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04 NACIONALIDADE-DIREITOS-POLÍTICOS

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NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS 
 
2 
Sumário 
1-DIREITOS DE NACIONALIDADE ............................................................. 4 
1.1- Nacionalidade Primária ou Originária ............................................... 6 
1.1.1- Brasileiros Natos .............................................................................. 6 
1.1.2-Nacionalidade Secundária ou Adquirida ............................................. 8 
1.1.3-Naturalização Ordinária ...................................................................... 8 
1.1.4-Naturalização Extraordinária ou Quinzenária ...................................... 9 
1.1.5- A “QUASE-NATURALIZAÇÃO” – EQUIPARAÇÃO ........................... 9 
2-DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO ............ 10 
2.1 –Hipóteses de Perda da Nacionalidade ............................................... 10 
2.1.1- Idioma e Símbolos Nacionais ........................................................... 11 
3 - CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL .................... 11 
4 – DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................ 14 
5 - O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO ............................................... 21 
5.1 - Inelegibilidade .................................................................................... 23 
6 - PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ........................ 26 
7 – PARTIDOS POLÍTICOS ....................................................................... 28 
7.1 – Fontes ............................................................................................... 29 
7.2 – Partidos Políticos .............................................................................. 30 
7.3 - Personalidade Jurídica e Personalidade Eleitoral dos Partidos ......... 31 
Políticos ..................................................................................................... 31 
7.4 – Autonomia Partidária ......................................................................... 32 
7.5 – Limitações ou Condicionamento aos Partidos Políticos .................... 33 
7.6 – Prerrogativas Eleitorais ..................................................................... 34 
7.7 – Filiação Partidária ............................................................................. 35 
7.8 – Fidelidade Partidária ......................................................................... 36 
7.9 – Panorama Atual Nacional Sobre os Partidos Políticos ...................... 37 
7.10 - Estatística do TSE traz panorama da filiação partidária no Brasil .... 39 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 42 
 
 
3 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo 
de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1-DIREITOS DE NACIONALIDADE 
 
O Estado possui poder geral e exclusivo sobre seu território, o que lhe permite exercer 
autoridade sobre todas as pessoas que nele se encontram. 
Entretanto, o poder estatal incide de maneira diferenciada sobre os seus indivíduos, 
a depender da nacionalidade. Sobre os estrangeiros residentes, o Estado exerce um 
poder territorial; sobre os nacionais, exerce poder pessoal. 
O Estado tem em sua composição 3 elementos, a saber: 
I. Povo; 
II.Território; 
III.Governo soberano. 
O elemento povo é a dimensão pessoal do Estado, independentemente do local onde 
residam. 
 
5 
Os arts. 12 e 13 da Constituição tratam dos direitos da nacionalidade. Mas o que vem 
a ser nacionalidade? Em resumo, nacionalidade é o vínculo jurídico-político de uma 
pessoa para com um determinado Estado, e é instituto decorrente da soberania. 
Importante destacar que nacionalidade não se confunde com cidadania. Como se 
observa: 
Cidadania: Diferencia aqueles que estão em pleno gozo dos direitos políticos 
daqueles que não tem ou estão privados de tais direitos. 
Nacionalidade: Diferencia o nacional (que tem vínculo jurídico-político com 
determinado Estado) do estrangeiro (não possui tal vínculo). 
Nacionalidade também não se confunde com naturalidade. A naturalidade diz respeito 
unicamente ao local em que a pessoa nasceu (quem nasce na cidade do Rio de 
Janeiro é carioca) e não tem, necessariamente, ligação com a nacionalidade. É 
possível, por exemplo, que um indivíduo nasça em Paris e tenha nacionalidade 
brasileira. 
Entretanto, existem pessoas que não possuem vínculo jurídico político com nenhum 
Estado, e por isso são chamados de apátridas ou heimatlos, bem como pessoas que 
possuem o referido vínculo com mais de um Estado, sendo chamados de polipátridas 
(dupla nacionalidade). 
Ao atribuir nacionalidade a determinada pessoa, o Estado lhe reconhece direitos e 
deveres, bem como proteção além de suas fronteiras (é a razão de ser dos 
consulados, que cuidam de nacionais no estrangeiro). 
A nacionalidade pode ser primária (ou originária) e secundária (ou adquirida). 
https://jus.com.br/tudo/cidadania
 
6 
1.1- Nacionalidade Primária ou Originária 
 
A nacionalidade originária pode decorrer da 
consanguinidade (ius sanguinis), onde são 
considerados nacionais os descendentes de 
nacionais, ou do local de nascimento (ius solis). 
O Brasil adota ambos os critérios, porém, de 
forma combinada, por exemplo, com o critério 
funcional. 
A nacionalidade originária resulta de fato natural, ou seja, resulta do nascimento, e 
é determinada pela hereditariedade (nacionalidade dos pais) ou pelo local de 
nascimento. 
1.1.1- Brasileiros Natos 
 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a 
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois 
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
 
7 
Pelo art. 12, I, a, observa-se que o Brasil adotou como critério-base a territorialidade 
(ius solis), pois considera brasileiro nato os nascidos na República Federativa do 
Brasil (RFB), ainda que de pais estrangeiros, salvo se os mesmos (um ou ambos) 
estiverem a serviço de seu país. 
Ainda são considerados brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, filho de pai 
brasileiro ou mãe brasileira (ius sanguinis), desde que qualquer deles esteja a serviço 
da RFB. Neste caso, a Constituição adotou o critério do ius 
sanguinis (hereditariedade) conjugado com o critério funcional (estar a serviço da 
RFB). 
A expressão “a serviço da República Federativa do Brasil” deve ser entendida 
ampliativamente, compreendendoo serviço prestado à União, aos Estados, Distrito 
Federal e Municípios, além dos entes da administração indireta, autarquias, 
fundações públicas (de direito público e de direito privado), empresas públicas 
e sociedades de economia mista. 
Também são considerados brasileiros natos, os nascidos no estrangeiro, filho de pai 
ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente 
(embaixada/consulado), ou venham a residir no Brasil e optem, a qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
O constituinte originário mesclou o critério da consanguinidade com o registro no 
órgão competente ou a fixação de residência no Brasil junto com a opção. 
Se o nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileira não tiver sido registrado 
perante o órgão competente, caso venha a residir no Brasil, ainda menor, o mesmo 
passará a ser considerado brasileiro nato, e, após atingir a maioridade, poderá optar 
pela nacionalidade brasileira. Atingida a maioridade e enquanto não for manifestada 
a opção, esta passa a atuar como condição suspensiva da nacionalidade brasileira. 
Nesse sentido, o Recurso Extraordinário 418.096. 
https://jus.com.br/tudo/sociedades
 
8 
1.1.2-Nacionalidade Secundária ou Adquirida 
 
A nacionalidade secundária ou adquirida depende da manifestação de vontade do 
indivíduo estrangeiro ou apátrida e da concessão do Estado, pois não existe a 
naturalização tácita (ou automática), que somente se deu na Constituição de 1891 (a 
“grande naturalização). 
A naturalização, que é ato de manifestação de vontade, pode ser ordinária ou 
extraordinária (quinzenária). Em qualquer caso, devem ser obedecidos os seguintes 
critérios gerais: 
 Requerimento ao Ministro da Justiça; 
 Concessão pelo Poder Executivo, através de portaria do Ministro da 
Justiça. A concessão é ato discricionário, mesmo quando preenchidos 
os critérios legais. 
1.1.3-Naturalização Ordinária 
 
Art. 12, II, 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
Note que a referida alínea prevê duas hipóteses de naturalização ordinária, a saber: 
 Apátridas: mesmo quando não fale a língua portuguesa (deverão preencher 
os requisitos previstos no art. 112 do Estatuto do Estrangeiro – Lei 6.815/80). 
 Originários dos países de língua portuguesa: dos quais exige-se apenas 1 
ano de residência ininterrupta no Brasil e idoneidade moral. 
 
