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Extinção da punibilidade

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
MÓDULO 1- REABILITAÇÃO 
 
Legislação 
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas 
em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo 
dos registros sobre o seu processo e condenação. 
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os 
efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, 
vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos 
incisos I e II do mesmo artigo. 
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 
(dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a 
pena ou terminar sua execução, computando-se o período 
de prova da suspensão e o do livramento condicional, se 
não sobrevier revogação, desde que o condenado: 
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; 
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva 
e constante de bom comportamento público e privado; 
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou 
demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia 
do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da 
vítima ou novação da dívida. 
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser 
requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja 
instruído com novos elementos comprobatórios dos 
requisitos necessários. 
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for 
condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena 
que não seja de multa. 
Conceito 
Medida declaratória de competência do juízo da condenação, que visa 
promover o sigilo dos registros criminais e a recuperação de 
prerrogativas cuja perda, incapacidade ou inabilitação fora decretada 
como efeito secundário da condenação. 
Consiste em “declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas 
as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros 
sobre o processo e atinge outros efeitos da condenação” (MIRABETE). 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Objetivo 
Estimular o condenado a regenerar-se permitindo sua reinserção no 
meio social de maneira integral e completa, mediante: 
 o sigilo dos registros criminais contra si; 
 recuperar o gozo e o exercício dos direitos cassados por força 
dos efeitos da condenação (Ex.: incapacidade para exercer o 
poder familiar, a tutela ou curatela; exercer cargo público, 
mandato eletivo; ou a reabilitação para conduzir veículos 
automotores). 
 
Cabimento 
Somente em decorrência de sentença condenatória com trânsito em 
julgado, cuja pena tenha sido cumprida ou extinta. 
Assim, não cabe reabilitação criminal em face de mero inquérito 
policial. 
Também não cabe em IP. Não cabe quando da ocorrência da 
prescrição em abstrato. Cabe na Prescrição da Pretensão Executória. 
 
Natureza jurídica 
Causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação (art. 
92) e dos apontamentos em registros criminais. 
 
Sigilo dos registros criminais 
Como mencionado acima, o objetivo que se busca alcançar por meio 
da reabilitação criminal é duplo: o sigilo sobre os registros criminais; 
e a recuperação do gozo ou exercício de direitos cassados em 
decorrência de sentença penal condenatória. 
A crítica que se faz gira em torno do art. 202 da Lei de Execução 
Penal, que dispõe: 
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da 
folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por 
autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer 
notícia ou referência à condenação, salvo para instruir 
processo pela prática de nova infração penal ou outros casos 
expressos em lei. 
Como se nota, o sigilo é consequência do cumprimento ou extinção 
da pena. Logo, nesse aspecto, seria desnecessário socorrer-se da 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
reabilitação para alcançar o sigilo que a própria lei já assegurado ao 
seu interessado. 
Contudo, na prática, o sigilo não é automático; depende de 
providências de cunho administrativo para a inserção de dados em 
sistemas informatizados, o que se dá, embora de forma lenta, em 
descompasso com a expectativa ou necessidade do interessado, que 
vê na reabilitação a forma de se obter efetivo sigilo. 
 Por outro lado, é indiscutível a utilidade da reabilitação para a 
superação dos efeitos secundários da sentença condenatória, 
estipulados no art. 92 do Código Penal: 
 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato 
eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 
1º.4.1996) 
 a) quando aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados 
com abuso de poder ou violação de dever para com a 
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 
1º.4.1996) 
 b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais 
casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da 
tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de 
reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do 
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro 
descendente ou contra tutelado ou curatelado; (Redação 
dada pela Lei nº 13.715, de 2018) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado 
como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são 
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na 
sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Mandado de segurança 
Relevante registrar que o interessado pode se valer de mandado de 
segurança, diante de qualquer embaraço ou dificuldade em se obter 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
quaisquer direitos que se pretenda alcançar com a reabilitação 
criminal, pois se trata de direito líquido e certo, assegurado por lei. 
Em tal situação, a impetração de mandado de segurança deverá se 
voltar contra ato da autoridade administrativa responsável pela 
organização do cadastro estatal do qual a informação foi extraída. 
 
Caráter relativo do sigilo dos registros criminais 
O sigilo não é absoluto, eis que o juízo criminal pode solicitar 
informações, que terá acesso à todas informações acerca do 
reabilitado, como se extrai do art. 748 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não 
serão mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, 
nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando 
requisitadas por juiz criminal. 
 
Justifica-se a relatividade do sigilo porque, para efeitos judiciais, o 
acesso a todas as informações relativas aos antecedentes penais 
deve servir à análise de diversos pleitos, tais como a concessão de 
transação penal ou sursis processual, além de interferir na dosimetria 
da pena em relação à primariedade, antecedentes e conduta social do 
agente. 
Relevante notar que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o 
livre acesso aos terminais de um instituto de identificação fere direito 
daqueles protegidos pelo manto da reabilitação. Impõe-se, assim, a 
exclusão das anotações das bases de dados de tais institutos, 
mantendo-se tão somente nos arquivos do Poder Judiciário. 
 
Requisitos objetivos 
 
a) Tempo de cumprimento de pena (94, caput) 
. transcurso de 2 (dois) anos do dia, contados do dia em que tiver 
sido extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar a sua execução, 
computando-se o período de prova do sursis e do livramento 
condicional, se não sobrevier revogação. 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Importante: inicia-se a contagem do prazo na data em que ocorreu a 
prescrição, independentemente do momento em que se deu o seu 
reconhecimento judicial. 
 
b) Reparação do dano causado (94, III) 
. ressarcimento do dano causado; ou 
. demonstração de absoluta impossibilidade de fazê-lo, atéo dia do 
pedido; ou 
. comprovação de renúncia da vítima ou novação da dívida 
Importante: o estado de pobreza, em acepção jurídica, justifica a 
dispensa da reparação do dano. 
 
Requisitos subjetivos 
 
a) domicílio no país (94, II) 
. necessário que o condenado tenha tido domicílio no País no prazo 
de 2 (dois) anos, a contar do cumprimento ou extinção da pena. 
 
b) bom comportamento público e privado 
. o condenado, no prazo de 2 (dois) anos após a extinção da pena, 
deve ter apresentado bom comportamento, de forma efetiva e 
constante. 
Importante: o bom comportamento não deve estar limitado aos 2 
(dois) anos seguintes à extinção da pena, mas deve acompanhar o 
condenado em todo o período, como sinal de regeneração do 
condenado 
 
Procedimento para a reabilitação 
 
 O procedimento relativo à reabilitação criminal está previsto nos 
arts. 743 e seguintes do Código de Processo Penal: 
Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da 
condenação, após o decurso de quatro ou oito anos, pelo 
menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, 
contados do dia em que houver terminado a execução da 
pena principal ou da medida de segurança detentiva, 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
devendo o requerente indicar as comarcas em que haja 
residido durante aquele tempo. 
Art. 744. O requerimento será instruído com: 
I - certidões comprobatórias de não ter o requerente 
respondido, nem estar respondendo a processo penal, em 
qualquer das comarcas em que houver residido durante o 
prazo a que se refere o artigo anterior; 
II - atestados de autoridades policiais ou outros documentos 
que comprovem ter residido nas comarcas indicadas e 
mantido, efetivamente, bom comportamento; 
III - atestados de bom comportamento fornecidos por 
pessoas a cujo serviço tenha estado; 
IV - quaisquer outros documentos que sirvam como prova 
de sua regeneração; 
V - prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou 
persistir a impossibilidade de fazê-lo. 
Art. 745. O juiz poderá ordenar as diligências necessárias 
para apreciação do pedido, cercando-as do sigilo possível e, 
antes da decisão final, ouvirá o Ministério Público. 
Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá 
recurso de ofício. 
Art. 747. A reabilitação, depois de sentença irrecorrível, 
será comunicada ao Instituto de Identificação e Estatística 
ou repartição congênere. 
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não 
serão mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, 
nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando 
requisitadas por juiz criminal. 
Art. 749. Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá 
renovar o pedido senão após o decurso de dois anos, salvo 
se o indeferimento tiver resultado de falta ou insuficiência 
de documentos. 
 Art. 750. A revogação de reabilitação (Código Penal, 
art. 120) será decretada pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público. 
 
Competência (art. 743 CPP) 
É competente o juízo de conhecimento (responsável pela 
condenação) e não o juízo da execução criminal competente. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Legitimidade (art. 93 CP) 
Somente o condenado tem legitimidade (“personalíssima”), para 
requerer a reabilitação, representado por quem tenha habilitação 
para postular em juízo (advogado constituído ou dativo ou defensor 
público) 
Assim, em caso de falecimento do condenado, sucessores ou 
herdeiros não o sucederão no procedimento porque não mais 
subsistirá a necessidade de reinserção social do condenado. 
Instrução (art. 744 CPP) 
O pedido de reabilitação deve ser instruído com certidões, atestados 
e quaisquer outros documentos que comprovem a regeneração do 
reabilitando, além de provar o ressarcimento do dano causado pelo 
crime ou a real impossibilidade de fazê-lo. 
 
