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1 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita 2 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita SUMÁRIO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM LEITURA E ESCRITAErro! Indicador não definido. AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA...................................................................... 4 OS ALUNOS COM ESCRITA ALFABETICA ............................................................ 39 SEMÂNTICA GERAL E SINTAXE DISCURSIVA ..................................................... 49 Predicado verbal ...................................................................................................... 51 Predicado nominal ................................................................................................... 51 Predicado verbo-nominal ......................................................................................... 52 Adjunto adnominal ................................................................................................... 52 Predicativo ............................................................................................................... 52 Aposto...................................................................................................................... 52 Vocativo ................................................................................................................... 52 Adjunto adverbial ..................................................................................................... 53 Agente da passiva 61 ....................................................................................... 53 Período composto por coordenação ........................................................................ 53 Período composto subordinado ............................................................................... 54 CONCORDÂNCIA.................................................................................................... 54 TÉCNICA DE COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO .......................................................... 59 Características do Texto Dissertativo ....................................................................... 65 Estrutura do texto Dissertativo ................................................................................. 65 Recursos de Argumentação ..................................................................................... 66 TÉCNICA DE ELABORAÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS .......................................... 67 Revisão e Edição ..................................................................................................... 71 Tradução .................................................................................................................. 71 ESTUDOS LITERÁRIOS.......................................................................................... 79 ESTUDO DA COMUNICAÇÃO E MÍDIA .................................................................. 86 O PAPEL EDUCATIVO NA RECEPÇÃO ................................................................. 88 PROGRAMAÇÃO EDUCATIVA NA TV? .................................................................. 89 AMPLIAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE EDUCATIVO E MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS ................................................................................................................................. 91 ATIVIDADE COMPLEMENTAR “DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA ................................................................................................................................. 94 3 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita DISCIPLINA NA ESCOLA – RELACIONAMENTO – ESCOLA X COMUNIDADE .... 96 A PRIMEIRA HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO “DESRESPEITADOR” ............ 99 O ALUNO “SEM LIMITES” ..................................................................................... 102 O ALUNO “DESINTERESSADO” ........................................................................... 107 UMA LEITURA DA INDISCIPLINA ESCOLAR ....................................................... 111 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 115 4 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA Para levar ao homem o fenômeno da Aquisição da Escrita e Leitura é preciso que se investigue o trabalho. Quando observamos o ponto de vista das relações/valores não mudamos nada no fenômeno, apenas procuramos ajustar a lente no foco para obter uma compreensão adequada, por isso mais vigorosa e ampla. As ações e reflexões que tem desenvolvido são experiências sucedidas das lições retiradas em situações e orientações apresentadas. Mostrando que as habilidades desenvolvidas dependem dos métodos utilizados em relação à 5criança desde pequena com a cultura escrita. A prática social individualista não ajuda na formação de um desenvolvimento satisfatório. A responsabilidade é de todo sistema. A escola acredita nas etapas dos processos que favorecem condições sobre o ensino da escrita. As metodologias vêm mudando a atuação e ao ver o que escreve no quadro negro diferencia da linguagem falada, selecionando as melhores palavras e expressões na organização da escrita em linhas, a separação dos vocábulos, uso de símbolos, e a criança vai vendo sua escrita se concretizando. Certamente, além dessas diferenças e semelhanças parecerem ter a ver com a distinção de como a linguagem é produzida e recebida, há muitas outras que se poderiam observar: o contexto de uso da linguagem, o sentido do que se diz ou se escreve, do objetivo do falante ou do escritor ao produzir seu texto e de outros fatores, a participação e acompanhamento da família ou responsável, que faz muita diferença, seja ela direta ou indireta, vem formar a produção da linguagem. Considerando tais fatores de produção de cada uma das modalidades da língua, podemos avaliar a influência de uma sobre a outra e constatar que inicialmente é a oralidade que inicia o ciclo de influências mútuas. O objetivo do presente trabalho é tentar mostrar a influência que a oralidade exerce sobre a escrita, o que faz com que os produtos orais e escritos sejam muito semelhantes, principalmente nesse primeiro momento. As transformações vêm avançando muito o objetivo da escola em responder às exigências da sociedade e, em segundo lugar, a transformar do perfil social e cultural do educando. A significativa ampliação da presença na escola vem superando o analfabetismo com novas tecnologias. 5 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita Atualmente a educação alcançou um novo patamar em termos de pesquisa. Sabemos que o desenvolvimento humano não é apenas natural, mas histórico-social, e que algumas aprendizagens, principalmente 6as mais complexas, precisam de uma estrutura organizada. Especificamente em relação às linguagens escritas podemos pensar, portanto, que a criança – mesmo antes de ler e escrever as primeiras letras – já participa ativamente dos processos que analisa e formula uma escrita simbólica. Desse modo a escrita, que no sistema egípcio caracterizava totalmente a língua falada e refletia realidades abstratas e concretas, era formada por dois tipos de signos: pictograma (desenho/coisas) e fonograma (desenho/sons), explicando a disposição intuitiva do ser humano. Isso corresponde aos movimentos informativos que introduzem um aprendizado através dos símbolos, que aos poucos vem adquirindo conhecimento representativo. Quando se fala em ensinar e escrever nas perspectivasde gêneros surgem perguntas que levam à reflexão: se o que vai ser trabalhado pode ser desenvolvido por eles dentro de sua cultura social, como ensiná-los na escola de modo que eles não fujam de suas origens? Ou seja, como não escolarizar os gêneros que pertencem a outros domínios discursivos que não o da escola? Seria, então, até inadequado imaginar que uma criança não tenha competência e condições de aprender as diversas características da comunicação gráfica. A língua materna usa variedade de sons que aos poucos vai formando uma estrutura materna adquirida. Segundo Contine (1988), uma criança exposta a um ambiente propício, ou seja, material escrito e pessoas que manuseiam, incluindo ela própria, já estaria aprendendo seus usos e funções como forma de comunicação. O problema é que essas variedades são trabalhadas muitas vezes, são lidas e não são exploradas as escritas. Bem pequena a criança acredita que os desenhos representam as palavras. Assim, ela associa o objeto ao nome embora o mesmo não corresponda ao que é visto. Analise este fato, ocorrido em sala de aula, em que o professor levou um carrinho e na representação dos objetos no referido carro estava a letra G e no gato estava a letra C. A criança olhou-o e disse que a letra que correspondia à figura do carro era C – de carro. Leva a acreditar que a leitura do que se vê é tão importante quanto a prática escrita. A característica básica é compartilhada com a coletividade. Quando uma criança esta nos rabiscos ela está no nível pré-silábico e depois passa para o 6 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita silábico, quando já usa as letras empregando uma letra para cada sílaba e fundamentalmente chega ao entendimento da fala com a escrita. As etapas do conhecimento são o primeiro passo para produzir avanços na escola. 