9 
1.1.4-Naturalização Extraordinária ou Quinzenária 
 
Art. 12, II, 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação 
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
Os estrangeiros, de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de 15 anos 
ininterruptos e sem condenação penal poderão se naturalizar brasileiros, desde que 
requeiram a naturalização, tendo em vista que esta não pode se dar de forma tácita 
ou automática. 
1.1.5- A “QUASE-NATURALIZAÇÃO” – EQUIPARAÇÃO 
 
Art. 12, 
§ 1º. Aos portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes 
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
Os portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em 
favor de brasileiros residentes em Portugal, gozarão dos mesmos direitos de um 
brasileiro naturalizado, mas sem se naturalizar. É apenas uma equiparação em 
direitos. 
Os portugueses podem requerer a naturalização ordinária, bastando residência por 
um ano no Brasil e idoneidade moral. No entanto, podem ser equiparados em direitos 
a um brasileiro naturalizado, sem que seja naturalizado, isto é, sem perder a 
nacionalidade portuguesa. 
 
10 
2-DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO 
 
Em regra, por questões de isonomia, não pode haver distinções entre brasileiros 
natos e naturalizados. No entanto, a própria Constituição (e somente ela) poderá 
estabelecer eventuais distinções, sendo vedada a criação de outras hipóteses através 
de lei. 
Atualmente, a Constituição Federal elenca quatro distinções entre brasileiros natos e 
naturalizados, a saber: 
 ocupação de cargos; 
 participação no Conselho da República; 
 propriedade de empresa jornalística; 
 radiodifusão e extradição. 
2.1 –Hipóteses de Perda da Nacionalidade 
 
Cancelamento da naturalização: é possível perder a nacionalidade adquirida por meio 
do cancelamento da naturalização, que deve se dar por meio de sentença judicial 
transitada em julgado (não pode ser mera decisão administrativa), em virtude do 
cometimento de atos nocivos aos interesses nacionais. 
Mas o que seriam atos nocivos aos interesses nacionais? São exemplos de tais atos: 
tráfico de drogas, de armas, atentados terroristas etc. 
Aquisição de outra nacionalidade: em regra, ao adquirir outra nacionalidade, perde-
se a nacionalidade brasileira originária. Por exemplo, se um brasileiro nato se 
naturalizar chinês, deixará de ser brasileiro nato, e será apenas chinês naturalizado. 
No entanto, existem 2 exceções à referida regra, quais sejam: 
https://jus.com.br/tudo/propriedade
 
11 
2.1.1- Idioma e Símbolos Nacionais 
 
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do 
Brasil. 
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as 
armas e o selo nacionais. 
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos 
próprios. 
3 - CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL 
 
Será considerado como estrangeiro o indivíduo que nasceu fora do território 
nacional brasileiro desde que não tenha adquirido a nacionalidade brasileira da 
forma como prevê a lei. Somente serão considerados nesse tópico os estrangeiros 
que residem no Brasil. 
O princípio fundamental que norteia a condição jurídica do estrangeiro no Brasil é 
no sentido de que, todos os estrangeiros residentes no território brasileiro gozam 
dos mesmos direitos e têm os mesmos deveres dos brasileiros. Essa paridade da 
situação jurídica é quase total em relação à aquisição e gozo dos direitos civis. 
Já os portugueses, como já mencionado são beneficiados desde que comprovem 
sua residência fixa no Brasil e desde que o ordenamento jurídico português também 
dispense tratamento recíproco aos brasileiros. Assim, o português será equiparado 
ao brasileiro nato sem que seja preciso naturalizar-se brasileiro. Ou seja, todo aquilo 
que for concedido ao brasileiro em solo português, será concedido ao português em 
solo brasileiro. A concessão de tantos benefícios decorre do Estatuto de Igualdade 
entre o Brasil e Portugal, no qual efetivam-se a igualdade de direitos, das obrigações 
 
12 
civis e dos direitos políticos. Uma reconhecida a igualdade plena o beneficiário 
poderá votar, ser votado e admitido em serviço público. 
A Constituição Federal brasileira fixa alguns limites ao estrangeiro, independente de 
qual seja sua nacionalidade. Nessas hipóteses a previsão constitucional objetiva 
resguardar os privilégios pertencentes somente aos brasileiros natos. 
 
Todo estrangeiro pode adentrar no território brasileiro, desde que satisfaça alguns 
requisitos previstos no Estatuto do Estrangeiro (Lei n.º 6.815/1980), também já 
mencionado. Uma dessas condições diz respeito ao visto de entrada que, 
independente da espécie, não cria direito subjetivo, somente expectativa de direito. 
 
O estrangeiro poderá permanecer no Brasil, fixando-se por tempo indeterminado, 
sem limitação. Para tanto deverá preencher todos os requisitos previstos 
no Estatuto do Estrangeiro devendo ainda registrar-se no Ministério da Justiça. O 
estrangeiro que permanecer no Brasil obterá a carteira de identidade de 
estrangeiros. 
 
Por derradeiro, o estrangeiro poderá deixaro território brasileiro com visto de saída. 
Na condição de permanente, o estrangeiro poderá retirar-se do país sem visto de 
saída e poderá retornar independentemente de visto de entrada, dentro de um prazo 
de dois anos entre a saída e a entrada. 
Os estrangeiros não adquirem direitos políticos, os quais somente serão concedidos 
aos brasileiros natos ou naturalizados. Portanto, não são alistáveis, eleitores, não 
podem votar nem serem votados e não podem ser membros de partidos políticos 
(SILVA; 2015). 
O asilo político é conceituado como o recebimento de estrangeiros no território 
nacional brasileiro, a pedido do próprio estrangeiro, sem que seja necessário 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108497/estatuto-do-estrangeiro-lei-6815-80
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108497/estatuto-do-estrangeiro-lei-6815-80
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108497/estatuto-do-estrangeiro-lei-6815-80
 
13 
preencher todos os requisitos de ingresso. A finalidade do asilo político é evitar uma 
punição ou perseguição no país de origem do estrangeiro decorrentes da prática de 
delitos de natureza política ou ideológica. A Constituição Federal brasileira prevê o 
asilo político no artigo 4º, X. 
 
