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2014-MateusdoCarmoCunha

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB 
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA – FAV 
 
 
 
QUINOA: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS, NUTRICIONAIS E 
DETERMINAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES PELO TESTE DE 
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. 
 
 
 
 
 
 
Mateus do Carmo Cunha 
 
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA 
 
 
BRASÍLIA – DF 
JULHO/2014 
 
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB 
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA – FAV 
 
 
 
QUINOA: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS, NUTRICIONAIS E 
DETERMINAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES PELO TESTE DE 
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. 
 
 
 
 
 
 
Mateus do Carmo Cunha 
 
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA 
 
 
BRASÍLIA – DF 
JULHO/2014 
 
 
Universidade de Brasília 
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – FAV 
 
QUINOA: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS, NUTRICIONAIS E 
DETERMINAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES PELO TESTE DE 
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. 
 
Mateus do Carmo Cunha 
Matrícula: 09/0125690 
Projeto final de Estágio Supervisionado, submetido à Faculdade de 
Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. 
APROVADO PELA BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 
Prof. Carlos Roberto Spehar 
Eng. Agr., Dr. em Genética, Melhoramento e Nutrição de Plantas 
Orientador 
 
 
 
 
Prof. Marcelo Fagioli 
Eng. Agr., Dr em Produção e Tecnologia de Sementes 
Avaliador Interno 
 
 
 
 
Eng. Agr. MSc. Flívia Fernandes de Jesus Souza 
Doutoranda- UnB 
Avaliador Externo 
 
 
 
Brasília – DF, julho de 2014. 
CIP – Catalogação Internacional na Publicação 
 
 
 
 
 
 
CESSÃO DE DIREITOS 
Referência Bibliográfica 
CUNHA, Mateus do Carmo Cunha. Quinoa: características agronômicas, 
nutricionais e determinação do vigor de sementes pelo teste de 
condutividade elétrica. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 
Universidade de Brasília. 
Nome do Autor: Mateus do Carmo Cunha 
Título da Monografia de Conclusão de Curso: QUINOA: CARACTERÍSTICAS 
AGRONÔMICAS, NUTRICIONAIS E DETERMINAÇÃO DO VIGOR DE 
SEMENTES PELO TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. 
Ano: 2014 
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta 
monografia e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e 
científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e nenhuma parte desta 
monografia pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. 
 
Mateus do Carmo Cunha Matrícula: 09/0125690 
Endereço: Universidade de Brasília Campus Universitário Darcy Ribeiro — Asa Norte CEP 70910-900 
Brasília–DF — Brasil 
 
CUNHA, Mateus do Carmo. 
QUINOA: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS, NUTRICIONAIS E DETERMINAÇÃO DO 
VIGOR DE SEMENTES PELO TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA./ Mateus do Carmo 
Cunha. Brasília. UnB. 
V,58 folhas. 
Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Universidade de Brasília/ Faculdade de 
Agronomia e Medicina Veterinária, 2014. 
Orientador: Prof. PhD. Carlos Roberto Spehar. 
1. Quinoa 2. Teste de Condutividade 3. Cultivo 4. Utilização 
 
 
 
Agradecimentos 
Agradeço primeiramente a Deus, por prover toda a energia necessária ao nosso 
desenvolvimento como seres humanos, para que nos tornemos melhores a cada dia. A 
minha família e amigos pelo suporte incondicional em todas as minhas fases. Aos meus 
colegas de graduação; João Júnior Duque, Emanuel e Carlos Eduardo Almeida Luz, 
Thiago Brandão, Matheus de Almeida e Heyder Lopes, pela amizade e suporte dado em 
nossa convivência durante o curso. Agradeço à UnB, pela infra-estrutura, pela 
assistência e disponibilidade dos técnicos de laboratório, em especial a dos técnicos 
Márcio Antônio Mendonça e Ricardo Gomes, das pessoas da secretaria do curso, à 
Dra. Ana Maria, coordenadora, e ao Prof. Luiz Antônio Borgo pela atenção. Agradeço 
pela motivação, amizade e espírito de inovação do meu orientador: Prof. Dr. Carlos 
Roberto Spehar e de Flívia Fernandes, pois sem suas enormes contribuições, 
sugestões inteligentes, e suas idéias iniciais para este trabalho, nada disso seria 
possível. Agradeço também pela amizade e pelo apoio para a execução deste trabalho 
de Sabrina Navas, Rafaela Souza e William Bittencourt, grandes motivadores de 
pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
à todos envolvidos na execução desse trabalho, 
à Deus, 
à minha família, em especial minha Tia Dina e 
 à minha mãe Marileida, 
à minha irmã Pâmela 
Dedico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
And on the 8th day, God looked down on his planned paradise and said, "I need 
a caretaker." So God made a farmer. 
… 
God said, "I need somebody strong enough to … seed, weed, feed, breed and 
rake and disc and plow and plant and tie the fleece and strain the milk and 
replenish the self-feeder and finish a hard week's work with a five-mile drive to 
church. 
... 
"Somebody who'd bale a family together with the soft strong bonds of sharing, 
who would laugh and then sigh, and then reply, with smiling eyes, when his son 
says he wants to spend his life 'doing what dad does.'" So God made a farmer. 
Paul Harvey's 1978 'So God Made a Farmer' Speech 
 
 
E no oitavo dia, Deus olhou para baixo, viu o paraíso que havia planejado e 
disse; “Eu preciso de um zelador”. Então Deus fez o produtor rural. 
... 
Deus disse, “Eu preciso de alguém forte o suficiente para ... semear, combater 
ervas-daninhas, adubar, melhorar, ajuntar, arar, plantar, tosquiar e coar o leite e 
alimentar o cocho e terminar uma semana de trabalho duro com uma viagem de 
cinco milhas para a igreja. 
... 
“Alguém que manteria uma família junta através de laços solidários, que iria rir e 
suspirar, e depois responder, com os olhos sorridentes, quando seu filho 
dissesse que quer passar sua vida fazendo o que o pai faz.” Então Deus fez o 
produtor rural. 
Discurso de Paul Harvey em 1978; “E então Deus fez o produtor rural” 
Sumário 
Capítulo 1................................................................................................................ 9 
Resumo................................................................................................................... 9 
1. Introdução....................................................................................................... 10 
2. Revisão Bibliográfica...................................................................................... 12 
2.1 Local de origem e história........................................................................ 12 
2.2 Taxonomia, descrição botânica e aspectos reprodutivos.................. 12 
2.3 Descrição da semente.............................................................................. 14 
2.4 Usos e importância nutricional.................................................................. 16 
2.5 A cultura da quinoa nos Andes e no Brasil 19 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 20 
Capítulo 2................................................................................................................ 27 
Resumo.................................................................................................................... 27 
1. Introdução........................................................................................................ 28 
2. Objetivo........................................................................................................... 30 
3. Revisão Bibliográfica....................................................................................... 31 
3.1 O processo de germinação e emergência em Chenopodium quinoa....... 31 
3.2 O processo de germinação e emergência em Chenopodium quinoa....... 34 
3.2 Produção de sementes ......................................................................... 32 
3.3 Qualidade de sementes............................................................................ 34 
3.4 Testes para a avaliação do potencial fisiológico de sementes.................35 
3.4.1 Testes para avaliação de Vigor....................................................... 36 
3.5 Desestruturação de membranas e deterioração das sementes................ 38 
3.6 O teste de condutividade elétrica.............................................................. 39 
4. Material e Métodos.......................................................................................... 41 
4.1 Local do Experimento................................................................................ 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2 Lotes de Sementes Utilizados................................................................... 41 
4.3 Avaliações da qualidade fisiológica das sementes................................... 41 
4.3.1 Teste Padrão de Germinação (TPG)............................................... 41 
4.3.2 Teor de Água (TA)........................................................................... 41 
4.4 Testes de Vigor......................................................................................... 42 
4.4.1 Primeira Contagem (PC)................................................................. 42 
4.4.2 Comprimento de Plântulas (C.P)..................................................... 42 
4.4.3 Massa Verde de Plântulas (MV)...................................................... 42 
4.4.4 Massa Seca de Plântulas (MS)....................................................... 42 
4.4.5 Emergência de Plântulas (EP)......................................................... 43 
4.4.6 Teste de Condutividade Elétrica...................................................... 43 
4.5 Delineamento e Análise Estatística dos Testes........................................ 43 
4.6 Análise estatística do teste de condutividade........................................... 44 
5. Resultados e Discussão.................................................................................. 49 
6. Conclusões...................................................................................................... 55 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 56 
 
CAPÍTULO 1 
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E NUTRICIONAIS DA QUINOA 
 
 
Resumo 
As pesquisas com enfoque no grão de quinoa (Chenopodium quinoa, Willd) 
têm demonstrado seu elevado potencial nutritivo. Com um teor de proteínas 
mais elevado do que o dos cereais, seu perfil de aminoácidos é completo. Em 
termos agronômicos, é uma cultura que pode vir a se tornar uma opção-chave 
para diversificar os agro-ecossistemas, garantindo um bom retorno econômico 
para os produtores da região centro-oeste, na medida em que cultivares cada 
vez mais adaptados a essas condições são desenvolvidos e o mercado externo 
e interno se tornam mais atrativos devido à valorização de seus preços. Assim, o 
capítulo seguinte teve como objetivos descrever a relevância atual do cultivo da 
quinoa e como ele é desenvolvido, bem como seu potencial nutracêutico e seus 
principais usos. 
 
