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Psicologia das Multidões Choque Montado Psicologia e Comportamento Equino Objetivo Apresentar ao policial conceitos teóricos relativos ao comportamento humano na coletividade, contribuindo para ações em Operações de Choque Montado . “Se eu tivesse oito horas para derrubar uma árvore, passaria seis afiando meu machado.” Abraham Lincoln Psicologia das Multidões Multidão 1. Grande número de pessoas ou coisas. 2. O povo. Massa 6. Número considerável de pessoas que mantem entre si coesão de caráter social, cultural, etc. 7. Turba, multidão. Aurélio, 6ª edição, 2004. Século XX William MacDougall Sigmund Freud; Émile Durkheim; Gabriel Tarde; Gustave Le Bon. Willian MacDougall, (1920, p. 2) “Concebo a Psicologia dos Grupos como sendo apenas uma parte, embora bem extensa, do campo total da Psicologia Social; pois, enquanto a primeira lida com a vida dos grupos, a última descreve e explica a influência do grupo no desenvolvimento e nas atividades do indivíduo.” Sigmund Freud (2011, p. 47) “ O indivíduo é colocado sob condições que lhe permitem arrojar de si as repressões de seus impulsos instintuais inconscientes. As características aparentemente novas que então apresenta são na realidade as manifestações desse inconsciente, no qual tudo o que é mau na mente humana está contido como uma predisposição. Não há dificuldade alguma em compreender o desaparecimento da consciência ou do senso de responsabilidade, nessas circunstâncias. Há muito tempo é asserção nossa que a ‘ansiedade social’ constitui a essência do que é chamado de consciência.” Émile Durkheim (1974, p. 40) “Se pode-se dizer, à certos propósitos, que as representações coletivas são exteriores às consciências individuais, é que elas não derivam dos indivíduos tomados isoladamente, mas de sua participação; o que é bem diferente. Sem dúvida, na elaboração do resultado comum, cada um traz a sua quota, mas os sentimentos privados só se tornam sociais ao se combinar sob a ação de forças sui generis que desenvolve a associação; como resultado dessas combinações e das alterações mútuas que dela resultam, eles tornam-se outra coisa.” Gabriel Tarde (2004, p. 6) “A multidão apresenta algo de animal. Não é ela um feixe de contágios psíquicos essencialmente produzidos por contatos físicos? Mas nem todas as comunicações de espírito a espírito, de alma a alma, têm por condição necessária a aproximação de corpos [...] Qual é, pois, o vínculo que existe entre eles? Esse vínculo é a simultaneidade de sua convicção ou de sua paixão, a consciência que cada um deles possui que essa ideia ou essa vontade é partilhada no mesmo momento por um grande número de homens.” Gustave Le Bon (2008, p. 24) “O conhecimento da psicologia das multidões constitui o recurso do homem de Estado que quer, não as governar - isso se tornou hoje muito difícil - mas ao menos não ser excessivamente governado por elas”. “ A psicologia das multidões mostra até que ponto as leias e as instituições exercem pouca influência sobre a natureza impulsiva e quanto são incapazes de ter quaisquer opiniões além as que são sugeridas”. Em sentido comum, a palavra multidão representa uma reunião de indivíduos quaisquer, independente de sua nacionalidade, sua profissão, ou seu sexo, independente também dos acasos que o aproximam. Do ponto de vista psicológico, a expressão multidão adquire um significado totalmente diverso. Em certas circunstâncias específicas, e somente nessas circunstâncias, uma aglomeração de homens possui características novas, muito diferentes daquelas de cada indivíduo que a compõe. Lei da unidade mental das multidões Para adquirir características específicas, é preciso a influência de certos estímulos: • Anonimato, e consequentemente, irresponsabilidade; • Contágio mental; • Sugestionabilidade. Sentimentos e Moralidade • Características observáveis nas multidões: • Impulsividade, instabilidade e irritabilidade; • Sugestionabilidade e credulidade; • Exagero e simplismo dos sentimentos; • Intolerância, autoritarismo e conservadorismo. Crenças e Opiniões das Multidões Le Bon afirma que fatores longínquos e imediatos determinam as crenças e opiniões das multidões. Os fatores longínquos tornam as multidões capazes de adotar convicções e inaptas para aceitar outras. Os fatores imediatos somam-se aos longínquos e provocam a persuasão ativa das multidões, dando forma às ideias e desencadeando consequências. Fatores Longínquos • Raça; • Tradições; • Tempo; • Instituições políticas e sociais; • Instrução e educação. Fatores Imediatos • Imagens, palavras e formas; • Ilusões; • Experiência; • Razão. O Papel dos Líderes Geralmente, o condutor foi anteriormente um conduzido, hipnotizado pela ideia da qual se tornou apóstolo. Em geral, não são homens de pensamento, mas de ação; a multidão sempre escuta o homem que demonstra grande força de vontade, pois os indivíduos assim reunidos perdem a vontade individual e se voltam para quem a possui. Líderes perseguem seus interesses e são subjugados por uma crença (social, religiosa ou política) que intencionam propagar. O Papel dos Líderes • “Atualmente, os líderes tendem progressivamente a substituir os poderes públicos na medida em que estes se deixam contestar e enfraquecer (p. 114)”. • Dois tipos de líderes: homens enérgicos, de vontade forte, mas momentânea (não sobrevive ao estímulo que o fez surgir), e homens de vontade forte e duradoura (são raros, exercem influência mais considerável, mas de forma menos brilhante). Meios de Ação dos Líderes • Para guiar uma multidão, é preciso agir por meio de sugestões rápidas, sendo a