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NOÇÃO SOBRE O DIREITO PENAL MILITAR
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 144 § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
Art. 144 § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios 
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
As instituições militares, as Forças Armadas, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, têm missões na preservação das liberdades públicas. 
Elas cabem a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, o policiamento ostensivo preventivo, a preservação da ordem pública e as atividades de defesa civil.
Nota-se que a observância rigorosa da hierarquia e da disciplina é indispensável para o cumprimento das missões institucionais das corporações militares. Cabe ressaltar que a hierarquia e a disciplina encontram-se entrelaçados numa relação necessária de dependência recíproca.
O regular desempenho das missões atribuídas às forças militares constitui uma situação jurídico-social que demanda especial cuidado, pois sua desordem pode gerar uma deficiência na consecução dos objetivos maiores do próprio Estado. 
A regularidade das corporações militares deve ser entendida como a condição necessária para que as demais instituições do Estado possam cumprir seu escopo constitucional.
O Direito Penal Militar constitui um ramo especializado, cujo corpo de normas se volta à instituição de infrações penais militares, com as sanções pertinentes, voltadas a garantir os princípios basilares das Forças Armadas e Forças Auxiliares, constituídos pela hierarquia e pela disciplina. 
o Direito Penal Militar tutela variados bens jurídicos, porém sempre mantendo escalas. Em um primeiro plano, por se tratar de ramo específico do direito penal, tutela o binômio hierarquia e disciplina, bases organizacionais das corporações militares. Em segundo plano, não menos relevante, são tutelados os demais bens jurídicos, como vida, integridade física, honra, patrimônio e outros.
- O Direito Penal Militar é especial em razão do objeto de sua tutela jurídica: sempre a regularidade das instituições militares, seja de forma direta, imediata, seja de forma indireta ou mediata;
 - A jurisdição militar integra a denominada jurisdição especial ou extraordinária, porquanto está conferida a um órgão jurisdicional especial, a Justiça Militar (da União ou dos Estados); 
- A especialidade da Justiça Militar guarda relação direta com o objeto de tutela do direito penal militar;
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Art. 125. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
DIREITO PENAL MILITAR é o conjunto de prescrições jurídicas positivadas que valoram negativamente e proíbem o cometimento de delitos militares associam a estes, na condição de seu pressuposto, penas e/ou medidas de segurança, como consequência jurídica fazem parte do Direito Penal Militar 
DIREITO PENAL MILITAR é o conjunto de normas jurídicas que têm por objeto a determinação de infrações penais com suas consequentes medidas coercitivas em face da violação e, ainda, pela garantia dos bens juridicamente tutelados, mormente a regularidade de ação das forças militares, proteger a ordem jurídica militar, fomentando o salutar desenvolver das missões precípuas atribuídas às Forças Armadas e às Forças Auxiliares.
FONTES DO DIREITO PENAL MILITAR
- Fontes – são nascedouros, pontos de gênesis de algo; 
A doutrina divide as fontes em material e formal; sendo que esta última cinde em fontes imediatas e mediatas; 
*Fonte material; 
*Fonte formal imediata; 
*Fonte formal mediata;
FONTE MATERIAL
- Fonte material – é compreendida como a via hábil à produção do direito penal militar, o qual é traduzida por uma possibilidade reservada à União; 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
Trata-se de competência legislativa privativa – admite delegação; não é exclusiva
FONTE FORMAL 
- Fonte formal – é aquela que permite o conhecimento do direito, proporcionando a exteriorização das normas penais, dividindo-se em imediatas e mediatas; 
- Fonte formal imediata – é a lei; apenas a lei complementar e a lei ordinária podem veicular matéria penal militar; o CPM – Decreto-Lei 1001/69; 
- Fonte formal mediata – costumes, princípios gerais do direito, analogia, jurisprudência;
AS CORPORAÇÕES MILITARES
O termo MILITAR no âmbito da Constituição Federal de 1988 refere-se: 
Art. 142 - § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; 
(...) 
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; 
(...).
Após a EC n°18/1998 não são mais servidores públicos militares, são MILITARES FEDERAIS
Art. 42 - Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Território. 
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. 
Após a EC n°18/1998 não são mais servidores públicos militares, são MILITARES ESTADUAIS/DISTRITAIS
FORÇAS ARMADAS 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Nota-se, diante do texto constitucional, que as Forças Armadas são: 
– Instituições nacionais; 
– Base na hierarquia e na disciplina;
– Presidente da República é a autoridade suprema; 
– Defesa interna e territorial.
AS POLÍCIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES 
Art. 144 § 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidasem lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
Art. 144 § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Nota-se, diante do texto constitucional, que as Polícias e Corpos de Bombeiros Militares são: 
– Instituições estaduais/distritais;
– Base na hierarquia e na disciplina; 
– Governadores dos Estados-Membros são as autoridades supremas;
Além disso: 
- Cabe as PMs: o policiamento ostensivo e preservação da ordem pública; 
–Cabe aos CBMs: atividades de defesa civil; 
–São forças auxiliares e reserva do Exército
Todas as instituições militares são baseadas na: 
- Disciplina: poder que os superiores hierárquicos têm de impor condutas e dar ordens aos inferiores. 
- Hierarquia: vínculo de subordinação escalonada e graduada de inferior a superior.
Alexandre Carvalho diz que as instituições militares são partes inalienáveis do Estado Democrático de Direitos. Para que haja efetivamente a supremacia/regularidade da disciplina e da hierarquia há os Regulamentos Disciplinares e o Código Penal Militar.
As transgressões disciplinares são julgadas pelos Comandantes, Chefes e Diretores das Instituições Militares; 
- Para apurar há o processo administrativo disciplinar militar; 
- O documento que explicita o ilícito é a nota de punição; 
- Somente é aplicada a militares;
- A sanção é uma punição disciplinar;
Os Crimes Militares são julgados pelos membros do Judiciário; 
- Para apurar há o processo penal militar; 
- O documento que explicita o ilícito é a sentença/acórdão; 
- São aplicadas a militares e civis; 
- A sanção é uma pena;
NOÇÃO SOBRE A JUSTIÇA MILITAR
No Brasil, com o intuito pedagógico e didático, a Justiça se divide em: 
- Justiça Ordinária – demandas cotidianas - segue o rito ordinário, estão as áreas cíveis e penais; 
- Justiça Especial – compreende matérias exclusivas e determinadas: 
1) Justiça do Trabalho: conflitos das relações trabalhistas; 
2) Justiça Eleitoral: conflitos relacionados com o pleito eleitoral; 
3) Justiça Militar: conflitos relacionados a crimes militares.
A JUSTIÇA MILITAR 
Art 124 da CF. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Em virtude das diferenças entre as Instituições militares, a JM se divide em: 
- Justiça Militar Federal ou da União – julga os delitos castrense relacionados com as Forças Armadas; 
- Justiça Militar Estadual – julga os crimes militares ligados as Polícias Militares e Corpos de Bombeiro Militares.
A Justiça Militar, no âmbito penal, julga apenas CRIME MILITAR. 
A JM é uma das únicas que mantém as decisões dos escabinatos. 
No momento do julgamento não há conexão, nem continência, de acordo com o inciso I do artigo 79 do CPP 
• CC N. 77.138 – RS (2007/0005534-5) STJ - PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME MILITAR. CRIME DE HOMICÍDIO. CONEXÃO. REUNIÃO DOS PROCESSOS. IMPOSSIBILIDADE.
A Justiça Militar, no âmbito penal, julga apenas CRIME MILITAR
 A JM não julga ato de impropriedade administrativa, salvo se este for ato disciplinar militar 
CC 100682 MG/STJ - CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PROPOSTA PELO MP CONTRA SERVIDORES MILITARES. AGRESSÕES FÍSICAS E MORAIS CONTRA MENOR INFRATOR NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO POLICIAL. EMENDA 45/2005. ACRÉSCIMO DE JURISDIÇÃO CÍVEL À JUSTIÇA MILITAR. AÇÕES CONTRA ATOS DISCIPLINARES MILITARES. INTERPRETAÇÃO. DESNECESSIDADE DE FRACIONAMENTO DA COMPETÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DO ART. 125, §4º, IN FINE, DA CF/1988. PRECEDENTES DO SUPREMO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM DO ESTADO.
A JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO
A Justiça Militar da União julga os Crimes Militares cometidos por militares e por civis; 
- Se o Crime Militar for cometido por oficiais, exceto generais, será julgado pelo Conselho Especial de Justiça – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado (Juiz Federal da Justiça Militar – antigo Juiz Auditor) 
- Se o Crime Militar for cometido pelas praças e pelos civis, será julgado pelo Conselho de Justiça Permanente – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado ( Juiz Federal da Justiça Militar – antigo Juiz Auditor)
A Justiça Militar da União não possui Tribunais Regionais, como os TREs e TRTs; 
Os oficiais generais são julgados originariamente pelo STM; 
A 2ª instância da JMU é o Superior Tribunal Militar.
Principais alterações trazidas pela Lei n° 13.774/2018: 
- Nomenclatura do juiz togado: Juiz Federal da Justiça Militar (inciso IV do art. 1°;) 
- Presidência dos conselhos de justiça – CEJ e CPJ - pelo juiz togado(inciso I-A do art. 30); 
- Julgamento monocrático pelo juiz togado do crime militar cometido por civil ou por militar em concurso com civil (inciso I-B do art. 30); 
- Julgamento dos habeas corpus, habeas data e mandados de segurança contra ato de autoridade militar praticado em razão da ocorrência de crime militar, exceto o praticado por oficial-general pelo Juiz Federal da Justiça Militar (inciso I-C do art. 30).
A JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
- Art. 125 § 4º CF - compete à Justiça Militar processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil; 
- Observa-se que a JME não julga civil, apenas militares estaduais/distritais; 
- A 2ª instância da JME é o TJ ou TJME; 
- Quando o efetivo de PM e CBM de um estado da federação ou do Distrito Federal for superior a 20 mil poderá ser criado o TJME.
A Justiça Militar Estadual julga os Crimes Militares cometidos por policiais e bombeiros militares; 
- Se o Crime Militar for cometido por oficiais, será julgado pelo Conselho Especial de Justiça – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado (Juiz de Direito do Juízo Militar – Juiz Auditor); 
- Se o Crime Militar for cometido pelas praças será julgado pelo Conselho Permanente de Justiça – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado (Juiz de Direito do Juízo Militar – Juiz Auditor).
STF - HABEAS CORPUS N. 00685102/130 
EMENTA: Crime praticado por militar e civil, em coautoria. Continência de causa – cumulação subjetiva entre crime comum e militar (art. 100, “a”, CPPM., e art. 77, do CPP). Hipótese em que não se justifica a unidade de processo e julgamento (art. 102, “a”, CPPM., e o art. 79, I, do CPP). Competência da jurisdição castrense para o julgamento do militar e da jurisdição comum para o civil.
A JUSTIÇA MILITAR E A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004
Inserção do parágrafo único do artigo 9° do CPM, acrescido pela Lei n. 9299/96, na CF; 
- No âmbito da JME: 
- Julgamento pelo Juiz do juízo militar das ações judiciais contra atos disciplinares; 
- Julgamento monocrático pelo Juiz do Juízo Militar nos CMs quando a vítima for civil; 
- Presidência dos Conselhos da JME – será o Juiz do Juízo Militar; 
- Possibilidade de criação dos TJMEs com 20.000 PMs e CBMs.
JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO X JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
A Justiça Militar da União: julga CMs cometidos por militares das Forças Armadas e civis; a 2ª Instância é o STM; somente julga crimes miliatres; o juiz togado denomina-se Juiz Federal da Justiça Militar; 
- A Justiça Militar Estadual: julga CMs cometidos por policiais militares e bombeiros militares; a 2ª Instância é o TJ ou TJME; julga crimes militares e ações judiciais de atos disciplinares; o juiz togado denomina-se Juiz de Direito do Juízo Militar;
NOÇÃO SOBRE CRIME MILITAR
CRIME MILITAR 
Art. 124 da CF – À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
JUSTIÇA MILITAR julga CRIME MILITAR 
O critério que define um delito como crime militar é a lei conforme leitura do texto constitucional. 
Critério em razão da lei – rattione legis
Atualmente a lei que define um crime militar é o Código Penal Militar – Decreto-Lei 1001/1969 
No CPM , os crimes militares são divididos em: crimes militares em tempo de paz e crimes militares em tempo de guerra. 
No artigo 9° do CPM encontram-se as hipóteses de caracterizaçãodos crimes militares em tempo de paz; 
No artigo 10 do CPM encontram-se as hipóteses de caracterização dos crimes militares em tempo de guerra;
Expressões importantes: 
Militares na inatividade – militares que “se aposentaram”: 
- Militares que estão na reserva – “por tempo de serviço” - podem ser convocados;
 - Militares que estão na reforma – “por idade ou por incapacidade” - não podem ser convocados. 
O militar da reserva ou reformado quando contratados temporariamente contratados para executar tarefa por tempo certo – PTTC – continua sendo militar da reserva – “não usam farda”- não são equiparados a militares da ativa.
O militar da reserva quando convocados/mobilizado, diferentemente dos PTTC, aí se equiparam aos militares da ativa. “usam farda” 
Equiparação a militar da ativa
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar
Militar da reserva ou reformado 
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar. 
Um militar que foi para reserva há 20 anos na graduação de sargento, continua sargento.
Defeito de incorporação 
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime. 
Incorporação – quando uma pessoa deixa de ser civil e passa a ser militar – deve fazer um juramento formal previsto na legislação militar.
Militares estrangeiros 
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções internacionais. 
Atentar para o que estiver previsto nos acordos internacionais.
Castrense - Militar; 
•Caserna - Quartel. 
Assemelhados – eram funcionários públicos civis regidos pela disciplina militar – eram lotados nas Forças Armadas – não existe mais esta figura do civil assemelhado a militar na esfera federal.
Militar em atividade – militar que se encontra na ativa – “em exercício” – podendo ser: 
- Militar em serviço; ou 
- Militar está de folga: gozo de férias, licença ou outro afastamento legal.
O Militar que se encontra agregado – “cedido” é militar da ativa 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO POR MILITAR EM ATIVIDADE CONTRA MILITAR EM IDÊNTICA SITUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 1. Compete à Justiça Militar processar e julgar crime praticado por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado (art. 9º, inciso II, alínea "a", do Código Penal Militar). 2. Militar em situação de atividade quer dizer "da ativa" e não "em serviço", em oposição a militar da reserva ou aposentado. 3. Precedentes do STJ e do STF. 4. Conflito conhecido para declarar competente a Justiça Militar, juízo suscitante. ( STJ, CC 85607/SP – Rel. Min. OG FERNANDES)
Soldado PM Temporário – criado pela Lei n° 10.029/2000 – para prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal.
Comandante
 Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda autoridade com função de direção.
Comandante – direção 
Superior 
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. 
Superior – autoridade – critério mais abrangente
NOÇÃO SOBRE CRIME MILITAR EM TEMPO DE PAZ
Art. 9° CPM – Consideram-se crimes militares em tempo de paz: 
I – Os crimes de que trata este código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nelas não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
No Inciso I do art. 9°, estão contidas 02 hipóteses de caracterização: 
- 1ª - A conduta criminosa está prevista no COM e também está na legislação penal comum, porém de forma diversa; 
Exemplo 1 – crime de Desacato 
- Art. 331, CP – Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. 
- Art. 298, CPM - Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade.
Exemplo 2 – crime de Omissão de Socorro 
Art. 135, CPB – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Art. 201, CPM – Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido socorro: CRIME MILITA
- No Inciso I do art. 9°, 02 situações: 
- 2ª - A conduta criminosa está prevista somente no CPM;
Exemplo 1 - Dormir em serviço 
Art. 203, CPM – Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante
Exemplo 2 - Deserção 
art. 187, CPM – Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias.
Exemplo 3 - Pederastia ou outro ato de libidinagem 
art. 235, CPM - Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar.
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
- Não precisa está de serviço;
- Não precisa está fardado; 
- Não precisa ocorrer no interior de um quartel; 
CC 85607 – SP STJ - PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO POR MILITAR EM ATIVIDADE CONTRA MILITAR EM IDÊNTICA SITUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 
RE 122706 STF – “O homicídio de um cabo da marinha contra um cabo da mesma Força, ambos da ativa, na residência da vítima, fora de zona militar seria crime militar.”
A jurisprudência do STF tem se firmado no sentido de que o cometimento de delito por agente militar contra vítima militar somente desafia a competência da Justiça Militar nos casos em que houver vínculo direto com o desempenho da atividade militar. 
O STJ entende que as patentes militares, por si só, não se revelam suficiente para atrair a competência da Justiça Militar Especializada. 
O STM mantém sua tradicional orientação, seguindo o preceito legal contido na alínea a do inciso II do artigo 9 do CPM.
- O autor militar precisa saber que a vítima é outro militar também 
- A posterior exclusão do serviço ativo das forças armadas é irrelevante, afere a condição de militar no momento da conduta.
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
- Militar da ativa – dentro do quartel – contra qualquer pessoa, exceto militar da ativa; 
Lugar sujeito a administração militar – “quartel” - é aquele pertencente ao patrimônio das instituições militares ou que se encontra sob sua administração por disposição legal ou por ordem de autoridade competente – compreende bens imóveis e os móveis (veículo, embarcação, aeronave).
“Lugar sujeito a Administração militar “– julgados importantes: 
- Não abrange o interior de um domicílio situado dentro de uma vila militar – HC 58883-2 RJ – STF; 
- Abrange os espaços comuns das vilas militares;
 - Não abrange o interior do STM e das Auditorias Militares – CC 52174 DF – STJ 
- Não abrange instalações militares utilizadas para prática de clube social – HC 95471 MS – STF
C) por militar em serviço ou atuando em razão da função,em comissão de natureza militar; ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito á administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
Militar de serviço – fora do quartel – contra qualquer pessoa, exceto militar da ativa;
“ Militares em serviço “– julgados/informes importantes: 
- Abrange o desempenho de policiamento ostensivo dos militares das Forças Armadas auxiliando o serviço de segurança pública – Art. 15 da LC 97/1999;
- Não abrange situações em que militares estão realizando serviços particulares – CC 7120 PA STF; 
- Não abrange o militar que estava de serviço e abandona seu posto e pratica infração penal – HC 91658 RJ STF
- Abrange situação em que militar de serviço, em situação de prisão, em decorrência de perseguição, efetua prisão ainda que for a da área de responsabilidade do policmaneto na qual estava escalado – RHC 60278 SP STF; 
- Abrange serviço realizado por militar de natureza de policiamento civil – HC 82141 MS STF;
O delito será militar se o autor for militar e o acidente envolver viatura militar em serviço, seja vítima civil ou militar. Após a Lei 13491/2017, os crimes de lesão corporal culposa e homicídio culposo na direção de veículo automotor, previstos nos artigos 302 e 303 do CTB, passam a ser crimes militares por extensão, se o militar estiver atuando em razão da função.
O STJ afirmou a competência da JME, em caso de homicídio culposo praticado por militar estadual contra civil. No caso, o policial militar em horário de folga e à paisana, abordou veículo ocupado por 4 indivíduos que vinha trafegando em alta velocidade e derrapando pneus, colocando em risco a segurança das pessoas que transitavam pela via. Após se identificar como policial militar, solicitou que todos os ocupantes saíssem do automóvel e, ato contínuo, empunhando sua arma de fogo particular carregada na mão direita , tentou tirar a chave da ignição com a mão esquerda. No entanto foi impedido pelo condutor embriagado e após um rápido embate com o réu, teria acidentalmente esbarrado na arma, causando inesperado disparo. (CC 152341/MG).
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
- Militar em treinamento – fora do quartel – contra qualquer pessoa, exceto militares da ativa;
- Manobras – adestramento da tropa no campo; 
- Exercício – adestramento da tropa; 
Militar em exercício ou em manobra também é militar em serviço
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra patrimônio sob administração militar, ou ordem administrativa militar; 
- Militar da ativa contra patrimônio sob administração militar; 
Com a edição da lei 13491/2017, alguns delitos não previstos no CPM, praticados por militar contra a administração, passaram a ser considerados crimes militares por extensão como por exemplo, a inserção de dados falsos em sistemas informatizados (art. 313-A, CP), crimes de licitações, dentre outros.
“Patrimônio sob administração militar”– julgados/informes importantes: 
- Não abrange os objetos no interior de um domicílio dentro de uma vila militar – Doutrina; 
- Abrange o fundo de saúde da instituição militar – CC 48014 RS – STJ; 
- Abrange os recursos advindos para Capelania Militar – RHC 96814 PA – STF; 
- Abrange os recursos advindos de pensão militar – HC 84735 PR
Art. 9° CPM – Consideram-se crimes militares em tempo de paz: 
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
A alteração inserida pela Lei 13491/2017 também alcança o inciso III, devendo ser elencados como crimes militares por extensão. 
Todas as hipóteses de caracterização referem-se contra as instituições militares tendo sempre como sujeito ativo pessoas que não seja militar da ativa.
Para efeito de definir o crime militar, equipara-se o militar da reserva e o reformado ao civil. 
O inciso III somente se aplica na esfera da JMU, uma vez que a JME somente julga militares dos Estados conforme dispositivo constitucional.
Art. 124 da CF - À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Art. 125, § 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
Orientação consolidada do STF – o cometimento de crime militar por agente civil em tempo de paz se dá em caráter excepcional, traduzindo em ofensa àqueles bens jurídicos tipicamente associados à função de natureza militar: defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais, da Lei e da Ordem. ( STF – HC 86216/NG. Rel. Min. CARLOS BRITO. Primeira Turma. Publicação 24/10/2008).
Alteração da LOJMU pela 13774/2018 – competência monocrática do juiz togado 
Art. 30 da LOJMU - Compete ao juiz federal da Justiça Militar, monocraticamente: 
(...) 
I-B - processar e julgar civis nos casos previstos nos incisos I e III do art. 9º do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), e militares, quando estes forem acusados juntamente com aqueles no mesmo processo.
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar 
- Vide julgados da expressão – “patrimônio sob administração militar” 
- Se o objeto do delito é patrimônio sob a administração militar – armamento que pertenceu à polícia civil e que se encontrava sob custódia do exército para fins de destruição – o crime é de natureza militar. ( HC 119581, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, 07-05- 2014)
COMPETÊNCIA – CRIME MILITAR – PENSÃO – ESTELIONATO – ADMINISTRAÇÃO MILITAR. Cumpre à Justiça Militar julgar processo crime em que versado estelionato, sendo o objeto protegido a administração militar. ( STF – HC 119268, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 07/03/2017).
O falso testemunho praticado por militar reformado em auditoria militar ( que é órgão do Poder Judiciário Federal ) caracteriza crime comum, de competência da Justiça Federal. ( STJ – CC 55432 – Terceira Seção).
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
- Civil ou Militar da inatividade, dentro do quartel contra Militar da ativa ou Funcionário Público do MPM ou da JM no exercício da função.
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
- Civil ou Militar da inatividade, fora do quartel, contra Militar em treinamento;
- acampamento – treinamento de militar no campo, onde os militares pernoitam em barracas;
- acantonamento – treinamento de militar no campo, onde os militares pernoitam em alojamentos;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.” 
- Civil ou Militar na inatividade, for a do quartel, contra militar em serviço de natureza militar; 
- Exemplos: Contra militares do GSI e no Pan Americano; 
- As duas turmas do STF pacificaram a natureza militar da conduta praticada do civil contra militar que se encontra em policiamento ostensivo em virtude de processo de ocupação e pacificação.
Art. 9°§ 1 o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 
§ 2 o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadascontra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: 
a) Lei n o 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei n o 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar;e 
d) Lei n o 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
- Se o autor do crime for um civil, preenchendo uma hipótese do artigo 9° do CPM, sendo vítima civil – crime será militar – HC 91003 BA – STF; 
- Durante o tribunal do júri, se houver desclassificação para crime que não seja doloso contra vida – será crime militar – RHC 80718 RS STF.
NOÇÃO SOBRE CRIME MILITAR EM TEMPO DE GUERRA
Tempo de guerra 
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das hostilidades. 
Inicia – com a declaração ou reconhecimento do estado de guerra; 
Termina – com a ordenação da cessação das hostilidades. Não é com a declaração do estado de paz.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
(...) 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; 
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; 
- A única hipótese legitimada pela CF; 
- O estado de guerra pode ocorrer independentemente da declaração formal de guerra – desde que evidenciado atos de guerra – um Estado contra o outro através de sua força armada.
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: 
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo; 
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado.
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
 Os crimes especialmente previstos no CPM para o tempo de guerra estão elencados no Livro II da Parte Especial, a partir do artigo 355 em diante. 
Traição 
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
São os crimes previstos no Livro I da Parte Especial, a partir do artigo 136, agregando a circunstância temporal – praticado em tempo de guerra. 
Crimes praticados em tempo de guerra 
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço.
Deserção 
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Art. 391. Praticar crime de deserção definido no Capítulo II, do Título III, do Livro I, da Parte Especial: Pena - a cominada ao mesmo crime, com aumento da metade, se o fato não constitui crime mais grave.
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo.
No inciso III é importante perceber que trata de crimes impropriamente militares, todavia somente será crime militar em tempo de guerra se o delito ocorrer em: 
- Território nacional ou estrangeiro, militarmente ocupado; ou 
- Em qualquer lugar, se comprometer a preparação, eficiência ou as operações militares ou, de qualquer forma, atentar contra segurança externa do país ou por expor a perigo.
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado. 
Crime praticado em presença do inimigo 
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em zona de efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.
No inciso IV pode se concluir que mesmo um crime comum, não previsto no CPM, praticado por um civil, pode ser classificado como crime militar em tempo de guerra se ocorrer na presença do inimigo, ou seja, em zona de efetivas operações militares. 
A majorante do artigo 20 não abrange apenas o inciso I, os demais são abrangidos.
Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em prejuízo de país em guerra contra país inimigo do Brasil: 
I - se o crime é praticado por brasileiro; 
II - se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro, militarmente ocupado por força brasileira, qualquer que seja o agente. 
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil. 
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
O CPM – Decreto-Lei n. 1001, 21 de outubro de 1969 
Princípio da Especialidade 
LEX SPECIALIS DEROGAT LEX GENERALI 
LEI ESPECIAL DERROGA LEI GERAL
Princípio de legalidade 
Art. 1o CPM - Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal. 
- Lei Complementar ou Lei Ordinária; 
- Medida Provisória??? EC n° 32/2001 – art. 62, pár. 1° , inciso I, “b”; 
- Âmbito nacional; 
DPM = DP
Lei supressiva de incriminação 
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. 
Retroatividade de lei mais benigna 
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível 
Apuração da maior benignidade 
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
Lei supressiva de incriminação 
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. 
Abolitio criminis Efeitos: 
- liberdade;
- Primariedade; 
- Não cessa a obrigação cível (se já houver o trânsito em julgado da sentença condenatória – títuloexecutivo judicial já constituído);
Retroatividade de lei mais benigna - Lex Mitior ou Novatio legis in mellius 
Art. 2° , § 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
A lei penal nova somente alcança o fato ocorrido antes da vigência se for uma lei melhor, mais benéfica. 
Art. 5° , inciso XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
Súmula 611 do STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
No âmbito da Justiça Militar da União compete ao Juiz Auditor (juiz togado) a execução das penas cumpridas em presídios militares. 
Na JME – juiz da Vara de Execuções Penais – par. Único do art. 2 da LEP e súmula 192 do STJ.
Apuração da maior benignidade 
Art. 2° , § 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. 
A lei melhor é aquela que atenua a resposta penal, reduzindo o tempo de encarceramento ou a quantidade de pena. 
A aferição da benignidade da lei nova deve ser feita no caso concreto.
Apuração da maior benignidade 
Não é possível a combinação de elementos benéficos de leis distintas, uma vez que assim o juiz estaria criando uma terceira lei (lex tertia). 
