Buscar

Obstrução Por Corpo Estranho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Por causa de sua natureza inesperada e grave, a 
obstrução das vias aéreas por corpo estranho (OVACE) 
deve ser reconhecida e tratada rapidamente. 
Durante o tratamento odontológico, é grande o potencial 
de objetos caírem na parte posterior da cavidade oral e, 
subsequentemente, dentro da faringe. Na verdade, uma 
grande variedade de instrumentos e objetos é removida 
das gargantas de pacientes todos os anos. 
Existem relatos de casos de recuperação de grampos de 
isolamento, peça de mão pediátrica, espelho 
odontológico, chave de parafuso de implantes, 
instrumentos endodônticos, coroas dentárias, – tanto 
encontrados em material oral quanto em fezes – após 
esses objetos terem sido “engolidos” acidentalmente. 
Artigos publicados têm documentado a recuperação de 
dique de borracha, instrumentos endodônticos, dentes, 
pilares e núcleos, além de um crucifixo. 
No paciente odontológico consciente, existem chances 
de que qualquer objeto caído na faringe seja deglutido e 
passe para o esôfago ou seja expelido após a tosse, de 
forma que a incidência real de obstrução das vias aéreas 
ou aspiração de corpo estranho para traqueia, brônquios 
e pulmões é baixa. 
Existe ainda uma grande probabilidade de que qualquer 
objeto que penetre nas vias aéreas seja pequeno em 
diâmetro o suficiente para passar pela laringe (a parte 
mais estreita das vias aéreas superiores no adulto) sem 
causar uma obstrução. 
Em uma situação como esta, o objeto continua através 
da traqueia (se a gravidade ajudar, caso o paciente esteja 
sentado) e vai repousar no tronco principal de um dos 
brônquios ou ainda em bronquíolos menores no pulmão. 
Ainda que uma situação de emergência ameaçadora 
potencialmente fatal não exista imediatamente, certos 
passos importantes devem ser dados rapidamente para 
assegurar a remoção do objeto em um período de tempo 
razoável a fim de evitar sérias consequências. 
Entretanto, existe a possibilidade de que tal objeto se 
fixe na laringe e obstrua completamente a traqueia. 
Desta forma, todos os membros do consultório 
odontológico devem estar familiarizados com o correto 
manejo da obstrução aguda das vias aéreas superiores. 
Incidência 
Os pacientes idosos, especialmente aqueles portadores 
de distúrbios neurológicos e reflexo de vômito 
deficiente devido ao uso de álcool, convulsões, acidente 
vascular encefálico, parkinsonismo, trauma e demência 
senil, também estão sob sérios riscos de aspiração. 
Vários tipos de objetos, comida e conteúdo estomacal 
podem ser aspirados. 
Mais de 90% das mortes causadas por aspiração de 
objetos por indivíduos em idade pediátrica ocorrem em 
crianças com menos de 5 anos de idade; 65% destas 
mortes ocorrem em bebês com menos de 1 ano. Os itens 
comumente aspirados são pedaços de cachorros-
quentes, balas arredondadas, castanhas, passas, moedas, 
brinquedos, bem como outros objetos duros e coloridos. 
Uma terceira categoria de indivíduos sob risco são 
aqueles submetidos a procedimentos de sedação, 
particularmente procedimentos odontológicos ou 
intubação de emergência. 
Na maioria dos casos de corpos estranhos causando 
obstrução das vias aéreas, os mesmos se encontram 
localizados exatamente nas vias aéreas em lugares onde 
não se consegue nem ver nem sentir o objeto com a boca 
sem o uso de equipamentos especiais, como um 
laringoscópio ou um fórceps de intubação de Magill 
(itens que não são comumente encontrados nos 
consultórios odontológicos). 
O cirurgião-dentista deve ser capaz de reconhecer o 
problema instantaneamente e agir rapidamente na 
tentativa de remover o objeto que esteja obstruindo as 
vias aéreas do paciente. 
A obstrução aguda das vias aéreas é a principal causa de 
parada cardiorrespiratória não traumática em bebês e 
crianças. Em bebês e crianças, as taxas de sobrevivência 
após uma parada cardiorrespiratória são baixas (2 a 
17%) e muitos dos que sobrevivem sofrem sequelas 
cerebrais sérias e permanentes. 
Prevenção 
Mesmo com todos os cuidados preventivos, pequenos 
objetos como inlays, onlays, brocas ou restos de 
material podem cair na orofaringe do paciente e, 
consequentemente, ser aspirados ou deglutidos. Com a 
introdução da odontologia de posição sentada, na qual o 
paciente é colocado em uma posição semissupina 
durante o tratamento, este tipo de incidente tem 
aumentado. 
Quando objetos são deglutidos, geralmente penetram no 
trato gastrintestinal. Durante o ato da deglutição, a 
epiglote fecha a entrada da traqueia de forma que 
líquidos ou sólidos não penetrem na traqueia. 
O esôfago é o sítio mais comum do trato gastrintestinal 
onde objetos se tornam impactados por causa de sua 
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho 
natureza – o esôfago é um tubo através do qual líquidos 
e sólidos descem. Mais de 90% dos objetos estranhos 
que são deglutidos passam pelo esôfago e vão para o 
estômago e intestinos através de todo o trato 
gastrintestinal sem complicações. 
 
 
Entretanto, as complicações estão associadas a objetos 
tanto deglutidos como aspirados. Objetos deglutidos 
que entram no trato gastrintestinal podem produzir 
obstruções ao longo deste trato, abscesso peritonial, 
perfuração e peritonite. 
Os objetos que são aspirados tanto para o brônquio 
principal direito como para o esquerdo podem produzir 
infecção, abscesso pulmonar, pneumonia e atelectasia. 
Quando aspirados para dentro da traqueia, essa 
condição pode levar à morte. 
Duas principais medidas preventivas – o dique de 
borracha e o anteparo com gaze. Tais medidas 
minimizam significativamente a ocorrência de 
deglutição de corpos estranhos. Outras medidas 
preventivas são posicionamento do paciente, presença 
da assistente do dentista, sucção, fórceps de intubação 
de Magill e uso de ligadura. 
Dique de borracha 
O dique de borracha isola efetivamente o campo de 
operação da cavidade oral ou das vias aéreas, 
prevenindo a deglutição de objetos estranhos. O uso do 
dique de borracha é recomendado em todos os 
procedimentos possíveis. Infelizmente, o uso do dique 
de borracha, em vários tipos de procedimentos 
odontológicos, tais como tratamento periodontal e 
cirurgia, não é possível. 
Anteparo com gaze 
Uma cortina na faringe criada com a inserção de uma 
gaze 4 3 4 inserida na parte posterior da cavidade oral 
previne efetivamente a entrada de partículas pequenas 
ou líquidos nas vias aéreas. 
Este anteparo com gaze é particularmente utilizado em 
pacientes sedados (sedação oral, intranasal ou 
endovenosa) ou que estejam recebendo anestesia geral, 
nos quais os reflexos de proteção das vias aéreas se 
encontram comprometidos. 
O paciente não sedado geralmente não tolera o anteparo 
com gaze, uma vez que o mesmo interfere na deglutição 
ou restringe o volume de ar que poderia ser inspirado 
através da boca. Esse tipo de anteparo para proteção das 
vias aéreas não deve ser feito com gaze 2 3 2, uma vez 
que esse tamanho de gaze é muito pequeno e pode ser 
deslocado facilmente, sendo, portanto, também 
facilmente aspirado. 
 
