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Sistemas Fluidotérmicos Profa Dra. Simoni M. Gheno simoni.gheno@docente.unip.br Módulo 2 mailto:Simoni.gheno@docente.unip.br 1862 Beau de Rochas propôs uma sequência de operação em 4 tempos, que é, até hoje, típica dos motores de ignição por faísca. 1876 Nikolaus August Otto, construiu um motor utilizando as ideias de Beau de Rochas, funcionou perfeitamente. Desde então essa sequência passou a ser conhecida como ciclo Otto. Profa. Dra. Simoni M. Gheno CICLO OTTO O motor a combustão interna do Ciclo Otto é uma máquina que trabalha com os princípios da Termodinâmica e com os conceitos de compressão e expansão de fluidos gasosos para: • gerar força • movimento rotativo Este ciclo é representativo do processo ideal para os motores de ignição por centelha. Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Motor 4 tempos 3º tempo Combustão (Faísca) e Expansão 2º tempo Compressão 1º tempo Admissão 4º tempo Exaustão Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O 1º tempo Admissão Com a válvula de admissão aberta, o pistão executa um curso de admissão quando aspira uma carga fresca para dentro do cilindro. No caso de MCI com ignição por centelha, a carga é uma mistura de ar e combustível. Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O 2º tempo Compressão Com ambas as válvulas fechadas, o pistão passa por um curso de compressão, elevando a temperatura e a pressão da carga. Esta fase exige fornecimento de trabalho de pistão para o conteúdo do cilindro. Inicia-se então um processo de combustão, que resulta numa mistura gasosa de alta pressão e temperatura. Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O 3º tempo Combustão (Faísca) e Expansão A combustão é induzida através da vela próxima ao final do curso de compressão nos motores com ignição por centelha. Um curso de potência vem logo em seguida, durante o qual a mistura gasosa se expande e é realizado trabalho sobre o pistão à medida que este retorna ao ponto morto inferior. Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O 4º tempo Exaustão (ou descarga) Finalmente, o pistão executa um curso de escape no qual os gases queimados são expulsos do cilindro através da válvula de escape aberta. Profa. Dra. Simoni M. Gheno VÍDEO Profa. Dra. Simoni M. Gheno Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Como colocamos todas essas informações em um gráfico e conseguimos calcular valores de T e P, ou mesmo taxas de compressão e exaustão? Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Admissão a – b A F Pressão constante. igual a pressão atmosférica Posição das válvulas A D Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Compressão b-c F F A pressão aumenta de forma progressiva até o PMS, adiabatica mente Posição das válvulas A D Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Explosão c-d F F Explosão a volume constante (supostamente instantânea) Posição das válvulas A D Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Expansão d-e F F A pressão diminui de forma progressiva até o PMI, adiabaticam ente Posição das válvulas A D Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Descarga e-b F A A pressão diminui de forma brusca a volume constante (supostamente instantânea) Posição das válvulas A D Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Descarga b-a F A A pressão se iguala a Patm Posição das válvulas A D Profa. Dra. Simoni M. Gheno C IC LO O T T O Profa. Dra. Simoni M. Gheno O rendimento () pode ser calculado considerando-se a quantidade de calor introduzido (Qcd) e a quantidade de calor retirado (Qeb) do sistema 𝜂 = Qcd − 𝑄𝑒𝑏 𝑄𝑐𝑑 𝜂 = 𝑢𝑑 − 𝑢𝑐 − 𝑢𝑏 − 𝑢𝑒 𝑢𝑑 − 𝑢𝑐 𝜂 = 1 − 𝑢𝑏 − 𝑢𝑒 𝑢𝑑 − 𝑢𝑐 C IC LO O T T O Profa. Dra. Simoni M. Gheno O TRABALHO (W) pode ser calculado considerando-se a quantidade de trabalho de compressão (Wbc) e o de expansão (Wde) do sistema 𝑣r2 = vr1 𝑉2 𝑉1 = 𝑣𝑟1 𝑟 Observe que V3=V2 e V4=V1 r=V1/V2=V4/V3 𝑣r4 = vr3 𝑉4 𝑉3 = 𝑟𝑣𝑟3 𝑇2 𝑇1 = 𝑉1 𝑉2 𝑘−1 = 𝑟𝑘−1 𝑇4 𝑇3 = 𝑉3 𝑉4 𝑘−1 = 1 𝑟𝑘−1 C IC LO O T T O Profa. Dra. Simoni M. Gheno TRABALHO DO CICLO 𝑊𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 𝑊𝑒𝑥𝑝- 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 𝑊𝑒𝑥𝑝= 𝑢3 − 𝑢4 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝= 𝑢2 − 𝑢1 𝑊𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 𝑢3 − 𝑢4 - 𝑢2 − 𝑢1 𝑊𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = m𝐶𝑣 𝑇3 − 𝑇4 − 𝑇2 − 𝑇1 𝑃1𝑣1 = 𝑅𝑇1 𝑃2 𝑃1 = 𝑣1 𝑣2 𝑘 𝐶𝑣 = 𝑅 𝑘 − 1 EXEMPLO 1 Um ciclo Otto de ar padrão como o apresentado na Figura tem uma taxa de compressão de 8,5. No início da compressão, P1=100kPa e T1=300k. A adição de calor por unidade de massa de ar é 1400kJ/Kg. Determine: a) o trabalho líquido, em kJ por Kg de ar b) eficiência térmica do ciclo c) temperatura máxima do ciclo, em K Profa. Dra. Simoni M. Gheno Profa. Dra. Simoni M. Gheno Tabela: P1=100kPa e T1=300K → u1=214,07KJ/Kg e vr1=621,2 PONTO 1 … resolução do exemplo 1 Profa. Dra. Simoni M. Gheno 𝑣r2 = vr1 𝑉2 𝑉1 = 621,2 8,5 = 73,08 T2=688,2K → u2=503,06KJ/Kg → Tabela PONTO 2 … resolução do exemplo 1 Profa. Dra. Simoni M. Gheno T3=2231,3K → vr3=1,919 𝑚 𝑢3 − 𝑢2 = 𝑄23 −𝑊23 𝑢3 = 𝑄23 𝑚 − 0 + 𝑢2 𝑢3 = 1903,02𝑘𝐽/𝐾𝑔 PONTO 3 → Tabela … resolução do exemplo 1 Profa. Dra. Simoni M. Gheno 𝑣r4 = vr3 𝑉4 𝑉3 = vr3 𝑉1 𝑉2 𝑣r4 = 1,919 8,5 = 16,31 T4=1154,3K → u4=892,9kJ/kg PONTO 4 → Tabela … resolução do exemplo 1 Profa. Dra. Simoni M. Gheno Wciclo m = Qentra m − Qsai m Wciclo m = Q23 m − Q41 m Wciclo m = 𝑢3 − 𝑢2 − 𝑢4 − 𝑢1 Wciclo m = 1400𝑘𝐽/𝐾𝑔 − 892,95 − 214,1 𝑘𝐽/𝐾𝑔 Wciclo m = 721,1𝑘𝐽/𝐾𝑔 (a) … resolução do exemplo 1 Profa. Dra. Simoni M. Gheno (b) 𝜂 = 𝑊𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜/𝑚 𝑄23/𝑚 