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Instrumental Técnico-Operativo do Serviço Social

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2013
Ações, Dimensões 
e AplicAbiliDADe Do 
instrumentAl 
técnico-operAtivo Do
serviço sociAl
Prof.ª Andréia Zanluca
Prof.ª Juliana Maria Lazzarini
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof.ª Andréia Zanluca
Prof.ª Juliana Maria Lazzarini
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 361.0023
Z25a Zanluca, Andréia
 
 Ações, dimensões e aplicabilidade do instrumental técnico-operativo do 
serviço social/ Andréia Zanluca, Juliana Maria Lazzarini, Vera Lúcia Hoffman 
Pieritz.
 Indaial : Uniasselvi, 2013.
 205 p. : il
 ISBN 978-85-7830-819-3
 I Serviço social como profissão. 
 1.Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
III
ApresentAção
Caro(a) acadêmico(a)!
Iniciamos os estudos de Ações, dimensões e aplicabilidade do 
instrumental técnico-operativo do Serviço Social. Entraremos no mundo 
intrínseco da instrumentalidade da atuação profissional do assistente social, 
no qual estudaremos as dimensões técnico-operativa, teórico-metodológica 
e ético-política do trabalho do assistente social. Para isso, vamos perpassar 
por seus aspectos históricos e estudar como se processa a aplicabilidade dos 
instrumentos e técnicas no exercício profissional do assistente social em seu 
cotidiano profissional. Veremos também alguns aspectos ideológicos que 
norteiam a aplicabilidade e o uso dos instrumentos e técnicas profissionais do 
serviço social e alguns aspectos da natureza, estratégias, particularidades e 
implicações do trabalho do assistente social nos diversos campos de atuação.
Na Unidade 1 você verá questões sobre as dimensões técnico-
operativa, teórico-metodológica e ético-política do trabalho do assistente 
social, no intuito de compreender as diversas dimensões que norteiam 
a atuação profissional do assistente social e desmistificar as diversas 
competências dos profissionais do serviço social na atualidade. Verá também 
concepções da instrumentalidade do serviço social e as diferentes linguagens 
da instrumentalidade do assistente social.
Na segunda unidade você conhecerá a ação profissional e o processo 
interventivo do assistente social no cotidiano, promovendo a reflexão 
sobre os diferentes aspectos ideológicos que permeiam a aplicabilidade dos 
instrumentos, técnicas e ações profissionais do assistente social. Será abordada 
também a questão da consciência e intencionalidade da ação profissional 
do assistente social em seu cotidiano, além da competência relacional do 
assistente social, a racionalidade da práxis profissional no serviço social e 
alguns impasses com relação à aplicabilidade do seu instrumental técnico-
operativo. Por fim, abordaremos o significado da mediação e da ação 
investigativa no serviço social .
Na terceira unidade você compreenderá a aplicabilidade dos 
instrumentos e técnicas no exercício profissional. Veremos a diferença e 
importância da teoria versus a prática profissional do assistente social e quais 
são os métodos e metodologias aplicados na práxis profissional do serviço 
social . Será abordada também qual a aplicabilidade dos instrumentos e 
técnicas no exercício profissional do assistente social.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Pronto(a) para começar a compreender o significado da ciência 
política? Mãos à obra, então.
Bons estudos!
Prof.ª Andréia Zanluca
Prof.ª Juliana Maria Lazzarini
Prof.ª Vera Lucia Hoffmann Pieritz
V
VI
VII
UNIDADE 1 – AS DIMENSÕES TÉCNICO-OPERATIVA, TEÓRICO-METODOLÓGICA 
 E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL ............... 1
TÓPICO 1 – TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL .............................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 CONTEXTO GERAL DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL 
 NO BRASIL ........................................................................................................................................ 3
3 A CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO DO SERVIÇO SOCIAL ......... 8
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 10
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 14
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 – A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL ........................................... 17
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17
2 OS CONTEÚDOS DESSA DIMENSÃO NA TRAJETÓRIA DA PROFISSÃO: 
 O COMO FAZER A PROFISSÃO ................................................................................................... 17
3 RAZÃO E MODERNIDADE ........................................................................................................... 19
4 RACIONALIDADE DO CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL ............................................. 20
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 21
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 – AS COMPETÊNCIAS DO SERVIÇO SOCIAL NA 
 CONTEMPORANEIDADE: POLÍTICA, ÉTICA, INVESTIGAÇÃO E 
INTERVENÇÃO ............................................................................................................ 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE AS COMPETÊNCIAS DO SERVIÇO 
 SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE ..................................................................................... 36
3 COMPETÊNCIA TEÓRICO-METODOLÓGICA ....................................................................... 37
4 COMPETÊNCIA TÉCNICO-OPERATIVA ...................................................................................43
5 COMPETÊNCIA ÉTICO-POLÍTICA ............................................................................................. 50
6 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS TRÊS DIMENSÕES ................................................ 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 57
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 64
UNIDADE 2 – A AÇÃO PROFISSIONAL E O PROCESSO INTERVENTIVO DO 
 ASSISTENTE SOCIAL NO COTIDIANO ........................................................... 65
TÓPICO 1 – ASPECTOS IDEOLÓGICOS NO USO DOS INSTRUMENTOS E 
 TÉCNICAS ..................................................................................................................... 67
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67
2 INTENCIONALIDADE E CONSCIÊNCIA DA AÇÃO PROFISSIONAL ............................. 67
2.1 A CATEGORIA “CONSCIÊNCIA” ............................................................................................ 67
sumário
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ........................................................................................................ 74
2.2 A INTENCIONALIDADE ENQUANTO CATEGORIA TEÓRICA ...................................... 76
2.3 A INTENCIONALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL ................................................................. 81
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ........................................................................................................ 87
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 93
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 94
TÓPICO 2 – NATUREZA, ESTRATÉGIAS, PARTICULARIDADES E 
 IMPLICAÇÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL ........................... 97
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97
2 A COMPETÊNCIA RELACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ............................................. 97
3 A RACIONALIZAÇÃO DA PRÁTICA DA ASSISTÊNCIA: ASPECTOS 
HISTÓRICOS ..................................................................................................................................... 101
4 RACIONALIDADE INSTRUMENTAL E TÉCNICA ................................................................ 104
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 132
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 135
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 136
TÓPICO 3 – IMPASSES DA PROFISSÃO NA APLICABILIDADE DOS 
 INSTRUMENTOS ........................................................................................................ 137
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 137
2 O PROCESSO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO SOCIAL .................................................. 137
3 O SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO SOCIAL ...... 140
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 142
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 147
UNIDADE 3 – A APLICABILIDADE DOS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS NO 
EXERCÍCIO PROFISSIONAL ................................................................................. 149
TÓPICO 1 – TEORIA E PRÁTICA, MÉTODO E METODOLOGIAS........................................ 151
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 151
2 TEORIA VERSUS PRÁTICA ........................................................................................................... 151
3 MÉTODO E METODOLOGIA ....................................................................................................... 155
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 158
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 160
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 161
TÓPICO 2 – O MANEJO DO INSTRUMENTAL TÉCNICO-OPERATIVO 
 DO ASSISTENTE SOCIAL ......................................................................................... 163
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 163
2 A APLICABILIDADE DOS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS NO EXERCÍCIO 
PROFISSIONAL ................................................................................................................................... 163
2.1 A APLICABILIDADE DOS INSTRUMENTOS DE TRABALHO DIRETOS OU 
 “FACE A FACE” ........................................................................................................................... 164
2.1.1 Observação ............................................................................................................................... 165
2.1.2 Entrevista individual e grupal .............................................................................................. 166
2.1.3 Dinâmica de grupo ................................................................................................................. 168
2.1.4 Reunião ..................................................................................................................................... 168
2.1.5 Visita domiciliar ...................................................................................................................... 169
2.1.6 Visita institucional .................................................................................................................. 170
2.1.7 Técnica de encaminhamento ................................................................................................. 171
2.1.8 Perícia social ............................................................................................................................ 171
IX
2.1.9 Parecer social ............................................................................................................................ 172
2.2 A APLICABILIDADE DOS INSTRUMENTOS DE TRABALHO INDIRETOS OU 
 “POR ESCRITO”........................................................................................................................... 172
2.2.1 Atas de reunião ........................................................................................................................ 173
2.2.2 Diário de campo ...................................................................................................................... 173
2.2.3 Relatório social ......................................................................................................................... 174
LEITURA COMPLEMENTAR ...........................................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 178
TÓPICO 3 – OUTRAS CARACTERÍSTICAS INSTRUMENTAIS DA AÇÃO 
PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ......................................................... 179
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 179
2 MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO NA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS ....................... 179
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ......................................................................................................... 188
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ......................................................................................................... 192
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 199
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 201
X
1
UNIDADE 1
AS DIMENSÕES TÉCNICO-OPERATIVA, 
TEÓRICO-METODOLÓGICA E 
ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO 
ASSISTENTE SOCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• compreender as diversas dimensões que norteiam a atuação profissional 
do assistente social;
• desmistificar as diversas competências dos profissionais do serviço social 
na atualidade;
• entender as nuances e concepções da instrumentalidade do serviço social;
• perceber as diferentes linguagens da instrumentalidade do assistente so-
cial.