Em caso de deglutição de objeto, o paciente deve ser 
posicionado de lado com a cabeça mais para baixo que 
o tronco e com a parte superior do corpo pendendo para 
o lado da cadeira. 
 
 
Uma cortina na faringe criada com a inserção de uma 
gaze 4 3 4 na região posterior da cavidade oral previne 
efetivamente que líquido ou partículas pequenas 
adentrem as vias aéreas, ao passo que a mesma é muito 
grande para ser deglutida ou aspirada. 
Posição da cadeira 
A posição supina, a qual é recomendada com o objetivo 
de prevenir a síncope, se torna prejudicial para um 
paciente que precise utilizar o corpo da língua para 
segurar contra o palato um objeto que “cai” em direção 
à orofaringe. A gravidade atua forçando este objeto 
posteriormente em direção à faringe. 
Se não existirem equipamentos facilmente disponíveis 
ao lado da cadeira para remover o objeto,o paciente 
deve ser posicionado de lado com a cabeça mais para 
baixo que o tronco e com a parte superior do corpo 
pendendo para o lado da cadeira (Trendelenburg*). Esta 
posição utiliza a gravidade a favor do paciente, 
permitindo que o objeto caia da sua boca. 
Assistente odontológica e sucção 
Na maioria dos consultórios odontológicos, a assistente 
fica sentada do lado oposto ao dentista. Quando um 
objeto cai dentro da boca do paciente e existe o risco de 
o mesmo ser deglutido, a assistente pode ter disponível 
um ou mais instrumentos que podem ser utilizados na 
remoção do objeto, tais como as pinças clínicas ou as 
hemostáticas. 
Se não houver nada disponível para este fim, um 
dispositivo de sucção de alta potência com uma ponta 
de largo diâmetro pode ser utilizado para remover o 
objeto da boca do paciente. Os sugadores de saliva nem 
sempre são úteis para este objetivo, uma vez que a forca 
de sucção pode não ser suficiente para remover o corpo 
estranho. Quando disponível, um fórceps de intubação 
de Magill permite que a assistente remova o objeto da 
parte posterior da cavidade oral com mais facilidade. 
Fórceps de intubação de Magill 
O fórceps de intubação de Magill, o qual deve ser 
incluído no kit básico de emergências do consultório, é 
designado para permitir a remoção de objetos pequenos 
e grandes da parte distal da cavidade oral e da faringe. 
Sua curvatura angulada permite um posicionamento 
mais confortável na mão, enquanto que sua ponta romba 
permite a boa apreensão do objeto. Nenhum outro 
instrumento, incluindo a pinça clínica (de algodão) e a 
pinça hemostática, são designados para este fim. 
 
Figura: O fórceps de intubação de Magill deve ser 
incluído no kit de emergência do consultório 
odontológico. 
 
Figura: Uso apropriado do fórceps de intubação de 
Magill. 
 
 
A pinça hemostática (A) e a pinça de algodão (B) não 
são designadas para o uso facilitado na remoção de 
corpos estranhos. 
Fórceps de língua 
O fórceps designado para segurar a língua tem 
serrilhados que permitem que a língua seja agarrada 
firmemente e puxada para fora da boca sem causar lesão 
iatrogênica. 
Ligadura 
O uso de ligadura (fio dental) pode ajudar na prevenção 
da aspiração ou deglutição de objetos utilizados na 
odontologia e na remoção dos mesmos da parte mais 
distal da cavidade oral e da faringe. 
Alguns dos objetos que devem ser presos ao fio dental 
são grampos de isolamento, instrumentos endodônticos, 
rolos de algodão, chumaços de gaze, assim como todos 
os outros pequenos objetos colocados na cavidade oral 
durante o tratamento odontológico. A presença do fio 
dental diminui a probabilidade de que o paciente possa 
engolir um objeto ou que inadvertidamente deixe o 
consultório com um rolinho de algodão esquecido na 
boca. 
 
Figura: Fórceps para pinçamento da língua. 
 
Figura: O fio dental é amarrado ao objeto para 
permitir uma rápida remoção. 
 
 
Figura: A, Rolinho de algodão sem fio dental. B, 
Rolinho de algodão com fio dental. 
 
Manejo 
Quando um objeto penetrar na orofaringe de um 
paciente que se encontra deitado em posição supina ou 
semissupina, não se deve permitir que o paciente se 
sente. A cadeira odontológica deve ser movimentada 
para uma posição ainda mais deitada (p. ex., posição de 
Trendelenburg, se possível) enquanto a assistente 
remove o objeto com o fórceps de intubação de Magill. 
A colocação do paciente em Trendelenburg permite que 
a gravidade ajude a mover o objeto para mais próximo 
da cavidade oral, tornando-o visível e facilitando sua 
remoção por meio do fórceps de Magill. 
Se o objeto não puder ser visualizado (p. ex., o paciente 
o “engole”), devem ser feitas radiografias de modo que 
sua localização possa ser determinada; o paciente não 
deve ser liberado do consultório sem os arranjos para 
que a radiografia seja feita. 
Uma vez que os sinais e sintomas clínicos nem sempre 
indicam se o objeto se encontra no trato gastrintestinal 
ou no trato respiratório, o cirurgião-dentista deve 
acompanhar o paciente (se possível) para o serviço 
hospitalar de emergência ou laboratório de radiologia 
mais próximo. Na maioria dos casos o radiologista 
recomenda uma radiografia do abdome ou uma visão 
anteroposterior (AP) ou lateral do tórax. 
É desejado que o objeto, quando encontrado, seja visto 
na radiografia abdominal em vez de na torácica, como, 
por exemplo, dentro de um brônquio. Em qualquer 
situação na qual o objeto é encontrado dentro do trato 
gastrintestinal ou do tórax, a assistência médica 
especializada deve ser requerida – gastroenterologista, 
pneumologista ou anestesiologista. 
Os manejos subsequentes serão provavelmente 
direcionados pelo seu médico particular. Se a 
localização do objeto não puder ser identificada na 
radiografia ou se existir qualquer dúvida sobre onde ele 
está localizado, ou ainda qualquer complicação 
potencial estiver presente, o médico deve ser consultado 
imediatamente. 
Usualmente, os sinais ou sintomas exibidos pelo 
paciente podem auxiliar a identificar se o objeto 
penetrou na traqueia. Tais sinais e sintomas incluem 
início inesperado de tosse, engasgo, chiado e 
dificuldade respiratória. Mais de 90% dos pacientes que 
aspiram objetos exibem tais sinais e sintomas 1 hora 
após a aspiração. 
Alguns poucos pacientes experimentam um intervalo de 
tempo de até 6 horas antes que os sintomas se tornem 
evidentes. 34 Dependendo da gravidade da ocorrência, 
pode ocorrer apneia imediatamente em até um terço 
destes pacientes. Os sintomas podem progredir para 
cianose e outros sinais sérios de hipoxemia. 
 
