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Prof. Me. José Lorandi UNIDADE IV Lógica Revisão de conjuntos numéricos Em nosso sistema decimal de numeração, utilizamos apenas 10 algarismos, que vão de 0 a 9, para representar quantidades. Quando combinamos algarismos entre si, formamos numerais, que representam qualquer número (quantidade) que desejarmos representar. Esses números podem ser classificados por tipo e divididos em conjuntos. A Matemática chama-os de conjuntos numéricos. Podemos pensar que esses conjuntos identificam o nível de complexidade dos números em questão. Veremos os principais conjuntos numéricos adotados, começando pelos mais simples. Quantificadores Conjunto dos números naturais (ℕ) N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...} Conjunto dos números inteiros (ℤ) ℤ = {...,–3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...} ℤ* = {...,–3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...} (conjunto dos números inteiros não nulos) ℤ+ = {0,1,2,3,4,5,6, …} (conjunto dos números inteiros não negativos) ℤ_ = {…,-4,-3,-2,-1,0} (conjunto dos números inteiros não positivos) ℤ+ * = {1,2,3,4,5,6, …} (conjunto dos números inteiros não nulos e não negativos) ℤ_ * = {… ,-4,-3,-2,-1} (conjunto dos números inteiros não nulos e não positivos) Quantificadores Conjunto dos números racionais (ℚ) Vejamos alguns exemplos de número racionais, que incluem números decimais e dízimas periódicas: , que é uma fração entre inteiros , que é uma fração entre inteiros Quantificadores 0,71, que pode ser escrito como -0,3, que pode ser escrito como 5, que pode ser escrito como 2,7, que pode ser escrito como 0,4444..., que pode ser escrito como 0,121212..., que pode ser escrito como Conjunto dos números irracionais (𝕀) π = 3,141592653... = 1,414221356... = 2,23606797... Quantificadores A constante π (pi) resulta da divisão do comprimento de uma circunferência por seu diâmetro. Note que as casas decimais são infinitas e não periódicas, e não podemos expressar π como uma fração entre inteiros. Conjunto dos números reais (ℝ) ℝ = { 𝑥 | 𝑥 ∈ ℚ ou 𝑥 ∈ 𝕀} Sentenças abertas Uma sentença aberta (ou uma função proposicional) é uma sentença que contém uma ou mais variáveis, que são termos ou símbolos que podem ser substituídos por diferentes valores. Se não há atribuição de um valor a cada variável, não somos capazes de identificar o nível lógico da sentença. Logo, uma sentença aberta não é considerada uma proposição. Acompanhe alguns exemplos de sentenças abertas, apresentadas a seguir. Sentenças abertas Sentenças abertas 𝑋 é um planeta do Sistema Solar. Nesse caso, enquanto não soubermos o que a variável 𝑋 representa, não podemos atribuir um valor lógico à sentença. Se, por exemplo, 𝑋 assumir o valor “Saturno”, temos a proposição “Saturno é um planeta do Sistema Solar”, cujo valor lógico é verdadeiro. Se, por exemplo, 𝑋 assumir o valor “Lua”, temos a proposição “Lua é um planeta do Sistema Solar”, cujo valor lógico é falso. Sentenças abertas Conjunto universo e conjunto verdade O conjunto universo de uma variável é o conjunto de possíveis valores que podem substituir a variável de uma sentença aberta. Chamaremos, simbolicamente, esse conjunto de 𝑈. O conjunto universo pode ser definido pelo próprio contexto da sentença, ou imposto por algum agente, como o próprio enunciado de uma questão. O conjunto verdade de uma variável é o conjunto de possíveis valores, pertencentes ao universo, capazes de transformar a sentença aberta em uma proposição verdadeira. Chamaremos, simbolicamente, esse conjunto de 𝑉𝑝. Sentenças abertas Conjunto universo e conjunto verdade Exemplo: Considere a seguinte sentença aberta: “O planeta 𝑋 é o maior planeta do Sistema Solar”. Pelo contexto, determine o conjunto universo e o conjunto verdade da variável 𝑋. Resolução: O conjunto universo é formado por todos os planetas do Sistema Solar. Ele terá, portanto, 8 elementos, dispostos a seguir. 