Reexame necessário – (art. 746 CPP) 
 
O deferimento do pedido de reabilitação criminal provoca o reexame 
necessário – outrora denominado recurso de ofício – ou seja, a 
análise da sentença por órgão jurisdicional hierarquicamente 
superior. 
Quanto ao indeferimento, dele cabe recurso de apelação (art. 593, II, 
do CPP). 
 
Efeitos da reabilitação 
a) assegurar o sigilo dos registros referentes ao processo e 
à condenação. 
Como já observado acima, o sigilo é relativo, pois não alcança o juízo 
criminal, que pode solicitar informações (art. 748 CPP) 
 
b) excluir os efeitos secundários da condenação (art. 93, parágrafo 
único, do CP), desde que aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso 
de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; ou 
quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 
4 (quatro) anos nos demais casos. 
Hipóteses 
Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (art. 92, I) 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Importante destacar que o interessado jamais será reintegrado, ou 
seja, a partir do deferimento da reabilitação, ele poderá ser prestado 
novo concurso, receber nova nomeação. 
 
Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da 
curatela (art. 92, II) 
Nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra 
outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha 
ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado. 
Importante frisar que a reabilitação jamais será restabelecida em 
face da pessoa sobre a qual o reabilitado perdeu tal poder 
 
Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso (art. 92, III) 
Importante ressaltar que a inabilitação para dirigir veículo automotor 
é imposta para crimes de trânsito praticados de forma intencional. 
 
Revogação – art. 95 CP 
 
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a 
requerimento do MP, se o reabilitado for condenado, 
como reincidente, por decisão def, a pena que não seja de 
multa. 
 
De ofício ou a requerimento ministerial, a reabilitação será revogada 
se a pessoa, já reabilitada, for condenada, como reincidente, por 
decisão definitiva, a pena privativa de liberdade ou convertida em 
pena restritiva de direitos. 
Logo, decorrido o prazo de 05 anos, contados a partir do 
cumprimento ou da extinção da pena do crime anterior, a nova 
condenação não acarretará a revogação. 
 
MÓDULO - MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
Legislação 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Art. 96. As medidas de segurança são: 
I - Internação em hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento 
adequado; 
II - sujeição a tratamento ambulatorial. 
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe 
medida de segurança nem subsiste a que tenha sido 
imposta. 
Imposição da medida de segurança para inimputável 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua 
internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime 
for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a 
tratamento ambulatorial. 
Prazo 
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por 
tempo indeterminado, perdurando enquanto não for 
averiguada, mediante perícia médica, a cessação de 
periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 
(três) anos. 
Perícia médica 
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo 
mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a 
qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. 
Desinternação ou liberação condicional 
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre 
condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se 
o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato 
indicativo de persistência de sua periculosidade. 
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá 
o juiz determinar a internação do agente, se essa 
providência for necessária para fins curativos. 
Substituição da pena por medida de segurança para o 
semi-imputávelArt. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste 
Código e necessitando o condenado de especial tratamento 
curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo 
mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo 
anterior e respectivos §§ 1º a 4º. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Direitos do internado 
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento 
dotado de características hospitalares e será submetido a 
tratamento. 
 
Notas introdutórias 
A medida de segurança diz respeito às hipóteses de inimputabilidade, 
a saber: 
 decorrência de doença mental ou de desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, que retire do agente a capacidade de 
entendimento e autodeterminação (art. 26 e parágrafo único 
CP); 
 menoridade (art. 27 CP); 
 embriaguez completa e involuntária proveniente de caso 
fortuito ou força maior, que retire do agente a capacidade de 
entendimento de autodeterminação (art. 28 CP). 
 
Importante ressaltar que a medida de segurança somente se aplica à 
hipótese mencionada na primeira hipótese supra. 
No tocante à menoridade, é aplicável a medida socio-educativa, 
prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90). 
Em relação à embriaguez, na hipótese acima destacada, comporta 
absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção penal. 
 
Conceito 
Espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos inimputáveis (art. 
26, caput, CP), e passível de aplicação aos semi-imputáveis (art. 26, 
parágrafo único, CP) visando a prevenção do delito, com 
a finalidade de evitar que o agente que 
apresente periculosidade volte a delinquir. 
 
Pressupostos de aplicação das medidas de segurança 
1) prática de fato típico e ilícito 
Embora exista prova para a condenação, aplica-se a medida de 
segurança diante da inviabilidade da pena. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
2) periculosidade do agente 
Diz respeito à potencialidade de praticar ações delituosas (o chamado 
“juízo prognose”). 
A periculosidade se divide em presumida e em real: 
a) periculosidade presumida . decorre de previsão legal. Logo, a 
presunção é absoluta e independe de prova. 
Assim, o magistrado é obrigado a impor ao agente a medida de 
segurança. Ex. inimputável (art. 26, caput, CP). 
b) periculosidade real . deve ser provada no caso concreto. Ex. semi-
imputável (art. 26, parágrafo único, CP) 
 
3) não tenha ocorrido a extinção da punibilidade 
Para que se aplique legitimamente a medida de segurança é 
necessário que o Estado ainda possua pleno direito de punir (art. 96, 
parágrafo único, CP). 
 
Finalidade 
O objetivo da medida de segurança é nitidamente preventivo. Visa 
tratar o inimputável e semi-imputável que demonstram 
potencialidade para promover futuras ações delituosas. 
 
Espécies de medida de segurança 
Detentiva (art. 96, I) 
. internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. 
Destina-se àqueles envolvidos em crimes apenados com regime 
de reclusão (art. 97). 
Restritiva (art. 96, II) 
. sujeição da pessoa a tratamento ambulatorial (sem internação). 
Destina-se àqueles envolvidos em crimes apenados com regime 
de detenção (art. 97). 
 
Aplicação da medida de segurança 
a) INIMPUTÁVEL (art. 26, caput) 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
O inimputável que pratica uma infração penal é absolvido (art. 386, 
VI, CPP). Não se aplica pena por ausência de culpabilidade. 
Diante da periculosidade do agente, é imposta uma medida de 
segurança (art. 386, parágrafo único, III, CPP, denominada „sentença 
absolutória imprópria‟). 
Importante consultar a súmula 422 do STF, segundo a qual a 
absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando 
couber, ainda que importe privação da liberdade. 
 
b) SEMI-IMPUTÁVEL (art. 26, parágrafo único) 
O semi-imputável que pratica uma infração penal é condenado (art. 
387 CPP). 
Nessa hipótese, embora diminuída a culpabilidade, autoriza-se 
a imposição de pena, com redução de 1/3 a 2/3. 
 
Hipótese de substituição de pena reduzida por medida de segurança 
Esta hipótese é específica ao semi-imputável! 
Assim, se a periculosidade do condenado necessitar de tratamento 
curativo, a pena reduzida pode ser substituída por medida de 
segurança. 
Justifica-se a substituição diante da vedação de dupla sanção, ou 
seja, aplicação conjunta ou subsequente de pena e medida de 
segurança. 
 
Sistemas de aplicação de sanção penal 
 
Vicariante ou unitário (atual art. 98 CP) 
Só se pode aplicar uma das sanções: pena ou medida de segurança. 
Então, ao semi-imputável somente se admite aplicar pena 
reduzida ou medida de segurança. 
 
Duplo binário 
O sistema do duplo binário permite a imposição de pena e de medida 
de segurança, em razão de mesmo fato ilícito. 
No Brasil, o sistema do duplo binário foi substituído com a reforma da 
Parte Geral do Código Penal, pela Lei nº 7.209/84. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Até tal substituição, era possível a imposição ao semi-imputável 
perigoso de cumprimento de pena privativa de liberdade e, ao final 
desta, caso subsistisse a periculosidade, o sujeito era submetido 
à medida de segurança. 
 
Prazos referentes à medida de segurança 
 
Prazo mínimo 
A internação ou o tratamento ambulatorial tem duração mínima de 1 
a 3 anos (art. 97, § 1º, parte final, CP). 
Importante ressaltar que o prazo não é de um ou três anos, mas 
intervalo temporal que varia de 1 a 3 anos, obrigatoriamente definido 
na sentença judicial, no caso concreto. 
 
Finalidade do prazo mínimo 
A fixação do prazo mínimo se destina à realização do exame de 
cessação da periculosidade. 
 