“(...) A aplicação do CPM apenas na parte que interessa ao paciente (...) representaria a criação de uma norma híbrida, em parte composta pelo CPM e, em outra parte, pelo código penal comum. Isto, evidentemente, violaria o princípio da reserva legal ou o princípio da separação dos poderes.” STF HC 86459/RJ. Rel.: Min. JOAQUIM BARBOSA – Segunda Turma. Publicação DJ 02- 02-2007. 
Processo envolvendo aplicação da lei de crime hediondos na esfera militar.
Medidas de segurança
 Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. 
Segundo o CPM prevalece a lei vigente no tempo da execução, se diversa da lei ao tempo da sentença.
Todavia, deve ser analisado que uma lei penal posterior somente se aplica aos fatos anteriores a sua vigência se trouxer algum benefício ao réu – inciso XL do art. 5° da CF.
Lei excepcional ou temporária 
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Lei temporária – início e término certo; 
Lei excepcional – início certo e término eventual; 
Se um agente praticar um crime militar durante a vigência de uma lei temporária ou excepcional, mas somente vem a ser julgado em momento posterior à sua revogação, já em período de normalidade, deve submeter-se àquela norma, ainda que mais gravosa – lei ultra-ativa. 
DPM=DP
Tempo do Crime Militar 
Art. 5° do CPM - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
- Teoria adotada – teoria da atividade 
- Tempo do CM – tempo da ação ou omissão
Não esquecer da Súmula 711 do STF que também se aplica para os crimes militares: 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
DPM = DP
Lugar do Crime Militar 
Art. 6°- Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida. 
- crimes comissivos: teoria da ubiquidade 
- crimes omissivos: teoria da atividade
Territorialidade, Extraterritorialidade 
Art. 7º do CPM Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
Art. 5º do CPB - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
- No Direito Penal 
Regra: territorialidade; 
Exceção: extraterritorialidade. 
- No Direito Penal Militar 
Regra: territorialidade temperada (sem prejuízo as convenções internacionais) e a extraterritorialidade irrestrita (incondicionada).
DPM ≠ DP
RESUMO - Aplica-se a Lei Penal Militar brasileira quando o Crime militar ocorrer dentro ou fora do território nacional. 
- Se Militar Federal cometer crime militar fora do Brasil – art. 91 CPPM – foro da capital da União 
Art. 91 do CPPM - Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte.
- Se PM/BM cometer crime militar fora do Brasil – aplica-se a Sumula 78 STJ – juízo militar do seu Estado de origem do militar estadual/distrital. 
Compete a Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa. (Súmula 78, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/1993, DJ 16/06/1993).
Território – é o âmbito espacial sujeito ao poder soberano do Estado evidenciado no território efetivo que corresponde à superfície terrestre, águas territoriais e ao espaço aéreo correspondente. 
O mar territorial estende-se por 12 milhas da costa, não se confundindo com a zona econômica exclusiva que é de 200 milhas.
Art. 7°§ 1° - Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada. 
Art. 7° § 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando militar.
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros 
Art. 7°§ 2° - É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares. 
Requisitos para aplicação da lei penal militar brasileira: 
- Crime ocorrer no interior de aeronave ou navio estrangeiro; 
- Localizado no quartel; e 
- Crime atentatório as instituições militares.
Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela e computada, quando idênticas. 
- Aplica-se a Detração penal – desconto da pena cumprida provisoriamente ou no estrangeiro; 
- Aplicação do princípio non bis in idem - Existência de 02 ações judiciais em searas diferentes pela prática de fatos distintos – não é bis in idem – RE CC 91016 MT – STJ 
DPM = DP
- Aplicação do princípio non bis in idem - Existência de 02 ações judiciais em searas diferentes pela prática de fatos distintos – não é bis in idem 
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ACIDENTE AÉREO. ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE TRANSPORTE AÉREO. INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUÇÃO E HOMICÍDIO CULPOSO.DELITOS PRATICADOS POR MILITARES, CONTROLADORES DE VÔO. CRIMES DE NATUREZA MILITAR E COMUM. DESMEMBRAMENTO. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. 1. Não ofende o princípio do ne bis in idem o fato dos controladores de vôo estarem respondendo a processo na Justiça Militar e na Justiça comum pelo mesmo fato da vida, qual seja o acidente aéreo que ocasionou a queda do Boeing 737/800 da Gol Linhas Aéreas no Município de Peixoto de Azevedo, no Estado do Mato Grosso, com a morte de todos os seus ocupantes, uma vez que as imputações são distintas. 2. Solução que se encontra, mutatis mutandis, no enunciado da Súmula 90/STJ: "Compete à Justiça Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele". 3. Conflito não conhecido. (STJ – CC 91016/MT – Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI – Terceira Seção).
INSTITUTOS DO CRIME MILITAR 
ITER CRIMINIS 
- Cogitação (cogitatio) 
– atos mentais; - Preparação (conatus remotus) 
– atos preparatórios para a realização do delito; regra que não são puníveis; todavia em algumas situações o legislador do CPM quis punir de forma autônoma condutas que podem ser consideradas atos preparatórios – ex: crime de conspiração – art. 152; 
- Execução (conatus proximus) – quando o agente ingressa nos atos executórios. 
- Consumação (summatum opus) – quando se reúne todos os elementos definidos na lei; 
- Exaurimento – é a fase posterior à consumação do delito; 
Ato executório – é o comportamento descrito no tipo penal objetivo – CPM adotou a teoria objetivo-formal; 
Conspiração 
Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149: Pena - reclusão, de três a cinco anos. 
Motim 
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: 
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; 
II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; 
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.
Tentativa 
Art. 30 – Inciso II CPM - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
- Na tentativa “EU QUERO MAS NAO POSSO” 
- Tentativa perfeita - todos os meios de execução foram realizados – crime falho 
- Tentativa imperfeita – nem todos os meios de execução foram realizados 
- Tentativa branca ou incruenta – não há ofensa ao bem jurídico tutelado 
- Tentativa vermelha ou cruenta – há ofensa ao bem jurídico tutelado
No Direito Penal – instituto e causa obrigatória de redução de pena 
No Direito Penal Militar – instituto facultativo de redução de pena – teoria objetiva temperada 
- Regra: teoria objetiva – diminui de um a 2 terços; 
- Exceção: teoria subjetiva - EXTRAORDINARIAMENTE pode ser aplicada a pena do crime consumado ao crime tentado.
Desistência voluntária 
Art. 31 CPM - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, responde pelos atos já praticados. 
- Desistência voluntária – inicia a execução mas, voluntariamente, não continua a atividade delitiva; 
A desistência não precisa ser espontânea; - Segundo o STF (HC 115215) – trata-se de causa pessoal de exclusão da punibilidade.
- Arrependimento eficaz – pratica todos os atos de execução, porém depois, voluntariamente, pratica atos que inviabiliza a consumação delitiva; 
Desistência voluntária – processo de execução ainda em curso; 
Arrependimento eficaz – processo de execução já encerrado. 
Nos institutos respondem pelos atos praticados.
DP=DPM
Arrependimento Posterior 
Art. 16 CPB - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça a pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denuncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
No DPM não há previsão deste instituto como causa obrigatória de redução de pena na Parte Geral. 
Na Parte Especial tem a diminuição de pena no crime de furto atenuado (art. 240,§2°)apropriação indébita (art. 250), estelionato (art. 253), receptação (art. 254, p. único) e dano (art. 260, p. único). - Peculato Culposo (art. 303, §4° do CPM).
DPM ≠ DP
Furto simples 
Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, até seis anos. 
Furto atenuado
 § 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal.
Peculato 
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de três a quinze anos. §
 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo. 
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendose da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de funcionário. 
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Crime impossível
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável. 
CPM adotou a teoria objetiva temperada – somente afasta a punibilidade da tentativa somente quando houver ineficácia absoluta do meio empregado ou absoluta impropriedade do objeto. 
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. (STJ Súmula 567, 3ª Seção).
O raciocínio da súmula pode ser aplicado em caso de furto praticado em detrimento de estabelecimento militar com monitoração por câmeras de vigilância. 
DPM=DP
Excludentes de Ilicitude
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento do dever legal; 
IV - em exercício regular de direito. 
Parágrafo único. Não ha igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desanimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
- Teoria da Ratio Cognoscendi – a tipicidade exerce uma função indiciária de ilicitude – verificada a ocorrência de um fato típico, há um juízo condicionado de ilicitude. 
Requisitos: 
- Objetivo – diz respeitoaos elementos objetivos constantes da norma permissiva; 
- Subjetivo – consciência e vontade de agir justificadamente, evidenciada pela relação de congruência entre a conduta do agente a norma que permite sua prática.
- O consentimento do ofendido – causa supralegal de exclusão de ilicitude – não se aplica na esfera penal militar – bens jurídicos são indisponíveis – ação penal pública. 
- O CPM apresenta um rol meramente enumerativo de excludentes de ilicitude – lista não pode ser exaustiva – não se trata de questão exclusiva da esfera penal, mas do ordenamento jurídico em geral.
LEGÍTIMA DEFESA 
- Possibilidade de reação direta do sujeito em defesa de um direito próprio ou de terceiro, em face da impossibilidade de intervenção tempestiva do Estado, que tem igualmente por fim que interesses dignos de tutelas não afetados. 
Requisitos: 
- Agressão injusta; 
- Atualidade ou iminência da agressão; 
- Defesa de direito próprio ou de terceiro;
 - Uso moderado dos meios necessários 
Os ofendículos – legítima defesa preordenada.
Exercício regular do direito 
O sujeito usufrui de uma faculdade conferida pelo ordenamento jurídico, desempenhando uma atividade ou realizando uma conduta autorizada. 
O agente tem que ter consciência e a vontade de agir de acordo com o direito.
Estrito cumprimento do dever legal 
Relacionado aos deveres de intervenção dos agentes públicos na esfera particular com o fito de garantir o cumprimento da lei. 
Dever legal – é aquele previsto em norma jurídica de caráter geral, penal extrapenal, incluindo normas jurídico- administrativas (decreto, portaria, regulamento). 
Tratando apenas de uma ordem, não de lei, pode haver exclusão da culpabilidade, pela obediência à ordem não manifestamente ilegal, mas não exclusão da ilicitude.
Excludente do Comandante ou Excludente Inominada 
Paragrafo único art. 42 CPM – Excludente do Comandante 
- O CMT, em situações extremas, 
- Pode compele os subalternos, 
- por meios violentos,
- Executar manobras urgentes, 
- para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desanimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque. 
Não há crime militar de violência contra inferior, art. 176 CPM, por parte do Comandante.
Estado de Necessidade
 - CPB – teoria unitária – EN apenas justificante; 
- CPM – teoria dualista – alemã/diferenciadora 
EN justificante – exclui ilicitude – não há crime militar – art. 43 
EN exculpante – exclui a culpabilidade – ha crime militar, mas não haverá pena – art. 39
Estado de Necessidade Justificante 
Art. 43 CPM - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, e consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo. 
- O bem jurídico sacrificado e inferior ao protegido
Estado de Necessidade Exculpante
 Art. 39. Não e igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem esta ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. 
- O bem jurídico sacrificado e igual ou superior ao protegido
EXCESSOS NAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO 
Excesso culposo 
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. 
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação. 
O agente que em qualquer causa de excludente, excede culposamente os limites da necessidade responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. 
Exemplo: após fazer cessar a injusta agressão, o agente dá continuidade à repulsa agressão, quando esta já não é mais necessária.
Excesso doloso 
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso.
Excesso decorrente de direito - acontece quando após iniciada a ação justificada, em virtude do erro de interpretação da lei quanto aos limites da causa de justificação, o sujeito acredita que pode prosseguir ainda albergado pela excludente do crime. 
O agente responde pelo resultado a título de dolo, sendo facultado ao juiz aplicação de atenuante.
Excesso exculpante ou escusável 
Trata-se de uma ocorrência de um excesso na reação defensiva que por suas peculiaridades não merece ser apenado. 
É necessário que as circunstâncias do caso concreto evidenciem que a perturbação psíquica retirou do sujeito a possibilidade de avaliar corretamente a intensidade de sua reação defensiva. 
No DP é uma causa supralegal, no CPM é causa legal de exclusão da culpabilidade do agente por inexigibilidade de conduta diversa.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Noção – é a capacidade que o agente de uma conduta proibida tem, na situação concreta, de apreender a ilicitude de seu comportamento. 
Não se trata de uma consciência técnico-jurídica ou formal – mas de uma consciência do injusto para um leigo – a imoralidade, antissocialidade ou lesividade de sua conduta.
O CPM abordou a consciência da ilicitude diferentemente do CPB; 
No CPM prevê o erro de direito no artigo 35. 
Adotou-se igual tratamento da ignorância da lei ao erro de interpretação da lei. 
No erro de direito, o sujeito ao praticar o fato, supõe lícito porque ignora a norma ou porque, apesar de conhece-la, interpreta-a de forma equivocada. 
Não se tem erro de proibição – ideia mais recente – se volta para questão da ilicitude.
Erro de direito
 Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.
 - No erro de proibição (CPB) – o agente supõe autorizada uma conduta que é proibida – faz um juízo equivocado daquilo que não lhe é permitido fazer em sociedade.
O CPM não isenta de pena o agente que supõe o fato por ignorância ou por erro de direito escusáveis. A pena pode ser atenuada ou substituída. 
Atenuada – artigo 73; 
Substituída – de reclusão para detenção. 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
No CPM não se pode alegar erro de direito em se tratando de crime que atente contra o dever militar, pois neste caso o agente tem a obrigação de conhecer a norma militar e interpretá-la corretamente. 
O militar deve conhecer seu dever. 
Os crimes contra o dever militar estão previstos entre os artigos 187 a 204 do CPM: insubmissão, deserção, abandono de posto.
Erro de fato 
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima. 
No erro de fato, o sujeito equivoca-se quanto algum elemento retrito ao plano fático, pois, ao praticar o crime, supõe a inexistência de circunstância de fato que o constitui. 
Exemplo: o agente toma para si mochila de um colega de farda, por idêntica à sua.
No CPM prevê o erro de fato e no CPB tem o erro de tipo. 
Art. 20 CPB - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Sendo o erro de fato invencível ou plenamente escusável (o agente não tinha como evita-lo, nas circunstâncias em que se encontrava, mesmo tomando todas as cautelas necessárias), o agente é isento de pena. No CPB o erro de tipo exclui o dolo.
Se o erro de fato é vencível ou inescusável ( se o agente tivesse atuado com a diligência exigida, teria evitado o erro), poderá ser punido a título de culpa, se houver previsão legal de modalidade culposa. No CPB também é a puniçãoa título de culpa. 
No CPM, também é previsto o erro sobre descriminante putativa (supõe a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima), conferindo o mesmo regramento do erro de fato sobre elemento constitutivo do tipo. 
Exemplo: um soldado de serviço de sentinela, acreditando tratar-se de uma invasão ao quartel, mata um civil que, fugindo de um assalto, corre em direção à área militar para buscar um abrigo.
Erro determinado por terceiro 
2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso. 
Se um terceiro determina o erro dolosamente, deve verificar se o agente incidiu em erro escusável ou inescusável. 
- Se escusável – isento de pena; 
Exemplo: um oficial médico ordena ao enfermeiro que inejte determinado remédio no paciente, o que é feito de imediato. O paciente vem a falecer, pois tratava de um poderoso veneno.
Se um terceiro determina o erro dolosamente, deve verificar se o agente incidiu em erro escusável ou inescusável. 
- Se inescusável – responde a título de culpa. 
Exemplo: um soldado desafia um colega míope mostrar sua boa pontaria disparando sua arma em direção a um tronco postado à distância. O soldado míope e irrefletido dispara e acerta o tronco, que na verdade era outro militar, o qual vem a falecer em virtude do ferimento. O soldado que determinou o erro responde por homicídio doloso e o soldado míope – homicídio culposo.
Se um terceiro determina o erro culposamente, responde a título de culpa, sem prejuízo de se verificar se o agente incorreu em erro escusável (isento de pena) ou inescusável (culpa imprópria).
Erros acidentais 
Neste erro não há isenção de pena, pois não faz o agente julgar lícita a ação criminosa. O sujeito atua dolosamente e com consciência da ilicitude de seu comportamento, mas apenas se equivoca quanto a um elemento não essencial do tipo ou erra no seu movimento de execução atingindo pessoa ou bem jurídico diverso. 
Art. 37. Quando o agente, por êrro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena. 
§ 1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. 
§ 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79.
O CPM prevê 3 modalidades de erro: 
- Erro na identificação da pessoa (error in personam); 
- Erro na execução (aberratio ictus); e 
- Erro quanto ao bem jurídico(aberratio criminis).
- Erro na identificação da pessoa (error in personam); 
O agente por erro de percepção, atinge uma pessoa em vez de outra e, portanto, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. A execução foi correta, mas o agente tem uma falha de percepção na identificação da vítima.
 Exemplo: Um soldado pretendendo praticar violência contra superior hierárquico, esconde-se numa trilha pouco iluminada para surpreende-lo, mas confunde-se e golpeia outro soldado. 
Vale também para o erro sobre o objeto.
- Erro na execução (aberratio ictus); 
O agente, por erro no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra. A expressão aberratio ictus pode ser traduzida por desvio no golpe. 
Trata-se também de erro de pessoa para pessoa, todavia não por erro de percepção, mas por erro na execução ou por outro acidente. 
Exemplo: Um soldado pretendendo matar um colega, dispara sua arma, vindo a acertar outro militar que passava pelo mesmo local naquele momento. 
- Erro quanto ao bem jurídico(aberratio criminis) 
Ocorre quando, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, que responderá por culpa, se houver previsão legal. 
O sujeito arremessa uma pedra a fim de danificar um vidro do alojamento de praças, mas erra o alvo e acaba atingindo um militar que transitava pela alameda do quartel. Não responde pela tentativa de dano, mas pela lesão culposa. 
TANTO NO ERRO NA EXECUÇÃO QUANTO NO ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO, SE HOUVER DUPLICIDADE DO RESULTADO, APLICA-SE A REGRA DO CONCURSO FORMAL – art. 79.
TANTO NO ERRO NA EXECUÇÃO QUANTO NO ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO, SE HOUVER DUPLICIDADE DO RESULTADO, APLICA-SE A REGRA DO CONCURSO FORMAL – art. 79. 
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única e a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Noção – é a possibilidade, determinada pelo ordenamento jurídico, de atuar de uma forma distinta e melhor do que aquela a que o sujeito se decidiu. 
Na inexigibilidade de conduta diversa, há uma impossibilidade de determinar-se conforme o Direito, em que pese estar presente a consciência da ilicitude. 
O CPM prevê: a coação irresistível, obediência hierárquica, estado de necessidade exculpante e o excesso escusável.
Coação irresistível 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade 
Na coação moral irresistível, o comportamento é voluntário, mas a vontade é viciada, já que o agente não pode determinar-se livremente. A irresistibilidade da coação é aferida pela gravidade do mal prenunciado, conforme o poder do coator em cumpri-lo.
A ameaça de mal pode ser dirigida ao próprio coagido ou a alguém a ele relacionado. 
Exemplo: um soldado é obrigado a subtrair munição do quartel, caso contrário, seu que está em poder traficantes, será morto.
- Coação moral irresistível – vis compulsiva – exclui a culpabilidade;
- Coação física irresistível- vis absoluta – exclui a tipicidade. 
Na coação irresistível não se exige que o coagido se oponha para atuar conforme o Direito. Somente é punido o autor da coação. O coagido é mero instrumento. 
Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação moral irresistível. Exigência que os militares suportem as mais diversas pressões para assegurar o cumprimento do dever militar.
Se a coação for física, não há conduta, por ausência de vontade; e assim, mesmo em crimes contra o dever militar, o sujeito não pode ser responsabilizado, daí a ressalva da parte final do artigo 40 do CPM. 
Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível senão quando física ou material.
Percebe-se que, se era possível resistir à coação, o juiz tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um têrço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
Obediência hierárquica 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: 
(...) 
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. 
1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. 
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.
O dever de obediência do subordinado nasce de um mandato vinculante. Do subordinado que executaum mandato vinculante não é exigível conduta diversa. 
Para que seja não seja culpável, é necessário que o executor seja subordinado hierarquicamente àquele que deu diretamente a ordem e além disso, deve tratar-se de ordem vinculada à matéria de serviços e não manifestamente criminosa. 
Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, é punível também o inferior.
A ordem legal deve ser cumprida, caso contrário responde pelo crime militar de recusa de obediência, artigo 163 do CPM 
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
(...) Por outro lado, tenho para mim que a obediência reflete um dos grandes deveres do militar, não cabendo ao subalterno recusar a obediência devida ao superior, sobretudo levando-se em conta os primados da hierarquia e da disciplina. Ademais, inviável delimitar, de forma peremptória, o que seria, dentro da organização militar, ordem legal, ilegal ou manifestamente ilegal, uma vez que não há rol taxativo a determinar as diversas atividades inerentes à função policial militar. (...) (HC 101.564, STF, Segunda Turma, Rel. Min. GILMAR MENDES)
O subordinado somente será responsabilizado se tem condições de perceber que a ordem constitui um ato ilícito, diante das circunstâncias por ele conhecidas. 
Quando o subordinado não se dá conta da ilegalidade da ordem, mas está em condições de fazê-lo, não será abarcado por essa inculpabilidade, desde que presentes indícios suficientes que lhe permitam suspeitar da ilicitude do mandato.
Havendo fundada dúvida quanto à legalidade da ordem ( não era manifestamente ilegal, mas era possível ao subalterno perceber algo de errado no comando recebido), o juiz tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.
O executor da ordem deve ater-se estritamente aos limites dessa. Se o agente extrapola esses limites, não pode ser beneficiado com a causa de exclusão da culpabilidade, respondendo pelo excesso tanto nos atos quanto na forma de execução. 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: 
(...) 
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. 
(...) 
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.
CULPABILIDADE E IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR
A teoria do crime do CPM está estruturada sob a influência da Teoria Neoclássica, a conduta deixou de ter uma concepção puramente naturalística e passou a admitir um sentido normativo – permite ter crimes omissivos, culposos e da tentativa. 
A teoria psicológico-normativa ou complexa foi a adotada pelo CPM para culpabilidade, assim ela passa a ser vista como um juízo de desaprovação jurídica que recai sobre o autor do fato típico e antijurídico.
Noção - é a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade por algum fato. 
A Imputabilidade penal desdobra-se nos aspectos cognoscitivo (intelectivo) e volitivo (determinação da vontade).
Hipóteses de Inimputabilidade previstas no CPM: 
- Distúrbios mentais; 
- Embriaguez; e 
- Menoridade. 
O CPM NÃO ADOTA O CRITÉRIO PURAMENTE PSICOLÓGICO. Portanto, a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal, salvo quando patológicos ( art. 48 CPM)
Classificação do agente em face da Imputabilidade penal militar: 
- Imputável – alguém que pode ser imputada uma pena; 
- Inimputável – alguém que não pode ser imputada uma pena; pode ser submetido a medida de segurança; 
Semi-imputável – alguém poderá ser imputada uma pena reduzida.
Inimputáveis 
Art. 48 CPM. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
Quantum da agravação ou atenuação 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
1- Distúrbios Mentais
 Neste ponto a imputabilidade se caracteriza pela combinação de dois elementos: presença de anomalias mentais e completa incapacidade de entendimento e determinação. 
“O CPM, da mesma forma que o CP, adotou o critério biopsicológico para análise da inimputabilidade do acusado.”(HC 101.930, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, julgamento em 27-04-2010, Primeira Turma, DjE de 14- 05-2010)
O CPM adotou o critério – Biopsicológico – afere-se a condição biológica e psicológica – para imputabilidade penal militar. 
No art. 48 previsão de isenção de pena, necessidade de 02 requisitos: 
1°) Doença mental, desenvolvimento mental retardado ou incompleto; e 
2°) Que ao tempo da ação ou omissão tenha retirado do individuo toda capacidade de entendimento e autodeterminação. 
O CPM adota o sistema vicariante em caso de inimputabilidade penal pelos distúrbios mentias, devendo o juiz aplicar medidas de segurança em lugar de pena, sendo-lhe vedada a imposição simultânea ou concorrente das duas respostas penais.
Redução facultativa da pena 
Paragrafo único art. 48 CPM. Se a doença ou a eficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113. 
Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do art. 48 e necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro.
Art. 26 Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
No paragrafo único do art. 48, está previsto a figura do semi-imputável: 
- No DP – paragrafo único do art. 26 CPB – pena poderá ser reduzida 1 a 2 terços; 
- No DPM – paragrafo único do art. 48 CPM – pena poderá ser reduzida – de um terço a um quinto, conforme o art. 73 do CPM. 
O Código Penal confere tratamento mais benéfico ao semi-imputável, ao permitir pena entre um a dois terços. 
DP ≠ DPM
2- EMBRIAGUEZ 
Art. 49 CPM – Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou forca maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Paragrafo único art. 49 CPM - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez proveniente de caso fortuito ou forca maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinarse de acordo com esse entendimento.
Conceito: embriaguez e uma intoxicação aguda e passageira provocada pelo álcool ou por substancia de efeitos análogos. 
- Completa – não tem discernimento; 
- Incompleta – discernimento parcial; 
O CPM igualmente ao CPB adota a teoria da actio libera in causa, segundo a qual é imputável o agente que, embriagado, é causador, por ação ou omissão, de um resultado punível, desde que se tenha colocado naquele estado de embriaguez de forma voluntária ou culposa.
A aferição da imputabilidade é transferida para o momento anterior ao do estado de embriaguez e não no momento da prática delitiva. 
Pedagogicamente,os tipos da embriaguez são: 
- 1) A embriaguez culposa - inobservância do dever de cuidado - o agente será imputável - terá sua pena normalmente. 
- 2) Embriaguez dolosa - o agente quer se embriagar; o agente será imputável - terá pena normalmente; 
- 3) Embriaguez pré-ordenada - o agente quer se embriagar para “criar coragem” - terá pena com circunstancia agravante – art. 70, II, CPM;
- 4) Embriaguez patológica - advém de uma doença, e embriaguez crônica – equipara-se a um doente; 
Art. 113, § 3º - À idêntica internação para fim curativo, sob as mesmas normas, ficam sujeitos os condenados reconhecidos como ébrios habituais ou toxicômanos. 
- 5) Embriaguez acidental - por fatores externos, o agente acaba embriagado.
- Art. 49 CPM – se a embriaguez for completa, acidental derivada de caso fortuito e forca maior – isento de pena. –
 Paragrafo único do Art. 49 CPM – se a embriaguez for incompleta, acidental derivada de caso fortuito e forca maior – pena reduzida de 01 a 2/terços.
O CPM trata a embriaguez não acidental do militar sempre como circunstâncias agravante (art. 70, II, “c”). Se o agente for civil, a pena será agravada somente no caso de embriaguez preordenada. 
Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes ou qualificativas do crime: 
(...) 
II - ter o agente cometido o crime: 
(...) 
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano ou força maior; 
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo no caso de embriaguez preordenada, (...) , só agravam o crime quando praticado por militar.
3- Menoridade
Art. 50 CPM . O menor de dezoito anos e inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável e diminuída de um terço ate a metade.
Art. 51 CPM. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade: 
a) os militares; 
b) os convocados, os que se apresentam a incorporação e os que, dispensados temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento; 
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos. 
Art. 52 CPM. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos as medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em legislação especial. 
Art. 228 CF. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos as normas da legislação especial. 
A Constituição adota a presunção absoluta do menor de 18 anos. 
O legislador constituinte acolheu o critério biológico. 
MENOR NÃO COMETE CRIME COMUM E NEM CRIME MILITAR!!!