𝑈 = {Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno} Já o conjunto verdade é composto por todos os elementos pertencentes ao universo que transformam a sentença aberta em uma proposição verdadeira. Como o maior planeta do Sistema Solar é Júpiter, ele é o único elemento que integra o conjunto verdade. 𝑉𝑝 = {Júpiter} Sentenças abertas Quantificador universal Um quantificador é um símbolo (ou um termo) lógico capaz de fazer uma verificação sobre o conjunto de valores do universo que se tornam sentenças verdadeiras. A função de um quantificador é tornar uma sentença aberta uma proposição lógica. Trabalharemos com dois quantificadores: o universal e o existencial. Quantificador Quantificador universal Considere que 𝑃(𝑥) é uma sentença aberta em função da variável 𝑥. O quantificador universal expressa o fato de que, para todo elemento 𝑥 do universo, 𝑃(𝑥) será uma proposição verdadeira. Ou seja, ao ser utilizado junto a uma sentença aberta, o quantificador universal transforma essa sentença em uma proposição, afirmando que a sentença é verdadeira para qualquer valor assumido pela variável. Usaremos o símbolo ∀ para expressar o quantificador universal. Em linguagem corrente, ele é lido como “todo”, “para todo”, “para qualquer” ou “qualquer que seja”. A quantificação universal da sentença “para todo 𝑥, 𝑃(𝑥)” é dada como exposto a seguir: ∀𝑥 (𝑃(𝑥)). Quantificador Quantificador universal ∀𝑥 (𝑃(𝑥)) Essa proposição significa que para todos os valores de 𝑥 do universo, a sentença 𝑃(𝑥) é verdadeira. Nesse caso, o conjunto verdade de 𝑥 deve coincidir com o próprio conjunto universo para que tenhamos uma proposição verdadeira. Ou seja, 𝑉𝑝 = 𝑈. Quantificador Analise os casos a seguir: I. Os números Naturais são aqueles inteiros não positivos mais o zero. II. Os números Irracionais são aqueles que representam dízimas periódicas. III. Os números Reais representam a soma dos números Racionais com os Irracionais. Assinale a alternativa correta: a) Somente a assertiva II está correta. b) Somente a assertiva III está correta. c) Somente a assertiva I está correta. d) Somente as assertivas II e III estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas. Interatividade Analise os casos a seguir: I. Os números Naturais são aqueles inteiros não positivos mais o zero. Falsa – Os números naturais são os inteiros positivos mais o zero. II. Os números Irracionais são aqueles que representam dízimas periódicas. Falsa – Podemos ter dízimas irracionais e irracionais que não são dízimas. III. Os números Reais representam a soma dos números Racionais com os Irracionais. Correta – O conjunto dos números reais é a união do conjunto dos números irracionais com o conjunto dos números racionais. Assinale a alternativa correta: a) Somente a assertiva II está correta. b) Somente a assertiva III está correta. c) Somente a assertiva I está correta. d) Somente as assertivas II e III estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas. Resposta Quantificador existencial Considere que 𝑃(𝑥) é uma sentença aberta em função da variável 𝑥. O quantificador existencial expressa o fato de que existe pelo menos um elemento 𝑥 no universo, capaz de tornar 𝑃(𝑥) uma proposição verdadeira. Ou seja, ao ser utilizado junto a uma sentença aberta, o quantificador existencial transforma essa sentença em uma proposição, afirmando que a sentença é verdadeira para pelo menos um valor assumido pela variável. Usaremos o símbolo ∃ para expressar o quantificador existencial. Em linguagem corrente, ele é lido como “algum”, “para algum”, “existem pelo menos um” ou “existe algum”. A quantificação existencial