 
 
Figura: A, Visão anteroposterior do tórax demonstrando 
uma taça de borracha de profilaxia (seta). B, Coroa de 
ouro aspirada para o pulmão esquerdo do paciente. 
Em situações nas quais o objeto presumivelmente 
penetrou na traqueia, um protocolo bem definido deve 
ser seguido, a começar por assegurar que o paciente não 
se sentará (sentar verticalmente pode impulsionar o 
objeto ainda mais profundamente na traqueia ou 
brônquio). 
O paciente deve ser posicionado em decúbito lateral 
esquerdo com a cabeça mais baixa que o corpo. O 
paciente pode tossir espontaneamente; se não, a tosse 
deve ser encorajada na tentativa de expelir o objeto. O 
reflexo natural de tosse é poderoso e em muitos casos 
auxilia o paciente a adequadamente expelir o objeto 
aspirado. 
Se o paciente parar de tossir e relatar que o objeto foi 
deglutido, ainda assim ele não deve ser liberado do 
consultório até que seja encaminhado para o médico ou 
radiologista para se certificar de que o corpo estranho 
não está localizado na região traqueobronquial. Apenas 
se o objeto foi expelido ou removido, o paciente poderá 
ser liberado do consultório. 
Além disso, antes de o paciente deixar o consultório, 
uma consulta médica deve ser feita com um especialista 
(p. ex., pneumologista) a fim de discutir a prevenção, o 
reconhecimento e o controle das complicações pós-
aspiração. Se o objeto não foi removido, o cirurgião-
dentista deve acompanhar o paciente ao serviço de 
emergência para diagnóstico definitivo e tratamento. 
Se estiver determinado que o objeto se encontra na 
região traqueobronquial, o mais provável é que ele 
esteja no brônquio direito. Quando comparado com o 
brônquio esquerdo, o brônquio principal direito 
percorre um caminho mais retilíneo em sua bifurcação 
com a traqueia. 
O brônquio principal direito deixa a traqueia em um 
ângulo de 25 graus enquanto o brônquio principal 
esquerdo a deixa em 45 graus. A remoção do objeto do 
brônquio pode envolver o uso de broncoscopia 
fibróptica para localizar (visualizar) o objeto e de um 
broncoscópio para removê-lo. 
Se a broncoscopia não obtiver sucesso (raro), um 
procedimento cirúrgico conhecido como toracotomia 
pode ser necessário. Uma emergência potencialmente 
fatal não está presente nassituações anteriormente 
descritas. No entanto, o paciente não deve ser liberado 
do consultório a menos que o objeto tenha sido 
removido. Um manejo médico adicional será necessário 
para a prevenção de consequências mais sérias 
(infecção, pneumonia, broncoespasmo). 
 
Reconhecimento da obstrução das vias aéreas 
A obstrução aguda das vias aéreas superiores no 
paciente consciente ocorre mais frequentemente 
enquanto o indivíduo está comendo. Nos adultos, a 
carne é a causa mais comum de obstrução das vias 
aéreas. 
Vários fatores comuns são identificados nestes casos, 
tais como (1) pedaços grandes e mal mastigados de 
alimentos; (2) níveis elevados de álcool no sangue; (3) 
risos ou fala durante a mastigação; e (4) uso de prótese 
total superior ou inferior. Uma incidência ainda mais 
elevada destes casos ocorre em pacientes que estão 
recebendo medicamentos com ações anticolinérgicas. 
Outras causas de obstrução das vias aéreas são: 
 Anormalidades estruturais congênitas das vias 
aéreas 
 Infecções, tais como epiglotite aguda 
 Tonsilite 
 Abscessos retrofaríngeos 
 Angina de Ludwig e laringite 
 Trauma 
 Tumores e hematomas 
 Processos patológicos das cordas vocais, entre 
os quais laringoespasmo e paralisia 
 Processos inflamatórios, tais como angioedema 
e reação anafilática, ingestão de corrosivos e 
toxinas, e queimaduras térmicas 
 Apneia do sono 
A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos é 
dividida em duas categorias: obstrução parcial e 
obstrução completa. Para fins de manejo, a obstrução 
parcial de vias aéreas é subdividida em outras duas 
categorias: obstrução parcial com boa troca gasosa e 
obstrução parcial com troca gasosa inadequada. 
Obstrução completa das vias aéreas 
Inicialmente, a descarga simpática aumenta 
significativamente, aumentando a pressão arterial, a 
frequência cardíaca e a frequência respiratória. 
Como resultado do aumento do trabalho da respiração, 
a PaO2 (tensão arterial do oxigênio[O2 ]) diminui, a 
PaCO2 (tensão arterial do gás carbônico[CO2 ]) 
aumenta e ocorre uma queda no pH. Após 3 ou 4 
minutos, a pressão arterial e a frequência cardíaca caem 
significativamente e o esforço respiratório diminui. 
Os gases sanguíneos deterioram-se ainda mais. Após 8 
ou 10 minutos, os sinais vitais desaparecem e o 
eletrocardiograma degenera de um ritmo sinusal normal 
para uma bradicardia nodal, depois para um ritmo 
idioventricular; o eletrocardiograma termina então por 
apresentar fibrilação ventricular ou assistolia. 
Se a obstrução é aliviada em até 4 a 5 minutos, todos os 
parâmetros monitorados geralmente retornam ao 
normal rapidamente e concomitantemente com o 
retorno da consciência. 
Entretanto, os seres humanos, especialmente aqueles 
com saúde comprometida, não toleram bem a asfixia. 
Dailey dividiu as características clínicas da obstrução 
das vias aéreas superiores em humanos em três fases: 
Fase 1 
A primeira fase ocorre nos 3 minutos iniciais da 
obstrução. O paciente está consciente porém em óbvia 
dificuldade respiratória, demonstrando respiração 
paradoxal com evidente luta para respirar (movimentos 
respiratórios exagerados associados a evidente ausência 
de troca gasosa), bem como aumento na pressão arterial 
e na frequência cardíaca. 
O paciente geralmente agarra a garganta com as mãos 
em um movimento conhecido como sinal de engasgo. 
Embora os esforços respiratórios estejam evidentes, 
nenhum ar está sendo trocado com o meio e nenhuma 
voz pode ser produzida. Podem estar evidentes retrações 
nas musculaturas intercostal e supraclavicular, sons 
respiratórios estão ausentes e o paciente se torna 
cianótico. 
Fase 2 
Os minutos 2 ao 5 fazem parte da segunda fase. A vítima 
perde a consciência e os esforços respiratórios cessam. 
Inicialmente, a pressão arterial e o pulso estão presentes. 
Fase 3 
A fase três começa a partir de 4 ou 5 minutos. Após um 
breve período, a pressão arterial e o pulso desaparecem, 
uma vez que a dissociação eletromecânica leva a uma 
completa parada cardiorrespiratória. 
Obstrução parcial das vias aéreas 
Uma tosse forçada geralmente pode ser observada na 
vítima com boa troca gasosa. Um chiado pode ser 
escutado entre as tosses. O paciente com obstrução 
parcial das vias aéreas deve ser estimulado a continuar 
tossindo sem que haja nenhuma intervenção física pelo 
socorrista. 
Aqueles com inadequada troca gasosa exibem reflexos 
de tosse fracos e ineficazes, além de um característico 
som “cantado” durante a inspiração. O grau de 
respiração paradoxal está relacionado com o grau da 
obstrução das vias aéreas. Os sons vocais podem estar 
ausentes ou alterados porque as cordas vocais não 
conseguem funcionar normalmente. 
A fase inspiratória da respiração é notoriamente 
prolongada. Os pacientes com inadequada troca gasosa 
exibem cianose, letargia e desorientação se houver 
hipóxia grave e hipercarbia; estes pacientes devem ser 
tratados como se tivessem uma obstrução completa das 
vias aéreas. 
 
