Buscar

Texto de apoio de História da 11 classe

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Unidade I: Introdução à História 
1.1. A evolução do Pensamento Historiográfico até ao século XIX PRIMEIRO GRUPO 
O termo «história» tem origem na palavra grega Iotop (historiê) que significa «investigação», 
«inquérito» ou «testemunha»; é um termo genérico geralmente aplicado em referência a ocorrências do 
passado. Portanto, os gregos foram, os primeiros a utilizar o termo «histor», referindo-se ao indivíduo que 
testemunhou os factos históricos com próprios olhos. 
Com Heródoto (considerado o pai da História), a História assumiu o sentido de busca de acontecimentos 
humanos (actividades do Homem). 
A História nem sempre foi uma ciência, pois com a invenção da escrita no IV milénio a.c; e durante 
muitos milénios ela era um conhecimento baseado em cosmogonias e mitologias. 
1.1.1. Conceitos de História 
Actualmente, a História é um conceito que assume e é entendido com dois sentidos: 
 É um processo real – em que ela é tida como o conjunto de acontecimentos sociais, económicos, 
políticos e culturais; 
 Conhecimento – em que a História é entendida como o conjunto das informações e ideais que se 
formam por meio do estudo e da investigação. 
 História - «é uma ciência dos homens no tempo.» Marc Bloch 
 História – «é a ciência das ciências do Homem.» Fernand Braudel 
 História – «é um estudo feito cientificamente das actividades e criações dos homens de outros 
tempos, considerado numa época determinada e dentro do quadro das sociedades extremamente 
variadas que encheram a face da terra e sucessão das ideias.» Lucien Febvre 
 História – é a narração metodológica e verídica dos principais acontecimentos do passado 
humano, as causas e consequências. 
Portanto, destes conceitos existem palavras – chave que são indispensáveis à definição de História, são 
elas: Ciência; Homem; Tempo e Espaço. Assim, conclui-se que História é a ciência dos homens no 
tempo e no espaço. Senão vejamos: 
 Ciência – estudo feito cientificamente; 
 Ciência dos homens – estuda as realizações do Homem na sociedade; 
 Tempo – situa organizadamente os fenómenos históricos e indica a altura que ocorreram; 
3 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 Espaço – permite localizar os acontecimentos e identifica as condições territoriais da sua 
ocorrência. 
Facto histórico – é algo que marca profundamente e qualitativamente uma determinada sociedade, 
acelerando, atrasando ou mantendo o seu processo de desenvolvimento. 
Ex1: As cheias de 2000, que afectaram algumas regiões de Moçambique; 
Ex2: A independência de Moçambique a 25 de Junho de 1975. 
1.1.2. O conceito de Historiografia 
Tal como outras ciências possuem a sua história, a descrição do seu surgimento e evolução, a História 
também tem a sua própria história – é a história da história, a que se dá o nome de Historiografia. A 
historiografia pode ser conceptualizada sob vários pontos: 
Historiografia – «é a afirmação, a qualificação de um facto, ou juízo do que existe.» Benedito Croce 
Historiografia – é a arte de escrever a história ou ainda o estudo histórico e crítico sobre os 
historiadores. 
Historiografia – é o estudo das diversas fases da evolução da história ao longo dos tempos. 
N.B: Os conceitos de História e Historiografia estão interligados, na medida em que um investiga o 
passado e o outro julga ou aprecia como esse passado foi apresentado pelo historiador no contexto dos 
procedimentos (métodos) da Historia. 
1.1.3. A Cronologia e a Periodização 
1.1.3.1. A Cronologia 
A cronologia é o ordenamento sequencial dos factos históricos, de acordo com as datas e/ou períodos da 
sua ocorrência. 
A cronologia – descrição ou registo de eventos organizados em função do tempo. 
Ex: 
Cronologia da colonização de África 
 1309 – Descoberta das Ilhas Canárias pelos portugueses; 
 1415 – Conquista de Ceuta pelos portugueses; 
 1479 – Portugal cede as ilhas Canárias a Espanha; 
 1482 – Os portugueses constroem o castelo de S. Jorge da Mina na Costa do Ouro (actual Ghana). 
 1498 – Os portugueses chegaram em Moçambique, chefiados por Vasco da Gama; 
 1572 – Conquista de Tunis pelos espanhóis; 
 1652 – Os holandeses fundam a cidade do Cabo. 
1.1.3.2. A periodização da História 
4 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
É a divisão da história da humanidade em fases; destacando-se as características principais que 
diferenciam um período do outro. 
1.1.3.2.1. Tipos de periodização 
Existem dois tipos de periodização da história da humanidade; 
1.1.3.2.1. A Periodização Tradicional ou Clássica – valoriza o critério político-religioso. É a mais 
utilizada. Ela divide a História Universal pelos seguintes períodos: 
 Pré-história – desde o aparecimento do homem até a génese da escrita no 4º milénio a.c; 
 Antiguidade Oriental e Clássica – do 4º milénio a.c, a 476 d.c. (séc. V) – queda do Império 
Romano do Ocidente); 
 Idade Média – de 476 a 1453 (séc. XV) – queda do Império Romano do Oriente; 
 Idade Moderna – de 1453 a 1789 (séc. XVIII) – revolução francesa; 
 Idade Contemporânea – de 1789 aos nossos dias. 
1.1.3.2.2. A Periodização Marxista – tem como defensor Karl Marx, o idealizador do marxismo. 
Divide a História Universal, tendo como base as actividades económicas; usando os seguintes períodos: 
 Comunidade primitiva – desde o aparecimento do Homem até ao 4º milénio a.c; 
 Esclavagismo – do 4º milénio a.c. ao século V d.c; 
 Feudalismo – do século V d.c. até ao século XV; 
 Capitalismo – a partir do séc. XV; 
 Socialismo – fase de transição para o comunismo; 
 Comunismo – ultima fase da evolução da humanidade. 
N.B: Os estágios da evolução económica propostos por Karl Marx (o Socialismo e o Comunismo) não 
chegaram a concretizar-se, dai a falha que se atribui a este modelo de periodização da história. 
A Historiografia desde a Antiguidade até ao século XIX 
A Historiografia Antiga 
A Historiografia Antiga iniciou-se na Antiguidade oriental, quando a escrita foi inventada pelos sumérios, 
sendo o período que marca o início da História e coloca fim ao período pré-histórico. A Historiografia 
Antiga é marcada pelas Cosmogonias e Mitografias. 
Cosmogonias – são escritos realizados por corporações de sacerdotes, que até essa época eram 
transmitidos oralmente de geração em geração. Elas explicam a formação do Universo pela intervenção de 
forças sobrenaturais em grande peso, embora também contemplassem a explicação natural. Exemplos de 
algumas cosmogonias: 
 Segundo os Vedas (Índia): 
 Ele criou em primeiro lugar a água, na qual depositou um germe. Este germe tornou-se ovos, 
resplandecente como ouro, radiante como estrela. Nele originou-se Brama, princípio de toda a vida. 
5 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 
 
 
Segundo a Bíblia, livro sagrado dos Hebreus: 
 
 
 
 
 
 
 
N.B: As cosmogonias não apresentaram ao longo dos tempos as mesmas versões porque foram sendo 
alterados pelas tradições orais, por isso, apareceram várias versões dos mesmos temas. 
As Mitografias – são relatos de algo fabuloso que se supõe que aconteceu no passado remoto e que quase 
sempre imperioso. Podem referir-sea grandes feitos heróicos que com frequência são considerados como 
fundamentos e/ou começo de uma comunidade ou religião. Podem ainda, incluir fenómenos naturais e 
muitas vezes comportam a personificação de coisas ou acontecimentos. 
As mitografias aliviam às cosmogonias para explicar o surgimento do universo, tendo como base os mitos 
de deuses (da luz, da chuva, do vento, etc.). Esses mitos estavam ligados ao processo de integração 
política dos Estados. 
De salientar que falar de mitos não é apenas falar sobre as primeiras civilizações do Médio Oriente, Norte 
de África e da Ásia, mas sim reconhecer que eles foram a base para a sustentação de alguns fenómenos em 
todas as sociedades, caso concreto das sociedades africanas, em especial a moçambicana, em que 
prevalecem vários mitos. 
O mito «moçambicano» de ciclone: 
 
 
 
 
 
O mito fundamenta os usos e as normas básicas do convívio, propondo uma justificação aceite por todos. 
O mito vivo não é simbólico, não é algo científico, mas uma narrativa de uma realidade primordial 
No princípio criou Deus o céu e a terra. 
A terra porém, era vã e vazia e as trevas cobriam a face do abismo e o espírito de Deus era 
levado sobre as águas. 
E disse Deus: Faça a luz. E foi feita a luz. 
E viu Deus que a luz era boa; e separou a luz das trevas. 
E chamou Deus à luz dia e às trevas noite; e da tarde e da manhã fez o primeiro dia. 
E fez Deus o firmamento, e separou as águas que estavam por cima do firmamento. E assim se 
fez. E chamou Deus ao firmamento Céu; e da tarde e da manhã se fez o dia segundo. […] 
 
 
 
 
 
O ciclone deriva da movimentação «periódica» de uma grande cobra de sete cabeças, do mar para o 
continente, mais precisamente para as zonas montanhosas. 
Ora, nessa movimentação, passa voando, provocando deste modo ventos fortes acompanhados de 
chuvas torrenciais. Consta que este movimento tem retorno no sentido continente-mar, mas por 
baixo da terra, provocando sismos. 
6 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
(sabedoria moral), contada para a satisfação de intenções religiosas profundas, de desejos morais, de 
submissões sociais, de certezas e até de necessidades práticas. 
Walter Burnert afirma que, nos mitos, a explicação a relação com a realidade é secundária e a maior 
parte só está parcialmente. Assim, o mito é um modo diferente de exprimir o pensamento, a cultura e a 
forma de observar o mundo. 
N.B: As Cosmogonias e as Mitografias, ao admitirem a intervenção do sobrenatural e ao privilegiarem 
autoridades, passaram a ser historiografias não-científicas; com efeito, os seus testemunhos não eram 
submetidos a crítica, não se preocupavam com a objectividade ou a verdade. 
 
