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Comércio Exterior no Agronegócio

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COMÉRCIO 
EXTERIOR NO 
AGRONEGÓCIO
PROF. CLAUDIO ZANCAN
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
AGRONEGÓCIO
PROF. CLAUDIO ZANCAN
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3
SUMÁRIO
AULA 01
AULA 02
AULA 03
AULA 04
AULA 05
AULA 06
AULA 07
AULA 08
AULA 09
AULA 10
AULA 11
AULA 12
AULA 13
AULA 14
AULA 15
06
23
38
53
70
89
106
123
145
164
183
205
221
236
249
CONCEITOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS 
RELACIONADOS AO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
REGIME DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
ACORDOS REGIONAIS DE COMÉRCIO
SISTEMA BRASILEIRO DE COMÉRCIO EXTERIOR
TERMOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
POLÍTICA BRASILEIRA DE EXPORTAÇÃO
EXPORTAÇÃO
SISCOMEX - SIMULANDO UMA EXPORTAÇÃO
POLÍTICA BRASILEIRA DE IMPORTAÇÃO
IMPORTAÇÃO
SIMULANDO UMA IMPORTAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO DO 
COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS 
AGROPECUÁRIOS E ALIMENTOS
A DINÂMICA DE INSERÇÃO INTERNACIONAL DO 
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
PADRÕES DE COMPETITIVIDADE 
INTERNACIONAL
LOGÍSTICA INTERNACIONAL NO AGRONEGÓCIO
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
AGRONEGÓCIO
PROF. CLAUDIO ZANCAN
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4
INTRODUÇÃO
Toda pessoa, independentemente de onde mora, do nível de renda ou mesmo 
cultural, necessita de alguns bens essenciais à manutenção de sua vida, como abrigo, 
vestimentas e alimentos. Sem a combinação destes três bens essenciais, as condições 
de vida dessa pessoa estarão comprometidas. Cada um desses bens é produzido por 
um setor na economia. O setor econômico da construção civil constrói residências, 
que é a forma contemporânea de abrigo. O setor têxtil e de confecções, elaboram as 
vestimentas, sendo que o setor do agronegócio produz os alimentos.
Por produzir bens considerados essenciais à vida humana, esses três setores estão 
presentes em todos os países do mundo. Contudo, é justamente o setor que produz 
alimentos que assume uma posição de destaque. À medida em que apresenta grande 
diversidade de bens produzidos, uma estrutura de produção complexa/heterogênea 
e, igualmente, por ser uma atividade que ocupa grande quantidade da área territorial 
de todos os países.
Além disso, não podemos deixar de considerar que é grande a importância que 
a comercialização internacional de alimentos assume para o desenvolvimento de 
qualquer economia no cenário global. Por meio desse tipo de comércio, os países 
vendem excedentes produtivos e disponibilizam aos mercados consumidores, bens 
e serviços que ele não produz. Esta relação também é somada a interesses, acordos 
políticos e econômicos, deixando a interação entre países ainda mais complexa.
Entretanto, as práticas decorrentes da globalização dos mercados têm promovido 
profunda modificação nas formas de atuação empresarial e governamental, 
especialmente no tocante aos procedimentos adotados para fazer o comércio 
internacional acontecer no ambiente do Agronegócio. Essa integração econômica e 
comercial tem mostrado importância ao longo do tempo, desenvolvendo economias 
e proporcionando melhoria nas condições de vida da população de diversos países.
Nesta perspectiva, o Brasil vem se tornando um país especialista na produção 
e exportação de bens do agronegócio. Isso decorre, justamente, em virtude da 
abundância dos fatores naturais que nosso país detém. Principalmente, por ser 
considerado um especialista na produção, bem como, no fato de que grande parte 
da produção do agronegócio se destina aos mercados internacionais. Isso desperta 
para a necessidade de que universidades, centros de pesquisa, profissionais e outras 
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
AGRONEGÓCIO
PROF. CLAUDIO ZANCAN
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5
organizações relacionadas ao agronegócio e às transações internacionais tenham 
profundo conhecimento sobre o setor, peculiaridades e dinâmicas.
Para orientar este entendimento, este livro contribuirá para que os leitores 
compreendam os procedimentos, trâmites e fluxos que deverão ser seguidos por 
empresas do Agronegócio que objetivam comprar bens ou serviços de outros países, 
bem como, vender a produção para mercados estrangeiros. Por isso, os temas abordados 
aqui são úteis tanto para a compreensão da dinâmica das relações comerciais na arena 
internacional, quanto para a aplicação no cotidiano profissional.
No decorrer do estudo, você terá oportunidade de compreender os aspectos técnicos 
do comércio exterior, pois sem o conhecimento deles, não é possível atuar na área. 
O objetivo principal aqui é proporcionar conhecimentos gerais, relativos aos padrões 
internacionais do comércio, e quando devem ser utilizados, sem visar o esgotamento 
do assunto, mas sim, instigar e fomentar a pesquisa nesta temática.
Especificamente, são discutidos neste livro os seguintes temas:
• Conceitos Econômicos e Financeiros relacionados ao Comércio Internacional;
• Regime de Comércio Internacional;
• Acordos Regionais de Comércio (ARC);
• Sistema Brasileiro de Comércio Exterior;
• Termos de Comércio Internacional (INCOTERMS);
• Exportação e importação, aspectos regulatórios e operacionais;
• O que significa Comércio Internacional?;
• A dinâmica de inserção internacional do Agronegócio Brasileiro;
• Padrões de competitividade e logísticos do Agronegócio Brasileiro.
Vale ressaltar que a escolha destes temas foi realizada com o objetivo de trazer 
à discussão os aspectos mais relevantes que envolvem o Agronegócio e Comércio 
Internacional. Isso implica reconhecer que nem todas as áreas foram contempladas. 
No entanto, a compreensão dos conceitos, teorias, processos e relações apresentados 
nessa obra o qualifica a aprofundar o entendimento desse assunto tão rico e importante 
para a sociedade.
Por fim, desejo que este texto forneça uma base sólida para compreender as 
transações internacionais relacionadas ao agronegócio. Também espero que este 
arcabouço conceitual possibilite a expansão dos seus horizontes, motivando a busca por 
aperfeiçoamento profissional constante no desenvolvimento do comércio internacional.
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
AGRONEGÓCIO
PROF. CLAUDIO ZANCAN
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6
AULA 1
CONCEITOS ECONÔMICOS E 
FINANCEIROS RELACIONADOS 
AO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Nesta primeira aula, convido você a conhecer os pressupostos fundamentais da 
Economia e da Gestão Financeira Internacional. Estes conceitos básicos proporcionam 
o entendimento teórico necessário da estrutura econômica e financeira que envolvem 
todos os players1 que atuam no mercado internacional. Cenário este, que permeia as 
empresas do agronegócio brasileiro, bem como, envolve aqueles profissionais que 
atuam ou pretendem atuar neste fabuloso tabuleiro que envolve a gestão financeira 
do comércio internacional.
1.1 Gestão Financeira Internacional
O que significa Gestão Financeira Internacional? Se procurarmos no Buscador Google 
encontraremos esta definição como a mais representativa de todas:
“Gestão Financeira Internacional compreende o conjunto de 
processos, métodos e ações que permitem uma empresa 
controlar, analisar e planejar suas atividades financeiras 
internacionais (GOOGLE, 2021).