 
 
Prazo máximo 
A internação ou o tratamento ambulatorial não apresenta um prazo 
máximo determinado. 
O art. 97, § 1º, primeira parte, do CP prevê que a medida de 
segurança durará “enquanto não for averiguada, mediante perícia 
médica, a cessação de periculosidade”. 
A razão jurídica é a proteção própria do indivíduo e a proteção da 
coletividade. 
O panorama sobre a incerteza do tempo máximo de sujeição à 
qualquer medida de segurança provoca debates no meio jurídico. 
Afinal de contas, a Constituição Federal veda pena de prisão perpétua 
(art. 5°, XLVII, “b”). 
Por outro lado, o Código Penal prevê que o tempo de 
cumprimento das penas privativas de liberdade não podem ser 
superior a 40 (quarenta) anos (art. 75 do CP, com redação dada pela 
Lei nº 13.964, de 2019). 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
A razão é simples: o agente deve manter a esperança de liberdade e, 
assim, aceitar a disciplina estatal. 
 
Posição jurisprudencial do STF sobre o prazo máximo 
Se o imputável é protegido pelo limite temporal de 40 (quarenta) 
anos para o cumprimento de pena privativa de liberdade (art. 75 
CP), não pode um inimputável, doente, ser internado por prazo 
indeterminado. Do contrário, a sanção poderia assumir natureza de 
perpetuidade. 
Convém observar o excerto da decisão abaixo reproduzida: 
“(...) A prescrição da medida de segurança deve ser calculada pelo 
máximo da pena cominada ao delito cometido pelo agente, ocorrendo 
o marco interruptivo do prazo pelo início do cumprimento daquela, 
sendo certo que deve perdurar enquanto não haja cessado a 
periculosidade do agente, limitada, contudo, ao período máximo de 
30 (trinta) anos, conforme a jurisprudência pacificada do STF. (...)” 
RHC nº 100383 AP-AMAPÁ, Rel. Min. LUIZ FUX, 1ª T, DJe 4⁄11⁄11. 
Como a posição da jurisprudência do STF compreende que a medida 
de segurança deve ser limitada ao período máximo admitido pela 
legislação penal, o tempo deverá saltar de 30 (trinta) para 40 
(quarenta) anos, em decorrência da mencionada alteração legislativa. 
 
Posição jurisprudencial do STJ sobre o prazo máximo 
O inimputável não pode ser tratado de forma mais gravosa do que o 
imputável. 
Dessa forma, o tempo de duração máxima da medida de segurançanão deve ultrapassar o limite máximo de pena cominada 
em abstrato ao delito praticado, com fundamento nos princípios 
constitucionais da isonomia e da proporcionalidade. 
Nestes termos, a súmula 527-STJ dispõe que o “tempo de duração da 
medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado”, posição que se mostra 
mais adequada. 
 
Perícia médica 
Art. 97 § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do 
prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, 
ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
É facultado ao sentenciado a contratação de médico particular de sua 
confiança pessoal, com o fim de orientar e acompanhar o tratamento. 
Se houver divergência entre o entendimento oficial público e o 
particular, o juízo das execuções decidirá a respeito (art. 43 e 
parágrafo único, da LEP). 
A finalidade da perícia médica é constatar a cessação de 
periculosidade. 
Desinternação e Liberação condicionais 
Se o magistrado concluir pela cessação de periculosidade, ele deverá 
determinar a SUSPENSÃO da execução da medida de segurança, 
determinando a: 
a) desinternação de quem esteja submetido a internação em 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico; 
b) liberação de quem esteja sujeito a tratamento ambulatorial 
Em qualquer uma das hipóteses acima, são impostas condições 
obrigatórias e, porventura, facultativas a pessoa. 
 
Condições obrigatórias (arts. 132 e 178, da LEP) 
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o 
trabalho; 
b) comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; 
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem 
prévia autorização deste. 
 
Condições facultativas (arts. 132 e 178, da LEP) 
a) não mudar de residência sem comunicar ao juízo e à autoridade 
responsável pela observação cautelar e de proteção; 
b) recolher-se à habitação em hora fixada; 
c) não frequentar determinados lugares. 
 
Hipótese de revogação da desinternação e da liberação de medida de 
segurança 
Se o agente praticar fato indicativo da manutenção da sua 
periculosidade (art. 97, §3º, CP), antes do decurso de 1 (um) ano. 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Direito da pessoa sujeita à medida de segurança 
 
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento 
dotado de características hospitalares e será submetido a 
tratamento 
 
A sentença impositiva de medida de segurança detentiva não pode 
obrigar o sujeito à internação em estabelecimento prisional comum, 
sob pena de ser submetido a constrangimento ilegal. 
Casuística 
Internação compulsória para o dependente químico 
Caso o dependente não queira se internar, recorre-se às internações 
involuntária ou compulsória, com fundamento na Lei nº 13.840, de 
05 de junho de 2019. 
De acordo com a referida lei, a internação compulsória de 
dependentes químicos não necessitam de autorização judicial. 
A internação involuntária deverá ser realizada em unidades de saúde 
e hospitais gerais, desde que sob prazo não superior a 90 (noventa) 
dias, para a devida desintoxicação da pessoa, em sintonia com o 
entendimento médico. 
 
Aplicabilidade cautelar 
Dentre as hipóteses de medidas cautelares diversas do cárcere, o art. 
319 prevê: 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de 
crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando 
os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável 
(art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Então, podemos considerar a hipótese acima como medida de 
segurança provisória? 
Bem, não se trata de medida de segurança porque esta depende de 
sanção penal. 
Contudo, sem dúvida, cuida de providência acautelatória, dispensada 
àqueles que praticam delitos mediante violência ou grave ameaça, 
condicionada à laudo pericial que constate ser o agente inimputável 
ou semi-imputável, com risco potencial de reiteração criminosa. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
 
MÓDULO 3- AÇÃO PENAL – ARTS. 100 A 106 DO CÓDIGO 
PENAL 
 
Legislação: 
 
Ação penal pública e ação penal privada 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante 
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para 
representá-lo. 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos 
crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece 
denúncia no prazo legal. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer 
queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. 
A ação penal no crime complexo 
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou 
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, 
constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, 
desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder 
por iniciativa do Ministério Público. 
 
Irretratabilidade da representação 
Art. 102 - A representação será irretratável depois de 
oferecida a denúncia. 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do 
dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no 
caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando 
renunciado expressa ou tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de 
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de 
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o 
ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 
Perdão do ofendido 
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que 
somente se procede mediante queixa, obsta ao 
prosseguimento da ação. 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou 
tácito: 
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos 
aproveita; 
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o 
direito dos outros; 
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. 
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato 
incompatível com a vontade de prosseguir na ação. 
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em 
julgado a sentença condenatória. 
 
Conceito 
Ação penal é o direito de invocar-se o Poder Jurisdicional, no sentido 
de aplicar o direito penal objetivo (José Frederico Marques). 
Critérios de classificação 
 
As ações penais são classificadas de acordo com o objeto 
jurídico do delito e em conformidade com o interesse da 
vítima na persecução criminal. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
Espécies de ação penal 
Pública 1. incondicionada 
 2. condicionada . à representação do ofendido ou à requisição 
do Ministro da Justiça 
Privada 1. exclusiva 
 2. personalíssima 
 3. Subsidiária 
 
Natureza Titularidade Órgão Peça 
Pública Estado Ministério Público Denúncia 
Privada Ofendido Particular 
Queixa-
crime 
 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Ação penal pública (art. 100, 1ª parte, CP) 
 
Noções gerais 
A conduta do sujeito lesa um interesse jurídico de intensa relevância. 
Ocorrido o delito, a autoridade policial procede de ofício. 
Em juízo, a ação penal deve ser exercida privativamente 
 pelo Ministério Público (art. 129, I, CF) 
 
Princípios específicos 
Obrigatoriedade ou legalidade – art. 24 CPP 
 
O Ministério Público tem o dever deajuizar a ação penal, desde que 
presentes a prova da materialidade e indícios suficientes de 
autoria delitiva. Isso se dá em razão de que as infrações penais não 
podem ficar impunes, pois há um interesse público indisponível na 
apuração da autoria e na punição dos verdadeiros culpados. 
Exceção: lei 9.099/95. Prevê que nas infrações penais de menor 
potencial ofensivo o MP pode oferecer denúncia ou propor transação 
–penal. Todavia a opção não se dá com base em critérios subjetivos, 
pois depende do cumprimento de requisitos legais – art. 76. É o 
denominado princípio da oportunidade ou discricionariedade regrada. 
 
Indisponibilidade 
 
O Ministério Público não pode abrir mão da ação penal ajuizada (art. 
42 CPP), abandonando-a ou desistindo do processo movido ou do 
recurso interposto (art. 576 CPP). 
É corolário da obrigatoriedade, eis que de nada adiantaria obrigar a 
ingressar com o procedimento se posteriormente lhe fosse permitido 
dela desistir. 
 
Oficialidade 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Os órgãos incumbidos de atuar na persecução penal na ação penal 
pública devem ser públicos – oficiais - pois a atividade ali 
desenvolvida é uma das finalidades do Estado. 
 
Indivisibilidade 
 
O Ministério Público deve processar todos os coautores e partícipes da 
infração penal. Ora, se o exercício da ação penal é pública, não pode 
o órgão ministerial escolher quem pretende processar. 
 
