Buscar

Livro-Texto - Unidade I (3)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autores: Profa. Simone Dias da Silva
 Prof. Wanderlei Sérgio da Silva
Colaboradora: Profa. Christiane Mazur Doi
Prática de Ensino: 
Introdução à Docência
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Professores conteudistas: Simone Dias da Silva / Wanderlei Sérgio da Silva 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586p Silva, Simone Dias da.
Prática de Ensino: Introdução à Docência / Simone Dias da Silva, 
Wanderlei Sérgio da Silva. – São Paulo: Editora Sol, 2023.
56 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Formação. 2. Estágio. 3. Professor. I. Silva, Simone Dias da. II. 
Silva, Wanderlei Sérgio da. III. Título.
CDU 371.13
U517.05 – 23
Simone Dias da Silva
Psicopedagoga (Universidade Castelo Branco) e pedagoga (Faculdades Campos Salles), mestra e doutora no Ensino 
de Ciências e Matemática (Universidade Cruzeiro do Sul). Por 23 anos, atuou na Educação Básica como docente e 
gestora escolar. Atualmente, atua no Ensino Superior no curso de Pedagogia. Autora de materiais didáticos para o 
Ensino Fundamental e para cursos de graduação e pós-graduação na EaD. Na Universidade Paulista (UNIP) é membro 
da Coordenadoria de Estágios em Educação.
Wanderlei Sérgio da Silva
Graduado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Ciências (Geografia Humana) e doutor 
em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Durante quinze 
anos, trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) com pesquisas relacionadas às geociências 
e ao meio ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área durante seis anos, totalizando cerca de cem projetos 
de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. Em 2001, ingressou na Universidade Paulista (UNIP), onde 
lecionou disciplinas do curso presencial de Turismo relacionadas à Geografia, ao Meio Ambiente e ao Planejamento, 
bem como disciplinas didático-pedagógicas no curso presencial de Psicologia (licenciatura). Coordenador chefe da 
Coordenadoria de Estágios em Educação e professor responsável pelas disciplinas relacionadas a Prática de Ensino, 
Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e 
Planejamento e Políticas Públicas da Educação.
Profa. Sandra Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Jaci Albuquerque
 Louise de Lemos
Prática de Ensino: Introdução à Docência
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
1 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOCENTE ...................................................................................................9
1.1 A formação profissional no ensino superior ................................................................................9
2 COMO SE DÁ A ATUAÇÃO DOCENTE EM CADA SEGMENTO DE ENSINO? ................................ 11
3 A CONSTITUIÇÃO DO SER PROFESSOR ................................................................................................... 13
4 A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................. 16
4.1 O que é prática de ensino? ............................................................................................................... 16
5 ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO ............................................................................................ 19
6 RELAÇÃO ENTRE O SABER E O FAZER ..................................................................................................... 21
7 A NECESSIDADE DA REFLEXÃO SOBRE A ATIVIDADE PRÁTICA ..................................................... 22
7.1 A aplicação do conhecimento teórico na profissão ............................................................... 24
8 TEXTOS PARA REFLEXÃO ............................................................................................................................... 25
8.1 Educação? Educações: aprender com o índio .......................................................................... 25
8.2 O fax do Nirso ........................................................................................................................................ 29
8.3 A História de Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo) .................................................. 30
8.4 Uma pescaria inesquecível ............................................................................................................... 32
8.5 A folha amassada ................................................................................................................................. 34
8.6 A lição dos gansos ................................................................................................................................ 35
8.7 Assembleia na carpintaria ................................................................................................................. 36
8.8 Colheres de cabo comprido .............................................................................................................. 38
8.9 Faça parte dos 5%................................................................................................................................ 38
8.10 O homem e o mundo ....................................................................................................................... 40
8.11 Professores reflexivos ........................................................................................................................ 41
8.12 Um sonho impossível? ..................................................................................................................... 44
8.13 Pipocas da vida ................................................................................................................................... 45
8.14 Recomendações de leituras e reflexões complementares ................................................ 46
Sumário
7
APRESENTAÇÃO
Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem em nichos 
ecológicos, naquele conjunto precário de situações que as tornam possíveis e – 
quem sabe? – necessárias.
(Rubem Alves)
Nesse momento, quando, de modo ideal, inicia-se a reflexão sobre a prática de ensino, temos por 
objetivo direcionar a sua atenção para perceber a educação (formal e informal) que acontece diariamente 
ao seu redor e, principalmente, pararefletir sobre aspectos inerentes a ela, que são de suma importância 
tanto para sua vida profissional quanto para a prática da cidadania. Para isso, propomos a leitura de 
textos de conhecimento popular e de autores renomados, de modo a instigar o seu pensamento reflexivo.
Então, vamos começar com uma reflexão: Ensinar é um dom ou um ofício?
Figura 1
Disponível em: https://bit.ly/3FejA6I. Acesso em: 29 nov. 2022.
INTRODUÇÃO
Neste livro-texto você encontrará algumas informações a respeito da formação profissional docente no 
ensino superior. Será convidado a refletir sobre a constituição do ser professor e a resgatar memórias dos 
bancos escolares onde observou e vivenciou a educação sob outro ângulo, de modo a realizar associações e 
levantar conjecturas sobre o longo e complexo processo que envolve o desenvolvimento profissional docente.
Para isso encontrará abordagens teóricas e propostas para experimentar ou expandir a ação reflexiva 
a partir de questionamentos e de textos selecionados para tal finalidade, pois este é o recurso mais 
utilizado pelo bom profissional.
Espera-se que você identifique a relação entre as práticas de ensino e o estágio curricular obrigatório, 
parte inerente da licenciatura para exercer a docência, e também a relevância da atividade prática 
enquanto aplicação do conhecimento teórico na profissão.
9
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
1 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOCENTE
Se você está em um curso de formação docente, deve ter muitas dúvidas sobre a estrutura 
do curso de licenciatura. Aqui, além de encontrar informações sobre este tema, também terá a 
oportunidade de refletir sobre a base do desenvolvimento profissional do professor – a relação 
teórica e prática.
1.1 A formação profissional no ensino superior
No Brasil, a primeira universidade nos moldes modernos surgiu após a Revolução Constitucionalista 
de 1932, em São Paulo. A Universidade de São Paulo (USP), que reuniu os cursos superiores já existentes 
na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, seria a primeira instituição de saber fundamental em todas as 
áreas do conhecimento humano e compensaria o isolamento das faculdades preexistentes. A Faculdade 
de Filosofia, Ciências e Letras viria integrar em uma base comum os ensinamentos de diversas áreas do 
saber, segundo o tripé proposto pela USP: ensino, pesquisa e extensão.
Nas décadas de 1950 a 1970, além das universidades estaduais, municipais e particulares, criaram-se 
universidades federais em todo o Brasil, ao menos uma em cada estado; mas a explosão do ensino 
superior no Brasil ocorreu somente nos anos 1970.
Desde então, muitas propostas e discussões em prol da expansão, qualidade e democratização do 
ensino superior vêm ocorrendo com o intuito de viabilizar ao brasileiro a oportunidade de escolher uma 
profissão e constituir-se um profissional competente.
O processo de democratização compreende reverter o quadro no qual 
ir à universidade é opção reservada às elites. A definição de um projeto 
para a educação superior deve entender esta como bem público, 
destinada a todos indistintamente, inserida no campo dos direitos 
sociais básicos, tratada como prioridade da sociedade brasileira, sendo 
que a universidade deve ser a expressão de uma sociedade democrática 
e multicultural, em que se cultiva a liberdade, a solidariedade e o 
respeito às diferenças (BRASIL, 2014, p. 19).
A variedade na oferta de cursos, o aumento de cursos noturnos e o atendimento às necessidades 
do público interessado respodem por um lado às expectativas dos discentes e por outro às demandas 
sociais e profissionais do mundo corporativo.
Ainda sobre a variedade de oferta, o investimento na educação a distância (EaD) revela a 
necessidade de um modelo alternativo e a superação do preconceito com esta modalidade de 
ensino e de aprendizagem que permitiu que o sonho de cursar uma faculdade se tornasse realidade 
para muitos brasileiros, principalmente por seu formato que oferece baixo custo e flexibiliza 
tempo e espaço.