da sentença “para algum 𝑥, 𝑃(𝑥)” é dada como exposto a seguir. Quantificador Quantificador existencial ∃𝑥 (𝑃(𝑥)) Essa proposição significa que existe pelo menos um valor de 𝑥 do universo para oqual a sentença 𝑃(𝑥) é verdadeira. Nesse caso, para que tenhamos uma proposição verdadeira, basta que o conjunto verdade de 𝑥 não seja um conjunto vazio. Ou seja, 𝑉𝑝 ≠ Ø. Quantificador Quantificador existencial A própria sentença quantificada pode explicitar o universo. Observe a sentença a seguir: “Existe um 𝑥 inteiro, tal que 𝑥 é maior do que zero”. Ela contém o quantificador existencial (existe um, ou ∃), o universo (conjunto dos números inteiros, ou ℤ) e a sentença aberta em função de 𝑥 (𝑥 é maior do que zero, ou 𝑥 > 0). Simbolicamente, ela pode ser expressa como o exposto a seguir: (∃𝑥 ∈ ℤ)(𝑥 > 0) Observe a sentença “Algum matemático é filósofo”. Ela tem a forma “Algum 𝐴 é 𝐵”. Nesse caso, há a indicação de que existe uma interseção entre os conjuntos 𝐴 e 𝐵. Por isso, a palavra “algum” está associada à operação de conjunção. Quantificador Quantificador universal Quando temos uma proposição quantificada universalmente, seu valor lógico será verdadeiro se o seu conjunto verdade for igual ao seu conjunto universo, ou seja, 𝑉𝑝 = 𝑈. Observe a sentença quantificada a seguir: (∀𝑥 ∈ ℕ*)(2𝑥 > 𝑥) Lemos como: “para qualquer 𝑥 pertencente ao conjunto dos números naturais não nulos, 2𝑥 é maior do que 𝑥”. Valores lógicos de sentenças quantificadas Quantificador universal O predicado é encontrado nos segundos parênteses da sentença. Nesse caso, podemos isolar a variável 𝑥, conforme disposto a seguir: 𝑃(𝑥): 2𝑥 > 𝑥 𝑃(𝑥): 2𝑥 – 𝑥 > 0 𝑃(𝑥): 𝑥 > 0 O seu conjunto universo é expresso nos primeiros parênteses junto ao quantificador universal. Ele é o conjunto dos números naturais não nulos. Simbolicamente, temos o que segue: 𝑈 = ℕ* = {1, 2, 3, 4, 5, ...} Valores lógicos de sentenças quantificadas Quantificador universal Já o conjunto verdade é o conjunto de valores do universo que tornam a sentença 𝑃(𝑥) verdadeira. Para isso, expressamos tanto o universo, quanto o predicado. 𝑉𝑝 = {𝑥 ∈ ℕ* | 𝑥 > 0} = {1, 2, 3, 4, 5, ...} Note que, nesse caso, o conjunto universo coincide com o conjunto verdade, ou seja, 𝑉𝑝 = 𝑈. Isso faz com que tenhamos uma proposição verdadeira. Qualquer divergência entre os elementos desses conjuntos tornaria a proposição falsa. Valores lógicos de sentenças quantificadas Quantificador existencial Quando temos uma proposição quantificada existencialmente, seu valor lógico será verdadeiro se o seu conjunto verdade tiver pelo menos um elemento, ou seja, 𝑉𝑝 ≠ Ø. Observe a sentença quantificada a seguir: (∃𝑥 ∈ ℤ)(2𝑥 > 𝑥) Lemos como: “existe pelo menos um 𝑥 pertencente ao conjunto dos números inteiros, tal que 2𝑥 é maior do que 𝑥”. O predicado é encontrado nos segundos parênteses da sentença. Nesse caso, podemos isolar a variável 𝑥, conforme disposto a seguir: 𝑃(𝑥): 2𝑥 > 𝑥 𝑃(𝑥): 2𝑥 – 𝑥 > 0 𝑃(𝑥): 𝑥 > 0 Valores lógicos de sentenças quantificadas Quantificador existencial O seu conjunto universo é expresso nos primeiros parênteses, junto ao quantificador universal. Ele é o conjunto dos números inteiros. Simbolicamente, temos o que segue: 𝑈 = ℤ = {..., –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...} Já o conjunto verdade é o conjunto de valores do universo que tornam a sentença 𝑃(𝑥) verdadeira. Para isso, expressamos tanto o universo, quanto o predicado. 𝑉𝑝 = {𝑥 ∈ ℤ | 𝑥 > 0} = {1, 2, 3, 4, 5, ...