 
 
Manobras básicas das vias aéreas 
Uma vez que o paciente apresentando obstrução das 
vias aéreas perde a consciência, o suporte básico de 
vida, incluindo a manutenção das vias aéreas, deve ser 
iniciado imediatamente. 
Estes passos são designados a controlar a causa mais 
comum de obstrução das vias aéreas: a língua. Efetuar 
estes passos permite que o socorrista determine se a 
língua é a causa da obstrução ou se um manejo adicional 
é necessário. 
Nas situações nas quais a obstrução das vias aéreas 
inferiores é óbvia (p. ex., obstrução das vias aéreas que 
se desenvolve imediatamente após o paciente engolir 
uma coroa ou um instrumento odontológico), as etapas 
do suporte básico de vida são ignoradas e o socorrista 
deve imediatamente proceder ao estabelecimento de 
uma via respiratória pérvia. 
 
Figura: O paciente que perde a consciência deve ser 
colocado na posição supina com os pés ligeiramente 
elevados. 
 
Figura: Técnica da inclinação da cabeça e elevação do 
mento. 
 
Figura: Técnica do “ver, ouvir e sentir”. 
Etapa 1: P (posição). O paciente deve ser colocado em 
posição supina com os pés ligeiramente elevados. 
Etapa 2: C (circulação). Se a vítima estiver 
inconsciente, cheque o pulso por não mais que 10 
segundos. Se o pulso estiver ausente, ou não puder ser 
detectado, inicie as compressões cardíacas. Se o pulso 
estiver presente, continue para o passo 
3. Etapa 3: inclinação da cabeça e elevação do mento. 
Os tecidos moles do pescoço do paciente devem ser 
estendidos utilizando-se a técnica da inclinação da 
cabeça-elevação do mento. Em 80% dos casos nos quais 
a língua é a causa da obstrução das vias aéreas, este 
procedimento abre a via respiratória eficientemente. 
Etapa 4: A + B (vias aéreas e respiração). O ouvido 
do socorrista deve ser posicionado a 2,5 cm da boca e 
do nariz da vítima; o socorrista deve escutar e sentir a 
passagem de ar enquanto olha para o tórax da vítima e 
observa se existem movimentos respiratórios 
espontâneos. 
Lembre-se que a existência de movimentos respiratórios 
espontâneos não garante que o paciente esteja 
respirando (fazendo troca gasosa). Isso indica que o 
paciente está “tentando” respirar, mas que a via 
respiratória talvez esteja obstruída. O Guidelines for 
Basic Life Support de 2010 desenvolvido pela 
American Heart Association aboliu a técnica do “ver, 
ouvir, sentir” para a avaliação da respiração, uma vez 
que estabeleceu que a realização desses passos era 
inconsistente e demorada. 
Etapa 4a: elevação da mandíbula, se indicado. O 
socorrista posiciona seus dedos atrás da borda posterior 
do ramo da mandíbula do paciente e empurra a 
mandíbula anteriormente enquanto inclina a cabeça para 
trás e abre a boca da vítima. 
O deslocamento da mandíbula é um procedimento 
doloroso. Entretanto, esta manobra oferece ao socorrista 
a noção do grau daprofundidade da inconsciência do 
paciente. Se a vítima não responde a esta manobra, o 
grau de inconsciência é bastante profundo; ao passo 
que, se a vítima responde (p. ex., fazendo caretas, 
falando ou se movimentando), o nível de inconsciência 
não é tão profundo assim. 
Etapa 5: A + B. Repita o passo 4, se necessário. 
Etapa 6: respiração de resgate, se indicado 
Quando a língua é a causadora da obstrução das vias 
aéreas, a simples realização dos passos anteriores 
restabelece a patência das vias aéreas. Quando tais 
procedimentos são feitos apropriadamente mas as vias 
aéreas permanecem obstruídas (o que é diagnosticado 
por afonia, retração supraesternal, ausência contínua de 
sons e movimentos respiratórios), o socorrista deve 
considerar a probabilidade de a obstrução estar 
localizada nas vias aéreas inferiores (laringe ou 
traqueia) e deve proceder imediatamente ao 
estabelecimento de uma via respiratória de emergência. 
Estabelecimento de uma via respiratória de 
emergência 
Quando as vias aéreas de um paciente estão obstruídas, 
o estabelecimento de uma patência para as mesmas se 
torna o objetivo imediato do tratamento. Existe uma 
variedade de procedimentos para se atingir este 
objetivo. 
Dois tipos de procedimentos – a traqueostomia e a 
cricotireoidostomia – requerem intervenção cirúrgica e 
considerável conhecimento técnico para um manejo 
eficaz. Um terceiro procedimento, o qual não é 
cirúrgico, é o procedimento de escolha para o manejo 
inicial das vias aéreas obstruídas quando as técnicas de 
suporte básico de vida se mostram inadequadas. 
Trata-se da técnica de compressão subdiafragmática 
conhecida como compressão abdominal, ou manobra de 
Heimlich. Uma vez que este procedimento não é 
cirúrgico, complicações sérias são, embora possíveis, 
menos prováveis de acontecer, o que torna essa 
manobra particularmente atraente quanto ao seu uso no 
consultório odontológico. 
Procedimentos não invasivos 
Quando um objeto penetra na árvore traqueobrônquica, 
uma situação potencialmente fatal se desenvolve. A 
obstrução das vias aéreas pode ser parcial ou total. O 
manejo varia de acordo com o grau da obstrução e da 
efetividade dos reflexos de tosse do paciente. Sempre 
que possível, devem ser feitos procedimentos não 
invasivos manuais. Os procedimentos cirúrgicos, 
usados como último recurso, devem ainda estar dentro 
do grau de conhecimento do cirurgião-dentista. 
Uma vítima com obstrução parcial das vias aéreas que 
seja capaz de tossir e respirar adequadamente (p. ex., 
sem sinais evidentes de cianose) deve ser deixada 
tossindo, ou seja, a tosse deve ser somente estimulada 
verbalmente. Ainda que haja chiados audíveis entre as 
tosses, a tosse forçada é altamente efetiva na remoção 
destes objetos. Entretanto, se a vítima de uma obstrução 
parcial das vias aéreas inicialmente demonstra troca 
gasosa inadequada ou se anteriormente a troca era eficaz 
porém se deteriorou, essa vítima deve ser manejada 
como se tivesse uma obstrução completa. 
As vítimas de obstrução total das vias aéreas são 
incapazes de falar ou produzir qualquer som (afonia), 
respirar ou tossir. Essa vítima se mantém consciente 
enquanto o nível cerebral de oxigênio for 
suficientemente alto. Este paciente se mantém 
consciente por cerca de 10 segundos a 2 minutos, 
dependendo se a obstrução ocorreu durante a inspiração 
(quando o sangue possui mais oxigênio) ou expiração 
(quando o sangue possui menos oxigênio). 
Felizmente, a maioria das obstruções das vias aéreas 
ocorre durante a inspiração; desta forma, os pulmões 
estão inflados e preenchidos com oxigênio, o que 
mantém a vítima consciente por um período maior. O 
paciente também pode agarrar o pescoço, demonstrando 
o sinal universal de engasgo. O rápido controle desta 
situação é imprescindível, uma vez que a vítima irá 
perder a consciência e até morrer, a não ser que uma via 
respiratória pérvia seja restabelecida imediatamente. 
Diversos procedimentos manuais não invasivos estão 
disponíveis para tratar a obstrução aguda das vias 
aéreas. Cada técnica será descrita seguida da 
recomendação sequencial de cada uma delas em 
situações específicas. Estas técnicas são as seguintes: 
Golpes nas costas 
Compressão abdominal 
Compressão torácica 
Golpes nas costas 
Os golpes nas costas faziam parte dos protocolos 
anteriores para a remoção dos corpos estranhos que 
estavam obstruindo as vias aéreas. Entretanto, 
informações apresentadas na National Conference on 
Cardiopulmonary e Resuscitation and Emergency 
Cardiac Care de 1985 sugeriam que os golpes nas costas 
poderiam não ser tão eficazes nos adultos quanto seriam 
as compressões abdominais (manobra de Heimlich). 
Os protocolos de 2005 da American Heart Association 
e depois os de 2010 recomendam que as compressões 
abdominais sejam realizadas em uma rápida sequência 
até que a obstrução seja aliviada. Se esta abordagem se 
mostrar ineficaz, o socorrista deve considerar as 
compressões torácicas. 
As compressões abdominais não são recomendadas em 
bebês abaixo de 1 ano de idade, uma vez que esta 
manobra pode causar lesões no fígado. 
Entretanto, os golpes nas costas ainda permanecem 
como parte integrante do protocolo de controle das vias 
aéreas obstruídas nos bebês. Para que as pancadas nas 
costas sejam realizadas no bebê, o mesmo deve ser 
encaixado no braço do socorrista com a cabeça abaixo 
do nível do corpo e sua cabeça deve ser sustentada pelo 
socorrista firmemente, cuja mão deve estar posicionada 
no mento do bebê. Usando o “calcanhar” da mão, o 
socorrista deve dar até cinco golpes fortes entre as 
escápulas do bebê enquanto apoia o mesmo em sua 
coxa. Cada golpe deve ser administrado com força 
suficiente para tentar deslocar o corpo estranho. 
Compressões abdominais e torácicas 
As compressões manuais na região superior do abdome 
(manobra de Heimlich ou compressões abdominais) ou 
na parte mais inferior do tórax (compressões torácicas) 
são designadas para produzir um rápido aumento na 
pressão intratorácica, agindo como uma tosse artificial 
que pode ajudar a deslocar o corpo estranho. 
O objetivo de cada uma dessas compressões deve ser 
aliviar a obstrução. Vários estudos têm demonstrado 
que não há diferenças significativas entre as 
compressões abdominais e as compressões torácicas em 
relação a quantidade de fluxo de ar, pressão ou volume. 
Existem situações especiais nas quais uma técnica é 
preferível em relação à outra. As compressões torácicas 
são recomendadas para pacientes obesos cujo abdome é 
difícil de envolver com os braços. Se a vítima estiver 
nos últimos estágios da gravidez, o socorrista também 
deve utilizar as manobras de compressões torácicas, em 
vez de compressões abdominais. 
As compressões torácicas são menos prováveis de 
causar regurgitação do que as compressões abdominais. 
Além disso, as compressões torácicas são 
recomendadas nos bebês, uma vez que compressões 
abdominais são mais propensas a causar danos a órgãos 
(p. ex., fígado ou baço). 
A compressão abdominal é especialmente recomendada 
para os pacientes idosos, os quais possuem costelas 
mais frágeis e mais fáceis de serem fraturadas pelas 
compressões torácicas, e também para as crianças. 
 