 
Actividades de auto-avaliação 
1. Defina os seguintes conceitos: Mitografia e Cosmogonia. 
2. Defina o mito segundo Walter Burnert. 
3. Em Moçambique existem mitos? Caso existam, dê um exemplo. 
4. Qual é o papel do mito na sociedade moçambicana? 
5. A palavra história tem origem do termo “historiê” que pertence aos: A gregos B romanos C 
historicistas 
6. A História é e deve ser uma ciência porque…. A esta ligada à Filosofia B estuda o passado 
C tem um objecto e método de estudo D explica todos os fenómenos naturais 
7. O período que vai desde o aparecimento do Homem até a invenção da escrita designa-se por: 
A Idade Média B antiguidade clássica C Idade Contemporânea D Pré – Historia 
8. Quais são as palavras-chave da definição de História? A ciência e tempo B ciência, tempo, 
Homem e espaço C Homem, tempo e espaço D nenhuma destas opções patentes 
9. As Cosmogonias e Mitologias fazem parte de que Historiografia? A Judaica B Cristã C Antiga D Romana 
 
A Historiografia Judaica SEGUNDO GRUPO 
A importância da Bíblia para a Historiografia judaica 
A Historiografia judaica está estreitamente ligada à bíblia, e esta reflecte a história dos hebreus (judeus) – o Antigo 
Testamento. Uma compilação de muitos acontecimentos das épocas mais antigas. 
A Bíblia atribui muita importância à Historiografia judaica, conferindo-lhe autoridade histórica, devido aos 
seguintes factores: 
 A quantidade e a natureza dos temas abordados abrangem a história do povo judeu e do Próximo Oriente 
Antigo (Egípcios, Fenícios, Assírios, Persas, Mesopotâmicos, etc.); 
7 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 Até ao princípio do séc. XIX constituiu a principal fonte de informação histórica relativamente aos povos 
do Próximo Oriente, durante a Antiguidade; 
 Criou uma concepção em relação ao povo judeu – eleito por Deus; 
 É um livro sagrado dos cristãos e tem, por isso, uma credibilidade universal. 
Na actualidade, a importância da Bíblia para o estudo da historiografia judaica passou para o segundo plano com o 
desenvolvimento de novas formas de investigação e crítica histórica. 
 
Características da Historiografia judaica 
 Cosmogónica e mitológica, por isso, acientífica ou pré-científica; 
 Teocrática e monoteísta; 
 Normativa ou jurídica – elaboração de muitos códigos de leis e de conduta, ex: o Código de Hamurábi; 
 Gentílica – o homem judeu era considerado o centro do mundo, e por isso, a sua história era assumida 
como sendo a História Universal. 
Limitações da historiografia judaica 
 A incapacidade de aceder à uma concepção universalista do homem; 
 É uma historiografia Teocrática e monoteísta – pois gira em torno de um só Deus (Jeová). 
 É uma historiografia mítica e sem muita investigação casual e objectividade. 
N.B: apesar das limitações, a historiografia judaica deixou-nos muitos exemplos de Anais (relatos de 
acontecimentos mais importantes, em regra geral, os de índole político-militar); listas de dinastias e biografias. 
A Historiografia greco-romana TERCEIRO GRUPO 
A civilização grega e romana faz parte da Antiguidade Clássica. Torna-se difícil separar a história dos dois povos, e, 
como tal a forma como escreveram a História – Historiografia – também possui muitas similaridades, pois os 
grandes pensadores gregos influenciaram os romanos. 
A Historiografia Grega 
A historiografia grega teve duas fases distintas: 
 Antes da introdução da democracia (séc. V ANE.) – uma Historiografia cosmogónica e mítica; 
 Depois da instituição da democracia – iniciando uma Historiografia mais humanista. 
Características da historiografia grega 
 Humanista – o seu objecto de estudo é o homem; 
 Cientifica – inicia-se o processo de cientificação da história; 
 Auto-reveladora – procurando a projecção do futuro no presente, ensina o Homem sobre o seu 
passado e a relação entre o passado e o presente; 
 Pragmática – tenta tirar do ocorrido uma lição aproveitável para o futuro. 
8 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Principais historiadores gregos 
Heródoto de Halicarnasso (480 – 425 a.n.e.) 
Considerado o «pai da História» por ter sido o primeiro a reflectir, sobre questões de carácter nacional e 
adoptar uma atitude científica perante a História. Deu uma visão global do Homem e do universo (ao 
abordar a história não só dos gregos, mas também dos bárbaros, egípcios, mesopotâmicos) – o que 
significou a passagem da Historiografia gentílica à Historiografia ecuménica (universal). 
Em suma, ele deu os primeiros passos para a cientificação dahistória no futuro, pois: 
 Introduziu a noção de mudança, que mais tarde deu lugar ao conceito de evolução; 
 Começa a História Genética, ao não perguntar somente o que aconteceu, mas porque aconteceu; 
 Alargou a noção das fontes históricas (tradição oral; escrita); 
 Fez a ligação entre o passado e o presente dos homens e não dos deuses; 
 Criou uma metodologia própria com os seguintes passos: 
 
 
 
 
 
 
 
Tucídides (460 – 386 a.n.e.) – foi continuador de Heródoto, tendo-se destacado pelo seu questionamento 
às fontes na procura da veracidade e credibilidade. Operou significativos avanços na história ao introduzir 
a análise e a explicação casual dos factos históricos. Com Tucídides começa a História Explicativa, 
razão pela qual é chamado o pai da História Explicativa. 
Limitações da historiografia grega 
 Foi limitada no tempo: o recurso documental restrito à tradição oral e aos testemunhos oculares 
limitou o âmbito cronológico da história grega; 
 Foi limitada no espaço, uma vez que centrou seu estudo à costa do Mediterrâneo, dando assim, um 
carácter universal. 
A Historiografia Romana 
A História romana recorreu à língua e às metodologias dos gregos, que tinham avançado no campo do 
saber. Os romanos não se limitaram a copiar mecanicamente a História grega, procuraram fazer história 
própria. Assim, resultou uma Historiografia romana que, apresentando alguns traços comuns à grega, tem 
suas particularidades. 
Características 
 Forte ligação ao passado, considerada época recuada, o centro das virtudes nacionais; 
Observação e informação (recolha de fontes) 
 
Reflexão, análise e comparação das fontes 
Síntese 
 
 
9 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 Uma historiografia política, feita por homens políticos que abordava assuntos políticos e com fins 
políticos; 
 Nacional e patriótica – exaltação da cidade e do império; 
 Pragmática. 
Principais historiadores romanos 
Políbio (203 – 120 a.c): grego que viveu como prisioneiro em Roma era político e militar. A sua principal 
contribuição foi a aplicação do modelo de ciclo à História, conduzindo à concepção de que a História é o 
conhecimento do geral, daquilo que se repete, que obedece a leis e por isso susceptível de previsão. 
Tito Lívio (59 a.c. – 17 a.c) e Tácito (55 d.c. – 120 d.c) – escrevem a história com fito ideológico, dado 
que a partir destes a História torna-se retórica, justificativa e ética. Tito Lívio concebe a história como 
fonte das virtudes nacionais, e deveria servir de exemplo ou modelo aos cidadãos romanos. 
 