} Valores lógicos de sentenças quantificadas Lidaremos com argumentos lógicos quantificados, com foco em sentenças em linguagem corrente e em contextos que não envolvem conjuntos cujos elementos são numéricos. Adotaremos um formato padronizado para simbolizar nossas sentenças, e seguiremos com ele até o fim da nossa unidade. Desse modo, é mais fácil lidarmos com estruturas argumentativas. Em sentenças quantificadas universalmente, no formato “todo A tem a propriedade B”, podemos usar a letra 𝑥 como representante de qualquer elemento do universo, expressando: “Qualquer que seja 𝑥, se 𝑥 tem a propriedade A, então 𝑥 tem a propriedade B”. Simbolicamente, representaremos essa expressão no seguinte formato: ∀𝑥 (𝐴𝑥 → 𝐵𝑥). Nesse caso, ∀ é o quantificador universal, 𝑥 é a variável e (𝐴𝑥 → 𝐵𝑥) é o predicado. Argumentos lógicos quantificados Em sentenças quantificadas existencialmente, no formato ”algum A tem a propriedade B”, podemos usar a letra 𝑥 como representante de qualquer elemento do universo, expressando: “Existe pelo menos um 𝑥 que tem a propriedade A e a propriedade B”. Simbolicamente, representaremos essa expressão no seguinte formato: ∃𝑥 (𝐴𝑥 ∧ 𝐵𝑥). Nesse caso, ∃ é o quantificador existencial, 𝑥 é a variável e (𝐴𝑥 ∧ 𝐵𝑥) é o predicado. Argumentos lógicos quantificados A alternativa que apresenta uma sentença quantificada universalmente é: a) Em Macapá tem nota fiscal. b) A Região Oeste do Brasil emite notas fiscais. c) Existe dentista no posto de saúde do município do SUS. d) Alguns advogados de São Paulo são auditores fiscais. e) Qualquer engenheiro de segurança do trabalho pode participar da auditoria. Interatividade A alternativa que apresenta uma sentença quantificada universalmente é: a) Em Macapá tem nota fiscal. b) A Região Oeste do Brasil emite notas fiscais. c) Existe dentista no posto de saúde do município do SUS. d) Alguns advogados de São Paulo são auditores fiscais. e) Qualquer engenheiro de segurança do trabalho pode participar da auditoria. Resposta Comentário: O termo “qualquer” representa o quantificador universal ∀. Note que, na sentença da alternativa “e”, a palavra “qualquer” pode ser substituída por “todo”, sem modificar o seu significado. Um argumento quantificado é um argumento lógico que possui, em suas proposições, sentenças quantificadas. Não precisamos nos preocupar com o valor lógico das premissas. Lembre-se de que, na lógica, estamos interessados na validade da estrutura argumentativa, e não na validação das premissas do nosso argumento. Portanto, consideraremos que todas as premissas com a qual lidaremos serão verdadeiras. Vamos trazer, novamente, o argumento mais clássico da lógica formal, que é um argumento quantificado. P1: Todo homem é mortal. P2: Sócrates é um homem. Q: Portanto, Sócrates é mortal. Definição de argumento quantificado Se chamarmos o conjunto dos homens de 𝐻, o conjunto dos mortais de 𝑀, o elemento Sócrates de 𝑠, e elementos quaisquer do universo de 𝑥, podemos fazer a tradução simbólica dessa expressão, da maneira explicitada a seguir: P1: ∀𝑥 (𝐻𝑥 → 𝑀𝑥) P2: 𝐻𝑠 Q: ∴ 𝑀𝑠 Seguindo a mesma lógica, podemos simbolizar as sentenças quantificadas a seguir, conforme explicitado: Alguns vendedores são morenos: ∃𝑥 (𝑉𝑥 ∧ 𝑀𝑥). Todas as universitárias são estudantes: ∀𝑥 (𝑈𝑥 → 𝐸𝑥). Há pessoas que não gostam de chocolate: ∃𝑥 (𝑃𝑥 ∧ ~𝐶𝑥). Definição de argumento quantificado Para trabalharmos com a prova da validade de argumentos quantificados, é conveniente que os quantificadores se apresentem num formato não negado. No caso de haver quantificadores negados, podemos substituí-los por um formato equivalente. Para isso, utilizamos as equivalências expostas a seguir: Equivalência entre quantificadores Vamos analisar cada equivalência individualmente. Quando dizemos que ~∀𝑥 (𝑃(𝑥)), dizemos que nem todos os elementos 𝑥 estão associados ao predicado 𝑃(𝑥). Isso é equivalente a afirmar ∃𝑥 ~(𝑃(𝑥)), ou seja, que existe pelo menos um 𝑥 que não está associado ao predicado 𝑃(𝑥). Observe o exemplo a seguir: ~∀𝑥 (𝑃(𝑥)) ⇔ ∃𝑥 ~(𝑃(𝑥)). Não é verdade que todos os homens falam alemão. ⇔ Existe pelo menos um homem que não fala