Neste início, peço que você pense o seguinte: toda empresa do agronegócio busca 
crescer e, de forma direta, ganhar mais dinheiro com o Comércio Internacional. A 
Gestão Financeira Internacional é o caminhoque possibilita isso a elas.
1 Player é uma palavra de origem inglesa e que é traduzida para o português como jogador ou 
tocador. Em negócios internacionais, player pode ser compreendido como uma pessoa física ou jurídica 
que estabelece relações de comércio no contexto internacional. 
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
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Figura 1 – A Gestão Financeira Internacional
Fonte: GSTATIC, (2021) Disponível em: <https://gstatic.com/content/45.jpg> Acesso em: 23 out. 2021.
Para conhecer e dialogar com os principais conceitos que envolvem este tipo de 
gestão financeira, iniciaremos nosso estudo em Comércio Exterior explorando as 
escolas de pensamento que permeiam os principais pensadores e profissionais desta 
área de conhecimento.
É com base nestas escolas que você decidirá qual perspectiva econômica poderá 
ser adotada nas transações financeiras internacionais que são desenvolvidas no 
agronegócio brasileiro. 
Vamos lá?
1.1.1 Escolas de Investimento
Para Mello (2020) são duas as grandes escolas teóricas de investimentos que dão 
todo o suporte teórico para o desenvolvimento da Gestão Financeira Internacional: a 
Escola de Análise Fundamentalista e a Escola de Análise Técnica. 
O quadro a seguir ilustra as características de cada uma destas escolas:
https://files.oglobo.com/wp-content/uploads/232.jpg
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Análise Fundamentalista Análise Técnica
A análise fundamentalista baseia-se no estudo 
dos demonstrativos financeiros e das tendências 
futuras de desempenho econômico da empresa e 
do setor em que atua, para formular opiniões sobre 
o valor da ação da empresa analisada.
A análise técnica (ou análise grafista) examina 
o comportamento do preço das ações por meio de 
índices e gráficos de preços do próprio mercado, 
para captar tendências de alta (e comprar) ou baixa 
(e vender).
Quadro 1 – Características das Escolas Teóricas de Investimento 
Fonte: Adaptado de Mello (2020, 18)
A forma de analisar a perspectiva da gestão financeira a partir destas duas óticas 
teóricas apresentadas demonstram duas maneiras distintas que o gestor financeiro 
se depara ao operar no mercado internacional. A maneira fundamentalista, calcada 
em demonstrativos financeiros consolidados, ou a técnica, que opera, sobretudo, em 
movimentos de compra e venda em mercado de ações.
Importante destacar que a existência das diferentes características relatadas 
não atribui grau de superioridade ou inferioridade a qualquer uma delas. Ambas são 
poderosíssimas neste processo de gestão. Porém, cabe a você escolher a que mais 
se enquadra com o perfil da empresa gerenciada.
Para você que achava que era somente teoria e mais teoria: encara este desafio?
ISTO ESTÁ NA REDE
Sabe aquele momento em que lhe perguntam qual caminho de uma bifurcação 
seguir e você não tem ideia de qual deles é o melhor?
Muita gente já se deparou com essa situação no mundo dos investimentos 
financeiros e a dúvida está em escolher entre a análise técnica e a fundamentalista. 
O inusitado é que, depois de escolher um dos caminhos para seguir, você acaba 
percebendo que a outra opção também levaria ao mesmo lugar, visando sempre 
maiores ganhos para sua empresa. 
Entenda mais sobre quais são as bases de pensamento de cada escola de 
investimentos, suas diferenças e se elas podem se relacionar ou não.
Acesse e descubra muito mais informações em:
https://www.infomoney.com.br/colunistas/convidados/analise-tecnica-ou-
fundamentalista-como-tirar-proveito-das-duas-escolas/
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1.1.2 Ensinamentos Econômicos à Gestão Financeira Internacional
A Economia de Finanças, com foco no estudo do comportamento dos mercados 
financeiros, oferece valiosos ensinamentos para os gestores de finanças internacionais. 
Assim, neste instante vou apresentar os cinco conceitos básicos para o estudo das 
finanças internacionais. A importância do conhecimento destes conceitos, permeiam 
todo o entendimento que faremos neste curso de Comércio Internacional. Os conceitos 
são listados a seguir:
• Trade off entre risco e retorno;
• Arbitragem;
• Eficiência de Mercado;
• Precificação dos ativos de capital.
• Estrutura a termo das taxas de juros.
Como um bom profissional do Agronegócio você precisa conhecer estes conceitos 
de forma detalhada para o pleno desenvolvimento e sucesso nas relações de 
comércio internacional. Os dilemas que o gestor financeiro se depara nas negociações 
internacionais determinam a forma com que ele operará nos mercados externos.
Siga adiante!
1.1.2.1 Trade off entre risco e retorno
O primeiro conceito básico compreende a relação entre os conceitos de risco e 
retorno. Os economistas fazem uma distinção entre esses dois conceitos baseados 
nos dilemas listados a seguir, conforme observamos em Mello (2020, p. 68).
1o DILEMA
Em situações de risco, conhece-se a distribuição de probabilidades do evento 
futuro.
Um exemplo simples para seu entendimento, está na probabilidade que você, 
estudante de Agronegócios, possui em concluir esta disciplina de Comércio Exterior 
com excelente menção ao término do seu estudo. Ou ainda, a probabilidade que 
uma empresa americana possui de receber um calote internacional em uma relação 
comercial estabelecida com o governo do Afeganistão.
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2o DILEMA
Em situações de incerteza, não se conta com uma distribuição de probabilidades. 
Ou seja, se navega no escuro.
Em outro exemplo simples, podemos considerar as chances de que haja uma 
tempestade gigantesca de areia no cerrado brasileiro, especificamente, no Congresso 
Nacional, em Brasília, durante a posse do novo presidente brasileiro nas eleições de 
2022. Ou seja, se a relação comercial estabelecida entre duas empresas possui alta 
incerteza, qualquer coisa pode acontecer!
3o DILEMA
Existem maneiras técnicas para avaliar o risco e, em menor grau, a incerteza.
As pessoas no geral, inclusive você e eu, apresentam grande aversão ao risco. Para 
assumir maiores riscos, todos necessitamos de uma compensação maior. Não seria 
diferente no Comércio Internacional: quanto maior o risco, maior a taxa de retorno 
desejada por qualquer um dos participantes. 
Como exemplo, podemos imaginar o próprio processo do descobrimento do território 
brasileiro por meio dos europeus. Imaginem, naquela época, pessoas embarcavam 
em um frágil barco rumo ao total desconhecido no oceano Atlântico. Porém, a busca 
por uma grande compensação, envolvendo tesouros magníficos, financiaram e 
desenvolveram a navegação em diversas nações europeias neste período. Ou seja, 
os riscos de insucesso eram plenamente aceitáveis quando confrontados com as 
possibilidades de ganho.
Entre os investidores do Agronegócio brasileiro, a diversificação de carteiras de 
investimento é muito usada. Para as empresas, isso ocorre por meio do casamento 
de prazos ou de moedas, ou pela diversificação de clientes ou de fornecedores. Do 
mesmo modo, diversas operações de hedge2 para o câmbio e para as taxas de juros 
são utilizadas.
4o DILEMA
Relação entre risco e retorno.
2 Hedge é um instrumento de proteção que pode ser fundamental para empresas e investidores 
se protegerem contra os riscos provocados pelas oscilações do mercado financeiro. O objetivo, neste 
caso, é garantir um preço de compra ou venda futura, e não lucrar com a operação (ASSAF NETO, 
2008).