Intranscendência 
 
A ação penal somente pode ser intentada contra os supostos sujeitos 
ativos da infração penal, nunca contra seus sucessores. 
Tal regra decorre do princípio da personalidade da pena (art. 5º, XLV, 
CF), dela não cabendo responsabilidade aos seus herdeiros. 
Portanto, caso ocorra a morte do agente, será reconhecida extinta 
sua punibilidade. 
 
Espécies de ação penal pública 
Ação penal pública incondicionada 
Seu exercício não se subordina a qualquer requisito. 
Ação penal pública condicionada 
Seu exercício depende de certas condições: 
a) representação por iniciativa do ofendido, então a ação será 
denominada ação penal condicionada à representação do ofendido; 
b) requisição do Ministro da Justiça, então a ação será chamada 
ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. 
 
Ação penal pública incondicionada 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação 
do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, 
o rol das testemunhas. 
Procedimento 
. denúncia (art. 41 CPP): . fato criminoso 
 . circunstâncias do crime 
 . qualificação do 
acusado 
 . classificação do delito 
 . rol de testemunhas 
 
A denúncia é a petição inicial acusatória apta a produzir 
efeitos em uma ação penal pública. 
 
Com ela, busca-se instaurar a ação penal competente para a 
apuração de crime, podendo ser de natureza condicionada ou 
incondicionada. 
 
A denúncia é narrativa e demonstrativa. Narrativa, porque deve 
revelar o fato com todas as suas circunstâncias, isto é, como a 
pessoa que praticou, os meios que empregou, o malefício que 
produziu, os motivos que o determinaram a isso, a maneira por que a 
praticou, o lugar onde a praticou, e o tempo. Demonstrativa, porque 
deve descrever o corpo de delito, dar as razões de convicção ou 
presunção e nomear as testemunhas e informantes (João Mendes 
Junior) 
 
Requisitos – art. 41 CPP 
Os requisitos da denúncia estão elencados no art. 41 do CPP. São 
eles: 
 
Exposição do fato criminoso 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
A exposição do fato criminoso significa abordar todas as 
particularidades presentes ao acontecimento, aptas a influir acerca de 
sua presença. 
Nesse contexto, releva tratar de qualificadoras, casos de aumento de 
pena ou agravantes genéricas de pena, data, horário, local, dentre 
outros aspectos. 
Deve-se, também, abordar se o delito foi consumado ou tentado; se 
culposo, qual a modalidade de culpa; a presença de coautoria ou 
participação delitiva, etc. 
 
 
Qualificação do acusado 
Qualificar o acusado significa lançar os dados de identificação ao 
acusado. Caso não seja possível, deve-se descrever outros elementos 
capazes de individualizá-lo, como apelidos, descrição física e eventual 
presença de características que possam contribuir para a sua 
identificação, como cicatrizes. 
O CPP permite que a qualificação do acusado possa ser emendada, a 
qualquer tempo, inclusive na fase de execução (art. 259 CPP). 
 
Qualificação jurídica do crime 
É o enquadramento legal dos fatos à norma; a atribuição de um tipo 
penal correspondente à conduta adotada pelo acusado. 
Importante sua correta atribuição, pois determina a fixação da 
competência, do rito processual, do cabimento de benefícios legais 
como o sursis processual. 
No entanto, em caso de equívoco no enquadramento típico, 
prevalecerá, para efeito de competência, a correta classificação legal 
a ser efetuada pelo juiz, ao final da instrução probatória, antes ou ao 
prolatar a sentença. 
O erro não causa inépcia da inicial ou nulidade do processo, pois o 
réu se defende dos fatos e a ele imputados (art. 383 CPP). Só 
ocorrerá inépcia da inicial se a descrição dos fatos for de tal forma 
deficiente que impeça à defesa determinar qual o objeto da acusação. 
Rol de testemunhas 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Devem ser arroladas na denúncia, sob pena de preclusão (perda de 
um direito pelo não exercício no tempo e/ou modo prescritos em lei) 
e a acusação não poderá exigir a oitiva de pessoa alguma. 
Todavia é possível que a acusação requeira que o juiz ouça 
testemunhas na qualidade de testemunhas do juízo, que ficará ao 
arbítrio do juiz. 
Prazo para o oferecimento 
O prazo para oferecimento de denúncia é de 5 dias, se o réu 
estiver preso, e de 15 dias, se solto (art. 46 CPP). 
 
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido 
Nesta modalidade de ação penal o interesse do ofendido prevalece 
diante do interesse público na repressão do crime. 
Justifica-se a imposição de condição para o exercício do poder dever 
estatal diante da possibilidade de o processo pode gerar mais danos à 
vítima do que aqueles resultantes do delito em si. 
Assim, o Estado confere à vítima ou ao seu representante legal a 
possibilidade de expressar seu desejo ou não de ver iniciada a ação 
penal. 
Portanto, a representação consiste em o ato pelo qual o ofendido ou 
seu RL expressa a vontade de que a ação penal seja iniciada (39 
CPP). 
 
Procedimento para a representação 
Como regra geral, observa-se o conteúdo do art. 39 do CPP, ou seja, 
o ofendido ou representante legal, pessoalmente ou por procurador 
com poderes especiais, declaração escrita ou oral ao juiz, ao 
Ministério Público ou à autoridade policial. 
 
Prazo para oferecimento de representação 
O prazo para o oferecimento de representação é de até 6 meses, 
contado da data do conhecimento da autoria delitiva, sob pena de 
decadência (art. 38 CPP). 
É possível a retratação da representação, ou seja, voltar atrás em sua 
intenção de ver determinada pessoa responsabilizada criminalmente, 
desde que assim aja até o oferecimento da denúncia (art. 102 CP). 
Depois disso, é considerada irretratável. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Exceção à possibilidade de retratação vem estampada na Lei Maria da 
Penha (Lei nº 11.340/06), que impede a retratação, como restou 
decidido pelo Supremo Tribunal Federal, na Reclamação nº 17.025, 
de relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgado em 19/03/2014). 
 
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça 
São duas as hipóteses que envolvema ação penal pública 
condicionada à requisição do Ministro da Justiça: 
 crimes contra a honra praticados contra o Presidente da 
República ou chefe de governo estrangeiro, desde que não 
configurem crimes contra a segurança nacional (art. 145, 
parágrafo único, 1ª parte, CP); 
 crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil (art. 7º, §3º, CP). 
 
Em ambas as situações, não há prazo certo para a promoção da 
referida requisição, podendo ser realizada enquanto não for extinta a 
punibilidade do agente. 
 
Condições da Ação 
 Legitimidade; 
 Interesse processual; 
 Possibilidade jurídica do pedido. 
Aferível no início do processo: caso ausente algum destes o juiz 
deverá declarar o autor CARECEDOR DA AÇÃO, nos termos do art. 
395 CPP, rejeitando a Denúncia ou Queixa. 
Aferível no curso do processo: gera nulidade processual, desde o 
início, nos termos do art. 563, II, CPP. 
Isso se dá por se tratar de questão de ORDEM PÚBLICA, razão pela 
qual podem ser conhecidas pelo juiz de ofício, a qualquer tempo e 
grau de jurisdição. 
 
LEGITIMIDADE DE PARTE „ad causam‟ 
. É a pertinência subjetiva da ação. Nos 2 polos da ação 
(ativa/passiva). 
Ex. ATIVA: quando a ação penal deve ser proposta pelo MP nas ações 
penais públicas e pelo particular nas ações penais privadas. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Ex. PASSIVA: quem deve ocupar validamente o polo. Somente pode 
ser o sujeito ativo de crime, isto é, pessoa maior de 18 anos. 
INTERESSE DE AGIR 
. Também chamado „interesse processual‟. 
Far-se-á presente sempre que o ajuizamento da ação penal for 
necessário para a satisfação do direito material e além disso quando 
for proposta a ação correta (adequada). 
É a verificação do binômio necessidade-adequação. Quando alguém 
pratica um crime, o Estado não pode imediatamente colocar o agente 
para cumprir a pena prevista em lei. Precisa antes de processá-lo e 
obter uma sentença condenatória definitiva (necessidade). E a ação 
penal deve respeitar o seu titular – seja o MP, seja o Ofendido. 
 
 
 
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO 
. É o tipo legal que dá o caráter criminoso ao fato. Se se processar 
alguém por fato atípico é carecedor da ação por este motivo. 
 
Ação penal privada (art. 100, 2ª parte, CP) 
Na ação penal privada, o direito do ofendido pelo crime sobrepõe-se 
ao interesse público. 
Por isso, o Estado transfere ao particular o direito de acusar, mas 
mantém o direito de punir. 
 
Espécies 
Ação penal exclusiva. somente pode ser proposta pelo ofendido ou 
pelo seu representante legal (art. 100, §2º, CP). 
 
Ação penal personalíssima . somente pode ser proposta pelo ofendido 
(art. 100, §2º, CP). 
 