 
 
 
Palavras-chave; Chenopodium quinoa,composição, propriedades nutricionais, 
cultivo. 
 
 
 
 
 
9 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A quinoa (Chenopodium quinoa, Willd), apesar de pouco difundida no Brasil, 
é uma planta que se enquadra como uma boa opção para a diversificação do 
sistema produtivo. Apresenta grãos com elevada qualidade nutricional, 
possibilidade de uso como planta forrageira e biomassa suficiente para proteger 
o solo em plantio direto, muitas vezes reduzindo os custos da cultura principal 
(SPEHAR, 2007). A produção boliviana do grão (50.566 toneladas) superou a 
produção peruana (44.190 toneladas) em 2012. Segundo a Câmara Boliviana de 
Exportadores de Quinoa e Produtos Orgânicos, a Organização das Nações 
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) promoveu o seu valor nutricional 
e importância para a segurança alimentar estabelecendo 2013 como o “Ano da 
Quinoa”. O interesse mundial pelo consumo e produção do grão despertou maior 
interesse, gerando elevação do preço no mercado internacional (US$ 7000 por 
tonelada) (ABREGU, 2014). 
 Desde o início das pesquisas com quinoa na década de 1980, o consumo 
tem crescido no Brasil. Entretanto, a área plantada é incipiente e pode ser 
aumentada, atendendo a demanda que atualmente é suprida pela importação 
(ROCHA, 2008). 
Até o momento, o único cultivar da espécie devidamente registrado no 
Registro Nacional de Cultivares é o BRS Piabiru, sendo seu mantenedor a 
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (BRASIL, 2014). 
Resultado da recente introdução e tentativa de adaptação da cultura no Brasil 
pela Embrapa, a Universidade de Brasília, a Universidade Federal de Goiás e a 
Associação de Plantio Direto nos Cerrados, BRS Piabiru foi selecionado para 
ausência de saponina, glicosídeo de sabor amargo que limita o consumo do 
grão. 
O cultivar, porém, apresenta algumas limitações do ponto de vista 
agronômico, tais como pequeno tamanho de sementes e 145 dias da 
emergência a maturação (em sucessão à soja, safrinha e na entressafra), 
totalizando um ciclo longo (ROCHA, 2008; SPEHAR; SANTOS, 2002). 
Recentemente, a seleção de progênies, em particular a Q4.5 (em população 
originária dos vales equatorianos), e a uniformização de suas características 
agronômicas permitiram obter BRS Syetetuba (SPEHAR; ROCHA; SANTOS, 
10 
 
 
2011). Este apresentou 120 dias da emergência a maturação (em experimentos 
de verão e entressafra), grãos livres de saponina e maior peso médio de grãos 
(2,9 g 1000-1) em comparação com a BRS Piabiru (2,42 g 1000-1). 
No contexto da seleção desses novos cultivares, estudos sobre a qualidade 
fisiológica das sementes se fazem necessários. A literatura indica que a 
qualidade intrínseca em quinoa é baixa, perdendo a germinação quando 
armazenada nas condições ambientais do Cerrado, sob altas temperaturas. As 
altas umidades também prejudicam a semente devido a higroscopicidade das 
sementes (SOUZA, 2013; SPEHAR, 2007). 
Dentre os insumos utilizados para o estabelecimento de um bom estande de 
plantas, sementes de alta qualidade são consideradas essenciais. A sua 
qualidade constitui um fator determinante para o sucesso em se atingir 
densidade populacional de acordo com a expectativa de rendimento. Isto se 
deve ao fato de que elas contem todas as informações genéticas e reservas que 
irão gerar uma planta adulta (COSTA; CAMPOS, 1997; MARCOS FILHO, 2005). 
Com base nos atributos positivos da quinoa, na produção agrícola e 
utilização como alimento, sua demanda deverá crescer no Brasil. Quanto 
maiores forem a divulgação, a pesquisa e a quantidade de formas de uso para o 
grão, maiores serão as chances de produção em uma maior escala e de 
suprimento da demanda interna, em um primeiro momento. Daí, a necessidade 
de intensificar a pesquisa em quinoa nas diversas áreas, dentre elas a qualidade 
de sementes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 Local de origem e história. 
A espécie de nome científico Chenopodium quinoa Willd é conhecida 
comumente como quinoa ou quinua nos Estados Unidos; quinua ou kiuna no 
Equador, Perú e Bolívia; quinhua no Chile e suba na Colômbia (MUJICA-
SANCHEZ, 1994). 
Assim como outras numerosas espécies, tem como centro de origem a 
região dos Andes, berço de grandes civilizações pré-colombianas. O cultivo foi 
desenvolvido por milhares de anos, sendo o alimento principal dessas culturas e 
está distribuído em diferentes zonas agro-ecológicas da região (BIODIVERSITY 
INTERNATIONAL et al., 2013). Após a ocupação hispânica teve seu cultivo 
negligenciado, provavelmente pelo cultivo da cevada e do trigo e como forma de 
opressão à sociedade e religião locais (RISI CARBONE, 1986 apud SPEHAR, 
2006). 
A planta possui uma ampla variabilidade genética, tornando possível o uso 
estratégico de seu acervo para gerar variedades superiores com precocidade, 
maior tamanho de grãos,resistência a fatores bióticos e abióticos, rendimento e 
subprodutos (BIODIVERSITY INTERNATIONAL et al., 2013). 
 
2.2 Taxonomia, descrição botânica e aspectos reprodutivos 
 
A quinoa pertence ao gênero Chenopodium, o qual abrange 
aproximadamente 250 espécies identificadas (GIUSTI, 1970). A espécie era 
pertencente à família Chenopodiacea (MAUGHANET et al., 2004), na qual se 
encontram outras espécies como C. Ambrosioides (mastruz), C. Álbum 
(ançarinha branca) e C. palidicaule (hauzontle). Após estudos filogenéticos, a 
família Chenopodiaceae foi englobada pela família Amaranthaceae (APG II, 
2003). Assim, na classificação atual, a quinoa pertence à subfamília 
Chenopodioideae. 
Sendo uma plana herbácea anual, pode atingir alturas de 0.2 a 3 metros, o 
que depende das condições ambientais e do genótipo (MUJICA-SANCHEZ et 
al., 2001). A linhagem BRS Syetetuba atinge alturas medianas de 1,8 m, já a 
12 
 
 
linhagem BRS Piabiru, estatura média de 1,9 m (SPEHAR et al., 2011; SPEHAR; 
SANTOS, 2002). 
A raiz é pivotante, vigorosa, profunda (atinge até 1,80 cm), bastante 
ramificada e fibrosa, sendo responsável pela resistência a seca e estabilidade da 
planta. O caule é cilíndrico, de coloração verde a roxo, com estrias. As folhas 
são alternadas, formadas por pecíolo e um limbo que apresenta bordos 
dentados, serrilhados, ou lisos. É notória a presença de grânulos de oxalato de 
cálcio que contribuem para a retenção de umidade e reflexão de raios solares, o 
que controla a temperatura foliar (MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). 
A inflorescência ou panícula pode ser do tipo glomerulado (grupos 
compactos e esféricos com pedicelos curtos e muito juntos) ou do tipo laxa ou 
amarantiforme (quando os glomérulos são alargados e o eixo central tem 
numerosos ramos secundários e terciários), alcançando de 30 a 80 cm de 
comprimento por 5 a 30 cm de diâmetro (MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). 
As flores são pequenas, incompletas, sésseis e de mesma cor que as 
sépalas. Estas podem ser hermafroditas, pistiladas ou macho-estéreis. Os 
estames têm filamentos curtos, terminando em anteras basifixas; o estilo tem 
dois ou três estigmas alados (MUJICA-SANCHEZ, 1994). 
Dentre os cultivares adaptados ao Cerrado até o momento, BRS Syetetuba é 
caracterizada por possuir hipocótilo de coloração rosa claro e BRS Piabiru por 
apresentar hipocótilo de coloração variável entre verde e rósea. O caule da BRS 
Syetetuba é verde ou verde estriado, ocorrendo plantas com caule roxo, já o da 
BRS Piabiru é verde, também com estrias. Como características em comum, as 
folhas de ambos apresentam polimorfismo e as inflorescências são 
amarantiformes e laxas, apresentando coloração amarela, quando a planta 
atinge a maturação fisiológica (SPEHAR et al., 2011; SPEHAR e SANTOS, 
2002). 
Apesar de serem necessários mais estudos para determinar com precisão 
as taxas de alogamia e autogamia, a maior parte dos genótipos têm se mostrado 
com autogamia predominante. Porém, a alogamia em alguns genótipos chega a 
atingir 10% (REA, 1969, apud RODRIGUEZ, 1978), em alguns 17%, tal como na 
variedade “Piartral”, e até 80%, tal como na variedade “Kcancolla” (ROCHA, 
2011; SILVESTRI; GIL, 2000; MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). Spehar et al. 
(2011), ao analisar o desempenho do cultivar BRS Syetetuba, encontrou 
13 
 
 
variações fenotípicas relacionadas a cruzamentos naturais de frequência 
variável, relatando que estes podiam atingir até 30%, nas condições do planalto 
central brasileiro. 
Uma faixa de distância entre as plantas é determinante nos índices de 
fecundação cruzada, sendo que esta ocorre mais frequentemente até 1 metro de 
distância e mais ocasionalmente a 20 metros (GANDARILLAS, 1979). 
Fenômenos de protandria (anteras liberando pólen antes que os estigmas 
estejam receptivos) e protoginia (estigma receptivo antes da liberação dos grãos 
de pólen) têm sido notados nos trabalhos de cruzamento, assim como outras 
aberrações florais como flores ginomonoícas ou em diferentes fases de 
formação, antese e algumas maduras e secas (MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). 
 