A Unidade 1 está dividida em três tópicos e, ao final de cada um deles, você 
terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades 
propostas.
TÓPICO 1 – TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
TÓPICO 2 – A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL 
TÓPICO 3 – AS COMPETÊNCIAS DO SERVIÇO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE: POLÍTICA, ÉTICA, 
INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
A construção histórica do serviço social passa pelas mudanças e 
transformações sociais, às quais os assistentes sociais vêm se adaptando, 
atualizando-se constantemente. Neste sentido, o projeto ético-político do serviço 
social está se moldando a estas novas realidades sociais que se apresentam pelos 
novos tempos.
A luta pela garantia de direitos foi construída e reconstruída na práxis 
deste profissional que, diante das demandas sociais, tem uma postura voltada a 
possibilitar o acesso aos direitos sociais, na construção da cidadania, parceria da 
equidade e da liberdade.
“Quem sabe o que está buscando e aonde quer 
chegar, encontra os caminhos certos e o jeito de caminhar”.
Thiago de Melo
2 CONTEXTO GERAL DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO 
SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
A partir do século XVII, Badinter (2001) diz que o Estado, em vários países 
como Alemanha, Inglaterra, França e Espanha, gradativamente começa a assumir 
suas responsabilidades, e o bem-estar do povo é considerado necessidade básica 
para que a cidade tenha desenvolvimento, além de outras questões políticas que 
necessitam mostrar em números o bem-estar social. 
Neste contexto o Estado atuava com ações emergenciais, que atendiam a 
população em situações de necessidades básicas e momentâneas. 
Por volta de 1870, na Inglaterra e nos Estados Unidos, foram criadas as 
Sociedades de Organização da Caridade, que coordenavam inúmeras instituições 
sociais, faziam campanhas de fundos e introduziam o controle de assistência à 
pobreza.
 Conforme afirma Martinelli (2009), neste contexto nasce o serviço social 
como profissão, apresentando uma prática humanizada aliada ao Estado e 
protegida pela Igreja, com o objetivo de controlar a sociedade.
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
4
Mas, como se DESENVOLVEU o serviço social enquanto PROFISSÃO?
Vejamos: para autores como Vieira (1989), o serviço social se desenvolveu 
conforme a realidade na qual estava inserido, mas sempre com as mesmas 
características de ajuda ou auxílio àqueles menos favorecidos. Como as condições 
de trabalho, de habitação, de alimentação etc. sofrem mudanças ao longo dos anos, 
assim também o profissional deve se transformar; então, ele deixa a caridade e, 
muito lentamente, parte para a garantia de direitos.
A partir do século XX, apareceram instituições internacionais com o 
objetivo de criar um consenso sobre “a noção de ajuda”, que já era conhecida 
internacionalmente como serviço social , mas cada país fazia de um jeito, usando 
o mesmo nome.
Assim como a noção de ajuda tinha um sentido diferente, da mesma 
forma a atuação era bastante diferenciada, segundo Vieira (1989). Na Europa de 
língua francesa, adotou-se o nome de serviço social , nos países de língua anglo-
germânica e nos Estados Unidos, o de Trabalho Social.
Vieira (1989) diz que houve uma tomada de consciência quanto ao fato 
de ajudar. Neste sentido, a palavra serviço, do latim servitium, teria o significado de ser 
escravo, enquanto a palavra trabalho, da raiz latina trabs, trales, é trave de carga que se 
coloca ao escravo para obrigá-lo a trabalhar.
Nesta linha de raciocínio, o trabalho social deve ser “a atividade realizada em benefício 
da sociedade”, enquanto serviço social é “um serviço prestado à sociedade”. Diante de 
tantos significados, teremos que falar da função do assistente social, que é a de “assistir”, 
pois a tradução do latim para a palavra assistente é “colocar-se à disposição”.
ATENCAO
Então, será que o profissional formado em serviço social deve SER 
CARIDOSO?
É claro que o fazer do serviço social se ampliou e, em alguns aspectos, 
modificou-se, através de todas as reflexões que os anos trouxeram, pois saiu da 
caridade para a garantia de direitos. Deixou de ser um serviço da Igreja para 
atingir a ação governamental, da atividade desempenhada pelos bons de coração 
passou para uma atividade profissional.
Podemos dizer que, entretanto, à medida que a profissão era inserida num 
determinado país, ou se avançava nas reflexões onde já existia, sempre surgiam 
os retrocessos, pois quando se avançava na garantia de direitos dos idosos, por 
exemplo, havia o retrocesso nas leis da previdência, e assim por diante. Aqui no 
Brasil não foi diferente.
TÓPICO 1 | TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
5
O Brasil foi colonizado por Portugal e, consequentemente, recebeu 
influências do colonizador: para um lugar ser designado cidade deveria ter uma 
capela e uma santa casa, segundo Vieira (1989), que funcionava gratuitamente e 
atendia os doentes.
ESTUDOS FU
TUROS
Você verá mais tarde, na Unidade 2 deste caderno, uma síntese histórica da 
racionalização da prática da assistência, na qual apresentaremos as diversas concepções 
históricas da prática da Assistência Social.
Então, como SURGIU o serviço social no Brasil? 
No Brasil, o serviço social surgiu na década de 1930, num momento de 
grandes transformações na sociedade brasileira, pois deixava de ser um país com 
economia agroexportadora para se tornar um país em processo de industrialização 
nacional.
Uma das mudanças ocorridas na época, conforme Miguel (1980), foi a 
transformação do sistema educacional que, impulsionado pela política educacional 
do Estado Novo, trouxe reflexos para o serviço social , como: a estruturação das 
primeiras universidades e a criação de escolas técnicas, pois assim se criava a mão 
de obra especializada e barata em favor da nação, fazendo as assistentes sociais 
refletirem sobre a forma de inserção no mundo do trabalho. 
Outra mudança foia promulgação das leis trabalhistas e a criação da 
Previdência Social, que representou um progresso para a classe trabalhadora do 
país, porém o “pobre” não escolhia, ele tinha que aceitar a “caridade”, pois na 
época predominava uma mentalidade curativo-paternalista e nunca preventiva.
Prezado(a) acadêmico(a), a mentalidade CURATIVA provém de uma filosofia 
curativa, que, em passado recente, baseava-se na prática da profissão que tratava apenas as 
sequelas dos problemas sociais, e nunca as causas dos problemas.
ATENCAO
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
6
A mentalidade PATERNALISTA advém do comportamento paternalista, ou seja: 
o PATERNALISMO, em um sentido amplo, é um sistema de relações sociais e trabalhistas, 
unidas por um conjunto de valores, doutrinas políticas e normas fundadas na valorização 
positiva da pessoa do patriarca.
Em um sentido mais concreto, o paternalismo é uma modalidade de autoritarismo, na qual 
uma pessoa exerce o poder sobre outra combinando decisões arbitrárias e inquestionáveis, 
com elementos sentimentais e concessões graciosas.
Para o Direito Constitucional, o Estado paternalista é aquele que limita as liberdades individuais 
de seus cidadãos com base em valores axiológicos que fundamentam as imposições estatais. 
Desta maneira, justifica-se a invasão da parcela correspondente à autonomia individual por 
parte da norma jurídica, baseando-se na incapacidade ou idoneidade dos cidadãos para 
tomar determinadas decisões que o Estado julga corretas. 
Ainda mais, o paternalismo é relacionado ocasionalmente com a figura papal da Igreja Católica, 
a qual se chama Santo Padre, com o fim de acentuar a supremacia, autonomia e soberania 
desta instituição. 
Podemos encontrar inclusa uma referência indireta a este termo no âmbito legal, quando 
lemos no Código Civil espanhol, em seu artigo 1903, a expressão “bom pai de família”, quando 
se enfatiza a diligência com que observarão aquelas pessoas que respondem pelas atuações 
de outras (menores ou incapacitados).
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paternalismo>. Acesso em: 11 mar. 2010.
ATENCAO
Assim, numa mistura de mentalidades colonialistas e escravocratas, nasce 
o serviço social brasileiro, enraizado nas ideias paternalistas, com a tradição da 
caridade, misturadas aos novos ideais que estavam surgindo no país.