Ação penal subsidiária . cabível na hipótese de o Ministério Público 
deixar de oferecer denúncia no prazo legal (100, §3º). 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Princípios da Ação Penal Privada 
 
Oportunidade, discricionariedade ou conveniência 
O ofendido poderá optar livremente por ajuizar ou não queixa-crime 
segundo lhe convier, desde que dentro do prazo legal decadencial de 
seis meses, em regra. Funda-se no interesse particular do ofendido 
na solução criminal da lide. 
 
Disponibilidade 
Uma vez ajuizada a queixa-crime, o ofendido poderá desistir da ação 
penal privada a qualquer tempo. É corolário do princípio anterior. Se 
não é obrigado a propor a ação não pode ser obrigado a continuar 
nela. Pode se utilizar da perempção e o perdão do ofendido para 
tanto. 
 
Indivisibilidade 
A ação penal privada deve ser motivada em face de todos os agentes 
conhecidos. 
Se algum dos autores do crime não for mencionado na queixa-crime, 
haverá, com relação a ele renúncia tácita ao direito de queixa. 
Como a lei estabelece que a renúncia com relação a um dos agentes 
a todos se estende (art. 49 CPP), tal situação enseja a renúncia em 
relação a todos os outros do crime e, consequentemente, a extinção 
da punibilidade. 
 
Intranscendência 
A ação penal somente pode ser ofertada contra os supostos sujeitos 
ativos a infração penal e nunca contra seus sucessores. É 
consequência do princípio da personalidade da pena (art. 5º XLV, 
CF), sem falar que com a morte do agente ocorre a extinção da 
punibilidade pela morte do agente. 
 
Procedimento para a Ação Penal Exclusiva 
Forma 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Em sede de ação penal privada, a petição inicial é 
denominada queixa-crime, em regra apresentada em forma escrita, 
mediante pessoa com capacidade postulatória (advogado ou 
defensor). 
A procuração deve conter poderes especiais, isto é, deve mencionar a 
existência de outorga de poderes específicos para o ingresso de 
queixa-crime, além de a peça conter um resumo dos fatos delituosos, 
não bastando a mera referência ao tipo penal e o nome do querelado. 
O objetivo de tais cautelas é resguardar o profissional de um futuro 
processo por suposta denunciação caluniosa. 
Se a petição de queixa-crime for assinada pelo advogado e pelo 
querelante em conjunto, fica suprida a necessidade de transcrever na 
procuração os fatos narrados na queixa-crime. 
Requisitos – art. 41 CPP 
. queixa-crime (art. 41 CPP): . fato criminoso 
 . circunstâncias do crime 
 . qualificação do 
acusado 
 . classificação do delito 
 . rol de testemunhas 
 
Requisitos – art. 41 CPP 
Os requisitos da queixa-crime, assim como na hipótese da denúncia, 
estão elencados no art. 41 do CPP. São eles: 
 
Exposição do fato criminoso 
 
A exposição do fato criminoso significa abordar todas as 
particularidades presentes ao acontecimento, aptas a influir acerca de 
sua presença. 
Nesse contexto, releva tratar de qualificadoras, casos de aumento de 
pena ou agravantes genéricas de pena, data, horário, local, dentre 
outros aspectos. 
Deve-se, também, abordar se o delito foi consumado ou tentado; se 
culposo, qual a modalidade de culpa; a presença de coautoria ou 
participação delitiva, etc. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Qualificação do acusado 
 
Qualificar o acusado significa lançar os dados de identificação ao 
acusado. Caso não seja possível, deve-se descrever outros elementos 
capazes de individualizá-lo, como apelidos, descrição física e eventual 
presença de características que possam contribuir para a sua 
identificação, como cicatrizes. 
O CPP permite que a qualificação do acusado possa ser emendada, a 
qualquer tempo, inclusive na fase de execução (art. 259 CPP). 
 
Qualificação jurídica do crime 
 
É o enquadramento legal dos fatos à norma; a atribuição de um tipo 
penal correspondente à conduta adotada pelo acusado. 
Importante sua correta atribuição, pois determina a fixação da 
competência, do rito processual, do cabimento de benefícios legais 
como o sursis processual. 
No entanto, em caso de equívoco no enquadramento típico, 
prevalecerá, para efeito de competência, a correta classificação legal 
a ser efetuada pelo juiz, ao final da instrução probatória, antes ou ao 
prolatar a sentença. 
O erro não causa inépcia da inicial ou nulidade do processo, pois o 
réu se defende dos fatos e a ele imputados (art. 383 CPP). Só 
ocorrerá inépcia da inicial se a descrição dos fatos for de tal forma 
deficiente que impeça à defesa determinar qual o objeto da acusação. 
 
Rol de testemunhas 
 
Devem ser arroladas na denúncia, sob pena de preclusão (perda de 
um direito pelo não exercício no tempo e/ou modo prescritos em lei) 
e a acusação não poderá exigir a oitiva de pessoa alguma. 
Todavia é possível que a acusação requeira que o juiz ouça 
testemunhas na qualidade de testemunhas do juízo, que ficará ao 
arbítrio do juiz. 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Prazo para o oferecimento 
 
O prazo para oferecimento de queixa-crimeé, em regra, de 6 
(seis) meses, contados do dia do conhecimento da autoria 
delitiva sob pena de decadência. 
 
Ação Penal Personalíssima 
A titularidade do direito de ação é conferida por lei apenas e 
exclusivamente ao ofendido, sendo inviável o seu exercício por 
intermédio de representante legal. Portanto, não há sucessão por 
morte ou ausência. 
Exemplo de aplicação está previsto no art. 236 e parágrafo único, CP, 
que trata da figura do “induzimento a erro essencial e oocultação do 
impedimento”. 
 
 
Ação penal subsidiária 
A ação penal subsidiária é cabível na hipótese de o Ministério Público 
deixar de oferecer denúncia no prazo legal (art. 100, §3º, CP). 
Prazo 
A ação deve ser intentada em até 6 (seis) meses, contado da 
data em que esgotar o prazo para manifestação do Ministério 
Público. 
 
Posturas que o Ministério Público poderá adotar 
Diane de uma ação penal subsidiária, caberá ao Ministério 
Público: 
. repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva: somente se a 
queixa-crime não preencher os requisitos previstos no art. 41 
CPP 
. aditar a queixa-crime para corrigir; incluir corréu ou crime 
conexo não mencionado na queixa-crime; ou inserir 
qualificadora ou causa de aumento de pena. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
 
AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS – art. 101 CP 
O crime complexo resulta da fusão de dois ou mais tipos 
penais. Ex. roubo (art. 157) = furto + lesão 
corporal ou ameaça 
Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do 
tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe 
ação pública em relação àquele, desde que, em relação a 
qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério 
Público. 
Nestes casos, a titularidade da ação penal é do Ministério 
Público se, em qualquer dos crimes que compõe o crime 
complexo, se proceder mediante ação penal pública. 
 
Obs. Ação penal adesiva 
Denomina-se ação penal adesiva aquela movida pelo ofendido 
nos crimes de ação penal privada em litisconsórcio com o 
Ministério Público, nos crimes de ação penal pública (Tourinho 
Filho), ou nos casos em que o ofendido se introduz no 
processo ao lado do Ministério Público, na qualidade de 
assistente da acusação (José Frederico Marques). 
 
Ação Penal Popular 
Qualquer do povo é titular legítimo para propositura da AP. Não 
existe em nosso ordenamento. Qualquer legislação que dispusesse da 
criação de tal possibilidade seria inconstitucional em virtude dos art. 
129, I e 5º, LIX CF. 
 
Ação Penal Popular subsidiária 
Criada pela MP 153/1990, que permitia a qualquer cidadão oferecer 
ação penal pelo crime de abuso de poder econômico caso o MP 
excedesse os prazos legai sem adoção de providências a seu cargo. 
Hoje revogada pela Lei 8.035/90. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
Módulo 4- EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Legislação: 
 
Extinção da Punibilidade 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato 
como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, 
nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a 
admite; 
VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes 
contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do 
Título VI da Parte Especial deste Código;(Revogado pela Lei 
nº 11.106, de 2005) 
VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes 
referidos no inciso anterior, se cometidos sem violência real 
ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o 
prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no 
prazo de 60 (sessenta) dias a contar da 
celebração;(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
Introdução 
 
Com criação da norma penal, o Estado passa a ostentar o direito de 
punir em abstrato ou “jus puniendi” em abstrato, por meio do qual 
exige de todos que abstenham de praticar a ação ou omissão definida 
no preceito primário do tipo penal. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Quando a infração penal é praticada, surge para o Estado o direito de 
punir em concreto ou “jus puniendi” em concreto. Através dele, o 
Estado exige do infrator que se sujeite à sanção prevista no preceito 
secundário do tipo penal. 
A punibilidade não é requisito do crime, mas sua consequência 
jurídica. Nesse sentido: TACrimSP, 613.785, RT, 663:314-5. 
Os requisitos do crime, sob o aspecto formal, são o fato típico e a 
antijuridicidade. A culpabilidade constitui pressuposto da pena. A 
prática de um fato típico e ilícito, sendo culpável o sujeito, faz surgir 
a punibilidade. 
Nesse contexto, nto que surge a punibilidade, entendida como a 
possibilidade jurídica da aplicação da sanção penal. Observe-se, 
contudo, que o direito de punir concreto não é auto-executável, 
tratando-se de verdadeiro direito de coação indireta, uma vez que 
sua satisfação depende da utilização de um processo penal – “nulla 
poena sine judicio”. 
 