 - Dispositivos do CPM não foram recepcionados pela CF; 
- Casos das Academias de Formação – os alunos são militares 
- ECA - Ato infracional;
- Medida socio-educativa; 
Alunos das Escolas de Formação – ainda que menores de idade – são militares 
ALUNO MATRICULADO EM ORGAO DE FORMACAO DE MILITARES DA ATIVA E DA RESERVA (ESCOLA DE ESPECIALISTAS DA AERONATICA, NO CASO) – QUALIFICACAO JURIDICA COMO MILITAR EM SITUACAO DE ATIVIDADE – ESTATUTO DOS MILITARES – PRACA ESPECIAL – SUJEITO ATIVO DE CRIME MILITAR – RECONHECIMENTO DA COMPETENCIA PENAL DA JUSTICA MILITAR – RECURSO IMPROVIDO. (STF RO 80.122-6 SP) IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR 3- Menoridade 
Art. 103 do ECA - Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. 
Art. 104 do ECA - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. 
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato. 
Menor pode cometer ato infracional análogo a crime militar? Não
CONCURSO DE PESSOAS NO CODIGO PENAL MILITAR
Art. 53 CPM . Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas. 
Condições ou circunstâncias pessoais
 §1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
Agravação de pena 
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente que: 
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
II - coage outrem à execução material do crime; 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nêle participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
Atenuação de pena 
§ 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância. 
Cabeças 
§4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. 
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.
Classificação dos crimes:
 - Crimes Monossubjetivos ou unissubjetivos – quando apenas um agente consegue consumar o crime militar; ex: homicídio; 
- Crimes Plurissubjetivos ou autoria coletiva necessária ou de concurso necessário- quando é necessário para o cometimento do delito mais de 01 agente; ex: motim;
Motim 
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: 
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; 
II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; 
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer dêles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um têrço para os cabeças.
Homicídio simples 
Art. 205. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos
Teoria adotada pelo CPM – teoria Monística ou Monista ou Unitária ou igualitária 
Segundo esta teoria o crime é uno e indivisível e mantém essa unidade em razão da convergência objetiva e subjetiva das ações dos diversos concorrentes. 
O CPM adotou a teoria monista temperada já que estabeleceu algumas exceções como por exemplo a participação de menor importância. 
Atenuação de pena
Art. 53 § 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância.
O CPM adotou o princípio da individualização da pena: 
Condições ou circunstâncias pessoais 
Art. 53 § 1º - A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. 
Requisitos do Concurso de agentes:
 - Pluralidade de agentes/condutas; 
- Relevância causal de cada conduta; 
- Unidade de desígnios – LIAME SUBJETIVO; 
- Identidade da infração penal castrense.
Funções no concurso de agentes:
- Autor – teoria objetivo formal – adotada pelo CPM – quem realiza a figura típica; 
- Partícipe – para teoria objetivo-formal - é aquele que comete ações fora do tipo, limitando-se a instigar, induzir ou auxiliar o autor. 
Para punibilidade da participação, o CPM adotou a teoria da acessoriedade mínima – a conduta do autor basta ser típica e ilícita para que o partícipe seja responsabilizado.
Art. 53 § 1º - (...) Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
Causa Pessoal somente se comunicam se elementar do tipo penal castrense: 
- Militar com um civil cometendo o crime de peculato no quartel; 
- Militar do Exército com um civil cometendo o crime de peculato no quartel do Exército; 
- Militar da PM com umcivil cometendo o crime de peculato no quartel da PM.
De acordo com o Supremo Tribunal Federal civil pode cometer crime propriamente militar desde que em coautoria com um militar: 
“embora não exista hierarquia entre um sargento e um funcionário civil da Marinha, a qualidade de superior hierárquico daquele em relação a vítima, um soldado, se estende ao civil porque, no caso, elementar do crime. Aplicação da teoria monista”. (HC 81438/RJ. Segunda Turma. Publicação 10-05-2002) 
Atenção1: A doutrina mais tradicional orienta pela impossibilidade de coautoria entre militar e civil no crime propriamente militar 
Atenção2 : os crimes de motim e revolta não admite a coautoria com civis, segundo entendimento pacífico dos tribunais superiores e da doutrina dominante.
Impunibilidade na Participação 
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
Trata-se de uma causa de atipicidade 
Como a participação tem caráter meramente acessório, sua punição sempre dependerá da conduta do autor. Segundo o Princípio da Executividade, é necessário que o autor, ao menos, inicie os atos executórios.
A figura do CABEÇA 
Art. 53§ 4º - Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. 
Art. 53 § 5º - Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.
Requisitos para caracterização do instituto do cabeça: 
- Crimes sem a presença de oficial ou praça em função de oficial Tem que ser crime de concurso necessário - o cabeça é o líder . 
- Crimes com a presença de oficial ou praça em função de oficial Pode ser qualquer crime militar - os oficiais e/ou as praças em função de oficial são cabeças automaticamente;
O Cabeça tem a pena aumentada; 
Não há o instituto do Cabeça no CPB.
PENAS PRINCIPAIS E PENAS ACESSÓRIAS
Noção - Pena é uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal militar, ao autor de uma infração penal militar como retribuição ao cometimento do ilícito castrense. 
Fundamentos da pena: 
- Preventivo e Exemplificativo 
- Retributivo
No CPM há uma divisão das penas em: 
- Penas Principais – estão no tipo penal; são 07 penas principais; 
- Penas Acessórias – complementam o Jus Puniendi; são 08 penas acessórias; 
Pode ocorrer mais de 01 pena acessória, porém somente 01 pena principal; 
No CPM não há previsão da pena de multa.
Substituição de pena: A substituição da pena privativa de liberdade prevista no artigo 44 do Código Penal não é aplicável aos crimes militares. ( STF – HC 136718 AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, publicado em 17-02-2017). 
Não se aplica aos crimes militares a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, prevista no artigo 44 do Código Penal, pois o artigo 59 do CPM disciplinou de modo diverso as hipóteses de substituição cabíveis sob sua égide. ( STF – HC 94083, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, Dje 12/03/2010).
Não cabe substituir por pena restritiva de direito, com fundamento no artigo 44 do CP, a pena privativa de liberdade aplicada aos crimes militares, isso porque o art. 59 do CPM disciplinou de modo diverso as hipóteses de substituição cabíveis sob sua égide. ( STJ – HC 286.802/RJ, Rel. Min. FELIZ FISCHER, julgado em 23/10/2014 – Informativo n. 551).
Progressão de regime de cumprimento de pena: 
- De acordo com o CPM, as penas privativas de liberdade aplicadas e executadas na esfera justiça militar devem ser cumpridas em regime fechado, não havendo progressão de regime; 
- O STF tem mitigado o rigor da legislação militar: 
Nos autos do RHC 92746, a Primeira Turma foi concedida a ordem para que um oficial cumprisse pena privativa de liberdade superior a 2 anos em regime aberto, no estabelecimento militar, sem que houvesse a decretação da perda do estado de militar.
A Segunda Turma concedeu parcialmente a ordem de habeas corpus para determinar ao juízo da execução penal que promova a avaliação das condições objetivas e subjetivas para progressão de regime prisional, na concreta situação do paciente, e que aplique, para tanto, o Código Penal e a Lei n. 7210/1984 (LEP) naquilo que for omissa a lei castrense. A Turma entendeu que os militares, indivíduos, não foram excluídos da garantia constitucional da individualização da pena sendo contrária ao texto constitucional a exigência do cumprimento de pena privativa de liberdade sob regime integralmente fechado em estabelecimento militar, seja pelo invovado fundamento da falta de previsão legal na lei especial, seja pela necessidade do resguardo da segurança ou do respeito à hierarquia e a disciplina no âmbito castrense. (STF – HC 104174, Rel. Min AYRES BRITTO)
Penas principais
1) PENA DE MORTE 
Art. 56 CPM. A pena de morte é executada por fuzilamento. 
Art. 57 CPM. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação. 
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.
- Pena privativa da vida; 
- Previsão constitucional: no inciso XLVII do art. 5º, da CF de 1988, e no inciso XIX do art.84 CF; 
- Somente ocorre em tempo de guerra; 
- Tipo de execução: fuzilamento; 
- Pode ser executada, após a comunicação ao Presidente da República, decorrido o prazo de 07 dias;
Art. 5° - Inciso XLVII - CF - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
Art. 84 CF. Compete privativamente ao Presidente da República: 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Somente pode ser executada imediatamente se: 
- o interesse da ordem e da disciplina exigir; 
- se a pena foi imposta em zona de operação de guerra. 
- Previsto nos crimes militares em tempo de guerra, tais como: traição, covardia, espionagem e outros. 
- O modo de execução - arts. 707 e 708 CPPM.
Art. 707 CPPM. O militar que tiver de ser fuzilado sairá da prisão com uniforme comum e sem insígnias, e terá os olhos vendados, salvo se o recusar, no momento em que tiver de receber as descargas. As vozes de fogo serão substituídas por sinais. 
§1º O civil ou assemelhado será executado nas mesmas condições, devendo deixar a prisão decentemente vestido.
Crime de Traição
 Art. 355 do CPM - Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil: 
Pena: morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo
2 e 3) PENA DE RECLUSÃO/PENA DE DETENÇÃO 
Mínimos e máximos genéricos 
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos. 
O CPM não faz distinção substancial entre as penas de reclusão e detenção. 
Os limites genéricos do art. 58 jamais podem ser ultrapassados.
2) PENA DE RECLUSÃO 
- pena privativa de liberdade; 
- varia de 01 a 30 anos; 
- ocorre em regra quando a pena é superior a 2 anos. 
3) PENA DE DETENÇÃO 
- pena privativa de liberdade; 
- varia de 30 dias a 10 anos; 
- ocorre em regra quando a pena é superior a 2 anos.
4) PENA DE PRISÃO 
Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional: 
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; 
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos.
- pena privativa de liberdade; 
- resulta da conversão daspenas de reclusão e detenção não superior a 2 anos; 
- Somente ocorre se a pena for aplicada a militar: 
- Se for um oficial, cumprirá a prisão em estabelecimento militar; 
- Se for praça, cumprirá pena em estabelecimento penal militar, ficando em separado dos outros presos.
5) PENA DE IMPEDIMENTO 
Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar.
- pena privativa de liberdade 
– o agente fica no quartel, todavia sem ser encarcerado; - cabível somente no crime de insubmissão; 
- varia de 3 meses a 1 ano; 
- Pena será cumprida em unidade militar sem prejuízo para a instrução.
6) PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO 
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena.
Caso de reserva, reforma ou aposentadoria 
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano.
- pena restritiva de direito; 
- Ocorre nos crimes, por exemplo, de inobservância da lei, regulamento ou instrução (art. 324), exercício de comércio por oficial (art. 204) e no crime de omissão de eficiência da força (art. 198); 
- tempo de cumprimento de pena – “tempo morto”;
- Se o condenado já estiver na reserva, será convertida a pena em pena de detenção de 03 meses a 01 ano; 
Omissão de eficiência da força 
Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de eficiência: Pena: suspensão do exercício do posto, de três meses a um ano.
7) PENA DE REFORMA 
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do soldo.
- pena restritiva de direito; 
- O militar sem estabilidade não se submete à esta pena, o que corresponderia um bônus. 
- sujeita o condenado a passagem para inatividade compulsoriamente; 
- sua remuneração não pode receber mais que um vinte cinco avos do soldo por ano de serviço, nem receber mais que um soldo.
OBSERVAÇÕES: 
1 – Militar que cometeu crime militar e teve pena superior a 2 anos, cumpre pena em penitenciária penal militar. Na falta de estabelecimento penal militar, cumprirá em estabelecimento penal comum com benefício da LEP. 
2 – Civil que cometeu crime militar cumpre pena em estabelecimento penal comum, salvo se a segurança nacional exigir e o crime for praticado em tempo de guerra.
PENAS ACESSÓRIAS 
1) PERDA DO POSTO E PATENTE 
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações.
Art. 99 do CPM - A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações. 
Art. 142, VI da CF - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra. 
Art. 125 § 4º da CF - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
- cabível para os oficiais da ativa; 
- somente será aplicada se a pena privativa de liberdade for superior a 2 anos. 
- pena prolatada, em processo específico por decisão do Tribunal: 
- Tribunal de Justiça ou Tribunal de Justiça Militar Estadual, se for o caso, para os oficiais PMs e BMs; 
- STM aos oficiais das Forças Armadas; 
- haverá perda das condecorações anteriormente recebidas pelos oficiais.
2) PENA DE DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO 
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
Pederastia ou outro ato de libidinagem 
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano
- Somente é cabível para os oficiais; 
- Trata-se de rol taxativo; 
- Não ocorrem em todos os crimes militares, alguns deles são: crime de traição, espionagem, desrespeito a símbolo nacional, pederastia ou outro ato de libidinagem, furto simples, roubo simples, extorsão simples, extorsão mediante sequestro; 
- O crime de estupro – art. 232, não é objeto desta pena acessória. 
- A aplicação desta pena não é automática.
3) PENA DE DECLARAÃO DE INCOMPATIBILIDADE PARA O OFICIALATO 
Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e 142. 
Entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil
Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas: Pena - reclusão, de quatro a oito anos
Tentativa contra soberania do Brasil 
Art. 142. Tentar: 
I - submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro; 
II - desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o território nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a sua soberania; 
III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional: 
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos, para os demais agentes.
- Somente é cabível para os oficiais; 
- Incompatibilidade é sinônimo de inconciliável; 
- Rol taxativo 
- somente se aplica a 2 crimes militares: 
- Entendimento para gerar conflito; ou - Divergência com o Brasil e tentativa contra a soberania do Brasil.
4) PENA DE EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS 
Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das forças armadas. 
Art. 125 § 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
- Somente é cabível para as praças da ativa; 
- A pena privativa de liberdade superior a 02 anos;
- Ocorre mediante decisão do TJ ou TJME, se for o caso, para as praças policiais militares e bombeiros militares, conforme previsão constitucional; 
- A exclusão deve constar expressamente na sentença.
5) PENA DE PERDA FUNÇÃO PÚBLICA 
Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil: 
I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública; 
II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais de dois anos. 
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, ou reformado, se estiver no exercício de função pública de qualquer natureza.
- Função pública ainda que eletiva; 
- Vale para civis e militares da inatividade que estejam ocupando função pública; 
- É necessário: 
- Condenação a pena privativa de liberdade superior a 2 anos; ou 
- Condenação por crime cometido com abuso de poder ou violaçãode dever inerente à função pública.
6) PENA DE INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA 
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública.
- é um plus da pena acessória anterior; 
- Requisitos: 
- Condenação a pena de reclusão superior a 4 anos; e 
- Crime tenha sido cometido com abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública. 
- O período de inabilitação varia de 2 a 20 anos.
7) PENA DE SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA 
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segurança imposta em substituição (art. 113). 
Art. 1.634 do CC - Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
- A pena deve ser privativa de liberdade superior a 2 anos; 
- Código Civil 2002 – poder familiar; 
- O juiz pode decretar a suspensão provisória do exercício do poder familiar ainda durante o processo.
7) PENA DE SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança ìmposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem ser votado.
- Enquanto o condenado cumpre pena privativa de liberdade, ele não pode votar e nem ser votado; 
- Independe do “quantum” da pena; 
- Enquanto o condenado cumpre pena de inabilitação para função pública, ele não pode votar e nem ser votado;
DOSIMETRIA DA PENA
Noção – Após a condenação de um indivíduo, o juiz deve dosar a pena que será imputada a ele – individualização da pena 
- O Sistema de dosimetria da pena no CPM e no CPB é o sistema TRIFÁSICO 
A pena será dosada em 3 fases: 
- Primeira fase – fixação da pena base – circunstâncias judiciais; 
- Segunda fase – pena intermediária – agravantes e atenuantes; e 
- Terceira fase – pena definitiva – causas de aumento e de diminuição de pena.
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime.
1) Primeira fase: Circunstâncias judiciais – art. 69 CPM: fixação da pena base – analisa as circunstâncias relativa ao fato (gravidade do crime, maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, meios empregados e o modo de execução, motivos determinantes e circunstâncias de tempo e lugar) e ao acusado (personalidade, intensidade do dolo ou grau da culpa, antecedentes e atitude de insensibilidade ou arrependimento). 
Súmula 444 STJ – É vedada a utilização de inquéritos e ações penais em curso para agravar a pena-base.
Se houver cominação alternativa de penas, o juiz deve escolher a pena a ser dosada– parágrafo primeiro do art. 69 CPM; 
Deve respeitar os limites cominados a pena em abstrato – parágrafo segundo do art. 69 CPM;
2) Segunda fase: pena intermediária – circunstâncias Agravantes e Atenuantes 
Se dentre a circunstâncias previstas no rol das agravantes ou atenuantes estiver uma que integra ou qualifica o crime? Não será agravante ou atenuante. 
Nos crimes que prevê a pena máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado atender ou não, às circunstâncias atenuantes – parágrafo único do art. 72 do CPM;
Agravantes 
a) Reincidência 
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
§ 1º Não se toma em conta, para efeito da reincidência, a condenação anterior, se, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e o crime posterior, decorreu período de tempo superior a cinco anos. 
Período depurador do CPM é igual ao do CPB (art. 63);
As turmas do STF divergem quanto ao afastamento dos maus antecedentes na hipótese em que ultrapassado o prazo para reconhecimento da reincidências penal. Primeira Turma entende que pode considerar e a Segunda entende não caracterizar maus antecedentes. 
Súmula 636 STJ – a folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
b) Motivos determinantes 
A pena é agravada se o agente tiver cometido o crime por motivo fútil ou torpe ou para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. 
Motivo Fútil – desproporcional; 
Motivo torpe – repugnante – não está ligada apenas a questões patrimoniais;
c) Embriaguez voluntária ou culposa 
O CPM trata a embriaguez não acidental do militar sempre como circunstâncias agravante (art. 70, II, “c”). 
Se o agente for civil, a pena será agravada somente no caso de embriaguez preordenada.
d) Modo de execução 
Traição – deslealdade – ocultação da intenção hostil; 
Emboscada – ocultação do agente clandestinamente por tempo determinado; 
Dissimulação – encobrimentos dos próprios desígnios;
e) Meios de execução 
Veneno; Meio cruel – aquele que aumenta o sofrimento da vítima; 
Asfixia – pode ser mecânica ou tóxica; 
Tortura – durante a prática do crime, inflige num mal visando provocar dor, angústia, grave sofrimento físico; 
Perigo comum – capaz de afetar um número indeterminado de pessoas.
f) Crime contra ascendentes, descendente, irmão ou cônjuge 
A existência da relação de parentesco implica o agravamento da pena; Não se faz analogia para prejudicar; 
g) Crime praticado com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
Somente ocorrerá se o abuso ou a violação não forem elementares do crime.
h) Crime praticado contra criança, velho ou enfermo 
Criança – menor de 12 anos – ECA (Lei 8069/1990); 
Idoso – maior de 60 anos – Estatuto do Idoso ( Lei 10741/2003); 
Enfermo – comprovada por laudo pericial. 
i) Quando o ofendido estava sob imediata proteção da autoridade 
Além de atingir a vítima, o agente também desafia a autoridade pública, praticando o fato contra alguém sob a proteção desta.
j) Fato praticado em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido 
O agente se aproveita de uma comoção pública; 
l) Delito praticado estando o militar de serviço 
Somente se agrava se o militar da ativa esteja em situação de efetivo serviço (escala, plantão, sentinela e outros);
“(...) 
A col. Quinta Turma desta eg. Corte possui entendimento pacificado segundo o qual não configura bis in idem a incidência da agravante genérica prevista no art. 70, inciso II, alínea "l", do Código Penal Militar, aos militares que cometem o delito de concussão em serviço, uma vez que tal agravante não se insere no tipo penal descrito no art. 305 do Código Penal Militar.” 
STJ – HC 286802 – RJ, Rel. Min. Feliz Fischer, julgado em 23/10/2014 – Informativo n°0551)
m) Crime cometido com emprego de arma, material ou instrumento de serviço para esse fim procurado 
Somente agrava o crime quando praticado por militar da ativa, sendo necessário que ele busque a arma ou o material de serviço para o cometido do crime. Não basta que ele utilize o material de serviço que lhe foi entregue – deve haver um esforço para obtê-lo.
n) Crime cometido em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua administração 
Aplica-se quando o sujeito ativo for militar; se o agente for civil, será crime comum, de competência da Justiça Federal; 
O) Crime praticado em país estrangeiro 
Refere-se a hipótese de extraterritorialidade da lei penal militar; somente se aplica se o autor for militarda ativa.
ATENÇÃO Art. 70 Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo no caso de embriaguez preordenada, l , m e o , só agravam o crime quando praticado por militar.
Atenuantes 
a) Menoridade relativa ou idade avançada 
A pena é atenuada se o agente for menor de 21 anos ou maior de 70 anos; 
O CPM não indica o momento de aferição da idade do agente; 
b) Comportamento anterior meritório 
Não se confunde com bons antecedentes – primeira fase; 
Existência de atos excepcionais de bravuras, condecorações e elogios por serviços extraordinários registrados em sua ficha funcional.
c) Motivos determinantes: relevante valor social ou moral 
Valor social – questão relevante e de acordo com os interesses coletivos; 
Valor moral – leva-se em conta os interesses do agente, que estão em conformidade com princípios éticos dominantes em determinada sociedade.
d) Minoração das consequências do crime ou reparação do dano 
Se o agente por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, procurar evitar ou minorar as consequências, ou se reparar o dano antes do julgamento, terá pena atenuada. 
No CPM não se tem arrependimento posterior, todavia, com a citada conduta voluntária do agente a pena pode ser atenuada.
e) Cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima 
Emoção – alteração do estado psicológico intenso e passageiro. 
É necessário que o agente tenha severo desequilíbrio psíquico a ponto de reduzir a capacidade de autocontrole. 
Art. 72, III, “d” CPM - confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem; 
Diferentemente do CP, a atenuante do CPM incide somente no caso de confissão espontânea de autoria que era ignorada ou imputada a terceiro. 
Art. 65, III, “d” CPB - confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
g) Ter o agente sofrido tratamento com rigor não permitido em lei 
As pressões militares podem respaldar a incidência dessa atenuante.
2) Segunda fase: pena intermediária – circunstâncias Agravantes e Atenuantes 
Súmula 231 STJ – a incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. 
Quando ocorre mais de uma agravante ou mais de uma atenuante, o juiz pode limitar-se a uma só agravação ou uma só atenuação. ( Art. 74 CPM) 
No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes.
3) Terceira fase: pena definitiva – causas de aumento e de redução de pena 
- O juiz não precisa respeitar os limites cominados a pena em abstrato – art. 76 CPM, mas os limites genéricos do artigo 58 do CPM; 
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.
No concurso de causas de diminuição e de aumento de pena, a regra é a incidência obrigatória e sucessiva, sem possibilidade de compensação entre elas; 
Art. 76 Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Concurso de crimes 
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única e a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58. 
Crime continuado 
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser considerados como continuação do primeiro.
No CPM, a unificação da pena no concurso de crimes submete-se à mesma regra: soma de penas. 
Não há diferença na unificação da pena entre concurso formal e material. A mesma disposição se aplica à continuidade delitiva. 
Sendo as penas de mesma espécie (reclusão e reclusão) – soma; 
Se forem espécies diferentes (reclusão e detenção), utiliza-se a pena mais grave aumentada da metade da somas das penas menos graves.
Limite da pena unificada 
Art. 81. A pena unificada não pode ultrapassar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze anos, se é de detenção. Redução facultativa da pena 
§ 1º A pena unificada pode ser diminuída de um sexto a um quarto, no caso de unidade de ação ou omissão, ou de crime continuado. 
- Reclusão – 30 anos e Detenção 15 anos 
- Para mitigar os rigores do CPM, pode reduzir as penas unificadas de um sexto a um quarto nos casos de concurso formal ou crime continuado. No concurso material, mantém.
Graduação no caso de pena de morte 
Art. 81 § 2° Quando cominada a pena de morte como grau máximo e a de reclusão como grau mínimo, aquela corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão por trinta anos. 
Cálculo da pena aplicável à tentativa 
Art. 81 § 3° Nos crimes punidos com a pena de morte, esta corresponde à de reclusão por trinta anos, para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial.
Traição 
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas fôrças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
Penas não privativas de liberdade 
Art. 83. As penas não privativas de liberdade são aplicadas distinta e integralmente, ainda que previstas para um só dos crimes concorrentes. 
As penas restritivas de direito não segue a regra do critério trifásico das penas privativas de liberdade.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
LIVRAMENTO CONDICIONA
Noção e Diferença dos institutos: 
- Suspensão condicional da execução da pena – sursis penal 
Art. 84 do CPM - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: 
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; 
II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir.
- Suspensão condicional do processo – sursis processual 
Art. 89 da Lei n. 9099/1995 Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.
- Livramento Condicional 
Art. 89 do CPM. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que: 
I - tenha cumprido: 
a) metade da pena, se primário; 
b) dois terços, se reincidente; 
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime;
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não voltará a delinqüir.
- Suspensão condicional da execução da pena – sursis penal 
O agente foi condenado e ficará fora o cárcere, num período de prova, mediante algumas condições; 
Aplicado para as penas em decorrência de condenações de crimes comuns e de crimes militares;
- Suspensão condicional do processo – sursis processual 
O agente é réu, não foi condenado, e seu processo ficará suspenso, num período de prova mediante algumas condições; 
Aplicado apenas para as penas em decorrência de condenações de crimes comuns; não abrange as de crimes militares
- Livramento Condicional 
O agente foi condenado, cumpriu parte da pena e ficará livre mediantealgumas condições;
Aplicado para as penas em decorrência de condenações de crimes comuns e de crimes militares;
1) Pressupostos: 
- Tipo de pena imposta: pena privativa de liberdade - Quantitativo da pena: não superior a 02 anos - Pessoa do réu: - Pode ser reincidente? - Bom comportamento; 
2) Período de prova no CPM: 2 a 6 anos 
- No CPB: 2 a 4 anos.
Suspensão condicional da execução da pena – sursis penal 
Art. 84 do CPM - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: 
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; 
II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir.
Art. 77 do CPB - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
3) Causas de revogação: 
art. 86 CPM 
- OBRIGATÓRIA: condenação por sentença irrecorrível; não reparação de dano; punição disciplinar grave; 
- FACULTATIVA: Quando o condenado deixar de cumprir alguma obrigação constante na sentença. 
4) Extinção da pena: art. 87 CPM: 
após extinta a pena. Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada a suspensão, fica extinta a pena privativa de liberdade.
5) Vedação do sursis: art. 88 CPM – NÃO SE CONCEDE ESTE INSTITUTO – ROL TAXATIVO: 
- crimes militares em tempo de guerra; 
- aliciação e incitamento; 
- violência contra superior; violência contra militar de serviço; 
- Desrespeito a superior e desrespeito a símbolo nacional; 
- Despojamento desprezível; 
- insubordinação – gênero; 
- deserção – gênero; 
- Ato libidinoso; 
- receita ilegal. 
O autor do crime militar de violência contra inferior pode ser beneficiado pelo sursis penal – não há vedação para ele.
EMENTA: DIREITO PENAL MILITAR. VEDAÇÃO DO SURSIS. CRIME DE DESERÇÃO. COMPATIBILIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal inclina-se pela constitucionalidade do tratamento processual penal mais gravoso aos crimes submetidos à justiça militar, em virtude da hierarquia e da disciplina próprias das Forças Armadas. Nesse sentido, há o precedente que cuida da suspensão condicional do processo relativo a militar responsabilizado por crime de deserção (HC n º 99.743, Pleno, Rel. Min. Luiz Fux). 