10
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Com o aumento da valorização do saber acadêmico pelo mercado de trabalho e o acesso ao 
ensino superior em instituições particulares, a criação de programas de financiamento estudantil 
pelo governo, pelas próprias instituições de ensino superior (IES) e também pela iniciativa privada 
concretizou o atendimento desse público que busca a formação profissional no ensino superior, 
ocasionando um grande aumento na quantidade de vagas nos cursos de graduação.
Além da graduação, enquanto formação profissional inicial, os cursos de pós-graduação também 
estão sendo muito procurados por profissionais que buscam uma formação continuada.
Formação inicial
Graduação: licenciatura e bacharelado
Formação continuada
Pós-graduação
Lato sensu: especialização e aperfeiçoamento
Stricto sensu: mestrado e doutorado
Figura 2
Atualmente, os cursos de formação inicial de professores (licenciaturas) têm seu currículo e 
proposta pedagógica atrelada às diretrizes estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN) e pelos documentos legais e educacionais em vigor, assim mantêm suas propostas 
pedagógicas atreladas às atuais concepções de ensino e de aprendizagem, de modo a garantir que o 
futuro professor esteja preparado para o pleno exercício do magistério.
E se você está lendo este texto, certamente está matriculado num curso de licenciatura. Mas o que 
é uma licenciatura?
Trata-se de uma licença, autorização, permissão ou concessão dada por uma autoridade pública 
competente para o exercício de uma atividade profissional, em conformidade com a legislação. É um 
título acadêmico, obtido em curso superior, que faculta ao seu portador o exercício do magistério na 
educação básica dos sistemas de ensino.
A licenciatura é uma categoria, entre os cursos de graduação, que autoriza os licenciados a atuar 
no magistério, iniciando, assim, uma carreira docente para lecionar (ensinar) na área de conhecimento 
e disciplina escolhida, como, por exemplo: nas áreas de conhecimento de ciências humanas e sociais 
há cursos de licenciatura e bacharelado em letras, história, geografia, filosofia, sociologia, entre outros. 
A licenciatura visa formar cidadãos preocupados em se qualificar para intervir de forma significativa 
na formação de outros cidadãos. Seu diferencial em relação aos outros cursos de graduação reside na 
duplicidade da formação pessoal e profissional do graduando.
11
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Alguns cursos oferecem as duas titularidades, de licenciado e bacharel. Dessa forma, o estudante 
deve escolher conforme seu interesse de atuação no mercado de trabalho.
A licenciatura apresenta ao aluno uma área de atuação já definida, a área de educação e 
a função docente, mas apenas o pedagogo possui outras habilitações para atuar na gestão 
pedagógico-administrativa de uma instituição de ensino.
Já o bacharelado viabiliza uma atuação mais ampla no mercado de trabalho, permitindo ao 
profissional atuar em diferentes áreas e funções, além do campo de pesquisa acadêmica, como, por 
exemplo: o geógrafo pode atuar no setor público e privado no planejamento urbano, no planejamento 
e desenvolvimento regional e territorial com a utilização de geotecnologias, podendo desenvolver 
diagnóstico socioambiental.
Caso um bacharel queira lecionar, deverá cursar uma licenciatura, podendo eliminar algumas 
disciplinas comuns, ou cursar o mestrado, isso devido à hierarquia acadêmica dos cursos de licenciatura 
que, além de formar profissionais que ensinam, também ensinam outros profissionais a ensinarem. 
Pode  ocorrer o contrário: o licenciado ao cursar uma complementação irá adquirir o bacharelado. 
Em ambas as situações, o profissional, terá duas titularidades.
Ao concluir a licenciatura, você será um profissional da área da educação, podendo atuar como 
professor na educação básica, atualmente organizada em três segmentos:
Quadro 1
Educação básica
Educação 
infantilEnsino 
fundamental
Ensino 
médio
Organizada em etapas e 
atende crianças de 0 a 5 anos
Organizado em dois ciclos:
– Ensino fundamental I (anos iniciais): 
do 1º ao 5º ano
– Ensino fundamental II (anos finais): 
do 6º ao 9º ano
Do 1º ao 3º ano
2 COMO SE DÁ A ATUAÇÃO DOCENTE EM CADA SEGMENTO DE ENSINO?
Na educação infantil, conforme legislação vigente, pode atuar o pedagogo e o professor que cursou 
o normal superior, com exceção dos professores formados em educação física e artes, que também 
podem possuir habilitação para esse segmento.
Tradicionalmente, o pedagogo e o professor que cursou o normal superior também atuam no ensino 
fundamental I (anos iniciais), assumindo integralmente o currículo do 1º ao 5º ano.
12
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Já os professores com licenciatura numa área específica atuam no ensino fundamental II (anos finais) 
e no ensino médio, mas tal condição não é explícita na Lei 9394/96:
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á 
em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação 
mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco 
primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na 
modalidade normal (BRASIL, 1996).
Dessa forma, observa-se que não há rigidez quanto à atuação de licenciados no ensino fundamental. 
Alguns professores com licenciatura específica já estão atuando nos anos iniciais (1º ao 5º ano), como 
já vem ocorrendo nas disciplinas de língua estrangeira, artes e educação física em alguns sistemas de 
ensino do país.
Apesar do Conselho Nacional de Educação (CNE) ter entendimento claro a esse respeito desde 2000, 
essa questão ainda é debatida e desconhecida por boa parte dos profissionais da educação.
No estado de São Paulo, objetivando evitar maiores questionamentos, o Conselho Estadual 
de Educação fixou, por meio de pareceres, entendimento de que a docência nos anos iniciais do 
ensino fundamental poderá se dar por professores detentores de licenciatura com habilitações 
em áreas específicas.
As instituições públicas (municipais e estaduais), que por força constitucional selecionam seus 
professores através de concurso público, estruturam o segmento correspondente aos “anos iniciais 
do ensino fundamental”, atribuindo aos professores egressos do curso normal de nível médio, curso 
normal superior, ou curso de pedagogia, a responsabilidade de praticamente todos os conteúdos para 
um professor por série (e classe).
Na rede estadual ou nas redes municipais há, contudo, diversos exemplos de atribuição de 
componentes curriculares no ensino fundamental I a professores portadores de licenciatura em áreas 
específicas, como é o caso de educação física, arte ou língua estrangeira moderna.
É nas redes municipais ou mais propriamente dizendo, nas escolas mantidas 
pelos municípios, que encontramos Propostas Político Pedagógicas mais 
diferenciadas e inovadoras e que requerem a participação de professores 
especialistas no segmento correspondente aos Anos Iniciais do Ensino 
Fundamental. Nada impede e é até salutar que esta prática possa ocorrer 
(SÃO PAULO, 2012, p. 1).
Vale ressaltar que os dispositivos pertinentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
não preveem a estruturação rígida em “anos iniciais e anos finais do ensino fundamental”, daí porque 
entendemos ser absolutamente legal a docência de portadores de licenciatura específica em todo 
o ensino fundamental, dependendo sempre da organização dos sistemas de ensino e da proposta 
pedagógica de cada escola.
13
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
 Observação
Os cursos técnicos e profissionalizantes não conferem título de bacharel ou 
de licenciado, apenas uma habilitação para atuar em áreas específicas.
3 A CONSTITUIÇÃO DO SER PROFESSOR
A escola é o principal espaço de atuação daquele que pretende lecionar – o professor.
Figura 3
Disponível em: https://bit.ly/2KkJdop. Acesso em: 30 nov. 2022.
Há outros espaços onde se pode ensinar, são os chamados ambientes não escolares, como ONGs, 
sindicatos, hospitais, movimentos sociais, presídios e instituições que acolhem menores em situação de 
risco ou de caráter socioeducativo. Nesses ambientes, o professor tem a oportunidade de compartilhar 
aquilo que sabe além dos muros da escola.
Infelizmente, ainda temos no Brasil muitas “escolas de massas”, nas quais os professores têm que 
ensinar muitos alunos ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Esse modelo surgiu com a Revolução 
Industrial e ainda está presente num país em pleno desenvolvimento econômico, social e cultural.