A extradição pode ser conceituada como a entrega de um indivíduo por um país, 
acusado de um delito ou já condenado como criminoso, à justiça de outro país que 
o reclama e é competente para julgar e punir o indivíduo. A Constituição Federal cria 
limitações à extradição e são elas: quando a pessoa tiver cometido crime político ou 
de opinião, no caso do brasileiro nato que não será extraditado de forma absoluta e 
no caso do brasileiro naturalizado exceto quando tiver cometido crime antes da 
naturalização ou quando envolvido em tráfico de entorpecentes e drogas afins, como 
já dito. 
 
A expulsão consiste num modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional 
por delito, infração ou atos que o tornem inconvenientes à nação, ao Estado e à 
sociedade como um todo. Dessa forma, será passível de expulsão o estrangeiro que 
atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou a 
moralidade pública, a economia popular ou cujo procedimento se torne nocivo à 
convivência e aos interesses nacionais. Não serão expulsos os estrangeiros 
casados há mais de cinco anos com brasileiro e desde que não estejam separados 
de fato ou de direito ou nos casos em que o estrangeiro tiver filho brasileiro que 
comprovadamente esteja sob sua guarda, proteção e dele dependa 
economicamente. 
Quanto a deportação consiste na saída compulsória do estrangeiro do território 
nacional. O fundamento da deportação consiste no fato de o estrangeiro entrar ou 
permanecer irregularmente no território brasileiro. Portanto, decorre do não 
preenchimento dos requisitos para entrar ou permanecer no Brasil. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641674/artigo-4-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731206/inciso-x-do-artigo-4-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
14 
Observando atentamente todos os movimentos imigratórios que têm ocorrido na 
atualidade mister se faz entender a forma como a Ciência Jurídica encara 
determinado tema. Conclui-se que todo o regramento atinente ao tema decorre de 
dois corpos legislativos, a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 6.815/1980, sem 
deixar de mencionar, por mais óbvio que seja, a influência dos tratados, acordos e 
pactos internacionais dos quais o Brasil seja signatário. 
4 – DIREITOS POLÍTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
As normas insertas na Constituição Federal que dispõem sobre os direitos políticos 
refletem a aplicabilidade do parágrafo único do artigo 1º, da Lei Maior: “Todo o poder 
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição”. 
Inicialmente verifica-se, portanto, a forma ativa, em que o povo exerce o seu direito 
ao voto e a passiva dos direitos políticos, que se refere aos direitos de ser votado 
(condição de elegibilidade). 
A constituição de 1988 trouxe uma estrutura diversa das constituições anteriores: 
 
 dos princípios fundamentais; 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108497/estatuto-do-estrangeiro-lei-6815-80
 
15 
 
 dos direitos e garantias fundamentais, alinhando uma perspectiva mais 
moderna, abrangendo direitos individuais e coletivos, direitos sociais 
dos trabalhadores, da nacionalidade, direitos políticos e dos partidos 
políticos; 
 
 da organização do Estado; 
 
 da organização dos poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder 
Judiciário, sendo mantido o sistema presidencialista, e um capítulo de 
funções essenciais à justiça com a previsão do Ministério Público, 
advocacia pública (da União e dos Estados), advocacia privada e 
Defensoria Pública; 
 
 da defesa do Estado e das instituições democráticas; 
 
 da tributação e orçamento; 
 
 da ordem econômica e financeira; 
 
 da ordem social; 
 
 das disposições gerais, e ao final o Ato das Disposições Transitórias. 
 
Os Direitos Políticos são tratados na Constituição de 1988 no capítulo IV, do título II, 
referente aos direitos e garantias fundamentais. 
E fato inédito foi a consolidação do o princípio da dignidade da pessoa humana e 
exaltação da democracia, na medida em que foi incluído o direito ao voto dos 
analfabetos. 
 
 
16 
Lembra-se que os termos “cidadania” e “direitos fundamentais” popularizaram-se em 
nosso país com o final da ditadura militar e com a promulgação da Constituição 
Federal de 1988. 
Antônio Carlos Mendes afirma que o sufrágio: 
Decorre do art. 14 e parágrafos da Constituição Federal de 1988 e tem o 
seguinte conteúdo normativo que resulta da letra do preceito: (a) o sufrágio 
é universal e o alistamento obrigatório, (b) o voto é direto, secreto, obrigatório 
e igual para todos. Por outro lado, implicitamente, denota-se que o voto é, 
também, pessoal. 
José Afonso da Silva faz importante anotação sobre as expressões “sufrágio” e “voto” 
em relação à Constituição de 1988: 
as palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como sinônimos. A 
Constituição, no entanto, dá-lhes sentidos diferentes, especialmente, no seu 
artigo 14, por onde se vê que o sufrágio é universal e o voto é direto e secreto 
e tem valor igual. A palavra voto é empregada em outros dispositivos, 
exprimindo a vontade num processo decisório. Escrutínio é outro termo com 
que se confundem as palavras sufrágio e voto. É que os três se inserem no 
processo de participação do povo no governo, expressando: um, o direito 
(sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e o outro, o modo de exercício (o 
escrutínio). 
O voto é exercido de forma direta, e, na lição no Professor Alexandre de Moraes, 
apresenta diversas características constitucionais, quais sejam, personalidade, 
obrigatoriedade, liberdade, sigilosidade, igualdade e periodicidade. 
 
Por seu turno, o voto é obrigatório para os cidadãos maiores de dezoito anos e 
menores de setenta (idade a partir da qual o voto se torna facultativo). Também é 
facultativo o alistamento eleitoral dos analfabetos. 
A liberdade está presente no direito de escolher o representante conforme as 
convicções do eleitor e pela faculdade de anular o voto. 
 
17 
Lembra-se que o artigo 60, § 4º da Constituição Federal prevê como cláusulapétrea 
o voto direto, secreto, universal e periódico. Aliás, o voto periódico é garantia da 
temporariedade dos mandatos, como fundamento da forma federativa de Estado e, 
também, para garantir a efetividade da democracia representativa com períodos de 
mandatos determinados. 
Sobre este aspecto, a Emenda Constitucional 16 de 2007 permitiu a reeleição para 
um único mandado subsequente. Esta permissão foi possível na medida em que a 
cláusula pétrea é relativa ao voto periódico, mas não impede a reeleição. 
A temporariedade (voto periódico) é parte integrante da noção de República. 
Acolhe-se, portanto, a afirmação de Pinto Ferreira “A essência da República está no 
voto direto, secreto, universal e periódico”. 
Pode-se concluir que sem a transitoriedade não há República. 
O art. 60, §4º, buscou, portanto, a petrificação dos reflexos Republicanos. 
 
Sem adentrar no sentido gramatical do termo “periódico” fica, então, a indagação de 
qual seria o seu alcance. Em outras palavras, qual seria a limitação implícita temporal 
para a reforma da constituição no que se refere ao período dos mandatos? 
Levando em consideração a existência de postulados constitucionais como 
pressuposto hermenêutico Constitucional, pode-se ressaltar aqui o postulado da 
harmonização, decorrente do postulado da unidade da Constituição. 
 