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
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Com toda a certeza este é o principal de todos os dilemas apresentados até agora. 
A taxa de retorno é o lucro obtido com o investimento realizado. Existem diferentes 
maneiras de calcular o lucro, principalmente para investimento em ações. O lucro, 
nesse caso, decorre da valorização da ação (que não representa um fluxode caixa), 
acrescida do dividendo pago (esse sim, um fluxo de caixa). O gráfico apresentado a 
seguir mostra o dilema risco-retorno para ações: 
Gráfico 1 – Dilema Risco-Retorno para ações
Fonte: Mello (2020, 69).
No gráfico apresentado, a reta AB mostra o percentual de poupança do investidor 
usado para o investimento em ações. À medida que o investidor compromete um 
percentual maior de seu portfólio com a compra de ações (indo de A para B), o retorno 
médio esperado sofre aumentos, mas o mesmo ocorre com o risco correspondente. 
Uma medida de risco muito utilizada em finanças é o desvio-padrão de uma distribuição 
normal de retornos.
Para informar e relembrar temos que o desvio-padrão é a quantidade média de 
variabilidade em um conjunto de dados qualquer. Ele informa, em média, o quão longe 
cada valor está da média. Um desvio padrão alto significa que os valores geralmente 
estão longe da média, enquanto um desvio padrão baixo indica que os valores estão 
agrupados perto da média (DAL-ZOT; CASTRO, 2015).
COMÉRCIO EXTERIOR NO 
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
No comércio internacional de produtos do agronegócio, muitas pessoas encaram 
o trading3 como novidade, ainda pouco conhecida. Entretanto, esta modalidade 
de negócios já está há vários anos presente no cenário do agronegócio brasileiro, 
não sendo poucos aqueles que transformaram o seu modo de vida em torno 
deste assunto. Há diversas fontes para se aprofundar no estudo sobre trading. 
Uma das principais é por meio do depoimento de especialistas desta área. Ao 
consultar opiniões “reais” de corretores e consultores sobre as principais operadoras 
do mercado, tem-se a possibilidade de ir muito mais além neste jogo financeiro. 
Assim, para ilustrar este conceito, é sugerido o acesso ao portal eletrônico: 
Trading no Brasil. Nesta plataforma digital é possível acessar pontos de vistas de 
profissionais que atuam diretamente neste mercado, e talvez mais importante do 
que isso, aprender técnicas, conhecimentos e valores que configuram a vida destes 
profissionais envolvidos em trading. 
Acesse: Trading no Brasil, no link http://www.tradingnobrasil.com/ e aprenda 
com base na experiência destes profissionais como você pode participar deste 
importante mercado.
1.1.2.2 Arbitragem
O segundo conceito essencial no estudo das finanças internacionais é a arbitragem.
Para Mello (2020, p. 70) a arbitragem é definida como: “a compra de ativos ou 
commodities em um mercado para uma revenda imediata em um outro mercado, a 
fim de se beneficiar de um diferencial de preços”.
Neste contexto, a arbitragem baseia-se na lei do preço único, segundo a qual os 
diferentes mercados que negociam o mesmo produto convergirão para um mesmo 
preço, existindo apenas diferenças equalizadoras (custos de transportes, diferenças 
de tributação e outros elementos de fricção). O pré-requisito é que haja troca de 
informação entre os mercados e a mobilidade de capitais. No mercado de câmbio, a 
arbitragem é fundamental.
Graças à arbitragem, existe uma regularidade na precificação das diferentes taxas 
de câmbio e o funcionamento do mercado cambial ocorre por meio de taxas cruzadas 
de câmbio. O processo de arbitragem pode envolver os seguintes elementos:
3 Trading é uma modalidade de investimento de curtíssimo prazo, que consiste na compra e venda de ações de alta liquidez. O que o 
formato traz é seu alto potencial para rendimentos em um só dia ou mesmo em minutos. As negociações do tipo trading acontecem online, por 
meio de uma plataforma chamada home broker, que realiza toda a operação remota e segura.
http://www.tradingnobrasil.com/
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• Aspectos fiscais;
• Transferência de riscos;
• Regulação governamental.
Um exemplo que ilustra bem o conceito de arbitragem no mercado de câmbio pode 
ser verificado na seguinte situação: 
Um profissional de Comércio Exterior da filial brasileira de uma grande empresa 
americana agroindustrial, decide fazer uma viagem internacional para visitar uma feira 
de exposições de agronegócios na Alemanha. No entanto, ao fazer a solicitação do 
pagamento com os custos da viagem, ele percebe que o prazo para esta solicitação 
estava encerrado. Ou seja, a empresa não aceitava mais os pedidos para o pagamento 
destes custos. Além disso, os custos da viagem seriam pagos em Euros.
Como ele acompanha o mercado internacional e a variação do valor das moedas 
internacionais, decide fazer a viagem pagando as despesas do próprio bolso. Para 
tanto, esse profissional realiza um processo triangular de arbitragem cambial, pois 
em anos anteriores, para investir, ele tinha comprado dólares americanos a um custo 
menor do que o atual, com seu salário pago em reais. 
Ao comprar dólares americanos com reais e depois trocar esses dólares por euros, o 
processo de arbitragem cambial ocorre na prática. Isso acontece com base nas taxas 
cruzadas de câmbio entre o Real e o Euro, pois possibilitam que os valores estejam 
relacionados, mesmo com diferentes valores nominais e tempos.
1.1.2.3 Eficiência de Mercado
O terceiro conceito fundamental para o estudo das finanças internacionais é 
a eficiência de mercado. Um mercado eficiente é aquele cujos preços das ações 
negociadas, prontamente, incorporam novas informações. Mello (2020) identifica a 
existência de uma hipótese subjacente nesse enfoque, identificada como hipótese das 
expectativas racionais. Ou seja, “as expectativas podem ser racionais, no sentido de 
uma avaliação de retornos futuros de um ativo, sob condições pensadas de avaliação 
de riscos” (MELLO, 2020, 69).
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ANOTE ISSO
O pressuposto das expectativas racionais é um conceito econômico formulado 
pela primeira vez por John Muth, em 1961, e que se popularizou após a publicação 
de artigo assinado por Robert Lucas e Leonard Rapping em 1969, sobre salário 
real, emprego e inflação. O cerne desse conceito está baseado na hipótese 
de que os agentes econômicos utilizam toda a informação disponível sobre o 
atual comportamento e as previsões para o futuro da economia. Com base na 
experiência e nessas informações, os agentes antecipam de forma racional as 
atitudes e políticas futuras do governo, reagindo no presente em consonância com 
as expectativas formadas e anulando em algum grau a efetividade dessas políticas. 
A hipótese das expectativas racionais é considerada como o marco teórico da nova 
economia clássica e se tornou popular entre os economistas a partir da década de 
1970, sendo largamente utilizada em modelos e na análise macroeconômica. Ao 
tratar de aspectos de comportamento dos agentes, a hipótese das expectativas 
racionais lida também com o conceito de risco moral, motivando estudos nessa 
área e influenciando a chamada economia comportamental.
