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SÍFILIS → Doença crônica infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. → Se não tratada, progride para os estágios primário, secundário e terciário. o As fases iniciais (primária e secundária), quando estão presentes lesões (cancros, placas mucosas, condiloma lata), são infecciosas. o Ocorre a cura espontânea das lesões precoces, seguida de um longo período de latência. → Reinfecção é comum, pois o contato com treponema não cria imunidade duradoura. FORMAS DE TRANSMISSÃO → Contato sexual (relações anogenitais e orogenitais) com outro indivíduo infectado - infecção sexualmente transmissível (IST). → Hemotransfusão: sangue de indivíduos com bacteriemia por T. pallidum. → Transmissão parenteral ocasional: compartilhamento de agulhas contaminadas (usuários de drogas injetáveis). → Transmissão vertical: disseminação hematogênica transplacentária de sífilis da mãe para o feto - SÍFILIS CONGÊNITA. o Teste sorológico da sífilis deve ser realizado em todas as gestantes no início da gestação e deve ser repetido perto do término da gestação. o O risco de infecção fetal é maior nas fases iniciais da sífilis materna não tratada, declinando depois lentamente, mas a mãe não tratada pode infectar o feto durante, pelo menos, os 5 primeiros anos após a sua infecção. o O tratamento adequado da mãe antes da 16ª semana de gestação normalmente evita a doença clínica no neonato. Posteriormente, o tratamento não poderá impedir sequelas tardias da doença na criança. → Infecção pelo contato com fômites é extremamente rara. CURSO NATURAL DA SÍFILIS NÃO TRATADA → Período de incubação: do momento da exposição até o desenvolvimento da lesão primária é, em média, de 21 dias (variando de 10 a 90 dias). → O T. pallidum pode penetrar através de membranas mucosas normais e de leves abrasões nas superfícies epiteliais. As primeiras lesões (pápula indolor) surgem no local da inoculação direta primária. Rapidamente, essa pápula se rompe para formar uma úlcera de base limpa (cancro) com margens elevadas e endurecidas. O cancro persiste por 2 a 6 semanas e, então, desaparece espontaneamente. → Sintomas da sífilis secundárias: várias semanas depois, geralmente desenvolvem-se os sintomas - febre baixa, mal-estar, cefaleia, linfadenopatia generalizada e erupção mucocutânea (disseminação hematogênica do treponema). A erupção secundária pode ocorrer enquanto o cancro primário ainda está cicatrizando ou até vários meses após o desaparecimento do mesmo. o Essas lesões também desaparecem espontaneamente em 2 a 6 semanas e a infecção, então, torna-se latente. → Pacientes com sífilis latente não tratada desenvolvem lesões tardias recidivantes, similares às da fase secundária (raramente, a recidiva assume a forma de recorrência do cancro primário). → Lesões terciárias destrutivas tardias, envolvendo olhos, SNC, coração e outros órgãos, incluindo a pele, podem se desenvolver em pacientes não tratados. Essas lesões podem ocorrer desde poucos anos até 25 anos após a infecção por resposta inflamatória do treponema. FISIOPATOLOGIA → A lesão patológica primária da sífilis é uma endarterite focal com um aumento nas células adventícias, proliferação endotelial e presença de infiltrado inflamatório em torno dos vasos afetados. Os linfócitos, células plasmáticas e monócitos predominam na lesão inflamatória, e são observadas células polimorfonucleares em alguns casos. O lúmen vascular frequentemente está obliterado. Com a resolução do processo, há uma considerável fibrose. → É possível que o aumento e a diminuição das lesões na sífilis precoce dependam do equilíbrio entre o desenvolvimento de uma imunidade celular eficaz e a supressão da função dos linfócitos derivados do timo. → O hospedeiro responde à infecção, produzindo numerosos anticorpos e, em alguns casos também, podem se formar imunocomplexos circulantes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SÍFILIS PRIMÁRIA → Lesão típica: CANCRO - úlcera indolor, de base limpa, endurecida, com bordas elevadas, firmes e endurecidas. → Ocasionalmente, infecções secundárias mudam a aparência do cancro e causam uma lesão dolorosa. → Em indivíduos previamente infectados, os cancros podem ser pequenos e permanecer papulares. SÍFILIS SECUNDÁRIA → Sinais e sintomas se desenvolvem entre 4 e 8 semanas após o aparecimento do cancro primário. → Pelo menos 80% dos pacientes com sífilis secundária apresentam lesões cutâneas ou mucocutâneas em algum momento de sua doença. o O diagnóstico é frequentemente suspeitado por causa da erupção cutânea. A erupção é muitas vezes minimamente sintomática e muitos pacientes com sífilis tardia não se recordam de lesões primárias ou secundárias. SÍFILIS RECIDIVANTE → Lesões recorrentes aparecem depois que as lesões cutâneas, primárias ou secundárias, desaparecem. o Podem ser menos ou mais firmemente endurecidas do que as lesões iniciais. → São infectantes para os parceiros sexuais expostos. → A maioria das recidivas ocorre no primeiro ano e as evidências epidemiológicas mostram que o período mais infectante é o primeiro ano de infecção. SÍFILIS LATENTE → Não há sinais ou sintomas clínicos da doença e o LCR está normal. → Começa após a resolução do primeiro episódio de sífilis secundária e pode durar por toda a vida. o Detectada por testes sorológicos reagentes para sífilis. → Os pacientes podem ou não ter um histórico clínico de manifestações de sífilis primária ou secundária precoce. SÍFILIS TARDIA → Geralmente, é lentamente progressiva. → Não é contagiosa por contato sexual. DIAGNÓSTICO → Testes sorológicos: o TREPONÊMICO (FTA-bs/THPA/rápido): primeiro a positivar e positiva a vida toda; marca o contato com a sífilis. o NÃO-TREPONÊMICO (VDRL ou RPR): mensura atividade da doença e monitora a infecção (resposta ao tratamento). sífilis em atividade: VDRL > 1/8. TRATAMENTO → O lento crescimento dos treponemas em humanos reflete na natureza prolongada da doença, num período de incubação relativamente longo e na necessidade de uma duração mais ou menos longa do tratamento. → O T. pallidum é inibido com menos de 0,01 μg/mL de penicilina G. o Como os treponemas se dividem lentamente e a penicilina age apenas na divisão celular, é necessário manter os níveis séricos de penicilina por muitos dias. legenda: benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o tratamento adequado das gestantes. → O monitoramento pós-tratamento com teste não treponêmico é recomendado a todos os pacientes para determinar se ocorreu resposta imunológica adequada. → REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER: pode ocorrer durante as 24 horas após a primeira dose de penicilina, em especial nas fases primária ou secundária. o Caracteriza-se por exacerbação das lesões cutâneas, mal-estar geral, febre, cefaleia e artralgia, que regridem espontaneamente após 12 a 24 horas. o Pode ser controlada com o uso de analgésicos simples, conforme a necessidade, sem ser preciso descontinuar o tratamento. o Deve-se alertar os indivíduos quanto à possibilidade de ocorrência dessa reação → distinção aos quadros de alergia à penicilina (são raros com o uso da benzilpenicilina benzatina). → A possibilidade de reação anafilática à administração de benzilpenicilina benzatina é de 0,002%.
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