mais enérgica o exemplo. • Os três principais métodos para influenciar as multidões são: a afirmação, a repetição e o contágio. Afirmação • A afirmação, pura e simples, livre de todo raciocínio e de toda prova, constitui um meio garantido de fazer uma ideia penetrar no espírito das multidões. Quanto mais concisa, desprovida de provas e de demonstração for a afirmação, mais autoridade ela terá (p. 117). • A afirmação está ligada diretamente à convicção na qual é transmitida, fornecendo uma resposta simples e elementar, necessária para satisfazer as interrogações dos indivíduos. Deve que ser acessível a todo indivíduo, e ir de encontro às questões que se colocam à generalidade. Dispensa e substitui a demonstração, não deixando margens para dúvidas. Repetição • A afirmação adquire real influência se for constantemente repetida, e o máximo possível nos mesmos termos. A repetição acaba por se instalar no inconsciente onde as motivações são elaboradas (p. 117). • A repetição é a generalização de uma ideia para que os indivíduos a interiorizem, tornando possível que todos a tomem como algo comum e sem resistências por estar no nível inconsciente, tornando-se uma verdade. Contágio • O contágio não exige a presença simultânea de indivíduos em um mesmo ponto; pode-se dar à distância sob a influência de certos acontecimentos que orientam os espíritos num mesmo sentido, e lhes conferem as características específicas das multidões, sobretudo quando já estão preparados pelos fatores longínquos (p. 118) • É uma transmissão sucessiva de indivíduo para indivíduo das ideias e concepções que se pretende implantar. É tão importante que até os sentimentos pessoais desaparecem sob sua ação. Imitação e Prestígio • A imitação não passa de um efeito do contágio. É uma regra inconsciente seguida por todos os indivíduos, que, independente da classe social, são influenciados por esse fenômeno social. • O prestígio é uma força misteriosa que se deve a sentimentos de admiração e medo, exercendo dominação. Pode ser pessoal ou adquirido. Classificação das Multidões Le Bon classifica as multidões de acordo comcaracterísticas particulares, que são superpostas às características gerais, de acordo com as diversas categorias de coletividade (p. 146). • Multidões heterogêneas: Anônimas (multidões de rua); Não anônimas (júris, assembleias parlamentares); • Multidões homogêneas: Seitas (políticas ou religiosas); Castas (militares, operários, sacerdotes); Classes (camponeses, burgueses). Multidão heterogênea • Compõem-se de indivíduos quaisquer, seja qual for sua profissão ou inteligência. • De acordo com Le Bon, a raça permite distinguir claramente as diversas multidões heterogêneas: A alma da raça domina a alma da multidão, pois quanto mais forte for a alma da raça, menos acentuadas serão as características das multidões. Multidões Homogêneas • A seita indica o primeiro grau das multidões homogêneas, sendo a casta o mais elevado nível de organização. • A classe compõe-se de indivíduos de diversas origens, reunidos por interesses, hábitos de vida e educação semelhantes. As Multidões ditas criminosas • Após um certo período de excitação, as multidões caem num estado de simples autômatos inconscientes conduzidos por sugestões, e por isso parece difícil qualificá-las em qualquer caso como criminosas. Certos atos das multidões são criminosos em si mesmos. • Os crimes das multidões geralmente decorrem de uma poderosa sugestão, e os indivíduos que deles tomam parte convencem-se em seguida de ter cumprido um dever. • As características gerais das multidões ditas criminosas são exatamente aquelas de todas as outras multidões. Controle de Multidões e Segurança Pública. • Uso progressivo da Força e técnicas e tecnologias menos letais de atuação; • Gerenciamento de Crises. Direitos Humanos O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos os membros da comunidade em direitos e deveres. Sua condição de cidadania é, portanto, condição primeira, tornando-se bizarra qualquer reflexão fundada sobre suposta dualidade ou antagonismo entre uma “sociedade civil” e outra “sociedade policial”. Essa afirmação é plenamente válida mesmo quando se trata da Polícia Militar, que é um serviço público realizado na perspectiva de uma sociedade única, da qual todos os segmentos estatais são derivados. Portanto não há, igualmente, uma “sociedade civil” e outra “sociedade militar”. “O policial, pela natural autoridade moral que porta, tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social e qualificando-se como um personagem central da democracia.” (BALESTRERI, 1988). Referências • Balestreri, R. Direitos Humanos: Coisa de Polícia. Passo fundo-RS, CAPEC, Paster Editora, 1998 . • Durkheim, E. (1974). Représentations individuelles et represéntations collectives. In: Sociologie et philosophie (p. 38-90), 4° ed. Paris: PUF. (Trabalho originalmente publicado em 1898). • Freud, S. Psicologia da Massas e a Análise do Eu e Outros Textos. Companhia das Letras, São Paulo, 2011. • Le Bon, G. Psicologia das Multidões. Martins Fontes, São Paulo, 2008. • MacDougall, W. (1920). The Group Mind. Cambridge: sity Press. • Mini Aurélio. 6ª Edição Revisada e Atualizada. Curitiba, 2004. • Tarde, G. A Opinião e as Massas. Martins Fontes, 2005, São Paulo. RESILIÊNCIA • substantivo feminino • 1. fís propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. • 2. fig. capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças. • Cair sete vezes, levantar oito. Psicologia das Multidões Choque Montado Alberto Pereira da Silva betopk7@yahoo.com.br 998728267
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