E, quando foi que APARECEU a PRIMEIRA ESCOLA de serviço social no 
Brasil? 
O primeiro núcleo de serviço social brasileiro foi fundado em 1932, em 
São Paulo, relata Lima (1987), local onde se concentrava a maior parte do parque 
industrial nacional e, logo depois, em 1936, surgiram as primeiras experiências 
no Rio de Janeiro.
Aos primeiros assistentes sociais brasileiros, moças de famílias abastadas, 
coube a tarefa de batalhar pela criação de instituições sociais, organizar 
e racionalizar a assistência, construir uma profissão e preparar os novos 
profissionais, sempre segundo as normas da Igreja.
A atuação da Igreja Católica ficou delimitada com a Constituição de 1937, 
já não sendo o ensino confessional uma obrigação da escola. O serviço social 
pôde, neste momento, sair da interferência do pensamento católico, embora, 
TÓPICO 1 | TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
7
conforme Badinter (2001), fosse um processo em construção e muito demorado: 
no meio do redemoinho tudo está interligado, a Igreja, a Medicina, os colegas de 
profissão que falam e reproduzem a teoria que está colocada.
E quais foram as INFLUÊNCIAS da década de 40 e da RECONCEITUAÇÃO 
do serviço social brasileiro?
A década de 40 veio marcada pelo modelo fordista de produção, que 
exigia uma nova forma de controle por parte do Estado, pautada no consenso e 
coesão entre classes, sabendo que o serviço social tinha sua atuação sob influência 
ideológica do Estado, segundo Lima (1987). Assim surgem o serviço social da 
Indústria (SESI) e o serviço social do Comércio (SESC).
Tudo devia ser iniciado e desenvolvido ao mesmo tempo, seguindo um 
modelo dos Estados Unidos, até o final da década de 50, afirma Barroco (2001), 
quando há a incorporação de novas possibilidades teóricas.
Os anos 60 vêm marcados pelo movimento de reconceituação do serviço 
social , momento em que são questionados seus referenciais, com uma necessidade 
urgente de construir um novo projeto profissional, segundo Yasbek (2008).
Neste momento de reconceituação confrontaram-se as três diferentes 
tendências profissionais, afirma Netto (2001): a vertente modernizadora, a vertente 
inspirada na fenomenologia e a vertente marxista. Mas a vertente marxista vem 
fragilizada, pois foi uma teoria traduzida pela metade e, desta forma, configurou 
a profissão até recentemente.
Já APÓS O PERÍODO DA DITADURA MILITAR, o que aconteceu com 
o serviço social ?
Os anos enfrentados pela ditadura mostraram a estreita relação entre a 
afirmação e a negação da liberdade, uma vez que a realidade brasileira tem suas 
especificidades, e neste momento aparece a fragilidade da atuação profissional, 
coloca Lima (1987), em que as divergências se mostram através dos movimentos 
da assistência/repreensão.
Até a década de 70 o profissional de serviço social tinha uma postura 
bastante assistencialista, ainda centrada no indivíduo, valorizando e exigindo 
uma postura religiosa, sem nenhuma crítica política e pouca utilização de técnicas 
científicas. 
Já a década de 70 nos mostra sua força através dos encontros e seminários, 
como o Seminário de Araxá-MG, e o de Teresópolis-RJ, que estruturam uma 
nova articulação com a sociedade, e garantiam um reconhecimento profissional 
enquanto categoria (LIMA, 1987).
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
8
Para Miguel (1980), todos os documentos resultantes desses encontros 
são, na verdade, formas de manipulação da classe trabalhadora através de uma 
ideologia da classe produtora, usando o serviço social para dar cumprimento às 
finalidades pelas quais foi contratada.
Vieira (1989), no entanto, diz ter sido um momento de grande importância 
para a profissão, pois, a partir dos seminários, os assistentes sociais começaram a 
ter ideias novas: sair do assistencialismo, avaliar e construir uma ação preventiva, 
além de o documento de Araxá apresentar um resumo da evolução do serviço 
social no Brasil, através dos sete encontros regionais feitos para avaliar o 
documento.
O serviço social nasce e cresce dentro de uma ordem do dever agir, entre 
erros e acertos, e não no dever refletir sobre a realidade econômica, política ou 
social. Assim, a profissão é marcada pela necessidade de reajustar o indivíduo à 
realidade posta. (VIEIRA, 1989).
Uma profissão, com origens num momento de crescimento do Estado 
paternalista e atuação centrada em ações imediatas, criou uma imagem de 
assistente social que cresceu e, através dos encontros, começou a mudar frente 
a algumas situações. Este não é um processo fácil de fazer e muito menos de 
aceitação por parte das instituições ligadas ao profissional.
Assim, o serviço social , após as décadas de 70 e 80, procurou encontrar e 
construir teoricamente a profissão, saber qual sua ação, qual a intervenção, qual 
sua práxis. Procurou a teorização, conforme coloca Yasbek (2008), e assim cria-se, 
em São Paulo, o primeiro curso de mestrado em serviço social , que possibilitou 
estudar mais profundamente a profissão.
NOTA
A práxis se compõe da atividade teórica (produção de conhecimento e 
finalidades) e da prática (transformação da realidade). (VIEIRA, 1989, p. 170).
3 A CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 
DO SERVIÇO SOCIAL 
É na década de 80 que a teoria social de Marx passa a fazer parte da 
referência analítica da profissão, conforme Netto (2001). Essa introdução passa por 
vários debates e foi a geradora da construção da bibliografia de serviço social .
TÓPICO 1 | TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
9
Naquela época, a discussãose centrava nos fundamentos do serviço social 
, procuravam-se as particularidades da profissão. Hoje, porém, há uma frágil 
linha entre o processo de trabalho e suas dimensões históricas, metodológicas e 
éticas. (IAMAMOTO, 2008).
Concordando com Iamamoto, Netto (2001) mostra que a década de 
80 marca a ruptura do serviço social com o conservadorismo, porém ele não 
foi superado. Houve pequenas brechas para que os assistentes sociais se 
posicionassem criticamente, podendo haver uma reflexão sobre as ideologias 
políticas que movem o país. Algumas centenas de livros e artigos já foram 
publicados sobre o serviço social : entre eles, Netto (2001), que fala sobre a 
legitimidade da profissão que hoje perde espaço para outros profissionais que 
têm práticas muito semelhantes às do assistente social e, por causa disso, tem-se 
a necessidade de ampliar os campos de intervenção desse profissional.
NOTA
Práticas que são semelhantes às do assistente social: Psicologia social, 
Administrador de recursos humanos, Sociologias aplicadas etc.
Diante dessa constatação, o autor defende ainda que os profissionais dos 
anos 90 não estão adequadamente qualificados para o enfrentamento da nova 
realidade, pois o serviço social está com seus parâmetros teórico-ideológicos 
ultrapassados. A maioria dos profissionais docentes vive à margem dos anos da 
ditadura ou na sombra dos anos 80, e o aluno ingresso nas faculdades também 
possui um novo perfil.
NOTA
O novo perfil de aluno é de renda baixa/média e baixo nível cultural.
O final dos anos 80 e o começo dos 90, entretanto, não foram de todo 
ruins. Tivemos conquistas como a Constituição Federal de 1988, que garantiu o 
ECA, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, a Lei Orgânica da Assistência Social – 
LOAS, Lei nº 8.742, de 1993, e o Sistema Único de Saúde.
Já Antunes (1997) afirma que os anos 90 trazem uma nova realidade 
econômica e social ao país, em que o serviço social é obrigado a fazer a leitura 
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
10
e intervir nas novas configurações das questões sociais, que trazem temáticas 
relativas à exclusão por causa da precarização do trabalho.
Hoje o assistente social tem deveres com os demandatários principalmente 
porque, na articulação entre teoria e prática, decifra a realidade e cria alternativas 
que transcendem o individualismo, como está no Código de Ética de 1993, 
rompendo com práticas tuteladoras e ampliando os canais de cidadania e 
participação dos demandatários como sujeitos políticos.
A Lei Orgânica da Assistência Social define os objetivos da profissão, 
colocando no inciso um a proteção à família, à maternidade, à infância, à 
adolescência e à velhice; além disso, a Assistência Social deverá ser realizada de 
forma integrada a outras políticas, sempre no enfrentamento da pobreza e luta 
pela universalização dos direitos sociais. 
Toda a mudança do mundo do trabalho transformou a classe que vive do 
trabalho numa grande massa dependente de assistência, pois as questões sociais 
emergiram de forma rápida, impulsionando os profissionais a atuações urgentes.