7 Para trabalhar a leitura da escrita em sua formação social, com conceitos estruturados, é essencial utilizar os sons das palavras (ler para escrever), ouvir músicas, ver TV, enfim, perceber desenhos, formular a palavra. Acredita-se efetivamente no que é decifrado e escrito. O significado real desse método ajuda o aprendiz a entender para que serve aquilo que está aprendendo. A fala constrói conhecimentos no processo da escrita, trabalhando a prática em função social. As histórias infantis são utilizadas geralmente pelos adultos interlocutores (sejam professores ou terapeutas) como forma de entretenimento ou distração, já que, pelo senso comum, frequentemente a criança sempre demonstra um interesse especial por elas, seja qual for a classe a que pertença. Quanto mais o aluno observa os desenhos narrados nas estórias lidas mais ele aprende a usar a escrita e alcançar a eficácia na atuação social e o alargamento da integração social na praxe social. Imbuída nessa ideia é mister refletir-mos – como educadores que somos – que a forma da linguagem escrita lança tentativas que descrevem as etapas do processo evolutivo gradativamente, sobre um processo de ensino-aprendizagem da escrita, na perspectiva de formar escritores no sistema educacional segmentando palavras alinhadas e escritas corretas, contribuindo no sistema cognitivo na estruturação do conceito de que a escrita é uma representação de fala. Na pré-história o homem passou a se comunicar através de desenhos feitos nas paredes das cavernas. Através deste tipo de representação (pintura rupestre) trocavam mensagens, passavam ideias e transmitiam desejos e necessidades. Porém, ainda não era um tipo de escrita, pois não havia organização nem mesmo padronização das representações gráficas. Foi somente na antiga Mesopotâmia que a escrita foi elaborada e criada. Por volta de 4.000 a.C., os Sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. A maior parte dos documentos registrados encontrados na Mesopotâmia refere-se a registros contábeis: números de cabeça de gado, sacas de grãos, livros de registros receitas e despesas. Criaram-se, também, cartas de crédito, por meio das quais se tornou possível expandir o comércio 7 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita entre as diversas cidades. A escrita era fundamental, ainda, para registrar as terras, dificultando a acesso por parte daqueles que não as possuíam. Também os documentos de Estado eram armazenados por meio da escrita, a qual se tornou um instrumento importante na transmissão de mensagens oficiais de caráter local e mesmo internacional. No Egito Antigo, o sistema hieroglífico era uma das formas de escrita mais utilizadas. Para essa civilização, o ato de escrever tinha um sentido profundamente religioso, mágico e também artístico. 8 Escrever significava para os Egípcios fazer com que as coisas viessem para sempre, ou seja, tornavam-se eternas. Por ser um processo complexo e sofisticado, a escrita era dominada por estudiosos muito prestigiados, os escribas. Além de gravarem sua escrita em pedras e pedaços de cerâmica, os egípcios desenvolveram uma espécie de folha de papel, preparada a partir das fibras do papiro, planta típica da região. Existiam duas formas de escritas no antigo Egito: demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Nem todas as sociedades criaram um sistema de escrita. Exemplo disso são os incas, que viviam na América antes da chegada dos Europeus. Esse povo desenvolveu, entretanto, uma forma de registrar alguns dados por meio de nós em pequenas cordinhas – chamados quipus. Outros povos indígenas, tais como os Yanomamis, que vivem hoje no Norte do Brasil, também não têm um sistema de escrita. O mesmo ocorre em diversas civilizações africanas ou da Oceania. Nessas sociedades sem escrita a história é encontrada e os fatos são registrados de forma oral, ou seja, as ideias, as informações e os costumes são transmitidos pela fala, de geração para geração. Já na Roma Antiga, no alfabeto havia somente letras minúsculas. Contudo, na época em que estas começaram a ser escritas nos pergaminhos com auxílio de hastes de bambu ou penas de patos e outras aves ocorreu a modificação em sua forma original e, posteriormente, criou-se um novo estilo de escrita denominado inicial. O novo estilo resistiu até o século VIII e foi utilizado nas escrituras bíblicas lindamente escritas. Na Idade Média no século VIII Alcuino, um monge inglês, elaborou outro estilo 8 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita de alfabeto, atendendo ao pedido do Imperador Carlos Magno. Contudo, este novo estilo possuía letras maiúsculas e minúsculas. Com o passar do tempo, esta forma de escrita também passou por modificações, tornando-se complexa para a leitura. No século XV, alguns eruditos italianos – incomodados com este estilo complexo – criaram um novo. Em 1522, outro italiano chamado Ludovico Arrighi foi responsável pela publicação do primeiro caderno de caligrafia. Foi quem deu origem ao estilo que hoje denominamos itálico. Com o passar do tempo outros cadernos também foram impressos, tendo seu tipo gravado em chapas de cofres (calcografia). Foi deste processo que se originou a designação de escrita calcográfica. A língua portuguesa tem uma representação gráfica alfabética com memória etimológica. Dizem que a representação gráfica e alfabética significa dizer que as unidades gráficas (letras) representam basicamente unidades sonoras (consoantes e vogais) e não 9palavras como pode ocorrer na escrita chinesa ou sílabas (como na escrita japonesa). Além disso, a escrita alfabética tem como princípio geral a ideia de que cada unidade sonora serárepresentada por uma determinada letra e de que cada letra representara uma unidade sonora. Dizer, por outro lado, que o sistema gráfico admite também o princípio da memória etimológica significa dizer que ele toma como critério para fixar a forma gráfica de certas palavras não apenas as unidades sonoras que a compõem mais também sua origem. Assim, escrevemos monge com G e não com J, por ser uma palavra de origem grega, e pajé com J e não com G por ser uma palavra de origem tupi. Redigimos homem com H não porque haja uma unidade sonora antes do O em português, mas porque em latim se grafava homo com H (resquício de um tempo na história do latim em que havia uma consoante antes do O). Ao operar também com a memória etimológica, o sistema gráfico relativiza o princípio geral da escrita (a relação da unidade sonora letra não será 100% regular), introduzindo para o usuário. A escrita não foi progredindo, os sinais gráficos desenhados foram aos poucos se simplificando e serviam para transcrever sílabas independentes do sentido vocabulário – os considerados grupos fônicos. A partir do século IX apareceu o alfabeto grego, com 24 letras, incluindo as vogais. Cada povo exerce sua capacidade de expressão por meio de códigos linguísticos e representativos, aos quais chamamos língua. 9 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita Quanto mais dominamos nossa própria língua e nos comunicamos corretamente maiores são as oportunidades de adquirir cultura trabalhando e interagindo no mundo em que vivemos. As atividades voltadas para a construção da escrita têm como objetivo formar escritores competentes, capazes de produzir com eficácia. Em uma cultura ágrafa essas preocupações não teriam tanto sentido, mas nossas crianças, especialmente as oriundas de classes mais baixas, estão inseridas em uma sociedade letrada que, além das desigualdades e injustiças a que são submetidas, descrimina quem não é alfabetizado, considerando-o inferior. Portanto, apropria-se da linguagem escrita, podendo oferecer futuramente a essas crianças maiores possibilidades de isenção social. Se considerarmos que os alunos não alfabetizados podem escrever de acordo com suas palavras hipóteses, isso significa que supostamente poderiam registrar qualquer tipo de texto, desde que não seja esperado que o faça convencionalmente. Tratando dessa dimensão, segundo Winnicott (apud Postic, 1993:18), todos nós necessitamos de uma área de ilusão paralela ao mundo real (ou das trocas sociais) – esse espaço interno e responsável pela transição entre o consciente e o inconsciente, movimento que garante o equilíbrio do indivíduo. Por suas atividades, a criança tem contato com o real com os outros. Ao mesmo tempo, sua imaginação se desenvolve, pois ela toma consciência de seus limites, vive conflitos, experimenta informações contraditórias e tem muitas dúvidas que não consegue esclarecer. Para tentar resolvê-las e dominar suas angústias, impulsionada por sua curiosidade, ela procura sonhar, imaginar. E se conseguir canalizar esse mundo imaginário em ações no mundo real ela desenvolve a capacidade de criação. Os desenhos, as narrativas, enfim, são maneiras de agir para dominar as emoções; as explosões de sonhos e imagens são dirigidas então para a criação. Portanto, a criança deve conseguir alimentar seu imaginário e expressá-lo. Desenvolver a função simbólica por meio de texto, imagens e sons é uma forma de sustentá-lo. De qualquer forma, não é apropriado, por exemplo, solicitar a escrita de um texto logo que ofereça grandes dificuldades, sendo que se obterá uma escrita convencional. São mais adequados trechos de histórias conhecidas, bilhetes, cartas curtas, regras de jogos, além dos demais textos; como frases, quadrinhas cantigas de roda conhecidas. 