Precisamos atualizar a escola. E você, futuro professor, pode ser agente transformador da escola 
real para o formato ideal. Tal ação deve estar baseada na equidade e na inclusão social partindo de 
uma revolução curricular e na aderência às tecnologias, o que consequentemente causará mudanças 
didático-pedagógicas no trabalho docente.
O aluno de hoje não se encaixa nos padrões escolares clássicos. É como tentar colocar um par de 
sapatos dentro de uma caixa de fósforos. A criança e o adolescente do século XXI estão mergulhados 
num mundo tecnológico repleto de informações, buscam o conhecimento na rede e, dessa forma, a 
pesquisa torna-se presente em seu cotidiano, muito além da escola.
14
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte 
do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu 
dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm 
um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam 
são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. 
Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro 
dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado 
(ALVES, 2002, p. 29).
Mas quem é esse professor que atua atrás e além dos muros da escola? É o indivíduo que, como 
você, decidiu contribuir para a formação pessoal e profissional de seus pares e que acredita em ações 
coletivas transformadoras.
O que diferencia o bom professor? A sua identidade docente.
A constituição do ser professor se inicia no curso de licenciatura, e essa trajetória perpassa sua 
cultura familiar e social, suas memórias, impressões e questões pessoais. Tal condição tem seu ponto de 
partida na primeira infância, ao ingressar na escola e ter seu primeiro professor.
A identidade docente é uma construção social marcada por múltiplos fatores que interagem entre 
si, resultando numa série de representações que os docentes fazem de si mesmos e de suas funções, 
estabelecendo, consciente ou inconscientemente, negociações das quais certamente fazem parte suas 
histórias de vida, suas condições concretas de trabalho e o imaginário recorrente acerca dessa profissão 
(GARCIA; HYPOLITO; VIEIRA, 2005).
É importante problematizarmos o conteúdo das memórias escolares, particularmente, de suas ideias 
a respeito do ensino e da postura dos professores, para melhor entender que influências têm no seu 
aprendizado profissional. Tais lembranças podem influenciar de diferentes maneiras no desenho de 
seu perfil profissional e na construção de sua identidade docente. Você pode decidir que professor 
pretende ser.
“A escola da minha infância e início da adolescência não deixou lembranças significativas. Lá passei 
metade de meus dias durante longos nove anos. Aprendi, desaprendi e fiz amigos que não tenho mais. 
Passei pela escola. Esta é a impressão que ficou. Dos professores poucas lembranças, e das aulas inúmeras 
frustrações. Aos 12 anos queria muito entender por que era tão importante encontrar a mediana e a 
bissetriz de um triângulo ou resolver inequações, se tais saberes não me ajudavam a estimar o valor 
da compra ou conferir o troco com segurança quando ia ao supermercado. Por isso, hojesou uma 
professora que se preocupa com a aprendizagem significativa e a aplicabilidade do conhecimento (Profa. 
Dra. S. D. S.).”
15
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Figura 4 – S. D. S. em fotografia escolar, junho de 1983
As lembranças de nossa infância são experiências muito significativas na fase adulta, sendo algumas 
positivas e outras não, mas todas marcam nossa trajetória e constituem parte de nossa identidade.
Segundo Oliveira (2006), o saber e o sabor de se constituir professor tem um tempero de mel e de 
fel, quando nossas dúvidas e incertezas se apresentam, o que pode ser muito relevante se considerarmos 
esse momento como indicador de um saber provisório, ou seja, que estamos em processo de construção 
profissional e tais sentimentos sinalizam que ainda somos aprendizes.
Vamos fazer um exercício com sua memória. Puxe os fios da lembrança e reflita sobre as 
impressões de sua trajetória escolar. O que você se lembra dos professores, das aulas e das escolas 
onde já estudou?
A) B)
Figura 5
Disponível em: A) https://bit.ly/3irx5a8; B) https://bit.ly/3iqlOa3. Acesso em: 1 dez. 2022.
Tais memórias podem repercutir ou não em sua formação profissional. No caso da formação docente, 
a imagem do professor de nossa infância e adolescência pode influenciar algumas escolhas e a tomada 
de decisão quanto a ser ou não professor ou que professor se pretende ser.
16
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
O importante é que suas lembranças escolares alimentem positivamente seu sonho ou escolha. 
Quanto às lembranças tristes ou nebulosas, descarte-as simplesmente e mantenha apenas as boas 
recordações ou, ainda, transforme-as em pontos de reflexão para direcionar suas ações quanto ao que 
não pretende ser ou fazer em sua atuação profissional.
Nossas memórias tornam-se referências quando, além de selecioná-las, fazemos um movimento de 
reflexão sobre elas, como ao refletir sobre suas ações durante a formação teórica e a formação prática, 
culminando na formação profissional docente.
Você já sonhou com seu futuro profissional? Já se questionou sobre:
• Que professor não pretende ser?
• Como serão suas aulas?
• Em que tipo de escola gostaria de lecionar?
• Como será sua relação com os alunos e a equipe de trabalho?
• O que você almeja para sua carreira profissional?
Muitas respostas você somente terá durante sua trajetória, ao adquirir experiências e novas 
aprendizagens. Por ora, vamos dar o primeiro passo para sua formação docente, o curso de licenciatura 
que agora se inicia.
4 A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DOCENTE
4.1 O que é prática de ensino?
Nos cursos de licenciatura da UNIP, a disciplina de Prática de Ensino se dará por meio da articulação 
de atividades relacionadas às especificidades de cada curso. Será desenvolvida no decorrer de seu curso 
com atividades assim distribuídas:
Quadro 2
Pr
át
ic
as
 d
e 
en
sin
o
Introdução à docência 
Observação e projeto
Integração escola e comunidade
Vivência no ambiente educativo
Princípios pedagógicos em sala de aula
O uso dos recursos didáticos em sala de aula
Trajetória da práxis
Reflexões
17
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
De modo geral, esse conjunto de atividades visa levá-lo a se perceber como indivíduo inserido em 
uma sociedade que compreende, entre outros aspectos, uma educação, que se configura como seu 
futuro ambiente de trabalho.
Para isso, você deverá percorrer uma trajetória que possibilite a compreensão do papel que deverá 
exercer futuramente como professor, ajudando a formar ou transformar pessoas e a sociedade em que 
estão inseridas.
 Observação
A Prática de Ensino, por ser uma disciplina teórico-prática, talvez a 
única com essa característica em se tratando da formação de professores, 
desenvolve-se a partir de vivências pedagógicas no interior da escola. 
Em seu desenvolvimento, o contato com o espaço educativo da escola é 
imprescindível, pois é dessa realidade que as propostas de ensino devem 
emergir.
A Prática de Ensino: Introdução à Docência, bem como as demais atividades da dimensão prática do 
curso, apoia-se em documentos normativos e legais. Os principais documentos que dão base à prática 
de ensino são os seguintes:
• Constituição da República Federativa do Brasil de 1988;
• Lei Federal n. 9394 de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
• Lei n. 11.788 de 2008 – Lei dos Estágios;
• Resolução CNE/CP 002 de junho de 2015: Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
formação inicial em nível superior e para a formação continuada.
Em momento anterior aos pareceres e resoluções do Conselho Pleno do Conselho Nacional de 
Educação de 2002 (resoluções revogadas pela Resolução CNE/CP 2/2015), a concepção dominante nos 
cursos de formação de professores apresentava dois polos isolados:
• supervalorizava os conhecimentos teóricos e acadêmicos, desprezando as práticas como 
importante fonte de conteúdos de formação – visão aplicacionista das teorias;
• supervalorizava o fazer pedagógico, desprezando a dimensão teórica dos conhecimentos como 
instrumento de seleção e análise contextual das práticas – visão ativista da prática.
Evidenciava-se, então, a necessidade de integração entre a teoria e a prática.
18
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
A visão aplicacionista das teorias, por um lado, ao desprezar a prática, diminuía o potencial de 
aprendizagem dos temas estudados, menosprezava o fazer em detrimento do saber. Ora, o saber sem 
uma aplicação necessária é praticamente inoperante. Não se pode imaginar a teoria sem a prática, 
pois ela (a teoria) só foi desenvolvida por necessidade prática, ou seja, alguém, na prática, observou a 
necessidade de desenvolvê-la. Esse extremismo aplicacionista das teorias, portanto, não oferecia resposta 
adequada aos problemas da sociedade, pois se mostrava reducionista do potencial de aprendizagem dos 
temas abordados.