 
 
Condições objetivas da punibilidade 
 
Por razões de Política Criminal, por vezes, a lei condiciona o 
surgimento da punibilidade com o concurso de requisitos ou 
circunstâncias de caráter objetivo, independentes da conduta do 
agente e exteriores ao dolo. 
Tais condições objetivas de punibilidade encontram-se dispersas na 
legislação – art. 7º, § 2º, “b” a “e”, CP. 
 
 
Causas extintivas da punibilidade 
 
O conteúdo do art. 107 do CP não é taxativo, mas exemplificativo. 
Isto porque causas extintivas da punibilidade que extrapolam o rol 
desse dispositivo legal. 
Como exemplo, note: 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
a) art. 82 CP: o término do período de prova do sursis, sem 
motivo para revogação do benefício, faz com que o juiz 
decrete a extinção da punibilidade; 
b) art. 90 CP: o término do período de prova do livramento 
condicional, sem motivo para revogação do privilégio, opera a 
extinção da punibilidade; 
c) art. 7º, § 2º, “d”, CP: se o agente cumpriu pena no 
estrangeiro pelo crime lá cometido, opera-se a extinção da 
punibilidade em relação à pretensão punitiva do Estado 
brasileiro; 
d) art. 312, § 3º, 1ª parte, CP: a reparação do dano no 
peculato culposo, antes da sentença final irrecorrível, extingue 
a punibilidade; 
e) art. 236 CP, em decorrência da morte da vítima; 
f) pagamento da contribuição previdenciária antes do início da 
ação fiscal – artigo 168 – A, p. 2º, CP; 
g) art. 520 CPP: a desistência da queixa nos crimes contra a 
honra, formulada em audiência judicial; 
h) art. 59, parágrafo único, LCP: aquisição de renda 
superveniente na contravenção penal de vadiagem; 
i) art. 34, Lei nº 9.249/95: pagamento do tributo ou 
contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento 
da denúncia; 
j) art. 89, § 5º, Lei nº 9.099/95: decurso do prazo de 
suspensão condicional do processo sem revogação; 
k) art. 171, § 2º, VI, e Súmula 554, STF: ressarcimento do 
dano antes do recebimento da denúncia no crime de 
estelionato mediante emissão de cheque sem provisão de 
fundos. 
 
O momento de ocorrência, em regra, pode se dar antes da sentença 
final ou depois da sentença condenatória irrecorrível. Cumpre 
salientar que determinadas causas fazem desaparecer o direito de 
punir do Estado, impedindo-o de iniciar ou prosseguir com a 
persecução penal. 
 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Efeitos das causas extintivas da punibilidade 
 
Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito 
de punir do Estado, subsistindo o crime em todos os seus requisitos e 
a sentença condenatória irrecorrível. 
Excepcionalmente, a causa resolutiva do direito de punir fulmina o 
fato praticado pelo agente e rescinde a sentença condenatória 
irrecorrível. 
 Assim, os efeitos das causasextintivas da punibilidade operam “ex 
tunc” ou “ex nunc”. 
No primeiro caso, as causas extintivas têm efeito retroativo; no 
segundo, efeito para o futuro, i. e., produzem efeito a partir do 
momento de sua ocorrência. 
Possuem efeito “ex tunc” a anistia e a lei nova supressiva de 
incriminação; as outras causas têm efeito “ex nunc”, não retroagindo 
para excluir consequências já ocorridas. 
As causas extintivas da punibilidade poderão ter efeitos amplos e 
restritos, conforme o momento em que se verifiquem. 
Caso operem antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, impedirão quaisquer efeitos decorrentes de uma 
condenação criminal, pois fazem extinguir a pretensão punitiva 
estatal. 
Por outro lado, se ocorrerem depois do trânsito em julgado, de regra, 
somente tem o condão de apagar o efeito principal da condenação, 
que é a imposição da pena (ou medida de segurança). 
As exceções são a anistia e a “abolitio criminis”, as quais, mesmo 
sendo posteriores ao transito em julgado, atingem todos os efeitos 
penais da sentença condenatória, principais e secundários, 
permanecendo intocáveis, somente, os efeitos civis. Para saber quais 
os efeitos das causas extintivas da punibilidade a seguir examinadas, 
basta ter em mente essa regra. 
 
Espécies de causas extintivas da punibilidade 
 
Estão previstas no art. 107 CP as hipóteses de extinção da 
punibilidade, mas ainda há outras causas de extinção de punibilidade 
previstas em outros artigos do próprio Código Penal, em leis 
específicas e também na Constituição Federal, conforme supracitado. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Segundo o artigo 107, do Código Penal, extingue-se a punibilidade: 
i) pela morte do agente; 
ii) pela anistia, graça e indulto; 
iii) pela retroatividade da lei que não considera mais o fato 
como criminoso; 
iv) pela prescrição, decadência ou perempção; 
v) pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, 
nos crimes de ação privada; 
vi) pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
Hipóteses de extinção da punibilidade 
 
MORTE DO AGENTE – (art. 107, I, CP) 
 
Por força do princípio “mors omnia solvit” (a morte tudo resolve), o 
óbito do sujeito ativo da infração apaga todos os efeitos penais 
possíveis da prática de um delito. 
Nem poderia ser diferente, pois a Constituição Federal foi clara ao 
determinar que a pena não poderá passar da pessoa do condenado – 
salvo a obrigação de reparar o dano e a declaração do perdimento de 
bens (art. 5º, LXV). 
Trata-se de causa extintiva personalíssima. Sendo pessoal a 
responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado 
perca o “jus puniendi”, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer 
obrigação de natureza penal. 
Dessa forma, se o agente é condenado à pena de multa e morre 
antes de efetuar o pagamento, a obrigação não se transmite aos 
herdeiros, sob pena de infringir preceito constitucional, que diz que 
nenhuma pena passará da pessoa do delinquente (CF, art. 5º, XLV). 
Entretanto, se se tratar de reparação do dano, ocorrendo a morte 
após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o interessado 
pode ingressar no juízo cível com a execução para efeito de 
reparação do dano contra os herdeiros ou sucessores universais do 
condenado falecido (art. 63 CPP). 
Ocorrendo a morte do agente antes do trânsito em julgado da 
sentença final, o ofendido pode intentar a “actio civilis ex 
delicto” (art. 64, CPP), vide o art. 5º, XLV, da Constituição Federal. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
A prova da morte do agente deve ser realizada por meio de certidão 
de óbito (art. 62, CPP), não tendo validade a presunção legal do art. 
6º do Código Civil, não sendo suficiente a simples informação verbal. 
Se, porventura, uma vez decretada a extinção da punibilidade pela 
morte do agente, ficar provada a falsidade da certidão de óbito, há 
duas posições distintas da jurisprudência: 
1ª) se a sentença que decretou a extinção da punibilidade ainda 
não tiver transitado em julgado, deve o órgão acusador interpor 
recurso em sentido estrito, em face do que a ação penal terá 
prosseguimento, sem prejuízo da responsabilidade penal do 
autor ou autores da falsidade. Se a sentença que decretou a 
extinção da punibilidade já transitou em julgado, o processo 
não pode ter andamento e contra o suposto morto não pode ser 
intentada ação penal pelo mesmo objeto, restando a ação penal 
contra o autor ou autores da falsidade. Não se admite revisão 
contra o réu. No sentido do texto: RT, 580:349 e 476:396; 
2ª) ainda que a sentença que declarou extinta a punibilidade já 
tenha transitado em julgado, o processo pode ter 
prosseguimento, salvo a ocorrência de outra causa de extinção, 
como a prescrição (RTJ, 104:1063 e 93:986; RJTJSP, 98:485; 
RT, 475:293). 
Entende, a maioria da doutrina, caso se apure, após o trânsito em 
julgado da decisão que extinguiu a punibilidade, que a certidão era 
falsa, não ser possível a reabertura do processo, sob pena de se 
permitir uma revisão da coisa julgada penal “pro societate”, o que é 
vedado em nosso ordenamento jurídico. Restaria, apenas, apenas 
processar os autores que promoveram a falsidade. 
Todavia, a jurisprudência tem tomado novos rumos quando a isso, eis 
que o que gera a extinção da punibilidade é a morte do agente e não 
o documenta que a atesta indevidamente. 
O STF já se posicionou contrário ao entendimento da impossibilidade 
de agressão à coisa julgada: 
Processual penal. Extinção da punibilidade amparada em 
certidão de óbito falsa. Decisão que reconhece a nulidade 
absoluta do decreto e determina o prosseguimento da ação 
penal, Inocorrência de revisão „pro societate‟ e de ofensa à 
coisa julgada (HC 104.998, Rel. Min.Dias Toffoli, 1ª Turma, 
DJe 085, p. 83). 
O STJ segue no mesmo sentido: 
Penal. Habeas corpus. Decisão que extinguiu a punibilidade 
do réu pela morte. Certidão de óbito falsa. Violação à coisa 
julgada. Inocorrência. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
O desfazimento da decisão que, admitindo por equívoco a 
morte do agente, declarou a punibilidade, não constitui 
ofensa à coisa julgada. Ordem denegada. (HC 31234/MG – 
2003/0190092-8 – 5ª Turma, julgado em 16/01/2003). 
 