10 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita Assim, para que realmente uma história prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas, para enriquecer sua vida, deve estimular sua imaginação, ajudando em seu desenvolvimento intelectual, propiciando-lhe mais clareza em seu universo afetivo, auxiliando a reconhecer, mesmo de forma inconsciente, alguns de seus problemas e oferecendo-lhe perspectiva de soluções, mesmo provisórias. A prática pedagógica tem demonstrado que quando se pretende trabalhar com a diversidade textual nas classes de alfabetização, nas situações em que se ler para os alunos praticamente todo gênero é adequado, desde que o conteúdo possa interessar, o professor atua como mediador entre eles no texto. Mas se o texto se destinar a leitura pelos próprios alunos é preciso considerar suas reais possibilidades de realizar a tarefa, para que o desafio não seja muito difícil. Se a situação for produzir um texto oralmente há que se considerar que em princípio os alunos não alfabetizados podem criar quaisquer gêneros, desde que tenham bastante familiaridade com eles, seja por meio da leitura feita pelo professor ou por outros leitores. E quando se trata de produzir texto por escrito as possibilidades se restringem, pois a tarefa requer a coordenação de vários procedimentos complexos relacionados tanto com o planejamento do que se pretende expressar quanto com a própria escrita. É preciso, portanto, saber o que se pode propor aos alunos em cada caso; quando o professor lê para eles, quando eles próprios é que tem de ler, quando produzem o texto sem precisar escrever e quando precisam escrever eles próprios. As possibilidades relacionadas aos objetivos característicos das atividades indicam a metodologia aplicada, tornando útil e adequada aos alunos. Uma atividade se torna outra, feita com ajuda de rascunho, cadernos, lápis, papel especial para expor em um mural, letras móveis, cartões na lousa, no computador ou escrito a lápis. Esclarece as diferentes funções, certifica-se das atividades, garantindo a circulação de informação, promovendo a socialização de produzir e ver o texto pronto. Escrever não depende de dom, mas de empenho, dedicação, compromisso, seriedade, desejo e crença na possibilidade de ter algo a dizer que vale a pena escrever. Escrever é um procedimento e, como tal, depende de exercitação: o talento da escrita nasce da frequência com que ela é experimentada. A descoberta de que a escrita representa a fala leva a criança a formular hipóteses, ao mesmo tempo falsas e necessárias à hipótese silábica. 11 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita A hipótese silábica é um salto qualitativo, com reestruturações globais. Vejamos o caso da oralidade escrita. Os aspectos parecem relevantes em relação às manifestações da fala. Essa fala egocêntrica, tomada como objeto de lugar de investigação relacionada ao trabalho de escrever e observada na dinâmica, permite traçar diversas formas de linguagem em interação. Falar e escrever é organizar pensamentos pela fala, operar sobre a oralidade para redigir e aprender objetivos, ideias, reorganizando e transformando em um trabalho simbólico. Analisando os aspectos linguísticos podemos destacar os grafemas feitos pelas crianças, nos quais existe uma variação desordenada da representação da oralidade. A criança marca “umv” a primeira vez e “auv”; vemos que todas as palavras são marcadas no texto. Ao considerarmos o momento de produção da escrita e da fala como episódio interativo, podemos perceber indício da complexa situação que a criança experimenta ao escrever. A fala egocêntrica emerge diante de uma tarefa, de uma dificuldade de aprendizagem, da forma escrita de linguagem/produção na escola, com características particulares. As práticas pedagógicas convencionais, ao enfocarem o trabalho com a escrita, preconizam o bom desempenho em linguagem oral como um dos itens necessáriospara se escrever bem: habilidade fundamental para o desenvolvimento satisfatório na aprendizagem escrita. Analisando os fatos observamos que uma linguagem verbal adequada precisa de condições de comunicação e afixação de conceitos. Esses estímulos favorecem a oralidade da criança na aprendizagem da escrita. A noção de linguagem escrita é inicialmente um simbolismo de segunda ordem porque tende a representar o som da fala. Lentamente desaparece a linguagem oral e passa a ser representada a linguagem escrita como de primeira ordem. Esse método alcança na criança o processo psicológico que organiza as palavras, o raciocínio e a prática da linguagem escrita. Para Vygotsky, o desenvolvimento da linguagem escrita “é constituído tanto de involuções como evoluções” (1984, p.120). Muitas vezes observamos o desenvolvimento de uma criança que alcança novos conhecimentos e transforma as formas anteriores do processo de linguagem oral e escrita. O funcionamento da escrita pode ou não alcançar uma qualidade de experiência de uma produção de análise de textos criados pelas crianças, valorizando 12 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita sua oralidade. Esse processo requer do escritor a consideração de caráter dialógico do ato de escrever, tomando, ao mesmo tempo, o dizer do texto como objeto de atenção e o leitor como um sujeito que constrói sentidos a partir de pistas dos textos. Supomos que dentre outras condições para essa possibilidade esteja a interação com um interlocutor imediato, que aponte para o sujeito as exigências de compreensão, que conduza os escritores iniciantes a desenvolver ações reflexivas na escrita. De fato, há um movimento de diferenciação de perspectiva, mas que é derivado de uma capacidade dialógica tácita e pouco reflexiva, sendo que as perspectivas do eu (escritos) e do outro (leitor) se configuram em um processo de escritura – um processo que dependendo das condições sociais de sua realização pode trazer para a criança a demanda ou oportunidade de uma tomada do seu dizer como objeto de atenção e análise. Concluindo, quero sugerir que a direção produtiva para o estudo da constituição dos escritos está na busca de compreensão sobre os diversos planos de dialógica implicados na produção escrita, os quais abrangem a relação da criança com vários outros: para quem a criança diz seus leitores; de quem toma as palavras para dizer seus modelos; sobre quem diz suas personagens; o outro que é participante do processo de produção do texto (professores que atuam como comentadores, coautores ou correvisores, etc). A essas dialógicas articula-se a relação da criança consigo mesma, como escritora e leitora do seu texto. No âmbito da pesquisa parece que esses vários aspectos do processo de produção escrita não têm sido suficientemente tematizados, dada a tendência a se restringir a discussão à relação escrita e ao leitor. Muito se tem pesquisado e discutido em diversas áreas do conhecimento sobre o que acontece durante a aquisição e o desenvolvimento da linguagem no ser humano. Os processos envolvidos nesse percurso têm sido observados de diversos pontos de vista e as discussões a respeito. Como sabemos, as crianças constroem hipóteses sobre como se escreve e muitos professores já ouviram falar disso. No entanto, parte importante e pouco conhecida das investigações sobre a aquisição da escrita se refere ao que poderíamos chamar “hipótese de leitura”, isto é, são as ideias que as crianças constroem sobre o que está ou não grafado em um texto escrito e o que se pode ler ou não nele. 13 Vygotsky, entre outros estudiosos do assunto, buscando compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos do indivíduo, postula um enfoque 13 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita sociointeracionista para a questão, no qual um organismo não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros de sua espécie, o que afirma que todo conhecimento se constrói socialmente. Durante todo o percurso do desenvolvimento das funções psicológicas, culturalmente organizadas, é justamente esse aspecto cultural/social de interação com o outro que desperta processos internos desse desenvolvimento. É o contato ativo do indivíduo com o meio, intermediado sempre pelos que o cercam, que faz com que o conhecimento se construa. Especialmente em se tratando da linguagem e escrita, o indivíduo tem o papel constitutivo nesse processo (ele não é passivo: percebe, assimila, formula hipóteses, experimentado-as, e em seguida as reelabora, interagindo com o meio). O que lhe proporciona, portanto, modos de perceber e organizar o real é justamente o grupo social (a interação que ele faz com esse grupo). É este que determina um sistema simbólico-linguístico da representação real de escrita. O pensamento e a linguagem estão intimamente relacionados à medida que constrói significados que a criança vai desenvolvendo na fala socializada e na escrita praticada. As crianças, antes de aprenderem a ler e a escrever, constroem ideias e distinções que parecem estranhas aos nossos olhos alfabetizados. Em uma frase muito inicial, raramente observada em grupos, encontram-se crianças para quem as letras ainda não são objetos substitutos (isto é, objetos cuja função é representar outros objetos) Emília Ferreira comenta: “graças aos sujeitos menores podemos afirmar a realidade desse nível”. Depois que as letras se tornam objeto substituto, os alunos costumam pensar que qualquer coisa que esteja escrita perto de uma figura deve ser o nome da figura. Elas imaginam também que se em uma caixa de remédio há algo escrito, deve ser “remédio”, ou quem sabe “pílulas”. A hipótese de que o que está escrito junto de uma imagem deve ser seu nome fica evidente quando perguntamos às crianças que não sabem ler o que se vê em uma figura e elas respondem: “uma bola” (ou uma