Por outro lado, a visão ativista da prática também, ao desprezar a teoria, diminuía o potencial de 
aprendizagem dos temas estudados, pois menosprezava o saber em detrimento do fazer. Se há o que se fazer, 
que se faça direito, e fazer direito envolve a teoria necessariamente, o conhecimento em plena integração 
com a ação. A prática sem a teoria não oferece respostas adequadas para a evolução da sociedade. O fazer 
não pode prescindir do saber. Assim, o extremismo ativista da prática, do mesmo modo, se mostrava 
reducionista do potencial de desenvolvimento da aprendizagem, que visa à melhoria da sociedade.
Era necessária, portanto, uma mudança de paradigma, e isso foi objeto dos pareceres e resoluções 
do Conselho Nacional de Educação (CNE), que aprimorou de modo significativo a concepção de prática 
e de estágio em documentos legais e normativos recentes.
As resoluções e pareceres do CNE são peças indispensáveis do conjunto das Diretrizes Curriculares 
Nacionais. Desse modo, sinalizam que a prática de ensino não pode ser restringida ao estágio, 
desarticulada do restante do curso. A prática deve estar presente nas áreas ou nas disciplinas como 
componente curricular desde o início da licenciatura.
A prática de ensino é uma dimensão do conhecimento que está presente tanto nos cursos de 
formação, nos momentos de reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos 
momentos em que se exercita a atividade profissional.
Essa visão mostra uma importante evolução na concepção de prática. Aponta para o fato de que 
toda teoria apresenta uma dimensão prática. Essa prática não tem sua origem na teoria; pelo contrário, 
articula-se com ela, em tempo e espaço curricular específico e numa abordagem interdisciplinar.
As atividades propostas nas disciplinas de prática de ensino devem privilegiar os procedimentos 
de observação, pesquisa e reflexão em situações contextualizadas, podendo ser enriquecidas por 
tecnologias, projetos, situações simuladoras e estudos de caso.
Quando você estiver realizando as atividades de prática de ensino, será o momento emque estará 
buscando fazer algo, produzir algo, que a teoria irá conceituar e significar, com isso administrar o campo 
e o sentido dessa atuação.
A prática de ensino contempla todas as atividades desenvolvidas com alunos e professores 
na escola ou em outros ambientes educativos não escolares, sob acompanhamento e supervisão 
da universidade, em articulação direta com o estágio curricular supervisionado e com as atividades de 
trabalho acadêmico; também concorre conjuntamente para a formação da identidade do professor.
19
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
A prática profissional iniciará com a prática de ensino, numa perspectiva de gradativa problematização 
do trabalho educativo que leve em conta a sua complexidade. As atividades previstas na dimensão 
prática do curso são planejadas com a intenção de desenvolver competências que possibilitem reflexão 
e organização do trabalho em grupo, na tentativa de abranger e, eventualmente, superar as condições do 
cotidiano das unidades escolares.
As atividades práticas criarão oportunidades para que você se defronte com problemas concretos 
do processo de ensino e de aprendizagem e da dinâmica própria do espaço escolar, como resultado de 
estudos, propostas pedagógicas e pesquisas desenvolvidas ao longo do curso. Isso deve impulsioná-lo 
a um processo de reflexão sobre questões ligadas às políticas educacionais do país, ao projeto 
político-pedagógico da escola e às ações pedagógicas desenvolvidas no cotidiano das salas de aula. 
Tudo isso você irá aprender, de modo que quando estiver realizando as práticas e os estágios não sejam 
palavras e assuntos sem sentido.
5 ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
Como anteriormente mencionado, o estágio curricular supervisionado está diretamente ligado à 
prática de ensino. Trata-se de uma situação de aprendizagem que supõe uma relação pedagógica entre 
alguém que já é um profissional atuando numa instituição de ensino e um estudante – o estagiário.
Art. 14. § 4º O estágio curricular supervisionado é componente obrigatório 
da organização curricular das licenciaturas, sendo uma atividade específica 
intrinsecamente articulada com a prática e com as demais atividades de 
trabalho acadêmico (BRASIL, 2015).
O estágio oferece ao futuro professor um conhecimento da realidade em situação de trabalho. 
Em contato com o mundo do trabalho, terá oportunidade de adquirir habilidades técnicas para 
iniciar o exercício da docência sob a supervisão de um profissional experiente. Não é uma atividade 
facultativa, já que se trata de uma das condições para a obtenção do diploma.
 Lembrete
Estágio curricular supervisionado é o tempo de aprendizagem que 
supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional 
reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e o estagiário.
O estágio curricular supervisionado, por sua vez, inserido em momento adequado do curso, constitui 
a fase de treinamento que permite a você, por meio da vivência prática das atividades docentes, 
complementar sua formação acadêmica nos aspectos técnico, cultural, científico e humano. É o espaço 
de consolidação dos conteúdos teóricos das disciplinas pedagógicas e de fundamentos da educação. 
É um período de permanência em ambiente real de trabalho em escolas da comunidade e em outros 
espaços educacionais, possibilitando a você vivências concretas necessárias para assumir a liderança de 
uma sala de aula, assim como trocar experiências com outros profissionais da educação.
20
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
O estágio é realizado considerando-se a formação pessoal, vivência profissional e cidadania, não 
se trata de uma simples preparação para o trabalho, mas de uma primeira experiência no campo 
profissional. Também contribuirá para a realização das atividades de prática de ensino, nas quais deverá 
movimentar suas observações, impressões e aprendizagens obtidas ao estagiar em ambientes escolares 
e não escolares.
Você, futuro educador, deve preparar-se para oferecer a seus educandos as melhores condições 
para o desenvolvimento de competências. Não deve apenas transmitir informações isoladas ou propor 
tarefas repetitivas, mas apresentar conhecimentos contextualizados, usar estratégias para desenvolver 
habilidades específicas visando uma aprendizagem significativa.
O planejamento e a execução das práticas no estágio devem estar apoiados nas reflexões desenvolvidas 
nos cursos de formação. Em outras palavras, as reflexões desenvolvidas no seu curso devem apoiar o 
planejamento e a execução das atividades práticas do estágio.
As atividades de estágio são avaliadas. Essa avaliação constitui momento privilegiado para uma 
visão crítica da teoria e da estrutura curricular do curso. Trata-se, assim, de tarefa para toda a equipe de 
professores, e não apenas para o professor orientador de estágio.
O estágio não é uma atividade exclusivamente prática, uma vez que é alimentado pelas reflexões 
teóricas desenvolvidas durante o curso de formação do professor. Desse modo, não há como fazer uma 
distinção tão exata entre teoria e prática no curso de formação docente, tanto nas atividades envolvidas 
diretamente com o estágio quanto nas atividades desenvolvidas nas demais disciplinas.
Assim, a prática de ensino juntamente ao estágio supervisionado deve articular a teoria e a prática 
de maneira que, até o final do curso, você as tenha relacionado para construir novos saberes.
Art. 15. § 2º Durante o processo formativo deverá ser garantida efetiva e 
concomitante relação entre teoria e prática, ambas fornecendo elementos 
básicos para o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessários 
à docência (BRASIL, 2015).
Essa competência está associada à conjugação dos diversos saberes mobilizados pelo indivíduo (saber, 
saber-fazer e saber-ser) na realização de uma atividade. Não se referem apenas aos conhecimentos 
formais da profissão, mas a toda a gama de aprendizagens interiorizadas nas experiências vividas.
De acordo com Cruz (2002), é a prática de determinadas habilidades que constrói a competência. 
Uma pessoa é competente quando tem os recursos para realizar bem uma determinada tarefa, mesmo 
que seja uma situação complexa.
 Lembrete
Habilidades expressam competências, as quais se constituem na prática.
21
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
6 RELAÇÃO ENTRE O SABER E O FAZER
Não basta ao profissional ter conhecimentos sobre o seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar 
esses conhecimentos, transformando-os em ação. Para ser professor não basta o saber, é necessário 
aplicar o conhecimento sobre o seu objeto de trabalho, que, no melhor sentido da palavra, é o educando. 