A Historiografia Cristã – Medieval QUARTO GRUPO 
O contexto histórico do surgimento do Cristianismo 
O Cristianismo surgiu na Judeia "Palestina" na altura dominada pelos Romanos que tinham transformado 
o território em província. Emerge com o nascimento de Jesus Cristo, mas como corrente, surge depois da 
morte de Jesus Cristo. É fundado pelas massas que seguiam os princípios deixados por Cristo. 
 Características da Historiografia Cristã-medieval 
No séc. V d.C. dá-se a queda do império Romano do Ocidente (séc. III a.C. à séc. V d.C.) e a progressiva 
implantação do sistema Feudal que passa a tomar o Cristianismo como doutrina ideológica, não na sua 
forma original mas sim adulterada pelas tradições dos povos que foram assimilando. 
A igreja Católica surge nessa altura e assume o protagonismo principal de toda a vida política, económica 
social e cultural da Europa, o que faz com que a Historiografia Cristã-medieval apresente as seguintes 
características: 
 É uma história universalista – que começa com Adão e Eva e termina na época do historiador; 
 Apocalíptica – prevê o fim do homem e do mundo; 
 Providencialista – toda acção humana é impelida pelos desígnios de Deus. 
 É repetitiva Dogmática; e Cíclica. 
Principais historiadores 
 Jean Froissart; Lopes Ayala e Giovani Villani 
Limitações da Historiografia Cristã-medieval 
A vida durante a Idade Média esteve fortemente influenciada pela igreja católica que difundiu o 
cristianismo catolicista como forma de pensamento dominante entre a classe erudita e o povo, o que 
impediu a livre pesquisa como acontecia na antiguidade greco-romana, provocando assim, um retrocesso 
à história e demais ciências. 
10 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Pode-se afirmar que a história regrediu, mas porém, é digno de notar neste período o desenvolvimento de: 
 Anais – história ou narração organizada de factos de ano por ano; 
 Crónicas – narração de história ou registo de factos comuns, feitos por ordem cronológica; 
 Biografias – histórias de vida de uma pessoa; 
 Hagiografias – biografias de santos. 
N.B: Quando se refere à regressão da história na Idade Média, apenas diz respeito ao mundo ocidental 
(Europa), dado que no Oriente intensos trabalhos de pesquisas históricas estavam sendo feitos por 
mercadores cronistas árabes como: Ibn Batuta, Al Massud, Al Idris, entre outros. 
A Historiografia Renascentista QUINTO GRUPO 
Renascimento – é um movimento de renovação cultural, intelectual, artístico e literário, que surgiu em 
Itália, nos começos do séc. XIV, e que se difundiu depois, ao longo dos séc. XV e XVI por toda a Europa. 
Factores do surgimento do Renascimento 
 O crescimento e desenvolvimento das cidades; 
 A 1ª expansão europeia; O desenvolvimento do humanismo; 
 Influencia das civilizações sarracena e bizantina e fuga ao misticismo e ascetismo medieval; 
 O desenvolvimento de ciências como: Numismática, paleografia e Epigrafia. 
Características da Historiografia renascentista 
 Predomínio da pintura; educativa; 
 Optimismo e individualismo; 
 Exaltação da personalidade; 
 O humanismo; retorno à antiguidade greco-romana. 
Principais Renascentistas 
 Baptista Alberto – escreveu tratados de Filosofia; História; Direito; Poesia e Discursos; 
 Leonardo da Vinci – precursor da mecânica e da ciência moderna; 
 Erasmo de Roterdão – autor do poema «Elogios da loucura»; 
 Miguel Ângelo – arquitecto e construtor da Basílica de S. Pedro de Roma; 
 Nicolau Copérnico – autor da teoria heliocêntrica. 
 
O Humanismo – é o estudo da antiga cultura greco-romana, que podia tornar o homem verdadeiramente 
humano, surgiu na Itália no séc. XIV, favorecido pelo progresso económico das cidades itálicas. 
Principais humanistas 
Boccacio, Luís de Camões, Erasmo de Roterdão (o mais influente humanista da Europa); Nicolau 
Maquiavel e Baltazar de Castiglione. 
A Historiografia Iluminista 
11 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
O Iluminismo, também conhecido como Séculos das Luzes e como Ilustração foi um movimento 
cultural da elite intelectual europeia do século XVIII que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de 
reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. 
O Iluminismo promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do 
Estado. Originário do período compreendido entre os anos de 1650 e 1700 
As características do Iluminismo 
 Valorização da razão, considerado o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo de 
conhecimento; 
 Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento 
tanto da natureza quanto da sociedade, política ou economia; 
 Crença nas leis naturais, normas da natureza que regem todasas transformações que ocorrem no 
comportamento humano, nas sociedades e na natureza; 
 Crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade, à 
posse de bens materiais; 
 Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero; 
 Defesa da liberdade política e económica e da igualdade de todos perante a lei; 
 Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a crença em Deus. 
Principais defensores do Iluminismo 
John Locke é Considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra foi “Ensaio sobre o entendimento 
humano”, aonde defende a razão, afirmando que a nossa mente é como uma tábua rasa sem nenhuma 
ideia. Defendeu a liberdade dos cidadãos e Condenou o absolutismo. 
François Marie Arouet Voltaire, destacou-se pelas críticas feitas ao clero católico, à inflexibilidade 
religiosa e à prepotência dos poderosos. 
Charles de Secondat Montesquieu, em sua obra “O espírito das leis” defendeu a tripartição de poderes: 
Legislativo, Executivo e Judiciário. No entanto, Montesquieu não era a favor de um governo burguês. Sua 
simpatia política inclinava-se para uma monarquia moderada. 
Jean-Jacques Rousseau - é autor da obra “O contrato social”, na qual afirma que o soberano deveria 
dirigir o Estado conforme a vontade do povo. Apenas um Estado com bases democráticas teria condições 
de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Rousseau destacou-se também como defensor da 
pequena burguesia. 
François Quesnay - foi o representante oficial da fisiocracia. Os fisiocratas pregavam um capitalismo 
agrário sem a interferência do Estado. 
Adam Smith foi o principal representante de um conjunto de ideias denominado liberalismo económico, 
o qual é composto pelo seguinte: o Estado é legitimamente poderoso se for rico; para enriquecer, o Estado 
necessita expandir as actividades económicas capitalistas; para expandir as actividades capitalistas, o 
Estado deve dar liberdade económica e política para os grupos particulares. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_cultural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_cultural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Elite_%28sociologia%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelectual
http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
12 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
A principal obra de Smith foi “A riqueza das nações”, na qual ele defende que a economia deveria ser 
conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura 
Impacto do Iluminismo 
 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, França, 1789, um dos muitos documentos 
políticos produzidos no século XVIII sob a inspiração do ideário iluminista. 
 O Iluminismo exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte dos países 
ocidentais. A época do Iluminismo foi marcada por transformações políticas tais como a criação e 
consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis e a redução da influência de 
instituições hierárquicas como a nobreza e a igreja. 
 O Iluminismo forneceu boa parte do fermento intelectual de eventos políticos que se revelariam de 
extrema importância para a constituição do mundo moderno, tais como a Revolução Francesa, a 
Constituição polaca de 1791, a Revolução Dezembrista na Rússia em 1825, o movimento de 
independência na Grécia e nos Balcãs, bem como, os diversos movimentos de emancipação 
nacional ocorridos no continente americano a partir de 1776. 
 Muitos autores associam ao ideário iluminista o surgimento das principais correntes de 
pensamento que caracterizariam o século XIX, a saber, liberalismo, socialismo, e social-
democracia. 
 