2. Com efeito, no próprio texto constitucional, há discrímen no regime de disciplina das instituições militares. Desse modo, como princípio de hermenêutica, somente se deveria declarar um preceito normativo conflitante com a Lei Maior se o conflito fosse evidente. Ou seja, deve-se preservar o afastamento da suspensão condicional da pena por ser opção política normativa. 3. Em consequência, entende-se como recepcionadas pela Constituição as normas previstas na alínea “a” do inciso II do artigo 88 do Código Penal Militar e na alínea “a” do inciso II do artigo 617 do Código de Processo Penal Militar. 4. Denegação da ordem de habeas corpus. 
STF – HC 119567, Relator: Min DIAS TOFFOLI, Relator p/Acódão: Min ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, PUBLIC 30-10-2014
5) Vedação do sursis: art. 88 CPM – NÃO SE CONCEDE ESTE INSTITUTO 
“Habeas Corpus. 2. Crime Militar. Ato libidinoso com agravante (art. 235, c/c art. 237, II, e art. 70, II, g, do CPM). Paciente condenado por acórdão do Superior Tribunal Militar a cumprir pena de 1 (um) ano de detenção, convertida em prisão, nos termos do art. 59 do CPM, denegada a concessão de sursis, em face de expressa vedação do art. 88, II, alínea b do CPM. (...) 
7. Não há incompatibilidade entre o art. 88, II, b, do CPM e a Constituição Federal. Precedentes. 8. Ordem denegada.
” STF HC 109390, Relator Min. GILMAR MENDES, julgamento em 18-09-2012, Segunda Turma, DJE de 9-10-2012
- Livramento Condicional 
Art. 89 do CPM. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que: 
I - tenha cumprido: 
a) metade da pena, se primário; 
b) dois terços, se reincidente; 
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime; 
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não voltará a delinqüir.
Na esfera penal militar o livramento condicional tem natureza de incidente da execução, diferentemente do Código Penal e da LEP, em que se trata de uma das etapas do cumprimento da pena privativa de liberdade. 
Logo a concessão do livramento condicional não é automático – deve ser concedido mediante requerimento incumbindo a decisão a decisão ao Juiz Auditor, ou ao Tribunal se a sentença houver sido proferida em única instância.
1) Cabimento: art. 89 CPM 
- Quantitativo da pena: MAIOR OU IGUAL A 02 ANOS; 
- Pessoa do condenado: PRIMÁRIO;
- Tipo de estabelecimento: ESTABELECIMENTO PENAL MILITAR;
 - Se aplica ao condenado em tempo de guerra? NÃO CABERÁ.
2) Requisitos: 
- Se primário, menor de 21 anos ou maior de 70 anos: UM TERÇO da pena 
- Se primário, maior de 21 anos ou menor de 70 anos: METADE da pena 
- Se reincidente: DOIS TERÇOS da pena 
- Se foi condenado pelos crimes militares contra segurança externa, revolta e motim, aliciação e incitamento, violência contra superior ou militar de serviço: DOIS TERÇOS da pena 
- ter reparado o dano causado; 
- bom comportamento;
3) Revogação do livramento: 
- OBRIGATÓRIA: condenação a crime ou contravenção - a pena privativa de liberdade por sentença irrecorrível; 
- FACULTATIVA: deixar de cumprir as obrigações na sentença, for condenado por motivo de contravenção penal a uma pena não privativa de liberdade ou sofre punição disciplinar grave.
4) Extinção da pena: art. 95 CPM: 
Se expirar o prazo do livramento sem revogação ou se for o liberado absolvido por sentença irrecorrível, considera extinta a pena privativa de liberdade. 
Se o liberado é processado por infração penal cometida na vigência do livramento, enquanto não passa em julgado a sentença, deve o juiz absterse de declarar a extinção da pena – prorroga-se o período de cumprimento de pena.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Art. 109 do CPM - São efeitos da condenação: 
I – tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime; 
II – a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a sua prática.
Art. 91 do CPB - São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
- Mesmos efeitos previstos no art. 91 CPB; 
- Somente cumprindo essas obrigações, o condenado poderá usufruir de benefícios, como a reabilitação; 
- Obrigações: 
a) Reparar o dano civil;
b) Perda dos instrumentos ilícitos utilizados no crime; 
c) Perda do produto auferido do crime.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira espécie subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a internação em manicômiojudiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro. As não detentivas são a cassação de licença para direção de veículos motorizados, o exílio local e a proibição de freqüentar determinados lugares. As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou sede de sociedade ou associação, e o confisco.
Noção: é uma restrição à liberdade para fim de tratamento àqueles indivíduos inimputáveis ou semi-imputáveis que cometeram um delito penal e que apresentam periculosidade que o justifique. 
O CPM igualmente ao CPB adotou para as medida de segurança o sistema vicariante e não o sistema do duplo binário. 
A medida de segurança é imposta em sentença, a qual estabelecerá as condições conforme previsão na lei penal militar. 
O CPM não prevê expressamente medida de segurança de tratamento ambulatorial – mas o STM admite ( Apelação 2002.01.049164-5/RJ) 
-A medida de segurança não tem função retributiva.
Para aplicar uma pena – analisa a imputabilidade; 
Para aplicar uma medida de segurança – analisa a periculosidade do agente; 
A imposição de medida de segurança não impede a expulsão de estrangeiro 
O CPM classificou em: 
Pessoais: 
- Detentivas: internação; 
- Não detentivas: cassação de licença para dirigir veículo motorizado, exílio local e proibição de frequentar determinados lugares; 
Patrimoniais: interdição de estabelecimento e confisco
Art. 111. As medidas de segurança somente podem ser impostas: 
I - aos civis; 
II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdido função, posto e patente, ou hajam sido excluídos das forças armadas;
III - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 48; 
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 115, com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º.
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
De acordo com o art. 111 do CPM as medidas de segurança somente podem ser impostas aos civis e aos militares que tenham perdido essa condição em virtude de condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos ou de outro modo perderam seu posto/patente. 
Aos militares somente se aplica a medida de segurança de internação no caso de inimputabilidade por doença mental e a de cassação de licença para direção de veículos motorizados.
Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira espécie subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a internação em manicômio judiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro. As não detentivas são a cassação de licença para direção de veículos motorizados, o exílio local e a proibição de freqüentar determinados lugares. As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou sede de sociedade ou associação, e o confisco.
Internação em manicômio judiciário 
Art. 112. Quando o agente é inimputável (art. 48), mas suas condições pessoais e o fato praticado revelam que ele oferece perigo à incolumidade alheia, o juiz determina sua internação em manicômio judiciário. 
§ 1º A internação, cujo mínimo deve ser fixado de entre um a três anos, é por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade do internado. 
§ 2º Salvo determinação da instância superior, a perícia médica é realizada ao término do prazo mínimo fixado à internação e, não sendo esta revogada, deve aquela ser repetida de ano em ano. 
§ 3º A desinternação é sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior, se o indivíduo, antes do decurso de um ano, vem a praticar fato indicativo de persistência de sua periculosidade. 
§ 4º Durante o período de prova, aplica-se o disposto no art. 92.
Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do art. 48 e necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro. 
§ 1º Sobrevindo a cura, pode o internado ser transferido para o estabelecimento penal, não ficando excluído o seu direito a livramento condicional. 
§ 2º Se, ao término do prazo, persistir o mórbido estado psíquico do internado, condicionante de periculosidade atual, a internação passa a ser por tempo indeterminado, aplicando-se o disposto nos §§ 1º a 4º do artigo anterior. 
§ 3º À idêntica internação para fim curativo, sob as mesmas normas, ficam sujeitos os condenados reconhecidos como ébrios habituais ou toxicômanos. 
Art. 114. A internação, em qualquer dos casos previstos nos artigos precedentes, deve visar não apenas ao tratamento curativo do internado, senão também ao seu aperfeiçoamento, a um regime educativo ou de trabalho, lucrativo ou não, segundo o permitirem suas condições pessoais. 
Aplica-se esta medida em lugar de pena ao autor do fato típico e ilícito seja inimputável e perigoso. 
Se o sujeito já cumpriu integralmente a pena imposta, em homenagem ao sistema vicariante, não se admite a aplicação de medida de segurança, ainda que persista sua periculosidade – questão de saúde pública. 
O prazo mínimo de internação é de 1 a 3 anos. 
De acordo com o CPM não há prazo máximo, a internação é por tempo indeterminado. STF e STJ não concordam.
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. RÉU INIMPUTÁVEL. MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. PERICULOSIDADE DO PACIENTE SUBSISTENTE. TRANSFERÊNCIA PARA HOSPITAL PSIQUIÁTRICO, NOS TERMOS DA LEI 10.261/2001. WRIT CONCEDIDO EM PARTE. 
I – Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo de duração da medida de segurança é o previsto no art. 75 do CP, ou seja, trinta anos. Na espécie, entretanto, tal prazo não foi alcançado. 
(STF – HC 107432/RS. Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 24/05/2011)
Súmula 527 STJ – O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. 
A desinternação é sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior, se o indivíduo, antes do decurso de 1 ano, vem a praticar fato indicativo de persistência de sua periculosidade. 
O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a manic6omio judiciário – trata-se de internação não definitiva – sobrevindo a cura pode o internado ser transferido ao estabelecimento penal – sendo comutado o tempo de internação como pena cumprida. Se o estado de doença mental é permanente, converte-se a pena em medida de segurança.
Cassação de licença para dirigir veículos motorizados 
Art. 115. Ao condenado por crime cometido na direção ou relacionadamente à direção de veículos motorizados, deve ser cassada a licença para tal fim, pelo prazo mínimo de um ano, se as circunstâncias do caso e os antecedentes do condenado revelam a sua inaptidão para essa atividade e conseqüente perigo para a incolumidade alheia. 
§ 1º O prazo da interdição se conta do dia em que termina a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança detentiva, ou da data da suspensão condicional da pena ou da concessão do livramento ou desinternação condicionais. 
§ 2º Se, antes de expirado o prazo estabelecido, é averiguada a cessação do perigo condicionante da interdição, esta é revogada; mas, se o perigo persiste ao termo do prazo, prorroga-se este enquanto não cessa aquele. 
§ 3º A cassação da licença deve ser determinada ainda no caso de absolvição do réu em razão de inimputabilidade.
Prazo mínimo de cassação da licença é de 01 ano contados do dia em que termina a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurançadetentiva ou da data do sursis penal ou da concessão do livramento. 
Se constada a cessação do perigo, antes de experido o prazo estabelecido da cassação, esta é revogada; 
A cassação deve ser determinada ainda no caso de absolvição do réu em razão de inimputabilidade.
Exílio local 
Art. 116. O exílio local, aplicável quando o juiz o considera necessário como medida preventiva, a bem da ordem pública ou do próprio condenado, consiste na proibição de que este resida ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na localidade, município ou comarca em que o crime foi praticado. 
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.
Proibição de frequentar determinados lugares 
Art. 117. A proibição de freqüentar determinados lugares consiste em privar o condenado, durante um ano, pelo menos, da faculdade de acesso a lugares que favoreçam, por qualquer motivo, seu retorno à atividade criminosa. 
Parágrafo único. Para o cumprimento da proibição, aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo anterior. 
O cumprimento da proibição inicia logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.
Interdição de estabelecimento, sociedade ou associação 
Art. 118. A interdição de estabelecimento comercial ou industrial, ou de sociedade ou associação, pode ser decretada por tempo não inferior a quinze dias, nem superior a seis meses, se o estabelecimento, sociedade ou associação serve de meio ou pretexto para a prática de infração penal. 
§ 1º A interdição consiste na proibição de exercer no local o mesmo comércio ou indústria, ou a atividade social. 
§ 2º A sociedade ou associação, cuja sede é interditada, não pode exercer em outro local as suas atividades. 
Prazo de interdição: de 15 dias a 6 meses.
Confisco 
Art. 119. O juiz, embora não apurada a autoria, ou ainda quando o agente é inimputável, ou não punível, deve ordenar o confisco dos instrumentos e produtos do crime, desde que consistam em coisas: 
I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitui fato ilícito; 
II - que, pertencendo às forças armadas ou sendo de uso exclusivo de militares, estejam em poder ou em uso do agente, ou de pessoa não devidamente autorizada; 
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas. 
Parágrafo único. É ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, nos casos dos ns. I e III.
AÇÃO PENAL MILITAR
Propositura da ação penal 
Art. 121 do CPM - A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público da Justiça Militar. 
Dependência de requisição 
Art. 122 do CPM - Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que aquele estiver subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver coautor militar, a requisição será do Ministério da Justiça. 
Art. 95 - Parágrafo único da LOJMU. O comandante do teatro de operações responderá a processo perante o Superior Tribunal Militar, condicionada a instauração da ação penal à requisição do Presidente da República.
Noção – direito de se pedir ao Estado a aplicação da Lei Penal Militar em face de um possível cometimento de crime militar. Jus Puniendi 
Princípios da Ação Penal Militar 
- Obrigatoriedade – Dominus littis; 
- Oficialidade – movida por órgão oficial; 
- Indisponibilidade – MPM não pode desistir da ação. 
Tipos de Ação Penal Militar: 
1) Ação Penal Militar Pública Incondicionada – REGRA – MPM oferece denúncia - sem necessidade de condição de procedibilidade; 
2) Ação Penal Militar Publica Condicionada – EXCEÇÃO – 136 A 141 do CPM – crimes contra segurança externa – o MPM oferece denúncia mediante requisição: 
- 136 a 140 – autor Militar - Requisição do Ministério da Defesa; 
- 141 – autor Civil sem coautor militar – Requisição do Ministro da Justiça. 
- Qualquer crime militar em tempo de guerra - autor Comandante do teatro de operações (CTO) - Requisição do Presidente da República.
3) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública – Inciso LIX do art. 5°CF – a Vítima pode oferecer a Queixa-crime se o MPM for inerte, decorridos 05/15 dias da chegada do IPM: 
- Não oferece denúncia; 
- Não requisitou novas diligências; e 
- Não solicitou o arquivamento.
Já que o CPM e o CPPM não fazem menção à ação privada subsidiária da pública, aplica-se a disciplina dos artigos 29 e 38 do Código de Processo Penal Comum: 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Já que o CPM e o CPPM não fazem menção à ação privada subsidiária da pública, aplica-se a disciplina dos artigos 29 e 38 do Código de Processo Penal Comum: 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
- A apresentação da requisição não vincula/obriga o MPM a oferecer denúncia; 
- No CPM não há representação como condição de procedibilidade igual tem no CPB; 
- Os crimes militares contra honra são crimes de ação penal militar pública incondicionada; 
- Em face da indisponibilidade dos bens jurídicos tutelados na esfera penal militar, não há previsão de ação penal privada originária ou exclusiva.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES MILITAR
– Crimes Propriamente militares, puramente militares, essencialmente militares ou crimes militares próprios 
– Crimes Impropriamente militares, impuramente militares, acidentalmente militares ou crimes militares impróprios 
Advém do contido no inciso LXI do art. 5° da CF e inciso II do artigo 64 do CPB 
- Crimes militares extravagantes (advindos pela Lei 13491/2017)
Inciso LXI do art. 5° da CF – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamental de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
Inciso II do artigo 64 do CPB – para efeito de reincidência não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
De acordo com a Teoria Clássica Romana: 
– Crimes Propriamente militares – são aqueles crimes militares que para seu cometimento exige que o autor seja militar. 
– Crimes Impropriamente militares - são aqueles crimes militares que para seu cometimento pode ser autor tanto o militar como o civil.
De acordo com o Supremo Tribunal Federal civil pode cometer crime propriamente militar desde que em coautoria com um militar: 
“embora não exista hierarquia entre um sargento e um funcionário civil da Marinha, a qualidade de superior hierárquico daquele em relação a vítima, um soldado, se estende ao civil porque, no caso, elementar do crime. Aplicação da teoria monista”. (HC 81438/RJ. Segunda Turma. Publicação 10-05-2002) 
Atenção: A doutrina mais tradicional orienta pela impossibilidade de coautoria entre militar e civil no crime propriamente militar.
- Crimes militares extravagantes (advindos pela Lei 13491/2017), crimes militares por extensão ou crimes militares impropriamente comuns.
São crimes que não estão previstos no Código Penal Militar, e somente na legislação comum, mas que em razão de uma das circunstâncias do artigo 9° acabam por ser militares. 
Exemplo: crime de tortura.
CRIMES CONTRA PESSOA
Homicídio simples 
Art. 205. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Minoração facultativa da pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena,de um sexto a um têrço. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - por motivo fútil; 
II - mediante paga ou promessa de recompensa, por cupidez, para excitar ou saciar desejos sexuais, ou por outro motivo torpe; 
III - com emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimulado ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, com surpresa ou mediante outro recurso insidioso, que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
VI - prevalecendo-se o agente da situação de serviço: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio 
- Crime impropriamente militar; 
- Se a vítima for civil e o autor for militar estadual – com o advento da Lei 13491/2017 – parágrafo 1° do artigo 9 do CPM - será julgado pelo tribunal do júri; 
- No CPM não tem um capítulo sobre crimes contra vida; 
- Não temos o infanticídio e o aborto na Parte Especial do CPM; 
- Matar – ceifar, tirar; 
- Não se distingue a qualidade da vítima como no CPB; vale para circunstância agravante da alínea f do inciso II do art. 70; 
f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
- Nem mesmo há causa de aumento de pena quando o crime é praticado contra maior de 60 anos, por exemplo; vale para circunstância agravante da alínea h do inciso II do art. 70; 
h) contra criança, velho ou enfermo;
- Crime protege a vida extrauterina e desde que o agente não seja a mãe sob estado puerperal; pode ser agora crime militar extravagante; 
- §1° - homicídio privilegiado – tecnicamente uma causa especial de diminuição de pena; relevante valor social (homicídio contra um bandido que assola a tranquilidade de uma comunidade), relevante valor moral (eutanásia), sob violenta emoção após injusta provocação da vítima (emoção – estado de ânimo de excitação – ex: homicídio praticado pelo pai cuja filha, menor, fora seduzida e corrompida pela vítima); 
- §2° - homicídio qualificado – prevê expressamente a cupidez e a excitação para saciar desejos sexuais, diferente do CPB; motivo torpe – repugnante; 
- Na presença de uma qualificadora, não se pode incidir em similares circunstâncias agravantes; isso não deve ocorrer também no privilégio;
- As qualificadoras podem ser de natureza objetiva (meios empregados) e subjetiva (ligadas ao agente); 
- Pode haver composição do privilégio com a qualificadora, desde que não seja de caráter subjetivo – STF HC 89921/PR e especificamente acerca do CPM STF HC 90659/SP; 
- CPB é alterado e CPM não – crimes hediondos, ECA – Lei 8069/90 (aumento de um terço quando o homicídio doloso for praticado contra menor de 14 anos), Estatuto do Idoso – Lei 10741/2003 (aumento de um terço para o homicídio praticado contra maior de 60 anos) e a Lei 12720/2012 – pena aumentada de um terço até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança ou por grupo de extermínio.
- Consumação – com a morte encefálica – Resolução 1480/97 do CFM combinado com o art. 3° da Lei 9434/97; 
- A morte deve ser em regra comprovada por laudo necroscópico, admitindo, à exceção, a prova indireta, por exemplo, nos casos em que o corpo não é localizado – STF HC 70847/RJ, HC 6837/GO, RHC 58719/RJ;
Homicídio culposo 
Art. 206. Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a quatro anos. 
§ 1° A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. 
Multiplicidade de vítimas 
§ 2º Se, em conseqüência de uma só ação ou omissão culposa, ocorre morte de mais de uma pessoa ou também lesões corporais em outras pessoas, a pena é aumentada de um sexto até metade.
Homicídio culposo 
- Diferentemente do CPB, a modalidade culposa está prevista em outro artigo; 
- Crime Impropriamente militar; 
- A conduta pode ser praticada por meio direto (disparo de arma culposo pelo próprio autor que atinge diretamente a vítima) ou indireto (quando um animal, por culpa do proprietário, escapa e fere mortalmente a vítima); 
- §1° - o agente conhece a regra técnica, mas não a observa – há uma displicência a respeito da regra técnica – ex: militar que, no interior de seu quartel, ao receber das mãos de alguém uma arma, não confere se ela está ou não carregada; em decorrência de um disparo indesejado alveja e mata um terceiro qualquer;
Homicídio culposo 
- §1° - a omissão se incorpora ao tipo do Homicídio culposo, não constituindo tipo penal autônomo; apenas no CPB – art. 135; 
Art. 121 § 4 o CPB - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
- Não prevê o quantum do aumento de pena – assim art. 73 do CPM: 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um têrço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
- §2° - multiplicidade de vítimas – morte de mais de uma pessoa ou morte uma(s) e lesão (ões) de outras, em decorrência de uma só ação ou omissão culposa, quando a pena será aumentada de um sexto até a metade; 
- Regra diferente da prevista no concurso de crimes – art. 79; 
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única e a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58. 
- Diante de um concurso formal de crimes, em que culposamente uma conduta é praticada causando um homicídio somado a outras lesões, ou causando dois ou mais homicídios, o juiz deve aplicar esta regra; 
- No CPB não existe regra especial similar – segue a regra da Parte Geral do CPB;
Provocação direta ou auxílio a suicídio 
Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suicidar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça, vindo o suicídio consumar-se: Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Agravação de pena 
§ 1º Se o crime é praticado por motivo egoístico, ou a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer motivo, a resistência moral, a pena é agravada. 
Provocação indireta ao suicídio 
§ 2º Com detenção de um a três anos, será punido quem, desumana e reiteradamente, inflige maus tratos a alguém, sob sua autoridade ou dependência, levando-o, em razão disso, à prática de suicídio. 
Redução de pena 
§ 3° Se o suicídio é apenas tentado, e da tentativa resulta lesão grave, a pena é reduzida de um a dois terços.
Provocação direta ou auxílio a suicídio 
- Crime impropriamente militar; 
- O sujeito passivo deve ter discernimento, ou seja, ter a capacidade de compreensão e de escolha diante da atuação do sujeito ativo; e se caso não tiver??? Exemplo de uma criança menor de 14 anos; 
- Participação moral (indução ou instigação) e participação material (fornecimento de meios); - 
§1° traz a causa de aumento de pena – não define o quantitativo – art. 73; 
- “Menor” – menor de 18 e maior de 14 anos; 
- §2°- possibilidade do autor ensejar o suicídio, mas não induzindo, instigando ou auxiliando, e sim impondo, desumana e reiteradamente, maus tratos – sofrimentos físicos e/ou psicológicos – hipótese não prevista no CPB; 
- Caso haja lesão corporal não grave???
Genocídio 
Art. 208. Matar membros de um grupo nacional, étnico, religioso ou pertencente a determinada raça, com o fim de destruição total ou parcial desse grupo: Pena - reclusão, de quinze a trinta anos. 
Casos assimilados 
Parágrafo único. Será punido com reclusão, de quatro a quinze anos, quem, com o mesmo fim: 
I - inflige lesões graves a membros do grupo; 
II - submete o grupo a condições de existência, físicas ou morais, capazesde ocasionar a eliminação de todos os seus membros ou parte deles; 
III - força o grupo à sua dispersão; 
IV - impõe medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
V - efetua coativamente a transferência de crianças do grupo para outro grupo.
Genocídio 
- Crime impropriamente militar 
- Também existe previsão como crime comum na Lei 2889/56; 
- Crime que tem por objeto jurídico não a vida, mas sim a humanidade; 
- STF – RE 351487/RR – tutela penal da existência do grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a que pertence a pessoa ou pessoas imediatamente lesionadas; delito de caráter coletivo ou transindividual; crime contra a diversidade humana com tal. 
- Não compete ao tribunal do júri;
- O sujeito passivo não é a pessoa, e sim a coletividade, a própria raça humana; 
- Matar – todavia o fim do agente não é apenas causar a morte, mas também exterminar o grupo étnico, religioso, etc; 
- Destruição total – completa eliminação do grupo; destruição parcial – morte de alguns de seus integrantes; 
- Consuma-se com a morte, lesão grave ou, evidente, gravíssima, imposição de condições desfavoráveis ao desenvolvimento ou à procriação, ou a coação dos membros do grupo social perseguido, ainda que não haja efetivamente a sua destruição total ou parcial, elemento típico que apenas adjetiva o dolo da conduta;
Lesão leve 
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão grave 
§ 1° Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias: 
Pena - reclusão, até cinco anos. 
§ 2º Se se produz, dolosamente, enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou função, incapacidade permanente para o trabalho, ou deformidade duradoura: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesões qualificadas pelo resultado 
§ 3º Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º forem causados culposamente, a pena será de detenção, de um a quatro anos; se da lesão resultar morte e as circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena será de reclusão, até oito anos. 
Minoração facultativa da pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou social ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um têrço. 
§ 5º No caso de lesões leves, se estas são recíprocas, não se sabendo qual dos contendores atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior, o juiz pode diminuir a pena de um a dois terços. 
Lesão levíssima 
§ 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode considerar a infração como disciplinar.
Lesão corporal 
- Crime impropriamente militar; 
- Ofender – lesar, agredir, turbar; 
- A lesão deve ser provocada em outrem, não configurando crime a autolesão, em observância ao princípio da alteridade ou transcendentalidade; 
- A materialização da lesão decorrente da ofensa é conhecida por exame de corpo de delito, direto ou indireto, sempre necessário para a mensuração do resultado em função da dosimetria da pena; 
- O CPM não possui a qualificadora resultante da provocação de aceleração do parto – todavia não impede a qualificadora de submissão da vítima a perigo de vida; 
- Deformidade duradoura – CPM – aquele que se conserva por espaço de tempo relevante, podendo ou não ser reversível pelo próprio decurso de tempo ou por atuação médica; 
- Deformidade permanentes – CPB - aquela irrecuperável, indelével pela atuação do tempo e da medicina;
- §3° lesões qualificadas pelo resultado –modalidade preterdolosa, ou seja, a provocação de uma lesão estava compreendida na representação feita pelo agente, mas não o resultado de extrema proporção contido na lesão corporal grave ou gravíssima; sem previsão da primeira parte no CPB; 
- §6° - lesões levíssimas – classificação que deverá ser feita pelo abalizado juízo do Poder Judiciário, já que os laudos, como regra, considerarão uma lesão corporal, no mínimo, como leve, e não levíssima; 
- §6° - As lesões levíssimas são as mínimas e que não provocam qualquer alteração no cotidiano dos ofendidos; 
- §6° - descriminalização da conduta por fruto da interpretação do juiz, considerando-a tão ínfima que sequer chega a comprometer o bem jurídico tutelado pela norma, afastando-se a própria norma;
- §6° - não impõe ao Comandante a necessária aplicação de uma punição, mas fomenta a apuração disciplinar do fato – independência harmônica dos poderes – art. 2° da CF; 
- Ação penal militar pública incondicionada, mesmo nos casos de lesão corporal dolosa de natureza leve;
Art. 210. Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
§ 1º A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. 
Aumento de pena 
§ 2º Se, em conseqüência de uma só ação ou omissão culposa, ocorrem lesões em várias pessoas, a pena é aumentada de um sexto até metade.
Lesão culposa 
- Crime impropriamente militar; 
- Não mensuração do grau da lesão; 
- §1° - a majorante não se confunde com a imperícia – que indica inaptidão, inabilidade profissional; nesta o agente conhece a regra técnica, mas não a observa; 
- Ação penal militar pública incondicionada, mesmo nos casos de lesão corporal culposa;
Participação em rixa 
Art. 211. Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Pena - detenção, até dois meses. 
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão grave, aplica-se, pelo fato de participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
- Crime impropriamente militar; 
- Briga generalizada; 
- Participar de rixa – tomar parte em luta corporal entre várias pessoas, em agressões recíprocas; 
- Crime de concurso necessário – ao menos 3 pessoas; 
- Não basta discussão ou ofensa verbal, é imprescindível a existência de violência física; 
- Consuma quando há participação nas agressões, nas vias de fato ou violência recíprocas, não havendo necessidade de que ocorra lesão; 
- Parágrafo único – a norma não impõe que a lesão ou a morte seja praticada em alguma pessoa em especial, podendo ser terceiro ou em contendores, qualificando a rixa para todos, inclusive para o eventual contendor lesionado.