Caso a aprendizagem não ocorra, não houve êxito.
O profissional de hoje precisa de uma formação adequada e ter a consciência de que não basta 
abrir um livro didático em sala de aula para que os educandos aprendam. A educação escolar não deve 
receber uma abordagem superficial e mecânica, sem vínculos com as situações que fazem sentido em seu 
cotidiano. Os educandos devem resolver problemas, discutir ideias, checar informações, levantar hipóteses, 
fazer conjecturas e serem desafiados constantemente. Como sinalizou Paulo Freire, “ensinar não é apenas 
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (2002, p. 22).
Muitas vezes nos deparamos com um ensino que se resume a regras e modelos que o educando 
não entende e nem o professor sabe para que servem. Falta aprofundamento no saber docente para 
conhecer os aspectos mais relevantes do processo de ensinar e aprender, aqueles que possibilitam 
considerar os conhecimentos prévios dos alunos, as situações didáticas e os novos saberes a construir. 
É preciso aumentar a participação do educando na produção do conhecimento, pois eles não suportam 
mais aulas maçantes e vazias de significados.
O professor tem o dever de adquirir conhecimentos para ensinar oferecendo condições e situações 
de aprendizagem adequadas. Deve conhecer o conteúdoespecífico e as formas de sua produção, ser 
consciente do seu papel na sociedade, na formação do educando para o trabalho e a cidadania.
Por isso, o desenvolvimento profissional permanente é uma necessidade inevitável, mas não deve ser 
visto como uma mera consequência da profissão, pois o professor não dever ser apenas um consumidor de 
conhecimentos. O desenvolvimento profissional, seja ele inicial ou continuado, deve ser encarado de modo 
positivo e produtivo, sendo o professor capaz de produzir conhecimento, de valorizar o que já foi desenvolvido 
por outros profissionais, de questionar suas próprias crenças e práticas de ensino através da reflexão.
Não podemos mais aceitar profissionais que cometem erros e imprudências em sala por falta de 
conhecimento, por não investir em seu desenvolvimento profissional, seja ele inicial ou continuado. 
No  caso específico da formação de professores, o processo reflexivo é exigência permanente para 
conhecer e refletir criticamente sobre os elementos presentes em qualquer situação de sala de aula.
É desvelando o que fazemos dessa ou daquela forma, à luz de conhecimentos 
que a ciência e a filosofia oferecem hoje, que nos corrigimos e nos 
aperfeiçoamos. É a isso que chamo pensar a prática, e é pensando a prática 
que aprendemos a pensar e a praticar melhor. E quanto mais penso e 
atuo assim, mais me convenço, por exemplo, de que é impossível ensinar 
conteúdo sem saber como pensam os alunos no seu contexto real, na sua 
continuidade. Sem saber o que eles sabem independentemente da escola para 
que os ajudemos a saber melhor o que já sabem, de um lado e, de outro, 
para, a partir daí, ensinar-lhes o que ainda não sabem (FREIRE, 2002, p. 105).
22
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
 Saiba mais
Para ampliar sua compreensão a respeito da importância do estágio 
supervisionado, acesse:
SOUZA, E. M.; MARTINS, A. M. G. S. Estágio supervisionado nos cursos 
de licenciatura: pesquisa, extensão e docência. Revista Práxis Educacional, 
Vitória da Conquista, v. 8, n. 13, p. 143-145, 2012.
7 A NECESSIDADE DA REFLEXÃO SOBRE A ATIVIDADE PRÁTICA
Refletir é olhar a própria ação de uma maneira particular e à distância. 
É tomar uma certa distância para melhor julgar o que se 
está fazendo, ou o que se fez, ou o que se fará.
Pierre Furter
Durante o curso de licenciatura, o futuro professor desenvolverá habilidades e, assim, irá adquirir 
competências, mas o percurso nesse processo pede outra organização, na qual o exercício das práticas 
profissionais e de reflexão sistemática sobre elas ocupe um lugar central.
A realização das atividades e a reflexão sobre as práticas deixam de ser periféricas na formação do 
professor e passam a ocupar um espaço maior e mais importante. Não se trata de desvalorizar a teoria, mas 
de valorizar a prática para que o conhecimento seja aplicável e aplicado, pois tais elementos, anteriormente, 
eram negligenciados nos cursos de licenciatura, mas agora isso foi resolvido.
Lembre-se de que a prática não se resume ao estágio. Desde o início do curso, ela estará presente 
em todos os momentos para possibilitar ao professor em formação uma visão abrangente sobre tudo o 
que de mais importante envolve o “ser professor” de uma escola de educação básica no Brasil, estando 
apto, assim, a atuar profissionalmente.
Outro ponto importante é a realização das atividades de prática de ensino de maneira colaborativa, 
favorecendo a interação, o diálogo e a confiança entre os futuros professores, e entre eles e seus 
formadores, uma vez que tais aprendizagens necessitam de práticas sistemáticas.
Os cursos de licenciatura devem criar dispositivos de organização curricular e institucional que 
favoreçam o uso de recursos de tecnologia da informação e comunicação que possibilitem a convivência 
interativa dentro da instituição e entre esta e o ambiente educacional.
A promoção de atividades que propiciem comunicação é condição sine qua non (do latim, significa 
“sem a qual não”) para a qualificação do curso. A socialização deve ser promovida e os estudantes devem 
compartilhar suas experiências, visando somar conhecimentos e subtrair dúvidas nesses contatos.
23
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Para que sua formação docente seja um sucesso, é importante reconhecer a importância de outra 
modalidade de prática – a prática reflexiva.
Podemos afirmar que o termo reflexivo tem como uma de suas raízes as ideias de John 
Dewey (1859-1952) filósofo, psicólogo e pedagogo norte-americano, ao caracterizar o pensamento 
reflexivo e defender o poder da reflexão como elemento impulsionador da melhoria das práticas 
profissionais docentes.
Dewey (1959, p. 13) considera o pensamento reflexivo como a melhor maneira de pensar e o 
define como “a espécie de pensamento que consiste em examinar mentalmente o assunto e dar-lhe 
consideração séria e consecutiva”.
Formar um profissional reflexivo envolve atividades de busca e investigação, o oposto da rotina, 
onde há aceitação sem reflexão do contexto. Na ação reflexiva, há a problematização da realidade vivida.
É necessário que, durante o curso e principalmente no decorrer das disciplinas de Prática de 
Ensino e Estágio Supervisionado, você desenvolva três atitudes básicas, que de acordo com Lalanda e 
Abrantes (1996) favorecem a ação reflexiva da seguinte forma:
• Abertura de espírito: saber ouvir opiniões, informações provenientes de fontes diversificadas, ter 
capacidade de aceitar alternativas de percurso e reconhecer possibilidades de erros.
• Responsabilidade: fazer ponderações cuidadosas das consequências de determinadas ações.
• Empenho: traduz-se no desejo de mobilizar as atitudes anteriores.
O termo professor reflexivo foi disseminado através das ideias de Donald Schön sobre a prática 
profissional, fundamentando-se nos princípios de Dewey.
Schön (2000) percebeu que em várias profissões, não apenas na prática docente, existem situações 
conflitantes, desafiantes, nas quais a aplicação de técnicas convencionais simplesmente não resolve 
os problemas. Não se trata de abandonar a utilização da técnica, mas haverá momentos em que o 
profissional estará em situações conflitantes e ele não terá como se guiar somente por critérios técnicos 
preestabelecidos.
Os bons profissionais utilizam uma série de estratégias não planejadas, cheias de criatividade, para 
resolver problemas do dia a dia. Schön (2000) identifica nos bons profissionais uma combinação de 
ciência, técnica e arte. É essa dinâmica que possibilita ao professor agir em contextos instáveis como os 
da sala de aula.
Schön (2000) propõe a superação dessa formação de caráter técnico e sugere uma proposta de 
formar um profissional capaz de refletir sobre sua ação para compreender e melhorar sua prática. 
Defende a ideia de “aprender fazendo” como princípio formador, pois acredita que somente pela própria 
experiência vivida o profissional irá se apropriar verdadeiramente de conhecimentos. E, ainda, defende 
a reflexão como o principal instrumento de apropriação desses saberes.