alemão. ~∀𝑥 (𝑃(𝑥)) ⇔ ∃𝑥 ~(𝑃(𝑥)) ~∃𝑥 (𝑃(𝑥)) ⇔ ∀𝑥 ~(𝑃(𝑥)) Quando dizemos que ~∃𝑥 (𝑃(𝑥)), dizemos que não existe um elemento 𝑥 associado ao predicado 𝑃(𝑥). Isso é equivalentea afirmar ∀𝑥 ~(𝑃(𝑥)), ou seja, que todo elemento 𝑥 não está associado ao predicado 𝑃(𝑥). Observe o exemplo a seguir: ~∃𝑥 (𝑃(𝑥)) ⇔ ∀𝑥 ~(𝑃(𝑥)) Não é verdade que existem alunos que são estudiosos. ⇔ Todos os alunos não são estudiosos (ou seja, nenhum aluno é estudioso). Além das equivalências entre quantificadores, as equivalências lógicas já estudadas anteriormente podem ser usadas nas sentenças quantificadas. Equivalência entre quantificadores Vamos aprender métodos para provar a validade de argumentos que envolvem sentenças quantificadas. Para isso, vamos utilizar métodos da exemplificação e da generalização. É possível transformar tais argumentos com quantificadores, por meio da exemplificação, em argumentos sem quantificadores. Dessa forma, a prova direta de validade para esses argumentos exemplificados pode ser utilizada, usando as mesmas regras de inferência e de equivalência já verificadas. Finalizada a prova de validade do argumento exemplificado, podemos usar a generalização para obter a conclusão, caso ela seja uma sentença quantificada. Vamos, a seguir, conhecer esses métodos. Validade de argumentos quantificados Exemplificação O método da exemplificação consiste em escolhermos um elemento de exemplo, 𝑐, de dentro de uma expressão quantificada que se refere a elementos genéricos 𝑥. Ela funcionará como uma regra de inferência. Há duas possibilidades: a exemplificação universal e a existencial. Validade de argumentos quantificados Exemplificação universal (E.U.) Se todos os elementos 𝑥 estão associados ao predicado 𝑃, escolhemos um deles, 𝑐, um termo constante. Isso é indicado pela exemplificação universal, demonstrada simbolicamente a seguir: Exemplificação existencial (E.E.) Se existe um termo associado ao predicado 𝑃, estipulamos que tal termo seja 𝑐. Isso é indicado pela exemplificação existencial, demonstrada simbolicamente em sequência. Validade de argumentos quantificados ∀𝑥 (𝑃(𝑥)) ------- ∴ 𝑃𝑐 ∃𝑥 (𝑃(𝑥)) ------- ∴ 𝑃c Generalização O método da generalização reverte o que a exemplificação realiza. Há duas possibilidades: a exemplificação universal e a existencial. Generalização universal (G.U.) Se o termo 𝑐, tomado na exemplificação, pode ser qualquer um (ou seja, pode ser tomado aleatoriamente), então qualquer termo está associado ao predicado 𝑃. Isso é o que traduz a generalização universal, demonstrada a seguir: Validade de argumentos quantificados 𝑃𝑐 ------- ∴ ∀𝑥 (𝑃(𝑥)) Generalização existencial (G.E.) Se concluímos que um termo 𝑐 constante está associado ao predicado 𝑃, então existe um termo associado a 𝑃. Esse é o conceito da generalização existencial, demonstrada a seguir: Como exemplo, vamos aplicar a exemplificação e a generalização para provar a validade do argumento quantificado, disposto a seguir: P1: Todos os jogadores são atletas. P2: Todos os atletas sofrem contusões. Q: Portanto, todos os jogadores sofrem contusões. Validade de argumentos quantificados 𝑃𝑐 ------- ∴ ∃𝑥 (𝑃(𝑥)) Em um jogo de bingo são sorteadas, sem reposição, bolas numeradas de 1 a 75, e um participante concorre com a cartela reproduzida a seguir. Qual é a probabilidade de que os três primeiros números sorteados estejam nessa cartela? a) 0,2% b) 0,3% c) 0,4% d) 0,5% e) 0,6% Interatividade B I N G O 5 18 33 48 64 12 21 31 51 68 14 30 60 71 13 16 44 46 61 11 27 41 49 73 Fonte: autoria própria. Em um jogo de bingo são sorteadas, sem reposição, bolas numeradas de 1 a 75, e um participante concorre com a cartela reproduzida a seguir. Qual é a probabilidade de que os três primeiros números sorteados estejam nessa cartela? a) 0,2% b) 0,3% c) 0,4% d) 0,5% e) 