Diante de todas as mudanças, temos que repensar o profissional que 
começou sua história no Brasil como um instrumento de repreensão por parte do 
Estado. Hoje é uma profissão que atua tanto no âmbito público como no privado, 
tendo os mais variados tipos de intervenção: desenvolveu-se nas pesquisas, 
avançou no nível acadêmico e na organização social (YASBEK, 2008).
RESGATE HISTÓRICO SOBRE O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL 
NO BRASIL
Lívia Carla de Souza Almeida
A história do serviço social está ligada aos fatos históricos, segundo Silva 
(1995), pois, “[...] não deve ser entendida como uma cronologia de fatos, mas na 
sua ligação com o contexto geral da sociedade [...] isto é, a história dos processos 
econômicos, das classes e das próprias ciências sociais.” (p. 35). 
Inicialmente, o serviço social se apresenta envolvido com os interesses da 
classe dominante, mas, antagonicamente, também está sujeito à classe subalterna, 
sendo o mediador entre ambas as classes. A contradição é uma característica 
presente em países industrializados, assim como os altos índices de pauperismo 
na zona urbana. 
Por volta da década de 30, começa a haver no Brasil uma urbanização 
crescente, e as contradições da industrialização fazem surgir as lutas reivindicativas, 
a classe trabalhadora passa a se organizar, resultando na hostilidade do outro 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
11
grupo. Nasce, neste momento, através do papel pacificador por parte do Estado, 
a institucionalização do serviço social que, movido pelas profundas alterações 
sociais através do processo de transição do modelo agrário-comercial para o 
modelo industrial, atua frente à “questão social” que é apresentada diante de todos. 
Segundo Iamamoto (2004, p. 18) “o debate sobre a ‘questão social’ atravessa toda 
a sociedade e obriga o Estado, as frações dominantes e a Igreja a se posicionarem 
diante dela”. 
A Igreja Católica torna-se fundamental na abertura das duas primeiras 
escolas de serviço social : a Escola de serviço social de São Paulo, em 1936, e a 
Escola de serviço social do Rio de Janeiro, em 1937, sendo essas duas escolas as 
pioneiras do serviço social no Brasil. 
Silva (1995) afirma que, desde o ano da criação das primeiras escolas de 
serviço social até 1945, são definidos três eixos para a formação profissional do 
assistente social. São eles: 
• formação científica, na qual era necessário o conhecimento das disciplinas como 
Sociologia, Psicologia, Biologia, Filosofia, favorecendo ao educando uma visão 
holística do homem, ajudando-o a criar o hábito da objetividade; 
• formação técnica, cujo objetivo era preparar o educando quanto à sua ação no 
combate aos males sociais; e a 
• formação moral e doutrinária, fazendo com que os princípios inerentes à 
profissão sejam absorvidos pelos alunos. 
A expansão da economia norte-americana na América Latina resultou na 
adoção do Brasil pelo desenvolvimentismo que monopolizava a economia e a 
política, havendo influência norte-americana também no serviço social .
Foi no âmbito da influência norte-americana que importamos, 
progressivamente, os métodos de serviço social de Caso, serviço social de 
Grupo, Organização de Comunidade e, posteriormente, Desenvolvimento de 
Comunidade. (SILVA, 1995, p. 41). 
No decorrer das décadas de 50 e 60, o assistente social é preparado como 
mão de obra capaz de colocar em prática os programas sociais, com grande 
importância na realização do modelo desenvolvimentista assumido pelo país. 
Em meados da década de 60, na América Latina nota-se a ineficácia da proposta 
desenvolvimentista; nasce a proposta de transformação da sociedade, onde são 
questionados a metodologia, os objetivos e os conteúdos necessários para a 
formação profissional. Como resultado, houve muitas escolas em crise ideológica. 
Surge assim o movimento de reconceituação, cujo objetivo da ação profissional 
do serviço social seriam os problemas estruturais da sociedade, não apenas 
relacionados aos problemas individuais, grupais e comunitários. 
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
12
Diante do clima repressivo e autoritário, fruto das mudanças políticas da 
década de 60, os assistentes sociais refugiam-se, cada vez mais, em uma discussão 
dos elementos que supostamente conferem um perfil peculiar à profissão: objeto, 
objetivos, métodos e procedimentos de intervenção, enfatizando a metodologia 
profissional. A tecnificação eufemiza o paternalismo autoritário presente na ação 
profissional e desenvolve métodos de imposição mais sutis que preconizam a 
‘participação’ do ‘cliente’ nas decisões que lhe dizem respeito. (IAMAMOTO, 
2004, p. 33). 
Surge com o movimento de reconceituação a construção de uma teoria e 
de uma prática, compromissocom a realidade latino-americana, ação profissional, 
posição ideológica engajada na luta com a classe oprimida e explorada. As 
conquistas do movimento de reconceituação foram a interação profissional 
continental que respondesse às problemáticas comuns da América Latina sem as 
tutelas confessionais ou imperialistas, críticas ao modelo tradicional e inauguração 
do pluralismo profissional. 
O profissional do serviço social busca, no final da década de 70 e início 
da década de 80, novas práticas para atender camadas populares. Iniciam-
se novas discussões em relação à formação profissional, currículo e à questão 
metodológica (IAMAMOTO, 2004). Com a Constituição Federal de 1988, inicia-se 
um novo tempo, em que a sociedade civil avança em busca da legitimação dos 
seus direitos. O assistente social deixa de ser um agente da caridade e caminha 
em direção à execução das políticas públicas, atuando no desenvolvimento de 
práticas auxiliares, como pesquisa, aconselhamentos, esclarecendo aos seus 
usuários os seus direitos e deveres.
FONTE: ALMEIDA, Lívia Carla de Souza. Resgate histórico sobre o surgimento do serviço social 
no Brasil. Publicado em: 5 out. 2009. Disponível em: <http://www.webartigos.com/
articles/25916/1/RESGATE-HISTORICO-SOBRE-O-SURGIMENTO-DO-SERVICO-SOCIAL-
NO-BRASIL/pagina1.html>. Acesso em: 28 fev. 2010.
TÓPICO 1 | TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
13
DICAS
Para aprofundamento destes temas, sugiro que você leia e assista:
Livro: As Primeiras-Damas e a Assistência Social – 
Relações de Gênero e Poder
Autora: Iraildes Caldas Torres.
Livro: Serviço Social , Identidade, 
Alienação
Autora: Maria Lúcia Martinelli
Filme: O Nome da Rosa
Autor: Umberto Eco
14
Neste tópico abordamos o surgimento da profissão do assistente social, 
no qual foram estudados os seguintes itens:
	O processo histórico.
	As interpretações dos profissionais frente à realidade.
	A relação entre o período da ditadura e a liberdade.
	A construção bibliográfica do serviço social .
RESUMO DO TÓPICO 1
15
1 Descreva com suas palavras como se desenvolveu, historicamente, o serviço 
social enquanto profissão.
2 Em que década a teoria social de Marx passa a fazer parte da referência 
analítica da profissão?
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Década de 40.
b) ( ) Década de 60.
c) ( ) Década de 80.
d) ( ) Década de 90.
3 Quais são os objetivos da profissão de assistente social definidos na Lei 
Orgânica da Assistência Social?
4 No Brasil o serviço social começou vinculado a uma instituição que lhe deu 
características até meados de 1940. Qual foi esta instituição?
a) ( ) A Igreja.
b) ( ) O Estado.
c) ( ) A Família Imperial.
d) ( ) O Governo Federal.
AUTOATIVIDADE
16
17
TÓPICO 2
A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A profissão de assistente social, ao longo dos anos, foi se redefinindo 
conforme as demandas foram aparecendo e exigindo deste profissional nova 
postura frente à realidade vivenciada.
A década de 60 traz à tona divergências teóricas e metodológicas entre 
os profissionais, fazendo-os refletir sobre suas teorias. Assim nascem os avanços 
e retrocessos pelos quais a profissão iria passar, que todos conheceram como 
“movimento de reconceituação”. (GUERRA, 2009).
“Para realizar grandes conquistas, devemos não 
apenas agir, mas também sonhar; não apenas 
planejar, mas também acreditar.” 
(Anatole France)
2 OS CONTEÚDOS DESSA DIMENSÃO NA TRAJETÓRIA 
DA PROFISSÃO: O COMO FAZER A PROFISSÃO
Podemos observar que na década de 70 começam os muitos 
questionamentos de como fazer a profissão?, pois faltam publicações que abordem 
a prática profissional com certo rigor, que mostrem com mais clareza a atuação 
deste profissional. Melhor dizendo, suas técnicas e habilidades. (GUERRA, 2009).