Fonte: WIKIPEDIA, 2021. https://pt.wikipedia.org/wiki/Expectativas_racionais 
1.1.2.4 Precificação dos ativos de capital
O quarto conceito essencial ao estudo das finanças internacionais é a precificação 
dos ativos de capital. Esse conceito se refere à maneira pela qual os valores mobiliários 
são avaliados em linha com os riscos e retornos antecipados. O modelo chamado 
Capital Asset Pricing Model (CAPM) é muito utilizado para fins de precificação e para 
guiar decisões financeiras. CAPM é a sigla para Capital Asset Pricing Model, que 
significa em português “Precificação de Ativos Financeiros”.
O CAPM parte do modelo de escolha da carteira desenvolvido por Harry Markowitz 
, em 1959. Neste modelo de Markowitz, um investidor escolhe uma carteira em um 
momento t - 1 que produza um retorno estocástico em t. O modelo admite que os 
investidores sejam avessos ao risco e que, ao escolherem entre carteiras, preocupem-se 
apenas com a média e a variação do retorno de seu investimento de um período. Ou 
seja, este modelo constitui umaforma de analisar e investigar as relações existentes 
entre o risco e o retorno esperado de um investimento (ASSAF NETO, 2008).
De acordo com o Modelo CAPM, é possível explicarmos o prêmio de risco – taxa 
esperada de retorno menos a taxa livre de risco – para cada ativo financeiro. Ou seja, 
o modelo CAPM é usado para montar carteiras de investimentos e para selecionar 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_economia_cl%C3%A1ssica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_economia_cl%C3%A1ssica
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1970
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1970
https://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Risco_moral
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expectativas_racionais
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as ações que compõem o portfólio de investimentos. A interpretação do CAPM deve 
ser realizada através da avaliação do retorno que um ativo pode oferecer em relação 
ao seu risco intrínseco – isto é, o risco não-diversificável, que não depende, portanto, 
da atuação ou escolha do investidor. Um exemplo de cálculo do CAPM é verificado 
a seguir:
Calcule o retorno exigido para um investimento (Ri), sabendo que os títulos públicos 
pagam 9%, o mercado remunera a 10% e o beta CAPM é 1,5.
Cálculo: Ri = 9% + 1,5 (10% - 9%) = 10,5%.
Como é possível observar nesta equação acima, o beta tem influência sobre a 
diferença entre o retorno de mercado esperado e o retorno livre de risco, que é o 
prêmio pelo risco assumido. De outra forma: o prêmio é de 1% e o beta de 1,5 incidiu 
sobre esse prêmio, produzindo resultado de 1,5%, que, somado aos 9% do retorno 
livre de risco, chega aos 10,5%, conforme calculado pela fórmula (Fonte: adaptado 
de ASSAF NETO, 2008).
1.1.2.5 Estrutura a termo das taxas de juros
O quinto e último conceito trata da distribuição da dívida, ao longo dos anos, e de 
como se estabelecem juros de curto, médio e longo prazos. Os mercados financeiros 
utilizam, com frequência, estratégias com base no comportamento temporal das taxas 
de juros. Uma das operações mais utilizadas por tesourarias de bancos baseia-se, 
inclusive, na arbitragem entre diferentes curvas de yield4.
Uma maneira de representarmos a estrutura a termo das taxas de juros é pelas 
yield curves. A curva ilustra a dependência do retorno em relação ao prazo de seu 
vencimento. O gráfico a seguir mostra uma típica yield curve:
4 Yield curve é uma linha que traça os rendimentos, em termos de taxa de juros, de títulos com qualidade de crédito igual, mas com datas 
de vencimento diferentes. Essa expressão também pode ser denominada como curva a termo, curva de rendimentos ou, ainda, curva de juros 
(Fonte: ASSAF NETO, 2008).
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Gráfico 2 – Exemplo de yield curve
Fonte: Mello (2020, 73).
No gráfico, o eixo horizontal mostra o número de anos até o vencimento (n). No 
eixo vertical, apresenta-se a taxa de retorno esperada (y ou yield). Cada ponto da curva 
mostra o yield em relação aos anos, até o vencimento. Para construirmos a curva, em 
geral, comparamos as debêntures com diferentes prazos de vencimento (maturidade) 
e calculamos as taxas implícitas de retorno anual. 
1.2 Principais Funções da Gestão Financeira Internacional
Em linhas gerais, as funções da gestão financeira internacional referem-se ao 
planejamento estratégico e controle de todos os recursos financeiros envolvidos em 
uma operação de comércio internacional, ou seja: investimentos, despesas, avaliações 
de risco, pagamentos, patrimônio, fretes, seguros, entre outros (ASSAF NETO, 2008).
1.2.1 Gestão do Risco
Em nossos dias, a gestão do risco compreende um novo conceito e área de estudo, 
sendo que os profissionais atuantes no agronegócio brasileiro que se dedicam a essa 
qualificação estão entre aqueles que são muito disputados pelas empresas. Isso ocorre 
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porque a gestão do risco mostra, com clareza, aos administradores os riscos e retornos 
de qualquer decisão estratégica no nível tanto institucional quanto transacional.
Em uma melhor definição, a gestão de risco é “o conjunto de atividades coordenadas 
que têm o objetivo de gerenciar e controlar uma organização em relação a potenciais 
ameaças, seja qual for a sua manifestação”. Isso implica o planejamento e uso dos 
recursos humanos e materiais para minimizar os riscos ou, então, tratá-los (Fonte: 
ASSAF NETO, 2008).
No comércio exterior que envolve o contexto do agronegócio, a gestão de risco é o 
processo de identificar e administrar os riscos existentes em uma operação comercial. 
Essa é uma das tarefas mais importantes de qualquer gestor ou profissional de comércio 
exterior que atue na gestão financeira de uma fazenda ou agroindústria. 
Vale mencionar que no agronegócio há fatores de risco de diversas fontes, tanto do 
próprio sistema quanto relacionadas a fatores agronômicos, climáticos, de mercado e 
de estratégia organizacional. Qualquer evento incerto que possa impactar um negócio 
e ao qual é associada uma probabilidade de ocorrência, é considerado um fator de 
risco. Entende-se, portanto, o risco como incerteza.
Existem várias técnicas de gestão de risco, que se apoiam em diversos instrumentos 
do mercado, tal como operações de hedge em mercados futuros e de opções. As 
empresas agroindustriais que operam no mercado internacional, em adição ao padrão 
das normas de gestão de risco de empresas que operam em um mercado doméstico, 
têm de lidar com o risco. Entre os principais riscos observados, tem-se:
• Riscos do ambiente econômico;
• Riscos do ambiente político-legal;
• Riscos do ambiente cultural;
• Grande dívida externa;
• Governos instáveis;
• Tarifas ou outras barreiras comerciais;
• Corrupção;
• Entre outros.
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1.2.2 Risco Cambial e Sistemas de Flutuação
Basicamente, o risco cambial que determina o valor de uma moeda pode ser dividido 
em dois sistemas: sistema de flutuação livre e sistema de flutuação administrada ou 
também conhecido como “dirty floating”.
No sistema de flutuação livre, os governos e os bancos centrais não têm participação 
no controle do câmbio. Eles atuam na regulação do mercado para a minimização de 
fraudes, porém, não interferem na livre flutuação do valor das moedas. Ou seja, no 
sistema de câmbio flutuante, as operações de compra e venda de moedas funcionam 
sem controle por parte do governo. Dessa forma, o valor das moedas estrangeiras 
varia de acordo com a lei da oferta e demanda presente no mercado, flutuando para 
cima e para baixo.
Para Mello (2020), a vantagem desse sistema cambial é que ele se autorregula. 
