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MÓDULO IV EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

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Módulo 4
Legislação:
 
Extinção da Punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os
costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial
deste Código;(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso
anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a
ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação
penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração;(Revogado pela
Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
 
Introdução
 
Com criação da norma penal, o Estado passa a ostentar o direito de punir em abstrato
ou “jus puniendi” em abstrato, por meio do qual exige de todos que abstenham de
praticar a ação ou omissão definida no preceito primário do tipo penal.
Quando a infração penal é praticada, surge para o Estado o direito de punir em
concreto ou “jus puniendi” em concreto. Através dele, o Estado exige do infrator que
se sujeite à sanção prevista no preceito secundário do tipo penal.
A punibilidade não é requisito do crime, mas sua consequência jurídica. Nesse
sentido: TACrimSP, 613.785, RT, 663:314-5.
Os requisitos do crime, sob o aspecto formal, são o fato típico e a antijuridicidade. A
culpabilidade constitui pressuposto da pena. A prática de um fato típico e ilícito, sendo
culpável o sujeito, faz surgir a punibilidade.
Nesse contexto, nto que surge a punibilidade, entendida como a possibilidade jurídica
da aplicação da sanção penal. Observe-se, contudo, que o direito de punir concreto
não é auto-executável, tratando-se de verdadeiro direito de coação indireta, uma vez
que sua satisfação depende da utilização de um processo penal – “nulla poena sine
judicio”.
 
Condições objetivas da punibilidade
 
Por razões de Política Criminal, por vezes, a lei condiciona o surgimento da
punibilidade com o concurso de requisitos ou circunstâncias de caráter objetivo,
independentes da conduta do agente e exteriores ao dolo.
Tais condições objetivas de punibilidade encontram-se dispersas na legislação – art.
7º, § 2º, “b” a “e”, CP.
 
 
Causas extintivas da punibilidade
 
O conteúdo do art. 107 do CP não é taxativo, mas exemplificativo. Isto porque causas
extintivas da punibilidade que extrapolam o rol desse dispositivo legal.
Como exemplo, note:
a) art. 82 CP: o término do período de prova do sursis, sem motivo para
revogação do benefício, faz com que o juiz decrete a extinção da punibilidade;
b) art. 90 CP: o término do período de prova do livramento condicional, sem
motivo para revogação do privilégio, opera a extinção da punibilidade;
c) art. 7º, § 2º, “d”, CP: se o agente cumpriu pena no estrangeiro pelo crime
lá cometido, opera-se a extinção da punibilidade em relação à pretensão
punitiva do Estado brasileiro;
d) art. 312, § 3º, 1ª parte, CP: a reparação do dano no peculato culposo,
antes da sentença final irrecorrível, extingue a punibilidade;
e) art. 236 CP, em decorrência da morte da vítima;
f) pagamento da contribuição previdenciária antes do início da ação fiscal –
artigo 168 – A, p. 2º, CP;
g) art. 520 CPP: a desistência da queixa nos crimes contra a honra, formulada
em audiência judicial;
h) art. 59, parágrafo único, LCP: aquisição de renda superveniente na
contravenção penal de vadiagem;
i) art. 34, Lei nº 9.249/95: pagamento do tributo ou contribuição social,
inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia;
j) art. 89, § 5º, Lei nº 9.099/95: decurso do prazo de suspensão condicional
do processo sem revogação;
k) art. 171, § 2º, VI, e Súmula 554, STF: ressarcimento do dano antes do
recebimento da denúncia no crime de estelionato mediante emissão de cheque
sem provisão de fundos.
 
O momento de ocorrência, em regra, pode se dar antes da sentença final ou depois
da sentença condenatória irrecorrível. Cumpre salientar que determinadas causas
fazem desaparecer o direito de punir do Estado, impedindo-o de iniciar ou prosseguir
com a persecução penal. 
 