Figura: O socorrista utiliza o “calcanhar” da mão para 
dar até cinco golpes fortes nas costas entre as escápulas 
do bebê. 
Lesões internas são possíveis de acontecer sempre que 
compressões torácicas ou abdominais são realizadas. 
Têm sido documentados danos a órgãos torácicos ou 
abdominais, tais como fígado, baço e estômago. 
A localização precisa das mãos pode minimizar a 
ocorrência destes efeitos adversos potencialmente 
sérios. O socorrista nunca deve posicionar suas mãos no 
apêndice xifoide do paciente ou ainda nas margens 
inferiores das costelas. 
Nas compressões abdominais, o socorrista deve 
posicionar suas mãos abaixodo apêndice xifoide, 
enquanto nas compressões torácicas as mãos são 
posicionadas acima desta região. 
Após a aplicação bem-sucedida de qualquer uma das 
manobras de compressão manual para aliviar a 
obstrução aguda das vias aéreas, o paciente deve ser 
avaliado pela equipe médica a fim de localizar possíveis 
lesões secundárias, tais como sangramento abdominal, 
antes de o paciente ser completamente liberado. 
Compressão abdominal (manobra de Heimlich) 
Hoje em dia, esta manobra é a primeira escolha para o 
alívio da obstrução das vias aéreas em adultos e crianças 
acima de 1 ano de idade. 
Quando sinais de boa troca gasosa (pequena obstrução 
das vias aéreas) estiverem presentes (tosse forçada, fala 
presente, chiado entre as tosses), o socorrista deve 
encorajar a vítima a tentar tossir e respirar 
espontaneamente. O socorrista não deve interferir com 
o próprio esforço da vítima em tentar expelir o corpo 
estranho, mas deve permanecer com ela, monitorando 
seus esforços e a sua condição. Se a obstrução leve 
permanecer, o serviço médico de emergência deve ser 
ativado. 
Os sinais de obstrução grave das vias aéreas são os 
seguintes: baixa ou nenhuma troca gasosa; tosse fraca, 
ineficiente ou até mesmo ausente; ruído agudo durante 
a inspiração ou ainda nenhum ruído; aumento na 
dificuldade respiratória; presença de cianose da 
membrana mucosa; afonia; e mãos levadas ao pescoço 
constituindo o sinal universal de engasgo. 
Na ocorrência de obstrução grave das vias aéreas, o 
socorrista deve perguntar à vítima se ela está 
engasgando. Se a vítima responder “sim” com a cabeça, 
o socorrista deve se identificar como sendo alguém que 
irá ajudar e pedir permissão para tentar solucionar a 
obstrução. Para uma vítima inconsciente, esse 
consentimento está implícito. 
Vítima consciente: Se o paciente estiver consciente e de 
pé ou sentado, as recomendações a seguir deverão ser 
realizadas após o socorrista ter determinado que as vias 
aéreas do paciente estão obstruídas ao perguntar “Você 
está engasgando?” e “Posso te ajudar?” e receber uma 
resposta positiva (balanço da cabeça respondendo 
positivamente) às duas perguntas: 
1.Posicione-se por detrás da vítima e envolva-a com 
seus braços ao redor da cintura e abaixo dos braços do 
paciente. 
2. Mantenha uma posição estável de modo que você não 
caia para trás ou para os lados durante o procedimento. 
3. Feche uma das mãos. 
4. Posicione essa mão fechada contra o abdome da 
vítima. Essa mão deve permanecer na altura média do 
abdome, um pouco acima do umbigo do paciente e bem 
abaixo do apêndice xifoide. 
5. Apreenda a mão que está fechada com a outra mão, e 
pressione rápida e fortemente a mão fechada contra o 
abdome da vítima fazendo movimentos para dentro e 
para cima. 
 