Em outras palavras: as próprias forças de mercado se encarregam dessa tarefa de 
regulação, inibindo, via variação na taxa de câmbio, grandes deslocamentos de oferta 
ou demanda. Além disso, a taxa de câmbio é apenas um preço. Desse modo, as forças 
específicas de oferta e demanda de seu próprio mercado é que devem atuar, e não o 
conjunto da economia. Isso aumenta a eficiência de mercado na visão econômica e 
dos adeptos deste sistema. 
A grande desvantagem em se optar por uma taxa de câmbio flutuante é a 
imprevisibilidade que esse sistema proporciona para os atores do mercado. É sempre 
importante considerar que no comércio internacional, as taxas de câmbio flutuantes 
aumentam o risco das transações no mercado e, portanto, aumentam o custo de 
efetuar negócios com outros países.
Para Mello (2020), dois alertas precisam ser feitos: o primeiro é que o fato de o 
câmbio ser flutuante não significa que ele tenha de ser volátil todo o tempo, pois o 
sistema pode ser muito estável e previsível. O segundo é que a comunidade financeira 
internacional já desenvolveu mecanismos para administrar esse risco, entre eles, os 
derivativos de câmbio5.
5 Derivativosde câmbio são aplicações financeiras que derivam de outros valores e por isso têm esse nome. No mercado de câmbio, 
por exemplo, os derivativos são aplicações que derivam do valor do dólar. Há vários tipos de operações, mas três são mais conhecidas: mercado 
a termo, mercado futuro e mercado de opções (Fonte: ASSAF NETO, 2008).
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ISTO ESTÁ NA REDE
O câmbio flutuante é o padrão do mundo moderno e um dos pilares da política 
econômica brasileira. Nesse regime cambial, as cotações das moedas flutuam 
livremente conforme a oferta e demanda do mercado. Mas, isso não significa uma 
ausência total de interferência do governo, pois a maioria dos países (incluindo 
o Brasil) intervém em alguma medida para controlar oscilações bruscas da taxa 
de câmbio. Por isso, é importante que você entenda exatamente o que é, como 
funciona e quais são as vantagens do câmbio flutuante no Brasil e no mundo. 
Continue lendo e fortaleça seu repertório econômico.
Acesse:
https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/cambio-flutuante/
De outra forma, no sistema de flutuação administrada ou dirty floating, o câmbio 
flutua, porém, o governo ou Banco Central do país intervém comprando e vendendo 
moedas, de modo a influenciar a formação da taxa de câmbio. Essa intervenção tem por 
objetivo prevenir excessivas variações na taxa de câmbio, dando maior previsibilidade 
ao câmbio. 
No entanto, essa intervenção tem um problema: seu alvo são as taxas de câmbio que, 
naturalmente, não existiriam se as forças de demanda e oferta funcionassem livremente, 
de acordo com os fundamentos do mercado. Por isso, em determinadas situações, o 
sistema pode viabilizar taxas artificiais e distorcidas. Percebe-se, desta forma, que um 
dos motivos do uso do sistema de flutuação administrada é a possibilidade gerada pelo 
controle da depreciação da moeda do país, e assim, viabilizar condições superiores 
para as exportações.
Pois bem, em países com inflação elevada, pode ocorrer o efeito contrário, ou seja, o 
Banco Central administra o sistema de câmbio para valorizar a moeda nacional e, assim, 
diminuir os preços dos produtos importados. Assim, temos que o objetivo da flutuação 
administrada é o de suavizar a volatilidade no mercado de câmbio. Isso ocorre, porque 
uma grande flutuação no preço da moeda estrangeira pode gerar imensos prejuízos 
para a economia de qualquer país, entre eles: inflação, incerteza para administração 
dos negócios, fuga de capitais de investidores estrangeiros, entre outras coisas.
No Brasil, o sistema de câmbio flutuante foi adotado em 1999, durante a execução 
do Plano Real. Antes de aderir a esse regime, o país praticava o câmbio fixo, onde o 
valor do câmbio era fixado internamente. Com a mudança, o Brasil passou a operar 
no chamado câmbio flutuante sujo, no qual o Banco Central realizava intervenções 
https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/cambio-flutuante/
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eventuais para conter movimentos desordenados do mercado. Isso significa que, 
quando há alterações bruscas no valor de uma moeda, o Banco Central brasileiro 
entra em ação comprando ou vendendo reservas para manter o câmbio em um nível 
aceitável.
Exemplo desta situação é o atual valor do dólar que, em plenos anos de 2021, atinge 
sua cotação mais alta desde o Plano Real. Vale lembrar que quando o Plano Real foi 
lançado, em junho de 1994, o dólar era cotado a R$ 1. No momento que este texto 
está sendo escrito, este valor se aproxima de R$ 5,80. Que diferença!!!
Aprenda muito mais sobre o câmbio brasileiro, acessando este link:
https://www.bcb.gov.br/estatisticas/estatisticascambio
Figura 2 – O equilíbrio dos regimes cambiais
DREAMSTIME. Banco de imagens, 2021. Disponível em: <https://dreamstime.net/255.jpg> Acesso em: 23 out. 2021.
1.2.3 Gestão de Risco de Empresas atuantes no Comércio Exterior
Para Mello (2020), existem quatro mecanismos principais para administrar a gestão 
de risco para as empresas que operam no comércio exterior. Estes mecanismos são 
chamados de hedge e suas principais características são apresentadas no quadro a 
seguir.
https://files.oglobo.com/wp-content/uploads/232.jpg
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Descrição Características/exemplos
Internos: uma empresa que vende seu(s) 
produto(s) em diversos mercados pode 
selecionar moedas para fazer casamentos na 
mesma moeda entre custos e receitas.
A empresa BMW fabrica carros no Brasil, vende-os em 
dólares nos Estados Unidos e usa esses dólares para 
comprar auto partes no mercado norte-americano e 
enviá-las para o Brasil.
Contratos a termo: uma empresa compra 
moeda estrangeira no mercado a termo e fixa 
sua taxa de câmbio
É um mecanismo muito usado para cobrir o risco de 
exposição da transação, que compreende os fatores 
de incerteza do negócio que podem afetar o retorno 
de um negócio ou transação.
Contratos de futuros e de opções: esses 
contratos existem para poucas moedas, mas 
incluem o Brasil.
O mercado de futuros cria obrigações, enquanto o 
mercado de opções se baseia em direitos (e não 
obrigações) e dá maior flexibilidade para a decisão. 
É um mercado que exige maior atenção dos hedgers6.
swaps de moedas: as empresas fazem acordos 
umas com as outras, para trocar fluxos futuros 
de pagamento em moedas diferentes e fixam 
datas para a compensação e liquidação.
Pode ser feito em Bolsa ou mercado de balcão, ou 
ainda via operações diretas entre empresas.
Quadro 2 – Tipos de Hedge 
Fonte: Adaptado de Mello (2020)
Como estratégia de negócios, muitas empresas optam por operar em uma faixa de 
taxa de câmbio que ela acha mais provável de acontecer. No entanto, podem ocorrer 
surpresas.