A Historiografia dos séculos XVII – XVIII SEXTO GRUPO 
Os humanistas foram os precursores do Racionalismo pois; 
 Recusavam o critério único de autoridade livresca no campo do saber e da Filosofia; 
 Defendiam a imitação activa e criadora das obras clássicas; 
 Defendiam o recurso à observação e a experiência – espírito crítico. 
A Historiografia do século XIX 
A Historiografia do séc. XIX: O Positivismo 
O Positivismo é o sistema filosófico que aceita que o conhecimento só e possível mediante a observação e 
experiência. É mais achegado às ciências naturais. 
Os positivistas defendiam que em 1º lugar era preciso determinar os factos e em 2º lugar estabelecer as 
leis. Assim, os factos são determinados pela percepção sensorial e as leis através da indução. O fundador 
do Positivismo foi o francês Auguste Conte (1798 - 1857), que escreveu a obra «O Curso da Filosofia 
Positivista». 
Para Conte não existe conhecimento absoluto; ele admite apenas a existência de uma área incognoscível 
(não conhecido) vedada a razão humana, apenas os fenómenos são cognoscíveis. Não podemos conhecer o 
que está para além da experiência. A experiência devia servir de modelo de investigação para todas as 
ciências, isto é, o modelo devia ser o das ciências experimentais. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidad%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ocidente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado-na%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_civis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nobreza
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Constitui%C3%A7%C3%A3o_polaca_de_1791&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Dezembrista
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Balc%C3%A3s
http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/1776
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Social-democracia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Social-democracia
13 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Comte também defendeu a relatividade do conhecimento em oposição ao conhecimento absoluto. 
Afirmou que a evolução da humanidade teve três estádios ou fases: 
 Estádio teológico – os fenómenos eram atribuídos aos deuses e/ou a Deus; 
 Estádio metafísico – as causas dos fenómenos eram vagas e imaginárias, corresponde ao estado 
anárquico; 
 Estádio positivo – os fenómenos têm causas naturais, corresponde ao estado sociocrático. 
A nota dominante da Historiografia positivista foi a sua tendência de confundir o conhecimento histórico 
com a recolha e classificação dos factos procurando depois o historiador formular lei de evolução 
histórica da humanidade e estabelecer em seguida os factos com rigor dogmático crítico. 
Características da historiografia positivista 
 Tendência de encontrar leis; 
 Ânsia do realce exaustivo das fontes, limitando de forma exagerada o papel do historiador na 
interpretação histórica; 
 Defesa de uma História que privilegiava aspectos institucionais e políticas; 
 Valorização de uma História baseada em factos e tempo curto em detrimento das estruturas e 
conjunturas. 
Ponto positivo dos positivistas 
 Permitiram que a História tomasse o carácter de ciência. 
Conceitos 
Estruturas – são fenómenos geográficos, económicos, sociais, culturais, políticas e psicológicos, que 
permanecem constantes perante um longo período, evoluindo de um modo quase imperceptível. 
Conjunturas – constituem flutuações de amplitude diversa que se manifestam dentro de um quadro, 
limitadopelas barreiras e estruturas. 
A Historiografia do século XIX: O Historicismo 
Foram os historicistas os primeiros a levantar o problema da subjectividade do conhecimento histórico, 
um dos pontos altos da actual reflexão histórica. A História não é uma narração de acontecimentos 
sucessivos ou um relato de transformações. 
Para os historicistas, o conhecimento histórico é o conhecimento do passado pelo passado; é a 
reconstituição do passado, a perpetuação de acções passadas no presente. O seu objectivo, portanto, não é 
um mero objecto, algo que está fora do espírito que o conhece, é uma acção do pensamento que pode ser 
conhecida em que o espírito conhecedor a reconstitui e conhece. 
Na visão dos historicistas, a História é uma ciência do espírito subjectivo e relativo. Ainda para os 
historicistas, mais do que descrever era preciso intuir e compreender os factos históricos como dizia 
Croce os eventos devem «vibrar na mente do historiador». Deste pensamento histórico não é mais uma 
simples aceitação dos testemunhos, mas sim, uma avaliação interpretativa deles. 
14 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Os historicistas defendem o carácter específico do conhecimento histórico, considerando-o diferente do 
conhecimento das ciências naturais. 
Principais defensores do Historicismo 
Leopold Von Ranke (1797 - 1886) – alemão; Benedito Croce - inglês; Raymond Aron – francês; 
Dilthey; Collingwood – inglês. 
Crítica ao Historicismo 
O historicismo, ao insistir na singularidade dos factos, corria o risco de negar à História o estatuto de 
ciência, ao tentar reabilitar as formas do pensamento irracionalista. 
Semelhanças entre o Historicismo e o Positivismo 
O positivismo e o Historicismo tinham inicialmente, pontos comuns, em relação ao objecto e ao método 
histórico, que ambas, visavam a reconstituição dos factos políticos e a prioridade do documento sobre o 
historiador. Contribuíram para a cientificidade da História. 
Diferenças entre o Historicismo e o Positivismo 
Para o Positivismo - só há uma história e há leis históricas; é objectivista; 
Para o Historicismo – há várias histórias e não há leis históricas; é subjectivista. 
Exercícios de consolidação 
1. Defina a História segundo Leopold Von Ranke. 
2. Mencione os pontos convergentes e divergentes entre o Historicismo e o Positivismo. 
3. Explique a essência dos seguintes estádios: Estádio Teológico e Positivo. 
4. O que é que significa a palavra «historiê»? 
 
 
A Historiografia do séc. XIX: O Materialismo Histórico SETIMO GRUPO 
O Materialismo Histórico - é uma corrente filosófica criada por Karl Marx (1818 - 1885) e Friedrich 
Engels (1820 -1895) que pretende adoptar análise de realidade histórica à dialéctica hegeliana, expressa 
no trinómio: tese – antítese – síntese. Por esta razão, é também chamado de Materialismo dialéctico. 
Fundamentos da filosofia marxista 
Os fundamentos do pensamento filosófico – histórico de Marx assentam na filosofia clássica alemã, na 
economia política inglesa e no socialismo utópico. Filosofia clássica alemã: destaca-se o idealismo 
dialéctico de Hegel e o materialismo metafísico de Fewerbach. 
Para Hegel, a ideia, que era a expressão duma divindade cósmica (tese), converteu-se na natureza 
alienando-se (antítese). Ao homem (síntese) cabia-lhe a tarefa de desaliena-lá 1º através da consciência 
espontânea (História) depois através da consciência reflexiva (Filosofia da História). 
15 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Fewerbach pretendia substituir o «reino da ideia» e o «reino do homem» substituindo a noção de um 
homem criado por Deus. Pela noção de um Homem criador do próprio conceito de Deus. A este filósofo 
Marx acrescenta o conceito evolucionista de Darwin a partir da obra «A origem das espécies». 
Economia Política inglesa: foram importantes as obras de Adam Smith e David Ricardo. O Socialismo 
Utópico: Saint Simon, Robert Owen e Charles Fourier. 
Breve ênfase ao materialismo dialéctico 
A fim de compreender mais o Materialismo histórico partimos da análise dos seguimentos que o 
sustentam. Os grandes filósofos alemães Kant e Hegel reconheceram que uma representação exacta do 
universo só tinha que partir do desenvolvimento deste. Para eles, era necessário reconhecer acções 
recíprocas gerais e desaparecer constante a luta dos elementos contraditórios em todo ser como a fonte 
desse. 
Hegel considera todo mundo natural histórico e espiritual como um desses processos de contraste 
desenvolvimento, onde tudo se move e transforma, isto é, dialéctico é a concepção filosófica que consiste 
em considerar os fenómenos em suas mútuas relações e movimentos, no seu nascimento, desenvolvimento 
contraditório e desaparecimento. 
Marx toma em consideração conjuntamente a natureza e o homem, enquanto dialecticamente 
relacionados em traços gerais, o materialismo dialéctico considera como um processo unificado da acção 
produtiva do homem e com a natureza. 
Materialismo Histórico 
O Materialismo histórico surge por volta de 1848 fruto de conjuntura que se vivia na Europa. Época de 
exposição, revolução industrial, época de triunfo dos movimentos nacionalistas, das ideias autónomas, dos 
povos e época do sindicalismo. Para Marx e Hegel, é a realidade exterior que cabe o papel dinâmico 
(transformador), sendo o espírito somente espectador. Consideram que são as realidades económicas que 
cabem o papel de motor da história. De facto, é a realidade económica – determina as relações de 
produção que por sua vez, geram as relações sociais específicas. 
Estas relações sociais, movidas por interesses antagónicos, conferem ao processo histórico a sua dinâmica 
própria. A dinâmica é da luta de classes. 
Crítica ao marxismo 
O Marxismo é criticado na medida em que sobrevaloriza as estruturas económicas relativamente às 
restantes; isto é, faz a explicação dos fenómenos com base na economia. É uma História que acredita na 
evolução linear como único modelo do processo histórico. 
 
A Historiografia do século XX OITAVO GRUPO 
16 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
A crise da História nas primeiras décadas do século XX 
Factores da crise 
 A crítica feita pelas correntes historiográficas a Historiografia tradicional 
Já no séc. XIX Marx e Hegel – o Materialismo histórico tinha uma nova concepção à História, acentuando 
o papel das massas e não das personalidades. 
 As novas correntes de pensamento 
Nietzsche e Freud – através da Filosofia e da Psicanálise, nas suas pesquisas alargaram o conhecimento 
sobre o homem. 
 A evolução científica da época 
O extraordinário progresso das ciências – sobretudo das ciências naturais e mecânicas demonstrou que o 
conhecimento não é acabado. 
 A emergência das ciências humanas e sociais 
Já no séc. XIX, a História perdia a exclusividade do conhecimento do homem, devido a autonomização da 
Sociologia com Durkheim, da Psicologia, da Geografia Humana com Vidal de la Blach, Antropologia 
com Levi Strauss. A crescente importância destas ciências sociais e humanas que repartiam entre si o 
objecto de estudo veio colocar aos historiadores 3 problemas: 
1º. O problema da definição e delimitação do conteúdo específico da História; 
2º O problema de sua função nas sociedades modernas; 
3º O problema da metodologia. 
 