 
6. Repita essas compressões para dentro e para cima até 
que o objeto seja expelido ou que a vítima perca a 
consciência. 
7. Cada compressão deve ser forte o suficiente para 
deslocar o corpo estranho. 
8. Caso a vítima seja tratada com sucesso, ela deve ser 
avaliada em relação à presença de possíveis 
complicações antes de ser liberada do consultório. 
Se a vítima for gestante ou obesa, as compressões 
torácicas devem ser administradas no lugar das 
compressões abdominais. 
Vítima inconsciente: Se uma vítima consciente se tornar 
inconsciente (não responsiva), o seguinte protocolo 
deve ser seguido, uma vez que se saiba que a causa da 
perda de consciência é a obstrução das vias aéreas por 
corpo estranho: 
1. Coloque o paciente na posição supina e chame o 
serviço médico de emergência o mais rápido possível. 
2. Inicie o suporte básico de vida começando por 30 
compressões torácicas – antes de checar o pulso. 
3. No paciente adulto ou na criança, cada vez que você 
parar as compressões para abrir as vias aéreas (A) e 
estabelecer duas ventilações (B), abra bem a boca dessa 
vítima para analisar a presença do objeto. Se o mesmo 
estiver visível, você deverá removê-lo utilizando um 
fórceps de intubação de Magill, uma pinça de algodão 
ou seus dedos. 
4. Caso o objeto não esteja visível, continue o suporte 
básico de vida com as compressões torácicas repetindo 
os passos 2 e 3 até que o objeto seja removido ou que o 
serviço médico de emergência chegue ao local e assuma 
a situação. 
A realização apropriada da manobra de Heimlich deve 
se dar exclusivamente em tecidos moles. Nenhuma 
estrutura óssea, tais como costelas ou esterno, deve ser 
pressionada. Em todos os casos, o socorrista deve 
aplicar pressão com a mão abaixo da caixa torácica. 
A manobra de Heimlich não é um “abraço de urso”; 
quando realizada desta forma, pode causar danos aos 
órgãos abdominais como o baço e o fígado, ou ainda ao 
esterno ou às costelas. Após a realização desta manobra 
com sucesso, a equipe do consultório odontológico deve 
solicitar uma avaliação médica por parte da equipe de 
emergência antes da completa liberação do paciente. 
Compressões torácicas 
As compressões torácicas são uma alternativa – em 
situações especiais apenas – à manobra de Heimlich 
para o manejo da obstrução aguda das vias aéreas. Não 
há diferenças substanciais na efetividade destas 
manobras quando devidamente realizadas. 
Vítima consciente: Se a vítima gestante ou obesa com 
obstrução das vias aéreas por corpo estranho estiver 
consciente e de pé ou sentada, os seguintes passos 
devem ser realizados após o socorrista ter confirmado a 
obstrução ao perguntar “Você está engasgando?” e 
“Posso te ajudar?” e receber uma resposta afirmativa 
(cabeça balançando positivamente) às duas perguntas: 
1. Posicione-se atrás do paciente e coloque seus braços 
diretamente por baixo das axilas do mesmo, envolvendo 
seu tórax. 
2. Apreenda uma das suas mãos com a outra mão, 
posicionando seu polegar no meio do esterno do 
paciente, porém não no apêndice xifoide ou gradil 
costal. 
3. Mantenha uma posição estável de modo que você não 
caia para trás ou para os lados durante o procedimento. 
4. Realize compressões para dentro até que o objeto seja 
expelido ou que a vítima perca a consciência. 
Vítima gestante ou obesa inconsciente. Se a vítima 
estiver inconsciente, os seguintes passos devem ser 
realizados: 
1. Coloque o paciente em posição supina e ligue para o 
serviço médico de emergência o mais rápido possível. 
2. Inicie o suporte básico de vida começando por 30 
compressões torácicas – antes de checar o pulso. 
3. No paciente adulto ou na criança, cada vez que você 
parar as compressões para abrir as vias aéreas (A) e 
estabelecer duas ventilações (B), abra bem a boca dessa 
vítima para analisar a presença do objeto. Se o mesmo 
estiver visível, você deverá removê-lo utilizando um 
fórceps de intubação de Magill, uma pinça de algodão 
ou seus dedos. 
4. Caso o objeto não esteja visível, continue o suporte 
básico de vida com as compressões torácicas repetindo 
os passos 2 e 3 até que o objeto seja removido ou que o 
serviço médico de emergência chegue ao local e assuma 
a situação. 
5. Os protocolos atuais não recomendam a varredura 
digital às cegas. Se o objeto puder ser visualizado, ele 
deve ser removido. 
 
Varredura digital 
Nenhum estudo já avaliou o uso de rotina da varredura 
digital para limpar as vias aéreas na ausência de 
obstrução visível. Nos protocolos anteriores, a 
recomendação da utilização de varredura digital era 
baseada em recomendações empíricas, as quais 
sugeriam que a varredura digital era benéfica para o 
alívio da obstrução das vias aéreas. 
Entretanto, outros relatos indicavam prejuízos às 
vítimas ou ao socorrista. Os protocolos atuais não 
recomendam a varredura digital às cegas. Apenas 
quando o objeto pode ser visualizado é que devem ser 
feitas tentativas para a sua remoção manual. Um fórceps 
de intubação de Magill deve ser incluído no kit de 
emergências médicas do consultório odontológico. 
Este instrumentopode auxiliar na remoção de corpos 
estranhos das vias aéreas da vítima. Entretanto, o uso 
deste instrumento deve ser limitado apenas às situações 
nas quais o objeto pode ser visualizado. 
Procedimentos para o manejo da obstrução das vias 
aéreas em crianças e bebês 
Uma combinação de golpes nas costas e compressões 
abdominais ainda é o protocolo recomendado para 
bebês abaixo de 1 ano de idade. 
Procedimentos invasivos: traqueostomia e 
cricotireoidostomia 
Na maioria das vítimas, as técnicas não invasivas 
descritas anteriormente alcançam uma alta taxa de 
sucesso no tratamento da obstrução das vias aéreas. 
Entretanto, existem situações nas quais tais manobras 
não invasivas são ineficazes (p. ex., remoção de um 
rolinho de algodão das vias aéreas do paciente). Nesta 
situação e em outras, quando, por exemplo, a obstrução 
é causada pelo edema dos tecidos (edema de laringe ou 
da epiglote) devido a processos alérgicos ou doenças, os 
procedimentos invasivos podem se tornar necessários 
para que a vítima sobreviva. 
As aberturas cirúrgicas das vias aéreas podem ser 
realizadas de várias formas. As duas formas mais 
utilizadas são a traqueostomia e a cricotireoidostomia. 
Ambas essas técnicas possuem suas defesas e críticas 
dentro da comunidade médica, mas cada uma delas é 
igualmente importante para que a vítima tenha seus 
pulmões recebendo oxigênio. Esses procedimentos 
invasivos devem ser realizados apenas por pessoas 
treinadas e apenas quando o equipamento necessário se 
encontra disponível. 
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico 
frequentemente utilizado no manejo de longo prazo das 
vias aéreas – com raras exceções, como no caso de 
fratura direta da laringe e manutenção de vias aéreas em 
bebês – e não é indicada para a maioria dos manejos das 
vias aéreas de emergência. O local para a realização da 
traqueostomia possui várias estruturas anatômicas 
importantes, tais como o istmo da glândula tireoide e 
muitos vasos importantes e de grosso calibre, além de 
nervos. Existe ainda o potencialrisco para perfuração 
acidental do esôfago. 
 