2.3 Descrição da semente 
Por ser a parte colhida e utilizada na propagação, o grão é comumente 
chamado de “semente” (SPEHAR, 2006). As sementes dos cultivares BRS 
Syetetuba e BRS Piabiru são cilíndricas e achatadas, apresentando pericarpo 
branco (SPEHAR; SANTOS; 2002, SPEHAR et al., 2011). 
O fruto, do tipo aquênio, é seco e indeiscente na maioria dos genótipos. Sua 
parte mais externa, o perigônio, tem um aspecto membranáceo, opaco e de cor 
ebúrneo, estrutura alveolar, células com as paredes finas e lisas e em uma 
conformação de forma poligonal-globosa (MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). 
Em um sentido anatômico, a parte que se desenvolve e forma a planta 
adulta é constituída por três partes bem definidas, que são o episperma, o 
embrião (radícula e cotilédones) e o perisperma (MUJICA-SANCHEZ et al., 
2001). 
 
14 
 
 
 
FIGURA 1: Chenopodium quinoa: secção mediana longitudinal do grão de 
quinoa (PE: pericarpo; EP: episperma, EN: endosperma, F: funículo, R: radícula, 
H:hipocótilo, C: cotilédones e P: perisperma) (PREGO et al., 1998). 
A distribuição das reservas da semente de quinoa mostrou uma 
compartimentalização que se assemelha a encontrada nas sementes de 
Amaranths hypocondricacus (PREGO et al., 1998). O perisperma é formado por 
células anucleadas e sem organelas citoplasmáticas, de forma poligonal, com 
paredes delgadas, retas e repletas de agregados oblongados de grãos de amido 
em estruturas compostas e grãos de amido simples, constituindo o principal 
tecido de reserva (PREGO et al., 1998; MUJICA-SANCHEZ, 2001; BORGES et 
al., 2010). 
O embrião ocupa em torno de 30% do volume total da semente, sendo 
composto pelo eixo hipocótilo-radícula e, geralmente, por dois ou 
excepcionalmente até três cotilédones (MUJICA-SANCHEZ, 2001). Em geral, as 
células embrionárias apresentam proteínas e lipídeos abundantes, na forma de 
corpos de proteína e lipídeo. Usando análise EDX dos cristais globóides das 
matrizes proteináceas de células do embrião, Prego et al. (1998) e Konishi et al. 
(2004) constataram a presença de fósforo, potássio e magnésio, sendo que seus 
valores não variam significativamente na comparação entre células do cotilédone 
e do eixo hipocótilo-radícula. 
O endosperma localiza-se na região micropilar, envolvendo o eixo hipocótilo-
radícula e consiste de uma camada simples ou dupla de células. No citoplasma 
de suas células, corpos protéicos e lipídicos ocupam o maior volume. Os cristais 
globóides da matriz proteica das células do endosperma também contem P, K e 
Mg (PREGO et al., 1998). 
15 
 
 
O episperma é formado por quatro capas, sendo que a primeira contém o 
glicosídeo saponina; a segunda é fina e lisa; a terceira é responsável pela 
coloração; e a quarta é translúcida, sendo constituída por somente uma camada 
de células (VILLACORTA; TALAVERA, 1976). A diferença morfológica entre as 
sementes com saponina e sem é a cor; as amareladas possuem maior teor, 
enquanto as brancas possuem menor teor ou não tem (SPEHAR, 2007). 
Ambos cultivares adaptados para os cerrados foram selecionados para a 
ausência de saponina (SPEHAR; SANTOS, 2002; SPEHAR et al., 2011). O 
pericarpo é composto de uma camada espessa de células que contém teores 
consideráveis de cálcio, potássio e fósforo (PREGO et al., 1998, KONISHI, 
2004). 
 
2.4 Usos e importância nutricional 
Há muitas possibilidades para se utilizar a quinoa, tanto para alimentação 
humana quanto animal. Dos cultivos andinos, a quinoa é o que apresenta a 
maior versatilidade do ponto de vista culinário; são usados o grão inteiro, cru ou 
torrado, a farinha e as folhas mais novas juntamente com os botões florais, que 
apresentam cerca de 3,3 % de proteína em matéria seca (MUJICA-SANCHEZ, 
1994). 
Assim, a parte superior da planta pode ser colhida e usada similarmente aoespinafre. Quando a planta atinge a fase reprodutiva, no início da diferenciação 
floral, os botões podem ser consumidos cozidos (SOUZA, 2013). Quando o corte 
é feito pouco antes da floração, em variedades tardias, a planta rebrota e ainda 
produz grãos (SPEHAR, 2007). 
Como o amaranto e o trigo sarraceno, a quinoa é conhecida como um 
pseudocereal. Isso se deve ao fato de que sua composição organo-mineral é 
similar à dos cereais que pertencem à outra família botânica, das Poaceae 
(SPEHAR, 2007). 
Rica em nutrientes, o que aparece em maior proporção no grão de quinoa 
são os carboidratos (54 a 64%), na forma de amido e em tamanhos de grânulos 
de +/- 2 µm (AHAMED et al., 1997). Este tamanho reduzido, se comparado com 
os grânulos presentes em grãos de milho e trigo, conferem maior estabilidade, 
16 
 
 
possibilitando o uso deste na indústria de alimentos (KOZIOL, 1990 apud 
SPEHAR, 2006). 
O teor médio de fibras da quinoa (média de 4,1%, em um intervalo de 1,1 a 
16,32%) é mais elevado do que o do arroz (0,4%), do trigo (2,7%) e do milho 
(1,7%) (WAHLI, 1990). O teor de cinzas também é mais elevado, em 
comparação aos outros cereais. 
O conteúdo proteico dos grãos é elevado, quando comparado com os dos 
cereais. Segundo Koziol (1992), pode atingir teores de até 16,5 g/100 g de 
matéria fresca. Os tipos de proteína presentes em maior proporção são as 
albuminas e globulinas (44%), enquanto que as prolaminas estão presentes em 
baixas concentrações (0,5 – 0,7%) (BRINEGAR et al., 1996; JANCUROVÁ et al., 
2009). 
 
Tabela 1. Composição de aminoácidos essenciais em quinoa, nos cereais, 
leguminosas, carne e leite, em relação ao padrão da FAO. 
Aminoácido Quinoa Arroz Milho Trigo Feijão Carne Leite Padrão FAO 
Fenilalanina 4,0 5,0 4,7 4,8 5,4 4,1 1,4 6,0 
Isoleucina 4,9 4,1 4,0 4,2 4,5 5,2 10,0 4,0 
Leucina 6,6 8,2 12,5 6,8 8,1 8,2 6,5 7,0 
Lisina 6,0 3,8 2,9 2,6 7,0 8,7 7,9 5,5 
Metionina 2,3 2,2 2,0 1,4 1,2 2,5 2,5 3,5 
Treonina 3,7 3,8 3,8 2,8 3,9 4,4 4,7 4,0 
Triptofano 0,9 1,1 0,7 1,2 1,1 1,2 1,4 1,0 
Valina 4,5 6,1 5,0 1,4 5,0 5,5 7,0 5,0 
 Fonte: Santos (1996). 
O seu perfil de aminoácidos tem qualidade superior ao dos cereais e 
leguminosas em lisina e metionina, respectivamente (SANTOS, 1996), além de 
todos os demais aminoácidos considerados essenciais em proporção 
comparável ou superior ao padrão FAO (VEGA-GÁLVEZ et al., 2010). Por essas 
características, os grãos de quinoa apresentam valor biológico de 73% e sua 
Razão da Eficiência Protéica (PER) é semelhante a da caseína, fração protéica 
do leite (LOPES, 2011). 
A concentração de proteína nas folhas também é considerada elevada, o 
que caracteriza a planta como uma ótima opção para uso forrageiro e na 
indústria farmacêutica (BHARGAVA et al., 2005). No uso forrageiro, apresentou-
se palatável, estimulando o consumo por animais domésticos, principalmente o 
gado bovino (SPEHAR, 2002). Por ser uma fonte de proteína isenta de glúten, 
17 
 