A Escola dos Annales (1929 – 1946) 
Nos princípios do séc.XX quando a história atravessava a crise, surgiram novas tendências 
historiográficas com o objectivo de a ultrapassar. Foi precisamente em 1929 que surgiu a revista dos 
Annales dando origem a História Nova que subdivide-se em: 
 Escola dos Annales; 
 A História Nova (propriamente dita); 
 A História Nova Estruturalista. 
A revista Annales era editada em Estrasburgo (França), com o título «Annales d’Histoire Economique 
et Sociale». Os seus fundadores foram: Mach Bloch e Lucien Febvre. Herdeira em certa medida, de toda 
evolução historiográfica dos séculos XVIII e XIX, coube a escola dos Annales – o berço da História 
Nova – a difícil tarefa de responder às exigências de um novo saber, mediante a transformação radical dos 
domínios e métodos de trabalho. 
A Revolução Historiográfica operada pela Escola dos Annales 
a) A luta contra a Historiografia Positivista tradicional 
17 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
O primeiro combate do Annales foi o de remover o conceito de História. No lugar de colocar a tónica nos 
eventos singulares, estreitamente políticos e individualizados, apareceu uma História do Homem, isto é, 
das formações económicas sociais. 
b) O alargamento do território do historiador 
Antes eram considerados como importantes os factos relativos aos dirigentes da vida pública ou mesmo 
de toda classe dominante, mas depois passa-se a considerar também naquilo que influi em círculo mais 
largos, repercutindo nas condições de existência, isto é, a História de todos Homens – a História total e 
global. 
c) O alargamento do campo do documento 
Uma História total e interdisciplinar tinha necessariamente que formular o conceito de documento. A 
História Positivista essencialmente baseada em texto, contrapõe-se uma História fundada numa 
multiciplinaridade de documentos escritos de toda espécie, documentos figurados, escavações 
arqueológicas, orais, etc. 
d) Revalorização do papel activo do historiador na construção histórica 
A História tinha que ser problemática, isto é, devia procurar trazer interpretações dos factos, procurar 
esclarecer o porque, do que é, como e quando. O facto histórico é buscado a partir de uma problemática 
existente só num contexto global. O facto histórico também é criação do historiador visto que não há 
realidade histórica que se oferece completamente ao historiador. 
 
A História Nova NONO GRUPO 
A História Nova surge depois da 2ª Guerra Mundial e assume um carácter mais abrangente das realizações 
humanas. Com efeito, a História Nova é, uma história que busca novos objectos, até então reservados a 
outras ciências humanas e sociais. 
Ex: a Antropologia – ao estudar a cultura dos povos; a Geografia - ao estudar a história dos homens no 
espaço; a Economia – história dos modos de produção; a Psicologia – história da mentalidade: família, 
educação, morte, feitiçaria, e.t.c; 
Em suma, a História Nova estuda tudo o que diz respeito aos homens, até as suas produções mentais 
(espirituais). 
A História Nova alarga o âmbito cronológico da História: isso requer dizer que se recua até ao passado 
mais remoto do homem até ao presente do mesmo, havendo assim, uma ligação contínua entre o passado e 
o presente. 
Assiste-se assim, ao diálogo entre a História e outras ciências humanas, entre o passado e o presente e até 
o futuro. Nos dois sentidos: explicação do que é hoje pelo que já foi, mais também explicação do que já 
foi pelo que é hoje. 
O alargamento do âmbito geográfico que se manifesta pela recusa do eurocentrismo e o gosto pelo 
universal 
18 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Antes concebia-se vulgarmente a História como o desfile cronológico dos povos ou nações mais 
privilegiados em cada época só com pequenas adesões bárbaras. Deste modo, a História procura fugir a 
este esquema e torna-se universal no esforço de integração de civilizações e povos num todo. 
É a que aparece o interesse pelas civilizações do 3º mundo tentando encontrar e analisar as condições 
específicas da sua permanência no tempo. 
 
A Nova História Estrutural de Braudel ou História Estruturalista 
Após a morte de L. Febvre, em 1956, a escola dos Annales passou para a direcção de Ferdinand 
Braudel, iniciando uma nova etapa na evolução da História, com a publicação da obra “ História e 
Ciências Sociais: a longa duração”, em 1958. Nela estava explicitas as principais linhas da actual 
História Nova – a História Estrutural, baseada na teoria da longa duração. 
8.1. Características da História Estrutural 
 É uma história que privilegia o conjunto, as grandes massas e está atentas as flutuações, dinâmica 
no tempo e no espaço; 
 Introduz novas noções de geo-história e complexo histórico-geográfico; 
 Emerge um novo conceito de tempo histórico (recusando as correntes tradicionais): Braudel sugere 
que o tempo histórico deve ser medido de acordo com a duração, sequência, permanência ou 
mudança dos fenómenos e não pela sequência do calendário, pois nem sempre o tempo social 
coincide com o tempo cronológico. Assim sendo, propõe um modelo triplo de duração da história: 
Tempo Curto – (o tempo dos acontecimentos). Que se ocupa com as ocorrências superficiais sem exigir 
investigação e análise profunda a micro-história. 
Tempo Médio ou média duração – que estuda as pequenas variações cíclicas as conjunturas; 
Tempo Longo ou longa duração – que estuda as grandes repetições ou grandes permanências; é o tempo 
das estruturas ou a História estrutural. 
 A introdução dos grandes eixos de coordenadores do tempo: diacronia e sincronia. 
 Diacronia – é o eixo da sucessividade; Sincronia – é o eixo das simultaneidades. 
 A aproximação das ciências sociais 
Braudel defendeu a aproximação das ciências sociais, dando valor à interdisciplinaridade, pois seria 
impossível fazer a História total sem se recorrer a outros campos do saber. Portanto, a 
interdisciplinaridade foi um dos grandes méritos da História Nova. 
Em suma, a História Estrutural é total e global, comparativa e interdisciplinar, o historiador não se limita a 
reproduzir o documento mas sim conquistá-lo, tentando perscrutar as intenções do testemunho. 
 Alarga as fontes de informação, recorrendo aos métodos e a informação de outras ciências sociais 
ou não; 
19 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 A realidade histórica é feita de realidades de duração, isto é, de dimensões diacrónicas e 
sincrónicas, as realidades estruturais de longa duração; as realidades conjunturais de média 
duração e as realidades factuais de curta duração. 
A Crítica à História Nova 
O conhecimento é relativo mais relativo ainda quando se trata de ciência sociais. Por isso, a História 
nunca se constitui como um dado adquirido e está em constante reformulação. A História Nova teve falta 
de originalidade, porque os Annales, ao alargar os heróis para todos os campos, tiraram esses elementos 
de outras ciências. Também, ao criar gosto pela história, fez dela uma forma de literatura, um espectáculo 
em que o historiador se transformou num encenador, isto é, a História perdeu algum do seu rigor 
científico. 
 
A Historiografia africana DECIMO GRUPO 
A historiografia africana é a história da história de África; a maneira como a história africana é escrita e 
interpretada ao longo dos tempos. Ela visa analisar e avaliar as várias fases pelas quais passou ainvestigação, o ensino e as formas de abordagem da história de África. 
9.1. Evolução da Historiografia africana 
9.1.1. Antiguidade 
Entre as civilizações Antiguidade Oriental, desenvolveu-se em África a civilização egípcia. Os egípcios 
desenvolveram nessa época a escrita hieroglífica, que serviu para fixar o legado religioso que até então 
era transmitido oralmente (cosmogonias e mitografias). 
9.1.2. A Idade Média 
Neste período, os escritores e viajantes escreveram pouco sobre África. Somente há registos sobre o norte 
de África que teve contacto com comerciantes fenícios, gregos e romanos. 
Noutras regiões do continente também se fizeram registos escritos sobre os africanos, feitos por escritores 
árabes, como: Al-Masudi; Al-Bakri; Al-Idrisi; Al-Umari; Ibn-Batuta e Hassan Ibn Muhamad Al-
Hassan (Leão de África). 
9.1.3. Do século XV até à actualidade 
A partir do século XV, o continente africano, teve contactos com todo o mundo, especialmente com os 
europeus, no contexto da Expansão europeia e com o envio no séc. XIX, de expedições missionárias, 
cientificas e militares que escreveram sobre África em quase todas áreas científicas, com especial 
destaque para a Geografia e exploração de recursos naturais. 
Devido aos problemas coloniais, a África não foi considerada um espaço único e total, dai que até hoje é 
frequente dizer-se «África branca» -África do Norte ou Magreb, e «África Negra» - Sul do Sahara. Esta 
situação justifica o facto de aparecer uma história regionalizada: 
 História de África Magrebina; História de África Ocidental; Central e Oriental e África 
Meridional. 
20 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Principais historiadores africanos desta época 
 Samuel Johson (Serra Leoa): A história dos Yorubas; 
 Carl Christopher (Gana): A história da Costa de Ouro e de Ashant; 
 Joseph Ki-Zerbo (Burkina-Faso): A História de África Negra. 
Outros historiadores: Albert Adu Boahen; Bethwell Ogot; Teófilo Obenga; Elika Mibokolo; John 
Donald Fage; Ronald; Oliver Terence Ranger; Philip Curtin, Basil Davidson e Walter Rodney. 
Principais correntes da Historiografia africana 
Corrente eurocentrista 
É uma corrente marcadamente racista, pois defende a superioridade da raça branca sobre a negra. Sustenta 
que os africanos não tinham história antes de estabelecerem contactos com os europeus. Afirma que 
África não é uma parte histórica do mundo. 
Nega assim, a possibilidade de os africanos terem contribuído para o desenvolvimento da História 
Universal. O Eurocentrismo defende que somente com as fontes escritas é que se faz a história. O 
principal defensor desta corrente foi Hegel. 
Corrente afrocêntrica 
Surge em reacção à corrente eurocêntrica. Critica radicalmente a colonização, afirmando que influenciou 
negativamente a evolução histórica africana. É uma corrente que valoriza excessivamente as realizações 
africanas. Recusa influência que os outros povos exerceram sobre a história de África. Para eles, a 
história é o que graças ao esforço exclusivo dos africanos, sem concorrência de nenhum factor externo. 
Corrente progressista 
É uma corrente que reconhece o valor das fontes escritas, mas recusa aceitar que a história seja feita 
apenas com base em documentos escritos, negando assim, ao eurocentrismo. Contrariamente ao 
eurocentrismo e ao afrocentrismo, o progressismo não espelha complexo de superioridade nem de 
inferioridade. Reivindica Uma investigação histórica séria e não discriminatória tendo como chave a 
combinação de várias base metodologias e fontes. Esta corrente depende a importância das fontes orais 
para todo o conhecimento – tudo o que é escrito é antes pensando e falado. O progressismo expandiu-se a 
partir de meados do século XIX com historiadores como: Albert Adu Boahen, Joseph Ki-Zerbo, Teólifo 
Obenga, e Roland Oliver. 
 