 
 
As complicações ocorrem mais facilmente com a 
traqueostomia, mesmo que ela seja realizada de forma 
calma e meticulosa, e sob condições controladas (como 
quando o paciente está sendo oxigenado e bem 
ventilado em um ambiente hospitalar), do que ocorrem 
com a cricotireoidostomia. Hemorragia e pneumotórax 
são as maiores complicações da traqueostomia. Além 
disso, existe um risco de penetração acidental do istmo 
da glândula tireoide. Na maioria dos casos, o 
sangramento associado à traqueostomia é uma 
complicação cirúrgica grande, a qual no consultório 
odontológico pode ser difícil de controlar 
satisfatoriamente. 
A punção da membrama cricotireóidea 
(cricotireoidostomia) envolve o estabelecimento de uma 
abertura nas vias aéreas do paciente no nível da 
membrana cricotireóidea e é uma forma aceitável de 
acesso de emergência às vias aéreas. A 
cricotireoidostomia é mais fácil e rápida de se realizar 
do que a traqueostomia, e o índice de incidentes e 
complicações é significativamente menor. Além disso, 
nenhuma estrutura anatômica significativa é encontrada 
perto da membrana cricotireóidea. 
 
 
 
A cricotireoidostomia tem sido reconhecida como o 
ponto mais acessível da porta de entrada para o trato 
respiratório inferior em direção à glote. A incisão é feita 
na pele, no tecido adiposo e na fáscia. Apesar do 
pequeno sangramento no local de incisão, sangramentos 
graves raras vezes são encontrados na realização da 
cricotireoidostomia. 
Uma vez que a cartilagem cricoide possui um segmento 
posterior intacto, a perfuração inadvertida da parede 
posterior da traqueia e a laceração do esôfago 
representam menores riscos. A incisão na membrana 
cricotireóidea começa a cicatrizar em poucos dias após 
a remoção do dispositivo. 
A habilidade de rapidamente localizar o sítio correto da 
cricotireoidostomia é crucial. A razão por trás de um 
procedimento cirúrgico de emergência de vias aéreas é 
que a abertura deve ser feita abaixo da obstrução para 
que o procedimento seja eficaz. Assim, uma 
consideração muito importante deve ser feita em relação 
ao local onde o corpo estranho está mais provavelmente 
localizado na traqueia. 
Anatomia 
A região mais estreita das vias aéreas do paciente adulto 
está localizada na laringe. A maioria dos objetos 
capazes de causar uma obstrução se prende nesta região. 
Um objeto pequeno o suficiente para passar através da 
laringe e entrar na traqueia geralmente passa pelo 
brônquio principal (usualmente o direito), criando uma 
oclusão em um dos pulmões ou em uma parte 
significativa do pulmão. Como discutido anteriormente, 
isso não representa uma ameaça imediata à vida do 
paciente, embora hospitalização e cirurgia para remoção 
do objeto possam ser necessárias. 
A parte mais estreita da traqueia nas crianças entre 3 e 
5 anos de idade é encontrada a uma pequena distância 
abaixo das cordas vocais, na cartilagem cricoide. 
A obstrução é mais provável de ocorrer nesta região, 
tornando a cricotireoidostomia ineficaz. Assim, a 
traqueostomia é o procedimento cirúrgico de 
emergência preferido nas crianças de 3 a 5 anos, mas 
apenas indivíduos com experiência em traqueostomia 
em crianças e bebês devem tentar fazer este 
procedimento. (Quando as técnicas cirúrgicas não estão 
disponíveis, o manejo imediato desta situação deve ser 
feito com o uso contínuo das técnicas não cirúrgicas, 
tais como a compressão torácica e a compressão 
abdominal.) 
A cartilagem tireoide (a maior das cartilagens traqueais) 
e a cartilagem cricoide (a segunda maior) são as 
referências anatômicas para a realização da 
cricotireoidostomia. 
As cartilagens tireoide e cricoide são as duas únicas 
cartilagens traqueais que formam anéis completos; os 
outros “anéis” da traqueia são abertos na sua parte 
posterior. Sendo uma estrutura membranosa, a 
membrana cricotireóidea forma a conexão anterior entre 
estes dois anéis cartilaginosos e é o local mais preciso 
para a cricotireoidostomia. 
A membrana tem aproximadamente 10 mm de altura e 
22 mm de largura. 
Pode ser facilmente localizada colocando-se o dedo na 
proeminência laríngea (pomo de Adão) da cartilagem 
tireoide e movendo-se o dedo inferiormente até 
encontrar uma ligeira depressão. A membrana 
cricotireóidea está mais ou menos 1 a 1,5 dedo abaixo 
da proeminência laríngea, na parte mediana do pescoço. 
A proeminência da cartilagem cricoide é inferior a esta 
depressão. A cartilagem cricoide se situa abaixo deste 
local de incisão, enquanto a cartilagem tireoide e as 
cordas vocais se situam acima desta região. 
Equipamento 
Um bisturi com uma lâmina reta (nº 11) pode ser 
utilizado para a realização da cricotireoidostomia de 
emergência tanto para a incisão da pele como da 
membrana. Alternativamente, uma lâmina de calibre 13 
com 30 cm de comprimento pode ser utilizada. 
Etapa 1: preparo do pescoço 
Se há bastante tempo disponível (geralmente não é o 
caso), o pescoço do paciente deve ser preparado 
cirurgicamente. Entretanto, em uma situação de 
emergência, pode ser espalhado material antisséptico no 
pescoço do paciente antes que a incisão seja feita. 
O pescoço do paciente deve ser hiperestendido 
(inclinação da cabeça) para facilitar a identificação das 
cartilagens tireoide e cricoide, além da membrana 
cricotireóidea. Um rolo de toalha ou outro material pode 
ser colocado embaixo do pescoço do paciente de forma 
a manter a cabeça hiperestendida. 
Etapa 2: identificação de referências anatômicas 
O profissional destro deve posicionar-se à direita do 
paciente, de forma que a sua mão esquerda possa 
imobilizar a laringe do paciente e identificar as 
referências anatômicas enquanto a que mão direita será 
utilizada para realizar o procedimento. Na prática 
clínica, a mão direita geralmente é usadapara identificar 
as referências anatômicas e após isso o dedo indicador 
da mão esquerda é colocado por cima da região da 
membrana cricotireóidea. 
Etapa 3: imobilização da laringe 
A laringe deve ser imobilizada de forma que as 
referências anatômicas não sejam perdidas durante o 
procedimento em si. A imobilização da laringe é fácil 
de ser conseguida. Ela deve ser feita antes de a incisão 
ser realizada e mantida até que as vias aéreas sejam 
obtidas com sucesso. O operador destro utiliza o polegar 
e o dedo médio da mão esquerda para segurar os polos 