 
Efeitos das causas extintivas da punibilidade
 
Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito de punir do
Estado, subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença condenatória
irrecorrível.
Excepcionalmente, a causa resolutiva do direito de punir fulmina o fato praticado pelo
agente e rescinde a sentença condenatória irrecorrível.
 Assim, os efeitos das causas extintivas da punibilidade operam “ex tunc” ou “ex
nunc”.
No primeiro caso, as causas extintivas têm efeito retroativo; no segundo, efeito para
o futuro, i. e., produzem efeito a partir do momento de sua ocorrência.
Possuem efeito “ex tunc” a anistia e a lei nova supressiva de incriminação; as outras
causas têm efeito “ex nunc”, não retroagindo para excluir consequências já ocorridas.
As causas extintivas da punibilidade poderão ter efeitos amplos e restritos, conforme
o momento em que se verifiquem.
Caso operem antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, impedirão
quaisquer efeitos decorrentes de uma condenação criminal, pois fazem extinguir a
pretensão punitiva estatal.
Por outro lado, se ocorrerem depois do trânsito em julgado, de regra, somente tem o
condão de apagar o efeito principal da condenação, que é a imposição da pena (ou
medida de segurança).
As exceções são a anistia e a “abolitio criminis”, as quais, mesmo sendo posteriores
ao transito em julgado, atingem todos os efeitos penais da sentença condenatória,
principais e secundários, permanecendo intocáveis, somente, os efeitos civis. Para
saber quais os efeitos das causas extintivas da punibilidade a seguir examinadas,
basta ter em mente essa regra.
 
Espécies de causas extintivas da punibilidade
 
Estão previstas no art. 107 CP as hipóteses de extinção da punibilidade, mas ainda há
outras causas de extinção de punibilidade previstas em outros artigos do próprio
Código Penal, em leis específicas e também na Constituição Federal, conforme
supracitado.
Segundo o artigo 107, do Código Penal, extingue-se a punibilidade:
i) pela morte do agente;
ii) pela anistia, graça e indulto;
iii) pela retroatividade da lei que não considera mais o fato como criminoso;
iv) pela prescrição, decadência ou perempção;
v) pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
vi) pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
 
Hipóteses de extinção da punibilidade
 
MORTE DO AGENTE – (art. 107, I, CP)
 