A harmonização dá ao texto a mais ampla aplicação que ele exige. Assim, alternativa 
não restou que não fosse buscar no próprio texto Constitucional o que ele define como 
periódico. 
De acordo com o método lógico-sistêmico, portanto, a prorrogação do período de 
mandatos de ocupantes de cargos eletivos se choca com o próprio texto 
 
18 
Constitucional que prevê mandatos de quatro anos, com exceção para os senadores, 
cujo mandato é de oito anos. 
 
Dessa forma, adota-se aqui o princípio da periodicidade das eleições (temporariedade 
dos mandatos populares) limitado pelo próprio texto Constitucional, qual seja, quatro 
anos. 
Lembra-se que antes da Emenda Constitucional de Revisão nº 5, de 07 de junho de 
1994 o mandato para Presidente, que era de cinco anos, foi reduzido para quatro 
anos. 
Neste caso, acredita-se que foi admitida a reforma da constituição para reduzir o 
período do mandato justamente para manter a harmonização do texto constitucional 
e para garantir a maior efetividade ao pacto federativo. 
Neste sentido, a limitação do poder de reforma deve ser compreendida dentro das 
tradições de cada sistema histórico que, no caso da República Federativa do Brasil, 
já admitiu a hipótese da reeleição. 
Diante da indefinição do texto que trata das cláusulas pétreas, acerca da 
periodicidade, se não considerar a unidade da Constituição, a prorrogação do período 
de mandato de qualquer agente político poderia tornar-se precedente para a 
prorrogação por meses ou anos. 
Sobre alistamento eleitoral, cumpre ressaltar que a Constituição Federal dispõe que 
não desfrutam do sufrágio: 
(a)os inalistáveis, a teor do § 2º do art. 14 da Constituição Federal de 1988, 
entendendo-se nessas condições os (b) estrangeiros e (c) os conscritos. 
Também (d) os absolutamente incapazes, na acepção da lei civil, não são 
alistáveis. 
 
 
19 
A elegibilidade está prevista no artigo 14, §3º da Constituição Federal, o qual prevê 
as condições de elegibilidade, ou seja, as condições para que o cidadão exerça os 
direitos políticos na modalidade passiva, a saber: 
 
I – a nacionalidade brasileira; 
II – o pleno exercício dos direitos políticos; 
III – o alistamento eleitoral; 
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V – a filiação partidária; 
VI – idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e 
Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito 
Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, 
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para vereador. 
No mesmo sentido, somente possui a capacidade eleitoral passiva o candidato que 
estiver em pleno gozo da capacidade eleitoral ativa, sendo pressuposto de 
elegibilidade. Ademais, o §4º do art. 14 também retira a capacidade eleitoral passiva 
dos analfabetos. 
Não se olvide que a soberania popular exercida por meio do sufrágio será 
concretizada mediante plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. 
 
20 
No que se refere à diferença entre plebiscito e referendo: 
… concentra-se no momento de sua realização. Enquanto o plebiscito 
configura consulta realizada aos cidadãos sobre matéria a ser 
posteriormente discutida no âmbito do Congresso Nacional, o referendo é 
uma consulta posterior sobre determinado ato ou decisão governamental, 
seja para atribuir-lhe eficácia que ainda não foi reconhecida (condição 
suspensiva), seja para retirar a eficácia que lhe foi posteriormente conferida 
(condição resolutiva). (MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio 
Martires, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, op cit, p. 714.) 
 
Já a iniciativa popular, prevista no art. 61, §2º, da Constituição Federal, poderá ser 
exercida pela apresentação, perante a Câmara dos Deputados, de projeto de lei 
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco 
Estados, com no mínimo 2/10 por cento de cada um deles. 
Esquematizando: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 - O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO 
 
O conjunto de técnicas e procedimentos para a realização das eleições para a 
designação de titulares de mandatos eletivos é chamado de sistema eleitoral. 
O Direito Eleitoral é o conjunto de princípios e normas sobre o exercício dos direitos 
políticos ativos (poder de votar) e passivos (poder de ser votado), o sistema eleitoral 
brasileiro, o processo das eleições (desde a filiação partidária à diplomação dos 
eleitos), a organização dos pleitos nos entes da Federação (União, Distrito Federal, 
Estados e Municípios), a Justiça Eleitoral (organização, competência, composição, 
processo civil, penal e administrativo) e os crimes de natureza eleitoral. 
Segundo preceito constitucional, compete privativamente à União legislar sobre 
direito eleitoral (art. 22, I). 
A Lei Maior, porém, veda a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa à 
“nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral” (art. 
62, §1°, I a). 
 
 
22 
Os princípios e normas fundamentais relativos às matérias que compõem o Direito 
Eleitoral têm assento constitucional: direitos políticos: (arts. 14 a 16); partidos políticos 
(art. 17); eleições (arts. 27 a 29 e 32); sistema proporcional (art. 45); sistema 
majoritário (arts. 46 e 77); justiça eleitoral (arts. 118 a 121). 
As peculiaridades do sistema eleitoral constam do “Código Eleitoral”, que se trata da 
Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 e nas seguintes legislações: Lei de 
Inelegibilidades – Lei Complementar nº 64, de 18/05/1990, alterada pela Lei 
Complementar nº 135, de 04/06/2010 (que é conhecida como “Lei da Ficha Limpa”); 
Lei dos Partidos Políticos – Lei nº 9.096, de 19/09/1995; Lei das Eleições – Lei nº 
9.504, de 30.09.1997; e as minirreformas eleitorais (a última de 2015 – Lei nº 13.165). 
Nosso sistema consagra que o sistema eleitoral majoritário é utilizado para a eleição 
do Presidente da República, Governadores e Prefeitos (de cidades com mais de 
duzentos mil eleitores). Para ser eleito pelo sistema majoritário, o candidato deverá 
obter 50% + 1 dos votos válidos (maioria absoluta) para que seja eleito em primeiro 
turno. Caso isso não ocorra, será instaurado o segundo turno das eleições, no qual 
disputarão os dois candidatos mais votados em primeiro turno, elegendo-se o 
candidato que obtiver a maioria dos votos. 
 
Quanto aos senadores, o sistema majoritário é por maioria relativa, pela qual “por 
uma única eleição, se proclama o candidato que houver obtido a maioria simples ourelativa”. 
 