𝜂 = 721,1 1400 = 𝟎, 𝟓𝟏𝟓 (𝟓𝟏, 𝟓%) T3=2231,3K (c) … resolução do exemplo 1 C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno 1-2: admissão 2-3: compressão (a) Faísca 3-4: expansão 4-1: escape Diagrama P-v real de um ciclo Otto (MIF) (motor 4T) C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno Por meio de equações matemáticas esse vaivém é convertido em um diagrama: Diagrama P-v real de um ciclo Otto (MIF) (motor 4T) C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno Diagrama P- real de um ciclo Otto (MIF) Modelo de medições feitas por indicadores na indústria. X: distância para o pistão atingir o PMS r: raio da manivela L: comprimento da biela 𝑥 = 𝑟 1 − cos𝛼 + 𝐿 1 − 1 − 𝑟 𝐿 2 sin 𝛼 C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno Diagrama P- real de um ciclo Otto a 4T em plena carga correspondente C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno PRESSÃO MÉDIA EFETIVA (Pme) Um parâmetro usado para descrever o desempenho de motores alternativos a pistão é a pressão média efetiva, ou pme. A pressão média efetiva é a pressão constante teórica que, se atuasse no pistão durante o curso de potência, produziria o mesmo trabalho líquido que é realmente produzido no ciclo. Pressão média efetiva é o trabalho por unidade de cilindrada, passando a independer dessa variável que de certa forma representa o tamanho do motor. 𝑃𝑚𝑐 = 𝑊𝑐 𝑉𝑑𝑢 𝑉𝑑𝑢 = 𝑉2 − 𝑉1 C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno POTÊNCIA DO CICLO A potência do ciclo (Nc) é o trabalho por unidade de tempo. Pode ser determinada multiplicando o número de vezes que é realizado na unidade de tempo, isto é, a frequência de realizações do ciclo (frequência de rotação - ). X: fator de tempo (motores 4T, x=2) 𝑁𝑐 = 𝑊𝑐 𝜂 𝑥 𝑁𝑐 = 𝑃𝑚𝑐𝑉𝑑 𝜂 𝑥 𝑃𝑚𝑐 = 𝑊𝑐 𝑉𝑑𝑢 tal que 𝑊𝑐 = 𝑃𝑚𝑐𝑉𝑑𝑢 C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno FRACAO RESIDUAL DE GASES (f) Ao final do escape, mas dentro do cilindro, permanece certa massa de gases, produtos da combustão. Essa massa: fará parte da massa total da mistura no próximo ciclo denominada massa residual.Fração residual de gases queimados é a relação entre a massa dos gases residuais e a massa total da mistura existente no cilindro, quando termina a admissão. 𝑓 = 𝑚𝑟𝑒𝑠 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑚𝑟𝑒𝑠 𝑚𝑎𝑟 +𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒 +𝑚𝑟𝑒𝑠 C IC LO O T T O R E A L Profa. Dra. Simoni M. Gheno FRACAO RESIDUAL DE GASES (f) 𝑓 = 𝑚𝑟𝑒𝑠 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑓 = 𝑣2 𝑣(4′) Representação gráfica do processo descrito EXEMPLO 2 Um ciclo Otto padrão a ar tem uma relação de compressão de 8. No início da compressão a temperatura é 27C e a pressão 100kPa. O calor fornecido ao ciclo é 3MJ/Kg. Dados k=1,4 e R=287J/KgK e imaginando que o ciclo represente um motor de 4T de cilindrada 1600 cm3, a 