 
tem grande potencial para contribuir na formulação de dietas para celíacos 
(SPEHAR, 2002). 
Sob temperatura elevada no bioma Cerrado, o grão apresentou um maior 
teor de proteínas e gorduras do que o produzido no Altiplano Andino (GOMES, 
1999, apud SPEHAR, 2006). Há mecanismos de ação hipoglicemiante e 
hipocolesterolemiante nos grãos de quinoa, provavelmente relacionados com as 
suas fibras alimentares, proteínas e as características do amido (LOPES, 2011). 
A quinoa apresenta uma concentração elevada de ferro, superior à do feijão, 
duas vezes maior que a da cevada e do trigo e três vezes maior do que a do 
milho. Fato importante é que este ferro tem alta biodisponibilidade, o que torna a 
quinao um valioso alimento complementário (KOZIOL, 1990). 
Além do ferro, vários outros minerais tais como cálcio, magnésio, cobre e 
zinco também são encontrados em suas formas biodisponíveis. Cálcio, 
magnésio e potássio são encontrados em quantidades suficientes para uma 
dieta humana equilibrada (SCHICK; BUBENHEIM, 1996). O grão contém ainda 
vitaminas como; alfa-caroteno, niacina, thiamina, ácido fólico e vitamina C, 
dentre outras. Em comparação com alguns cereais, Koziol (1992) constatou que 
o teor de vitaminas da quinoa, em termos de riboflavina (B2), alfa-tocoferol (E) e 
caroteno, é superior aos teores do arroz, cevada e trigo. 
O conteúdo de óleo no grão está em uma faixa de 1,8% a 9,5%, com média 
de 5,0 a 7,2% (KOZIOL, 1992). O óleo é rico em ácidos graxos essenciais, tais 
como o linoleico (C18:2) e o linolênico (C18:3), na proporção de 70% (DINI et al., 
1992). Apesar dessas proporções, as altas concentrações de antioxidantes, tais 
como α-tocoferol e γ-tocoferol, diminuem a susceptibilidade à rancificação 
(KOZIOL, 1993), tornando a cultura uma potencial fonte para a produção de óleo 
(NG et al., 2007). 
As saponinas, ácido fítico, taninos e os inibidores de tripsina representam 
elementos antinutricionais presentes no grão (KOZIOL, 1993; SANTOS, 1996). 
As saponinas, glicosídeos terpenóides (RIDOUT et al., 1991), ganham destaque 
em pesquisas, por possuirem um sabor amargo. Devido à possível toxicidade 
(LOPES, 2011), representam o principal fator limitante para o uso na 
alimentação humana de forma direta (SPEHAR, 2002). Contudo, pode haver o 
interesse nesses compostos devido a suas ações inseticidas (BASU; RASTOGI, 
1967), antibióticas, fungicidas, vermífugas e suas propriedades farmacológicas e 
18 
 
 
terapêuticas. Causam aumento da permeabilidade intestinal e podem ser 
empregadas no tratamento de artrites em cavalos (BASU; RASTOGI, 1967; 
AGARWAL; RASTOGI, 1974; CHANDEL; RASTOGI 1980; CHEEKE, 2002; 
NONAKA, 1986). 
A remoção destes detergentes naturais pode ser feita por lavagem vigorosa, 
tratamento térmico ou abrasão (SPEHAR, 2006). A lavagem torna-se inviável 
industrialmente e a abrasão pode causar perdas de minerais tais como cálcio e 
fósforo presentes no pericarpo removido no processo. Cerca de 40% do cálcio e 
10% do fósforo presentes nas camadas externas do grão podem se perder 
(VEGA-GÁLVEZ et al., 2010). Tais fatores tornam o melhoramento genético uma 
ferramenta essencial para a eliminação dessa característica, pois de acordo com 
Spehar e Santos (2002), saponinas são facilmente eliminadas por seleção. 
Apesar de sua presença, a inativação ou redução dos fatores nutricionais a 
níveis seguros à saúde é possível quando técnicas apropriadas de 
processamento industrial e/ou doméstico no preparo do grão são empregadas 
(BORGES, 2010). 
 
2.5 A cultura da quinoa nos Andes e no Brasil 
Em regiões próximas ao seu centro de origem, a cultura é amplamente 
adaptável, sobrevivendo em temperaturas que vão desde -8°C a 38°C e em 
altitudes que vão desde o nível do mar até 4000 metros acima, sendo tolerante à 
baixa umidade. Nessas condições, o ciclo é de 120 a 240 dias, a depender dos 
genótipos e das variáveis ambientais (MUJICA-SANCHEZ, 1994). 
No altiplano, na costa e na zona andina o período ótimo para semeadura vai 
de 15 de setembro a 15 de novembro, podendo adiantar ou atrasar de acordo 
com a disponibilidade de água e a duração do período vegetativo dos genótipos 
utilizados. Há a indicação de cultivo em rotação, com uso de diferentes espécies 
de diferentes famílias, de acordo como o local em que a quinoa será cultivada 
(MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). 
A planta é eficiente no uso da água, e produções aceitáveis são obtidas com 
precipitações de 100 a 200 mm nos Andes (BIODIVERSITY INTERNATIONAL et 
al., 2013). Segundo Mujica-Sanchez (1994), apesar de ser resistente à seca, 
requer umidade suficiente no início do cultivo. Por outro lado, o excesso de 
19 
 
 
umidade é prejudicial nos primeiros estádios de crescimento. Umidade do solo 
próxima à capacidade de campo facilitará a germinação. Solos francos, com boa 
drenagem e alto teor de matéria orgânica são ideais. Com relação ao pH, tolera 
uma faixa que vai desde 4,5 (solos ácidos emCajamarca, Perú) até 9,5 (solos 
alcalinos em Uyuni, Bolívia), dependendo do genótipo (MUJICA-SANCHEZ et 
al., 2001). 
No Brasil, a menor exigência hídrica da cultura é fator favorável para o 
plantio de entressafra do Cerrado, bem como nas áreas mais altas e frias da 
região sul do Brasil (SPEHAR, 2007). O oxalato de cálcio presente nas folhas 
devido a sua propriedade de reter água é responsável por reter a umidade que 
se acumula na forma de orvalho durante a noite. O que seria perdido por 
evapotranspiração com o aumento da temperatura diurna é aproveitado pela 
planta (SPEHAR; SANTOS, 2002; MUJICA-SANCHEZ et al., 2001). 
Devido às condições climáticas da região central do Brasil, a quinoa tem um 
bom potencial para acrescentar diversidade em sistemas rotacionados de plantio 
direto, como fornecedora de biomassa para proteção do solo (SPEHAR, 2007; 
ROCHA, 2011). Sistemas de rotação de culturas aumentam a biodiversidade dos 
agro-ecossistemas, reduzindo a pressão de pragas e doenças e melhorando as 
características físicas, químicas e biológicas dos solos (AKIBA et al., 1999). 
A escolha da época de semeadura é dependente do ciclo do cultivar. 
Quando se cultiva BRS Piabiru, que possui ciclo longo, o plantio pode ocorrer a 
partir de novembro para que as plantas atinjam maturação no período em que as 
chuvas estejam mais escassas. A razão principal é de que a semente (fruto do 
tipo aquênio) perde a germinação e o vigor rapidamente em altas umidades 
(SPEHAR, 2006). 
Nos Andes, os nutrientes utilizados pela planta são os residuais, ou seja, o 
que resta da rotação com cultivos anteriores (GARCIA, 1985). No Brasil, 
segundo Spehar (2006), os níveis adequados de nutrientes no solo que geram 
rendimento econômico não estão definidos e a adubação é feita com base na 
composição da planta. Portanto, a adubação de manutenção, no plantio deve 
ser baseada no fato de que um rendimento esperado de 2,5 t/ha exporta em 
torno de 50 kg de N, 6 kg de P, 80 kg de K, 33 kg de Ca, 20 kg de Mg, 0,6 kg de 
Fe, 0,2 kg de Mn e 0,07 kg de Zn. 
20 
 
 
O espaçamento e a densidade adequados influem diretamente no 
desempenho dos genótipos ou variedades selecionados. A distância entre 
fileiras ou sulcos varia de 0,20 a 0,40 m. Nos cerrados, uma densidade de 
400.000 a 800.000 plantas/ha não mostrou diferença no rendimento, e isso 
provavelmente se explica pela alta ramificação das plantas em menores 
populações. Entretanto, a melhor distribuição espacial, com menor distância 
entre fileiras e maior entre plantas, resulta em mais rápida cobertura do terreno e 
maior rendimento (SPEHAR, 2006). 
A senescência das plantas de cultivares adaptados ao cerrado se dá a partir 
do ponto em que atingem a maturidade fisiológica, o que facilita a colheita. 
Porém, devido ao tamanho reduzido do grão, alterações na colhedeira devem 
ser feitas para evitar as perdas, tais como velocidade do molinete um pouco 
mais rápida do que a do avanço; velocidade do cilindro de 1.000 rpm; pequena 
abertura do côncavo; sacapalha meio aberto; ajuste das bandejas a uma 
abertura de ½ a ¼ ou utilização de bandeja apropriada para trevo ou colza; a 
inclinação das persianas do ventilador devem estar entre ½ e ¾ (SPEHAR; 
SANTOS, 2002). 
O ponto de colheita se dá com o máximo de acúmulo de matéria seca na 
planta e quando o teor de umidade atinge valores abaixo de 20%, o que diminui 
perdas na operação e na pós-colheita. Níveis superiores de umidade causam a 
fermentação e perda de germinação e vigor das sementes. Quando os teores de 
umidade são superiores a 20%, a secagem até um teor de 12% é recomendada 
para o armazenamento de longo prazo (SPEHAR, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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26 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE QUINOA 
 