O sistema proporcional também foi adotado, tendo em vista a preocupação com as 
minorias. 
José Afonso da Silva afirma que: 
a preocupação com a representação das minorias foi introduzindo 
particularidades no sistema majoritário, especialmente combinando-o com 
base territorial mais cada uma, vários candidatos. Daí é que se progrediu até 
o sistema de representação ampla – circunscrições – em que se elegem, em 
 
23 
que se elegem, em proporcional, que, no entanto, só se aplica nas eleições 
parlamentares. 
A Constituição Federal definiu que as eleições dos deputados estaduais, federais, 
bem como dos vereadores seriam realizadas através do critério proporcional, 
conforme dispõe o art. 27, § 1º e 45. Foi o Código Eleitoral que trouxe as 
particularidades desse sistema: 
Art. 109 – Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes 
partidários serão distribuídos mediante observância das seguintes regras: 
(Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) 
I – dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou 
coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, 
cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos 
lugares a preencher; (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) 
II – repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos 
lugares. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) 
 
 
§1º – O preenchimento dos Iugares com que cada Partido ou coligação for 
contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida pelos seus 
candidatos. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985). 
§ 2º – Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os Partidos e 
coligações que tiverem obtido quociente eleitoral. (Redação dada pela Lei nº 
7.454, de 30.12.1985). 
5.1 - Inelegibilidade 
 
 
24 
Ainda sobre as condições de acesso a cargos eletivos, é preciso lembrar que o tema 
“inelegibilidade” é matéria afeta a muitas discussões, que merece estudo aprofundado 
sobre o tema. 
Neste momento discorrer-se-á sobre os aspectos gerais da matéria. 
Antonio Carlos Mendes, de forma oportuna, faz a distinção entre inelegibilidades e 
incompatibilidades, afirmando que na incompatibilidade o legislador buscou 
assegurar ou regular o exercício da função, bem como garantir-lhe prestígio; a 
inelegibilidade se refere à legitimidade e regularidade do ato eleitoral. 
 
Além das hipóteses constitucionais, a Constituição Federal (§ 9º, do art. 14) deixou 
para a Lei Complementar estabelecer os demais casos de inelegibilidade. 
Enquanto a elegibilidade tem um significado positivo (direito de ser votado), a 
inelegibilidade é o seu antônimo. 
Numa relação simples, a inelegibilidade está para o voto assim como a 
incompatibilidade está para o mandato. A inelegibilidade configura a existência de 
proibição que impossibilita a candidatura e, sem dúvida, é uma restrição às 
“liberdades públicas” e visa garantir a ordem jurídica, preservar a liberdade de voto, 
a lisura e a legitimidade das eleições. 
 
Pode-se afirmar que constituem inelegibilidades absolutas para todos os cargos os 
inalistáveis e os analfabetos, conforme art. 14, §4º, da Constituição Federal. 
 
Também são hipóteses constitucionais de inelegibilidade ter vínculos consanguíneos 
com quem seja titular de determinados cargos, ou os haja exercido num determinado 
período (artigo 14, § 7º – considerada relativa). 
A Constituição Federal prevê, ainda, a inelegibilidade que garante a alternância de 
poder. Cumpre transcrever os §§ 5º e 6º do art. 14, da Constituição Federal: 
 
25 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos 
mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. 
§ 6º – Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os 
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar 
aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
Conforme dispõe o art. 14, § 9º, da Constituição Federal, as inelegibilidades relativas 
são disciplinadas pela Lei Complementar 64/90. 
Lembra-se que, as novas dimensões das condições de acesso a cargos eletivos, 
introduzidas pela Lei Complementar nº 135/10, evidenciam o avanço da moralidade 
administrativa quando o que se está em discussão é a capacidade eleitoral passiva. 
 
A maior parte das condições insertas no art. 1º, da Lei Complementar nº 64/90 tem 
como fim a preservação da moralidade administrativa. 
 
O fato é que, como consequência do regime democrático, o controle da moralidade 
no exercício da função pública passou a ser cobrado pelo povo, titular da soberania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
6 - PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
 
Antes de tratar da perda e suspensão dos direitos políticos, é preciso lembrar que os 
direitos fundamentais só protegem o seu titular quando este se move na seara dos 
atos lícitos. Assim, se o direito define uma conduta como ilícita não se pode considerar 
como justo o exercício de um direito fundamental que leve a essa conduta. 
André Ramos Tavares afirma: 
Não existe nenhum direito humano consagrado pelas Constituições que se 
possa considerar absoluto, no sentido de sempre valer como máxima a ser 
aplicada nos casos concretos, independentemente da consideração de 
outras circunstâncias ou valores constitucionais. Nesse sentido, é correto 
afirmar que os direitos fundamentais não são absolutos. Existe uma ampla 
gama de hipóteses que acabam por restringir o alcance absoluto dos direitos 
fundamentais. Assim, tem-se de considerar que os direitos humanos 
consagrados e assegurados: 1º) não podem servir de escudo protetivo para 
a prática de atividades ilícitas; 2º) não servem para respaldar 
irresponsabilidade civil; 3º) não podem anular os demais direitos igualmente 
consagrados pela Constituição; 4º) não podem anular igual direito das 
demais pessoas, devendo ser aplicados harmonicamente no âmbito material. 
Aplica-se, aqui, a máxima da cedência recíproca ou da relatividade, também 
chamada ‘princípio da convivência das liberdades’, quando aplicada a 
máxima ao campo dos direitos fundamentais. 
Desta forma, embora os direitos políticos estejam constitucionalmente consagrados, 
em determinadas hipóteses o brasileiro pode vir a ser privado dos mesmos, 
 
27 
temporária ou permanente (nesse último caso, estamos diante de perda dos direitos 
políticos). 
A perda ou suspensão dos direitos políticos indicam inidoneidade seja civil, penal ou 
administrativa; as matérias encontram-se disciplinadas no art. 15, da Constituição 
Federal. 
A perda definitiva dos direitos políticos decorre do cancelamento da naturalização por 
sentença transitada em julgado. 
A suspensão ou privação temporária dos direitos políticos decorre: 
 
a) da recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, 
nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal; 
b) da incapacidade civil absoluta; 
c) de condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem os 
seus efeitos; 
d) da Improbidade administrativa nos termos do artigo 37, §4º. 
 
Djalma Pinto assevera que, o fato de alguém não se encontrar no exercício do 
mandato, no momento em que a condenação transita em julgado, não o libera da 
incidência da norma do inciso IV. 
 