Por força do princípio “mors omnia solvit” (a morte tudo resolve), o óbito do sujeito
ativo da infração apaga todos os efeitos penais possíveis da prática de um delito.
Nem poderia ser diferente, pois a Constituição Federal foi clara ao determinar que a
pena não poderá passar da pessoa do condenado – salvo a obrigação de reparar o
dano e a declaração do perdimento de bens (art. 5º, LXV).
Trata-se de causa extintiva personalíssima. Sendo pessoal a responsabilidade penal, a
morte do agente faz com que o Estado perca o “jus puniendi”, não se transmitindo a
seus herdeiros qualquer obrigação de natureza penal.
Dessa forma, se o agente é condenado à pena de multa e morre antes de efetuar o
pagamento, a obrigação não se transmite aos herdeiros, sob pena de infringir preceito
constitucional, que diz que nenhuma pena passará da pessoa do delinquente (CF, art.
5º, XLV).
Entretanto, se se tratar de reparação do dano, ocorrendo a morte após o trânsito em
julgado da sentença condenatória, o interessado pode ingressar no juízo cível com a
execução para efeito de reparaçãodo dano contra os herdeiros ou sucessores
universais do condenado falecido (art. 63 CPP).
Ocorrendo a morte do agente antes do trânsito em julgado da sentença final, o
ofendido pode intentar a “actio civilis ex delicto” (art. 64, CPP), vide o art. 5º, XLV, da
Constituição Federal.
A prova da morte do agente deve ser realizada por meio de certidão de óbito (art. 62,
CPP), não tendo validade a presunção legal do art. 6º do Código Civil, não sendo
suficiente a simples informação verbal.
Se, porventura, uma vez decretada a extinção da punibilidade pela morte do agente,
ficar provada a falsidade da certidão de óbito, há duas posições distintas da
jurisprudência:
1ª) se a sentença que decretou a extinção da punibilidade ainda não tiver
transitado em julgado, deve o órgão acusador interpor recurso em sentido
estrito, em face do que a ação penal terá prosseguimento, sem prejuízo da
responsabilidade penal do autor ou autores da falsidade. Se a sentença que
decretou a extinção da punibilidade já transitou em julgado, o processo não
pode ter andamento e contra o suposto morto não pode ser intentada ação
penal pelo mesmo objeto, restando a ação penal contra o autor ou autores da
falsidade. Não se admite revisão contra o réu. No sentido do texto: RT, 580:349
e 476:396;
2ª) ainda que a sentença que declarou extinta a punibilidade já tenha
transitado em julgado, o processo pode ter prosseguimento, salvo a ocorrência
de outra causa de extinção, como a prescrição (RTJ, 104:1063 e 93:986;
RJTJSP, 98:485; RT, 475:293).
Entende, a maioria da doutrina, caso se apure, após o trânsito em julgado da decisão
que extinguiu a punibilidade, que a certidão era falsa, não ser possível a reabertura
do processo, sob pena de se permitir uma revisão da coisa julgada penal “pro
societate”, o que é vedado em nosso ordenamento jurídico. Restaria, apenas, apenas
processar os autores que promoveram a falsidade.
Todavia, a jurisprudência tem tomado novos rumos quando a isso, eis que o que gera
a extinção da punibilidade é a morte do agente e não o documenta que a atesta
indevidamente.
O STF já se posicionou contrário ao entendimento da impossibilidade de agressão à
coisa julgada:
Processual penal. Extinção da punibilidade amparada em certidão de óbito
falsa. Decisão que reconhece a nulidade absoluta do decreto e determina o
prosseguimento da ação penal, Inocorrência de revisão ‘pro societate’ e de
ofensa à coisa julgada (HC 104.998, Rel. Min.Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe
085, p. 83).
O STJ segue no mesmo sentido:
Penal. Habeas corpus. Decisão que extinguiu a punibilidade do réu pela
morte. Certidão de óbito falsa. Violação à coisa julgada. Inocorrência.
O desfazimento da decisão que, admitindo por equívoco a morte do
agente, declarou a punibilidade, não constitui ofensa à coisa julgada.
Ordem denegada. (HC 31234/MG – 2003/0190092-8 – 5ª Turma, julgado
em 16/01/2003).
 
A declaração da extinção da punibilidade deverá ser precedida de oitiva do Ministério
Público e somente poderá fundar-se em certidão de óbito original (art. 62 CPP).
Evidentemente que a extinção da punibilidade constitui circunstancia incomunicável
em se tratando de concurso de pessoas.
 
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO – (art. 107, II, CP)
 
Breves considerações
 
Os três institutos contemplam situações de “clemência soberana” em que o Estado,
por razão de Política Criminal, abdica de seu “jus puniendi”, em nome de uma
pacificação social. 
Há diferenças entre eles: a anistia se refere a fatos e depende de lei de competência
do Congresso Nacional (art. 21, XVII, e artigo 48, VII, CF); a graça e o indulto, por
sua vez, se referem a pessoas, e têm como instrumento normativo o decreto
presidencial (art. 84, XII, CF), delegável a Ministros de Estado, ao Procurador- Geral
da República ou ao Advogado- Geral da União (art. 84, parágrafo único, CF).
Todos os três institutos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto os crimes
hediondos e assemelhados – tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura (art.
5º, XLIII, CF e art. 2º, da Lei nº 8.072/90).
A Lei nº 9.455/97, ao dispor sobre o crime de tortura, veda a anistia e a graça,
embora silente sobre o indulto. Apesar disso, entende-se que também o crime de
tortura é insuscetível de indulto, por força da interpretação sistemática conferida ao
art. 5º, XLIII, da CF.
É indiferente, de outra parte, a natureza da ação penal para fins de admitir a anistia,
graça ou indulto. Incidem, portanto, em crimes de ação pública e de ação privada.
Lembre-se que, na última hipótese, o “jus puniendi” continua sendo estatal, pois o
ofendido somente recebe o “jus persequendi in judicio” – direito de ajuizar a ação.
 