Noções sobre a Metodologia e Epistemologia ou Gnosiologia da História DECIMO PRIMEIRO 
GRUPO 
Metodologia – é a lógica que estuda os métodos das ciências. 
21 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Epistemologia ou Gnosiologia – é a teoria do conhecimento, visando determinar ou explicar a origem 
lógica de um conhecimento científico, o seu valor e objectivo. O conhecimento histórico é o produto da 
interacção de duas entidades: o objecto e o sujeito. 
O Objecto do conhecimento – é a entidade ou algo a ser estudado e sobre qual se produz o 
conhecimento. No estudo da História, essa entidade é o Homem (as suas realizações) no tempo e no 
espaço. 
O Sujeito do conhecimento – é o sujeito que conhece ou estuda o objecto, com o qual interage 
indirectamente, por intermédio de marcas, vestígios e restos (fontes). É este sujeito (o historiador) 
que produz o conhecimento, este, tem duas dimensões, a sabe: 
 O Sujeito da História – é aquele que foi alvo de atenção durante várias épocas da evolução 
historiográfica. Assim, evoluiu de Deus - na Antiguidade Oriental, para os Grandes Homens ou 
figuras míticas – na Antiguidade Clássica ou greco-romana; até ao Homem na sua generalidade 
(as massas) – na História Nova. 
 O Sujeito do conhecimento – na produção do conhecimento, a interacção entre o sujeito e o 
objecto deve seguir regras e princípios designados por métodos. Assim, cada ciência tem métodos 
específicos. 
A relação entre o sujeito do conhecimento e o objecto no estudo da História 
 Interacção 
 Lógica 
 Metodologia 
 O Objecto da História DECIMO SEGUNDO GRUPO 
A História de modo geral é a narração, cientificamente ordenada, dos acontecimentos do passado, nos 
quais os homens foram os actores dominantes, nas suas relações com a sociedade e i meio geográfico, nas 
suas descobertas e invenções, nas suas crenças, modos de vida, conquistas materiais e espirituais. 
2. As fontes da História 
Para que possamos relatar os acontecimentos do passado torna-se necessário que eles tenham deixado 
vestígios que nos permitam conhecê-los e datá-los. Estes vestígios denominam-se documentos ou fontes 
históricas; que são os vários vestígios ou materiais deixados pelos homens, e que o historiador utiliza para 
reconstruir o passado histórico. 
2.1. Classificação ou tipologia das fontes da História 
Sujeito do conhecimento Objecto do conhecimento Modos de proceder (método) 
22 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
As fontes históricas geralmente podem apresentar-se em três grupos: tradicionais, monumentais e escritas. 
2.1.1. Fontes Materiais ou Monumentais – são vestígios que sobraram do passado e que podem 
contribuir para o conhecimento histórico. 
Ex: estátuas, edifícios, armas, utensílios domésticos, restos humanos (ossadas, esqueletos, múmias), e.t.c. 
2.1.2. Fontes tradicionais ou orais – são narrativas transmitidas oralmente de geração em geração. 
Ex: lendas, canções populares, crenças, usos e costumes, e.t.c. 
2.1.3. Fontes escritas – são todos documentos escritos. Ex: livros, cartas, papeis, jornais, escrituras, 
inscrições. 
As fontes escritas podem ser classificadas de acordo com material usado na sua inscrição (papiro, bronze,pedra ou pergaminho) ou de acordo com o conteúdo do texto (fontes epigráficas, diplomáticas, 
arquivísticas, narrativas ou literárias). 
2.1.3.1. Fontes Epigráficas – são aquelas que se encontram gravadas em materiais duros como pedra; 
bronze; cerâmica; e constam normalmente de textos curtos com fins comemorativos, funerários, e.tc. 
Ex1: placas de inauguração de um edifício, estátuas, praças, e.t.c. 
Ex2: placas funerárias (onde vêm os dados do falecido). 
2.1.3.1. Fontes Arquivísticas – são aquelas que constam os documentos de carácter oficial (tratados, 
diplomas), ou jurídico (escrituras notarias, actos de assembleias, sentenças, inventários, registos 
paroquiais). 
2.1.3.2. Fontes Narrativas ou Literárias – compreendem a narrativas históricas (ex: os anais e as 
crónicas), narrativas literárias (ex: romances, novelas, contos, e.t.c.). Estas fontes subdividem-se de 
acordo com os materiais usados, com as técnicas adoptadas (impressos e manuscritos) e com o 
conteúdo (obras históricas, obras literárias). 
3. Os métodos da História DECIMO TERCEIRO GRUPO 
Método – é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado. É a maneira/modo pelo qual o sujeito 
(historiador) se relaciona ou trabalha as fontes, para através delas retirar os dados que precisa do passado. 
Os métodos da história se resumem num só método – crítica histórica. 
Crítica Histórica ou Método Crítico – é a análise efectuada pelos historiadores às fontes históricas para 
apurar a sua autenticidade e veracidade, de modo que as possa utilizar como objecto da investigação. Este 
método compreende duas operações principais: Análise e a Síntese. 
3.1. Análise histórica – é averiguação do desconhecido, incorporado no que já é conhecido. Compreende 
a quatro momentos ou fases: heurística, crítica externa, crítica interna e hermenêutica. 
3.1.1. Heurística - é a operação de recolha e exploração das fontes históricas de todo tipo. A 
documentação histórica é praticamente infinita, e por isso, a actividade da heurística revela-se como uma 
operação fundamental da História, isto é, a operação da pesquisa. 
23 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 3.1.2. Crítica Externa ou da Autenticidade – é a operação que tem a função de verificar os aspectos 
materiais e formais do texto. Subdivide-se em: 
3.1.2.1. Crítica de proveniência – tenta responder as seguintes questões: quem, quando, como e as vias 
que o documento percorreu. 
3.1.2.2. Crítica de restituição – consiste na restituição do documento à sua forma original. 
3.2. Crítica Interna ou de Credibilidade – é a operação que avalia o grau de confiança que os 
documentos apresentam. Esta operação se materializa através da: 
3.2.1. Crítica de interpretação literária do texto – é uma crítica que pretende averiguar o sentido do 
pensamento do autor, não aquilo que ele expressa, mas aquilo que ele pretendia dizer. 
3.2.2. Crítica da competência – tem a função de averiguar o grau de conhecimento que o autor tem sobre 
o assunto ou se trata de: 
 Um testemunho directo que contem a versão pessoal do facto; 
 Um compilador que constituiu a sua versão do facto através de outras fontes. 
3.2.1. Crítica da intencionalidade ou sinceridade – averigua o grau de isenção do autor. 
3.2.2. Crítica de exactidão – averigua o grau de exactidão ou rigor do documento. 
3.2.3. Crítica comparativa – avalia o grau de credibilidade de um testemunho mediante a comparação 
da informação de outros testemunhos. 
3.3. Hermenêutica – é a operação que consiste na interpretação dos documentos em termos de saber-se 
em que medida é que a informação fornecida corresponde ou não verdade. 
3.4. Síntese – é a operação que consiste em colocar a peça resultante da investigação que lhe cabe no 
quadro geral da história, isto é, se a peça for um evento coloca-se na respectiva conjuntura. Esta 
integração é resultado da pesquisa histórica. 
As várias correntes sobre a relação sujeito-objecto na produção do conhecimento 14º grupo 
O problema fundamental que se coloca a cerca do conhecimento consiste em saber qual é a origem do 
conhecimento, se tem uma origem exterior ou interior relativamente ao sujeito. Se o conhecimento 
procede apenas do mundo exterior, através da experiência ou se é através da razão ou então tem origem 
no sujeito sob forma de ideias inatas. A estas questões, respondem os Empiristas, Racionalistas e 
Idealistas. 
 A Corrente Empirista – para os empiristas, nada existe no intelecto que não tenha antes passado 
pelos sentidos (experiência). Para esta corrente, ao nascer a criança é como uma "tábua rasa" (onde nada 
esta escrito), pelo qual a experiência vai se desenhar. 
 A Corrente Racionalista - os racionalistas defendem que o conhecimento resulta de uma 
interacção entre o sujeito e o objecto. Enquanto o objecto fornece os dados sob forma de sensações, cabe a 
razão o papel de interpretar tais dados. 
24 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
 A Corrente Idealista – para os idealistas, o sujeito constitui uma fonte de conhecimento. Segundo 
Platão a criança, ao nascer traz consigo uma larga bagagem de ideias e, para Descartes, a criança já vem 
ao mundo com ideias (ideias inatas). 
N.B: Hoje é um dado quase certo, que o conhecimento aparece como acto imanente pelo qual a 
consciência, abrindo ao mundo circundante, o torna intencionalmente presente em si mesma. Isto quer 
dizer que o sujeito interage com o objecto (o mundo circundante). 
Assim, todo o conhecimento se traduz numa relação entre o sujeito e o objecto. Uma relação necessária: 
não há conhecimento sem um sujeito que conhece ou sem um objecto conhecido. Uma relação 
irreversível: a função do sujeito consiste em apreender o objecto, acolhê-lo, torná-lo presente; e a do 
objecto é deixar-se apreender, em especificar o conhecimento, dando-lhe conteúdo. 
A Relatividade do conhecimento Histórico: 
A questão da verdade histórica: uma verdade histórica absoluta ou relativa? Objectiva ou 
subjectiva? 
Como qualquer outra forma de conhecimento, o conhecimento histórico é um produto da relação sujeito-
objecto. O sujeito começa por ter em relação ao objecto uma percepção global, a partir da qual, através de 
sucessivas análises vai aumentando o seu conhecimento a cerca do mesmo objecto. Dai que a verdade 
histórica não é absoluta mas sim relativa. 
É relativa - porque sobre o mesmo conhecimento histórico pode haver vários pensamentos, dependendo 
da fonte do conhecimento de cada historiador. Assim, o conhecimento é um processo inacabado. 
É objectivo-subjectivo – pois o historiador relata o que aconteceu objectivamente ou claramente mas no 
meio deste relato introduz alguns conhecimentos subjectivos. Ex: a guerra para alguns pode ser justa e 
para outros injusta. 
Em suma, o conhecimento histórico torna-se de uma objectividade específica e é carregado de uma 
subjectividade decorrente do reflexo do discurso histórico de natureza humana do sujeito. A verdade 
histórica nunca é absoluta mas sim é sempre relativa. 
FIM DO PRIMEIRO TRIMESTRE 
 