Estamos diante de restrições de direitos previstas na Constituição Federal que, na 
verdade, não apontam as hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos, 
mas a sua natureza, forma e efeitos. 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 – PARTIDOS POLÍTICOS 
 
Não obstante o tema referente aos Partidos Políticos seja, geralmente, abordado na 
esfera do Direito Eleitoral, o que é totalmente compreensível em virtude da estreita 
ligação com o aludido tema, o Direito Partidário, por vezes, é observado como ramo 
independentedentro das ciências jurídicas. Sua independência, inclusive, é 
reconhecida pela nossa Carta Magna de 1988, notadamente no art. 62, § 1º, alínea 
a, onde há uma separação entre os Partidos Políticos e o Direito Eleitoral. Ademais, 
é bem verdade que o estudo dos partidos, di per si, merece uma atenção específica, 
sobretudo, pelo fato dos seus regramentos, institutos, princípios e regime jurídico 
peculiares, consoante veremos. 
Em que pese opinião doutrinária diversa, o estudo dos Partidos Políticos, denominado 
de Direito Partidário pode ser conceituado como “o ramo do Direito Público, que 
 
29 
disciplina a formação e o desenvolvimento orgânico dos Partidos Políticos, bem como 
as normas atinentes ao seu financiamento e às suas atividades de arregimentação” 
(ALVIM, 2012). 
O objeto, portanto, é dotar de contornos gerais a atividade dos Partidos Políticos; 
agremiações que, embora livres, estão sujeitas a determinadas limitações, 
constitucionalmente estabelecidas, em proveito da preservação do regime 
democrático. Ademais, ressalte-se que tais limitações também visam suas próprias 
garantias, através de normas que garantam acesso a recursos financeiros, bem como 
possibilidade de propaganda gratuita nos meios de comunicação. 
Em suma, podemos dizer que a importância do estudo dos partidos políticos está 
intimamente ligada com a relevância das próprias atividades dos partidos, cuja 
existência plural é reconhecida como fundamento da República Federativa conforme 
o inciso V do art. 1º da nossa Constituição Federal de 1988. 
7.1 – Fontes 
 
Assim como o estudo das diversas áreas do Direito exigem o retorno aos seus 
fundamentos, isto é, as suas fontes, para o estudo dos Partidos Políticos também é 
de suma importância verificar tais raízes. Nesse sentido, principais fontes para o 
exame das agremiações políticas são: 
 Constituição Federal; 
 Código Eleitoral (Lei 4.737 de 1965); 
 Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei 9.096 de 1995); 
 Lei das Eleições (Lei 9.504 de 1997); 
 Resoluções do TSE, notadamente, a Res. TSE 21.841/04, que trata da 
prestação anual de contas dos partidos; 
 Consultas respondidas pelos tribunais eleitorais; 
 Os estatutos dos Partidos Políticos; 
 
30 
 As decisões judiciais proferidas pelos órgãos da Justiça Eleitoral. 
 
Dito isto, temos acima o arcabouço que norteia e perpassa por todas as 
singularidades relevantes para o exame dos Partidos Políticos. 
7.2 – Partidos Políticos 
 
No dizer do jurista argentino Juan Fernando Armagnague, partido político nada mais 
é senão uma associação de pessoas vinculadas por ideias e crenças comuns, em 
torno de um programa, com a finalidade obter o poder mediante o sufrágio, para que 
dito programa seja executado no governo. 
Fávila Ribeiro, na mesma toada, aduz que 
o partido político é um grupo social de relevante amplitude destinado à 
arregimentação coletiva, em torno de ideias e de interesses, para levar seus 
membros a compartilharem do poder decisório nas instâncias 
governamentais. 
Em outras palavras, o partido político é uma pessoa jurídica composta por um grupo 
de pessoas ligadas pelo anseio comum de aceder ao poder. 
Os partidos, dentro do cenário político, desempenham funções estruturais no que se 
refere à representatividade democrática. Destarte, eles são indispensáveis para dar 
coerência à vontade popular, realizar a educação cívica dos cidadãos, servir de elo 
entre o governo e a opinião pública, selecionar aqueles que devem dirigir os destinos 
do Estado, bem como projetar a política de governo e executá-la na prática 
(LÓPEZ,1983). 
A natureza jurídica dos Partidos Políticos antes da Constituição de 1988 era de 
pessoa jurídica de direito público. Entrementes, com a promulgação da hodierna Lei 
Maior, eles passaram a ser considerados pessoas de direito privado, que adquirem 
 
31 
personalidade jurídica na forma da lei civil consoante os termos dos art. 17, § 2º da 
CF e art. 1º da Leis dos Partidos Políticos. 
Como toda e qualquer associação civil, a personalidade jurídica é adquirida mediante 
a inscrição dos atos constitutivos no cartório civil de registro de pessoas jurídicas. 
Assim, uma vez efetuado o registro, o partido adquire personalidade jurídica e, em 
seguida, deve providenciar o registro de seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, 
para poder usufruir das prerrogativas eleitorais que são próprias aos partidos. 
Vale ressaltar, que o registro civil e o registro no TSE refletem diversos aspectos da 
existência dos partidos, o primeiro refletindo a existência da agremiação partidária 
enquanto pessoa jurídica, o segundo, por sua vez, enquanto pessoa eleitoral. 
7.3 - Personalidade Jurídica e Personalidade Eleitoral dos Partidos 
Políticos 
 
A personalidade jurídica geralmente é definida como a aptidão para titularizar direitos 
e contrair obrigações na ordem jurídica; no caso das pessoas jurídicas, a 
personalidade surge com a inscrição de atos constitutivos em um cartório de registro 
civil. 
Já a personalidade eleitoral, por seu turno, deve ser entendida como aptidão para 
contrair direitos e obrigações de natureza eleitoral, tais como, o direito de acesso 
gratuito ao rádio e à televisão e a obrigação de prestar contas de sua movimentação 
financeira à justiça eleitoral. 
O artigo 8º da Lei dos Partidos Políticos estatui que o registro civil de uma agremiação 
dessa natureza deve ocorrer em cartório localizado na capital federal, no qual também 
deverá ser apresentada toda a documentação necessária, que inclui, entre outros 
documentos: a ata da reunião de fundação da entidade subscrita pelos fundadores 
 
32 
em número não inferior a 101, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos 
Estados da Federação. 
As benesses de ordem eleitoral só serão acessíveis após o registro no TSE, ato pelo 
qual é conferida a pessoa jurídica a personalidade eleitoral. Somente a partir desta 
etapa, portanto, é que a agremiação usufruirá dos direitos consequentes desse status, 
como o recebimento de recursos do fundo partidário e, conforme já citado, acesso 
gratuito ao rádio e à televisão. Ademais, somente a partir do referido registro é que o 
partido terá assegurado a exclusividade da denominação, símbolos partidários e sigla 
além de ser vedada a utilização, por outros partidos, de variações que venham a 
induzir a erro ou confusão (art. 7º, § 3º da LPP). 
Todavia, a lei impõe alguns requisitos para que o partido possa receber sua 
personalidade eleitoral. Destarte, só é admitido o registro do estatuto de partido 
político que tenha caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, 
no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido político, 
correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na 
última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em 
branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo 
de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles (art. 
7º, § 1º da LPP). O pedido de registro no TSE também deve ser instruído com os 
documentos mencionados no art. 9º da LPP. 
7.4 – Autonomia Partidária 
 
Os partidos possuem a prerrogativa de se organizarem. É neste diapasão que as 
referidas organizações possuem seus programas e estatutos. Por meio do programa, 
o partido estabelece seus objetivos político-ideológicos; ao passo que pelo estatuto 
se estabelecem a estrutura interna, organização e o funcionamento do partido. 
 