Abandono de pessoa 
Art. 212. Abandonar o militar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
Formas qualificadas pelo resultado 
§ 1º Se do abandono resulta lesão grave: 
Pena - reclusão, até cinco anos. 
§ 2º Se resulta morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos
Abandono de pessoa 
- Crime propriamente militar; 
- Possui idêntica tipificação ao artigo 133 do CPB – abandono de incapaz; 
- Abandonar – deixar a própria sorte; não cuidar; 
- Crime de perigo concreto; 
- A pessoa abandonada deve estar sob guarda ou vigilância do autor – ex: escolta de preso ou guarda de preso em estabelecimento prisional; 
- A pessoa abandonada deve estar sob cuidado do autor – ex: o ferido ou vítima de mal súbito que está sendo assistido por um policial militar; 
- A pessoa abandonada deve estar sob autoridade do autor – ex: interno de uma escola militar em relação ao comandante; 
- Pessoa incapaz – pessoa que não tenha condição de resistir aos riscos aos quais é exposta – não se trata de incapacidade civil;
- Consuma-se quando a vítima passa a viver em perigo concreto proporcionado pelo abandono do autor; 
- §1° - quando o abandono resultar lesão grave – incluindo por óbvio a gravíssima, que deve ser comprovada nos autos por laudo; crime preterdoloso; 
- §2° - quando o abandono resultar a morte da vítima; crime preterdoloso; 
- Omissão penalmente relevante - Art. 29 § 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenhapor lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência. 
- Se houver lesão corporal ou morte, sendo a vítima for incapaz – responde pelo art. 212 com a qualificadora; 
- Se houver lesão corporal ou morte, sendo a vítima for capaz – responde pelo resultado;
Maus tratos
 Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde, em lugar sujeito à administração militar ou no exercício de função militar, de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalhos excessivos ou inadequados, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Formas qualificadas pelo resultado 
§ 1º Se do fato resulta lesão grave: 
Pena - reclusão, até quatro anos. 
§ 2º Se resulta morte: 
Pena - reclusão, de dois a dez anos.
Maus tratos 
- Crime impropriamente militar; 
- Sujeito passivo – qualquer pessoa desde que esteja sob autoridade (comandado), guarda ou vigilância (sob escolta ou em cárcere) para o fim de educação (escola de formação para novos policiais militares), instrução (curso e estágio de especialização), tratamento ou custódia (preso) do autor; 
- Descrição típica semelhante à constante do art. 136 do CPB; 
- Crime de perigo concreto; 
- Não é crime de ação livre – exige que os maus-tratos ocorram pela privação de alimentação ou cuidados indispensáveis, como higiene, salubridade, remédio; 
- Pode cometer o delito a sujeição da vítima a trabalhos excessivos (carga que supere a condição da vítima) ou inadequados (ao ser humano ou às condições pessoais da vítima);
- O crime deve ser praticado em lugar sujeito a administração militar ou no exercício de função militar; 
- Função militar – missão constitucionalmente destinadas às instituições militares; 
- No artigo 212; a conduta é de abandonar uma pessoa incapaz; tem a intenção de abandonar o incapaz a própria sorte; 
- Neste delito a conduta é expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa, não exigindo o tipo que essa pessoa seja incapaz, mas apenas que esteja sob cuidado, guarda; a intenção é de impor um dos meios de execução do crime, como a privação de alimentação com a intenção disciplinar;
Calúnia 
Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
Exceção da verdade 
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 218;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
Art. 218, I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
Art. 5° , X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
- Crime impropriamente militar; 
- A calúnia pode ser veiculada através do advogado; 
- O CPM não previu a possibilidade de calunia contra os mortos, como fez o CPB - §2° do art. 138 CPB; 
- Caluniar – imputar falsamente conduta tipificada como crime; 
- Se imputar falsamente contravenção – será que crime? 
- Não é necessário que a vítima esteja presente no momento da calúnia; 
- §1°- propalar – divulgar verbalmente; divulgar pode ser pelos diversos meios.
- Exceção da verdade – demonstração de que o fato imputado como crime realmente ocorreu e tem por autor aquela pessoa a quem se referia inicialmente; 
- No CPB, calúnia em desfavor do PR ou chefe de governo estrangeiro – ação penal publica mediante requisição do MJ, no CPM – publica incondicionada; 
- Mesma coisa sendo vítima um funcionário público; 
- Não constitui ofensa punível se irrogada em juízo, salvo quando inequívoca a intenção de caluniar, difamar e injuriar; igual ao CPB 
- Não esquecer do crime previsto no art. 166; 
- Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo:
- Diferença deste delito ao crime de denunciação caluniosa – art. 343 
Art. 343. Dar causa à instauração de inquérito policial ou processo judicial militar contra alguém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição militar, de que o sabe inocente: 
- Calúnia – basta a imputação falsa de um fato tipificado como crime; 
- Denunciação – deve ocorrer a imputação e diante disso instaura uma investigação policial; 
- Calúnia absorvida pela denunciação caluniosa; 
- A embriaguez voluntária não afasta o delito contra a honra; 
- Consuma quando um 3° toma conhecimento da ofensa feita pelo autor; 
- A tentativa é possível se a ofensa for realizada por escrito e interceptada antes de chegar a seu destino; 
- Ação penal militar pública incondicionada;
Difamação 
Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano. Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se a ofensa é relativa ao exercício da função pública, militar ou civil, do ofendido.
Art. 5°, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
- Honra objetiva – reputação diante terceiros; 
- Crime impropriamente militar; 
- Vítima não pode ser pessoa jurídica; STJ Resp. 493.763/SP e Ag. Reg. Do Ag. Inst. 672522/PR; - Difamar – imputar fato que ofende a sua reputação; 
- A acusação de prática de contravenção penal caracteriza este delito; 
- A Exceção da verdade apenas se for referente ao exercício de função pública;
- A embriaguez voluntária não afasta o delito contra a honra; 
- A consumação ocorre quando um terceiro toma conhecimento da ofensa; 
- A tentativa é possível se a ofensa for realizada por escrito e interceptada antes de chegar a seu destino; 
- Ação penal militar pública incondicionada;
Injúria 
Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro: 
Pena - detenção, até seis meses.
Art. 5°, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
- Honra subjetiva – conceito que a pessoa possui de si própria – autovaloração; 
- Crime impropriamente militar; 
- Vítima não pode ser pessoa jurídica; 
- Injuriar – ofender alguém atingindo a sua dignidade ou o seu decoro; 
- Não se exige imputação de fato, como na calúnia e na difamação; 
- Não existe a qualificadora prevista no §3° do art. 140 do CPB, todavia não impede de responder por crime militar extravagante;
 Art. 140 § 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
- Não existe previsão do perdão judicial conforme §1°do art. 140 do CPB; 
Art. 140 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
- A injuria não admite a exceção da verdade; 
- Pena não menciona o mínimo – art. 58 do CPM 
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos. 
- A embriaguez voluntária não afasta o delito contra a honra; 
- A consumação ocorre quando a vítima toma conhecimento da ofensa propalada pelo autor – diferente da calúnia e da injuria; 
- Ação penal militar pública incondicionada;
Injúria real 
Art. 217. Se a injúria consiste em violência, ou outro ato que atinja a pessoa, e, porsua natureza ou pelo meio empregado, se considera aviltante: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.
- Crime impropriamente militar; 
- Vítima – qualquer pessoa, ainda que inimputável; 
- O autor ofende a vítima por agressões físicas, que, por sua natureza ou pelo meio empregado são humilhantes; ex: bater a luva no rosto de outrem; 
- Não confundir com o art. 176; 
Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante: 
- No CPB, a injuria real é qualificadora e no CPM é tipo penal autônomo; 
- Não se aplica as disposições do art. 220 e 221 para a injuria real; 
- A consumação ocorre quando o autor atinge a vítima com o ato físico; 
- Ação penal militar pública incondicionada;
Disposições comuns 
Art. 218. As penas cominadas nos antecedentes artigos deste capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; 
II - contra superior; 
III - contra militar, ou funcionário público civil, em razão das suas funções; 
IV - na presença de duas ou mais pessoas, ou de inferior do ofendido, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro, se o fato não constitui crime mais grave.
Ofensa às forças armadas 
Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o crédito das forças armadas ou a confiança que estas merecem do público: Pena - detenção, de seis meses a um ano. 
Parágrafo único. A pena será aumentada de um terço, se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
- Protege o crédito, a confiança, a imagem das Forças Armadas; 
- Crime impropriamente militar; 
- O sujeito passivo é a própria instituição militar; 
- Não tem tipo penal correspondente no CPB; 
- Propalar – espalhar fatos que o autor sabe serem inverídicos, fatos que podem macular o prestígio que as Forças Armadas têm do público interno ou externo; 
- No tipo penal a expressão “forças armadas” está com letras minúsculas; aplicável as forças estaduais; 
- Causa de aumento de pena se o crime for cometido pela imprensa, rádio ou televisão – meio físico ou mesmo virtual;
- Não se aplica as disposições do art. 221 – aquele que foi atingido pela ofensa – pessoa natural; 
Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma imprecisa ou equívoca, quem se julga atingido pode pedir explicações em juízo. Se o interpelado se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. 
Pode ser aplicado o inciso III do art. 220; 
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar, difamar ou caluniar: 
III - a apreciação crítica às instituições militares, salvo quando inequívoca a intenção de ofender;
STF – Primeira Turma, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, em 16/09/2003. HC 83125/DF. OFENSA ÀS FORÇAS ARMADAS – ARTIGO 219 DO CPM – ELEMENTO SUBJETIVO. O tipo do artigo 219 do CPM pressupõe que o agente saiba serem inverídicos os fatos propalados, devendo essa circunstância constar, expressamente, da peça primeira da ação penal, da denúncia. LIBERDADE DE EXPRESSÃO – A liberdade de expressão constitui-se em direito fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica. 
- A consumação ocorre quando os fatos divulgados chegam ao público; 
- A tentativa é possível quando a propalação se dar por escrito e não chega aos destinatários.
Exclusão de pena 
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar, difamar ou caluniar: 
I - a irrogada em juízo, na discussão da causa, por uma das partes ou seu procurador contra a outra parte ou seu procurador; 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica; 
III - a apreciação crítica às instituições militares, salvo quando inequívoca a intenção de ofender; 
IV - o conceito desfavorável em apreciação ou informação prestada no cumprimento do dever de ofício. 
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e IV, responde pela ofensa quem lhe dá publicidade. 
Equivocidade da ofensa 
Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma imprecisa ou equívoca, quem se julga atingido pode pedir explicações em juízo. Se o interpelado se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Constrangimento ilegal 
Art. 222. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não manda: Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Aumento de pena 
§ 1º A pena aplica-se em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de arma, ou quando o constrangimento é exercido com abuso de autoridade, para obter de alguém confissão de autoria de crime ou declaração como testemunha. 
§ 2º Além da pena cominada, aplica-se a correspondente à violência. 
Exclusão de crime 
§ 3º Não constitui crime: 
I - Salvo o caso de transplante de órgãos, a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada para conjurar iminente perigo de vida ou de grave dano ao corpo ou à saúde; 
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Constrangimento ilegal 
- Crime impropriamente militar; 
- A vítima pode ser qualquer pessoa, desde que tenha autodeterminação; 
- Se o constrangimento for praticado contra criança, constituirá o crime do art. 232 do ECA, desde que esta se encontre sob sua autoridade, guarda ou vigilância. 
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- Constranger – forçar, coagir, obrigar – de forma direta (impondo diretamente o comportamento a vítima) ou indireta (chegando até a vítima por outro meio, como o uso de um animal para o emprego de violência;
-A palavra “lei” deve ser entendida de modo amplo – seja as elaboradas pelo Poder Legislativo, as frutos de normatização do Poder Executivo e também os instrumentos normativos não primários, desde que arrimados na CF e na lei permissiva de sua edição – ex: decretos do Poder Executivo; 
- O meio de execução é a violência, grave ameaça ou outro meio hábil a diminuir a capacidade da vítima (ex: alucinógenos); 
- A violência tem que ser física; 
- A ameaça deve ser grave, todavia não precisa ser injusta; 
- §1° - não se exige que todas as pessoas sejam imputáveis; no mínimo 4 pessoas; 
- §1° - emprego de arma – a arma deve ser utilizada no constrangimento, não basta que o autor esteja armado; 
- §1° - não precisa ser arma de fogo; 
- §1° - a arma de brinquedo não está apta para majoração da pena – STJ Resp 213.054/SP; 
- A consumação ocorre quando a vítima, vencida pelo constrangimento faz, deixa de fazer ou tolera que se faça, em desconformidade com a lei;
Ameaça 
Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de lhe causar mal injusto e grave: 
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui crime mais grave. 
Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por fato referente a serviço de natureza militar, a pena é aumentada de um terço.
- Crime impropriamente militar; 
- A vítima pode ser qualquer pessoa, desde que tenha autodeterminação; 
- Ameaçar – procurar intimidar ou incutir medo; 
- Pode ser cometido por palavra, escrito, gesto ou qualquer outro modo, esteja face com o sujeito passivo, ou por telefone, por email ou outro meio de comunicação qualquer; 
- A ameaça pode ser clara ou explícita, ou ainda sugestionada, implícita; 
- O mal prometido deve ser possível de realizado – verossímil; 
- O mal deve ser injusto, ou seja capaz de ferir, sem amparo legal, bens tutelados da vítima; 
- A afirmação de que processará, ou participaráou que levará o fato ao conhecimento de um oficial ou de um superior hierárquico não caracteriza crime;
- A expressão “vá para o inferno” ou “que o diabo o carregue” não caracteriza o crime; 
- Crime subsidiário – expressão na pena; 
- A consumação ocorre quando a vítima toma conhecimento da ameaça, independendo de sua intimidação; 
- A ação penal deste crime é pública incondicionada; no CPB é a ação penal somente é desencadeada mediante representação do ofendido.
Desafio para duelo 
Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou aceitar-lhe o desafio, embora o duelo não se realize: Pena - detenção, até três meses, se o fato não constitui crime mais grave.
- Crime propriamente militar;
- A vítima também deve ser militar; 
- Duelo – combate armado entre duas ou mais pessoas, sem que haja estratégia de cobertura e abrigo; confronto de armas iguais; 
- Não tem previsão deste delito na legislação penal comum; 
- Desafiar – chamar impetuosamente; invocar outro militar para o duelo; 
- A outra conduta: aceitar – anuir, concordar com a prática do duelo; 
- É imprescindível o emprego de arma; STM Apelação 2008.01.050953-4/PE; 
- Crime subsidiário – a tipificação deste delito vai até o momento anterior à execução do duelo; 
- A consumação ocorre quando o autor se manifesta desafiando seu oponente; consumando ainda com a aceitação pelo segundo; 
- Se o desafio é encaminhado por escrito e interceptado antes de alcançar o segundo militar, a tentativa é possível.
Seqüestro ou cárcere privado 
Art. 225. Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, até três anos. 
Aumento de pena 
§ 1º A pena é aumentada de metade: 
I - se a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do agente; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
III - se a privação de liberdade dura mais de quinze dias. 
Formas qualificadas pelo resultado 
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
§ 3º Se, pela razão do parágrafo anterior, resulta morte: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Seqüestro ou cárcere privado 
- Liberdade individual de locomoção - Art. 5° , XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
- Crime impropriamente militar; 
- Vítima – qualquer pessoa natural, mesmo a pessoa que tenha limitações na locomoção e o incapaz; 
- Semelhante ao delito do artigo 148 do CPB; 
- Privar – negar ao sujeito passivo a possibilidade do exercício de seu direito de locomoção; 
- Cárcere – confinamento; sequestro – cerceamento do direito, sem clausura;
- Se a privação de liberdade for respaldada em lei, como na prisão em flagrante, não ocorrerá o delito; 
- O consentimento válido do ofendido afasta o delito; 
- Crime permanente; 
- A privação de liberdade pode ocorrer também por omissão, como no caso de não liberação de preso indultado; 
- Se a conduta de privar a vítima de sua liberdade de locomoção for movida por interesse econômico, o delito será de extorsão mediante sequestro; 
- A Consumação ocorre com a privação de liberdade de locomoção;
Violação de domicílio 
Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, até três meses. 
§ 1º Se o crime é cometido durante o repouso noturno, ou com emprego de violência ou de arma, ou mediante arrombamento, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 2º Aumenta-se a pena de um têrço, se o fato é cometido por militar em serviço ou por funcionário público civil, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades prescritas em lei, ou com abuso de poder. 
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência em cumprimento de lei ou regulamento militar; 
II - a qualquer hora do dia ou da noite para acudir vítima de desastre ou quando alguma infração penal está sendo ali praticada ou na iminência de o ser. 
§ 4º O termo "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
§ 5º Não se compreende no têrmo "casa": 
I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do nº II do parágrafo anterior; 
II - taverna, boate, casa de jôgo e outras do mesmo gênero.
Art. 5, XI CF - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
- Crime impropriamente militar; 
- Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que morador (não importando a que título teve a posse, podendo mesmo ser um posseiro), hóspede ou profissional utilizador do ambiente violado; 
- Semelhante redação do art. 150 do CPB; 
- Entrar (passar do limite físico que separa a casa do exterior) ou Pemanecer (ficar indevidamente, pressupondo 2 momentos: o primeiro é o ingresso lícito e o segundo, a não anuência do morador na permanência do violador naquele ambiente.
- O ingresso pode dar-se de forma clandestina (sem que a vítima perceba), astuciosa (pela utilização de um engodo) ou de forma contrária a expressa ou tácita manifestação da vítima em sentido oposto; 
- Há igualdade dos cônjuges, todavia havendo conflito entre a vontade deles, prevalece a negativa; na relação hierarquizada entre pais e filhos, prevalece a vontade dos pais, exceto se os aqueles forem os provedores do lar; 
- 3 hipóteses em que a CF possibilita a entrada em domicílio alheio; 
- No que se refere a hipótese de flagrante delito previsto na CF, permite-se a entrada no caso de contravenção; 
- Previsão na CF a possibilidade de ingresso no domicílio por ordem judicial fundamentada e somente durante o dia – relativiza o inciso I, §3° do art. 226;
- Durante o dia; critério cronológico: entre 06 às 18h; critério físico-astronômico: período situado entre a aurora e o crepúsculo; 
- Recomenda-se adotar simultaneamente os 2 critérios: o ingresso com ordem judicial em domicílio deve dar-se no período compreendido entre as 06 e as 18h, desde que ainda esteja presente a claridade pela natural luz do sol; 
- Na nova Lei de abuso (Lei 13869/2019), no inciso III do §1° do art. 22 – conceito legal de noite – após as 21h e antes das 5h; 
- Quartéis e seus alojamentos não são casa na acepção penal militar, porquanto não se equiparam ao local onde o indivíduo busca a sua intimidade; 
- Nas vilas militares, as residências ocupadas (próprios nacionais residenciais) estão tuteladas pela proteção constitucional e penal militar; igualmente os quartos dos hotéis de trânsito ocupados;
- §1° - repouso noturno – não se confunde com noite – período noturno de descanso da população, compreendido entre as 22 e as 06h; 
- §1° - a violência tem de ser física; 
- §1° - arrombamento – emprego de violência física contra a coisa; 
- §1° - não basta portar a arma, exige a efetiva utilização; não precisa ser arma de fogo; 
- Consuma o delito quando a vítima transpõe o limite físico que separa o domicílio do mundo externo, ou quando, já no interior do ambiente, recusase a sair em face da não anuência de permanência de quem de direito;
Violação de correspondência 
Art. 227. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência privada dirigida a outrem: Pena - detenção, até seis meses. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre: 
I - quem se apossa de correspondência alheia, fechada ou aberta, e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; 
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza, abusivamente, comunicação telegráfica ou radioelétricadirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; 
III - quem impede a comunicação ou a conversação referida no número anterior. 
Aumento de pena 
§ 2º A pena aumenta-se de metade, se há dano para outrem. 
§ 3º Se o agente comete o crime com abuso de função, em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: Pena - detenção, de um a três anos. 
Natureza militar do crime 
§ 4º Salvo o disposto no parágrafo anterior, qualquer dos crimes previstos neste artigo só é considerado militar no caso do art. 9º, nº II, letra a .
Violação de correspondência 
Art. 5° , XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
- Crime propriamente militar - por previsão do §4° do art. 227, somente pode ser praticado por militar; 
- O cônjuge não pode ser sujeito ativo do delito, salvo se o casal já tenha acordado em que um não deve violar a correspondência do outro; 
- Os cegos e os analfabetos não podem ser sujeito ativo deste delito; 
- Sujeito passivo: também por previsão do §4° do art. 227, somente pode ser militar;
- Similar previsão no art. 151 do CPB; 
- Devassar – conhecer, descobrir o conteúdo da correspondência; 
- Não é necessário que a correspondência seja aberta, basta o conhecimento do conteúdo, ainda que nem seja lida por inteiro; 
- Se a correspondência já estiver aberta, quando chegar às mãos do sujeito ativo, o crime não ocorrerá, visto que o sigilo dessa comunicação já foi violado; 
- O anonimato do remetente não desnatura o objeto material do crime; 
- Correspondência – toda comunicação pessoa a pessoa, por meio de carta, através de via postal ou telegrama – art. 47 da Lei 6538/1978; 
- As comunicações por endereço eletrônico (e-mails) tem se entendido como comunicação telefônica – art. 1° da Lei 9296/96.
- Inciso I do §1° - apossar (reter), sonegar (ocultar) ou destruir (inutilizar); o objeto continua sendo a correspondência, com a diferença de que neste inciso é indiferente se ela está aberta ou fechada; 
- Inciso I do §1° - a sonegação ou a destruição não precisa ser total; 
- Caso a correspondência tenha valor patrimonial, o crime será contra o patrimônio; 
- A consumação ocorre quando o autor toma conhecimento do conteúdo da correspondência, mesmo que não a leia na íntegra. Nas demais modalidade, consuma-se quando o autor sonega, destrói a correspondência de que se apossou, divulga, transmite ou impede a comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica; 
- A tentativa é possível quando o autor viola os mecanismos de segurança da correspondência, mas não chega a conhecer seu conteúdo;
Divulgação de segredo 
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteúdo de documento particular sigiloso ou de correspondência confidencial, de que é detentor ou destinatário, desde que da divulgação possa resultar dano a outrem: Pena - detenção, até seis meses. 
Natureza militar do crime 
Art. 231. Os crimes previstos nos arts. 228 e 229 somente são considerados militares no caso do art. 9º, nº II, letra a .
Divulgação de segredo
- Crime propriamente militar; 
- Vítima também tem que ser militar; 
- Similar redação com o art. 153 do CPB; 
- Divulgar – tornar público; dar conhecimento a um número indeterminado de pessoas, por qualquer meio eficaz, a exemplo de jornais, rádio, obra literária; 
- A divulgação deve ser sem justa causa – injusta, ilícita – elemento normativo do tipo; 
- Correspondência confidencial – escrito sob a forma de carta, bilhete etc, com destinatário definido e cujo conteúdo não deva chegar ao amplo conhecimento dada a sua confidencialidade.
- Não se aplica o critério objetivo da norma definidora, mas sim um critério subjetivo, verificando o caso concreto; 
- É fundamental que o conteúdo revelado tenha idoneidade para causar dano a outrem, não importando se externamente alguém tenha classificado, por um carimbo, por exemplo, a informação como sigilosa ou confidencial; 
- Crime de perigo concreto – a divulgação é apta a provocar dano, podendo ser de ordem econômica, pessoal, moral e etc; 
- A pena não teve a pena mínima fixada – art. 58; 
- A consumação ocorre quando terceiros tomam conhecimento do conteúdo sigilosos do documento divulgado pelo autor, independentemente da produção de dano; a idoneidade para provocar o dano deve ser comprovada; 
- Se a divulgação for verbal, a tentativa é impossível – crime instantâneo; todavia se o autor encaminhar mensagem pro escrito comunicando o teor do documento sigiloso e ela for interceptada impedindo a divulgação, será cabível;
Violação de recato 
Art. 229. Violar, mediante processo técnico o direito ao recato pessoal ou o direito ao resguardo das palavras que não forem pronunciadas publicamente: Pena - detenção, até um ano. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem divulga os fatos captados. 
Natureza militar do crime 
Art. 231. Os crimes previstos nos arts. 228 e 229 somente são considerados militares no caso do art. 9º, nº II, letra a .
Violação de recato 
- Crime propriamente militar; 
- A vítima também tem que ser militar; 
- Violar – macular, turbar o direito à intimidade; 
- O crime poderá incidir sobre o comportamento, geralmente com a captação de imagens do sujeito passivo na prática de uma conduta, ou incidir sobre as palavras, em regra, palavras proferidas na linguagem oral, porquanto se forem na linguagem escrita, será outro delito – divulgação de segredo – art. 228 CPM; 
- O autor não precisa produzir gravação do comportamento ou palavras pronunciadas, basta que tenha acesso por processo técnico (microfone, filmadora escondida, binóculo); 
- É imprescindível que a vítima tenha buscado o recato ou o resguardo de suas palavras e que não tenha anuído na violação, tornando-a indevida;
- Se forem captadas cenas de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes – prevalece o art. 216B do CPB – podendo ser crime militar extravagante; 
- Resguardo (das palavras) – emissão de palavras que não se queira que elas cheguem a conhecimento público; 
- A gravação de conversa em local velado, onde nem todos têm acesso, como os alojamentos, viola o resguardo das palavras, configurando este delito; 
- A consumação ocorre quando o autor tem acesso àquilo que lhe era vedado ou restrito; o autor não precisa gravar a conversa ou imagem, basta que tenha cesso a ela, como no caso de observação por lunetas e binóculos.
Violação de segredo profissional 
Art. 230. Revelar, sem justa causa, segredo de que tem ciência, em razão de função ou profissão, exercida em local sob administração militar, desde que da revelação possa resultar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.
- Crime impropriamente militar; 
- Revelar – trazer a luz; revelar não é divulgar; basta que uma pessoa tome conhecimento do segredo; 
- Função – toda determinação de encargo imposta em lei a uma pessoa – ex: função de escrivão; 
- Profissão – toda atividade que, como regra, tenha finalidade de lucro, exercida por quem tenha habilitação – ex: médico, advogado; 
- A função ou a profissão deve ser exercida no quartel; 
- Crime de perigo concreto - a revelação do segredo deve ser idônea para causar dano, não sendo necessário que este se efetive, porém deve ser demonstrada a potencialidade nesse sentido.
- Revelação deve ser sem justa causa – ilícita; elemento normativo do tipo; exemplo – revelação de uma doença contagiosa; 
- Revelação de um segredo, que deva ser mantido longe do conhecimento das pessoas – art. 230; aqui há prejuízo pessoal; 
- Revelação de um fato conhecido no exercício de cargo ou função, não se tratando de um segredo particular – art. 326; aqui prejuízo a Adm. Militar; 
- Se o segredo revelado for obtido de gravação resultante do meio de produção de prova da interceptação telefônica, haverá crime de abuso de autoridade – art. 28 da Lei 13869/2019, desde que hajaa finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal; 
- A consumação ocorre quando terceiro toma conhecimento do segredo divulgado pelo autor.
Estupro 
Art. 232. Constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena - reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da correspondente à violência. 