CAPITULO II: INVASÃO, PARTILHA E OCUPAÇÃO DE ÁFRICA 
2.1. África entre os séculos XV – XIX 
 2.1.1. A África entre os séculos XV- XIX 
No séc. XV, com a chegada dos europeus, as sociedades africanas possuíam uma dinâmica política, 
económica e sociocultural distinta, que é resultado das suas vivências e contactos com outros povos (ex: 
árabes e persas). 
25 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio LourençoCom a presença europeia em África entre os séculos XV – XIX alterou-se a dinâmica das sociedades 
locais, sobretudo as localizadas ao longo da costa. Assim, as sociedades africanas neste período, são 
resultado da confluência de três elementos: as tradições locais – baseadas na existência de linhagens 
dominantes e dominadas; a influência dos povos árabes e, a influência da cultura ocidental – 
europeia, que trouxe com ela o cristianismo. 
A estrutura-base das sociedades africanas nesse período sobretudo no interior estava assente nas tradições 
locais. O islamismo estava enraizado na África do Norte, expandindo-se para o Oriente (originando a 
cultura swahili). A influência europeia manifestou-se na assimilação, por parte de alguns africanos da 
educação ocidental. 
Ao nível político, existiram em África neste período, vários estados em forma de Reinos e Impérios - ex: 
Mwenemutapa, Gaza e Ndembele – na África Austral; Congo, Mali, Ghana e Songhay – na África central 
e ocidental. Ao lado destes estados existiam as chamadas «sociedades sem estados» (clãs, tribos, grupos 
étnicos, e.t.c.), que construíam povos unidos pela tradição e língua comuns – shonas, Yorubas e swahils. 
Características gerais do colonialismo em África 
O conhecimento de África pelos europeus, data do séc. XV, durante a 1ª expansão europeia, mas as 
grandes conquistas realizaram-se a partir dos finais do séc. XIX e até os anos de 1920, quando se deram os 
últimos focos de resistências africanas. A montagem do sistema de dominação colonial em África é 
consequência directa do fracasso destas resistências. 
Nos primeiros anos da colonização, os europeus ainda não tinham montado os sistemas de administração 
que permitissem a recolha de impostos, razão pela qual, as potências deveriam suportar integralmente as 
despesas. Ora, para tal, deviam ter um nível de desenvolvimento económico saudável e contar com 
investidores privados, que ainda não estavam muito atraídos pela África. Por esse motivo, a maioria dos 
governantes das colónias africanas devia ter no seu currículo experiência na área militar. 
A periodização da colonização europeia 
Período Características 
1º - Conquista e 
ocupação efectiva 
(ou «período de 
pacificação») 
1880 - 1900 É o período da conquista por via militar ou diplomática. 
Houve muitas disputas entre as potências colonizadoras, 
pela posse das melhores colónias, tendo levado à C. Berlim. 
2º - Implantação do 
sistema colonial 
1900 – 1919 É o período da ocupação efectiva, no qual foram 
demarcadas as fronteiras africanas, impulsionado pelas 
decisões de Berlim. 
3º - Intensificação e 
crise do regime 
colonial 
1935 – 
1960/70 
Caracterizado pela intensificação da repressão e outras 
formas de exploração, por um lado, e por outro, pela 
consolidação dos movimentos nacionalistas e pela obtenção 
das independências africanas. 
 Conceitos 
26 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Colonialismo – Domínio político, económico, social e cultural de um Estado sobre territórios não 
independentes (colónias). 
Colonização – processo de dominação política, sociocultural e económico de um Estado por um outro. 
Exercícios 
1. Para Pitágoras (filósofo grego do séc. V a.c.) a mesma água pode ser fria para uns e morna para outros. 
Comente a afirmação sublinhada, tendo em conta a verdade histórica. 
2. Porque é que o conhecimento histórico nunca é inacabado? 
3. Defina a objectividade em História. 
4. Na interação sujeito - objecto para a produção do conhecimento, explique os seguintes termos: relação 
necessária e relação irreversível. 
5. Defina fonte da História. 
6. Explique a importância do uso das fontes arqueológicas no estudo da História. 
7. Faça a classificação das fontes escritas de acordo com o conteúdo do texto e material. 
8. Explique o processo de evolução do objecto da História, referindo-se aos aspectos tidos como objecto 
da história. (Antiguidade Oriental, Clássica, Medieval, séc. XIX: Positivismo, Historicismo e 
Materialismo; séc. XX: Escola dos Annales) 
9. Estabeleça a relação entre a História e as seguintes ciências sociais: Economia, Epigrafia, Paleografia, 
Geografia, Arqueologia e Antropologia. 
A invasão do continente africano 
A invasão de África pelas potências imperialistas teve lugar nos finais do século XIX. Alguns autores 
propõem o ano de 1870 como o início, porque nessa altura os principais países capitalistas viram-se 
mergulhados na 1ª grande crise financeira à escala mundial, encarando-se a expansão imperialistas como 
solução para a mesma crise. 
O ano de 1880 foi consensual para o início da invasão de África – é neste ano que se vai assistir a uma 
ocupação sistemática do continente. Segundo Mazrui (2010:28) 
 “Na história da África jamais se sucederam tantas e tão rápidas mudanças como durante o período entre 1880 e 1935. 
Na verdade, as mudanças mais importantes, mais espectaculares – e também mais trágicas –, ocorreram num lapso de 
tempo bem mais curto, de 1880 a 1910, marcado pela conquista e ocupação de quase todo o continente africano pelas 
potências imperialistas e, depois, pela instauração do sistema colonial. 
O desenvolvimento desse fenómeno foi verdadeiramente espantoso, pois até 1880 apenas algumas áreas 
bastante restritas da África estavam sob a dominação directa de europeus. Em toda a África ocidental, essa 
dominação limitava-se as zonas costeiras e ilhas do Senegal, a cidade de Freetown e seus arredores (que 
hoje fazem parte de Serra Leoa), as regiões meridionais da Costa do Ouro (actual Gana), ao litoral de 
Abidjan, na Costa do Marfim, e de Porto Novo, no Daomé (actual Benin), e a ilha de Lagos (actual a 
27 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Nigéria). Na África setentrional, em 1880, os franceses tinham colonizado apenas a Argélia. Da África 
oriental, nem um só palmo de terra havia tombado nas mãos das potências europeias, enquanto, na África 
central, o poder exercido pelos portugueses restringia-se a algumas faixas costeiras de Moçambique e 
Angola. Só na África meridional é que a dominação estrangeira se achava firmemente implantada, 
estendendo-se largamente pelo interior da região (ver figura 1.1). 
 