33 
A autonomia partidária decorre, portanto, do fato da agremiação ser uma associação. 
Sendo assim, não poderá ser objeto de ingerências estatais, arbitrárias e indevidas 
em seu espectro interno, visto que a liberdade de associação é uma típica liberdade 
negativa, isto é, exercida "contra o Estado". 
A nossa Carta Magna assegura categoricamente a livre criação, fusão e incorporaçãode partidos, ainda conferindo a eles autonomia para definir sua estrutura interna, 
organização e funcionamento, bem como o regime de suas respectivas coligações 
eleitorais. 
7.5 – Limitações ou Condicionamento aos Partidos Políticos 
 
A soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos 
fundamentais da pessoa humana entre outros preceitos insculpidos no artigo 17 do 
Texto Maior, não podem ser violados pelos partidos políticos. Deste modo, se algum 
partido tiver no seu estatuto ou programa, qualquer disposição que atente contra os 
valores supracitados, seu registro não será admitido. 
Ressalte-se que o partido político deve ter caráter nacional, ou seja, não pode estar 
subordinado ou receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro, 
deve prestar contas à justiça eleitoral e dever seu funcionamento parlamentar em 
consonância com o que a lei prescreve. 
No que se refere à prestação de contas, esta deve ser encaminhada anualmente à 
justiça eleitoral, mais precisamente até o dia 30 de abril no ano subsequente, sendo 
o balanço do órgão nacional encaminhado ao TSE, o dos órgãos estaduais aos TRE’s 
e dos órgãos municipais aos juízes eleitorais. 
Outra limitação aos partidos, conforme o art. 6º, é o fato de ser vedado ao partido 
político ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma 
natureza e adotar uniforme para seus membros. Já outra imposição, mas positiva, 
 
34 
ordena aos partidos que estabeleçam em seus estatutos: normas de disciplina e 
fidelidade partidária (art. 17, § 1ºda CF). 
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura 
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus 
órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento 
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas 
eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, 
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas 
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 97, de 2017). 
Vale dizer que tais limites e imposições não devem ser compreendidos como 
restrições indevidas na autonomia dos partidos, mas sim como parâmetros ao 
funcionamento das agremiações partidárias. Por isso, o constituinte entendeu serem 
razoáveis tais normas. 
7.6 – Prerrogativas Eleitorais 
 
Os partidos, após todo o percurso para registro no TSE, passam a usufruir 
prerrogativas eleitorais conferidas pela ordem jurídica através de direitos de ordem 
eleitoral. Neste sentido, esses direitos se iniciam pela percepção de verbas do fundo 
partidário e o acesso gratuito ao rádio e à televisão. 
O fundo partidário é um fundo constituído por recursos provenientes de multas e 
penalidades pecuniárias, doações de pessoas física ou jurídica, dotações 
orçamentárias da União e outros recursos financeiros que lhe forem destinados por 
lei. 
 
35 
No que tange ao acesso gratuito ao rádio e à televisão, este abrange a realização 
tanto da propaganda partidária quanto da propaganda eleitoral, sendo que as 
emissoras de rádio e tv possuem direito à compensação fiscal pela cedência do 
horário gratuito. 
Os partidos políticos devidamente registrados ainda podem utilizar gratuitamente 
escolas públicas ou casas legislativas para a realização de suas reuniões ou 
convenções, responsabilizando-se, contudo, pelos danos eventualmente causados 
em virtude da realização do evento. Para a convenção de escolhas dos candidatos à 
disputa eleitoral, as agremiações também podem utilizar gratuitamente outros prédios 
públicos. 
7.7 – Filiação Partidária 
 
A filiação partidária é o ato pelo qual um eleitor aceita, adota o programa e passa a 
integrar um partido político. Esse vínculo que se estabelece entre o cidadão e o 
partido é condição de elegibilidade, conforme disposto no art. 14, § 3º, V, da 
Constituição Federal. 
Nos termos do art. 16 da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096, de 19 de setembro 
de 1995), só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos 
políticos. Assim, para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deve estar filiado ao partido 
há pelo menos seis meses antes da data fixada para as eleições, conforme dispõe o 
art. 9º da Lei nº 9.504/1997, com a redação dada pela Lei nº 13.165/2015. 
As informações sobre relações oficiais de filiados a partidos políticos podem ser 
obtidas no site do TSE, assim como a emissão de certidão de filiação partidária. 
E de acordo com o art. 7º da Res.-TSE nº 23.117/2009 e o art. 3° do Provimento-CGE 
n°2/2010, alterado pelo Provimento-CGE n° 5/2010, os partidos podem cadastrar 
seus representantes para utilização de ferramenta própria da Justiça Eleitoral 
 
36 
(Filiaweb) com o objetivo de gerenciar suas relações de filiados (inclusões, alterações 
e exclusões de registros de filiações). 
Entretanto, ao contrário do ato de filiação, que é feito por intermédio do partido, o 
desligamento do filiado pode ser feito diretamente pelo eleitor. Para desligar-se do 
partido, o filiado deve comunicar não apenas o Juiz Eleitoral da Zona em que é 
inscrito, mas também o órgão de direção municipal do partido abandonado. A 
jurisprudência, contudo, tem entendido que, na impossibilidade de comunicação do 
órgão municipal, pode o filiado realizar a comunicação aos órgãos estadual ou 
nacional. Na esteira do artigo 21 da LPP, decorridos dois dias de entrega da referida 
comunicação, ainda que o Juiz Eleitoral não tenha se manifestado, o vínculo com o 
partido torna-se extinto, para todos os efeitos. 
Há de se ressaltar que a LPP também prevê hipóteses de cancelamento automático 
da filiação partidária, o que ocorre nos seguintes casos: 
 morte; 
 perda dos direitos políticos; 
 expulsão; 
 outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido 
no prazo de 48 horas da decisão (art. 22 da LPP). 
 filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da 
respectiva Zona Eleitoral. 
7.8 – Fidelidade Partidária 
 
A infidelidade partidária se dá quando os detentores de cargos eletivos se desfiliam 
do partido que foram eleitos sem justa causa, o que ocasiona a perda do mandato. 
 
37 
O art. 22-A da Lei 9.096, de 19/09/1995, que foi acrescentado pela Reforma Eleitoral 
de 2015, especifica os três casos considerados como justa causa para desfiliação 
partidária sem a perda de mandato, quais sejam: 
 mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; 
 grave discriminação política pessoal; 
 mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que 
antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, 
majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente. 
Quando um candidato diplomado realiza a desfiliação partidária sem justa causa, o 
partido pode solicitar à Justiça Eleitoral o decreto da perda do cargo por infidelidade 
partidária. Se o pedido não for feito pelo partido em até 30 (trinta) dias a contar da 
data de desfiliação, é possível fazê-lo em nome próprio, quem tiver interesse jurídico 
ou o Ministério Público Eleitoral, nos próximos 30 (trinta) dias. 
Se a infidelidade partidária for julgada e comprovada, o tribunal ordenará a perda do 
cargo e o empossamento do suplente ou vice, dependendo do caso, em um prazo de 
10 (dez) dias. 
7.9 – Panorama Atual Nacional Sobre os Partidos Políticos 
 
No cenário político atual há alguns fatos e curiosidades que merecem ser abordados 
a fim de compreendermos a conjuntura atual do nosso país no tocante aos partidos 
políticos. 
A polêmica criação do Partido da Mulher Brasileira – PMB, por exemplo, foi algo que 
chamou atenção pelo fato de a referida agremiação haver forte presença masculina 
em detrimento donúmero de mulheres, o que ante o próprio nome do partido gerou 
uma grande contradição. 
 