boneca...) e quando perguntamos o que está escrito junto da bola ela sabe dizer, omitindo o artigo indefinido. Essa distinção sutil e sistemática é que caracteriza o que Emília Ferreira chamou a “hipótese do nome”. Isto é, que no início as crianças pensam que o que se escrevem são apenas os nomes. Uma das primeiras ideias que os alunos elaboram em relação ao significado de uma sequência de letras é a seguinte: as letras 14 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita representam os nomes das pessoas e objetos. A criança é o elemento atuante do processo de ensino-aprendizagem, é o sujeito ativo que põe em jogo toda a sua capacidade intelectual nesse processo. A criança, quando entra para a escola, já possui conhecimentos sobre a leitura e escrita que precisam ser considerados como ponto de partida para a sistematização nos saberes embutidos no ato da leitura e escrita. A aprendizagem da língua oral e escrita se constitui em um dos principais espaços de ampliação das capacidades de se comunicar e de se expressar que a criança pode desenvolver. Esta ampliação não só está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever, mas também ao desenvolvimento de seu pensamento e de sua relação com o mundo. Segundo Lemos: “É através da linguagem enquanto ação sobre o outro (ou procedimento comunicativo) e sobre o mundo (procedimento cognitivo) que a criança constrói a linguagem enquanto objeto sobre o qual vai pode operar” (LEMOS, 1977, p. 120). Na construção da leitura e da escrita tem-se claro que a criança se alfabetiza: ninguém alfabetiza ninguém. Ela se alfabetiza quando decodifica símbolos, letras, sílabas e palavras que conhece, pois construindo significados próprios o aluno só aprende o que é significativo para ele e compreendido como capaz de satisfazersuas necessidades. A língua oral e escrita percorre por todas as situações escolares e também é a partir dela que os alunos podem ter acesso a diferentes campos de conhecimento, isso parece muito natural porque já faz parte do cotidiano escolar. Os professores devem trabalhar com vários tipos de leitura. É necessário que tenham consciência de seu caráter instrumental e que conheçam seu funcionamento. Foucambert (1994) traz uma grande contribuição para a compreensão do ensino da leitura: Na fase de aprendizado, o meio deve proporcionar à criança toda a ajuda para utilizar textos “verdadeiros” e simplificá-los para adaptá-los às possibilidades atuais do aprendiz. Não se aprende primeiro a ler palavras, depois frases, mais adiante textos e, finalmente, textos dos quais se precisa. (FOUCAMBERT, 1994, p. 12). Muitas são as possibilidades de leitura e escrita que se pode oferecer à criança, tendo como destaque a língua textual, preocupando-se com uma interação da criança com o mundo da leitura, proporcionando uma vivência muito rica, com multiplicidade 15 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita de textos a serem vivenciados: o oral, o escrito, informativos (jornais, revistas, histórias infantis, poesias, etc): Quanto mais diversificada a experiência de leitura dos alunos, quanto mais familiaridade eles tiverem com textos narrativos, expositivos, descritivos, mais conhecida será a estrutura desse texto e mais fácil a percepção das relações entre a informação veiculada no texto e a estrutura do mesmo. (KLEIMAN, 1993, p. 87). Trabalhar com jornal é muito importante, pois ele é uma espécie de janela para o mundo, integrando a sala de aula e o mundo real. O professor que compreende a utilidade desse tipo de leitura saberá encontrar formas agradáveis e produtivas de trabalhar com o texto em classe, sendo um instrumento para o desenvolvimento das habilidades de clareza e prontidão na escrita. Quanto às revistas, elas propiciam o trabalho com propagandas. Os alunos podem ler textos (escritos e visuais), perceber os mecanismos de persuasão e os recursos gráficos utilizados. Podem criar produtos e propagandas ou transformá-los nos que ele já conhecem. Criação de poesias é uma oportunidade para trabalhar com as características estruturais e temáticas desse tipo de texto. As atividades com poesias propiciam tarefa como elaborar rimas, aproximar o poema da música, observar seu ritmo e sua musicalidade, além de desenvolver o senso estético e a criatividade do aluno. O cordel também é muito importante para aprimorar a linguagem falada e rica, mas a escrita deve seguir a norma culta. Aprimorando a escrita – ao permitir reflexões sobre a diferença entre língua falada e escrita – aproxima-se os alunos da cultura popular, incentiva-se o gosto pela leitura e escrita. Os alunos vão se adaptando à leitura de cordel e, conhecendo as características do gênero, incluindo as rimas e métricas: os versos são escritos em forma de sextilha, estrofe de seis linhas, cada uma com sete sílabas poéticas, e rimas iguais nos versos pares. A criança passa então a conviver com estes tipos de correspondência entre a grafia e o som, adentrando assim no nível silábico alfabético. E começa também a experimentar um conflito, já que é capaz agora de perceber que existe uma representação gráfica correspondente a cada som (percebe a relação entre grafema e fonema). As dramatizações de textos são excelentes atividades para promover, além da leitura e produção escrita, a expressão plástica e corporal. Elas priorizam situações 16 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita que valorizam o jogo dramático, jogos que trabalham e sensibilização em encenações de pequenas peças baseadas no imaginário, no folclore e em fatos de personagem da vida real da criança. 16 As histórias infantis são essenciais no trabalho de linguagem oral, que servirá de base para que as crianças evoluam e lhes facilitará a entrada no mundo da língua escrita, já que o fato de poder antecipar o texto lhes dará mais fluência na hora de escrever. A riqueza de experiências vivenciadas pelo conhecimento do meio físico e social tem consequência prática no processo da leitura e da escrita. Caberá ao professor aproveitar a oportunidade para as crianças escreverem frases, ordenarem ideias, fazerem diálogos e criarem histórias sobre os temas que surgirem. A leitura igualmente será implementada de forma espontânea e interessante. O trabalho das professoras atinge as práticas de escrita de modo a chamar atenção dos alunos e colocá-los em constante processo de aperfeiçoamento dessa atividade que depende da criatividade e abertura de diálogo com a criança. Toma-se como base o seguinte: quais as práticas mais adotadas visando à aquisição e desenvolvimento da escrita em sua sala de aula? A execução de treinos ortográficos, produção e reescrita de pequenos textos, ditado de palavras e análise de erros. Ao citar essas práticas como as mais vivenciadas na sala, nos faz lembrar sobre a importância do próprio aluno fazer a correção de sua escrita, assimilando melhor o correto e memorizando melhor a palavra já com grafia correta. Direcionamos a mesma questão a realidades diferentes e como resultado chegou-se à seguinte conclusão: “Uma prática constante é a reescrita de estórias orais e músicas conhecidas ou até mesmo complementação de pequenos textos lacunados”. Essas práticas simples, além de dar abertura à leitura de estórias e contos da literatura infantil, servem também como incentivo à atenção dos alunos para que depois eles escrevam com coesão as partes que compõem a estória e com isso adquiram noção do que seja introdução, desenvolvimento e conclusão de um texto. As propriedades quantitativas dos alunos antes de serem capazes de ler convencionalmente podem começar a considerar também as propriedades qualitativas do texto, tanto para ajudar a antecipar o significado do que está escrito, quanto para verificar a adequação de suas antecipações. Se o professor não reconhece as hipóteses sobre o sistema de escrita não tem como interpretar. Compreender a evolução das ideias dos alunos sobre a escrita é 17 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita muito importante. São essas informações que só a investigação propícia permite ultrapassar as limitações do nosso olhar alfabetizado e considerar o ponto de vista do aluno. Uma das ideias surpreendentes construídas pelos alunos no início do seu contato com o mundo da escrita é a distinção entre “o que está sendo escrito” e o “que se pode ler”. A ideia do que se escreve e tudo o que se fala não 17é prévio à alfabetização, pelo contrário, descobrir que é necessário escrever tudo, sem omitir nada, requer bastante experiência com a língua escrita. LINGUAGEM QUE SE APRENDE Quando nos referimos à situação de aprendizagem, ao conteúdo e à linguagem que se escreve, estamos falando em situações nos quais os alunos possam não só perceber que o texto escrito tem características particulares, que o diferenciam do texto oral, como também produzir textos usando a linguagem escrita. Mesmo os alunos que ainda não sabem ler nem escrever. Portanto, o nosso desafio é pensar em quais seriam as melhores situações para que isso ocorra, favorecer o conhecimento dentro da realidade da criança, permitindo a ela consultar, interrogar, aprimorar seus próprios conhecimentos. LEITURA, DESENVOLVIMENTO E CAPACIDADE DE PRODUZIR TEXTOS A leitura tem um papel fundamental no desenvolvimento da capacidade de produzir textos escritos, pois por meio dela os alunos entram em contato com toda a riqueza e a complexidade da linguagem escrita. É também a leitura que contribui para a visão do mundo, estimula o desejo de outrasleituras, exercita a fantasia e a imaginação, compreende o funcionamento