Anistia – (art. 107, II, CP)
 
A anistia consiste em o esquecimento jurídico do ilícito. Seu objeto são fatos – e não
pessoas - definidos como crimes, em regra, de natureza política, militar ou eleitoral,
excluindo-se os crimes comuns.
Pode ser concedida antes ou depois da condenação e, como o indulto, pode ser total
ou parcial.
Uma vez concedida, a anistia extingue todos os efeitos penais, inclusive o
pressuposto de reincidência, permanecendo, contudo, a obrigação de indenizar.
É veiculada por meio de lei penal, cujo efeito é benéfico. Portanto, é retroativo e não
pode ser revogada por lei posterior.
Classifica-se em:
Própria: se anterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória;
Imprópria: quando posterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória.
Geral ou plena: quando não impõe o preenchimento de nenhum requisito;
Parcial ou restrita: quando o faz, isto é, impõe o preenchimento de requisitos.
Incondicionada: quando independe da prática de algum ato por parte dos
beneficiários;
Condicionada: se depender da prática de algum ato por parte dos beneficiários,
por exemplo, deposição de armas, demonstração pública de arrependimento,
obrigação de satisfazer os danos causados pelo crime.
Especial: caso se refira a crimes políticos;
Comum: quando abrange outros crimes que não os de natureza política.
 
Graça ou Indulto individual – (art. 107, II, CP)
Consiste em a concessão de clemência – perdão - ao criminoso pelo Presidente da
República, por meio de decreto (art. 84, XII, CF).
Como já mencionado, esta atribução é delegável a Ministro de Estado, ao Procurador
Geral da República; e ao Advoga-Geral da União (art. 84, parágrafo único, CF).
A graça ou indulto individual é concedido individualmente, a partir de requerimento
do interessado, do Ministério Público, do Conselho Penitenciário ou de autoridade
administrativa do estabelecimento prisional (art. 188 LEP).
Na prática, a petição é encaminhada ao Conselho, para parecer. Após segue ao
Ministro da Justiça e, enfim, ao Presidente da República ou à autoridade porventura
delegada.
Uma vez concedido, o magistrado determinada a juntada do decreto e determina a
manifestação do Ministério Público e da Defesa. Por fim, decreta extinta a punibilidade
ou promove a redução de pena (art. 112, § 2º, LEP).
 Como modalidades, a graça pode ser plena ou parcial.
A graça plena implica extinção da pena imposta ao condenado.
A graça parcial implica diminuição da pena imposta ao condenado ou sua comutação -
substituição por outra de menor gravidade.
 
Indulto ou Indulto coletivo – (art. 107, II, CP)
 
Trata-se de modalidade de clemência concedida espontaneamente pelo Presidente da
República a todo o grupo de condenados que preencherem os requisitos apontados
pelo decreto.
Não é necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória para a sua eventual
concessão.
Como forma de concessão, o indulto é promovido com abrangência geral,
independendo de requerimento.
Os requisites comuns são divididos em subjetivos, podendo tratar da primariedade
ou bons antecedentes; e objetivos, que podem lidar com o cumprimento de pena
parcial ou crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, por exemplo.
Na prática, o magistrado, de ofício ou a requerimento do interessado, do Ministério
Público, do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa(art. 193 LEP).
Em seguida, deve ser juntado o decreto de indulto; são ouvidos o Ministério Público e
a Defesa (art. 112, § 2º, LEP). Por fim, o juiz declara extinta a punibilidade.
Em caso de comutação parcial, eventual cometimento de falta grave não interrompe
contagem, conforme Súmula 535 do STJ.
 