Presunção de violência
 Art. 236. Presume-se a violência, se a vítima: 
I - não é maior de quatorze anos, salvo fundada suposição contrária do agente; 
II - é doente ou deficiente mental, e o agente conhecia esta circunstância; 
III - não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
Estupro 
- Crime impropriamente militar; 
- O autor deve ser homem e a vítima a mulher, podendo ser virgem, deflorada ou mesmo prostituta; 
- Mulher pode ser coautora; 
- Com a edição da Lei 12015/2009, houve modificação no CPB; 
- Se a vítima for menor de 18 anos, caso haja prática de sexo explícito ou de ato pornográfico com o fim de registro das imagens para divulgação, será o crime do parágrafo 1° do art. 240 da Lei 8069/90 – ECA; 
- Se a vítima for menor de 18 anos constrangida apenas à prática do ato sexual, sem a intenção de captação de imagens, será o crime de estupro;
- Constranger – forçar, obrigar, por ameaça ou violência; 
- A violência empregada para subjugar a vítima não precisa causar lesão corporal; basta que haja a violência física; 
- A grave ameaça empregada consiste em violência moral; 
- A violência deve ser dirigida à própria vítima, mas na grave ameaça o mal prometido deve chegar ao conhecimento da vítima; 
- Conjunção carnal – penetração do pênis na vagina – sistema restrito – podendo ser penetração total ou parcial; 
- Não se exige o rompimento do hímen nem a ejaculação do autor; 
- A impotência, que impede a ereção, afasta o crime de estupro, no entanto podendo responder pelo crime de ato obsceno; 
- O crime pressupõe que não haja consentimento da vítima; 
- A presunção de violência ocorrerá nos casos de vítima menor de 14 anos; 
- Nesta presunção de violência no CPM, ao contrário do que previa a redação antes da Lei 12015/2009, admite prova em contrário;
 - Há outra presunção acerca da doença ou deficiência mental; 
- A última presunção é a de que a vítima esteja impossibilitada de oferecer resistência; pouco importa a causa, todavia é necessário que seja provada a impossibilidade de resistência (desmaio, sono mórbido, embriaguez);
- Quando o homem constrange a mulher à prática de conjunção carnal, será crime de estupro; 
- Quando o homem constrange alguém (outro homem ou uma mulher) à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal, ou quando uma mulher constrange alguém (outra mulher ou um homem) a prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal será atentado violenta ao pudor; 
- Quando a mulher constrange homem à prática de conjunção carnal, não se enquadra no crime de estupro e nem atentado violento ao pudor – será constrangimento ilegal; 
- O CPM não previu hipóteses qualificadas pelo resultado da lesão corporal grave ou morte;
- Crime doloso; 
- A consumação ocorre com a introdução do pênis na vagina, ainda que de forma parcial; 
- Pode haver tentativa, quando houver constrangimento, mas o autor, por circunstâncias alheias a sua vontade, não consegue a penetração;
- O ato de constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso, inclusive a conjunção carnal, ainda que esse ato não se consume, não configurará tentativa de estupro, mas art. 241D do ECA;
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR 
Art. 233. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar, a praticar ou permitir que com êee pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem prejuízo da correspondente à violência. 
Presunção de violência 
Art. 236. Presume-se a violência, se a vítima: 
I - não é maior de quatorze anos, salvo fundada suposição contrária do agente; 
II - é doente ou deficiente mental, e o agente conhecia esta circunstância; 
III - não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR 
- Crime impropriamente militar;
- O autor pode ser qualquer pessoa, diferentemente do delito de estupro; 
- Será crime de atentado violento ao pudor a prática de ato libidinoso, com o consentimento do menor de 14 anos, mesmo com o registro da imagem, em que haverá violência presumida; 
- Constranger – forçar, obrigar, subjugar a pessoa, por ameaça ou violência; 
- A violência empregada para subjugar a vítima não precisa causar lesão corporal; basta que haja a violência física; 
- A grave ameaça empregada consiste em violência moral; 
- A violência deve ser dirigida à própria vítima, mas na grave ameaça o mal prometido deve chegar ao conhecimento da vítima; 
- O ato praticado deve ser libidinoso e diverso da conjunção carnal: coito anal, sexo oral; 
- O beijo lascivo, desde que não seja aplicado sobre os órgãos sexuais e os seios desnudos, não há que caracterizar o ato libidinoso capaz de configurar o crime sexual, podendo, contudo, configurar o constrangimento ilegal; 
- O simples tapa na nádega, por exemplo, com o escopo de inferiorizar a vítima, configurará injúria real – art. 217 CPM; 
- A introdução de ânus da vítima, ou o ato de obriga-la a beijar o órgão sexual do agente, com a finalidade de humilhar, configura atentado violento ao pudor; 
- O ato libidinoso pode ser praticado com a interação da vítima, que pode ser obrigada a praticar o ato no sujeito ativo, como no caso de ser obrigada à felação;
- O art. 233 possui uma modalidade que não existia na antiga redação do art. 214 do CPB; a conduta nuclear de constranger alguém a presenciar a prática de ato libidinoso; nesta modalidade, a vítima não interage com o sujeito ativo ou com terceiro, mas é forçada, por violência ou grave ameaça, a contemplar passivamente o ato praticado por terceiros; 
- Se a vítima for menor de 18 anos, estará presente a figura do art. 234 – corrupção de menores; 
- Se a criança menor de 12 anos for induzida a ter acesso a cena de prática de sexo explícito ou a cena pornográfica de forma indireta, tendo o agente a intenção de com ela praticar ato libidinoso, não haverá crime de atentado violento ao pudor, mas o inciso I do art. 241-D do ECA;
- A consumação ocorre com a prática do ato libidinoso diverso do pênis na vagina da vítima, podendo-se resumir no coito anal, beijo no órgão sexual etc; 
- Consuma-se ainda com a presença forçada do sujeito passivo assistindo à prática do ato libidinoso; 
- A tentativa pode ocorrer quando houver um constrangimento, mas o autor por circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue fazer que a vítima presencie ou participe (fazendo ou deixando que se faça consigo) do ato libidinoso;
CORRUPÇÃO DE MENORES 
Art. 234. Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa menor de dezoito e maior de quatorze anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo: Pena - reclusão, até três anos. 
Art. 237. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se o fato é praticado: 
I - com o concurso de duas ou mais pessoas; 
II - por oficial, ou por militar em serviço.
- Crime propriamente militar; 
- A vítima necessariamente deve ser uma pessoa, com idade entre 14 e 18 anos, e que não esteja sexualmente corrompida; 
- Antes da Lei 12015/2009, o CPB possuía a previsão idêntica no art. 218; 
- Corromper – depravar, perverter, viciar a pessoa em sentido sexual; 
- Pode ocorrer por 3 meios de execução: prática de ato de libidinagem (deve ser praticado com a vítima); indução a prática de tal ato pela vítima (o autor cria a ideia na cabeça da vítima, sob enfoque sexual); indução a presenciar o ato de libidinagem (o autor induz a vítima a assistir diretamente a prática do ato); 
- Ato de libidinagem – aquele apto a aflorar o prazer sexual; 
- Pressupõe o assentimento da vítima; do contrário, seria outro crime sexual: estupro ou atentado violento ao pudor;- Também é conduta típica do crime em estudo o ato de facilitar a corrupção pelas 3 formas já estudadas; 
- Facilitar a corrupção é apenas uma técnica de transformar o crime em um crime de atentado; 
- Este crime se consuma com a presença, participação ou indução da vítima do ato libidinoso, o que corromperá ou facilitará a sua corrupção; 
- Trata-se de um crime formal, logo não carece demonstração de que a vítima efetivamente foi corrompida;
ATO DE LIBIDINAGEM 
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar: Pena - detenção, de seis meses a um ano. 
Art. 88 CPM . A suspensão condicional da pena não se aplica:
 (...) 
II - em tempo de paz: 
(...)
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV. 
Art. 270 CPPM. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de infração a que não fôr cominada pena privativa de liberdade. 
Parágrafo único. Poderá livrar-se solto: 
(...) 
b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a dois anos, salvo as previstas nos arts. 157, 160, 161, 162, 163, 164, 166, 173, 176, 177, 178, 187, 192, 235, 299 e 302, do Código Penal Militar. 
Art. 237. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se o fato é praticado: 
I - com o concurso de duas ou mais pessoas; 
II - por oficial, ou por militar em serviço.
- Crime propriamente militar; 
- Para o crime ocorrer há necessidade sempre de existirem 2 pessoas na prática de ato, e ao menos uma deverá ser militar da ativa; 
- Não há par na legislação penal comum; 
- Até 28/10/2015, o tipo penal possuía a rubrica: Pederastia ou outro ato de libidinagem; 
- O Plenário do STF julgou parcialmente procedente a ADPF 291, que questionava a constitucionalidade do art. 235 do CPM, e a Corte entendeu que a incriminação do ato no interior da caserna é constitucional, apenas com a supressão das palavras “pederastia ou outro” no nomem juris;
- “homossexual ou não” na descrição típica também foi suprimida pela decisão da DPF 291; 
- Praticar – impõe conduta ativa do militar, ou seja há uma ação sobre outra pessoa, podendo esta ser outro militar, militar inativo ou civil, que serão consortes no delito; 
- Permitir o militar que com ele se pratique – conduta passiva, quando o militar da ativa permite que alguém – que também responderá pelo delito - pratique em seu corpo ato libidinoso; 
- Elemento espacial – a conduta deve ser praticada no quartel, não carecendo de ser público, mas apenas no interior;
PEDERASTIA OU OUTRO ATO DE LIBIDINAGEM 
- O delito consuma-se com a prática do ato, seja o militar agente, seja paciente da conduta libidinosa;
Ato obsceno 
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar sujeito à administração militar: Pena - detenção de três meses a um ano. 
Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato é praticado por militar em serviço ou por oficial.
- Crime impropriamente militar; 
- Descrição típica próxima àquela do art. 233 do CPB; 
- Praticar – executar, realizar o ato obsceno; 
- Ato obsceno – ato que tenha característica sexual no sentido amplo, lesando o sentimento médio de pudor; 
- Exemplos: o apalpar de nádegas ou seios, exibir órgãos genitais, andar nu seminu ou com roupas íntimas; 
- O ato obsceno pode ser praticado para satisfazer a luxúria do agente (denominado real), como em tom de gracejo, desrespeito ao senso comum (denominado simulado);
- A conduta deve ser praticada no quartel; todavia deve ainda ser público (acessível a qualquer um e a qualquer momento), aberto ao público ( local delimitado, mas de acesso a qualquer um, mesmo que se exija para tanto determinadas condições, p. ex: cassino dos sargentos) ou exposto ao público (fechado, mas que permite visão de seu interior por quem esteja do lado de fora, que é público); 
- Se o ato libidinoso for praticado contra alguém, ainda que em público, haverá hipótese do crime comum de importunação sexual – art. 215-A do CPB; ex: um militar se masturba e ejacula em outro militar;
- Caso o autor busque local não enquadrado nessas características – a exemplo de um automóvel com cortinas nas janelas obstando a visão do interior, o banheiro da unidade etc. – não ocorrerá o delito, pela ausência de lesão ao bem jurídico focado; 
- O delito se consuma com a prática do ato obsceno, não havendo necessidade de que alguém o presencie; 
- Crime de perigo abstrato;
Escrito ou objeto obsceno 
Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à venda, exibir, adquirir ou ter em depósito para o fim de venda, distribuição ou exibição, livros, jornais, revistas, escritos, pinturas, gravuras, estampas, imagens, desenhos ou qualquer outro objeto de caráter obsceno, em lugar sujeito à administração militar, ou durante o período de exercício ou manobras: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem distribui, vende, oferece à venda ou exibe a militares em serviço objeto de caráter obsceno.
- Crime impropriamente militar; 
- Tipicidade aproximada àquela prevista no art. 234 do CPB; 
- Tipo misto alternativo – contém em seu núcleo várias condutas incriminadas, de sorte que, se o agente praticar mais de uma delas, responderá por apenas um crime; 
- Produzir (fabricar, manufaturar, ex: tirar fotos obscenas no quartel;), distribuir (entregar a alguém de forma definitiva), vender (entregar a alguém mediante retribuição), expor à venda (exibir com o intuito de vender), exibir (apenas expor, sem a intenção de venda), adquirir (comprar ou receber gratuitamente);
- No CPM não tem as condutar importar ou exportar; 
- Obsceno – é o objeto ou escrito que ofende a moralidade pública sexual; 
- Pela descrição do caput a conduta deve ser perpetrada no quartel ou em qualquer lugar, desde que esteja em período de exercícios ou manobra; 
- No parágrafo único – para configuração do crime, prescinde do elemento espacial, não sendo necessário que o fato se dê no quartel; 
- Quando o militar possui os objetos em depósito apenas para seu deleite ou por ser colecionador, o crime não ocorrerá; 
- O crime se consuma com a prática de qualquer das condutas descritas pelo tipo, bastando a potencialidade da ofensa ao pudor público – crime de perigo abstrato; não é preciso que haja efetivamente a turbação do pudor público;
CRIMES MILITARES CONTRA O PATRIMÔNIO
Furto simples 
Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, até seis anos. 
Furto atenuado 
§ 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal. 
Energia de valor econômico 
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Furto qualificado 
4º Se o furto é praticado durante a noite: Pena reclusão, de dois a oito anos.
§ 5º Se a coisa furtada pertence à Fazenda Nacional: Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
§ 6º Se o furto é praticado: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
§ 7º Aos casos previstos nos §§ 4º e 5º são aplicáveis as atenuações a que se referem os §§ 1º e 2º. Aos previstos no § 6º é aplicável a atenuação referida no § 2º.
Furto simples 
- Crime impropriamente militar; 
- Sujeito passivo: poderá ser pessoa física e pessoa jurídica; poderão figurar no polo passivo o possuidor e o detentor; 
- Para o crime ser praticado contra pessoa jurídica, tem que ser patrimônio sob administração militar; 
- Descriçãotípica semelhante ao art. 155 do CPB; 
- Subtrair – tirar, tomar, sacar sem o conhecimento e consentimento da vítima, invertendo a posse da coisa; 
- A subtração deve ter o propósito de permanecer com a coisa, ainda que temporariamente; 
- Coisa alheia móvel – coisa: tudo aquilo passível de remoção, ex: dinheiro, automóvel, jóias e outros;
- Coisa alheia – aquela que não pertence ao agente; coisa de ninguém, coisa abandonada, coisa de uso de todos não podem ser objeto do crime de furto; 
- A coisa perdida – será o crime de apropriação de coisa achada – art. 249; 
- Furto atenuado – medida alternativa; primeira possibilidade: a pena de reclusão de um a seis anos poderá ser convertida para detenção de 30 dias a 6 anos; segunda possibilidade: o juiz poderá manter a pena na espécie detenção, porém diminuindo-a de 1 a dois terços, configurando assim uma causa de diminuição de pena; última possibilidade: desclassificar como uma infração disciplinar;
- Para aplicar furto atenuado: 2 elementos: primariedade do réu (decorrer 5 anos da extinção da pena) e o valor da coisa (um décimo de salário mínimo – todavia o inciso IV do art. 7 da CF, veda equiparação com o salário mínimo para qualquer fim, o que tornaria livre a avaliação do Poder Judiciário no caso concreto); 
- Furto privilegiado - §2° do Art. 240 – causa de diminuição de pena – requisitos: o indiciado deverá ser primário; a reparação ou restituição da coisa antes da instauração da ação penal – antes do recebimento da denúncia (art. 35 do CPPM); 
- Se a reparação ou restituição ocorrer após a instauração do processo será circunstância atenuante prevista na alínea b, do inciso III do art. 72 do COM.
§3° do art. 240 – possibilidade de o delito ocorrer com a subtração não só da energia elétrica, mas também da solar, térmica, nuclear, sonora – configurando, diversamente do crime que tenha por objeto coisa móvel material, um delito permanente; 
- Para comprovação deste delito é necessário perícia indicando a subtração da energia; 
- O sinal de televisão por assinatura se enquadra neste dispositivo – STJ, RESP 1123747, Rel. Min. GILSON DIPP; o STF entende de maneira diversa, HC 97261/RS, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA; 
- A adulteração do medidor configura o crime de estelionato;
- Há diversas formas qualificadas para o furto 
*o furto se qualifica quando praticado a noite (entre o pôr e o nascer do sol); CPM mais rígido do que o CPB – repouso noturno (22 às 6h); 
*quando o furto é cometido contra Fazenda Nacional (apenas em favor da União) – não é a Fazenda Pública (em favor de todas as entidades de direito público); não haverá qualificadora se a coisa subtraída pertencer ao Estado de São Paulo, por exemplo à Polícia Militar; 
* Quando o furto for praticado com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa – pode ser antes ou depois da subtração; obstáculo (tudo aquilo empregado para proteger a coisa, desde que não seja inerente a coisa, exemplo: cadeado); destruir (empregar violência física sobre a coisa, inutilizando-a total ou parcialmente), romper (vencer, abrir, desmontar obstáculo, ainda que não de forma a inutiliza-lo;
* Com abuso de confiança – o agente dispõe da confiança da vítima, tendo certo liberdade de ação por sua credibilidade; 
* Mediante fraude – caracteriza-se pelo engodo, pelo ardil, que envolve a vítima; 
* Mediante escalada – utilização de quipamento, aparelho ou a própria agilidade para ingressar no ambiente do furto por local onde esse ingresso seja defeso; 
* Mediante destreza – resulta da habilidade específica do agente em perpetrar o furto com o conhecimento que não seja de domínio comum – ex: emprego de acuidade sonora para abrir cofre;
* Emprego de chave falsa – qualquer instrumento ou objeto, ainda que não se pareça com uma chave, utilizado para abrir fechadura de um recinto ou de um compartimento, a exemplo de grampos, mixa e até cartão magnéticos; 
*Mediante o concurso de duas ou mais pessoas – apenas 1 dos agentes precisa ser imputável; não é necessário que haja coautoria; 
- Somente pode ser praticado o crime de furto a título de dolo – intenção, a vontade livre e consciente de subtrair a coisa móvel (animus furandi ou domini);
- A consumação ocorre com a amotio, compreendendo-se com a retirada da coisa da esfera e disponibilidade da vítima, ainda que o agente não tenha a posse tranquila; 
- Crime material e plurissubsistente – assim a tentativa é perfeitamente possível;
Furto de uso 
Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de uso momentâneo e, a seguir, vem a ser imediatamente restituída ou reposta no lugar onde se achava: Pena - detenção, até seis meses. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se a coisa usada é veículo motorizado; e de um terço, se é animal de sela ou de tiro.
- Crime impropriamente militar; 
- Crime sem par na legislação comum; 
- Não se admite as qualificadoras do crime de furto, por uma questão topográfica, já que as qualificadoras estão em dispositivo anterior do furto de uso; 
- Causa de aumento – se o objeto do delito for veículo motorizado(todo e qualquer meio de locomoção cuja propulsão seja obtida por motor que se utilize da energia resultante de combustão, de eletricidade e etc.), animal de montaria (todo e qualquer animal utilizado para deslocamento, comportando uma pessoa em seu dorso; não precisa pertencer ao patrimônio da instituição militar), animal de tiro (animal utilizado para tração e não montaria – animal que tira ou puxa um carro, uma carroça – tiro é serviço de puxar carros, feitos por animais);
- O delito se consuma com a devolução ou reposição da coisa subtraída; 
- Não é possível a tentativa porquanto o agente devolve ou não a coisa subtraída;
ROUBO 
Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante emprego ou ameaça de emprego de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer modo, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem, em seguida à subtração da coisa, emprega ou ameaça empregar violência contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para outrem. 
Roubo qualificado 
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
II - se há concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores, e o agente conhece tal circunstância; IV - se a vítima está em serviço de natureza militar; 
V - se é dolosamente causada lesão grave; 
VI - se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis esse resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. 
Latrocínio 
§ 3º Se, para praticar o roubo, ou assegurar a impunidade do crime, ou a detenção da coisa, o agente ocasiona dolosamente a morte de alguém, a pena será de reclusão, de quinze a trinta anos, sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa de consumar-se. Se há mais de uma vítima dessa violência à pessoa, aplica-se o disposto no art. 79
ROUBO 
- Crime impropriamente militar; 
- Descrição típica semelhante à do art. 157 do CPB; 
- Coisa alheia móvel – conforme explicação do crime militar de furto; 
- “mediante emprego de violência a pessoa ”- tem que ser violência física, não se exigindo que seja resistível pela vítima, bastando que seja empregada para a subtração ou para garanti-la; pode ser praticada contra a pessoa que detém a coisa a ser subtraída ou contra terceira pessoa; pode ser violência própria ou imprópria (redução da possibilidade de resistência da vítima); 
- A violência leve, empregada com o intuito de distrair e não intimidar, não caracteriza violência para subsunção da conduta de roubo, devendo o agente responder pelo crime de furto;
- “mediante emprego ou ameaça de emprego de violência contra pessoa”- promessa de um mal futuro apto a causar temor na vítima, não é qualquer ameaça; se a ameaça ficar circunscrita a uma agressão moral, poderá ser o crime de extorsão, desde que seja grave a ameaça; 
- Roubo próprio – quando a violência ou a ameaçaocorre antes ou durante a subtração; 
- Roubo impróprio – quando a violência ou a ameaça ocorre após, com o intuito de assegurar a impunidade do delito; 
- § 2° - roubo qualificado – mas trata de causa especial de aumento de pena 
– O roubo com arma de fogo ou com arma branca no COM conhece a majorante de um terço até a metade; no CPB, o emprego de arma branca conhece a majoração de um terço até a metade e com emprego de arma de fogo conhece a majorante de dois terço; caso a arma seja de uso restrito o proibido, a pena é aplicada em dobro.
- A arma deve ser utilizada na violência ou ameaça, não bastando que o autor esteja armado para incidência da causa de aumento de pena; é preciso que, de algum modo, ainda que apenas exibindo, valha-se da arma para aumentar seu domínio sobre a vítima; 
- O emprego de arma de brinquedo ou arma real não apta ao disparo – o que se valora é o efetivo perigo para a vítima decorrente do emprego da arma, o que, não constatado, evitaria a majoração; fundamental a perícia no objeto; 
- Também haverá majoração quando o roubo for praticado em concurso de duas ou mais pessoas – necessário que apenas um dos agentes seja imputável; prescinde da presença física de todos os consortes no local do crime, podendo ser reconhecida a participação moral;
- “se a vítima estiver em serviço de transporte de valores” – quando a vítima estiver transportando valores de terceiros, que podem ser compreendidos em sentido lato, não só abarcando a moeda nacional em espécie; tem que ser transporte profissional de valores; 
-”quando a vítima estiver em serviço de natureza militar”- todo e qualquer serviço relacionado às atividades constitucionalmente definidas para as instituições militares; 
- “se é dolosamente causada lesão grave”- vale se gerar lesão grave e lesão gravíssima; tem que ser lesão de natureza dolosa; no CPB pode ser lesão dolosa ou culposa;
- “se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis esse resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo”- modalidade preterdolosa – a morte é alcançada de forma culposa, não existindo dispositivo correlato no CPB; 
§ - 3° prevê o latrocínio – no CPB não é utilizada expressamente o nomen juris – deve constar da apuração a comprovação da morte e a evidência de que foi ela provocada pela violência empregada pelo agente, fixando-se pena em reclusão de 15 a 30 anos; a morte provocada para configuração do latrocínio pode ser contra qualquer pessoa, desde que não seja um dos autores do crime; 
- A provocação de mais de uma morte significará concurso de crimes – formal ou material – já que dependendo da situação poderá haver 2 ou mais condutas e o art. 79 refere às duas espécies de concurso de crimes;
- Consumação – quando a violência preceder a subtração, o crime se consuma com a própria subtração, o apoderamento pelo autor do delito da coisa subtraída; quando a violência se dá após a subtração, a consumação ocorre com o emprego da violência; 
- No latrocínio a consumação ocorre com a morte da vítima, independentemente de a subtração patrimonial ter-se efetivado; 
- A tentativa é possível tanto no roubo próprio e no impróprio, inclusive em sua forma qualificada (latrocínio);
- Para o latrocínio existem as seguintes possibilidades: 
* Subtração consumada e morte consumada – latrocínio consumado; 
* Subtração tentada e morte consumada – em face do §3° do art. 242, latrocínio consumado – no CPB há polêmica; 
* Subtração consumada e morte tentada – latrocínio tentado; e 
* Subtração tentada e morte tentada – latrocínio tentado
EXTORSÃO 
Art. 243. Obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, constrangendo alguém, mediante violência ou grave ameaça: 
a) a praticar ou tolerar que se pratique ato lesivo do seu patrimônio, ou de terceiro; 
b) a omitir ato de interesse do seu patrimônio, ou de terceiro: Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. Formas qualificadas 
§ 1º Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º do art. 242. 
§ 2º Aplica-se à extorsão, praticada mediante violência, o disposto no § 3º do art. 242.
- Crime impropriamente militar; 
- “Obter”- alcançar, receber, ter, pressupondo a conduta positiva da vítima que pratica (ou tolera a prática) de algo que lesa seu patrimônio (ou de terceiro), ou mesmo se omite de praticar ato interessante ao seu patrimônio (ou de terceiro); 
- No roubo a vítima não colabora com a atitude criminosa, mas apenas entrega a coisa em função da violência ou ameaça; na extorsão, o agente não alcança seu intento sem o comportamento da vítima; 
- Na extorsão, o agente deve obter vantagem econômica indevida, algo o qual não possui direito, que não lhe é devido; caso a vantagem é devida, o delito será de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP); 
- Caso a vantagem não seja econômica, pode ser o crime de ameaça (art. 223 CPM), constrangimento ilegal (art. 222 do CPM) ou até o delito de concussão (art. 305 do CPM);
- O crime militar de extorsão, ao exigir a efetiva obtenção da vantagem econômica para sua consumação (crime material), diferencia-se do crime comum de extorsão, previsto no CPB vigente, no art. 158, em que a conduta nuclear é constranger com o intuito de obter a vantagem indevida (crime formal); 
- A violência deve ser dirigida à própria vítima, porém na grave ameaça, o mal prometido deve chegar ao conhecimento da vítima, podendo, entretanto, ser a ela mesma dirigido (direta) ou a terceiro (indireta); 
- No delito de extorsão a vantagem indevida deve ser econômica, enquanto na concussão pode ser de qualquer ordem; na concussão há uma relação com a atuação de ofício, na extorsão a atuação do agente nada guarda com a atuação de ofício;
- As causa especiais de aumento de pena aplicadas ao roubo também se aplicam ao delito de extorsão; 
- Da mesma forma a qualificadora do roubo (latrocínio) foi trazida para a extorsão; 
- O crime de extorsão se consuma com a obtenção da vantagem indevida, com exceção da extorsão qualificada pelo resultado morte, que deve possuir, por ser o crime militar de extorsão um crime material, conformação conforme à do latrocínio;
- Existem as seguintes possibilidades: 
* Obtenção de vantagem pecuniária indevida consumada e morte consumada – extorsão qualificada consumada; 
* Obtenção de vantagem pecuniária indevida tentada e morte consumada – extorsão qualificada consumada; 
* Obtenção de vantagem pecuniária indevida consumada e morte tentada – extorsão qualificada tentada; e 
* Obtenção de vantagem pecuniária indevida tentada e morte tentada – extorsão qualificada tentada;
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 
Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para si ou para outrem, mediante seqüestro de pessoa, indevida vantagem econômica: Pena - reclusão, de seis a quinze anos. 
Formas qualificadas 
§ 1º Se o seqüestro dura mais de vinte e quatro horas, ou se o seqüestrado é menor de dezesseis ou maior de sessenta anos, ou se o crime é cometido por mais de duas pessoas, a pena é de reclusão de oito a vinte anos. 
§ 2º Se à pessoa seqüestrada, em razão de maus tratos ou da natureza do seqüestro, resulta grave sofrimento físico ou moral, a pena de reclusão é aumentada de um terço. 
§ 3º Se o agente vem a empregar violência contra a pessoa seqüestrada, aplicamse, correspondentemente, as disposições do art. 242, § 2º, ns. V e VI ,e § 3º.