Resumo 
A quinoa é uma cultura de grande potencial, mas o seu cultivo ainda 
permanece restrito ao seu centro de origem ou a algumas outras poucas regiões 
no resto do planeta. O estabelecimento da quinoa como um cultivo 
economicamente viável em outras regiões, depende do desenvolvimento de 
tecnologias ao longo da cadeia produtiva, priorizando a qualidade dos insumos 
utilizados. Nesse ponto, a obtenção de sementes é uma vertente chave para um 
empreendimento bem sucedido. Por apresentar relevantes propriedades 
nutricionais, os trabalhos sobre quinoa em geral apresentam este enfoque, 
sendo escassos os trabalhos que abordam o sistema produtivo na região central 
do Brasil, o qual ainda é incipiente. A qualidade de sementes de quinoa tem sido 
pouco explorada. Neste enfoque, foi apresentada uma prospecção de como 
seria a produção de sementes de quinoa, utilizando-se o teste de condutividade 
elétrica. A adaptação ao método para avaliar o vigor, por ser rápido, pratico e 
fácil de ser conduzido, contribui para a determinação da qualidade fisiológica 
das sementes. Foram avaliadas quatro diferentes tempos de embebição, três 
temperaturas e dois volumes de água destilada, em um esquema fatorial com 
quatro repetições para cada tratamento. A maior estratificação dos lotes em 
níveis de vigor foi obtida no tratamento de 50 mL de água destilada, a 
temperatura de 20°C por 4 horas de embebição. 
 
Palavras-chave; Chenopodium quinoa, condutividade elétrica, sementes, vigor, 
qualidade fisiológica 
 
 
27 
 
 
1. Introdução 
Instituições públicas de pesquisa e universidades devem desempenhar o 
papel essencial de gerar conhecimento e disseminar inovações tecnológicas e 
que previsivelmente terão um impacto positivo nas cadeias produtivas, visando 
um melhor aproveitamento dos recursos naturais, econômicos e sociais. Nesse 
sentido, o Brasil, com disponibilidade de recursos naturais favoráveis, grande 
extensão de terras agriculturáveis e densidade populacional, conta com essas 
vantagens na geração de riqueza e sua melhor distribuição. O país está atrelado 
a uma agricultura de baixo valor agregado, demandando muita energia e 
fertilizantes. Necessita investir na transformação de inteligência em retorno 
financeiro, ou seja, explorar mais os setores que permitem maior retorno por 
unidade produzida, por infra-estrutura geral implantada e área ocupada 
(FANTINE; ALVIM, 2007). Uma prospecção positiva para o Brasil seria a 
produção de culturas com melhor preço de comercialização no mercado interno 
e exterior. Para que isso seja possível a médio e longo prazo, é estratégico gerar 
conhecimento e tecnologia. 
A indústria de sementes, assim como a maior parte dos elos da cadeia 
produtiva da quinoa no país, ainda é incipiente. Porém, a demanda por 
sementes tenderá a crescer na medida em que as pesquisas sobre a 
adaptabilidade de cultivares para o Brasil avançarem e o cultivo se tornar 
economicamente atrativo para os produtores. 
 Na conjuntura atual, uma estratégia viável para o cultivo da quinoaé a de 
propriedades produzirem sua própria semente, desde que o produtor seja 
inscrito no RENASEM e tenha seus campos de produção devidamente inscritos 
no órgão de fiscalização da respectiva unidade da Federação. Para os 
produtores enquadrados como agricultores familiares e demais casos 
relacionados na legislação (art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006), a 
multiplicação pode ser comunitária. Em ambos os casos, a assistência técnica é 
indispensável (SPEHAR, 2007; BRASIL, 2004). 
Sementes de quinoa apresentam-se higroscópicas, suscetíveis à perda de 
vigor e viabilidade ainda na panícula (SOUZA, 2013; SPEHAR 2007). As 
condições climáticas do altiplano boliviano (menores temperaturas e umidade 
relativa), ao contrário das apresentadas pela região central do Brasil, permitem o 
28 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Lei/L11326.htm%23art3%C2%A72
 
armazenamento em temperatura ambiente, em embalagens de 50 kg (MUJICA-
SANCHEZ, 2001). 
O armazenamento de forma adequada e seu monitoramento são essenciais 
no processo de produção de sementes, visto que a temperatura e umidade 
relativa do ar, os tipos de embalagens e a duração do armazenamento 
influenciam a conservação do vigor e da viabilidade das sementes (POPINIGIS, 
1985). 
A qualidade fisiológica de um lote de sementes tem sido caracterizada e 
avaliada pela sua capacidade de germinação, vigor e longevidade (BEWLEY; 
BLACK, 1994). Na indústria de sementes, a avaliação do vigor tem importantes 
implicações, tais como possibilitar o monitoramento dos padrões internos de 
qualidade da semente durante as várias fases de produção e processamento e 
identificar em quais etapas as perdas de vigor ocorrem (ISTA, 1995). Um dos 
testes para a avaliação do vigor é teste de condutividade elétrica, o qual 
possibilita obter resultados em um período rápido e adequado para a tomada de 
decisões, não exige muitos equipamentos e treinamento de pessoal. Apesar de 
não haver uma demanda de quinoa que desperte o interesse da indústria de 
sementes, a determinação de metodologia para o teste poderá auxiliar na 
seleção e obtenção de cultivares. O monitoramento da qualidade deverá 
contribuir ainda na produção de sementes, definindo as condições de 
armazenamento para manter a qualidade na propagação de quinoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
2. Objetivos 
O objetivo do presente capítulo foi determinar o melhor e mais sensível 
tratamento para ser usado no teste de condutividade elétrica em sementes de 
quinoa, e assim contribuir para futuras análises para tomadas de decisões em 
empresas produtoras de sementes e em trabalhos científicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
3.1 O processo de germinação e emergência em Chenopdium quinoa 
A germinação não é um processo bem definido teoricamente. Há diferenças 
entre o conceito do ponto de vista fisiológico e do ponto de vista tecnológico. Do 
ponto de vista fisiológico, o processo se encerra com a protrusão da raiz 
primária, oriunda da radícula do embrião. Sob o ponto de vista tecnológico, mais 
importante do ponto de vista comercial, a emissão da raiz primária não é 
suficiente para avaliar o potencial de estabelecimento da plântula em campo, o 
que significa o desenvolvimento da estrutura embrionária e de suas partes 
constituintes (MARCOS FILHO, 2005). 
Contudo, há o consenso de que a retomada das atividades de crescimento 
seja em sementes quiescentes ou dormentes, e a embebição são processos 
requeridos de forma imprescindível durante a germinação, apesar de haver 
variações no grau de detalhamento e tipo de enfoque nas abordagens feitas por 
diferentes autores (MARCOS FILHO, 2005). 
Inicialmente, a água é essencial porque os tecidos estão desidratados, 
sendo fundamental para a atividade enzimática, para a solubilização e transporte 
das reservas e como reagente em si, para a digestão das substâncias 
armazenadas na semente (DANTAS et al., 2008). 
Em sementes de quinoa, há uma camada de ar que separa as células 
endospermáticas das embrionárias. Esse vazio é suprimido quando a semente 
se hidrata, o que leva ao rápido consumo do conteúdo das células 
endospermáticas pelo embrião (GALLARDO et al., 1997). O endosperma 
representa uma proteção adicional para o embrião, sendo rompido na 
germinação. Nessas sementes, essa estrutura também pode desempenhar um 
papel importante no controle do processo germinativo, fato que carece de 
maiores investigações (PREGO et al., 1998). 
A profundidade de semeadura direta não deve passar de 2,0 cm, devido ao 
tamanho da semente (MUJICA-SANCHEZ et al., 2001; SPEHAR, 2007). As 
sementes de quinoa germinam em solos com alta salinidade. Ao germinar, a 
primeira estrutura que se alarga é a radícula, dando lugar a raiz, que pode 
alcançar até 1,8 m de profundidade, em condições de seca (MUJICA-SANCHEZ 
et al., 2001). 
31 
 
 
Classificada como dicotiledônea, o processo de emergência de 
Chenopodium quinoa inicia quando a plântula estende suas duas folhas 
cotiledonares, o que ocorre sete a dez dias após a semeadura. As folhas 
cotiledonares recém emergidas são ainda protegidas pelo episperma (MUJICA-
SANCHEZ et al., 2001). 
 