ABOLITIO CRIMINIS – (art. 107, III, CP)
 
Perfaz-se a “abolito criminis” quando lei posterior não mais tipifica como delito fato
anteriormente previsto como ilícito penal. Ou seja, com o advento da lei nova a
conduta perde sua característica de ilicitude penal, extinguindo-se a punibilidade (art.
107, III, CP).
A lei posterior mais benigna (“lex mitior”) retroage para alcançar inclusive fatos
definitivamente julgados (art. 2º CP). Assim, são afastados por completos os efeitos
penais da condenação, persistindo unicamente os efeitos civis.
Toda lei nova que descriminaliza fato praticado pelo agente extingue o próprio crime
e, consequentemente, se iniciado o processo, este não prossegue; se condenado o
réu, rescinde a sentença, não subsistindo nenhum efeito penal, nem mesmo a
reincidência.
 Exemplos: adultério; rapto consensual; e sedução.
 
DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO – (art. 107, IV, CP)
 
 
DECADÊNCIA
 
Decadência é a perda do direito de ação privada ou do direito de representação, em
razão de não ter sido exercido dentro do prazo legalmente previsto. A decadência
fulmina o direito de agir, atinge diretamente o “jus persequendi”.
Com efeito, inadmissível seria que o direito de queixa ou de representação subsistisse
indefinidamente. Estipula-se, de conseguinte, determinado prazo decadencial – fatal e
improrrogável – e, com o seu término, há a extinção da punibilidade (art. 107, IV,
CP).
De acordo com o art. 103 CP, o ofendido ou o seu representante legal decai do direito
de queixa ou de representação, salvo disposição em sentido contrário, se não o
exerce dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que veio, a saber, quem é o
autor do crime, ou na hipótese de ação privada subsidiária da pública (art. 100, § 3º,
CP) di dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia (art. 38 CPP).
Todavia, sendo a vítima menor de dezoito anos o oferecimento de
queixa/representação caberá ao seu representante legal; se maior de 18 anos a
vítima, porém, o oferecimento de queixa ou representação lhe compete de modo
exclusivo na hipótese
Na hipótese de delito praticado em coautoria, o prazo decadencial tem início a partir
do conhecimento do primeiro autor.
Em se tratando de crime continuado, o prazo decadencial é contado separadamente
para cada fato delituoso em caso de crime habitual, inicia-se a contagem do prazo a
partir do último ato praticado conhecido pelo ofendido; por fim, na hipótese de cr4ime
permanente da decadência atinge tão-somente os fatos perpetrados antes do prazo
de seis meses.
 
Perempção
A Perempção consiste na perda do direito de ação pela inércia a do querelante. Assim,
após o início da ação penal privada a inatividade do querelante presume a desistência
quanto ao seu prosseguimento. O âmbito de aplicação dessa causa extintiva de
punibilidade circunscreve-se à ação penal exclusivamente privada (art. 107, IV, CP),
já que na ação penal privada subsidiária da pública conferem-se ao Ministério Pública
possibilidade de, a qualquer tempo, retomá-la como parte principal, no caso de
negligência do querelante (art. 29 CPP).
As hipóteses de perempção da ação estão dispostas no art. 60 do CPP:
quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante trinta dias seguidos (inc. I);
quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de sessenta
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão – art. 31 CPP), ressalvado o disposto no art. 36 (inc. II);
quando o querelante deixar de formular o pedido de condenação nas alegações
finais (art. 539, § 3º, CPP), ou deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente (inc. III);
quando, sendo o querelante pessoa jurídica (art. 37 CPP), esta se extinguir sem
deixar sucessor (inc. IV).
De semelhante, também será considerada perempta a ação penal com a morte do
querelante nas hipóteses da ação penal com a morte do querelante na hipótese de
ação penal privada personalíssima - art. 236 CP.
 