comunicativo da escrita, a relação entre a fala e a escrita, desenvolve estratégias de leitura, amplia a familiaridade com os textos, o repertório textual e de conteúdo para a produção dos próprios textos, conhece as especialidades dos diferentes tipos de textos e favorece a aprendizagem das convenções da escrita. É ouvindo contos que os alunos desde muito cedo apropriam a estrutura da narrativa, as regras que organizam esse tipo particular de discurso. E é esse conhecimento que lhes possibilita compreender outras narrativas, recontá-las e 18 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita reescrevê-las. A reescrita é uma atividade de produção textual com apoio, é a escrita de uma estória cujo enredo é conhecido e cuja referência é um texto escrito. Quando os alunos aprendem o enredo, junto vem também a forma, a linguagem que se usa para escrever diferente do que se usa para falar. A outra questão a ser tratada diz respeito à frequência das atividades. A leitura de história tem maior eficácia conforme sua recorrência em escrever. A criança nessa faixa etária costuma até mesmo solicitar a repetição, a proposta é que ela se incorpore à rotina diária da escola, o que necessariamente implica textos sempre diferentes. As crianças que executam a escrita de acordo como interpretam os contos desenvolvem naturalmente um interesse em aprender, reproduzem oralmente como se estivessem lendo. Para o desenvolvimento de atividades que propiciem à criança incentivo à escrita, um estudo sobre similares de sons, contos que estimulem a percepção e descriminação auditiva, e que no decorrer do tempo se transforme em associação com a escrita. Esse incentivo prepara a criança para um mundo de contos e recontos imaginários e reais, que criam a prática do exercício pela escrita diante do que ela está ouvindo e observando textos e gravuras associadas. As inquietações voltadas ao estudo da escrita não foram poucas e aparecem dúvidas que levam à reflexão. Se tomarmos isoladamente a grafia de cada palavra, não faz muito sentido falar em grafias fáceis ou difíceis. Podemos, nessa perspectiva, concordar e estudar o grau apesar de apresentada como língua e escrita. É necessário que se faça compreender que leitura e escrita são práticas complementares, fortemente relacionadas, que se modificam mutuamente no processo do letramento. A escrita transforma a fala e a fala influencia a escrita. São práticas que permitem ao aluno construir conhecimento de diversos gêneros e procedimentos adequados para tê-los e escrevê-los e sobre as circunstâncias de uso da escrita. A relação que se estabelece entre a leitura e a escrita, entre o papel do leitor e do escritor, no entanto, não é mecânica: alguém que lê muito não é, automaticamente, alguém que escreve bem. Nesse contexto, considerando que o ensino deve ter como meta formar leitores que sejam também capazes de produzir textos coerentes, coesos, adequados e ortograficamente escritos é que a relação entre duas atividades deve ser compreendida. Espera-se que o aluno, tanto quando produz textos quando termina sua escrita, 19 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita volte a ela procurando aprimorá-la e dar-lhe uma melhor qualidade. A expectativa é que o aluno desenvolva procedimentos que levem em conta as restrições que se colocam para os escritos pelo fato de o leitor de seu texto não estar presente fisicamente no momento de sua produção, que seja esse leitor determinado ou não. O aluno pode escrever ou aprender a escrever qualquer palavra, desde que queira fazer isto, uma vez que não faz sentido dizer que há letras mais difíceis do que outras para se aprender a escrever. Contudo, aprender a grafar palavra por palavra, embora possa ser visto como estratégia didática plausível, seria uma tarefa excessivamente onerosa, considerando que podemos simplificar o processo aproveitando as muitas regularidades do sistema gráfico em suas relações com o sistema fonológico da língua. Assim, o aluno deverá relativizar essa hipótese, percebendo aos poucos que o domínio deve ser memorizado. Em qualquer situação, o que o professor não deve esquecer é que ele é um construtor de andaimes que criam condições para que os alunos internalizem o novo saber. Entre as variáveis existentes, que garantem as condições ideais para a produção escrita, uma delas é fazer o aluno entender realmente as inúmeras possibilidades expressas no seu conhecimento. Deve-se notar: ✓ Se os alunos escrevem para leitores reais (colegas, professor ou mural da escola) e não apenas fazem atividades para obtenção de notas; ✓ Se o aluno trabalha a exploração escrita; ✓ Se esta produção apresenta aprendizagem; 21 ✓ Se o aluno projeta seu mundo imaginário; ✓ Se o aluno escreve não corretamente, mas expressivamente; ✓ Se a formação das palavras são coerentes para a formação do texto coeso; ✓ Se as ideias são agradáveis ao leitor; ✓ Se o aluno transfere para seus leitores o conhecimento adquirido. Aconselha-se que para as atividades não se tornarem apenas um preenchimento de tempo ou uma avaliação o professor deva dar um bom destino às produções escritas, de forma que o aluno saiba seu destino, como por exemplo, expor o material no mural; organizá-los para confeccionar um livro, etc. Há, por sua vez, a 20 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita criatividade do professor. Quando o aluno sabe que está sendo valorizado ele mesmo procura se integrar cada vez mais na perfeição em tudo que faz. Sabemos que o processo de ensinar e escrever formula estranhas hipóteses, muito curiosas e muito lógicas. Progridem de ideias bastante primitivas que desvendam o mistério do funcionamento que a escrita representa. Vejamos outras situações em que as representações interferem nas relações educativas. Uma escola orientada para trabalhar a resolução do problema do aluno deve realizar atividades propostas, errar, justificar, interagir, circular pelo espaço e expressar suas opiniões. Isso, no entanto, não significa que não deva esforçar-se para dar o melhor de si, tratar por igual, impor suas vontades e trazer o aluno para encarar a necessidade com esforço. Acredita-se firmemente que o professor devolve sua metodologia centrado na qualidade do aprender a ensinar. Agindo dessa forma o aluno tornar-se- á mais capaz. A compreensão da natureza da relação que se conquista, que pode levar o professor a desenvolver sensibilidade e capacidade de analisar a própria conduta, identificar quando ela incida na dos alunos, assim como quando as atividades dos alunos são determinantes da sua. É preciso, portanto, trabalhar com elementos verbais plenos de significado para o aluno na concepção da leitura e da escrita. A ideia subjacente a esse modo de relacionar é ainda muito defendido. O processo de aprendizagem controla e cria expectativas que despertam interesse no aluno. A instituição social criada para controlar o processo de aprendizagem é a escola. Logo, a aprendizagem deve realizar-se na escola. A construção de um objeto de conhecimento e as maneiras pelas quais fragmentos de informações fornecidas ao sujeito são 2incorporados ou não como conhecimentos, embora estreitamente relacionados, trata-se de processos diferentes. A construção de um objeto de conhecimento implica muito mais que mera coleção de informações. Provoca a construção de um esquema conceitual que permite interpretar dados prévios e novos (isto é, que possa receber informações e transformá-las em conhecimento): um esquema conceitual que permita processos de interferência acerca de propriedades não observadas de um determinado objeto e a construção de novos observáveis,na base do que se antecipar e do que foi verificado. Frequentemente se aceita que o desenvolvimento da lectoescritura comece antes da escola. Todavia, considera-se apenas como a aprendizagem de diferentes 21 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita informações não relacionadas entre si, que logo serão reunidas por algum tipo de mecanismo não especificado. Porém, a aprendizagem de leitura e escrita é muito mais que aprender a conduzir-se de modo apropriado com este tipo de objeto cultural. E, muito mais do que isto, exatamente porque envolve a construção de um novo conhecimento que, como tal, não pode ser diretamente observado de fora. No caso do desenvolvimento da escrita, a dificuldade para adotar o ponto de vista do aluno foi tão grande que ignoramos completamente as manifestações mais evidentes das tentativas de compreender o sistema de produção escrita do aluno. Analisando todas as dificuldades e falta de interesse do aluno, percebi que precisa ser resgatado seu interesse em se tornar escritor e isso me fez trabalhar mais o interesse centrado nesses estudantes que sempre tiveram possibilidades limitadas, filhos de pais analfabetos ou semianalfabetos, já que suas oportunidades são mínimas. O professor deverá oportunizar situações de ensino-aprendizagem que envolvam a escrita como objeto social do conhecimento. Deverá ser aproveitada toda rica bagagem que a criança já tenha adquirido anteriormente como: experiências folclóricas, conceitos matemáticos, a linguagem e vivências do seu cotidiano. A criança, desde que entra na escola, deverá participar de atos de ler e escrever na produção de textos coletivos e individuais, vivenciar momentos de leitura realizados pelo professor, poder perguntar, explorar e confrontar suas hipóteses com os outros, tendo oportunidade de registrar sua própria escrita. O professor deverá sempre colocar na sala de aula 23 tudo que possa motivar a criança a ler e escrever: os nomes dos alunos, o nome do professor, atividades do primeiro nome, nome dos colegas, nomes significativos para a criança (mamãe, papai, vovó, vovô, titio, casa, carro), painéis, cartazes, murais com mensagens, aniversariantes, horário das atividades, calendário, comemorações de acontecimentos reais, desenhar ou pintar cenas e escrever sobre elas. Enfim, aumentar na criança sua autoestima, valorizando tudo o que faz de sua vida. Seus gostos, suas brincadeiras, suas características, sua família, etc. PRÁTICA DA ESCRITA Nesse sentido, indagamos as professoras com relação aos objetivos que desejam alcançar com a prática da escrita em sala de aula. De início nos referimos à 22 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita professora da 4ª série, que assim revelou: “Trabalho a leitura que incentiva meus alunos a produzirem textos e escreverem a interpretação do que foi lido”. Sabemos que a produção de textos é uma atividade que envolve o aluno em uma série de desafios, como o conhecimento sobre o que vai produzir, organização de ideias, senso crítico individual, uso da coerência e, ainda, a leitura convencional, considerada um saber indispensável para essa realização. Por outro lado, a leitura citada empobrece a vasta dimensão que ela abrange dentro da aprendizagem escrita do aluno. Nesse caso, a professora em resumo deixou transparecer a preocupação com o fator teórico da leitura, muito mais do que com sua importância para a vida cotidiana do aluno, já que a mesma pode e deve ser considerada uma busca de informação para o indivíduo se tornar escritor. A leitura em sala faz com que os alunos conheçam um mundo diferente, que expressa através da escrita os significativos que favorecem o aprendizado. A necessidade que o aluno tem em saber ler e escrever atua de diversas formas, todas elas representam a relação de deficiência na educação. Contudo, as professoras procuram superá-la utilizando várias metodologias que despertem o interesse e facilitem a aprendizagem da clientela. A seleção de materiais acessíveis aos alunos, para que os mesmos não se intimidem a fazer uso deles ou, ainda, possam produzir com a ajuda do professor o seu próprio material. Isso favorece o trabalho da autoestima, colocando-os mais próximos da escrita, já que esse é o maior desafio. Saber como os textos se organizam, as características do desenvolvimento que admitem compreender uma mensagem escrita, importante para a leitura como conteúdo tratado e entendido. É ter como subsídio uma existência ideal na flexibilidade que favoreceu a criança ou o adulto a aprender a ler e compreender o texto exposto. A ESCOLA: COMUNICAÇÃO, EXPRESSÃO E LÍNGUA PORTUGUESA A escola é o fruto do meio, assim como o meio é consequência dela. A relação entre a Escola e Sociedade é alvo de uma transformação contínua, que influencia os modelos vigentes de educação. Trabalhar a escola é inserir a comunicação da expressão aos seus alunos. O professor deve começar por uma avaliação para levar seus alunos a conhecerem os diversos tipos de textos. 23 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita A formação da consciência será determinada pelas seleções textuais informativas entendidas como: • A construção do conhecimento ao aluno; • Mudança de comportamento e organização de estímulos; • A importância da realidade produzida com criatividade. A instituição escolar deixou de ser apenas um espaço onde se ensina para assumir um papel de agência educadora. A mudança conceitual das tarefas não está mais centrada apenas em de aula, mas na informação além do que o livro didático procura transmitir. Hoje trabalhamos a comunicação em sala de aula como meio de se resgatar o interesse do aluno, para um desenvolvimento da aprendizagem centrada. O aluno enfrenta atualmente uma mudança muito grande. Os meios de comunicação buscam favorecer informações centradas no cotidiano, porém se a base da estrutura educacional não estiver acompanhando, toda essa comunicação fugirá das perspectivas do interesse na sala de aula. O professor busca inovar, trazer temas interessantes que despertem no aluno a vontade de se integrar com a disciplina trabalhada. Vygotsky, pensador russo, contemporâneo de Piaget, se dedicou, entre outros temas, ao estudo da origem cultural das funções do ser humano. Sua teoria não é pedagógica, mas traz um estudo de uma nova pedagogia. A função psicológica especificamente humana se origina nas relações do indivíduo e no seu contexto cultural e social, que internaliza os modos historicamente destinados e culturalmente organizados de operar com a informação por meio de mediação simbólica, isto é, sistema de representação da realidade, destacando em especial a linguagem. O pensador considera, portanto, a cultura como parte constituída da natureza humana e propõe que se estudem as mudanças que ocorrem no desenvolvimento mental a partir da inserção do sujeito em um determinado contexto cultural, na sua interação com os membros de seu grupo e suas práticas sociais. Analisando a teoria supracitada leva-se a entender que as situações opostas comportamentais em alunos dispersos são fatos próprios de cultura de cada um. As análises de mundo simbólico e o eixo básico dos estudos começam a deslocar-se dos indivíduos para os grupos sociais nas quais estão integrados. A 24 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita escola – ao pretender ensinar – deve levar em conta o que o aluno traz consigo, a sua experiência pessoal adquirida no seu grupo social. A experiência do saber procura retratar objetos trabalhados dentro dos textos comunicativos para uma expressão de ideias claras e inovadoras. A conversa, no entanto, não basta para o educador determinar a relaçãoentre a leitura e a escrita, mas para informar. Os textos específicos precisam seguir alguns critérios como: • Trabalhar dentro da realidade dos seus alunos, com as perspectivas de informação do mundo em que ele está inserido; • Despertar no aluno o interesse pelo raciocínio lógico a partir do que se lê; • Criar hábitos de comunicar-se e expressar-se; • Formar a criticidade e confiança; • Conhecer as possibilidades do grupo; • Buscar para o meio dos letrados a qualificação pelo conhecimento compreendido pela leitura dos textos escritos. O professor precisa analisar com sinceridade as causas pelas quais seus alunos não aprendem. Efetivamente, cada um de nós sempre busca conhecer com maior ou menor profundidade o mundo que nos cerca e normalmente de forma oral os nossos conhecimentos e experiências; contudo, muitas vezes, o fazemos por escrito ou por meio dos mais variados sinais e códigos que temos a nossa disposição. De uma maneira ou de outra o conhecimento e a riqueza histórica constroem fundamental comunicação e expressão da língua portuguesa. Assim, surge uma questão fundamental que devemos considerar: se escola é transmissora do saber sistematizado e cumulado historicamente e ela deve ser fonte de apropriação da herança social por àqueles que estão em seu interior. Entretanto, o que constatamos na escola é que de um lado grande parte da população está excluída do processo educativo formal e, de outro, que a maioria que frequenta a escola não tem oferecido condições para aquela apropriação. A relação escola- sociedade deve ser analisada com cuidado, pois está se falando de experiências vividas. Constata-se que existe uma distância infinita entre a comunicação e a expressão. Encontramos uma clientela muita alheia ao compromisso vinculado nas obrigações estudantis. O educador muitas vezes sente-se desestimulado por deparar- 25 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita se com várias situações por falta de interesse e compromisso do ouvinte. Diante disso, é preciso reativar a postura da comunicação e expressão da Língua Portuguesa, quando o aluno é trabalhado de fora para dentro, como já se tinha falado anteriormente. De um lado acredita-se que a escola seja alavancada de maneira social. Deem- nos uma boa escola e teremos a sociedade desejada: Então não é apenas a concepção dominante em um momento particular da história da educação, mas permanece entre nós e pode ser identificada no discurso dos que julgam que a escola seria o melhor dos remédios contra os males da sociedade. (CASALI, 1994, p. 2). A tendência expressa uma visão da intuição escolar que chamaríamos de otimistas ingênuas. Ela a vê como algo fora da dinâmica social, como impulsionadora desta dinâmica e acredita que, sendo espaço privilegiado de transmissão de cultura, a escola “dá o tom”, a sociedade. Encontramos limitações da escola diante da sociedade, que vivencia muitas mudanças, sendo que uma parte dela tem uma relação dialética. Além disso, verifica-se que a escola tem uma função contraditória ao mesmo tempo em que é fator de manutenção; ela transforma a cultura. A observação precisa encarar que tais mudanças favorecem a informação conjunta em uma sociedade de princípios básicos e conscientes de suas verdades e características quando se trata de educação. Segundo Vygotsky o desenvolvimento do aprendizado e as relações humanas entre o desenvolvimento e aprendizado são temas centrais dos trabalhos comunicativos próprios do ser humano. Sua preocupação com o desenvolvimento do homem está presente em sua obra. Vygotsky busca compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da historia da espécie humana. As teorias de Piaget e Henri Wallon são as mais completas e articuladas; são teorias genéticas dos desenvolvimentos psicológicos de que dispomos. Quanto à “expressão e comunicação”, eles referem-se