superiores da cartilagem tireoide, deixando que o dedo 
indicador da mão esquerda repouse sobre a membrana. 
Uma vez que a laringe esteja imobilizada, o dedo 
indicador da mão esquerda pode ser utilizado 
novamente para palpar a cartilagem tireoide, a 
membrana e a cartilagem cricoide. 
Etapa 4: incisão na pele 
A incisão na pele deve ser vertical e na linha média; 
deve ter aproximadamente 2 cm a 3 cm. A incisão 
vertical minimiza a possibilidade de problemas 
vasculares significativos durante o procedimento, 
enquanto a incisão horizontal é mais sujeita a promover 
sangramento. A incisão vertical deve ser feita na 
espessura da cartilagem tireoide, da membrana e da 
cartilagem cricoide. Os sangramentos pequenos como 
resultado da incisão na pele devem ser ignorados. O 
estabelecimento de uma via respiratória patente é a 
preocupação principal; uma vez que este objetivo é 
alcançado, qualquer sangramento pode ser controlado. 
Etapa 5: reidentificação da membrana 
O dedo indicador da mão esquerda deve ser reinserido 
na incisão a fim de reidentificar a membrana 
cricotireóidea. O dedo deve ser, então, rapidamente 
movido para cima, para a cartilagem tireoide, e para 
baixo, para a cartilagem cricoide, para se certificar da 
localização correta da membrana cricotireóidea. A 
ponta do dedo pode se manter na incisão, mas deve 
repousar na parte mais inferior da cartilagem tireoide a 
fim de manter um ponto de referência sem interferir na 
incisão da membrana. 
Etapa 6: incisão na membrana 
Utilizando-se uma lâmina de bisturi nº 11, a incisão na 
membrana deve ser horizontal no terço inferior do 
espaço cricotireóideo. Esta área é a menos vascularizada 
da membrana. A incisão horizontal na linha média deve 
ter ao menos 1,5 cm de comprimento a fim de facilitar 
a colocação do dispositivo. Uma vez dentro da via 
respiratória, um borbulhamento será observado (se os 
esforços respiratórios ainda estiverem presentes). O 
bisturi deve ser removido e o dedo indicador da mão 
esquerda, reinserido dentro do espaço cricotireóideo 
para identificar a incisão e verificar seu correto 
posicionamento. Este dedo é mais uma vez movido para 
a parte inferior da cartilagem tireoide como um guia 
para a inserção do dispositivo. 
Etapa 7: dilatação da incisão 
 Neste ponto, o espaço cricotireóideo deve ser alargado. 
O cabo do bisturi deve ser introduzido dentro da incisão 
horizontal e rotacionado 90 graus para abrir a via 
respiratória. 
Etapa 8: inserção do tubo 
Um tudo de traqueostomia ou de cricotireoidostomia 
deve ser inserido temporariamente, se o mesmo estiver 
disponível. 
Uma cricotireoidostomia devidamente realizada pode 
ser feita em 15 a 30 segundos. A anestesia não é 
necessária, uma vez que o paciente está inconsciente e, 
consequentemente, não responde aos estímulos da 
incisão com o bisturi. 
Uso de agulha de calibre 13 para a 
cricotireoidostomia 
Quando uma agulha de calibre 13 é utilizada, o tecido é 
preparado e a cartilagem tireoide, estabilizada da 
mesma forma que com o uso do bisturi, usando-se o 
dedo indicador para identificar a membrana 
cricotireóidea. A agulha é inserida nesta área e 
direcionada na direção do tórax até que a mesma entre 
no lúmem traqueal. 
A entrada na traqueia é confirmada pelo som de ar, ou 
sentindo-se o ar entrando ou saindo da traqueia, bem 
como pela ocorrência de tosse ou bolhas. A parede 
cartilaginosa posterior da cartilagem cricoide previne a 
superinserção da agulha e, consequentemente, a 
perfuração da parede traqueoesofágica. 
Se houver movimentos respiratórios espontâneos, a 
vítima pode recobrar a consciência, mas ainda ser 
incapaz de falar por causa da existência de obstrução na 
laringe. Quando o estado de consciência retorna, a 
abertura na traqueia não pode ser fechada antes que a 
obstrução seja removida. Se não houver movimentos 
respiratórios espontâneos, deve ser feita ventilação 
artificial por meio da cricotireoidostomia para 
proporcionar adequada oxigenação do sangue do 
paciente. A presença de circulação deve ser determinada 
por meio da palpação da artéria carótida. 
Uma vez que a via respiratória está restabelecida, o 
paciente pode receber oxigênio. Uma cânula nasal ou 
uma máscara facial pode ser colocada na abertura 
traqueal. Além disso, deve ser solicitada assistência 
médica para transferir o paciente para um hospital de 
emergência a fim de fornecer um acompanhamento 
definitivo do manejo (p. ex., remoção do corpo estranho 
ou fechamento da abertura traqueal) e observação. 
Contraindicações da cricotireoidostomia 
Embora a cricotireoidostomia seja uma medida útil e 
que pode salvar vidas, ela não é recomendada em todos 
os casos de obstrução das vias aéreas superiores. 
Seguem alguns exemplos de exceções: 
A cricotireoidostomia não deve ser realizada, a não ser 
com muita precaução, em crianças abaixo de 10 anos de 
idade, assim como provavelmente não deve ser feita em 
crianças abaixo de 5 anos de idade. Embora a 
traqueostomia seja o procedimento cirúrgico de 
emergência preferido em pacientes jovens, a 
cricotireoidostomia por punção é mais desejável nestes 
pacientes. 
Processos patológicos preexistentes da laringe (p. ex., 
epiglotite), inflamação crônica ou câncer tornam a 
cricotireoidostomia mais difícil. 
A falta de experiência com a técnica e com suas 
complicações é a maior contraindicação da cirurgia. A 
inexperiência pode ser o fator mais causador de 
complicações da cricotireoidostomia. 
Barreiras anatômicas, como, por exemplo, trauma do 
pescoço, devem aumentar os cuidados na decisão pela 
realização desta técnica. 
Quando existir a possibilidade de hemorragia, os 
benefícios da cricotireodostomia devem ser pesados 
cuidadosamente em relação aos riscos. 
A obstrução aguda completa das vias aéreas é bastante 
rara no âmbito odontológico. Porém, quando ocorre, os 
sinais e sintomas devem ser reconhecidos 
imediatamente, bem como iniciado rapidamente o 
tratamento. Desta forma, todos os membros do 
consultório odontológico devem receber treinamento 
adequado para o manejo da obstrução das vias aéreas 
por corpo estranho. 
Os procedimentos não invasivos para a desobstrução 
das vias aéreas são preferíveis em relação aos 
procedimentos cirúrgicos, mas esses procedimentos 
cirúrgicos servem como último recurso quando todos os 
outros falham.

Outros materiais