- Crime impropriamente militar; 
- Extorquir ou tentar extorquir – obter ou tentar obter vantagem econômica indevida; 
- No CPB visa obter qualquer vantagem, já no CPM é a obtenção de indevida vantagem econômica; deve possuir algo ao qual não possui direito, que não lhe é devido; 
- Se a vantagem for devida, pode ser o crime de exercício arbitrário das próprias razões, art. 345 do CPB e inexistente do CPM; 
- Conduta idêntica à constante no art. 170 do CPB;
- O autor extorque a vítima pela imposição de uma violência específica, traduzida pela conduta de sequestrar uma pessoa; 
- Sequestro – deve ser compreendido em sentido lato, abrangendo o sequestro como o cárcere privado; 
- O tempo de privação de liberdade é elemento estranho ao tipopenal do caput; 
- A elasticidade do tempo de privação de liberdade é circunstância que o legislador considerou para a dosagem da pena; 
- A qualificadora do CPB estará presente quando a vítima for maior de 60 anos, ou menor de 18, e não 16 anos de idade, como no CPM; prevalecendo o entendimento do código castrense;
- O crime será qualificado quando cometido por 2 ou mais pessoas, sendo necessário que apenas um dos agentes seja imputável; 
- Nos termos do art. 213, maus-tratos traduzem-se pela exposição da vida ou da saúde de alguém mediante a privação de alimentação ou cuidados indispensáveis, ou ainda pela sujeição da vítima a trabalhos excessivos ou inadequados; 
- O crime é consumado com a ofensa a liberdade da pessoa, porquanto, mesmo se tentada a extorsão – entenda-se, obtenção de vantagem econômica indevida, pela aplicação de constrangimento representado pela privação de liberdade – haverá delito consumado; 
- trata-se de crime permanente – enquanto não cessada a privação de liberdade, haverá o estado de flagrância;
CHANTAGEM 
Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica, mediante a ameaça de revelar fato, cuja divulgação pode lesar a sua reputação ou de pessoa que lhe seja particularmente cara: Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Parágrafo único. Se a ameaça é de divulgação pela imprensa, radiodifusão ou televisão, a pena é agravada.
- Crime impropriamente militar; 
- Não há no CPB, tipo penal correlato ao delito de chantagem; 
- Obter ou tentar obter – tentar alcançar uma vantagem da vítima, mediante ameaça de exposição aviltante à reputação delá própria ou de terceira pessoa; 
- O escopo do autor do crime é a obtenção de indevida vantagem econômica; 
- O delito configura uma espécie de extorsão, contudo com a utilização de uma ameaça específica, nem sempre grave, mas que pode macular a reputação de alguém;
- Quando a ameaça se referir à revelação de um fato maculador da reputação, ainda que não seja grave, estaremos diante de um delito militar de chantagem e não de extorsão; 
- Reputação – conceito de que a pessoa goza em um determinado grupo humano, não sendo necessário, no entanto, que essa mácula ocorra, mas apenas que a revelação seja apta a causar lesão; 
- Será majorada quando a ameaça for de divulgação pela imprensa, radiodifusão ou televisão, sendo possível entender que a divulgação pela imprensa abranja, inclusive os modernos meios de comunicação como a internet, no caso de periódicos nela veiculados; 
- Deve-se atentar que a efetiva revelação não necessita ocorrer;
- Não menciona o quantum da majoração, devendo ser aplicado o disposto no art. 73 do CPM; 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime. 
- O crime é consumado com a obtenção ou execução de qualquer ato no sentido de se efetivar a obtenção da vantagem econômica indevida, mediante a ameaça de revelação do fato lesivo à reputação; 
- Trata-se de uma crime de atentado;
EXTORSÃO INDIRETA 
Art. 246. Obter de alguém, como garantia de dívida, abusando de sua premente necessidade, documento que pode dar causa a procedimento penal contra o devedor ou contra terceiro: Pena - reclusão, até três anos.
- Crime impropriamente militar; 
- Tipificação aproximada no art. 160 do CPB; 
- Obter – ato de conseguir, de ter em mãos um documento específico, que possa ensejar procedimento criminal contra a pessoa; 
- Esse documento pode ser público ou particular; 
- Esse documento deve possuir, portanto, conteúdo que possa iniciar um procedimento criminal contra aquele que o lavrou, ou mesmo contra terceiro, como permite o tipo penal, ainda que mensagem veiculada seja inverídica, bastando a potencialidade de instauração do procedimento, ou seja, que tenha um conteúdo criminalmente comprometedor;
- A infração noticiada no documento poderá tratar-se de um fato existente sem autoria conhecida, com a autoria atribuída a outra pessoas, ou mesmo um fato inexistente, fictício, já que o tipo castrense se contenta com a mera potencialidade de instauração do procedimento; 
- Procedimento criminal – pode ser de contravenção penal ou crime, diferentemente do crime de incitamento, art. 155 do CPM; 
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: 
- O crime é consumado com a obtenção do documento que pode incriminar a vítima, sendo indiferente que haja a efetiva lesão patrimonial futura; exige-se a efetiva obtenção do documento para sua consumação;
MAJORANTE DO CAPITULO II 
Art. 247. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se a violência é contra superior, ou militar de serviço. 
- Causa especial de aumento de pena para os crimes de roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro; 
- Não possui o quantum definido na Parte Especial – aplicar o art. 73 do CPM; 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime. 
- Superior – art. 24; 
- Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. 
- Militar de serviço – serviço de natureza militar ou não;
APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou detenção: Pena - reclusão, até seis anos.
Agravação de pena 
Parágrafo único. A pena é agravada, se o valor da coisa excede vinte vêzes o maior salário mínimo, ou se o agente recebeu a coisa: 
I - em depósito necessário; 
II - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. 
§ 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal.
- Crime impropriamente militar; 
- Semelhante previsão no art. 168 do CPB; 
- O objeto da conduta também é a coisa alheia móvel 
- Essa coisa alheia móvel já deve estar legitimamente na posse ou detenção do agente, desvigiada, ou seja, a obtenção da posse ou detenção ocorre de forma anterior à apropriação, de maneira lícita e possuindo o agente uma liberdade sobre a coisa sem que haja o estrito controle; 
- Se a posse ou detenção for obtida de forma fraudulenta – estelionato; 
- Se a posse for obtida por subtração sem emprego de violência – furto; 
- Se a posse for obtida por subtração com emprego de violência – roubo;
- O parágrafo único do art. 248 – na proporção do art. 73 do CPM; 
- Causa de aumento atrelada ao salário mínimo – em regra a fixação está sendo pela União; 
- Depósito necessário – art. 647 do CC – uma das espécies do depósito necessário advém do que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque; 
- Se o militar figurar como depositário em razão de sua função, o ato de apropriação configurará o delito de peculato – art. 303 CPM; 
- No art. 250, o legislador estendeu ao delito de apropriação indébita a causa especial de diminuição de pena e a desclassificação do crime para transgressão disciplinar – contida nos parágrafos 1° e 2° do Art. 240;
- O agente deve agir com animus rem sibi habendi, ou seja, atuar com a intenção de se apropriar de coisa alheia móvel de que tem a posse ou detenção; 
- O crime se consuma quando o autor dispõe da coisa em dissenso com o dono ou lhe nega a devolução da coisa; 
- Embora seja de difícil materialização, é possível a tentativa – ex: consórcio entre militares;
APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDAACIDENTALMENTE 
Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, até um ano. 
Apropriação de coisa achada 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor, ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias. 
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA ACIDENTALMENTE 
- Crime impropriamente militar; 
- Semelhante ao art. 169 do CPB; 
- Apropriar-se – assenhorar-se, colocar-se como dono da coisa alheia havida por erro, caso fortuito ou força da natureza; 
- Embora o tipo penal não mencione expressamente, a coisa alheia tratada é móvel; 
Erro – equívoco – a coisa não deveria estar na posse do agente, somente se encontrando nessa situação por força do equívoco ocorrido; o agente recebeu a coisa sem que tenha utilizado de ardil, sob pena de configuração do crime de estelionato;
Caso fortuito ou força maior são expressões que se equivalem, pois ambas não são domináveis pela vontade humana; 
- O parágrafo único – forma assimilada – trata de apropriação total ou parcial, de coisa alheia móvel achada, não a restituindo no prazo de 15 dias; claro que a coisa encontrada deve estar perdida do seu proprietário; 
- A devolução da coisa achada é uma obrigação do descobridor, que terá, por sua vez, um direito a recompensa não inferior a cinco por cento do valor da coisa achada – art. 1233 e 1234 do CC; 
- A restituição da coisa não está condicionada ao pagamento da recompensa, sob pena de aquele que exigir o pagamento responder pelo crime de extorsão;
- A questão da recompensa, se não resolvida de imediato, deve ser discutido em juízo cível; 
- É possível que o descobridor não conheça o dono ou possuidor e, nos 15 dias de prazo da lei penal militar, não consiga conhece-lo, apesar de seus esforços; assim deverá proceder à entrega da coisa a uma autoridade judiciária ou policial – podendo ser autoridade de polícia judiciária militar; 
- Aplica-se os parágrafos 1°e2° do art. 240 do CPM; 
- O crime é consumado quando o autor dispuser da coisa em dissenso com a vontade do proprietário, ou ainda, quando o autor negar a devolução da coisa;
- No caso da modalidade do parágrafo único, o crime é consumado apenas após o decurso do prazo de 15 dias sem que o autor restitua a coisa ao seu proprietário; 
- Trata-se de crimes permanentes – STJ, HC 15403/SP, 5ª Turma, Rel. Min. GILSON DIPP.
ESTELIONATO 
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de dois a sete anos. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia, coisa alheia como própria; 
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que entrega a adquirente; 
V - defrauda de qualquer modo o pagamento de cheque que emitiu a favor de alguém. 
§ 2º Os crimes previstos nos ns. I a V do parágrafo anterior são considerados militares somente nos casos do art. 9º, nº II, letras a e e . 
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração militar. 
Art. 253. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
- No caput do artigo, qualquer pessoa pode cometer o delito; 
- Já nos inciso de I a V do §1° do artigo somente será crime se o autor e a vítima forem militares da ativa ou contra o patrimônio sob a administração militar; 
- Semelhante descrição típica do art. 171 do CPB; 
- Nomen juris – stellio – camaleão; 
- O núcleo da conduta do caput é obter – alcançar, conseguir vantagem ilícita, induzindo ou mantendo alguém em erro, pelo emprego de meio fraudulento, causando prejuízo alheio; 
- Induzir alguém em erro – gerar uma falsa compreensão da realidade na cabeça da vítima, que passa a se comportar como queria o autor;
- A indução ou manutenção do erro é a causa da obtenção da vantagem – primeira relação de causalidade exigida; 
- A geração de prejuízo alheio em função do erro consequente do ardil – segunda relação de causalidade exigida; 
- A vantagem ilícita obtida consiste em toda e qualquer vantagem, benefício ou proveito contrário à lei, não carecendo ser de ordem econômica; todavia o prejuízo refere-se a perda, a dano, diminuição de lucro ou patrimônio; 
- O legislador previu figuras especiais de estelionato nos incisos do parágrafo 1° do art. 251, impondo a mesma pena do tipo base;
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia, coisa alheia como própria; 
- Venda - transferir a propriedade do objeto definido a uma outra pessoa sob a contra partida do recebimento de uma quantia em dinheiro; 
- Permuta – ajuste entre pessoas em que um transfere a outra a propriedade um bem, mediante recebimento de outro bem, diferente de dinheiro; 
- Dar em pagamento – o credor pode aceitar que a relação obrigacional seja extinta pela substituição do objeto da prestação, realizando o pagamento pela entrega de coisa móvel não prevista na original relação; 
- Locação – uma pessoa se obriga ceder temporariamente à outra o uso e gozo de coisa, mediante certa remuneração; 
- Garantida de dívida;
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
- As condutas nucleares são as mesma do inciso anterior; 
- Engodo específico, em que o autor aliena coisa próproa inalienável, silenciando, não advertindo a vítima dessa inalienabilidade, exigindo portanto, a má-fé do autor; 
- A coisa móvel ou imóvel deve ter alguma causa que gere a impossibilidade de alienação, ser gravada de ônus ou litigiosa;
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
- Presença de coisa objeto de penhor; 
- Há defraudação , mediante alienação (venda, doação etc.) ou por outro modo (destruição, ocultação desvio, abandono etc.) sem a anuência do credor pignoratício; 
- O credor pignoratício é a pessoa que possui um título de penhor instituído em seu favor.
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que entrega a adquirente; 
- Defraudar substância – alterar a natureza de coisa corpórea, ou a sua qualidade (objeto entregue inferior) ou a quantidade (refere-se a número, peso e dimensões;
V - defrauda de qualquer modo o pagamento de cheque que emitiu a favor de alguém. 
- No CPB, a descrição típica é diferente; 
- A pura emissão de cheque sem provisão – configura delito diverso e autônomo – art. 313 do CPM; 
- A defraudação pode ocorrer com a sustação ilegítima, o encerramento de conta após a emissão de cheque; 
- O emitente de um cheque tem o direito de obstar o pagamento do cheque, desde que fundado em motivo justo; 
- Somente a frustração fraudulenta do pagamento do cheque tipifica o presente inciso;
§ 2º Os crimes previstos nos ns. I a V do parágrafo anterior são considerados militares somente nos casos do art. 9º, nº II, letras a e e . 
- Somente configurará crime militar se a conduta for praticada por militar da ativa contra militar da ativa (art. 9, inciso II, alínea a) ou contra o patrimônio sob a administração militar (art. 9, inciso II, alínea e)
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração militar. 
- Se a figura do caput ou as do parágrafo1 importarem em afetação do patrimônio sob a administração militar, por qualquer forma, haverá agravação da pena no quantum de um terço a um quinto, conforme o art. 73 do CPM; 
- Essa causa de aumento de pena não deve ser aplicada quando o autor for civil ou inativo – na figura do caput – pois tais agentes somente cometem delitos militares quando o fato busque atentar contra as instituições militar – bis in idem. 
- Neste sentido – HC 85167/SP, Segunda Turma, Min. Rel. JOAQUIM Barbosa, 21/11/2006
Art. 253. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. 
§ 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal. 
- O legislador estendeu ao delito de estelionato a causa de diminuição de pena e a desclassificação do crime para transgressão disciplinar;
- As formas qualificadas do CPB distintas do CPM, poderá ser crime militar extravagante, desde que encontre subsunção em uma das alíneas do art. 9 do CPM; 
- Consumação – no caput - no momento em que há a obtenção da vantagem ilícita pelo autor e o correspondente prejuízo alheio;
- No inciso I do §1° do art. 251 – com a obtenção da vantagem ilícita; 
- No inciso II do §1° do art. 251 – com a prática de algum ato previsto no tipo; 
- No inciso III do §1° do art. 251 – com a alienação, consumo, desvio da garantia dada em penhor; 
- No inciso IV do §1° do art. 251 – com a entrega da coisa defraudada em relação à sua qualidade ou quantidade; 
- No inciso V do §1° do art. 251 – no momento em que ocorre a recusa do sacado em efetuar o pagamento do cheque – Súmula 521 do STF;
ABUSO DE PESSOA 
Art. 252. Abusar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de função, em unidade, repartição ou estabelecimento militar, da necessidade, paixão ou inexperiência, ou da doença ou deficiência mental de outrem, induzindo-o à prática de ato que produza efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro, ou em detrimento da administração militar: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Art. 253. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240
- Crime impropriamente militar; 
- Crime próprio – autor deve ser agente público – militar ou funcionário público; 
- Abusar- aproveitar, tirar proveito; 
- Não precisa ser vantagem de ordem econômica; 
- Necessidade – extrema carência de algo – pode ser de ordem existencial, orgânica, intelectual ou moral; 
- Inexperiente – imaturo, sem maldade, sem prática de vida; 
- Deficiência ou doença mental – aquele que não possui capacidade de compreender o que faz;
- O proveito objetivado pelo autor não carece de ter natureza patrimonial, todavia deve ser injusto, ilícito, sob pena de ser outro delito; 
- É necessário que o autor caracterize o abuso pela indução (geração da ideia) da prática de ato que produza um efeito jurídico – criando ou extinguindo ou alterando um direito; 
- É necessário também que se verifique um prejuízo à vítima, a um terceiro ou mesmo em detrimento da Administração Militar; 
- Elemento espacial do tipo – em unidade, estabelecimento, repartição – lugar sujeito a administração militar; 
- Consumação – no momento e no lugar em que a pessoa vulnerável pratica ato para o qual foi induzido, não necessitando que gere o prejuízo – crime formal;
RECEPTAÇÃO 
Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em proveito próprio ou alheio, coisa proveniente de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, até cinco anos. 
Parágrafo único. São aplicáveis os §§ 1º e 2º do art. 240
- Crime impropriamente militar; 
- 2 possibilidade: 
Receptação própria - numa o agente adquire, recebe ou oculta coisa que sabe ser proveniente de crime; 
Receptação imprópria – o autor influi para um terceiro de boa-fé adquira, receba ou oculte coisa proveniente de crime; 
- Receptação própria – aquisição da coisa, significando a compra, a permuta etc.; passando a ter a propriedade da coisa, pouco importando, na forma onerosa, se o preço pago tenha sido justo ou não; tem-se a forma de receptação pelo recebimento da coisa, por exemplo, quando se aceita a coisa produto de crime, em face da entrega de outrem, mas sem a aquisição da propriedade, ou seja, apenas tendo-se a posse para a utilização; a terceira conduta é ocultar a coisa proveniente de crime, significando oculta, esconder, tirar das vistas de todos, dissimular;
- Receptação Imprópria – o agente tem o ânimo de influenciar, ou seja instigar, induzir, influenciando uma pessoa de boa-fé a receber, adquirir ou ocultar a coisa; é necessário que o terceiro influenciado esteja de boa-fé, ou seja, ignore a procedência criminosa da coisa, sob pena de, estando de má-fé, haver concurso de pessoas na receptação; 
- O objeto do crime deve ser coisa alheia móvel; 
- A coisa deve ser proveniente de conduta que se enquadre num crime (crime comum ou crime militar – independe de ser punível); não se admite que a coisa seja proveniente de contravenção ou de improbidade administrativa; 
- Não se tem no CPM a modalidade transportar ou conduzir igual ao CPB; 
- Pode ser aplicado as disposições previstas no furto atenuado;
- A consumação da receptação própria ocorre com a prática de qualquer das condutas enumeradas no tipo, com a tradição da coisa adquirida ou recebida ou ainda com a ocultação da coisa – crime material; 
- A consumação da receptação imprópria ocorre quando o autor influencie em relação ao terceiro de boa-fé e o autor pratique um comportamento previsto no tipo penal – adquirir, receber, ocultar;
RECEPTAÇÃO CULPOSA 
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, até um ano. 
Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena. 
Punibilidade da receptação 
Art. 256. A receptação é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
RECEPTAÇÃO CULPOSA 
- Crime impropriamente militar; 
- O núcleo da conduta também é adquirir ou receber e o objeto material do delito, da mesma forma que na modalidade dolosa, é a coisa móvel que se pode presumir ser proveniente de crime antecedente; 
- O autor não conhece a origem da coisa, mas tem condições de presumir ser delituosa em vista de sua natureza pela manifesta desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem oferece; 
- O autor sem ter o dever de cuidado objetivo deixa de ater-se às circunstâncias do fato e adquire ou recebe a coisa; 
- Hipótese de perdão judicial no parágrafo único – o autor deve ser primário e a coisa não deve superar um décimo do salário mínimo; 
- O crime se consuma quando o autor adquire ou recebe a coisa que deveria presumir ter origem criminosa; - Crime culposo;
ALTERAÇÃO DE LIMITES 
Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel sob administração militar: Pena - detenção, até seis meses. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem: 
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas sob administração militar; 
II - invade, com violência à pessoa ou à coisa, ou com grave ameaça, ou mediante concurso de duas ou mais pessoas, terreno ou edifício sob administração militar. 
Pena correspondente à violência 
§ 2º Quando há emprego de violência, fica ressalvada a pena a esta correspondente.
ALTERAÇÃO DE LIMITES 
- Crime impropriamente militar; 
- Similar ao art. 161 do CPB; 
- Suprimir– eliminar, tirar, fazer desaparecer; 
- Deslocar – mudar de posição, remover, afastar ou aproximar de local diverso daquele que originariamente encontrado; 
- Tapume – cerca ou muro destinado a assinalar o limite entre 2 ou mais imóveis; 
- Marco – toda coisa corpórea que, artificialmente colocada ou naturalmente existente em pontos da linha divisória de imóveis, serve, também, ao fim de atestá-la permanentemente;
- O objeto indicativo de divisa é imóvel sob a Administração Militar com também aqueles por ela utilizados, como os imóveis alugados ou utilizados por força de convênio; 
- O legislador trouxe figuras equiparadas: usurpação de águas e invasão de propriedades – ambas punidas com a mesma pena; 
- Na usurpação de águas, equiparou-se a essa conduta o desvio (mudança de curso) ou represamento (contenção, ato de reter) de águas sob administração militar, a exemplo de rio que perpassa ou situe em área de administração militar; 
- O desvio ou o represamento deve ser em proveito próprio ou de outrem, ou seja, há uma intenção de beneficiar com a conduta; não havendo esta intenção, será o crime de dano;
- Na invasão de propriedade, também denominada de esbulho possessório; tem-se invasão, com violência `a pessoa ou à coisa, ou com grave ameaça, ou mediante concurso de 2 ou mais pessoas, de terreno ou edifício sob administração militar; 
- Invadir – ingresso não autorizado; 
- Violência – vis corporis – violência física a coisa ou a pessoa; apenas precisa ser empregada para que se possibilite a invasão; 
- Ameaça – deve ser grave, ou seja, promessa de mal futuro apta a causar temor na vítima – violência moral; 
- Concurso de 2 ou mais pessoas – no CPB exige o concurso de mais de 2;
- O §2° dispõe que além da pena correspondente a alteração de limites, o autor incorrerá na pena correspondente à violência, seja a morte ou a lesão corporal; 
- A consumação ocorre com a efetiva alteração de limites no caso do caput; e com o efetivo desvio ou represamento de águas na figura do inciso I do parágrafo 1° , ou com a efetiva invasão do imóvel, na figura do inciso II do §1°;
APOSIÇÃO, SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA 
Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, sob guarda ou administração militar, marca ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
- Crime impropriamente militar; 
- Apor – pôr, colocar; quando os animais não possuírem sinais indicativos de propriedade e o autor coloca tal sinal indevidamente; 
- Suprimir – eliminar, fazer desaparecer; tirar sinal indicativo de propriedade que estava sobre o animal, também de forma indevida; 
- Alterar – modificar, no todo ou em parte, o sinal indicativo de propriedade; 
- Marca – sobreposição de sinal ao couro do animal; Lei 4714/65 – dispõe sobre uso da marca de fogo no gado bovino; 
- Sinal – todo elemento distintivo diverso da marca, como um objeto estranho preso ao animal, a exemplo da argola nos chifres;
- A conduta é praticada sobre gado (coletivo de animais de grande porte) ou rebanho (conjunto de animais de pequeno porte) alheio; 
- Esse animais devem estar sob guarda ou administração militar; 
- A consumação ocorre com a simples aposição, supressão ou alteração da marca ou sinal, ainda que em apenas um animal;
DANO SIMPLES 
Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desaparecer coisa alheia: Pena - detenção, até seis meses. 
Parágrafo único. Se se trata de bem público: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
- Crime impropriamente militar; 
- Destruir – quebrar totalmente; 
- Inutilizar – manter a coisa intacta, mas propiciar para que ela não se preste mais ao fim para o qual foi produzida; 
- Deteriorar – fazer com que a coisa desgaste mais do que seria normal pela ação do tempo; ou fazer com que a coisa perca parte de sua utilidade; 
- Desaparecer – sumir, tornar a coisa inalcançável; não tem esta modalidade no CPB; 
- O objeto material do delito – coisa alheia – qualquer coisa móvel ou imóvel, bastando que seja corpórea; 
- Há uma qualificadora com base na qualidade da coisa, pertencente à União, aos Estados, ao Distrito Federal, ou aos Municípios;
DANO ATENUADO 
Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o criminoso é primário e a coisa é de valor não excedente a um décimo do salário mínimo, o juiz pode atenuar a pena, ou considerar a infração como disciplinar. 
Parágrafo único. O benefício previsto no artigo é igualmente aplicável, se, dentro das condições nele estabelecidas, o criminoso repara o dano causado antes de instaurada a ação penal.
DANO ATENUADO 
- Norma semelhante à exceção da indicação do quantum da atenuação do furto – §1° e §2° do art. 240; 
- Curiosa previsão de arrependimento posterior; o STM entende como perdão judicial – Acórdão 1989.01.045900-6/RJ;
DANO QUALIFICADO 
Art. 261. Se o dano é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; 
III - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável: Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena correspondente à violência.
- Além do parágrafo único do art. 259, temos a qualificar o dano simples o emprego de violência ou grave ameaça à pessoa, ou seja, pelo modo de execução; violência física; 
- A ameaça precisa ser grave – promessa de mal futuro apta a causar temor na vítima; violência moral; 
- Também qualifica o dano o modo de execução – substância inflamável (possibilitar combustão), explosiva (gera estrondo em virtude de deslocamento de energia, com a expansão de ar); 
- Qualifica o dano pelo motivo: motivo egoístico (excesso de amor próprio a todo custo) e a prejuízo considerável (levar em consideração o patrimônio da vítima, com o fito de verificar o relevo do prejuízo causado; 
- Há similares formas qualificadas no art. 163 do CPB; 
- O dano simples, atenuado e qualificado consuma com a efetiva destruição, inutilização, deterioração ou desaparecimento da coisa alheia;
- Crime impropriamente militar; 
- Destruir – quebrar totalmente; 
- Inutilizar – manter a coisa intacta, mas propiciar para que ela não se preste mais ao fim para o qual foi produzida; 
- Deteriorar – fazer com que a coisa desgaste mais do que seria normal pela ação do tempo; ou fazer com que a coisa perca parte de sua utilidade; 
- Desaparecer – sumir, tornar a coisa inalcançável; não tem esta modalidade no CPB; 
- O objeto material do delito – coisa alheia – qualquer coisa móvel ou imóvel, bastando que seja corpórea; 
- Há uma qualificadora com base na qualidade da coisa, pertencente à União, aos Estados, ao Distrito Federal, ou aos Municípios; 
DANO EM MATERIAL OU APARELHAMENTO DE GUERRA 
Art. 262. Praticar dano em material ou aparelhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda que em construção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos a depósito, pertencentes ou não às forças armadas: Pena - reclusão, até seis anos. 
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do posto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta a pena de reforma.
- Crime Impropriamente militar; 
- Praticar dano – no sentido de destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desaparecer – art. 259; 
- O objeto material é o material ou aparelhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda que em construção ou em fabricação; 
- O bem deve ter destinação militar especifica para a guerra; 
- Não abrange as instituições militares estaduais; 
- Se forem decorrentes de atuação das PMs durante a guerra? 
- “Efeitos militares”- coisas que valem para os fins militares;
- Pode ser doloso ou culposo; 
- A consumação ocorre, como o dano simples, com a sua efetiva causação;
DANO EM NAVIO DE GUERRA OU MERCANTE SEM SERVIÇO MILITAR 
Art. 263. Causar a perda, destruição, inutilização, encalhe, colisão ou alagamento de naviode guerra ou de navio mercante em serviço militar, ou nele causar avaria: Pena - reclusão, de três a dez anos. 
§ 1º Se resulta lesão grave, a pena correspondente é aumentada da metade; se resulta a morte, é aplicada em dobro. 
§ 2º Se, para a prática do dano previsto no artigo, usou o agente de violência contra a pessoa, ser-lhe-á aplicada igualmente a pena a ela correspondente 
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do posto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta a pena de reforma.