3600 rpm, determine: a) eficiência térmica do ciclo b) As propriedades P, T e v em cada ponto c) Pressão média do ciclo d) Potência do ciclo Considere: Profa. Dra. Simoni M. Gheno 𝜂𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 1 − 1 𝑟𝑘−1 𝑃2 𝑃1 = 𝑣1 𝑣2 𝑘 𝑣4′ = 3,47 𝑚3 𝑘𝑔 𝑊𝑐 = 3604𝐽 a) eficiência térmica do ciclo 𝜂𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 1 − 1 𝑟𝑘−1 = 1 − 1 81,4−1 = 0,565 (56,5%) b) As propriedades P, T e v em cada ponto Ponto 1 - já temos T e P. Considerando um gás real: 𝑃1𝑣1 = 𝑅𝑇1 tal que: 𝑣1 = 𝑅𝑇1 𝑃1 = 287 𝐽 𝑘𝑔𝐾 300𝐾 100 ⋅ 103 𝑁 𝑚2 = 0,861 𝑚3 𝑘𝑔 Profa. Dra. Simoni M. Gheno … resolução do exemplo 2 ⇒ 𝑃2𝑣2 𝑅 = 𝑇2 tal que: 𝑇2 = 1838 ⋅ 103 𝑁 𝑚2 0,108 𝑚3 𝑘𝑔 287 𝐽 𝑘𝑔𝐾 Ponto 2 - Processo (1)-(2) é isentrópico 𝑃2 𝑃1 = 𝑣1 𝑣2 𝑘 ⇒ 𝑃2 = 𝑃1𝑟𝑣 𝑘 = 100(8)1,4 ⇒ 𝑷𝟐 = 𝟏𝟖𝟑𝟖𝒌𝑷𝒂 𝑟𝑣 = 𝑣1 𝑣2 ⇒ 𝑣2 = 𝑣1 𝑟𝑣 = 0,861 ൗ𝑚 3 𝑘𝑔 8 ⇒ 𝒗𝟐 = 𝟎, 𝟏𝟎𝟖 ൗ 𝒎𝟑 𝒌𝒈 𝑃2𝑣2 = 𝑅𝑇2 𝑻𝟐 = 692K Profa. Dra. Simoni M. Gheno … resolução do exemplo 2 Ponto 3 Pela 1a Lei da Termodinâmica: u23=Q23-W23 O processo 2→3 é isocórico, logo W23=0 e como é um gás perfeito: u23=mCv T Dessa forma: 𝑄23 = 𝑚𝐶𝑣∆𝑇 𝑜𝑢 𝑞23 = 𝐶𝑣(𝑇3 − 𝑇2) 𝑇3 = 𝑞23 𝐶𝑣 + 𝑇2 Antes de determinarmos T3, precisamos calcular Cv: Profa. Dra. Simoni M. Gheno … resolução do exemplo 2 𝑇3 = 3 ∙ 106 𝐽/𝐾𝑔 717 ൗ 𝐽 𝑘𝑔𝐾 + 692𝐾 ⇒ 𝑇3 = 4876K 𝐶𝑣 = 𝑅 𝑘 − 1 = 287 ൗ 𝐽 𝑘𝑔𝐾 1,4 − 1 = 717 𝐽 𝑘𝑔𝐾 𝑃3𝑣3 = 𝑅𝑇3 Profa. Dra. Simoni M. Gheno … resolução do exemplo 2 𝑇3 = 𝑞23 𝐶𝑣 + 𝑇2 ⇒ 𝑃3 = 𝑅𝑇3 𝑣3 = 287 ൗ 𝐽 𝑘𝑔𝐾 4876𝐾 0,108 ൗ𝑚 3 𝑘𝑔 𝑃3 = 13𝑀𝑃𝑎 Podemos agora calcular P3: Ponto 4 : processo (3-4) é isentrópico, então: 𝑃4 = 𝑃3 𝑣3 𝑣4 𝑘 = 𝑃3 1 𝑟𝑣 𝑘 = 12957𝑘𝑃𝑎 81,4 = 705 𝑘𝑃𝑎 Podemos agora calcular T4: 𝑃4𝑣4 = 𝑅𝑇4 𝑇4 = 2115K Profa. Dra. Simoni M. Gheno … resolução do exemplo 2 ⇒ 𝑇4 = 705 ⋅ 103 ൗ𝑁 𝑚2 0,866 ൗ𝑚 3 𝑘𝑔 287 ൗ 𝐽 𝑘𝑔𝐾 c) Pressão média do ciclo 𝑃𝑚𝑐 = 𝑊𝑐 𝑉𝑑𝑢 𝑃𝑚𝑐 = 3604𝐽 1600 ∙ 10−6 𝑚3 = 2252𝑘𝑃𝑎 Profa. Dra. Simoni M. Gheno … resolução do exemplo 2 d) Potência do ciclo 𝑁𝐶 = 𝑊𝑐 𝜂 𝑥 = 3604𝐽 3600 2 ∙ 60𝑠 = 94,2𝑘𝑊= 108 1 0,736 = 127𝑐𝑣 Atividade 2 Profa. Dra. Simoni M. Gheno Você como estudante de Engenharia Mecânica precisará desenvolver um cálculo térmico do modelo de ciclo Otto proposto. A relação de compressão num ciclo padrão a ar Otto é 8. No início do curso de compressão, a pressão é igual a 100kPa, a temperatura é 290K, V1=400cm 3. A temperatura máxima do ciclo é 2200K. Dados adicionais: R=286,79kJ/kgK, u4=897,3kJ/kg Dessa forma, determine: (a) Pressão e a temperatura no estado final de cada processo do ciclo. (b) Calor adicionado (k J) (c) Trabalho líquido (k J) (d) Rendimento térmico Respostas: (b) 0,6715kJ, (d) 0,334kJ, (e) 50,6% Profa. Dra. Simoni M. Gheno 43 Bibliografia BRUNETI, F. Motores de Combustão Interna (Volume 1), 2ª ed., Editora Blucher, 2018. BOSH - Manual de Tecnologia Automotiva, Editora Blucher, 2005.
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