às transmissões hereditárias e o processo de formação do desenvolvimento humano social. A escola está inserida na comunicabilidade de seus alunos. Existe uma preocupação a mais a ser cuidada, refletindo na capacidade psicológica dos seus ouvintes, trabalhando o conhecimento humano e social. Fornece subsídios de superação das barreiras encontradas, visto que hoje nossa realidade precisa ser trabalhada de fora para 26 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita dentro. Conhecendo suas histórias, seus limites e seus critérios cria-se um trabalho mais sólido, com perspectivas de engrandecer a formação dos seus alunos. Pensando em uma suposição mais extrema, uma criança normal que cresce num ambiente formado por surdos- mudos não desenvolveria a linguagem oral, mesmo que tivesse todos os requisitos inatos necessários para isso. Fenômenos semelhantes ocorrem com vários casos em que crianças isoladas, sem contato com outro grupo, normalmente têm sua comunicação e seu desenvolvimento impedido de ocorrer em situações propícias ao aprendizado. A escola tem uma responsabilidade a mais diante do quadro apresentado, em trabalhar a comunicação e expressão fazendo a socialização desses alunos. Quando em contato com a comunidade escolar, esses são inseridos para uma convivência que busque superar sua timidez, trabalhando a inclusão, trazendo-os para conviver e fazendo-os crescer diante das perspectivas que o grupo oferece. O quadro apresenta comportamentos que dificultam a comunicação e a aprendizagem. A preferência nesses casos é trabalhar a conduta em comunicação de fora para dentro, para depois do conhecimento do quadro se repensar no andamento dos processos intencionais e situações particulares. Geralmente esse quadro, nos primeiros estudos da função da escola, pode ser resumido nos seguintes termos: espera-se que o aluno aprenda e que o professor oriente a aprendizagem na comunicação da expressão da Língua Portuguesa. A comunicação e expressão é uma central na atividade do professor. Pode-se dizer que todo trabalho do professor se resume na questão da comunicação. Segundo Dewey: “se o aluno não aprendeu o professor não ensinou; se o aluno não aprendeu o esforço do professor foi uma tentativa de ensinar, mas não ensinou”. Não é que qualquer mudança comportamental será considerada uma aprendizagem. É importante observar os seguintes casos: 1- A comunicação entre as crianças seja de troca objetos ou de brincadeiras; 2- O stress impossibilita a concentração da comunicação e expressão; 3- Dificuldade de se adaptarem aos grupos (timidez e isolamento); 4- Dificuldade em comunicar-se com o grupo e isolamento, preferindo ficar sozinhos. 27 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita A caracterização da comunicação e expressão da Língua Portuguesa é definida em termos. Digamos que a senhora Fátima é especialista em insetos. Estudou e aprendeu muita coisa sobre animais. Nem por isso sua filha Ana vai nascer sabendo identificar. Tudo vai depender da comunicação com o mundo, do repasse de informações. Às vezes a clareza dos fatos impossibilita a qualidade que se espera atingir. A clareza das informações forma conhecimento, a dificuldade de comunicação deixa-o confuso e não se encontra dentro do trabalho realizado. A comunicação com crianças ou adultos é um primeiro contato da observação do texto. A expressão da fala leva a criança a aprender o texto entendendo. Essa vida passada com a comunicação da expressão lida com as formas e cores que atingem a atenção para aprender. A infância é, sem dúvida, a idade em que mais se aprende. Mas aprendizagem pode dar-se em qualquer idade. Quantos inventores surgiram em idades bastante avançadas? É, portanto, um processo contínuo da comunicação. Comunicar-se é expressar-se diante da vida! Portanto, assume umaatitude séria e curiosa diante de vários fatores. Quando encontramos problemas procuramos refletir e decidir quais as melhores alternativas de ação possíveis para alcançar determinados objetivos a partir do contato com a realidade. No início do ano letivo os alunos apresentam dificuldade de conhecimento do meio, contato com os colegas, regras da escola e o livro didático trabalhado pelo professor, o emprego do G ou Gu, o que leva a professora a investir na comunicação da expressão lida e escrita para superar as dificuldades dos alunos. Como estratégia, o trabalho sistemático é realizado a princípio com um ditado interativo com base em um texto que havia sido previamente trabalhado na área de estudos sociais. A0comunicação com o texto deve ser por inteiro, já que o interesse era desencadear uma reflexão com a turma sobre a disputa entre G e GU. O parágrafo ditado e discutido apresenta os seguintes conteúdos: “Os portugueses trouxeram os negros para o Brasil. / Os escravos trabalhavam nos canaviais / e guardavam os engenhos. / Os capatazes guiavam os negros às plantações / e os vigiavam / fazendo o trabalho. / Quem não obedecesse era castigado”. As barras (/) que coloquei ao longo do parágrafo indicam as frases ditadas e marcam os momentos em que se fizeram 28 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita interrupções para discutir com os alunos o que eles tinham acabado de escrever. A observação seria nas palavras “portugueses, negros, guardavam, guiavam, castigado”. Como na maioria das situações didáticas surgiram novidades e foi preciso fazer ajustes, ampliar o universo de experiências iniciais. A percepção do trabalho desenvolvido leva a criança à observação da grafia e leitura do texto. Quando ela ouve o som das palavras automaticamente será associado à escrita, mesmo que escute e escreva diferente. Com essa comunicação com o ditado de palavras a criança tem seu primeiro contato com um mundo favorecido à comunicação visual e sonora. Na prática da escrita ela começa a interpretar o que viu e ouviu. Durante esse momento de debate as crianças escrevem GUE, de portugueses, mas, mesmo assim, não houve resistência para discutir o que está aprendendo a escrever. Poderia se enganar na notação dessa palavra. Verbalizaram que som era “gue”, que o novato poderia usar um só, mas que ficava com som de Ge. Já no caso de guiavam, uma palavra menos familiar que “português”, alguns alunos vão achar difícil. Os possíveis erros não são a substituição do GU pelo G, mas a substituição pelo QU e, novamente, justificam que a palavra não podia ser escrita de forma diferente porque “senão o som ficava diferente”. Em outros momentos as crianças puderam indicar o que, no trecho escrito, lhe parecia difícil e surgiram então discussões sobre outras questões ortográficas com o emprego de G ou GU. Por exemplo, a palavra “engenho” era uma palavra difícil, onde o G e J são confundidos, “porque ficava com o mesmo som”. A comunicação, nesse instante, passa a ser mais intensa, visto que desperta a dúvida quanto da colocação das letras pelos mesmos sons. A diferença é apresentada nas letras G ou J e leva o interesse do aluno de propor consultar o dicionário e descobrir que para escrever corretamente precisa conhecer as regras básicas de cada uma. Caso os alunos ainda não possuam uma escrita ortograficamente correta, o trabalho do professor deve ser mais intenso e exigente com a comunicação para que as suas atividades possam ser favoráveis ao seu aprendizado. A prática pedagógica mais vivenciada e o desenvolvimento da comunicação e expressão trabalhada com ditado de palavras, frases, músicas conhecidas ou textos curtos procuram identificar no aluno a busca pelas palavras do ditado dentro do texto desenvolvido. Outro método utilizado para facilitar a comunicação e expressão é a 29 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita formação de palavras ou textos com as letras móveis, em seguida a comparação do que foi escrito por eles e a escrita correta das palavras. O aluno produz tudo o que lhe é repassado e as atividades retiradas do quadro despertam a atenção do professor, especialmente nas atividades que exigem respostas individuais, pois são nelas que as crianças se envolvem mais. Ensinar de acordo com as condições dos alunos, dentro do processo da comunicação e expressão da aquisição da escrita, procura desenvolver textos com possibilidades de descobertas especialmente se trabalhadas em duplas. As práticas analíticas, feitas na sala de aula, deixam em segundo plano os métodos globais quando cita o ditado de palavras como uma de suas práticas. Elas deixam subentendido que esse ditado não é vinculado a um texto mais completo, com sentido mais amplo. Desta forma, o ditado fica solto, sem que haja um referencial para aquelas palavras e para a compreensão e aprendizagem dos alunos. Voltando a observar o que já foi falado, da importância que se tem em trabalhar a grafia corretamente das palavras trabalhadas. Por outro lado, a segunda prática de recorte de sílabas e formação de textos é um ato progressor para o aluno, pois ele deve buscar sílabas para formar palavras, ao mesmo tempo em que vai escrevendo- as no caderno. Essa atividade exige dele também o desenvolvimento das ideias para a produção de pequenos textos. E o entrosamento com o grupo, visto que a socialização do aluno favorecerá muito para uma boa aprendizagem. Para se trabalhar a linguagem precisamos observar os traços ilustrados, o cenário, as cores, as falas, os tipos de letras, a transmissão e o ritmo. Após esse trabalho fica fácil descobrir a narração, fruto da imaginação privilegiada. As histórias em quadrinhos, a expressão, o rosto dos personagens também são lidos. EUFORIA OU ADMIRAÇÃO? ESPANTO OU