A declaração da extinção da punibilidade deverá ser precedida de 
oitiva do Ministério Público e somente poderá fundar-se em certidão 
de óbito original (art. 62 CPP). 
Evidentemente que a extinção da punibilidade constitui circunstancia 
incomunicável em se tratando de concurso de pessoas. 
 
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO – (art. 107, II, CP) 
 
Breves considerações 
 
Os três institutos contemplam situações de “clemência soberana” em 
que o Estado, por razão de Política Criminal, abdica de seu “jus 
puniendi”, em nome de uma pacificação social. 
Há diferenças entre eles: a anistia se refere a fatos e depende de lei 
de competência do Congresso Nacional (art. 21, XVII, e artigo 48, 
VII, CF); a graça e o indulto, por sua vez, se referem a pessoas, e 
têm como instrumento normativo o decreto presidencial (art. 84, XII, 
CF), delegável a Ministros de Estado, ao Procurador- Geral da 
República ou ao Advogado- Geral da União (art. 84, parágrafo único, 
CF). 
Todos os três institutos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto 
os crimes hediondos e assemelhados – tráfico ilícito de 
entorpecentes, terrorismo e tortura (art. 5º, XLIII, CF e art. 2º, da 
Lei nº 8.072/90). 
A Lei nº 9.455/97, ao dispor sobre o crime de tortura, veda a anistia 
e a graça, embora silente sobre o indulto. Apesar disso, entende-se 
que também o crime de tortura é insuscetível de indulto, por força da 
interpretação sistemática conferida ao art. 5º, XLIII, da CF. 
É indiferente, de outra parte, a natureza da ação penal para fins de 
admitir a anistia, graça ou indulto. Incidem, portanto, em crimes de 
ação pública e de ação privada. 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Lembre-se que, na última hipótese, o “jus puniendi”continua sendo 
estatal, pois o ofendido somente recebe o “jus persequendi in 
judicio” – direito de ajuizar a ação. 
 
Anistia – (art. 107, II, CP) 
 
A anistia consiste em o esquecimento jurídico do ilícito. Seu objeto 
são fatos – e não pessoas - definidos como crimes, em regra, de 
natureza política, militar ou eleitoral, excluindo-se os crimes comuns. 
Pode ser concedida antes ou depois da condenação e, como o indulto, 
pode ser total ou parcial. 
Uma vez concedida, a anistia extingue todos os efeitos penais, 
inclusive o pressuposto de reincidência, permanecendo, contudo, a 
obrigação de indenizar. 
É veiculada por meio de lei penal, cujo efeito é benéfico. Portanto, é 
retroativo e não pode ser revogada por lei posterior. 
Classifica-se em: 
 Própria: se anterior ao trânsito em julgado da sentença 
condenatória; 
 Imprópria: quando posterior ao trânsito em julgado da 
sentença condenatória. 
 Geral ou plena: quando não impõe o preenchimento de 
nenhum requisito; 
 Parcial ou restrita: quando o faz, isto é, impõe o 
preenchimento de requisitos. 
 Incondicionada: quando independe da prática de algum ato 
por parte dos beneficiários; 
 Condicionada: se depender da prática de algum ato por parte 
dos beneficiários, por exemplo, deposição de armas, 
demonstração pública de arrependimento, obrigação de 
satisfazer os danos causados pelo crime. 
 Especial: caso se refira a crimes políticos; 
 Comum: quando abrange outros crimes que não os de 
natureza política. 
 
Graça ou Indulto individual – (art. 107, II, CP) 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Consiste em a concessão de clemência – perdão - ao criminoso pelo 
Presidente da República, por meio de decreto (art. 84, XII, CF). 
Como já mencionado, esta atribução é delegável a Ministro de 
Estado, ao Procurador Geral da República; e ao Advoga-Geral da 
União (art. 84, parágrafo único, CF). 
A graça ou indulto individual é concedido individualmente, a partir de 
requerimento do interessado, do Ministério Público, do Conselho 
Penitenciário ou de autoridade administrativa do estabelecimento 
prisional (art. 188 LEP). 
Na prática, a petição é encaminhada ao Conselho, para parecer. Após 
segue ao Ministro da Justiça e, enfim, ao Presidente da República ou 
à autoridade porventura delegada. 
Uma vez concedido, o magistrado determinada a juntada do decreto 
e determina a manifestação do Ministério Público e da Defesa. Por 
fim, decreta extinta a punibilidade ou promove a redução de pena 
(art. 112, § 2º, LEP). 
 Como modalidades, a graça pode ser plena ou parcial. 
A graça plena implica extinção da pena imposta ao condenado. 
A graça parcial implica diminuição da pena imposta ao condenado ou 
sua comutação - substituição por outra de menor gravidade. 
 
Indulto ou Indulto coletivo – (art. 107, II, CP) 
 
Trata-se de modalidade de clemência concedida espontaneamente 
pelo Presidente da República a todo o grupo de condenados que 
preencherem os requisitos apontados pelo decreto. 
Não é necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória 
para a sua eventual concessão. 
Como forma de concessão, o indulto é promovido com abrangência 
geral, independendo de requerimento. 
Os requisites comuns são divididos em subjetivos, podendo tratar 
da primariedade ou bons antecedentes; e objetivos, que podem 
lidar com o cumprimento de pena parcial ou crimes cometidos sem 
violência ou grave ameaça, por exemplo. 
Na prática, o magistrado, de ofício ou a requerimento do interessado, 
do Ministério Público, do Conselho Penitenciário ou da autoridade 
administrativa (art. 193 LEP). 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
Em seguida, deve ser juntado o decreto de indulto; são ouvidos o 
Ministério Público e a Defesa (art. 112, § 2º, LEP). Por fim, o juiz 
declara extinta a punibilidade. 
Em caso de comutação parcial, eventual cometimento de falta grave 
não interrompe contagem, conforme Súmula 535 do STJ. 
 
ABOLITIO CRIMINIS – (art. 107, III, CP) 
 
Perfaz-se a “abolito criminis” quando lei posterior não mais tipifica 
como delito fato anteriormente previsto como ilícito penal. Ou seja, 
com o advento da lei nova a conduta perde sua característica de 
ilicitude penal, extinguindo-se a punibilidade (art. 107, III, CP). 
A lei posterior mais benigna (“lex mitior”) retroage para alcançar 
inclusive fatos definitivamente julgados (art. 2º CP). Assim, são 
afastados por completos os efeitos penais da condenação, persistindo 
unicamente os efeitos civis. 
Toda lei nova que descriminaliza fato praticado pelo agente extingue 
o próprio crime e, consequentemente, se iniciado o processo, este 
não prossegue; se condenado o réu, rescinde a sentença, não 
subsistindo nenhum efeito penal, nem mesmo a reincidência. 
 Exemplos: adultério; rapto consensual; e sedução. 
 
DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO – (art. 107, IV, CP) 
 
 
DECADÊNCIA 
 
Decadência é a perda do direito de ação privada ou do direito de 
representação, em razão de não ter sido exercido dentro do prazo 
legalmente previsto. A decadência fulmina o direito de agir, atinge 
diretamente o “jus persequendi”. 
Com efeito, inadmissível seria que o direito de queixa ou de 
representação subsistisse indefinidamente. Estipula-se, de 
conseguinte, determinado prazo decadencial – fatal e improrrogável – 
e, com o seu término, há a extinção da punibilidade (art. 107, IV, 
CP). 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
De acordo com o art. 103 CP, o ofendido ou o seu representante legal 
decai do direito de queixa ou de representação, salvo disposição em 
sentido contrário, se não o exerce dentro do prazo de seis meses, 
contado do dia em que veio, a saber, quem é o autor do crime, ou na 
hipótese de ação privada subsidiária da pública (art. 100, § 3º, CP) di 
dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia (art. 
38 CPP). 
Todavia, sendo a vítima menor de dezoito anos o oferecimento de 
queixa/representação caberá ao seu representante legal; se maior de 
18 anos a vítima, porém, o oferecimento de queixa ou representação 
lhe compete de modo exclusivo na hipótese 
Na hipótese de delito praticado em coautoria, o prazo decadencial 
tem início a partir do conhecimento do primeiro autor. 
Em se tratando de crime continuado, o prazo decadencial é contado 
separadamente para cada fato delituoso em caso de crime habitual, 
inicia-se a contagem do prazo a partir do último ato praticado 
conhecido pelo ofendido; por fim, na hipótese de cr4ime permanente 
da decadência atinge tão-somente os fatos perpetrados antes do 
prazo de seis meses. 
 