Refletir sobre as práticas foi o primeiro caminho trilhado pelo profissional, 
e, diante das crises governamentais, surgem demandas que necessitam de 
intervenções imediatas e em longo prazo. (GUERRA, 2009).
Entretanto, na década de 80 ainda não estava totalmente clara, para os 
profissionais de serviço social , toda a particularidade do momento histórico que 
o Brasil vivenciou na década de 60 e quais os resquícios que a ditadura deixou 
para trás.
Assim, muitos assistentes sociais reproduziam em suas análises “a 
visão racionalista e tecnicista que o Estado tenta imprimir às questões sociais”. 
(GUERRA, 2009, p.141).
18
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
Na Constituição de 1988, o serviço social passa a ser instituído como 
profissão, introduzindo um novo conceito na seguridade social, montando o 
tripé: saúde, assistência social e previdência. 
Mas, quais as VERTENTES desta teoria para o serviço social ?
A teoria do serviço social segue basicamente três vertentes: 
	a primeira diz respeito aos profissionais que consideram a PRÁTICA como 
determinante para as ações e, neste sentido, a teoria fica para o segundo plano;
	a segunda diz respeito aos profissionais que consideram a TEORIA como 
determinante da prática; este profissional fica sem apoio teórico quando 
surgem novas demandas;
	a terceira diz respeito aos profissionais que utilizam a TEORIA para se 
referirem às práticas, porém também faltam indicativos teórico-práticos que 
quebrem com a postura conservadora da trajetória da profissão.
Assim, as três vertentes discutem sobre as possibilidades e limites das 
teorias em fornecer suporte às práticas profissionais, permitindo que a teoria 
construída e reconstruída fique mais próxima da realidade na qual será feita a 
intervenção.
Podemos afirmar que NÃO EXISTE SEPARAÇÃO ENTRE TEORIA E 
PRÁTICA, devendo uma dar suporte à outra, pois, quando intervimos, temos que 
conhecer de forma clara a situação. Neste contexto, somente a conheceremos com 
a leitura atualizada das questões sociais existentes, porém, a partir de uma nova 
intervenção teremos um novo conhecimento, uma nova história para acrescentar 
ou contribuir com a teoria.
Podemos dizer que, de forma contínua, a teoria e a prática sempre caminharão 
juntas, num processo contínuo de maturação intelectual e profissional.
ATENCAO
Mas, a que a INSTRUMENTALIDADE está se referindo?
A instrumentalidade refere-se aos instrumentos e técnicas para a ação 
profissional, que, de acordo com Guerra (2009, p. 30), [...] “refere-se à DIMENSÃO 
que o componente instrumental ocupa na constituição da profissão”. (grifo 
nosso).
TÓPICO 2 | A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
19
[...] a complexidade e diversidade alcançadas pela intervenção 
profissional, no sentido de atender às demandas e requisitos originais 
das classes sociais, colocam-na como dimensão mais desenvolvida da 
profissão e, portanto, capaz de indicar as condições e possibilidades 
da mesma. Tais demandas e requisições exigem do profissional a 
criação e recriação, tanto de categorias intelectuais que possam tornar 
compreensíveis as problemáticas que lhe são postas, como de novos 
sistemas de mediação que possibilitem a passagem das teorias às 
práticas. (GUERRA, 2009, p. 34).
Assim, as dificuldades, limitações e constrangimentos são parte das 
situações que o profissional enfrenta no momento de coletar as informações e 
chegar próximo da intervenção, como apresenta Guerra.
3 RAZÃO E MODERNIDADE
A RAZÃO está constantemente vinculada à discussão da LIBERDADE:
Pela via da razão foi possível ao homem libertar-se das concepções 
religiosas fundamentais na razão divina, encetando uma nova 
maneira de conceber o mundo. Esta mesma razão indica ao homem 
seu horizonte e limites e porta a capacidade de explicar os processos 
que constituem e são constitutivos e constituintes da estrutura social, 
iluminando suas condições e possibilidades de autonomia. (GUERRA, 
2009, p. 41). 
Assim podemos dizer que a razão foi o grande motivo de levar o 
homem à sua superação, tirando-o do estágio de ignorância e direcionando-o à 
racionalidade. Assim nascea era moderna, quando o homem procura conhecer 
sua própria história e reconstruí-la.
Guerra (2009) expõe que a razão não está totalmente vinculada à realidade 
e, sim, à forma como o sujeito a compreende, como reconhece e estabelece uma 
relação com o objeto observado.
Dentre as discussões envolvendo a razão, tivemos Hegel com a preocupação 
com a essência, Kant com as contradições entre razão teórica e razão prática. No século XX 
vieram juntar-se à discussão Max Weber, Comte e Émile Durkheim.
ATENCAO
Sabemos que cada um dos filósofos ou sociólogos trouxe uma receita de 
como observar a sociedade, de como intervir diante dos contextos históricos, 
culturais e políticos da época.
20
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
4 RACIONALIDADE DO CAPITALISMO E SERVIÇO SOCIAL 
O trabalho nos estudos de Marx passa a ter um significado muito além 
daquele pensado até então, pois [...] “o homem transforma a natureza e, ao fazê-
lo, transforma a si mesmo e aos outros homens”. (GUERRA, 2009, p. 102).
Marx fala dos valores de uso e de troca, e mostra como isso fica definido 
na sociedade capitalista e de que forma fica o trabalho contido no valor da 
mercadoria. Assim, o trabalhador alienado e explorado acaba não entendendo 
todo o processo, além de não visualizar o valor do trabalho contido na mercadoria.
Desta forma, as questões sociais estão relacionadas ao processo de 
trabalho, que contam, ou deviam contar, com a força do Estado para minimizar 
os estragos feitos pela exploração.
Ao tratar de interesse da sociedade, trabalha-se o enfoque coletivo, com 
a articulação da Rede Social como possibilidade de enfrentamento da violência 
de forma efetiva, buscando construir espaços públicos de discussão e construção 
conjunta de encaminhamentos. (HOLANDA, 2010, p. 2).
O pensamento neoliberal diz que todos têm igualdade de oportunidades, 
porém, quando se trabalham as questões sociais, verifica-se que a cidadania é um 
direito que é composto pela desigualdade econômica.
A sociedade moderna, nas suas mais variadas dimensões, é afetada 
pela desestruturação política, sendo a esfera pública uma das 
dimensões destacadas como objeto de estudo. Para ela, a história do 
mundo moderno é a história da dissolução do espaço público, fazendo 
emergir uma sociedade despolitizada e atomizada pela competição 
e por uma instrumentalização do mundo. A fundamentação teórica 
da noção de espaço público, em Arendt, encontra suporte nas 
tradições grega e romana que puderam ressurgir nas experiências 
revolucionárias modernas. (ARENDT apud HOLANDA, 2010, p. 2).
IMPORTANT
E
A PRÁXIS é muito além da prática cotidiana, pois “[...] é uma unidade entre 
pensamento e ação na cotidianidade. (HELLER apud GUERRA, 2009, p. 180).
Observe a atuação profissional nas situações imediatas e nos fenômenos 
emergentes, pois são diferentes, com atuação específica.
TÓPICO 2 | A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
21
O profissional de serviço social , integrante de equipe multidisciplinar, 
deve ter sua atuação efetiva, para ser efetiva, conforme disposto no 
Código de Ética, de acordo com as exigências que são próprias ao 
exercício de um serviço público baseado numa concepção de práxis 
com constantes mediações entre teoria e prática, atentando para 
a escuta da sociedade, que demanda seus serviços num contexto 
jurisdicional. [...] 
As respostas a serem dadas a essas demandas colocam o profissional de 
serviço social numa perspectiva de responder antes a si mesmo, qual 
o uso que faz do seu conhecimento profissional e de sua racionalidade 
como profissional da área de conhecimento humano-social, colocadas 
nos seguintes termos, segundo Jürgen Habermas: 
[...] racionalidade tem mais a ver com a forma em que os sujeitos 
capazes de linguagem e de ação fazem uso do conhecimento do 
que a ver com o conhecimento ou sua aquisição. No mais, não há 
duas razões, a instrumental má e a comunicativa boa. O que parece 
haver, à mesma razão no seio da modernidade, é a possibilidade de 
um direcionamento para técnica e instrumentalidade de um lado e 
direcionamento para o diálogo e consenso por outro. (HOLANDA, 
2010, p. 8).
ESTUDOS FU
TUROS
Você verá mais tarde, na Unidade 2 deste caderno, uma discussão mais 
aprofundada com relação à RACIONALIDADE da prática profissional do assistente social.