38 
Outro fato que merece atenção foi à criação do partido Rede Sustentabilidade, 
conhecido como partido da Marina Silva, que em 2013 teve seu registro negado pelo 
TSE, só vindo a lograr êxito tempos depois, quando sanadas as deficiências 
apontadas e comprovado o alcance do número mínimo de apoiadores. 
Outra questão que é abordada via de regra no âmbito eleitoral, e vem recebendo 
várias críticas, é pelo pluripartidarismo vigente ter proporcionado condições que 
fizeram com que hoje haja 35 partidos e, a título de exemplo, de 2005 a 2015 foram 
criados 11 partidos, ou seja, uma média de um partido por ano. Para muitos essa é 
uma sequência preocupante. 
E a lista ainda é crescente. Segundo o TSE, atualmente 22 partidos ainda estão em 
fase de formação, dentre os quais podemos citar: PSPB – Partido dos Servidores 
Públicos e dos Trabalhadores na Iniciativa Privada do Brasil; PACO – Partido 
Conservador; PCS – Partido Carismático Social; PATRI – Patriotas; RNV – Renovar, 
entre outros. 
Diferente dos modelos de partidarismo mais regrados e fechados, o Brasil encontra-
se hoje com a necessidade de estabelecimento de cláusulas de barreira, conforme o 
Senado Federal, tais cláusulas são: 
Normas que impedem ou restringem o funcionamento parlamentar ao partido 
que não alcançar determinado percentual de votos. O dispositivo foi aprovado 
pelo Congresso em 1995 para ter validade nas eleições de 2006, mas foi 
considerado inconstitucional pela unanimidade dos ministros do Supremo 
Tribunal Federal (STF), sob o argumento de que prejudicaria os pequenos 
partidos. A regra determinava que os partidos com menos de 5% dos votos 
nacionais não teriam direito a representação partidária e não poderiam indicar 
titulares para as comissões, incluindo CPIs (Comissões Parlamentares de 
Inquérito). Também não teriam direito à liderança ou cargos na Mesa Diretora. 
Além dessas restrições, perderiam recursos do fundo partidário e ficariam 
 
39 
com tempo restrito de propaganda eleitoral em rede nacional de rádio e de 
TV. 
Consoante Marcos Santos, o estabelecimento dessas cláusulas leva à consolidação 
de partidos sólidos e com identidade precisa, partidos compostos por políticos com 
ideologia e propostas uniformes e não meros estatutos. 
7.10 - Estatística do TSE traz panorama da filiação partidária no 
Brasil 
 
O Brasil tem 16.878.090 eleitores filiados a partidos políticos. Entre as 33 legendas 
registradas hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB) continua sendo a maior do país, com 2.392.404 membros. Já o 
Partido da Causa Operária (PCO) é a menor agremiação política brasileira, com 3.693 
membros. 
Esses e outros dados estão disponíveis na seção de Filiação Partidária do Portal do 
TSE. Com alguns cliques, o usuário pode consultar números atualizados e filtrar as 
informações por sexo, faixa etária, escolaridade e abrangência (nacional, regional, 
estadual e municipal). 
 
Estatísticas gerais: 
 
Dos 16.878.090 eleitores com filiação partidária, 9.352.840 são do sexo masculino, 
7.474.320 do sexo feminino e 14.405 não informaram. Justificando a sigla, o Partido 
da Mulher Brasileira (PMB) é a única legenda na qual o número de mulheres filiadas 
(23.603) supera o de homens (19.134). 
Além do MDB, apenas outros seis partidos políticos registrados na Justiça Eleitoral 
contam com mais de 1 milhão de filiados: Partido dos Trabalhadores (PT), com 
1.599.174 membros; Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 1.466.963; 
http://www.tse.jus.br/partidos/filiacao-partidaria
http://www.tse.jus.br/partidos/filiacao-partidaria
 
40 
Progressistas (PP), com 1.444.951; Partido Democrático Trabalhista (PDT), com 
1.258.176; Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 1.191.273; e Democratas (DEM), 
com 1.095.666. 
Dos sete maiores partidos brasileiros, apenas DEM e PDT não têm o estado de São 
Paulo como seu principal reduto de eleitores. O maior número de filiados ao DEM está 
em Minas Gerais, que concentra 143.813 membros. O Rio Grande do Sul é o maior 
reduto eleitoral do PDT, com 263.709 filiados. O Partido Social Liberal (PSL) conta 
com 271.701 filiados, sendo 47.940 deles no estado de São Paulo. 
O ranking dos seis menores partidos políticos do Brasil é formado por Partido 
Comunista Brasileiro (PCB), com 14.631 filiados; Partido Socialista dos 
Trabalhadores Unificado (PSTU), com 17.004; Rede Sustentabilidade (Rede), com 
23.499; e Partido Novo (Novo), com 33.892. O PCO é o único partido brasileiro com 
menos de 10 mil filiados. 
 
Esses números foram contabilizados a partir das listas de filiados entregues pelos 
partidos políticos até o dia 14 de abril de 2019. 
Ante todo o exposto, fica evidenciado a grande relevância do estudo dos partidos 
políticos, notadamente, pelo fato destas agremiações executarem funções 
indispensáveis no Estado Democrático Direito. Neste diapasão, os partidos são 
fundamentais para nosso país, uma vez que através do sufrágio universal o cidadão 
consegue votar, e, por conseguinte, os partidos políticos fazem o elo entre os 
candidatos (futuros representantes) e os eleitores. Os partidos políticos são, portanto, 
instituições caras à democracia, porquanto são os veículos desta. 
Consoante foi exposto no presente estudo, são várias peculiaridades que permeiam 
as relações entre os partidos e a ordem jurídica vigente; assim, estes possuem 
diversas formas de se relacionarem, seja no âmbito civil, interno, eleitoral, judicial, 
bem como com o cidadão enquanto indivíduo. 
 
41 
Inobstante a grande relevância do sistema eleitoral-partidário vigente, é plenamente 
aceitável as críticas que esse sistema recebe hoje. Conforme foi abordado, é 
importante que haja uma Reforma Eleitoral a fim de consolidar um sistema mais 
robusto e que, de fato, represente a pluralidade da nação, mas que, por óbvio, não 
exerça ingerências em outros valores constitucionais importantes como o direito de 
livre associação. 
Portanto, o pluralismo político e o pluripartidarismo são princípios constitucionais, 
contudo, critérios devem ser definidos, objetivando a concretização da vontade 
constitucional, porquanto os partidos devem prestar um serviço à democracia e 
funcionar, efetivamente, como veículos a serviço do Estado Democrático de Direito e 
da cidadania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
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