Perempção 
A Perempção consiste na perda do direito de ação pela inércia a do 
querelante. Assim, após o início da ação penal privada a inatividade 
do querelante presume a desistência quanto ao seu prosseguimento. 
O âmbito de aplicação dessa causa extintiva de punibilidade 
circunscreve-se à ação penal exclusivamente privada (art. 107, IV, 
CP), já que na ação penal privada subsidiária da pública conferem-se 
ao Ministério Pública possibilidade de, a qualquer tempo, retomá-la 
como parte principal, no caso de negligência do querelante (art. 29 
CPP). 
As hipóteses de perempção da ação estão dispostas no art. 60 do 
CPP: 
 quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o 
andamento do processo durante trinta dias seguidos (inc. I); 
 quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua 
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no 
processo, dentro do prazo de sessenta dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo (cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão – art. 31 CPP), ressalvado o disposto no 
art. 36 (inc. II); 
 quando o querelante deixar de formular o pedido de 
condenação nas alegações finais (art. 539, § 3º, CPP), ou 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato 
do processo a que deva estar presente (inc. III); 
 quando, sendo o querelante pessoa jurídica (art. 37 CPP),esta 
se extinguir sem deixar sucessor (inc. IV). 
De semelhante, também será considerada perempta a ação penal 
com a morte do querelante nas hipóteses da ação penal com a morte 
do querelante na hipótese de ação penal privada personalíssima - art. 
236 CP. 
 
 
RENÚNCIA e PERDÃO – (art. 107, V, do CP) 
 
RENÚNCIA 
 
Se antes de iniciada a ação penal privada, o ofendido manifesta sua 
vontade de não exercer o direito de queixa, extingue-se a 
punibilidade pela renúncia (art. 107, V, CP). 
Trata-se de ato unilateral, cujos efeitos alcançam a todos os 
coautores do delito - critério extensivo art. 49 CPP). 
O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado 
expressa ou tacitamente (art. 104 CP). Importa renúncia tácita ao 
direito de queixa, a teor do parágrafo único do citado dispositivo, a 
prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo. 
Todavia, não implica renúncia – ainda que implícita – o fato de 
receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. A 
renúncia, quando tácita, admite todos os meios de prova já a 
renúncia expressa – obrigatoriamente clara e inequívoca – constará 
de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal o 
procurador com poderes especiais (art. 50 CPP). 
É perfeitamente cabível a renúncia em se tratando de ação penal 
privada subsidiária, não obstante, poderá o Ministério Público 
oferecer denúncia, desde que outra causa extintiva da punibilidade 
não tenha ocorrido. 
Na hipótese de dupla titularidade, a renúncia do representante legal 
do menor que houver completado dezoito anos não privará esta do 
direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do 
primeiro (art. 50, parágrafo único, CPP). 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
De forma similar, tampouco a renúncia ao exercício do direito de 
queixa por um dos ofendidos obsta a propositura da ação penal pelos 
demais. 
 
Perdão do Ofendido 
 
É facultado ao querelante, no curso da ação penal privada, perdoar o 
querelado, extinguindo-se assim a punibilidade do delito (art. 107, V, 
CP). De conseguinte, o perdão do ofendido, nos crimes em que 
somente se procede mediante queixa, obsta o prosseguimento da 
ação (art. 105 CP). 
Cinge-se o perdão do ofendido aos delitos persequíveis através de 
ação penal exclusivamente privada, já que nos casos de ação penal 
privada subsidiária incumbirá ao Ministério Público retomar a ação 
penal como parte principal. 
O perdão do ofendido não se confunde com a renúncia daquela ao 
exercício do direito de queixa. Isso porque o perdão opera na fase 
processual, enquanto a renúncia limita-se à fase pré-processual. 
Demais disso, o perdão é ato bilateral, somente produzindo efeitos se 
aceito – expressa ou tacitamente – pelo querelado (ou por procurador 
com poderes especiais – art. 55CPP). Logo, se o querelado o recusa, 
não produz efeito algum (art. 106, III, CP). 
Poderão aceitar o perdão o próprio querelado ou o seu represente 
legal, sendo aquele maior de dezoito e menor de vinte de um anos, 
mas o perdão aceito por um, havendo oposição do outro, não 
produzirá efeito (arts. 52 e 54, CPP). 
O mesmo se aplica à concessão do perdão, na hipótese de querelante 
entre dezoito e vinte e um anos de idade. Cumpre salientar, no 
entanto, que diante da equiparação do marco etário (18 anos) da 
responsabilidade civil á penal, não há mais razão para a 
representação no que tange ao menor de vinte e um anos de idade 
quanto ao aceite (querelado), como na concessão (querelante) do 
perdão. De outro lado, se o querelado for mentalmente enfermo ou 
retardado mental e não tiver represente legal, ou colidirem os 
interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá 
ao curador que o juiz lhe nomear. (art. 53 CPP). 
O perdão do ofendido poderá ser processual – quando concedido em 
juízo – ou extraprocessual – se concedido fora dos autos do processo, 
em declaração assinada pelo ofendido, por ser representante legal ou 
procurador com poderes especiais (arts. 50 e 56 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
CPP); expresso ou tácito – resultante da prática de ato incompatível 
com a vontade de prosseguir na ação (art. 106, § 1º, CP; e art. 57, 
CPP). 
A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração 
assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador 
com poderes especiais (art. 59 CPP). Aceito o perdão, o juiz julgará 
extinta a punibilidade (art. 58, parágrafo único, CPP). 
Por fim, convém consignar que o perdão, processual ou 
extraprocessual, expresso ou tácito, quando concedido a qualquer 
dos querelados, a todos aproveita e se concedido por um dos 
ofendidos, não prejudica o direito dos outros (art. 106, I e II, CP). É 
possível a concessão do perdão pelo ofendido a qualquer tempo, dede 
que não haja sentença condenatória transitada em julgado (art. 106, 
§ 2º, CP). 
 
MÓDULO 5 - PERDÃO JUDICIAL 
 
 
Embora perfeito o delito em todos os seus elementos constitutivos – 
ação ou omissa típica e ilícita - é possível que o magistrado, diante de 
determinadas circunstâncias legalmente previstas, deixe de aplicar a 
sanção penal correspondente, outorgando o perdão judicial. Trata-se 
de faculdade judicial, apreciável caso a caso. 
O perdão judicial é causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX, CP) 
que independe de aceitação do agente, sendo concedido na própria 
sentença ou acórdão. 
Não é pacífica a natureza jurídica do perdão judicial. De acordo com o 
STF, trata-se de sentença condenatória, extinguindo tão somente o 
efeito principal da condenação, ou seja, a pena, subsistindo eventuais 
efeitos secundários. Entretanto, prevalece entendimento contrário, 
esposado pelo STJ, inclusive com arrimo em sua súmula 18, cujo teor 
prescreve: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória 
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito 
condenatório”. 
Nesse diapasão, o artigo 120 CP destaca que a sentença que 
conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de 
reincidência. 
Segundo o art. 13 da Lei 9.807/99 (Lei de proteção a vítimas e 
testemunhas ameaçadas e a acusados ou condenados que tenham 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
voluntariamente prestado efetiva colaboração em investigação policial 
ou processo criminal): 
Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, 
conceder o perdão judicial e a consequente extinção da 
punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha 
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o 
processo criminal, desde que dessa colaboração tenha 
resultado: 
 
I – a identificação dos demais co-autores ou partícipes da 
ação criminosa; 
 
II – a localização da vítima com a sua integridade física 
preservada; 
 
III – a recuperação total ou parcial do produto do crime. 
 
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em 
conta a personalidade do beneficiado e a natureza, 
circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato 
criminoso. 
 
Trata-se de circunstância pessoal, incomunicável aos demais 
coautores ou partícipes que não preencherem os requisitos 
autorizadores da concessão da medida (art. 30, CP). 
 
São, portanto, condições objetivas para a concessão do perdão 
judicial: 
 
a) a colaboração efetiva coma investigação e processo criminal (art. 
13, caput); 
 
b) a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação 
criminosa (art. 13, I); 
 
c) a localização da vítima com a sua integridade física preservada 
(art. 13, II; 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
 
d) a recuperação total ou parcial do produto do crime (art. 13, III); 
 
e) natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato 
criminoso indicativas da concessão do perdão judicial (art. 13, 
parágrafo único). 
 
É suficiente o atendimento de uma das três circunstâncias indicadas. 
Com efeito, um posicionamento diverso significaria que dificilmente 
algum réu poderia se beneficiar

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