LEITURA COMPLEMENTAR
A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
Yolanda Guerra
INTRODUÇÃO
À primeira vista, o tema instrumentalidade no exercício profissional 
do assistente social parece ser algo referente ao uso daqueles instrumentos 
necessários ao agir profissional, através dos quais os assistentes sociais podem 
efetivamente objetivar suas finalidades em resultados profissionais propriamente 
ditos. Porém, uma reflexão mais apurada sobre o termo instrumentalidade nos 
faria perceber que o sufixo “idade” tem a ver com a capacidade, qualidade ou 
propriedade de algo. Com isso podemos afirmar que a instrumentalidade no 
exercício profissional refere-se, não ao conjunto de instrumentos e técnicas (neste 
caso, a instrumentação técnica), mas a uma determinada capacidade ou propriedade 
constitutiva da profissão, construída e reconstruída no processo sócio-histórico. 
22
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
O objetivo do texto é o de refletir sobre a instrumentalidade no exercício 
profissional do assistente social como uma propriedade ou um determinado 
modo de ser que a profissão adquire no interior das relações sociais, no confronto 
entre as condições objetivas e subjetivas do exercício profissional.
A instrumentalidade, como uma propriedade sócio-histórica da 
profissão, por possibilitar o atendimento das demandas e o alcance de objetivos 
(profissionais e sociais), constitui-se numa condição concreta de reconhecimento 
social da profissão. 
1 A INSTRUMENTALIDADE DO TRABALHO E O SERVIÇO SOCIAL 
Foi dito que a instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade 
que a profissão vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela 
possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas 
profissionais. É por meio desta capacidade, adquirida no exercício profissional 
que os assistentes sociais modificam, transformam, alteram as condições 
objetivas e subjetivas e as relações interpessoais e sociais existentes num 
determinado nível da realidade social: no nível do cotidiano. Ao alterarem o 
cotidiano profissional e o cotidiano das classes sociais que demandam a sua 
intervenção, modificando as condições, os meios e os instrumentos existentes, e 
os convertendo em condições, meios e instrumentos para o alcance dos objetivos 
profissionais, os assistentes sociais estão dando instrumentalidade às suas ações. 
Na medida em que os profissionais utilizam, criam, adéquam às condições 
existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das 
intencionalidades, suas ações são portadoras de instrumentalidade. Deste 
modo, a instrumentalidade é tanto condição necessária de todo trabalho social 
quanto categoria constitutiva, um modo de ser, de todo trabalho. Por que dizer 
que a instrumentalidade é condição de reconhecimento social da profissão? 
Todo trabalho social (e seus ramos de especialização – por exemplo, o 
serviço social ) possui instrumentalidade, a qual é construída e reconstruída na 
trajetória das profissões pelos seus agentes. Esta condição inerente ao trabalho 
é dada pelos homens no processo de atendimento às necessidades materiais 
(comer, beber, dormir, procriar) e espirituais (relativas à mente, ao intelecto, ao 
espírito, à fantasia), suas e de outros homens. Pelo processo de trabalho os homens 
transformam a realidade, transformam-se a si mesmos e aos outros homens. 
Assim, os homens reproduzem material e socialmente a própria sociedade. A ação 
transformadora que é práxis (ver LESSA, 1999 e BARROCO, 1999), cujo modelo 
privilegiado é o trabalho,tem uma instrumentalidade. Detém a capacidade 
de manipulação, de conversão dos objetos em instrumentos que atendam às 
necessidades dos homens e de transformação da natureza em produtos úteis (e 
em decorrência, a transformação da sociedade). Mas a práxis necessita de muitas 
outras capacidades/propriedades além da própria instrumentalidade. Neste 
âmbito, o processo de trabalho é compreendido como um conjunto de atividades 
prático-reflexivas voltadas para o alcance de finalidades, as quais dependem 
TÓPICO 2 | A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
23
da existência, da adequação e da criação dos meios e das condições objetivas 
e subjetivas. Os homens utilizam ou transformam os meios e as condições sob 
as quais o trabalho se realiza modificando-os, adaptando-os e utilizando-os em 
seu próprio benefício, para o alcance de suas finalidades. Este processo implica, 
pois, manipulação, domínio e controle de uma matéria natural que resulte na 
sua transformação. Este movimento de transformar a natureza é trabalho. Mas 
ao transformar a natureza, os homens transformam-se a si próprios. Produzem 
um mundo material e espiritual (a consciência, a linguagem, os hábitos, os 
costumes, os modos de operar, os valores morais, éticos, civilizatórios) necessário 
à realização da práxis. 
Se trabalho é relação homem-natureza, e práxis é o conjunto das formas de 
objetivação dos homens (incluindo o próprio trabalho), num e noutro os homens 
realizam a sua teleologia. Toda postura teleológica encerra instrumentalidade, 
o que possibilita ao homem manipular e modificar as coisas a fim de atribuir-
lhes propriedades verdadeiramente humanas, no intuito de converterem-nas em 
instrumentos/meios para o alcance de suas finalidades.
Converter os objetos naturais em coisas úteis, torná-los instrumentos 
é um processo teleológico, o qual necessita de um conhecimento correto das 
propriedades dos objetos. Nisso reside o caráter emancipatório do trabalho. 
Entretanto, tal conhecimento seria insuficiente se a ele não se acrescentasse a 
operatividade propriamente dita, a capacidade de os homens alterarem o estado 
atual de tais objetos (GUERRA, 2000). Qual a relação entre postura teleológica e 
instrumentalidade? No trabalho o homem desenvolve capacidades, que passam 
a mediar sua relação com outros homens. Desenvolve também mediações, tais 
como a consciência, a linguagem, o intercâmbio, o conhecimento, mediações 
estas em nível da reprodução do ser social como ser histórico, e, portanto, postas 
pela práxis. Isso porque o desenvolvimento do trabalho exige o desenvolvimento 
das próprias relações sociais, e o processo de reprodução social, como um todo, 
requer mediações de complexos sociais tais como: a ideologia, a teoria, a filosofia, 
a política, a arte, o direito, o Estado, a racionalidade, a ciência e a técnica. 
(LESSA, 1999; GUERRA, 2000). Tais complexos sociais (que Lukács chama de 
mediações de “segunda ordem”, já que as de primeira ordem referem-se ao 
trabalho) têm como objetivo proporcionar uma dada organização das relações 
entre os homens e localiza-se no âmbito da reprodução social. 
O que ocorre com a instrumentalidade, com a qual os homens controlam 
a natureza e convertem os objetos naturais em meios para o alcance de 
suas finalidades, é que ela é transposta para as relações dos homens entre si, 
interferindo em nível de reprodução social. Mas isso só ocorre em condições 
sócio-históricas determinadas. Nestas, os homens tornam-se meios/instrumentos 
de outros homens. O exemplo mais desenvolvido de conversão dos homens em 
meios, para a realização de fins de outros homens, é o da compra e venda da força 
de trabalho como mercadoria, de modo que a instrumentalidade, convertida em 
instrumentalização das pessoas, passa a ser condição de existência e permanência 
da própria ordem burguesa, via instituições e organizações sociais criadas com 
24
UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
este objetivo. Pelas suas características, o processo produtivo capitalista detém 
a propriedade de converter as instituições e práticas sociais em instrumentos/
meios de reprodução do capital. Isso se dá por meio de profundas e substantivas 
transformações societárias, as quais não poderão ser tratadas neste texto. Cabe-
nos apenas sinalizar que num determinado tipo de sociedade, a do capital, “o 
trabalhador deixa de lado suas necessidades enquanto pessoa humana e se 
converte em instrumentos para a execução das necessidades de outrem”. (LESSA, 
1999). (Sobre a reificação das relações sociais no capitalismo maduro ver NETTO, 
1981). Em que condições sócio-históricas a instrumentalidade como condição 
necessária da relação homem-natureza se converte em instrumentalização das 
pessoas? 
SERVIÇO SOCIAL E INSTRUMENTALIDADE 
Como decorrência das formas lógicas de reprodução da ordem burguesa 
e como modalidade sócio-histórica de tratamento da chamada questão social, 
o Estado passa a desenvolver um conjunto de medidas econômicas e sociais, 
demandando ramos de especialização e instituições que lhe sirvam de instrumento 
para o alcance dos fins econômicos e políticos que representa, em conjunturas 
sócio-históricas diversas. A questão social está sendo entendida como “expressão 
do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e do seu ingresso 
no cenário da sociedade, exigindo seu reconhecimento enquanto classe por parte 
do empresariado e do Estado”. (IAMAMOTO; CARVALHO, 1982, p. 77; ver 
também NETTO, 1992 e, especialmente, 2001).
É no estágio monopolista do capitalismo, dadas as características que 
lhe são peculiares, que a questão social vai se tornando objeto de intervenção 
sistemática e contínua do Estado. Com isso, instaura-se um espaço determinado 
na divisão social e técnica do trabalho para o serviço social (bem como para outras 
profissões). A utilidade social de uma profissão advém das necessidades sociais. 