- Crime impropriamente militar; 
- Perda (desaparecimento, extravio), destruição (quebrar totalmente) inutilização (apesar de inteiro, não presta mais para navegação), encalhe (perda da capacidade de navegação por estar preso a um obstáculo), colisão (abalroamento em obstáculo físico), alagamento (encher de água) ou avaria (qualquer outro evento físico que não os já individualizados); 
- Navio de guerra – embarcação de grande porte, equipada com armamento próprio para luta no mar, rio ou lagoa; 
- Navio mercante – embarcação de grande porte utilizada para fins comerciais, transportando pessoas ou cargas;
- Pode ser também na modalidade culposa; 
- Consuma-se com a efetiva prática de dano por uma das condutas nucleares; 
- Trata-se de crime de dano e não crime de perigo;
DANO EM APARELHOS E INSTALAÇÕES DE AVIAÇA E NAVAIS, E EM ESTABELECIMENTOS MILITARES 
Art. 264. Praticar dano:
I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou instalações de campo de aviação, engenho de guerra motomecanizado, viatura em comboio militar, arsenal, dique, doca, armazém, quartel, alojamento ou em qualquer outra instalação militar; 
II - em estabelecimento militar sob regime industrial, ou centro industrial a serviço de construção ou fabricação militar: 
Pena - reclusão, de dois a dez anos. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos parágrafos do artigo anterior. Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do posto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta a pena de reforma.
- Crime impropriamente militar; 
- Praticar dano – condutas tipificadas no art. 259; 
- O dano é praticado em aeronave (avião, helicóptero), hangar (construção para acomodação de aeronaves), depósito (construção para acomodação de materiais em geral), engenho de guerra motomecanizado (viatura com ou sem armamento destinado ao transporte de tropa, ao lançamento de foguete, torpedo, bomba, enfim todo aparelhamento de utilização bélica), arsenal (local de fabricação de armamento de guerra) dique (construção de composição variada, destinada ao desvio ou contenção de aguas do mar ou de rio), doca (construção em porto dotado de cais);
- Paragrafo único – aplicação do art. 263; 
- Também pode ter a conduta culposa; 
- Consuma-se com a efetiva prática do dano por uma das condutas nucleares nos aparelhos ou instalações enumeradas;
DESAPARECIMENTO, CONSUNÇÃO OU EXTRAVIO 
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou extraviar combustível, armamento, munição, peças de equipamento de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra motomecanizado: Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do posto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta a pena de reforma.
- Crime impropriamente militar; 
- Fazer desaparecer (sumir, tornar inalcançável), consumir (gastar, usar, extinguir), extraviar (dar caminho incerto e não sabido à coisa); 
- Combustível (substâncias utilizada para realização de combustão em motores), armamento (instrumento preparado para proporcionar lançamento, por expansão de gases), munição ( petrechos composto por cápsula, projétil, carga de projeção e espoleta); 
- Pode ser também na modalidade culposa; 
- consuma-se com o consumo, extravio ou o desaparecimento;
USURA PECUNIÁRIA 
Art. 267. Obter ou estipular, para si ou para outrem, no contrato de mútuo de dinheiro, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade do mutuário, juro que excede a taxa fixada em lei, regulamento ou ato oficial: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Casos assimilados 
§ 1º Na mesma pena incorre quem, em repartição ou local sob administração militar, recebe vencimento ou provento de outrem, ou permite que estes sejam recebidos, auferindo ou permitindo que outrem aufira proveito cujo valor excede a taxa de três por cento 
Agravação de pena 
§ 2º A pena é agravada, se o crime é cometido por superior ou por funcionário em razão da função.
Art. 1º. É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal 
§ 3º. A taxa de juros deve ser estipulada em escritura publica ou escrito particular, e não o sendo, entender-se-á que as partes acordaram nos juros de 6% ao ano, a contar da data da propositura da respectiva ação ou do protesto cambial.
- Crime impropriamente militar; 
- Obter (conseguir por iniciativa da outra parte), estipular (fixar por iniciativa pessoal, taxa de juros excedente àquela fixada em lei, regulamento ou ato oficial); 
- Há percepção de juros excessivos – taxas de juros superior a 12%; 
- Premente necessidade – extrema motivação que não deixa ao mutuário outra alternativa; 
- Inexperiência – falta de vivência – falta de astúcia financeira; 
- Leviandade – embora seja uma pessoa experiente, seu descuido ou distração;
- Casos assimilados – duas condutas cumulativas: 
*primeiro há o acesso ao vencimento de outrem, recebendo-o ou permitindo que alguém o receba; 
*logo após, há percepção de quantum excedente a 3% sobre esse valor; - Deve ser um lugar sob administração militar; -
 Somente na modalidade dolosa; 
- Consuma-se com a obtenção ou com a estipulação do juro excessivo, ou com a obtenção de proveito superior a 3% na modalidade do parágrafo 1°;
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR
Desacato a superior 
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
Agravação de pena 
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial general ou comandante da unidade a que pertence o agente. 
- Desacatar - menosprezar; 
- Baseia-se na ofensa a hierarquia e disciplina militar; 
- É um Crime próprio; 
- Não há desacato se a ofensa for cometida por carta, telefone, rádio, televisão – podendo subsistir crime contra honra; - É um Crime subsidiário; 
- Este delito é diferente do crime de desrespeito a superior- art. 160 do CPM.
Desrespeito a superior 
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço 
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade. 
- Desrespeito - Falta de consideração; 
- Crime próprio; 
- Crime subsidiário.
Desacato a militar 
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime. 
- Desacatar tem a ideia de menosprezar 
- crime comum 
- Não há desacato se a ofensa for cometida por carta, telefone, rádio, televisão – podendosubsistir crime contra honra; 
- crime subsidiário;
- O Civil que desacata militar da PM ou BM – art. 331 do CPB
Desacato a assemelhado ou funcionário 
Art. 300. Desacatar assemelhado ou funcionário civil no exercício de função ou em razão dela, em lugar sujeito à administração militar: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime. 
- Crime comum 
- Não há desacato se a ofensa for cometida por carta, telefone, rádio, televisão – podendo subsistir crime contra honra; 
- Se o autor for militar em lugar sujeito a administração militar; 
- Se o agente for civil?
Desobediência 
Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: Pena - detenção, até seis meses. 
- Desobedecer – não cumprir; 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Diferença entre este delito e o crime de recusa de obediência - Insubordinação. 
Recusa de obediência 
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Ingresso clandestino 
Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito à administração militar, por onde seja defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
- Penetrar – ingressar; 
- Permanecer??? 
- Crime comum 
- Crime de mera conduta 
- Crime subsidiário – se o ingresso for para o cometimento de outro crime; 
- Exige-se que o autor tenha ciência de que está ingressando em algo que é proibido.
Peculato 
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de três a quinze anos. 
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo. 
- Peculato apropriação e Peculato desvio; 
- Apropriar – assenhorar; desviar – dar destinação diversa; 
- Crime comum;
Peculato-furto 
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de funcionário. 
- Diferente do peculato apropriação e do peculato desvio, neste o agente não tem a posse; 
- Subtrair – retirar; 
- Ainda há hipótese de contribuir para que terceiro cometa a subtração.
Peculato culposo 
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
- O agente não observa o dever de cuidado que deveria observar; 
- Consuma com a consumação do crime doloso; 
Extinção ou minoração da pena 
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato mediante aproveitamento do erro de outrem 
Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo ou comissão, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de dois a sete anos. 
- Crime que se aproxima do delito de apropriação de coisa havida por erro (art. 249 CPM); 
- “peculato-estelionato”; 
- É necessário que a res seja entregue ao agente no exercício do cargo em virtude de erro; 
Concussão 
Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
 - O agente comete o crime ainda que fora do exercício da função, mas faz exigência em razão dela; 
- Vantagem indevida – vantagem não autorizada por lei; 
- A vantagem não precisa ser patrimonial; 
- Crime formal 
- Não se tem violência física e nem ameaça;
Excesso de exação 
Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou, quando devido, empregar na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
- Tipo um pouco diferente do parágrafo 1 do art. 316 do CP; 
- Emolumentos – custas cobradas pelo Estado; 
- Crime próprio – funcionário público – dentre os quais tem o militar; 
- Crime impropriamente militar - Exação – cobrança rigorosa e exata de tributo; 
- Duas condutas: exigir tributo indevido ou empregar na cobrança meio vexatório;
Desvio 
Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente, em razão do cargo ou função, para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos. - Crime próprio; 
- Crime impropriamente militar; 
- Dois momentos – primeiro recebeu o tributo/emolumento indevido; segundo – o agente desvia – dá destinação diversa da esperada; 
- Diferença do peculato-desvio;
Corrupção passiva 
Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
- Crime próprio; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Condutas: receber e aceitar promessa; não se tem a conduta solicitar; 
- Corrupção passiva própria: agente pratica ato ilícito – ex: policial militar não aplica uma notificação de trânsito para receber indevida vantagem; 
- Corrupção passiva imprópria: agente pratica ato lícito para receber vantagem indevida – ex: agente libera pessoa ilegalmente presa para receber determinada quantia em dinheiro 
Art. 308. § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
- Corrupção exaurida – 3 hipóteses: retardar a prática de ato; deixar de praticar o ato; e praticar o ato infringindo o dever funcional; nas 2 primeiras cuida-se de ato de ofício lícito; 
- Se o agente, ao receber a vantagem indevida, já havia deixado de praticar o ato de ofício??? 
- Na prevaricação, o agente retarda ou deixa de praticar indevidamente ato para satisfazer interesse ou sentimento pessoal; na corrupção passiva é movido pelo interesse de receber vantagem indevida; 
§ 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
- Corrupção passiva privilegiada – NÃO há recebimento de vantagem indevida; 
Corrupção ativa 
Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a prática, omissão ou retardamento de ato funcional: Pena - reclusão, até oito anos. 
Aumento de pena 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é retardado ou omitido o ato, ou praticado com infração de dever funcional. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Crime formal; a recusa do funcionário público é irrelevante para consumação; 
- O tipo penal não é expresso, mas a vantagem pode ser oferecida indiretamente, por interposta pessoa; 
- A vantagem indevida pode ser de qualquer natureza, inclusive material ou mesmo sexual; 
- Parágrafo único - Trata-se de condição maior de punibilidade do delito 
Participação ilícita 
Art. 310. Participar, de modo ostensivo ou simulado, diretamente ou por interposta pessoa, em contrato, fornecimento, ou concessão de qualquer serviço concernente à administração militar, sobre que deva informar ou exercer fiscalização em razão do ofício: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. 
- Crime próprio – funcionário público, dentre eles podendo ser militar; 
- Crime impropriamente militar; 
- Participar – tomar parte; - Pode ser através de um “laranja”; 
- Crime formal – independe da produção de qualquer resultado; 
Art. 310 - Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem adquire para si, direta ou indiretamente, ou por ato simulado,no todo ou em parte, bens ou efeitos em cuja administração, depósito, guarda, fiscalização ou exame, deve intervir em razão de seu emprego ou função, ou entra em especulação de lucro ou interesse, relativamente a esses bens ou efeitos. 
- Forma equiparada; 
- O bem não precisa ser patrimônio da administração militar; 
Falsificação de documento 
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar: Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; sendo documento particular, reclusão, até cinco anos. 
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função em repartição militar. 
§ 2º Equipara-se a documento, para os efeitos penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromagnético a que se incorpore declaração destinada à prova de fato juridicamente relevante. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Condutas: falsificar ou alterar documento verdadeiro; 
- A falsificação pode ser total ou parcial; 
- Na falsificação parcial – há fabricação de parte do documento que não existia; já na alteração pressupõe documento preexistente; 
- Documento – quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares – art. 371 do CPPM; 
- Consuma-se com a falsificação ou alteração, independentemente do uso;
Falsidade ideológica 
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar: Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; reclusão, até três anos, se o documento é particular. 
- Crime comum; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Se o agente for oficial – pode gerar pena de indignidade ao oficialato – art. 100; 
- 3 condutas: omitir em documento declaração que devia constar; inserir declaração falsa ou diversa da que deve ser escrita; e fazer inserir em documento declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita; 
- A falsidade ideológica refere-se ao conteúdo e não a forma; 
Cheque sem fundos 
Art. 313. Emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, se a emissão é feita de militar em favor de militar, ou se o fato atenta contra a administração militar: Pena - reclusão, até cinco anos. 
- No CPB, tem o inciso VI do parágrafo 2 do art. 171; no CPM tem o art. 251, parágrafo 2 também, além do presente delito; 
- Crime próprio; 
- Crime propriamente militar; 
- Emitir – colocar em circulação; 
- A consumação ocorre com a recusa do pagamento, independementen da redução do patrimônio; 
Art. 313 - Circunstância irrelevante 
§ 1º Salvo o caso do art. 245, é irrelevante ter sido o cheque emitido para servir como título ou garantia de dívida. 
Chantagem - Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica, mediante a ameaça de revelar fato, cuja divulgação pode lesar a sua reputação ou de pessoa que lhe seja particularmente cara. 
Pelo CPM, será o presente crime militar a emissão do cheque dado em troca de outro título que o credor já possuía, em garantia de dívida. 
Atenuação de pena 
§ 2º Ao crime previsto no artigo aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240. 
Art. 240 
§ 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 
2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal. 
Certidão ou atestado ideologicamente falso 
Art. 314. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função, ou profissão, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo, posto ou função, ou isenção de ônus ou de serviço, ou qualquer outra vantagem, desde que o fato atente contra a administração ou serviço militar: Pena - detenção, até dois anos. 
Agravação de pena 
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é praticado com o fim de lucro ou em prejuízo de terceiro. 
- Crime próprio – militar ou funcionário público; 
- Crime propriamente militar; 
- Atestar – afirmar, testemunhar; certificar – dar certeza; 
- Crime formal – no momento da confecção do documento; 
Uso de documento falso 
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados por outrem, a que se referem os artigos anteriores: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
- Crime comum; - Crime impropriamente militar; 
- Fazer uso – empregar, utilizar, aplicar; 
- Crime instantâneo – ocorre com o efetivo uso; 
- Pena; 
Supressão de documento 
Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento verdadeiro, de que não podia dispor, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o documento é público; reclusão, até cinco anos, se o documento é particular. 
- Crime comum; 
- Crime Impropriamente militar; 
- O agente não deve dispor e nem ter a guarda do documento em razão do cargo – art. 321; 
- Destruir, suprimir ou ocultar – fazer desaparecer; 
- O documento não está na esfera de disponibilidade do agente; 
- Crime instantâneo; 
Uso de documento pessoal alheio 
Art. 317. Usar, como próprio, documento de identidade alheia, ou de qualquer licença ou privilégio em favor de outrem, ou ceder a outrem documento próprio da mesma natureza, para que dele se utilize, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar: Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui elemento de crime mais grave 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Duas condutas: usar documento de identidade alheia; e ceder a outrem o seu documento de identidade para que dele se utilize; 
- Objetos: identidade, licença ou privilégio (documento que confere prerrogativa); 
- Consuma com o uso – na primeira modalidade e com o ato de empréstimo na segunda; 
Falsa identidade 
Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a administração militar, falsa identidade, para obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Duas condutas: o agente se atribui a identidade de outra pessoa existente ou fictícia; o agente atribui a terceiro a identidade real ou falsa; 
- Crime formal – consuma quando o agente se atribui a identidade de outra pessoa com o escopo de obter vantagem; 
- Neste delito não há utilização de documento.
Prevaricação 
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
- Crime próprio – militar ou funcionário público; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Condutas: retardar – atrasar; deixar de praticar – não praticar; praticar ato contra a lei; 
- Indevidamente – ilegalmente ou injustificadamente; 
- Necessidade de interesse pessoal ou sentimento pessoal; 
Violação do dever funcional com o fim de lucro 
Art. 320. Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração militar, seu dever funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem: Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
- Crime próprio – militar ou funcionário público; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Violar – desrespeitar; 
- Crime formal; 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer documento, de que tema guarda em razão do cargo, sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
- Crime próprio; 
- Crime propriamente militar; 
- Condutas: extraviar – desaparecer; sonegar – não entregar o que é exigido; inutilizar – tornar imprestável; 
- Crime subsidiário; 
- O crime do art. 316 tem uma finalidade; 
Condescendência criminosa 
Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção até seis meses; se por negligência, detenção até três meses. 
- Crime próprio; 
- Crime propriamente militar; 
- Modalidade dolosa e culposa; 
- Indulgência; 
- Negligência; 
- No CPB, o art. 339 teve redação alterada pela Lei n. 14110/2020, o qual incluiu “procedimento investigatório criminal ” e também “infração ético-disciplinar ou ato improbo” 
Não inclusão de nome em lista 
Art. 323. Deixar, no exercício de função, de incluir, por negligência, qualquer nome em relação ou lista para o efeito de alistamento ou de convocação militar: Pena - detenção, até seis meses. 
- Crime próprio; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Crime culposo; 
- Se doloso, com interesse ou sentimento pessoal??? 
Inobservância de lei, regulamento ou instrução 
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração militar: Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; se por negligência, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, de três meses a um ano. 
- Crime próprio; 
- Crime impropriamente militar; 
- Modalidade dolosa ou culposa; 
- Pena; 
- Lei (apenas ato emanado pelo Poder Legislativo), regulamento (decreto regulamentar – apenas pelo PR – art. 84, IV CF), instrução (ato de Ministro de Estado – art. 87, parágrafo único, II CF); 
Violação ou divulgação indevida de correspondência ou comunicação 
Art. 325. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência dirigida à administração militar, ou por esta expedida: Pena - detenção, de dois a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, ainda que não seja funcionário, mas desde que o fato atente contra a administração militar: 
I - indevidamente se apossa de correspondência, embora não fechada, e no todo ou em parte a sonega ou destrói; 
II - indevidamente divulga, transmite a outrem, ou abusivamente utiliza comunicação de interesse militar; 
III - impede a comunicação referida no número anterior. 
- Crime comum; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Devassar: invadir, tomar conhecimento do conteúdo; 
- Correspondência – toda comunicação de pessoa a pessoa; 
- A lei não exige que a correspondência seja secreta ou confidencial; 
- Indevidamente – sem autorização; 
Violação de sigilo funcional
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo ou função e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da administração militar: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
 - Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Crime subsidiário; 
- O dever de guardar segredo é previsto em lei – Lei 12527/2011; 
- Duas condutas: revelar – transmitir a alguém o segredo; e facilitar – tornar fácil; 
- Segredo – aquilo que deve ficar oculto; 
- A revelação de segredo particular – art. 230 CPM; 
Violação de sigilo de proposta de concorrência 
Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de concorrência de interesse da administração militar ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
- Crime comum; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Duas condutas: devassar sigilo – dar conhecimento indevido da proposta; e proporcionar a terceiro o ensejo de devassa-lo – permitir a terceiro o acesso e conhecimento; 
Obstáculo à hasta pública, concorrência ou tomada de preços 
Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de hasta pública, concorrência ou tomada de preços, de interesse da administração militar: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Impedir – obstruir; pertubar – atrapalhar; fraudar – iludir; 
- Hasta pública – leilão público utilizado para venda de bens móveis inservíveis; 
- Não abrange as modalidades convite e concurso previstas na Lei 8666/93; 
Exercício funcional ilegal 
Art. 329. Entrar no exercício de posto ou função militar, ou de cargo ou função em repartição militar, antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar o exercício, sem autorização, depois de saber que foi exonerado, ou afastado, legal e definitivamente, qualquer que seja o ato determinante do afastamento: Pena - detenção, até quatro meses, se o fato não constitui crime mais grave. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Sem autorização – elemento normativo do tipo; 
- Consumação – primeira conduta – crime instantâneo e a segunda – crime permanente;
Abandono de cargo 
Art. 330. Abandonar cargo público, em repartição ou estabelecimento militar: Pena - detenção, até dois meses. 
Formas qualificadas 
1º Se do fato resulta prejuízo à administração militar: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de um a três anos. 
- Parecido com o crime de abandono de função – Art. 323 do CPB 
- Crime próprio; 
- Crime de perigo; 
- Militar da ativa comete este crime? 
Aplicação ilegal de verba ou dinheiro 
Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro público aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, até seis meses. 
- Norma penal em branco 
- Crime próprio; 
- Crime impropriamente militar; 
- Se o agente quer se locupletar – é este crime?
Abuso de confiança ou boa-fé 
Art. 332. Abusar da confiança ou boa-fé de militar, assemelhado ou funcionário, em serviço ou em razão deste, apresentando-lhe ou remetendolhe, para aprovação, recebimento, anuência ou aposição de visto, relação, nota, empenho de despesa, ordem ou folha de pagamento, comunicação, ofício ou qualquer outro documento, que sabe, ou deve saber, serem inexatos ou irregulares, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
Forma qualificada 
§ 1º A pena é agravada, se do fato decorre prejuízo material ou processo penal militar para a pessoa de cuja confiança ou boa-fé se abusou. 
Abuso de confiança ou boa-fé 
Modalidade culposa 
§ 2º Se a apresentação ou remessa decorre de culpa: Pena - detenção, até seis meses. 
- Crime próprio; 
- Crime Impropriamente militar; 
- Abusar – exorbitar; 
- Abusar de confiança – quebra de confiança; abusar da boa fé – lealdade, boa intenção;
Violência arbitrária 
Art. 333. Praticar violência, em repartição ou estabelecimento militar, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da correspondente à violência. 
- Crime próprio; 
- Crime impropriamente militar; 
- Violência física; 
- Arbitrária – sem motivo legítimo; 
- Deve ocorrer em local sujeito a administração militar; 
Patrocínio indébito
 Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração militar, valendo-se da qualidade de funcionário ou de militar: Pena - detenção, até três meses. 
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
- Crime de advocacia administrativa – 321 do CPB; 
- Crime próprio; 
- Crime impropriamente militar; 
- Patrocinar – defender, apadrinhar;
Usurpação de função 
Art. 335. Usurpar o exercício de função em repartição ou estabelecimento militar: Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Usurpar – idéia de apoderar; 
- O crime deve acontecer necessariamenteem estabelecimento militar. 
- Se o agente apenas arrogar-se funcionário público – art. 45 LCP; 
Tráfico de influência 
Art. 336. Obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em militar ou assemelhado ou funcionário de repartição militar, no exercício de função: Pena - reclusão, até cinco anos. 
Parágrafo único. A pena é agravada, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao militar ou assemelhado, ou ao funcionário. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Obter – receber; 
- Vantagem – proveito ou benefício almejado; 
Subtração ou inutilização de livro, processo ou documento 
Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou qualquer documento, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Subtrair – retirar ilegalmente; inutilizar – destruir; 
- Objeto: livro oficial, processo ou documento; 
Inutilização de edital ou de sinal oficial 
Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem da autoridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou ordem de autoridade militar, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, até um ano. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Conspucar – sujar, emporcalhar; 
- Crime de dano; 
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência 
Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em prejuízo da Fazenda Nacional, concorrência, hasta pública ou tomada de preços ou outro qualquer processo administrativo para aquisição ou venda de coisas ou mercadorias de uso das forças armadas, seja elevando arbitrariamente os preços, auferindo lucro excedente a um quinto do valor da transação, seja alterando substância, qualidade ou quantidade da coisa ou mercadoria fornecida, seja impedindo a livre concorrência de outros fornecedores, ou por qualquer modo tornando mais onerosa a transação: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre o intermediário na transação. 
§ 2º É aumentada a pena de um terço, se o crime ocorre em período de grave crise econômica. 
- Crime comum; 
- Crime impropriamente militar; 
- Condutas: 
- Elevar arbitrariamente os preços; 
- Auferir lucro excedente a um quinto do valor da transação;
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NOÇÃO SOBRE O DIREITO PENAL MILITAR
 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na 
disciplina, sob a 
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam
-
se à defesa da 
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da 
ordem.
 
Art. 144 § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação d
a ordem pública; 
aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução 
de atividades de defesa civil. 
 
Art. 144 § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e 
reserva do Exército su
bordinam
-
se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais 
estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios 
 
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições 
organizad
as com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Territórios.
 
As instituições militares, as Forças Armadas, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros 
Militares, têm missões na preservação das liberdades públ
icas. 
 
Elas cabem a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, o 
policiamento ostensivo preventivo, a preservação da ordem pública e as atividades de defesa 
civil.
 
Nota
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se que a observância rigorosa da hierarquia e da disc
iplina é indispensável para o 
cumprimento das missões institucionais das corporações militares. Cabe ressaltar que a 
hierarquia e a disciplina encontram
-
se entrelaçados numa relação necessária de dependência 
recíproca.
 
O regular desempenho das missões atri
buídas às forças militares constitui uma situação 
jurídico
-
social que demanda especial cuidado, pois sua desordem pode gerar uma deficiência 
na consecução dos objetivos maiores do próprio Estado. 
 
A regularidade das corporações militares deve ser entendida
 
como a condição necessária para 
que as demais instituições do Estado possam cumprir seu escopo constitucional.
 
O Direito Penal Militar constitui um ramo especializado, cujo corpo de normas se volta à 
instituição de infrações penais militares, com as sançõ
es pertinentes, voltadas a garantir os 
princípios basilares das Forças Armadas e Forças Auxiliares, constituídos pela hierarquia e pela 
disciplina. 
 
o Direito Penal Militar tutela variados bens jurídicos, porém sempre mantendo escalas. Em um 
primeiro plano
, por se tratar de ramo específico do direito penal, tutela o binômio hierarquia e 
disciplina, bases organizacionais das corporações militares. Em segundo plano, não menos 
relevante, são tutelados os demais bens jurídicos, como vida, integridade física, ho
nra, 
patrimônio e outros.
 
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O Direito Penal Militar é especial em razão do objeto de sua tutela jurídica: sempre a 
regularidade das instituições militares, seja de forma direta, imediata, seja de forma indireta 
ou mediata;
 
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NOÇÃO SOBRE O DIREITO PENAL MILITAR 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na 
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da 
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da 
ordem. 
Art. 144 § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; 
aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução 
de atividades de defesa civil. 
Art. 144 § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e 
reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais 
estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios 
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições 
organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Territórios. 
As instituições militares, as Forças Armadas, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros 
Militares, têm missões na preservação das liberdades públicas. 
Elas cabem a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, o 
policiamento ostensivo preventivo, a preservação da ordem pública e as atividades de defesa 
civil. 
Nota-se que a observância rigorosa da hierarquia e da disciplina é indispensável para o 
cumprimento das missões institucionais das corporações militares. Cabe ressaltar que a 
hierarquia e a disciplina encontram-se entrelaçados numa relação necessária de dependência 
recíproca. 
O regular desempenho das missões atribuídas às forças militares constitui uma situação 
jurídico-social que demanda especial cuidado, pois sua desordem pode gerar uma deficiência 
na consecução dos objetivos maiores do próprio Estado. 
A regularidade das corporações militares deve ser entendida como a condição necessária para 
que as demais instituições do Estado possam cumprir seu escopo constitucional. 
O Direito Penal Militar constitui um ramo especializado, cujo corpo de normas se volta à 
instituição de infrações penais militares, com as sanções pertinentes, voltadas a garantir os 
princípios basilares das Forças Armadas e Forças Auxiliares,constituídos pela hierarquia e pela 
disciplina. 
o Direito Penal Militar tutela variados bens jurídicos, porém sempre mantendo escalas. Em um 
primeiro plano, por se tratar de ramo específico do direito penal, tutela o binômio hierarquia e 
disciplina, bases organizacionais das corporações militares. Em segundo plano, não menos 
relevante, são tutelados os demais bens jurídicos, como vida, integridade física, honra, 
patrimônio e outros. 
- O Direito Penal Militar é especial em razão do objeto de sua tutela jurídica: sempre a 
regularidade das instituições militares, seja de forma direta, imediata, seja de forma indireta 
ou mediata;

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