0,6% Resposta B I N G O 5 18 33 48 64 12 21 31 51 68 14 30 60 71 13 16 44 46 61 11 27 41 49 73 Podemos resolver o exercício utilizando o princípio fundamental da contagem. Observe que a cartela contém 24 números entre um universo de 75 que serão sorteados. A chance dos três primeiros números dessa cartela serem sorteados nas três primeiras rodadas respeita a seguinte ordem: 1º sorteio – 24/75 2º sorteio – 23/74 3º sorteio – 22/73 Calculamos a chance realizando o produto entre os eventos: A chance dos três primeiros números sorteados serem da cartela é de 0,3%. Algumas demonstrações que utilizam o formato simbólico dos argumentos quantificados são relativamente complicadas. Existe um modo menos formal e, talvez, mais intuitivo, de lidarmos com argumentos quantificados. Ele envolve a construção de diagramas de Venn-Euler capazes de ilustrar a situação proposta. Por meio deles, podemos fazer o teste de argumentos quantificados. Diagramas de Venn-Euler Vamos estudar alguns casos. 1) Todo 𝐴 é 𝐵. Utilizando diagramas de Venn-Euler, essa relação mostra que o conjunto 𝐴 está contido no conjunto 𝐵. Desse modo, 𝐴 é subconjunto de 𝐵, conforme demonstrado na figura ao lado. Diagramas de Venn-Euler Fonte: adaptado de: livro-texto. A B Diagrama que representa a sentença “Todo A é B”. 2) Algum 𝐴 é 𝐵. Nesse caso, pensamos que o termo “algum” representa um elemento comum entre os conjuntos citados, ou seja, pertence à interseção entre os conjuntos 𝐴 e 𝐵. Temos, portanto, uma interseção não vazia entre os conjuntos 𝐴 e 𝐵, disposta graficamente a seguir. Diagramas de Venn-Euler A B Elemento Fonte: adaptado de: livro-texto. Diagrama que representa a sentença “Algum A é B”. 3) Algum 𝐴 não é 𝐵 (ou não é verdade que todo 𝐴 é 𝐵). A sentença “Algum 𝐴 não é 𝐵” é equivalente à sentença “Não é verdade que todo 𝐴 é 𝐵”. Elas representam formas de negação da sentença “Todo 𝐴 é 𝐵”. Nesse caso, queremos dizer que há pelo menos um elemento que pertence exclusivamente ao conjunto 𝐴. Nesse caso, nos referimos à região exclusiva do conjunto 𝐴, resultado da operação de diferença 𝐴 – 𝐵. Diagramas de Venn-Euler Fonte: adaptado de: livro-texto. A B Elemento Diagrama que representa a sentença “Algum A não é B”. 4) Nenhum 𝐴 é 𝐵 (ou todo 𝐴 não é 𝐵). Nesse caso, pensamos que os conjuntos 𝐴 e 𝐵 são disjuntos entre si. Fazemos a representação de ambos separadamente. Diagramas de Venn-Euler Fonte: adaptado de: livro-texto. A B Diagrama que representa a sentença “Nenhum A é B”. Consultado um certo número de pessoas sobre as emissoras de TV que habitualmente assistem, obteve-se o seguinte resultado: 300 pessoas assistem ao canal A, 270 pessoas assistem ao canal B, das quais 150 assistem ambos os canais A e B, e 80 assistem a outros canais distintos de A e B. O número de pessoas entrevistadas foi: a) 800 b) 720 c) 570 d) 500 e) 600 Interatividade Consultado um certo número de pessoas sobre as emissoras de TV que habitualmente assistem, obteve-se o seguinte resultado: 300 pessoas assistem ao canal A, 270 pessoas assistem ao canal B, das quais 150 assistem ambos os canais A e B, e 80 assistem a outros canais distintos de A e B. O número de pessoas entrevistadas foi: a) 800 b) 720 c) 570 d) 500 e) 600 Resposta Sabemos que 150 pessoas assistem ao canal A e ao canal B, logo, esse é o número que ocupará a posição central dos dois círculos grandes, chamada de interseção de A com B. O número de pessoas que assistem ao canal A é 300 no total. Devemos colocar apenas 150 pessoas dentro do círculo roxo, pois esse é o número de pessoas que assistem exclusivamente ao canal A. Note que o número de pessoas que assistem exclusivamente ao canal A somado ao número de pessoas que assistem tanto o canal A quanto o canal B é 300. 80 150150 120 A B 150 + 150 + 120 + 80 = 500 ATÉ A PRÓXIMA!