Numa ordem social constituída de duas classes fundamentais (que se dividem em 
camadas ou segmentos), tais necessidades, vinculadas ao capital e/ou ao trabalho, 
são não apenas diferentes, mas antagônicas. A utilidade social da profissão está em 
responder às necessidades das classes sociais, que se transformam, por meio de 
muitas mediações, em demandas para a profissão. Estas são respostas qualificadas 
e institucionalizadas, para o que, além de uma formação social especializada, 
devem ter seu significado social reconhecido pelas classes sociais fundamentais 
(capitalistas e trabalhadores). Considerando que o espaço sócio-ocupacional de 
qualquer profissão, neste caso do serviço social , é criado pela existência de tais 
necessidades sociais e que, historicamente, a profissão adquire este espaço quando 
o Estado passa a interferir sistematicamente nas refrações da questão social, 
institucionalmente transformada em questões sociais (NETTO, 1992), através de 
uma determinada modalidade histórica de enfrentamento das mesmas: as políticas 
sociais, pode-se conceber que as políticas e os serviços sociais constituem-se nos 
espaços sócio-ocupacionais para os assistentes sociais. 
TÓPICO 2 | A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
25
As políticas sociais, além de sua dimensão econômico-política (como 
mecanismo de reprodução da força de trabalho e como resultado das lutas 
de classes), constituem-se também num conjunto de procedimentos técnico-
operativos, cuja componente instrumental põe a necessidade de profissionais que 
atuem em dois campos distintos: o de sua formulação e o de sua implementação. 
É neste último, no âmbito da sua implementação, que as políticas sociais fundam 
um mercado de trabalho para os assistentes sociais.
Com a complexificação da questão social e seu tratamento por parte do 
Estado, fragmentando-a e recortando-a em questões sociais a serem atendidas 
pelas políticas sociais, instituiu-se um espaço na divisão sociotécnica do trabalho 
para um profissional que atuasse na fase terminal da ação executivadas políticas 
sociais, instância em que a população vulnerabilizada recebe e requisita direta e 
imediatamente respostas fragmentadas, através das políticas sociais setoriais. É 
nesse sentido que as políticas sociais contribuem para a produção e reprodução 
material e ideológica da força de trabalho (melhor dizendo, da subjetividade do 
trabalhador como força de trabalho) e para a reprodução ampliada do capital. 
Como resultado destas determinações no processo de constituição da profissão, a 
intencionalidade dos assistentes sociais passa a ser mediada pela própria lógica da 
institucionalização, pela dinâmica da instauração da profissão e pelas estruturas 
em que a profissão se insere, as quais, em muitos casos, submetem o profissional. 
Melhor dizendo: os assistentes sociais “passam a desempenhar papéis que lhes são 
alocados por organismos e instâncias [...]” próprios da ordem burguesa no estágio 
monopolista (NETTO, 1992, p. 68), os quais são portadores da lógica do mercado. 
Assim, o assistente social adquire a condição de trabalhador assalariado com todos 
os condicionamentos que disso decorrem. Por isso é importante, na reflexão do 
significado sócio-histórico da instrumentalidade como condição de possibilidade 
do exercício profissional, resgatar a natureza e a configuração das políticas sociais 
que, como espaços de intervenção profissional, atribuem determinadas formas, 
conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. A este respeito, considerando 
a natureza (compensatória e residual) e o modo de se expressar das políticas 
sociais (como questão de natureza técnica, fragmentada, focalista, abstraída de 
conteúdos econômico-políticos), estas obedecem e produzem uma dinâmica que 
se reflete no exercício profissional através de dois movimentos: 
1) interditam aos profissionais a concreta apreensão das políticas sociais 
como totalidade, síntese da articulação de diversas esferas e determinações 
(econômica, cultural, social, política, psicológica), o que os limita a uma 
intervenção microscópica, nos fragmentos, nas refrações, nas singularidades; 
2) exigem dos profissionais a adoção de procedimentos instrumentais, de 
manipulação de variáveis, de resolução pontual e imediata. (Ver NETTO, 
1992, GUERRA, 1995). Quais os vínculos entre as políticas sociais e o serviço 
social ? Neste contexto, assim entendida a utilidade social da profissão, 
vinculada às políticas sociais, a instrumentalidade do serviço social pode 
ser pensada como uma condição sócio-histórica da profissão em três níveis: 
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UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
1. DA INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL FACE AO PROJETO 
BURGUÊS, o que significa a capacidade que a profissão porta (dado o caráter 
reformista e integrador das políticas sociais) de ser convertida em instrumento, 
em meio de manutenção da ordem, a serviço do projeto reformista da burguesia. 
Neste caso, dentro do projeto burguês de reformar conservando, o Estado lança 
mão de uma estratégia histórica de controle da ordem social, qual seja, as políticas 
sociais, e requisita um profissional para atuar no âmbito da sua operacionalização: 
os assistentes sociais. Este aspecto está vinculado a uma das funções que a ordem 
burguesa atribui à profissão: reproduzir as relações capitalistas de produção. 
2. DA INSTRUMENTALIDADE DAS RESPOSTAS PROFISSIONAIS, no que 
se refere à sua peculiaridade operatória, ao aspecto instrumental-operativo das 
respostas profissionais frente às demandas das classes, aspecto este que permite 
o reconhecimento social da profissão, dado que, por meio dele, o serviço social 
pode responder às necessidades sociais que se traduzem (por meio de muitas 
mediações) em demandas (antagônicas) advindas do capital e do trabalho. Isto 
porque as diversas modalidades de intervenção profissional têm um caráter 
instrumental, dado pelas requisições que tanto as classes hegemônicas quanto 
as classes populares lhe fazem. Nesta condição, no que se refere às respostas 
profissionais, a instrumentalidade do exercício profissional expressa-se: 
2.1. Nas funções que lhe são requisitadas: executar, operacionalizar, 
implementar políticas sociais a partir de pactos políticos em torno dos 
salários e dos empregos (do qual o fordismo é exemplar), melhor dizendo, 
no âmbito da reprodução da força de trabalho. 
2.2. No horizonte do exercício profissional: no cotidiano das classes 
vulnerabilizadas, em termos de modificar empiricamente as variáveis do 
contexto social e de intervir nas condições objetivas e subjetivas de vida dos 
sujeitos (visando à mudança de valores, hábitos, atitudes, comportamento de 
indivíduos e grupos). É no cotidiano – tanto dos usuários dos serviços quanto 
dos profissionais – no qual o assistente social exerce sua instrumentalidade, 
o local em que imperam as demandas imediatas, e consequentemente, as 
respostas aos aspectos imediatos, que se referem à singularidade do eu, à 
repetição, à padronização. O cotidiano é o lugar onde a reprodução social 
se realiza através da reprodução dos indivíduos (NETTO, 1987), por isso 
um espaço ineliminável e insuprimível. As singularidades, os imediatismos 
que caracterizam o cotidiano, que implicam a ausência de mediação, só 
podem ser enfrentados pela apreensão das mediações objetivas e subjetivas 
(tais como valores éticos, morais e civilizatórios, princípios e referências 
teóricas, práticas e políticas) que se colocam na realidade da intervenção 
profissional. 
2.3. Nas modalidades de intervenção que lhe são exigidas pelas demandas 
das classes sociais. Estas intervenções, em geral, são em nível do imediato, 
de natureza manipulatória, segmentadas e desconectadas das suas 
determinações estruturais, apreendidas nas suas manifestações emergentes, 
de caráter microscópico. 
TÓPICO 2 | A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
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Nestes três casos (2.1, 2.2, 2.3) são respostas manipulatórias, fragmentadas, 
imediatistas, isoladas, individuais, tratadas nas suas expressões/aparências (e não 
nas determinações fundantes), cujo critério é a promoção de uma alteração no 
contexto empírico, nos processos segmentados e superficiais da realidade social, 
cujo parâmetro de competência é a eficácia, segundo a racionalidade burguesa. 
São operações realizadas por ações instrumentais, são respostas operativo-
instrumentais, nas quais impera uma relação direta entre pensamento e ação e 
onde os meios (valores) se subsumem aos fins. Abstraídas de mediações subjetivas 
e universalizantes (referenciais teóricos, éticos, políticos, socioprofissionais, tais 
como os valores coletivos), estas respostas tendem a percepcionar as situações 
sociais como problemáticas individuais (por exemplo: o caso individual, a 
situação existencial problematizada, as problemáticas de ordem moral e/ou 
pessoal, as patologias individuais etc.). Quais os níveis em que tem se manifestado 
a instrumentalidade do serviço social ? 