 
RENÚNCIA e PERDÃO – (art. 107, V, do CP)
 
RENÚNCIA
 
Se antes de iniciada a ação penal privada, o ofendido manifesta sua vontade de não
exercer o direito de queixa, extingue-se a punibilidade pela renúncia (art. 107, V, CP).
Trata-se de ato unilateral, cujos efeitos alcançam a todos os coautores do delito -
critério extensivo art. 49 CPP).
O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou
tacitamente (art. 104 CP). Importa renúncia tácita ao direito de queixa, a teor do
parágrafo único do citado dispositivo, a prática de ato incompatível com a vontade de
exercê-lo.
Todavia, não implica renúncia – ainda que implícita – o fato de receber o ofendido a
indenização do dano causado pelo crime. A renúncia, quando tácita, admite todos os
meios de prova já a renúncia expressa – obrigatoriamente clara e inequívoca –
constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal o
procurador com poderes especiais (art. 50 CPP).
É perfeitamente cabível a renúncia em se tratando de ação penal privada subsidiária,
não obstante, poderá o Ministério Público oferecer denúncia, desde que outra causa
extintiva da punibilidade não tenha ocorrido.
Na hipótese de dupla titularidade, a renúncia do representante legal do menor que
houver completado dezoito anos não privará esta do direito de queixa, nem a
renúncia do último excluirá o direito do primeiro (art. 50, parágrafo único, CPP).
De forma similar, tampouco a renúncia ao exercício do direito de queixa por um dos
ofendidos obsta a propositura da ação penal pelos demais.
 
Perdão do Ofendido
 
É facultado ao querelante, no curso da ação penal privada, perdoar o querelado,
extinguindo-se assim a punibilidade do delito (art. 107, V, CP). De conseguinte, o
perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta o
prosseguimento da ação (art. 105 CP).
Cinge-se o perdão do ofendido aos delitos persequíveis através de ação penal
exclusivamente privada, já que nos casos de ação penal privada subsidiária incumbirá
ao Ministério Público retomar a ação penal como parte principal.
O perdão do ofendido não se confunde com a renúncia daquela ao exercício do direito
de queixa. Isso porque o perdão opera na fase processual, enquanto a renúncia
limita-se à fase pré-processual.
Demais disso, o perdão é ato bilateral, somente produzindo efeitos se aceito –
expressa ou tacitamente – pelo querelado (ou por procurador com poderes especiais
– art. 55CPP). Logo, se o querelado o recusa, não produz efeito algum (art. 106, III,
CP).
Poderão aceitar o perdão o próprio querelado ou o seu represente legal, sendo aquele
maior de dezoito e menor de vinte de um anos, mas o perdão aceito por um, havendo
oposição do outro, não produzirá efeito (arts. 52 e 54, CPP).
O mesmo se aplica à concessão do perdão, na hipótese de querelante entre dezoito e
vinte e um anos de idade. Cumpre salientar, no entanto, que diante da equiparação
do marco etário (18 anos) da responsabilidade civil á penal, não há mais razão para a
representação no que tange ao menor de vinte e um anos de idade quanto ao aceite
(querelado), como na concessão (querelante) do perdão. De outro lado, se o
querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver represente legal,
ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá
ao curador que o juiz lhe nomear. (art. 53 CPP).
O perdão do ofendido poderá ser processual – quando concedido em juízo –
ou extraprocessual – se concedido fora dos autos do processo, em declaração
assinada pelo ofendido, por ser representantelegal ou procurador com poderes
especiais (arts. 50 e 56 CPP); expresso ou tácito – resultante da prática de ato
incompatível com a vontade de prosseguir na ação (art. 106, § 1º, CP; e art. 57,
CPP).
A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo
querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (art. 59
CPP). Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade (art. 58, parágrafo único,
CPP).
Por fim, convém consignar que o perdão, processual ou extraprocessual, expresso ou
tácito, quando concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita e se concedido
por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros (art. 106, I e II, CP). É
possível a concessão do perdão pelo ofendido a qualquer tempo, dede que não haja
sentença condenatória transitada em julgado (art. 106, § 2º, CP).

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