3.2 Produção de sementes 
Sementes de alta qualidade são resultado de procedimentos fundamentais 
como a escolha da região produtora, o estabelecimento de um plano de 
sucessão de culturas e de manejo da área e o uso de sementes básicas de 
qualidade e com origem comprovada. Ademais, a colheita, a secagem, o 
beneficiamento, o armazenamento, o transporte do produto e o controle de 
qualidade durante todas as etapas de produção, devem ser executados com 
nível tecnológico correspondente a produção de materiais de propagação com 
desempenho diferenciado (MARCOS FILHO, 2005). 
A qualidade na produção comercial de sementes de quinoa deve considerar 
todos os seus atributos, ou seja, um lote de alta qualidade e que resultará em 
um stand esperado deve demonstrar qualidade fisiológica, física, genética e 
sanitária (MARCOS FILHO, 2005). 
No caso da quinoa, um aspecto que deve ser levado em conta é a sua taxa 
de polinização natural ou alogamia. Ainda que a autogamia seja predominante 
na maioria dos genótipos, a taxa de alogamia é variável e pode afetar a pureza 
varietal caso cultivares ou linhagens com ciclos semelhantes sejam multiplicadas 
lado a lado (SPEHAR, 2006). 
Os campos para este fim devem ser diferenciados dos destinados a 
produção de grãos, com isolamento físico no tempo ou plantio intercalado com 
outras espécies cultivadas como amaranto, sorgo, girassol, kenaf; a distância 
mínima de, pelo menos 1000 m (SPEHAR, 2007). 
Para a produção das sementes de quinoa, é essencial monitorar a umidade 
na época de colheita, pois as camadas externas do grão apresentam porosidade 
considerável e realizam trocas com o meio, perdendo e ganhando umidade 
facilmente (SPEHAR, 2007). 
32 
 
 
Com relação ao armazenamento, as sementes são consideradas ortodoxas 
(ELLIS et al., 1998, apud CASTELLIÓN, 2010). Por ser uma semente amilácea 
(teor de amido de 51 a 61%), pode ser armazenada por maior tempo do que as 
oleaginosas sem perdas consideráveis de germinação (LINDEBOOM, 2005; 
MARCOS FILHO, 2005). Porém, quando comparada aos cereais, a sua perda de 
viabilidade é mais rápida, pois a porosidade da fina camada externa das 
sementes proporciona a perda ou ganho de umidade com facilidade, e o 
processo de germinação pode iniciar ainda na panícula. Esse, quando 
interrompido, causa danos com perda de germinação e vigor (SOUZA, 2013; 
SPEHAR, 2007). 
Nesse sentido, em trabalho pioneiro, Souza (2013) estudou a qualidade 
fisiológica de sementes de quinoa armazenadas em diferentes ambientes e 
embalagens, permitindo concluir que a temperatura é mais influente do que a 
umidade relativa na manutenção da qualidade durante o armazenamento;embalagens impermeáveis e sob baixa temperatura (4,4°C) auxiliaram a manter 
a qualidade fisiológica e que as sementes mantidas em embalagens 
impermeáveis ou semipermeáveis permaneceram viáveis durante 180 dias de 
armazenamento. 
As sementes originárias de campo de produção devem apresentar 
germinação superior a 80%. O fator de multiplicação é uma vantagem para a 
produção de sementes, ou seja, como o consumo (quantidade de sementes/ha) 
é baixo, uma pequena área cultivada pode ser suficiente para produzir sementes 
com qualidade e baixo custo para o plantio de área 200 vezes maior na safra 
subseqüente (SPEHAR, 2007). 
Apesar de não haverem relatos de fungos transmitidos por sementes no 
cultivo de quinoa no Brasil, as condições fitossanitárias das sementes devem ser 
mantidas, pois alguns experimentos mostraram a associação de alguns 
organismos que podem ser patogênicos às plântulas e causarem danos à 
cultura (ROCHA, 2008). Houve também a constatação de ataques de gorgulho 
do trigo (Sitophilus granarius) e da traça-dos-cereais (Ephestia kuehniella e 
Plodia interpunctela) após a colheita (SPEHAR et al., 2011). 
 
 
 
33 
 
 
3.3 Qualidade de sementes 
A qualidade de um lote de sementes é um parâmetro composto pelos 
atributos de natureza genética, física, fisiológica e de sanidade. Dentre esses 
atributos, sob a ótica do produtor e da pesquisa, o potencial fisiológico é o que 
ganha maior destaque, pois em conjunto com condições ambientais favoráveis e 
manejo adequado, influencia diretamente o estabelecimento do estande, 
permitindo uma primeira oportunidade para avaliar in loco o desempenho das 
sementes adquiridas (MARCOS FILHO, 2005). A qualidade fisiológica da 
semente é a sua capacidade de desempenhar funções vitais, caracterizada pela 
sua germinação, seu vigor e sua longevidade (POPINIGS, 1985; MARCOS 
FILHO, 2005). 
 Ainda não há um consenso a cerca da melhor definição sobre vigor. 
Contudo, a concepção de seu conceito surgiu a partir da necessidade de 
correlacionar a germinação obtida em condições ideais de laboratório e a 
emergência em campo, sob condições menos favoráveis (MARCOS FILHO, 
2005). Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), a definição da International Seed 
Testing Association – ISTA é a mais correta; “vigor de sementes é a soma 
daquelas propriedades que determinam o nível potencial de atividades e 
desempenho de uma semente ou de um lote de sementes durante a germinação 
e a emergência das plântulas”. 
 Apesar de ficar restrito às fases de semeadura e emergência, percebe-se 
que a idéia é ampla, pois vários níveis de vigor das sementes podem 
proporcionar atividade e desempenho variáveis. As variações ocorrem desde o 
extremo muito baixo (quando as sementes estão próximas de morrer) a muito 
alto (recém colhidas e produzidas sob boas condições) (CARVALHO; 
NAKAGAWA, 2000). 
O vigor está diretamente relacionado ao estado de deterioração em que a 
semente se encontra, pois o máximo de vigor é aquele de mínima deterioração 
(DELOUCHE, 1968), reunindo um conjunto de características que poderiam ser 
consideradas como atributos independentes, como a velocidade de germinação, 
o crescimento de plântulas e a habilidade para germinar sob temperaturas 
subótimas, dentre outros que podem influenciar a acumulação de matéria seca, 
34 
 
 
e assim afetar o rendimento (MARCOS FILHO, 2005; KOLCHINSKI et al., 
2005). 
A deterioração tem início com a degradação de membranas, seguida por 
danos nos mecanismos de síntese e energia, respiração e biossíntese e tem 
como resultados reduções da taxa de germinação, do potencial de 
armazenamento, da taxa de crescimento e desenvolvimento, da uniformidade, 
da resistência da planta, da produtividade, da emergência da plântula em campo 
e aumento da quantidade de plântulas anormais (DELOUCHE; BASKIN, 1973). 
A relação entre vigor e produtividade ainda não está bem definida. Alguns 
autores associam que a influência do vigor se dá de acordo com o estádio em 
que a cultura é colhida (TEKRONY; EGLI, 1991) sendo que o crescimento inicial 
das culturas é mais fortemente afetado e esse efeito se atenua com a sua 
evolução (TEKRONY et al., 1989). 
Utilizando plantas de trigo, Khah et al. (1989) observaram que plantas 
resultantes de sementes mais vigorosas apresentaram maiores taxas de 
crescimento no período inicial até sete semanas da emergêcia, sendo essa 
vantagem inicial decisiva para que estas plantas alcançassem maior rendimento 
final de grãos, em comparação com as provenientes de sementes menos 
vigorosas. 
 
3.4 Testes para a avaliação do potencial fisiológico de sementes 
 
Os testes que visam atestar quais lotes terão maior probabilidade de 
sucesso em condições de campo avaliam o potencial fisiológico das sementes. 
Dentre os que consideram as condições favoráveis do ambiente estão os testes 
de germinação e tetrazólio (MARCOS FILHO, 2005). 
O teste de germinação é rotineiramente utilizado em laboratórios de análise 
de sementes. O teste busca proporcionar a máxima germinação sob condições 
ótimas, considerando limites de tempo e condições pré-determinados pelas 
Regras de Análise de Sementes. A sua utilidade está no fato de que estabelece 
um limite para o desempenho do lote, após a semeadura. Uma desvantagem é o 
tempo total para a obtenção de resultados, o que dificulta a tomada de decisão 
no processo produtivo (MARCOS FILHO, 2005; BRASIL, 2009). 
35 
 
 
O teste de tetrazólio, apresenta maior agilidade na estimativa da viabilidade 
e vigor das sementes. É baseado na alteração da coloração de tecidos vivos em 
presença de uma solução de cloreto de 2,3,5-trifenil tetrazólio, correspondente a 
atividade do sistema das enzimas desidrogenases, intimamente relacionado à 
viabilidade das sementes. Como carece de análises visuais, o resultado do teste 
é dependente do treinamento do analista (MARCOS FILHO, 2005). 
Apesar de os resultados do teste de tetrazólio serem obtidos em um 
intervalo de tempo menor do que o do teste de germinação (24 horas), esse 
intervalo ainda é considerado grande para uma tomada de decisão eficiente pela 
indústria (MARCOS FILHO, 2005). 
Pesquisas posteriores confirmaram que é possível reduzir o tempo de pré-
condicionamento das sementes de soja em algo em torno de 6 a 8 horas, desde 
que as sementes atingissem um grau de umidade mínimo de 30%, o que 
ocasionaria uma redução de, no mínimo, dez horas no período necessário para 
a condução do teste (MARCOS FILHO, 1994; COSTA et al., 1999). 
Lotes com alta homogeneidade podem ser analisados de forma eficiente 
pelo teste de germinação, o qual fornece condições ideais. Porém, o 
desempenho de lotes em nível de campo, com grau elevado de 
heterogeneidade, somente pode ser estimado pelos testes de vigor (LOPES et 
al., 2002). 
 