MEDO? TRISTEZA OU DESÂNIMO? SURPRESA OU ESPANTO? Nas histórias em quadrinhos podemos registrar a fala dos personagens, reproduzido, muitas vezes, o modo como as pessoas normalmente falam: reduzindo, comprimindo alguns sons da palavra, usando frases curtas, inacabadas, empregando repetições, hesitações, exclamações, etc. Essas histórias nos transportam ao mundo da fantasia e do 30 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita encantamento. As 33 narrações elaboradas a partir de imagem e textos curtos fazem a receita que nos leva a provar o delicioso sabor da magia do faz de conta. A expressão musical trabalhada em sala é muito importante, porque o aluno é trabalhado de forma prazerosa. Ele se sente à vontade para aprender dentro da melodia trabalhada. Meu Lanchinho Meu Lanchinho Meu Lanchinho, Meu Lanchinho Vou comer, vou comer Prá ficar fortinho, prá ficar fortinho E crescer! E crescer! Papagaio loiro do bico dourado, Mande essa cartinha para o meu namorado. Se estiver dormindo bata na porta, Se estiver acordado deixa recado. Se estiver dormindo bata na porta, Se estiver acordado deixa recado. Trabalhar melodias com palavras repetidas e que incentivem a disciplinar o aluno. Observando a melodia e escrita pode-se analisar que o aluno tem uma infinidade de ideias para serem trabalhadas, desde a grafia / a rima / e o encanto pelos sonhos que despertam tanto na aprendizagem. Essa comunicação cresce formando conceitos não decorados, mas aprendidos. Aprender com uma comunicação que expresse entusiasmo, prazer, vontade para saber sempre o que tem por trás das próximas frases. O aluno precisa sentir-se conquistado pela didática todos os dias para superar as deficiências surgidas no seu dia a dia. TOPICOS PARA DISCUSÃO 1) Até que ponto é válido o trabalho do professor na comunicação de fora para dentro? 2) Analisando as questões socioculturais que bloqueiam a comunicação e a expressão da Língua Portuguesa,o que você, professor, aprendeu na prática dos problemas discutidos? 3) O isolamento do aluno significa que a comunicação foi deficiente? 4) Um professor que goste muito de matemática vê a matéria com tanta 31 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita facilidade que acha difícil compreender como Pedro bom aluno em outras matérias, tem dificuldade em matemática. Que característica esta sendo esquecida, nesse momento pelo professor? PESQUISA 1) Faça uma pesquisa entre três (ou mais) professores, com o objetivo de saber os problemas de comunicação e expressão dos alunos. Eles: • Valem-se dos estudos trabalhados em grupo? • Preferem adaptar-se no que der certo? • Procuram educar como foram educados? 35 • Observam as mudanças dos alunos e não comentam? • O que valorizam mais: seus estudos ou sua prática? LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Os pressupostos teóricos e metodológicos deste curso são uma proposta de trabalho e de contribuição para efetiva renovação das práticas educacionais na sala de aula. Isso é de grande importância coletiva, seja na oralidade, com objeto de ensino aprendizagem, quanto no trabalho da Leitura e Escrita, considerando os novos estudos sobre letramento e gêneros textuais. 36 As dificuldades e deficiências dos alunos na escrita se dão devido à falta de interesse de saber ouvir. O fascínio que a linguagem sempre exerceu sobre o homem vem desse poder que permite não só nomear/criar/transformar o universo real, mas também possibilita a troca de experiências, falar sobre o que a linguagem verbal é. Então, o pensamento é o vínculo da comunicação social. O texto produzido pelos alunos e as atividades retiradas do quadro despertam a atenção do professor, especialmente nas atividades que exigem respostas individuais, pois são nelas que as crianças escrevem da maneira como acham que as palavras são ou até mesmo através de pequenas produções realizadas por elas. Ensinar de acordo com as condições dos alunos, dentro do processo de Aquisição da Leitura e Escrita, procura desenvolver formas amplas através de textos, 32 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita com possibilidade de grandes descobertas, especialmente se trabalhadas em duplas. As práticas analíticas, feitas na sala de aula pela professora, deixam em segundo plano os métodos globais quando citam o ditado de palavras como uma de suas práticas. Desta forma, o ditado fica solto, sem que haja um referencial para àquelas palavras e para a compreensão e aprendizagem dos alunos. Por outro lado, a segunda prática de recorte de sílabas e formação de textos é um ato que o aluno deve buscar para formar palavras, ao mesmo tempo em que vai escrevendo-as no caderno. Como tema de Leitura e Interpretação de Textos iniciamos o nosso trabalho com as questões relativas à leitura e sua pratica efetiva. Por isso, aqui manifestamos uma passagem entre as questões do conhecimento da leitura. Ensinar a ler vai muito além de ensinar a decodificar palavras em um texto. Ensinar a ler significa ensinar os alunos a usar estratégias de leitura, como diz Isabel Solé, “na busca da construção e re(construção) dos significados de um texto, que são naturalmente empregados pelos educandos ao fazer a leitura do mundo, observando, antecipando, interpretando os que o rodeiam”. O processo de leitura deve garantir que leitor compreenda o texto e que possa ir construindo ideias sobre o conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa, em função dos seus objetivos. Isso só pode ser feito mediante uma leitura individual, precisa, que permita o avanço e o retrocesso, que permita parar, pensar, recapitular, relacionar a informação com o conhecimento prévio, formular perguntas, decidir o que é importante e o que é secundário. É um processo interno, mas deve ser ensinado. O texto a seguir mostra a importância de uma boa leitura para se obter uma interpretação desejada. 37 QUANDO EU COMECEI A CRESCER Ruth Rocha “Então eu escutei um barulhinho que eu conhecia muito bem. Era uma campainha! De minha bicicleta! Minha bicicleta! Mas como é que podia? Se meu pai e minha mãe ainda estavam acordados! Como é que Papai Noel podia estar chegando? E naquele momento a verdade me apareceu inteira, com força! O que tantas 33 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita vezes as crianças cochichavam umas para as outras era verdade! Eram nossos pais que nos davam presentes! Agora estava tudo claro para mim. Tive vontade de acordar minha mãe e contar para ela. Mas eu sabia que ela ia caçoar de mim, ia dizer: ‘agora que você descobriu?’ Então eu fiquei sozinha, pensando naquela coisa incrível que tinha acontecido. E chorei baixinho, no escuro, pensando em todas as coisas em que acreditava e que, vai ver, era tudo mentira! São Jorge na Lua... O Coelhinho da Páscoa... Até a cegonha, meu Deus, está claro que não existe cegonha nenhuma voando por aí, trazendo bebezinhos. Bem que a Juju me falou uma vez. Mas depois minha mãe chegou e perguntou o que é que a gente estava conversando e a Juju ficou sem jeito e saiu correndo e nunca mais me contou aquelas histórias... E daí a pouco, sem tomar café, sem escovar os dentes, sem pentear os cabelos, nem nada, daí a pouco eu já estava na rua, montando minha bicicleta nova, louca para que os outros meninos aparecessem para me ver”. Analisando o trabalho realizado com textos que fazem a criança pensar em contos de fada, idealização de seus sonhos, e a participação dos pais, cria-se uma interpretação inovada, participativa. Seja ela no estudo do vocabulário, na interpretação ou estudando a gramática. A criança viaja por um mundo de uma leitura construtiva, de idealizações favorecidas no desenvolvimento do seu aprendizado. A Leitura e Interpretação precisa ser trabalhada com o objetivo de despertar a curiosidade pelo que vem depois. É como se tivesse uma página sempre a ser virada e é esse objetivo que desperta o interesse. A função do professor é encorpá-las à prática da cultura e a valorização em sala de aula, por meio de um trabalho sistemático de ensino de variadas estratégias. Despertar no aluno o gosto pela leitura é um trabalho contínuo. Além das possibilidades de leitura silenciosa e em voz alta, bastante praticadas em sala de aula, sugerimos: • Dramatizar a leitura - a expressão verbal e não-verbal na construção de texto; 34 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita • Leitura dirigida - destacar o que não gostou do trecho lido pelo educador, a emoção e determinação de ideias; • Leitura interrompida - quando se faz o questionamento a respeito das ideias e das características do que se está lendo. Além disso, os alunos precisam de bons modelos de leitores. Ao contrário, a leitura é um ato simples, inteligente, reflexivo e característico do ser humano, porque ela nada mais é que um ato de compreensão do mundo. Leitura é o exercício constante, reflexivo e crítico da capacidade que nos é inerente de ouvir e entender o que nos diz a realidade. Encontramos na prática da leitura uma forma coerente de entender os caminhos do conhecimento em viver a narrativa das histórias escritas. Ler é integrar- se com o mundo, conhecer suas origens viver seus personagens, idealizar e dar asas aos seus sonhos. Como quando se lê uma fábula, por exemplo. NEM CIGARRA NEM FORMIGA 39 Marta, eu vou contar-te Uma história muito antiga, Que se fala em toda parte, Da Cigarra e da Formiga. Vivia uma vidinha tranquila No seu cantarejo eterno, Viu-se um dia apertada 35 www.soeducador.com.br Processo de ensino: Apredizagem, leitura e escrita Quando chegou
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