Se muitas das requisições da profissão são de ordem instrumental (em 
nível de responder às demandas – contraditórias – do capital e do trabalho e 
em nível de operar modificações imediatas no contexto empírico), exigindo 
respostas instrumentais, o exercício profissional não se restringe a elas. Com isso 
queremos afirmar que reconhecer e atender às requisições técnico-instrumentais 
da profissão não significa ser funcional à manutenção da ordem ou ao projeto 
burguês. Isto pode vir a ocorrer quando se reduz a intervenção profissional à 
sua dimensão instrumental. Esta é necessária para garantir a eficácia e eficiência 
operatória da profissão. Porém, reduzir o fazer profissional à sua dimensão 
técnico-instrumental significa tornar o serviço social meio para o alcance de 
qualquer finalidade. Significa também limitar as demandas profissionais às 
exigências do mercado de trabalho. É também equivocado pensar que para realizá-
las o profissional possa prescindir de referências teóricas e ético-políticas. Se as 
demandas com asquais trabalhamos são totalidades saturadas de determinações 
(econômicas, políticas, culturais, ideológicas), então elas exigem mais do que 
ações imediatas, instrumentais, manipulatórias. Elas implicam intervenções que 
emanem de escolhas, que passem pelos condutos da razão crítica e da vontade 
dos sujeitos, que se inscrevam no campo dos valores universais (éticos, morais e 
políticos). Mais ainda, ações que estejam conectadas a projetos profissionais aos 
quais subjazem referenciais teórico-metodológicos e princípios ético-políticos. 
Assim, na realização das requisições que lhe são postas, a profissão necessita 
da interlocução com conhecimentos oriundos de disciplinas especializadas. O 
acervo teórico e metodológico que lhe serve de referencial é extraído das ciências 
humanas e sociais (conhecimentos extraídos das áreas de: Administração, Ciência 
Política, Sociologia, Psicologia, Economia etc.). Tais conhecimentos têm sido 
incorporados pela profissão e particularizados na análise dos seus objetos de 
intervenção. Mas a profissão também tem produzido, através da pesquisa e da sua 
intervenção, conhecimentos sobre as dimensões constitutivas da questão social, 
sobre as estratégias capazes de orientar e instrumentalizar a ação profissional 
(dentre outros temas) e os tem partilhado com profissionais de diversas áreas. 
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UNIDADE 1 | AS DIMENSÕES T-O, TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
Foi dito, linhas atrás, que há dimensões da instrumentalidade do exercício 
profissional e falamos de duas delas. Mas a terceira condição da instrumentalidade 
é a de ser uma mediação. Se é verdade que a instrumentalidade se insere no espaço 
do singular, do cotidiano, do imediato, também o é que ela, ao ser considerada 
como uma particularidade da profissão, dada por condições objetivas e subjetivas, 
e como tal sócio-históricas, pode ser concebida como campo de mediação e 
instância de passagem. Diferente disso, seria tomar a instrumentalidade apenas 
como singularidade, e como tal, um fim em si mesma, de modo que estaríamos 
desconhecendo suas possibilidades como particularidade. No cotidiano, como 
o espaço da instrumentalidade, imperam demandas de natureza instrumental. 
Nele, a relação meios e fins rompe-se e o que importa é que os indivíduos 
acionem os elementos necessários para alcançarem seus fins. Mas pelas próprias 
características do cotidiano, os homens não se perguntam pelos fins: a quem 
servem? que forças reforça? qual o projeto de sociedade que está na sua base?, 
tampouco pelos valores que estão implicados nas ações desencadeadas para 
responder imediata e instrumentalmente ao cotidiano. 
Por que o cotidiano é o espaço para a realização das ações instrumentais? 
A instrumentalidade do exercício profissional como mediação 
Tratar-se-á aqui da instrumentalidade como uma mediação que permite a 
passagem das ações meramente instrumentais para o exercício profissional crítico e 
competente. Como mediação, a instrumentalidade permite também o movimento 
contrário: que as referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da 
sociedade, possam ser remetidas à compreensão das particularidades do exercício 
profissional e das singularidades do cotidiano. Aqui, a instrumentalidade sendo 
uma particularidade e como tal, campo de mediação, é o espaço no qual a cultura 
profissional se movimenta. Da cultura profissional os assistentes sociais recolhem 
e na instrumentalidade constroem os indicativos teórico-práticos de intervenção 
imediata, o chamado instrumental-técnico ou as ditas metodologias de ação. 
Reconhecer a instrumentalidade como mediação significa tomar o 
serviço social como totalidade constituída de múltiplas dimensões: técnico-
instrumental, teórico-intelectual, ético-política e formativa (GUERRA, 1997), e a 
instrumentalidade como uma particularidade e, como tal, campo de mediações 
que porta a capacidade tanto de articular estas dimensões quanto de ser o conduto 
pelo qual as mesmas traduzem-se em respostas profissionais. No primeiro caso 
a instrumentalidade articula as dimensões da profissão e é a síntese das mesmas. 
No segundo, ela possibilita a passagem dos referenciais técnicos, teóricos, 
valorativos e políticos e sua concretização, de modo que estes se traduzam em 
ações profissionais, em estratégias políticas, em instrumentos técnico-operativos. 
Em outros termos, ela permite que os sujeitos, face à sua intencionalidade, invistam 
na criação e articulação dos meios e instrumentos necessários à consecução das 
suas finalidades profissionais. 
TÓPICO 2 | A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
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Afirmamos que, como particularidade, a instrumentalidade é campo 
de mediação, dentre elas, da cultura profissional. No exercício profissional o 
assistente social lança mão do acervo ídeo-cultural disponível nas ciências sociais 
ou na tradição marxista e o adapta aos objetivos profissionais. Constrói um certo 
modo de fazer que lhe é próprio e pelo qual a profissão torna-se reconhecida 
socialmente. Produz elementos novos que passam a fazer parte de um acervo 
cultural (re) construído pelo profissional e que se compõe de objetos, objetivos, 
princípios, valores, finalidades, orientações políticas, referencial técnico, teórico-
metodológico, ídeo-cultural e estratégico, perfis de profissional, modos de 
operar, tipos de respostas; projetos profissionais e societários, racionalidades 
que se confrontam e direção social hegemônica etc. Deste modo, a cultura 
profissional, como construção coletiva e base na qual a categoria se referencia, 
é também ela uma mediação entre as matrizes clássicas do conhecimento – suas 
programáticas de intervenção e os projetos societários que os norteiam – e as 
particularidades que a profissão adquire na divisão social e técnica do trabalho. 
Ela abarca forças, direções e projetos diferentes e/ou divergentes/antagônicos e 
condiciona o exercício profissional. Na definição das finalidades e na escolha dos 
meios e instrumentos mais adequados ao alcance das mesmas, os homens estão 
exercendo sua liberdade (concebida historicamente como escolha racional por 
alternativas concretas dentro dos limites possíveis). Tais finalidades (ainda que 
de caráter individual) estão inscritas num quadro valorativo e somente podem 
ser pensadas no interior deste quadro, entendido como acervo cultural do qual 
o profissional dispõe e lhe orienta as escolhas técnicas, teóricas e ético-políticas. 
Tais escolhas implicam projetar tanto os resultados e meios de realização quanto 
as consequências. Isso porque, no âmbito profissional, não existem ações pessoais, 
mas ações públicas e sociais de responsabilidade do indivíduo como profissional 
e da categoria profissional como um todo. Para tanto, há que se ter conhecimento 
dos objetos, dos meios/instrumentos e dos resultados possíveis. 
Com isso pode-se perceber que a cultura profissional incorpora conteúdos 
teórico-críticos projetivos. Pela mediação da cultura profissional o assistente social 
pode negar a ação puramente instrumental, imediata, espontânea e reelaborá-
la em nível de respostas socioprofissionais. Na elaboração de respostas mais 
qualificadas, na construção de novas legitimidades, a razão instrumental não dá 
conta. Há que se investir numa instrumentalidade inspirada pela razão dialética. 
O que significa reconhecer a instrumentalidade do exercício profissional 
como mediação? 
CONCLUSÃO – SERVIÇO SOCIAL E RAZÃO DIALÉTICA 
Ainda que surgindo no universo das práticas reformistas integradoras que 
visam controlar e adaptar comportamentos, moldar subjetividades e formas de 
sociabilidade necessárias à reprodução da ordem burguesa, de um lado, e como 
decorrência da ampliação das funções democráticas do Estado, fruto das lutas 
de classes, de outro, o serviço social , entretecido pelos interesses em confronto, vai 
ampliando as suas funções até colocar-se no âmbito da defesa da universalidade 
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