3.4.1 Testes para avaliação de vigor. 
 
Os testes de vigor vêm sendo incluídos na rotina de empresas produtoras de 
sementes e de instituições oficiais, visando o controle de qualidade das 
sementes destinadas à comercialização (MARCOS FILHO, 2005). 
Isely (1967) foi o primeiro autor a classificar os testes de avaliação de vigor, 
separando-os em diretos e indiretos (MARCOS FILHO, 2005; POPINGS, 1985). 
Essa proposta se revelou inconsistente posteriormente, pois novos testes de 
vigor surgiram (MARCOS FILHO, 2005). A classificação aceita, mais precisa e 
que não vem se tornando desatualizada é a de McDonald (1975), em que os 
testes são distribuídos em testes físicos, fisiológicos, bioquímicos e de 
resistência ao estresse. 
36 
 
 
Por ser um componente complexo, o vigor de uma semente deve ser 
analisado a partir do resultado de vários testes e que enfoquem diferentes 
aspectos; bioquímicos, fisiológicos e de resistência ao estresse, tornando mais 
eficiente a estimativa do comportamento das sementes. É importante enfatizar 
que os resultados dos testes de vigor só são úteis quandoutilizados em 
comparação com os resultados de testes feitos com outra amostra da mesma 
espécie e cutlivar (MARCOS FILHO, 2005). 
A principal função dos testes de vigor é indicar diferenças de desempenho 
entre lotes de sementes durante o armazenamento ou em campo (CARVALHO; 
NAKAGAWA, 2000; MARCOS FILHO, 2005). 
Os testes físicos consideram aspectos morfológicos ou características físicas 
que podem estar associadas ao vigor. Porém, estes são relativamente subjetivos 
(dependente da análise visual) e influenciados pelas variações de genótipo. Os 
fisiológicos monitoram atividades fisiológicas que dependem do vigor para 
acontecer. Alterações bioquímicas associadas ao vigor são detectadas pelos 
testes bioquímicos. O desempenho de sementes expostas a condições 
desfavoráveis é aferido pelos testes de resistência ao estresse (MARCOS 
FILHO; 2005). 
O teste de envelhecimento acelerado e o teste de frio são considerados de 
resistência ao estresse e existem grandes evidências de que dentro de um 
mesmo laboratório mostrem um alto grau de padronização e reprodutibilidade 
em relação às metodologias, bem como na interpretação dos resultados obtidos 
(PESKE, 2003; MARCOS FILHO, 2005). 
Dentre os testes bioquímicos recomendados para a avaliação do vigor das 
sementes, o de condutividade elétrica e o de lixiviação de potássio têm se 
destacado em função de sua eficiência, possibilidade de padronização ou 
necessidade de pequenos ajustes para aprimoramento. O teste de lixiviação de 
potássio difere do de condutividade elétrica por fazer uso do fotômetro de 
chamas e por ser mais rápido. Porém, é um teste desenvolvido recentemente, e 
que precisa de mais padronização em relação ao de condutividade (MARCOS 
FILHO, 2005). 
Contudo, não basta aos testes de vigor apresentar possibilidade de 
padronização de metodologia e dos resultados. Vários autores são unânimes em 
afirmar que os testes devem apresentar características tais como: 
37 
 
 
reprodutibilidade dos resultados, interpretação e correlação com a emergência 
sob certas condições, rapidez, objetividade, simplicidade e viabilidade 
econômica (PESKE, 2003). 
 
3.5 Desestruturações de membranas e deterioração das sementes 
 
Durante as fases finais do ciclo fenológico, após atingir o ponto de 
maturidade fisiológica e iniciar a secagem, característica do ponto ideal de 
colheita, um processo de desorganização estrutural temporário das membranas 
é iniciado (SIMON; RAJA HARUN, 1972). Quanto menor for o teor de água da 
semente, maior é o nível de desorganização dessa estrutura (BEWLEY, 1986). 
As estruturas subcelulares são organizadas em membranas celulares 
seletivas, que possibilitam que uma série de reações químicas ocorra no meio 
intracelular. Algumas funções celulares altamente especializadas só são 
realizadas graças à compartimentalização das organelas em que ocorrem, como 
a replicação de DNA e a síntese de RNA-m no núcleo de células eucariontes, a 
síntese e transporte de proteínas no retículo endoplasmático e complexo de 
Golgi e as reações oxidativas com a utilização de O2 nas mitocôndrias (VIEIRA 
et al., 1991). Os componentes protéicos e lipídicos das membranas sofrem 
oxidação e danos durante o envelhecimento, tornando esse constituinte celular 
um sítio preferencial de injúria (SUN; LEOPOLD, 1995). 
A permeabilidade seletiva das membranas é recuperada a partir do 
momento em que a reestruturação dessas é iniciada, a partir da embebição. 
Nesse momento, há a liberação de eletrólitos. Essa quantidade liberada está 
relacionada com a integridade das membranas. Lotes que apresentem maiores 
quantidades de eletrólitos lixiviados, tendem a apresentar menor vigor. (VIEIRA, 
1994; HAMPTON; TEKRONY, 1995; VIEIRA; KRYZANOWSKI, 1999; 
PANOBIANCO; MARCOS FILHO, 2001). Geralmente, essas sementes 
apresentam dificuldade para recuperar a integridade da membrana, o que 
resulta na aferição de valores altos de condutividade elétrica na solução de 
embebição (DESAI et al.,1997). 
Dentre os eletrólitos liberados estão os carboidratos, ácidos graxos, 
aminoácidos, ácidos orgânicos, proteínas, substâncias fenólicas e íons K+, Mg++, 
38 
 
 
Na+ e Mn+2 (CUSTÓDIO; MARCOS FILHO, 1997; FESSEL et al., 2006; 
PANOBIANCO; VIEIRA, 2007). 
 
3.6 O teste de condutividade elétrica 
 
O teste de condutividade elétrica tem as características de ser rápido, prático 
e fácil de ser conduzido para determinação do vigor de sementes, não 
necessitando de muitos equipamentos e treinamento pessoal. É recomendado 
pela ISTA, e a Associação Oficial de Analistas de Sementes como um dos mais 
convenientes no momento (VIEIRA; KRZYZANOWSKI, 1999; PERRY, 1981; 
AOSA,1983). 
A princípio, há dois sistemas de condução do teste; o de condutividade 
massa e o individual, sendo este último realizado com aparelho que analisa 
individualmente a qualidade das sementes. O individual vem apresentando 
problemas em sua utilização rotineira, como a não estratificação eficiente dos 
lotes em níveis de vigor (HEPBURN et al., 1984; HOPPER; HINTON, 1997). 
As leituras no condutivímetro são dadas em μS cm-1, submúltiplo da unidade 
Siemens por metro (S/m), padrão do Sistema Internacional de Unidades que 
expressa a propriedade de uma solução aquosa conduzir uma corrente elétrica 
devido a presença de íons. A condutividade elétrica é uma propriedade que 
depende expressivamente da temperatura (PINTO, 2007). 
A metodologia empregada no teste influencia os resultados, visto que há 
diversas variáveis inerentes. Destacam-se o genótipo, o grau de umidade, o 
tamanho e a condição fisiológica das sementes, o volume de água, a precisão 
do condutivímetro, o tratamento químico da semente, o tamanho das amostras, 
o período de embebição e a temperatura durante a embebição (MARCOS 
FILHO, 1995; VIEIRA; KRZYZANOWSKI, 1999). 
O tamanho das sementes influi no período de duração do teste. Para as 
sementes de hortaliças, a lixiviação máxima pode ocorrer num período inferior a 
duas horas (MURPHY; NOLAND, 1982). Tao (1978) mencionou que este fato 
ocorre devido à grande superfície por unidade de peso nas sementes pequenas. 
Contrariamente, em estudos com sementes de tamanho maior, como as de soja, 
de ervilha e de milho tem sido observados aumentos da lixiviação até 24-30 
39 
 
 
horas após o início da embebição (LOEFFLER et al., 1988; HAMPTON; 
TEKRONY,1995; BRUGGINK, 1991). 
Avaliando o potencial do teste para determinação do vigor em sementes de 
repolho, Loomis e Smith (1980) verificaram que a condutividade pode ser 
medida após quatro horas de embebição das sementes. Esse período de 
embebição foi suficiente para alface (GUIMARÃES et al., 1993), maxixe 
(TORRES et al., 1998) e quiabo (DIAS et al., 1998). 
Buscando reduzir o efeito do tamanho da semente nos resultados, Tao 
(1978) e Loeffler et al. (1988), em estudos conduzidos com soja, sugeriram que 
os resultados expressos em base de peso (μS cm-1 g-1) foram eficientes nesse 
sentido. Porém, não é possível assegurar que tal procedimento elimine o 
problema por completo (VIEIRA, 1994). 
Visando atender as necessidades da indústria de sementes, há uma 
tendência em buscar a redução do tempo de embebição empregado no teste, o 
que já foi comprovado quando há uma grande diferença de vigor entre os lotes 
analisados, como para soja, com uma redução do período para 4 a 8 horas. Já 
quando outros testes de vigor indicam uma pequena diferença desta 
característica entre os lotes, períodos a partir de 16 horas mostram-se mais 
sensíveis para detectar as variações de vigor em soja (MARCOS FILHO et al., 
1990; DIAS; MARCOS FILHO, 1996). 
A temperatura é uma variável que afeta a velocidade de absorção de água 
pelas sementes e de liberação de eletrólitos do interior das células para o meio 
externo (LEOPOLD, 1980; MURPHY; NOLAND, 1982) e, posteriormente, a 
viscosidade da solução de íons. A diminuição na temperatura causa aumento daviscosidade, decréscimo na mobilidade de íons e redução dos valores de 
condutividade, enquanto que o aumento na temperatura causa dissociação dos 
íons, diminuindo a viscosidade e resultando em aumento dos valores de CE 
(LOEFFLER, 1981). 
Loeffler et al. (1988) constataram que uma variação de 5°C na temperatura 
da água alterava consideravelmente os resultados, recomendando portanto, que 
o total de amostras que fosse retirado da câmara, não fosse superior ao total 
para análise em um período de 15 minutos. 
 