24
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Encontramos em Schön (2000) uma forte valorização da prática na formação profissional, mas como 
uma prática refletida como momento de construção de conhecimentos pela análise e problematização 
de situações novas, de incerteza e indefinição. Dessa forma, é possível considerar a reflexão como um 
modo de conexão entre o conhecimento e a ação nos contextos práticos da sala de aula.
 Saiba mais
Leia um pouco mais sobre prática reflexiva e formação docente 
acessando o seguinte artigo:
ZEICHNER, K.; SAUL, A.; DINIZ-PEREIRA, J. E. Pesquisar e transformar 
a prática educativa: mudando as perguntas da formação de professores. 
Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 2211-2224, out./dez. 2014. 
Disponível em: https://cutt.ly/QMVFixj. Acesso em: 21 nov. 2022.
7.1 A aplicação do conhecimento teórico na profissão
A formação de professores necessita de estudos disciplinares que possibilitem uma sistematizaçãoe 
um aprofundamento de conceitos e relações, no entanto, é indispensável levar em conta que a atuação 
do professor não é a do físico, nem do biólogo, psicólogo ou sociólogo, é a atuação de um profissional 
que usa os conhecimentos dessas disciplinas específicas para ensinar.
O professor é um profissional diferenciado, que não deve ser confundido com o geógrafo, historiador, 
matemático, biólogo etc. Esse profissional fez sua opção pela carreira docente, que tem seus métodos e 
objetos próprios de trabalho, os quais são diferenciados daqueles de profissionais formados em cursos 
de bacharelado. Nesse sentido, o conhecimento básico obtido na dimensão teórica do curso deve ser 
aplicado na sua dimensão prática.
O professor deve ter uma base de conhecimento que se refere a um repertório próprio, com 
categorias de conhecimento que subsidiam a compreensão necessária para promover a aprendizagem 
dos alunos.
As fontes desse conhecimento básico do professor para ensinar, segundo Shulman (1987), são: a 
formação acadêmica (licenciatura); o contexto educativo institucionalizado (a universidade e as escolas); 
a escolarização anterior e os fenômenos socioculturais que permeiam sua vida e, por fim, o saber teórico 
que valida a prática em si mesma.
Prática é um termo que possui um conceito mais amplo se comparado ao termo “estágio”. Nesse 
sentido, sua dimensão deve abranger todo o curso.
Todas as disciplinas que constituem o currículo de formação, e não apenas as pedagógicas, têm 
sua dimensão trabalhada tanto na perspectiva da sua aplicação no mundo social e natural quanto 
na perspectiva da sua didática, em tempo e espaço curricular específico. As atividades desse espaço 
25
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
curricular de atuação coletiva e integrada dos formadores superam o estágio e têm como finalidade 
promover a articulação das diferentes práticas numa perspectiva interdisciplinar.
Nessa perspectiva, não existe disciplina exclusivamente teórica, completamente desarticulada da 
prática. Todas as disciplinas do curso têm uma dimensão prática, até porque as teorias somente são 
desenvolvidas quando na prática alguém descobre sua necessidade.
8 TEXTOS PARA REFLEXÃO
Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é: a coragem minha. Buriti quer 
todo o azul, e não se aparta de sua água – carece de espelho. Mestre não é quem 
sempre ensina, mas quem de repente aprende.
Guimarães Rosa
A seguir, veremos alguns textos com objetivos específicos para analisar, interpretar e refletir dentro 
da prática pedagógica cotidiana.
8.1 Educação? Educações: aprender com o índio
O livro O que é educação, escrito por Carlos Rodrigues Brandão, foi publicado pela primeira vez em 
1981. Nele, o autor propõe uma discussão sobre o processo de educação ao longo do tempo, desde os 
gregos e romanos, passando pela educação indígena, até a que temos atualmente, e destaca que não há 
uma única forma nem um único modelo de educação, e que não é somente na escola que ela acontece, 
nem o professor o seu único representante, entre inúmeras outras questões.
 Destaque
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo 
ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, 
para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias 
misturarmos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. 
E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a 
educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns 
índios uma vez escreveram?
Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de 
paz com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação 
sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus 
governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às 
escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou 
conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de 
divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:
26
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
“Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e 
agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções 
diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a 
vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa.
… Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e 
aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus 
corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. 
Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam 
a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como 
guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos 
aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que 
nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, 
deles, homens”.
De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais 
importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único 
modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o 
melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu 
único praticante.
Em mundos diversos, a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais 
de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em 
países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com 
este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e culturas sem 
Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, 
ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros 
povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à 
comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis 
práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem 
professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos 
pedagógicos.
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as 
pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é 
comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um 
sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que 
reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e 
dos símbolos.
27
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que 
a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. 
Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos 
os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos 
sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do 
artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, 
a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a 
natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria 
educação habita, e desde onde ajuda a explicar – às vezes a ocultar, às vezes a inculcar 
– de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.
Por isso mesmo – e os índios sabiam – a educação do colonizador, que contém o saber 
de seu modo de vidae ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, 
na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma 
educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, 
em seu mundo, dentro de sua cultura.
Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios 
de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar 
tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os 
outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do processo 
de produção de crenças e ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas 
de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é 
a sua força.
No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o 
educador imagina que serve ao saber e a quem ensina, mas, na verdade, ele pode estar 
servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos 
escusos que ocultam também na educação – nas suas agências, suas práticas e nas ideias 
que ela professa – interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à 
sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.
Aqui e ali será preciso voltar a estas ideias, e elas podem ser como que um roteiro 
daqui para a frente. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos 
sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão é 
transformar sujeitos e mundo em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se 
tem de uns e outros: “e deles faremos homens”. Mas, na prática, a mesma educação que 
ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, 
ou do que inventa que pode fazer: “eles eram, portanto, totalmente inúteis”.
Fonte: Brandão (1993, p. 3-5).
28
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Brandão se tornou uma referência nesse assunto, afirmando que a educação aparece sempre que 
surgem formas sociais de condução e controle do ensinar e aprender, acontecendo quando se sujeita à 
pedagogia e criam-se situações próprias para seu exercício, seus métodos, e estabelecem-se suas regras. 
Dessa forma, ninguém educaria ninguém, os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo.
Exemplo de aplicação
Vamos refletir sob algumas questões.
• Se é verdade que “ninguém escapa da educação”, como se explica a expressão “falta de educação”?
• Os índios das Seis Nações iniciam a sua carta com a expressão “Nós estamos convencidos, 
portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração”. Seria um 
sinal de ingenuidade? Explique seu ponto de vista.
• “Diferentes nações têm concepções diferentes das coisas”. Que relação há entre as diferentes 
nações e as diferentes educações de cada povo?
• A nação brasileira apresenta apenas uma educação?
• “Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte [...]. Mas, quando 
eles voltavam para nós, eles eram [...]totalmente inúteis. Enviem-nos alguns dos seus jovens, que 
lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens”. Como se insere a educação no 
processo de dominação de uma nação pela outra?
• “Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde 
ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor 
profissional não é o seu único praticante”. Considerando-se essa afirmação, qual o papel da escola 
no processo educacional de um povo?
• “Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre 
povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a 
educação como um recurso a mais de sua dominância”. Com base nessa afirmação, como seria 
possível definir, em poucas palavras, a educação do Brasil?
• A educação “pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o 
controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens”. Se há um 
controle sobre o saber, como ter certeza de que o que se aprende nas escolas é verdade?
• “A educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente 
legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. 
Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como 
um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura”. Diante dessa afirmação, o que dizer 
sobre o atual estágio da educação brasileira? Ela reflete a educação do vencedor ou do vencido? 
A educação que nós recebemos, então, não é a única possível? Qual seu ponto de vista?
29
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
• “[...] quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os 
homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais 
do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui 
e legitima”. Faça uma relação entre essa afirmação e o processo de globalização, atualmente em 
curso em nosso planeta.
• “[...] pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que 
serve ao saber e a quem ensina, mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu 
professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na 
educação”. Qual a importância do professor/educador na formação ou na transformação da 
sociedade em que ele se insere?