ISTO ESTÁ NA REDE
As empresas exportadoras no estado de Pernambuco tem boa percepção sobre 
as oportunidades e riscos do comércio exterior. No entanto, a existência de fatores 
nacionais, conjunturais e regionais, inibem o melhor desempenho delas. Veja como 
essas empresas fazem a gestão de riscos internacionais, acessando:
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/4494/1/arquivo6111_1.pdf
1.2.4 Estabilidade da Taxa de Câmbio
Como o último grande ponto de preocupação para as empresas decididas em operar 
o mercado internacional, com toda a certeza, compreende a estabilidade da taxa de 
câmbio. O regime de livre flutuação, adotado no Brasil, como o nome indica, depende 
6 Hedger é a denominação do agente econômico que busca dar proteção no mercado de derivativos, ou seja, visa fixar antecipadamente 
o preço de uma mercadoria ou ativo financeiro de forma a neutralizar o impacto de mudanças no nível de preços.
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de forças de oferta e de demanda, que estão sempre se alterando. Portanto, não há 
surpresa alguma quanto à oscilação. O problema aparece quando essa oscilação é 
muito forte e muito rápida. Este movimento é chamado de overshooting.
Para Fortuna (2020, p. 341):
Overshooting significa uma reação exagerada, irracional, dos 
mercados de levar preços de um ativo a valores extremos e fora das 
expectativas mais otimistas. Overshootings ocorrem em momentos 
onde a carga emocional dos participantes do mercado é alta, o que 
ajuda a acentuar o movimento.
Da mesma forma, Mello (2020) argumenta que um mercado cambial pode se dividir 
em duas categorias: instável e estável. O mercado cambial instável acontece quando 
um distúrbio em uma taxa de câmbio de equilíbrio empurra a taxa de câmbio cada 
vez mais longe do equilíbrio. 
Por sua vez, o mercado cambial estável acontece quando um distúrbio em uma taxa 
de câmbio de equilíbrio conduz ao surgimento de forças automáticas que empurram 
a taxa de câmbio de volta para o nível de equilíbrio. Para esse mesmo autor, essas 
condições de equilíbrio estão relacionadasà inclinação das respectivas curvas de 
oferta e demanda por câmbio.
Inclusive, no caso brasileiro, com um regime de câmbio flutuante, o próprio mercado 
determina o novo nível de equilíbrio da taxa de câmbio. O problema é que esse processo 
de equilíbrio automático pode durar muito tempo, criando efeitos negativos sobre a 
macroeconomia, tais como incertezas, expectativas pessimistas, adiamento de decisões 
sobre entradas e saídas de capitais e fluxos comerciais no mercado externo, entre outros. 
A partir deste contexto, você consegue perceber alguma coincidência com decisões 
econômicas que o Brasil adota e você assiste diariamente nos noticiários?
Pois bem, neste capítulo abordamos os principais conceitos econômicos e financeiros 
relacionados ao Comércio Internacional, abordando aspectos teóricos e práticos, 
aplicados ao comércio internacional. A importância da compreensão dos conceitos 
financeiros está relacionada com visões de se perceber como o mercado internacional 
se comporta no atual contexto global, ou seja, o funcionamento das regras do jogo! No 
próximo capítulo, examinaremos os principais regimes internacionais que permitem 
a você entender ainda mais sobre a lógica formal e estrutural de atuação no cenário 
internacional de negócios.
Até lá!
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AULA 2
REGIME DE COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
No primeiro capítulo, você conheceu os pressupostos fundamentais da Economia e 
da Gestão Financeira Internacional. Agora, você conhecerá a dinâmica de funcionamento 
do comércio internacional, especificamente, sobre o regime internacional de comércio. 
Você será orientado em dois momentos: no primeiro momento, tem-se o conceito básico 
que define o regime internacional de comércio. Em seguida, de forma retrospectiva 
e histórica, você verá como a estrutura do comércio internacional se organizou com 
o passar dos anos e, principalmente, como ela está estruturada hoje, em termos de 
instituições e regras.
2.1 Regimes Internacionais
O que entendemos por regimes internacionais? Entre vários pesquisadores do 
comércio internacional que estudam os regimes internacionais, Krasner (1983, p.1) 
afirma que:
Regimes internacionais são definidos como princípios, normas, 
regras e processos de tomada de decisão em torno dos quais as 
expectativas de atores convergem para uma determinada área de 
interesse.
Para esse mesmo autor, com finalidade de alcançar benefícios coletivos, os 
participantes operam as relações de comércio internacional equilibrando, de um lado, 
fatores básicos, entre eles: poder, interesse e valores. Do outro lado, comportamentos e 
expectativas, com a relação comercial. Ou seja, a relação comercial é automaticamente 
regulada para atender estas premissas básicas.
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Figura 1 – Os Regimes Financeiros Internacionais
Fonte: DREAMS TIME (2021) Disponível em: <https://fdreamstime.com/content/154.jpg> Acesso em: 23 out. 2021.
Por isso, quando se fala sobre os princípios e normas que regem o comércio 
internacional, é preciso voltarmos ao Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT) e, 
a partir de 1995, à Organização Mundial do Comércio (OMC). Pois, foi e é por meio 
dessas instituições, que o regime internacional de comércio se constituiu ao longo 
de décadas, com: reuniões, rodadas de negociações, acordos entre signatários, entre 
outros assuntos que moldaram a estrutura regimental que vivenciamos em nossos 
dias. Assim, este segundo capítulo foi construído para apresentar como ocorreu a 
evolução das instituições que regulamentam o Comércio Internacional. Topa o desafio?
2.1.1 Bretton Woods e o Regime de Comércio Internacional
Para entendermos o cenário global deste período inicial de nosso estudo, que 
permeia e define os atuais procedimentos utilizados no Comércio Exterior, é importante 
saber que, tanto a Primeira, quanto a Segunda Grande Guerra Mundial, culminaram na 
implantação de uma nova ordem liberal e multilateral no mundo. Essa ordem, liderada, 
principalmente, pelos Estados Unidos. Com o final das guerras, houve a necessidade 
de se estabelecer bases de um sistema econômico e comercial de abrangência global, 
configurado e impulsionado por meio das vontades e anseios de países declarados 
como vencedores deste conflito.
Assim, em 1944, foi realizada nos Estados Unidos a Conferência de Bretton Woods, 
que culminou na criação de importantes instituições econômicas internacionais, como 
o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução e 
Desenvolvimento (BIRD) e o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT). Especificamente, 
o GATT foi formado por 23 países, representando um marco para o regime internacional 
de comércio. Até hoje, a OMC se baseia nas decisões, procedimentos, práticas e 
instituições estabelecidas neste início. O Brasil está entre os países participantes que 
firmaram o GATT (FABRINI; PRATES, 2019).
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Figura 2 – Registro histórico do Acordo de Bretton Woods
Fonte: OGLOBO (2021) Disponível em: <https://files.oglobo.com/content/232.jpg> Acesso em: 23 out. 2021.
Assim, como é impossível estudar e entender os regimes internacionais de comércio 
sem citar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e como esta se liga historicamente 
ao GATT, é essencial que se inicie o entendimento destas relações a partir de uma 
perspectiva histórica. Preparado para aprender mais?
ISTO ESTÁ NA REDE
Acordo de Bretton Woods ou ainda “Acordos de Bretton Woods” é o nome com que 
ficou conhecida uma série de disposições acertadas por meio de países aliados 
em julho de 1944, na mesma cidade norte-americana que deu nome ao acordo, no 
estado de New Hampshire, no hotel Mount Washington. O objetivo de tal encontro de 
nações era definir os novos parâmetros que iriam gerir a economia mundial após a 
Segunda Guerra Mundial.