 
40 
 
 
4. MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 Local do experimento 
 
Os testes de avaliação da qualidade fisiolóigica das sementes foram 
conduzidos no Laboratório de Análise de Sementes da Faculdade de Agronomia 
e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília- UnB, no primeiro semestre 
de 2014. 
 
4.2 Lotes de Sementes Utilizados 
 
Os lotes de semente utilizados foram originados de plantios do cultivar BRS 
Syetetuba na Estação Biológica da Universidade de Brasília, e conservados a 
temperaturas em torno de 8 a 10°C. 
 
4.3 Avaliações da qualidade fisiológica das sementes 
 
4.3.1 Teste padrão de germinação (TPG) 
 
Foram formadas quatro repetições de 50 sementes por lote e distribuídas 
sobre duas folhas de papel germitest, umedecidas com água equivalente a 2,5 
vezes o peso do substrato seco e colocadas no interior de caixa de plástico 
transparente (caixas gerbox). Após a semeadura, as caixas foram tampadas e 
mantidas em câmara de germinação a 25 °C (DIAS et al., 2003). As avaliações 
foram efetuadas no décimo dia, sendo os resultados expressos em porcentagem 
de plântulas normais, conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 
2009). 
 
4.3.2 Teor de água (TA) 
 
A determinação do teor de água foi realizada pelo método da estufa a 105±3 
°C, durante 24 horas, de acordo com as Regras para Análise de Sementes – 
RAS (BRASIL, 1992), utilizando-se duas subamostras de 2 gramas para cada 
lote. Os resultados foram expressos em porcentagem (base úmida) por lote. 
41 
 
 
 
4.4 Testes de Vigor 
 
O vigor das sementes foi determinado através dos seguintes testes: 
 
4.4.1 Primeira contagem (PC) 
 
O teste de primeira contagem foi realizado conjuntamente com o teste 
padrão de germinação. Avaliou-se a porcentagem de plântulas normais no 
sétimo dia após a semeadura (BRASIL, 2009). 
 
4.4.2 Comprimento de plântulas (CP) 
 
Quatro repetições de 10 sementes foram colocadas em caixas gerbox, com 
papel germitest e água em proporção de 2,5 vezes o seu peso. As plântulas 
resultantes tiveram a parte aérea mensurada com auxílio de uma régua 
graduada em centímetros, sendo o valor expresso em cm/plântula (NAKAGAWA, 
1999). 
 
4.4.3 Massa Verde de Plântulas (MV) 
 
A massa verde de plântulas foi aferida através da pesagem em balança de 
precisão de 0,001g das amostras resultantes do experimento de comprimento de 
plântulas. O peso obtido foi dividido pelo número de plântulas que compunha a 
subamostra, obtendo-se o peso médio da matéria seca por plântula. 
 
4.4.4 Massa Seca de Plântulas (MS) 
 
Após a obtenção do peso de matéria verde das plântulas, o material de cada 
subamostra foi colocado em crisóis e levados para estufa com circulação de ar 
forçado, mantida à temperatura de 60 – 65°C por 24 horas e depois levado para 
dessecador com sílica e lá permanecendo até atingir peso constante. O material 
seco foi pesado individualmente em balança com precisão de 0,001g.O peso 
42 
 
 
obtido foi dividido pelo número de plântulas que compunha a subamostra, 
obtendo-se o peso médio da matéria seca por plântula. 
 
 4.4.5 Emergência de plântulas (EP) 
 
O teste de emergência de plântulas foi realizado a partir da seleção de 
quatro subamostras de 50 sementes de cada um dos lotes. Foram semeadas em 
caixas de areia com sulcos de 1,5 a 2 cm de profundidade e 12 cm de 
comprimento. O substrato foi irrigado por microaspersão diariamente. A 
avaliação da emergência foi feita dez dias após semeadura, e os resultados 
expressos em porcentagem de plântulas normais (NAKAGAWA, 1999). 
 
4.4.6 Teste de Condutividade Elétrica 
 
Foram estudadas variações no período de embebição (2, 4, 6 e 8 horas), 
nas temperaturas (25, 20 e 30°C) e nos volumes (75 e 50 mL). Foram retiradas 
amostras de 50 sementes da porção de sementes puras de cada lote, para cada 
tratamento. As repetições, acondicionadas em copos de plástico descartáveis, 
com capacidade para 200 mL, foram pesadas com balança de precisão de três 
casas decimais e colocadas para embeber com água destilada de acordo com 
cada tratamento. Os valores de condutividade foram aferidos com aparelho 
condutivímetro GEHAKA CG 1800 e os valores expressos em μS cm-1 g-1 de 
sementes. 
 
4.5 Delineamento e Análise Estatística dos Testes 
 
A análise de variância foi realizada e os valores expressos em porcentagem 
(TPG., PC, EC e TA), foram transformados em arcsen√ x/100, para a 
homogeneização das variâncias dos erros experimentais. Os valores 
apresentados nas tabelas são referentes aos dados originais. A comparação das 
médias foi feita pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os dados foram 
obtidos com auxílio do Software SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2011). 
 
 
43 
 
 
4.6 Análise estatística do teste de condutividade 
 
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 
quatro repetições. Os dados obtidos nos testes de condutividade elétrica foram 
analisados no esquema fatorial (3 lotes x 4 períodos de embebição x 3 
temperaturas x 2 volumes), realizando-se a comparação das médias pelo teste 
de Tukey, a 5% de probabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 O resumo da análise de variância para os testes de germinação e vigor 
dos diferentes lotes de sementes de quinoa encontram-se na Tabela 1. Nota-se 
que houve diferença significativa para os lotes em relação à germinação, a 
primeira contagem, comprimento de plântulas e massa verde de plântulas. Para 
massa seca de plântulas e emergência em campo, os lotes de sementes de 
quinoa não apresentaram diferença significativa. 
Tabela 1.Resumo da análise de variância para os testes de germinação (TPG), 
primeira contagem (PC), comprimento de plântulas (CP), massa verde de 
plântulas (MV), massa seca de plântula (MS) e emergência em campo (EC), 
para os três lotes de sementes de quinoa. 
*Significativo a 5%de probabilidade pelo teste F e ns não significativo. 
De acordo com a Tabela 2, pode-se notar que o teor de água das sementes 
foi aproximado entre os lotes estudados, com variação de até 0,7 pontos 
percentuais, ficando dentro da amplitude máxima aceita, que é de 1 a 2 pontos 
percentuais. Desta forma, o teor de água não influencia os outros testes 
empregados. Tal constatação é relevante para a execução dos testes, pois a 
uniformidade do teor de água inicial das sementes contribui para obtenção de 
resultados consistentes (LOEFFLER et al., 1988, MARCOS FILHO, 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
Fontes de 
Variação 
 
G.L. 
 Quadrados médios 
TPG 
(%) 
PC 
(%) 
 
CP 
(cm.plânt.-1) 
 
MV 
(g.plânt.-1) 
MS 
(g.plânt.-1) 
EC 
(%) 
Lotes 2 182,790* 174,044* 7,62* 0,000025* 1,54.10-8ns 73,602ns 
Erro 9 35,11 28,962 1,48 0,000004 4,6.10-8 32,889 
C.V. (%) 9,34 8,51 16,38 20,89 20,63 13,51 
45 
 
 
Tabela 2. Teor de água (TA), teste de germinação (TPG), primeira contagem da 
germinação (1° C), comprimento de plântulas (CP), massa seca de plântulas 
(MS), massa verde de plântulas (MU), emergência de plântulas em campo (EC) 
de quatro lotes de sementes de quinoa. 
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de 
Tukey a 5% de probabilidade. 
Pelo teste de germinação (Tabela 2), foi possível observar que os lotes 1 e 
7, apesar de haver diferença estatística entre eles, apresentavam porcentagem 
de germinação semelhante,

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