• A missão da educação “é transformar sujeitos e mundo em alguma coisa melhor, de acordo com 
as imagens que se tem de uns e outros [...] e deles faremos homens”. Mas, na prática, a mesma 
educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que 
faz, ou do que inventa que pode fazer: “eles eram, portanto, totalmente inúteis”. Reflita.
8.2 O fax do Nirso
Vejamos o seguinte caso, de um autor desconhecido.
“Um gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores:
‘Seo Gomis
O criente de Beozonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor toma as providenssa, Abrasso, Nirso’
Aproximadamente uma hora depois, recebeu outro:
‘Seo Gomis
Os relatório di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo qui manda umas treis 
mil pessa. Amanhã to xegando.
Abrasso, Nirso’
No dia seguinte:
‘Seo Gomis
Num xeguei pucausa de que vendi maiz deis mil em Beraba. To indu pra Brasilha.
Abrasso, Nirso’
No outro:
‘Seo Gomis,
Brasilha fexo 20 mil. Vo pra Froniloplis e de la pra Sum Paulo no vinhâo das cete hora.
Abrasso, Nirso’
30
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
E assim foi o mês inteiro. O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao 
presidente as mensagens que recebeu do vendedor. O presidente escutou atentamente o gerente e 
disse: “Deixa comigo, que eu tomarei as providências necessárias”.
E tomou. Redigiu de próprio punho um aviso e o afixou no mural da empresa, juntamente com as 
mensagens de fax do vendedor:
‘A parti de oje, nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si priocupá menos em iscrevê serto, mod vendê maiz.
Acinado, O Prizidenti.’”
Exemplo de aplicação
Algumas questões para reflexão:
• A educação escolar está perdendo espaço no mercado de trabalho?
• Num mercado competitivo, todo profissional precisa de um diferencial para ocupar determinadas 
posições e ascender na carreira. Por vezes, esse diferencial é representado por um ou mais diplomas. 
Com base no texto e nessa afirmação, analise o papel da educação formal no mercado de trabalho.
• Alguns estudiosos afirmam que a educação evolui num ritmo muito lento em relação a outros 
elementos da sociedade. Que aspectos devem, então, ser ressaltados na educação para que ela 
acelere sua evolução e consiga acompanhar o ritmo dos outros elementos sociais?
8.3 A Históriade Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo)
A próxima história tem a seguinte condição: o direito de exercer novos pontos de vista a partir de 
uma história que todos acreditam que já conhecem.
 Destaque
Esta história será contada de uma maneira não tradicional.
Certa manhã estava eu passeando pela minha casa – sim, porque eu não sei se vocês 
sabem, mas a floresta é a minha casa – e, de repente, deparei com uma visão terrível.
Vi uma menina vestida com uma roupa vermelha horrorosa, com um chapéu vermelho 
igualmente horroroso, carregando uma cesta cheia de produtos embalados com material 
plástico, que leva milhares de anos para se desintegrar na natureza.
31
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Imaginei que ela fosse fazer um piquenique ou coisa parecida e pensei: não posso 
permitir que ela deixe aquele material jogado pela mata. Ela vai sujar a minha casa 
e dos meus companheiros de floresta. Vou tentar preveni-la dos cuidados ecológicos 
fundamentais. Por outro lado, que descuidados são esses humanos: deixar uma menina 
tão pequena passear pela floresta desse jeito, correndo o perigo de ser apanhada por 
algum predador (dentre os quais eu me incluo).
Como eu estava com o apetite devidamente saciado, resolvi, sem segundas 
intenções, falar com a menina e induzi-la a sair da floresta pelo mesmo caminho por 
onde entrou. Isto seria melhor para todos… e assim o fiz, mas, assim que me deparei 
com a menina, ela foi logo gritando feito uma louca e me batendo com a cesta que 
tinha na mão; nem sequer me ouviu, não me deu oportunidade para falar o que eu 
queria e explicar o motivo da nossa conversa. Só repetia várias vezes que eu não iria 
comer o lanche que ela havia preparado para a sua vovozinha, que eu era horrível, que 
isso e aquilo. Logo vi que não conseguiria atingir o meu intento. Mas… ela é só uma 
menina… e assim pensando, resolvi perdoá-la.
Apesar de ter ficado furioso com ela num primeiro instante, resolvi procurar por uma 
velhinha que, algum tempo antes, havia construído uma casinha de madeira perto do 
rio. Na época, todos nós aqui da floresta havíamos ficado furiosos com ela, pois derrubou 
nossas árvores e, assim, destruiu a casa de muitos de nossos companheiros animais para 
construir aquela casa horrenda, mas, devido à avançada idade, resolvemos relevar e 
deixá-la ficar. Só podia ser ela a vovozinha daquela menina tão mal-educada.
Segui por atalhos que só nós, moradores da floresta, conhecemos e, assim, cheguei 
na casa da velhinha bem antes da sua neta. Segui um caminho muito longo para alertar 
a senhora dos males que ela e a sua neta poderiam provocar no nosso ecossistema, mas 
ela também não me deu a menor oportunidade de me pronunciar; foi logo me batendo 
e fazendo um escândalo tremendo, muito barulho, muita gritaria, virou-se e pegou uma 
velha espingarda, certamente com a intenção de matar-me. Não tive outra alternativa, 
senão comer a velha senhora.
Minutos depois, a menina acabou chegando na casa da sua avó. Sabendo que ela 
iria provocar novo escândalo, resolvi me disfarçar e, assim, vesti algumas roupas da tal 
velhinha e tentei me fazer passar por ela, deitado em seu leito.
Quando ela chegou, tentei dissuadi-la a ir embora o quanto antes, mas a menina 
novamente começou a me insultar dizendo: que nariz grande e horrível você tem… que 
orelhas estranhas você tem… que olhos caídos e remelentos você tem… eu procurei 
responder a todas as perguntas com ternura, mas para tudo há um limite, e minha 
paciência já estava em ponto de se esgotar, quando tirei o disfarce. Diante dos gritos da 
menina, e temendo a aproximação de caçadores que sempre afluíam ao local, não tive 
alternativa senão comê-la também.
32
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Meu temor, no entanto, se concretizou: um caçador me encontrou e, antes mesmo 
que eu começasse a me explicar, atirou impiedosamente e me acertou… agora, cá estou 
eu, com a barriga aberta, moribundo, e vocês ainda estão vibrando com isto, ensinando 
suas crianças que o malvado dessa história sou eu… isso é muito injusto, muito injusto.
Adaptado de: Antunes (2004).
Esta história possui uma peculiaridade: ela é relatada na versão do lobo. Isso nos leva a algumas 
importantes reflexões sobre a educação que estamos oferecendo em nossas escolas.
Exemplo de aplicação
• Ao apresentar aos alunos nossas opiniões sobre fatos como verdades absolutas, será que não 
estamos negando-lhes o direito de optar?
• Será que é justo negar-lhes o direito de optar, mesmo que essa opção represente a ideia da minoria?
• Será que o que extraímos do conteúdo da geografia, da história, da literatura e mesmo da 
matemática representa uma verdade ou uma opinião?
• Será que, quando falamos em exclusão, não estamos sendo excludentes ao tirarmos a oportunidade 
do aluno de avaliar, fazer seu próprio julgamento e tirar suas conclusões?
• Com relação ao conteúdo ensinado e aprendido nas escolas, há apenas uma verdade?
• Com relação ao conteúdo ensinado e aprendido nas escolas, há apenas verdades?
• Problematizar uma dúvida não levaria à construção de outras verdades?
8.4 Uma pescaria inesquecível
Vamos continuar com a leitura de um texto a respeito de ética.
 Destaque
Ele tinha 11 anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar num cais próximo ao 
chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.
A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da 
tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada. O menino amarrou uma isca 
e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água.
33
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Logo, elas se tornaram prateadas, pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o 
caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha.
O pai olhava com admiração, enquanto o garoto, habilmente, e com muito cuidado, 
erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era 
permitida na temporada.
O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras volvendo para trás e para 
frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de 10 horas 
da noite… Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada. Em seguida, 
olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:
— Você tem que devolvê-lo, filho!
— Mas, papai — reclamou o menino.
— Vai aparecer outro — insistiu o pai.