Quer saber mais? 
Descubra em:
https://www.infoescola.com/historia/acordo-de-bretton-woods/
2.1.1.1 Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT)
O GATT foi fundado por meio da assinatura de 23 países. Esse número sempre 
aumentou, alcançando 123 países na Rodada do Uruguai, em 1989. É válido afirmar 
que o GATT levou à criação da OMC. Por meio de um conjunto de normas, negociadas, 
acordadas e ratificadas pelos países-membros, a atuação do GATT sempre foi no 
sentido de redução das barreiras comerciais e buscar a liberalização do comércio 
internacional.
Os 23 países que fundaram o GATT foram: África do Sul, Austrália, Birmânia, Bélgica, 
Brasil, Canadá, Ceilão, Chile, China, Cuba, Checoslováquia, Estados Unidos, França, 
https://files.oglobo.com/wp-content/uploads/232.jpg
https://www.infoescola.com/historia/acordo-de-bretton-woods/
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Países Baixos, Índia, Líbano, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Reino 
Unido, Rodésia do Sul e Síria (OMC, 2021).
Uma das predisposições do sistema Bretton Woods, regido pelo GATT, era a obrigação 
de que os países signatários1 adotassem uma política monetária que mantivesse a 
taxa de câmbio indexada ao dólar, que por sua vez, baseava-se no valor do ouro, numa 
base fixa de 35 dólares por onça (FABRINI; PRATES, 2019). 
Desde a sua criação, o GATT passou por momentos políticos, econômicos e 
institucionais que favoreceram mais o liberalismo comercial, nos anos de 1960. Em 
outros períodos, de maior protecionismo por parte dos países, como nos anos de 1970, 
especialmente, em virtude das ascensões do Japão e da União Europeia no cenário 
internacional. Finalizado com a suspensão do sistema Bretton Woods, em 1971, pelo 
então presidente norte-americano Richard Nixon.
ANOTE ISSO
Um dos pilares de Bretton Woods, a conversibilidade dólar-ouro foi posta abaixo 
pelo presidentenorte americano Richard Nixon, em 1971, diante da grande 
demanda mundial por ouro. Na medida que o capitalismo se desenvolvia, a moeda 
dos Estados Unidos tornou-se o dinheiro hegemônico nas reservas mundiais e a 
referência de todo o sistema financeiro mundial. 
Apesar da instabilidade comercial mundial que vigorou durante a década de 1970, 
foi nos anos de 1980 que o GATT apresentou os primeiros sinais de insolvência. 
Principalmente, orientado por ondas de recessão econômica dos países, fortalecimento 
do processo de regionalização comercial, aumento de práticas protecionistas, ascensão 
das relações bilaterais e práticas discriminatórias (FABRINI; PRATES, 2019). 
Foi neste cenário de desequilíbrio que ocorreu, entre os anos de 1986 e 1994, 
a Rodada do Uruguai, regida ainda pelo GATT. Após aproximadamente sete anos 
de intensa negociação, embates, exigências e concessões, inaugurou-se uma nova 
ordem econômica internacional, comandada pela recém-criada Organização Mundial 
do Comércio, ou simplesmente, OMC.
Os países em desenvolvimento, em particular o Brasil, participaram de forma ativa 
nessas negociações, mais do que em qualquer uma das outras realizadas sob o 
1 País signatário significa que o país subscreveu a algum tipo de manifesto, contrato, acordo, carta ou outro documento, com o qual 
concorda com o conteúdo apresentado (FONTE: VAZQUEZ, 2015).
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sistema do GATT. Para Rego (1997), a Rodada do Uruguai trouxe à discussão temas 
contemporâneos como: política ambiental, condições e normas de trabalho, políticas 
de investimentos, políticas de concorrência, imigração, questões monetárias, comércio 
e desenvolvimento. Como resultado, foram estabelecidos novos acordos e medidas 
com vistas ao fortalecimento das relações multilaterais, tais como: um novo Acordo 
Geral de Tarifas e Comércio (GATT 94), Acordo Geral sobre Comércio de Serviços 
(GATS), Acordo sobre Investimentos (TRIMS), Acordo sobre Direito de Propriedade 
Intelectual (TRIPS), acordos para solução de controvérsias, medidas antidumping, de 
salvaguarda, compensatórias, entre outras.
Figura 3 – Rodada do Uruguai do GATT
Fonte: DIRCOM (2021) Disponível em: <https://dircom.org.br/content/232.jpg> Acesso em: 23 out. 2021.
A Rodada do Uruguai se encerrou em 15 de abril de 1994, com a assinatura do 
Tratado de Marrakesh, por 123 países. Com isso, a partir de 1995, a gestão do sistema 
multilateral do comércio passou a ser responsabilidade da OMC, objetivando a busca 
pelo livre comércio e a igualdade entre as nações. Para Iramina (2009, p. 18):
A OMC, diferentemente do GATT, constituiu-se, assim, em uma 
organização permanente, com personalidade, Regime internacional 
de comércio, jurídica própria, com o mesmo status jurídico e 
internacional das duas instituições do Bretton Woods, ou seja, o FMI 
e o Banco Mundial. 
Porém, em 1999, a primeira rodada de negociação liderada pela OMC foi impedida 
por uma série de manifestações contrárias à globalização e à própria OMC, que 
ficou conhecida como Batalha de Seattle. Este acontecimento trouxe à tona duas 
questões: a transparência da organização junto à sociedade civil e o equilíbrio entre 
os interesses dos países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento (FABRINI; 
PRATES, 2019).
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
No filme americano, intitulado: Battle in Seattle, com direção e roteiro de Stuart 
Townsend, lançado em 1999, dezenas de milhares de pessoas vão às ruas de 
Seattle, em protesto contra a Organização Mundial de Comércio. De início o 
protesto era pacífico, pedindo o fim das conferências da OMC, mas logo se tornou 
um motim. O resultado foi a classificação de estado de sítio, que fez com que o 
Departamento de Polícia e a Guarda Nacional adotassem uma postura de combate 
aos manifestantes. O drama e a ação são características marcantes deste filme. Por 
isso, vale a sugestão!
2.1.1.2 Objetivo, Valores e Estrutura institucional do GATT
Conforme visto até agora, o principal objetivo do GATT foi a diminuição de barreiras 
comerciais e a garantia de que países-membros tivessem acesso mais justo aos mercados 
internacionais. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, que estão entre os principais 
idealizadores do GATT, acreditavam que uma série de normas e regras padronizariam 
as relações comerciais e minimizariam as chances de um movimento protecionista, 
como aquele dos anos de 1930. Além disso, essa cooperação comercial aumentaria a 
interdependência entre os países e contribuiria para a redução da probabilidade de novas 
guerras mundiais (REGO, 1997). Assim, três valores pautaram sua criação:
1. Restrição e/ou eliminação de práticas intervencionistas governamentais;
2. Multilateralização das relações políticas e comerciais dos Estados, e;
3. Liberalização do comércio mundial.
Conforme se percebe com base em registros históricos (OMC, 2021), o organograma 
do GATT foi inicialmente composto pelo Diretor-Geral, por meio de Assembleias das partes 
contratantes, Conselho de Representantes e Comitês. A Assembleia dos Países Signatários 
se reunia anualmente e se constituía como o órgão máximo do GATT. Na maioria dos 
casos, as decisões eram tomadas por consenso. Porém, quando havia a necessidade de 
votação, cada membro tinha o direito a um voto e as decisões eram obtidas por meio da 
maioria simples de votos.
