização de informações em redes de associações e possui papel importante na plasticidade neuronal. 
ESTÁGIOS DO SONO
Com base em características eletrofisiológicas observadas no Eletroencefalograma (EEG), notou-se a existência de dois estados distintos do sono:
· Sono de ondas lentas ou sono não REM (NREM– non-rapid-eye-movement).
· Sono de ondas rápidas ou sono REM (REM - rapid-eye-movement).
O sono normal é constituído pela alternância desses dois estágios, formando os ciclos NREM-REM. Porém, a maior parte desse período é composto pelo sono de ondas lentas. O sono REM, por sua vez, ocorre na forma de episódios que ocupam aproximadamente 25% do tempo de sono dos adultos e cada episódio ocorre, normalmente, com intervalos de 90 minutos. 
SONO REM E NÃO REM
Corresponde aos estágios 1 ao 4 dentre os 5 estágios do sono. O estágio 1 pode ser definido como uma transição entre o estado de vigília e o sono e nesse período o EEG exibe uma diminuição na atividade de alta frequência que é característica da vigília. Além disso, ocorrem movimentos rotatórios oculares lentos e redução do tônus muscular e ocupa cerca de 8% do tempo de sono de um adulto normal. O estágio 2 é na verdade o primeiro estágio verdadeiro do sono, uma vez que é designado pelo aparecimento de fusos de sono no EEG, oscilações de 7 a 15 Hz durante um período de 1 a 2 segundos e complexos K. Esses fusos de sono e complexos K refletem as oscilações sincronizadas e lentas da atividade neuronal e sináptica no tálamo e no córtex cerebral. Ainda nesse estágio, o tônus muscular diminui, a respiração começa a ficar mais regular e lenta, e a temperatura corporal começa a diminuir. Além disso, ele ocupa cerca de 50% do tempo de sono. O terceiro estágio pode ser percebido no EEG pelo aparecimento de uma fração importante de oscilações delta (0,5 a 4 Hz), o que sinaliza uma maior redução dos processos de excitação encefálica e um aumento na sincronização cortical e talâmica. O estágio 4 é identificado pela predominância de ondas delta (>50% do tempo do EEG) e pode ser caracterizado como o estágio mais profundo.
A evolução da vigília para o estágio 4 normalmente ocorre de maneira rápida – cerca de 30 minutos. Após esse tempo, o indivíduo adormecido já passou por todos os quatro estágios, porém, em vez de acordar, ele entra no estágio do sono REM, também conhecido como estágio do movimento rápido dos olhos. Esse período está associado a uma perda quase total do tônus muscular, devido a inibição dos neurônios motores da via espinal por vias descendentes. Normalmente, essa fase do sono REM ocupa cerca de 25% do total do tempo de sono. Durante o sono REM, são encontradas no EEG ondas irregulares e de alta frequência, podendo sugestionar atividade nervosa dessincronizada como a encontrada no estado de vigília e, por isso, este estágio também pode ser chamado de sono paradoxal, uma vez que a pessoa possui grande atividade encefálica mesmo estando dormindo.

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