— Não tão grande quanto este — choramingou a criança.
O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. 
Voltou novamente a olhar para o pai.
Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão 
era inegociável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água 
escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu.
Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe tão 
grande quanto aquele. Isso aconteceu há 34 anos. Hoje, o garoto é um arquiteto 
bem-sucedido. O chalé continua lá, na ilha, em meio ao lago, e ele leva seus filhos 
para pescar no mesmo cais.
Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso 
como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que se depara com 
uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão 
de certo e errado. Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A 
ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando. Essa 
conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o peixe à água.
A boa educação é como uma moeda de ouro: tem valor em toda parte.
Fonte: Canfield et al. (2003, p. 94-96).
34
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Refletir sobre ética é refletir sobre a moral, os costumes, as regras, os tabus, as crenças, e tudo isso 
pode variar, e se influenciar, dependendo da sociedade e da época. Portanto, para se refletir sobre ética, 
é necessário antes de qualquer coisase obter conhecimento e percepção de julgamento.
Exemplo de aplicação
Algumas questões para reflexão:
• Complete a frase: “Ética é…”.
• Se a ética é algo tão importante, por que não faz parte da grade curricular da maior parte das 
escolas de educação básica no Brasil?
• Reflita sobre o conteúdo da frase “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? ” – a chamada lei de 
Gerson – e faça uma relação com o texto.
• “O que é certo é certo, mesmo que ninguém o faça; e o que é errado é errado, mesmo que todo 
mundo o faça”. Relacione a afirmação com o texto.
8.5 A folha amassada
Controlar impulsos, como a raiva, pode ser um grande desafio, mas pode ser aprendido. Se uma 
pessoa consegue reconhecer determinada emoção, ela também consegue definir se o que está sentido 
é ou não apropriado para a situação. Falaremos sobre isso na próxima história, de autoria desconhecida.
“Quando criança, por causa de meu caráter impulsivo, tinha raiva à menor provocação. Na maioria 
das vezes, depois de um desses incidentes, me sentia envergonhado e me esforçava por consolar a quem 
tinha magoado.
Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas depois de uma explosão de raiva, e entregou-me 
uma folha de papel lisa e me disse: Amasse-a!
Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha.
— Agora, deixe-a como estava antes, voltou a dizer-me.
Óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel continuava cheio de pregas. 
O professor disse então:
— O coração das pessoas é como esse papel. A impressão que nele deixamos será tão difícil de 
apagar como esses amassados.
35
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Assim, aprendi a ser mais compreensivo e mais paciente. Quando sinto vontade de estourar, lembro 
daquele papel amassado. A impressão que deixamos nas pessoas é impossível apagar. Quando magoamos 
alguém com nossas palavras, logo queremos consertar o erro, mas é tarde demais.
Alguém já disse, certa vez:
— Fale somente quando suas palavras possam ser tão suaves como o silêncio. Mas não deixe de 
falar, por medo da reação do outro. Acredite principalmente em seus sentimentos. Seremos 
sempre responsáveis pelos nossos atos, nunca se esqueça”.
Exemplo de aplicação
Ciente da importância de saber agir em situações que fujam do controle, considere algumas questões 
para reflexão:
• Como educador, no futuro, você terá que desempenhar várias funções que extrapolam o “simples” 
ensinar e que se inserem no contexto de educar. Você se considera preparado emocionalmente 
para exercer tais funções?
• Como lidar com alunos explosivos como o do texto?
• Aluno explosivo representa necessariamente um aluno-problema?
• Como desenvolver autocontrole de modo que, como professor, você não corra o risco de soltar 
bombas com suas palavras com potencial de causar estragos irremediáveis na vida de seus 
futuros alunos?
8.6 A lição dos gansos
Para se obter um bom êxito profissional, é fundamental que saibamos trabalhar em conjunto. 
Veremos a seguir uma história que mostra um exemplo de relacionamento democrático para se 
conseguir chegar ao destino pretendido. Esta história também é de autoria desconhecida.
“No outono, quando se vê bandos de gansos voando ao sul, formando um grande ‘V’ no céu, 
indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem dessa forma. Sabe-se que quando 
cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando imediatamente a sustentar a ave de trás. 
Ao voar em forma de ‘V’, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais de força de voo do que uma 
ave voando sozinha.
Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessários para 
continuar voando sozinho. Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento 
de ar provocado pela ave que voa imediatamente a sua frente.
36
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
O ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume os demais 
que voam rumo ao sul.
Os gansos detrás gritam, encorajando os da frente para que mantenham a velocidade.
Finalmente, quando um ganso fica doente, ou ferido por um tiro e cai, dois gansos saem da formação 
e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que consiga voar novamente, ou até 
que morra. Só então levantam voos sozinhos, ou em outra formação, a fim de alcançar seu bando”.
Exemplo de aplicação
Pessoas que se deslocam numa mesma direção e que têm o sentido de comunidade podem atingir 
seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois se beneficiam de impulso mútuo. Numa equipe, quando 
um só elemento se esforça na direção contrária, o dispêndio de energia é muito maior e o avanço da 
equipe, menor. Será que você já aprendeu a lição dos gansos?
Se tivéssemos o mesmo sentido dos gansos, nos manteríamos em formação com os que lideram 
o caminho para onde também desejamos seguir. Na educação, o papel de liderança é exercido pelos 
pais (na família), professores (na sala de aula), diretores (na unidade escolar) e, gradativamente, os 
liderados vão aprendendo a ocupar posições de liderança em suas vidas ou a aceitar as lideranças que 
se lhe apresentam. Você se sente preparado para exercer, por exemplo, o papel de professor? Principais 
questões para reflexão:
• Que mensagem passamos quando gritamos detrás? Estímulo aos nossos líderes ou desestímulos? 
Será que nossa mensagem como liderados tem sido útil para promover a melhoria da qualidade 
de vida do grupo? Se você descobrir que tem errado na sua atitude, não se preocupe, pois isso não 
é o fim, mas o começo.
8.7 Assembleia na carpintaria
No nosso cotidiano, é fácil encontrar defeitos nas pessoas com quem convivemos, e ao revelarmos o 
que pensamos, a situação, quase sempre, é recebida negativamente. Mas se expomos as qualidades dessas 
mesmas pessoas, o resultado pode ser positivo, uma vez que geralmente estas se sentirão mais motivadas 
a realizarem suas conquistas. É o que poderemos perceber lendo o próximo texto, de autoria desconhecida.
“Era uma vez uma carpintaria onde aconteceu uma estranha assembleia. Foi uma reunião de 
ferramentas para acertar suas diferenças.
Um martelo presidiu a reunião, mas os participantes avisaram-no que teria de renunciar, pois fazia 
muito barulho e golpeava muito.
O martelo aceitou sua culpa, porém exigiu que fosse expulso o parafuso, alegando que dava muitas 
voltas para conseguir algo.
37
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA
Diante do ataque, o parafuso concordou, desde que expulsassem a lixa, por ser muito áspera no 
tratamento com os demais, atritando sempre.
A lixa acatou a decisão, mas exigiu a expulsão da trena, por sempre medir os outros segundo a sua 
medida, como se fosse perfeita.
No auge da discussão, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou seu trabalho. Utilizou o 
martelo, a lixa, a trena e o parafuso, convertendo uma rústica madeira em um fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente em silêncio com a saída do carpinteiro, a assembleia reiniciou. 
Foi então que o serrote, até então calado, falou:
— Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha somente com 
as nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Vamos deixar nossos pontos fracos e 
concentremos em nossos pontos fortes.
A assembleia entendeu então que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era 
especial para limar e afinar a aspereza e a trena era precisa e exata. Sentiram-se como uma verdadeira 
equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram, então, uma grande alegria em trabalhar juntos.
O mesmo ocorre com os seres humanos. Quando se busca defeito no outro, a situação fica tensa e 
negativa. Ao contrário, quando se busca sinceramente o ponto forte, as qualidades dos outros, florescem 
as melhores conquistas humanas.
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades é para os sábios.”
Exemplo de aplicação
Sozinho, você pode ser bom. Com outros, você tende a ser melhor. Reflita sobre essa questão e 
as que seguem:

Continue navegando