 
 Figura 1.1: A África em 1880, em vésperas da partilha e da conquista. 
28 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Até 1880, em cerca de 80% do seu território, a África era governada por seus próprios reis, rainhas, chefes 
de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades políticas de porte e natureza 
variados. No entanto, nos trinta anos seguintes, assiste-se a uma transmutação extraordinária, para não 
dizer radical, dessa situação. 
 Em 1914, com a única excepção da Etiópia e da Libéria, a África inteira vê-se submetida a dominação de 
potências europeias e dividida em colónias de dimensões diversas, mas de modo geral, muito mais 
extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com 
elas. Nessa época, alias, a África não e assaltada apenas na sua soberania e na sua independência, mas 
também em seus valores culturais. 
2.2. Teorias sobre a invasão de África 
Para explicar as razões que levaram os europeus a ocupar a África, segundo Uzoiguwe (1991), existem 
várias teorias, a saber: 
2.2.1. Teorias Económicas 
Do ponto de vista económico, a invasão deÁfrica é justificada pelas profundas transformações que 
ocorreram no sistema capitalista devido à crise de 1870 e que ditaram a transição do capitalismo de livre-
concorrência (laisser-faire) ao capitalismo monopolista ou financeiro. 
O novo capitalismo – o Imperialismo possuía necessidades novas: novos mercados para exportar o seu 
capital financeiro; novas fontes de matéria – prima para abastecer as indústrias e novos mercados para 
colocar os seus produtos manufacturados. 
As teorias económicas podem explicar a necessidade da expansão imperialista dos países europeus como 
uma forma de evitar o colapso do sistema capitalista. 
N.B: Estas teorias, por si só não explicam cabalmente a partilha de África, visto que as principais 
potências para recuperarem da crise, procuraram investir noutras partes do mundo. 
2.2.2. Teorias Psicológicas 
Estas teorias procuram demonstrar a supremacia da «raça branca» como a causa da partilha e colonização 
de África. Classificam-se em: 
2.2.2.1. Darwinismo Social 
«As espécies que melhor se adaptarem às transformações ambientais sobrevivem e as que menos se 
adaptar desaparecem pelo processo de selecção natural.» (Charles Darwin - 1859) 
Alguns estudiosos como George Hegel, usaram a teoria Darwinista para justificar a superioridade da 
«raça branca». Assim, a conquista do povo africano seria justificada por estes constituírem «raças 
inferiores» ou «raças não evoluídas», devendo ser dominadas pela «raça superior - branca» devido ao 
processo inevitável de «selecção natural.» 
2.2.2.2. Cristianismo evangélico 
29 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
“Todo aquele que invocar o nome de Deus será salvo” (Romanos; 10:13) Esta teoria foi defendida 
principalmente por missionários, na qual afirmavam ser seu dever moral espalhar o cristianismo e a 
civilização ocidental ao africano, e havia necessidade de «salvar as almas» do povo africano. 
O humanismo e filantropismo dos missionários europeus eram, muitas vezes, acompanhados de interesses 
económicos para os seus países de origem. Estes, quando davam seus relatórios, não apresentavam apenas 
o número de fies convertidos, mas também as potencialidades económicas das zonas visitadas. 
2.2.2.3. Atavismo social 
 Explica a partilha de África em termos sociológicos e não económicos. Segundo Schumpeter (seu 
principal defensor), o Homem tem um desejo natural de dominar o próximo, pelo simples prazer de 
dominá-lo. Assim, as potências europeias ocuparam o continente africano pelo simples desejo de dominar 
as nações «fracas», demonstrando o seu poder. 
2.2.3. Teorias diplomáticas 
São teorias que defendem argumentos políticos para justificar a partilha de África, classificam-se em: 
2.2.3.1. Prestígio nacional 
 O seu principal defensor foi Calton Hayes, que defende que o imperialismo foi um fenómeno 
nacionalista, para ele, os adeptos nacionalistas tinham uma sede de prestígio e pretendiam manter ou 
restaurar a grandeza das suas nações. 
2.2.3.2. Equilíbrio de forças 
Foram defensores Langer e F. H. Hinsley, este último afirma que a causa principal da partilha de África 
foi o desejo de paz e estabilidade dos Estados europeus. 
2.2.3.3. Estratégia global 
Defende que a invasão e partilha de África foram motivadas por uma estratégia global e não pela 
economia. Ronald Robinson e John Gallagher são os principais defensores desta teoria, afirmam que 
África foi ocupada não porque tivesse riquezas materiais a oferecer aos europeus, mas porque ameaçava 
os interesses destes, visto que os movimentos de reacção à presença europeia que já começavam a surgir 
em África punham em causa interesses estratégicos globais das nações europeias. 
N.B: As teorias diplomáticas e psicológicas procuram acabar com a ideia de que a partilha de África se 
deu apenas por razoes económicas. Elas ajudam-nos também a compreender a rapidez com que o 
continente foi dominado politicamente. 
2.2.4. Teoria da dimensão africana 
Para esta teoria, a partilha de África foi consequência de acções progressivas do continente. As 
resistências constantes dos africanos aos europeus e as rivalidades comerciais precipitaram a conquista. 
30 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
Para J.S.Keltie defensor desta teoria: foram as razões económicas que fizeram chegar os europeus a África 
nos finais do século XIX. 
N.B; Só a conjugação de factores europeus e africanos se pode compreender e complementar as teorias 
eurocêntricas e a de dimensão africana. 
Nacionalismo europeu - foi o sentimento de amor à pátria (nação) que se viveu na Europa a partir dos 
finais do séc. XIX e que se caracterizava pelo proteccionismo na economia, xenofobia e até racismo em 
termos sociais e o imperialismo em termos políticos. 
2.2.5. As viagens exploratórias 
A partir do séc. XIX, graças aos avanços técnicos – científicos (progressos médicos, ciências sociais, 
navegação, …); os europeus iniciaram uma vaga de «descobrimentos» pelo interior de África, que ficou 
designado por viagens exploratórias. As viagens tinham como objectivos: dar a conhecer ao mundo 
europeu, e não só, as potencialidades de África. 
Nestas viagens, os objectos geográficos (principais rios e lagos) desempenharam um papel preponderante, 
pelas seguintes razões: 
 Os principais rios constituíam vias de acesso ao interior, onde se encontravam as fontes produtoras 
de ouro, marfim, goma, madeira, entre ouros; 
 Os rios constituíam ainda a principal via de transporte de produtos de e para as cidade do interior; 
 Os grandes lagos africanos constituem, até aos nossos dias, reservas de minerais valiosos que 
atiçavam a cobiça de muitos caçadores de tesouros. 
De salientar, que os objectos geográficos também atraíram os exploradores por razões meramente 
científicos e filantrópicos, curiosidade e espírito de aventura. Foi por esta razão que os patrocinadores 
destas viagens foram as sociedades geográficas, tais como: 
 Sociedade Real de Geografia (1856); e Associação de Geografia de Lisboa (1775), bem como 
as associações coloniais: Associação Africana (1778) e a Associação Internacional do Congo 
(1876). 
N.B: Segundo Ki-Zerbo, os principais exploradores de África, foram os Mercadores, Missionários e 
Militares. 
2.2.5.1. Principais exploradores 
2.2.5.1.1. David Livingstone 
Missionário e médico, chegou à África do Sul em 1841. Avançou para o interior, atravessando o deserto 
de Calahar, «descobriu» o lago Ngami, passou pelo rio Zambeze, chegou a Luanda, por volta de 1854. 
Em 1856, chegou ao oceano Indico, pelo rio Zambeze, e a Quelimane, na costa Moçambique. Livingstone 
31 
 
Texto de apoio da Disciplina de Historia 11ª Classe/ 
Elaborado por: Msc Justino Xavier Júnior e dr. Mário Horácio Lourenço 
 
foi o 1º europeu a atravessar o continente africano da costa atlântica à costa indica, o que lhe conferiu o 
estatuto de herói nacional na Inglaterra. 
Livingstone sempre condenou a escravatura e defendeu que a colonização de África era o único 
«remédio» para o fim da barbaridade. A sua generosidade e o carácter humanista fizeram com que os 
africanos organizassem um funeral digno de um herói em 1875. 
2.2.3.1.2. Henri Stanley 
Henri Morton Stanley foi praticante de caça desportiva e, de negócios. Era um homem brutal e sem 
escrúpulos. Em 1875, deu a volta de barco ao longo do lago Vitória; passou pelo Tanganhica. Ao alcançar 
o oceano Atlântico, verificou que o Luabala era o rio Congo, descobrindo

Continue navegando