Porém, conforme destacam Fabrini e Prates (2019), havia exceções: quando um 
dos países-membros solicitava que alguma regra ou norma do GATT fosse ignorada, 
especificamente, por aquela nação, a aprovação exigia dois terços dos votos. Além disso, 
para modificar cláusulas do princípio da nação mais favorecida, era exigida a unanimidade 
dos votos. 
Entre as assembleias, havia reuniões do Conselho dos Representantes. Este conselho 
era formado por representantes dos países-membros e eram autorizados a exercer ações 
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rotineiras e algumas situações que exigiam urgência. Os comitês eram compostos por 
pessoas técnicas e subdivididos por setores, e encarregados do planejamento e ações 
específicas de interesse dos países signatários. Finalmente, a Diretoria Geral, com sede 
em Genebra (ilustrada a seguir), composta de diretor e secretários, responsáveis pelo 
desenvolvimento do comércio internacional, pelas estatísticas, sendo local para referência 
dos membros. 
Figura 4 – Sede do GATT em Genebra, Suíça
Fonte: OMC (2021) Disponível em: <https://wto.org/image42.jpg> Acesso em: 23 out. 2021.
2.1.1.3 Rodadas de Negociações do GATT
Ao todo, durante o período de 1947 a 1993, foram realizadas oito rodadas de 
negociações entre os países participantes do GATT. O quadro a seguir resume essas 
rodadas de negociações. Vamos conhecer as principais informações de cada uma 
delas?
ANO LOCAL ASSUNTO COBERTO PAÍSES
1947 Genebra Tarifas 23
1949 Annecy Tarifas 13
1951 Torquay Tarifas 38
1956 Genebra Tarifas 26
1960-1961 Genebra – Rodada Dillon Tarifas 26
1964-1967 Genebra - Rodada Kennedy Tarifas e Medidas Antidumping2 62
1973-1979 Genebra – Rodada Tóquio
Tarifas, Barreiras não tarifárias3 e acordos 
jurídicos
102
1986-1994 Genebra – Rodada Uruguai
Tarifas, Barreiras não tarifárias, normas, 
serviços, propriedade intelectual, têxteis, 
agricultura, criação da OMC, entre outros
123
Quadro 1 – Informações sobre as Negociações do GATT
Fonte: Adaptado de OMC (2021).
2 
Antidumping são medidas que combatem a prática da exportação de mercadorias a um preço abaixo do valor de mercado (Fonte: VAZQUEZ, 2015). 
3 
 Barreiras não tarifárias são quaisquer mecanismos e instrumentos de política econômica que influenciam o comércio internacional sem o usode mecanismos 
tarifários. As quotas para importação são exemplos de barreiras não tarifárias (Fonte: REGO, 1997).
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Nota-se, a partir deste quadro, que entre os anos de 1947 e 1961, o assunto abordado 
nas rodadas de negociação foi, principalmente, as tarifas. Assim, era esperado que 
ações neste sentido conduzissem a uma redução significativa nas tarifas de comércio 
internacional entre os países-membros e, consequentemente, à consolidação da 
liberalização comercial. Ênfase observada nos anos posteriores!
ISTO ESTÁ NA REDE
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou estudo mostrando que o 
Brasil enfrenta uma tarifa média de importação mais elevada do que as sobretaxas 
que incidem sobre bens exportados por países com características geográficas 
ou econômicas semelhantes. Segundo o estudo intitulado: Barreiras tarifárias 
enfrentadas pelas exportações brasileiras: uma comparação internacional, o Brasil 
está sujeito a uma tarifa média de importação de 4,6%, enquanto na média dos 
outros 17 países analisados neste estudo, essa taxa é de 2,3%.
Acesse este link e descubra muito mais:
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/07/tarifa-de-importacao-enfrentada-
pelo-brasil-e-o-dobro-da-media-de-outros-paises-diz-cni.shtml
Os anos de 1960, representaram uma significativa ascensão dos países em 
desenvolvimento no comércio internacional, e este movimento trouxe à tona o assunto à 
Rodada Kennedy. Em homenagem ao presidente John F. Kennedy, dos Estados Unidos, 
esta rodada teve como objetivo aumentar as exportações dos Estados Unidos para os 
países da Comunidade Econômica Europeia. Além disso, os países em desenvolvimento 
passaram a exigir mais representatividade e poder junto ao GATT. Foi na Rodada 
Kennedy que, pela primeira vez, a União Europeia participou das negociações como 
um bloco, bem como, outros assuntos passaram a compor a agenda de negociações, 
tais como: barreiras não tarifárias, problemas relacionados ao comércio de produtos 
agrícolas, acordos antidumping e disposições a favor dos países em desenvolvimento 
(FABRINI; PRATES, 2019).
Posteriormente, os anos de 1970 se apresentaram como um marco para o comércio 
internacional e para a, até então, hegemonia norte-americana. Assim, a Rodada Tóquio 
iniciou, em 1973, em um cenário de ascensão econômica do Japão e da União Europeia. 
As negociações que ocorreram durante a Rodada de Tóquio foram as primeiras no 
sentido de discutir as chamadas barreiras não tarifárias.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/07/tarifa-de-importacao-enfrentada-pelo-brasil-e-o-dobro-da-media-de-outros-paises-diz-cni.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/07/tarifa-de-importacao-enfrentada-pelo-brasil-e-o-dobro-da-media-de-outros-paises-diz-cni.shtml
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Assim, um dos grandes avanços para o regime internacional de comércio, oriundo 
desta rodada de negociação, foi a criação dos chamados códigos. Os códigos eram 
tratados que regulavam os procedimentos das barreiras não tarifárias. Além disso, 
houve a incorporação de um tratamento diferenciado e mais favorável para os países 
em desenvolvimento. Por outro lado, a Rodada Tóquio fracassou por não obter regras 
e normas claras para o comércio dos produtos agrícolas.
ANOTE ISSO
Acordos sobre barreiras técnicas ao comércio exterior: os regulamentos técnicos 
sobre os produtos variam de país para país e se forem elaborados de maneira 
arbitrária podem ser utilizados como medidas protecionistas. Portanto, o Acordo 
sobre Barreiras Técnicas ao Comércio procura garantir que as normas e os 
regulamentos técnicos não criem obstáculos ao comércio. Este acordo reconhece o 
direito de cada país em adotar normas que considerem adequadas para a proteção 
da saúde e da vida das pessoas, dos animais ou a preservação dos vegetais, do 
meio ambiente ou ainda dos interesses dos consumidores (FONTE: OMC, 2021).
Após alguns anos de negociações e expectativas, em 1986, foi fixada a pauta para 
uma nova rodada do GATT. Neste novo encontro seriam abordados os seguintes 
assuntos: agricultura, têxteis e subsídios (temas pendentes de outras rodadas) e o 
comércio de serviços, propriedade intelectual e investimentos (novos temas) (FABRINI; 
PRATES, 2019).
Como resultado, foi na Rodada Uruguai que a OMC foi criada. Essa rodada representou 
um marco para o regime internacional de comércio e, consequentemente, para o 
multilateralismo econômico. Pois, este evento culminou na substituição do GATT pela 
OMC. A criação da OMC, em 1o de janeiro de 1995, é considerada como a maior reforma 
do comércio internacional, desde o fim da Segunda Guerra Mundial (OMC, 2021). 
Assim, passaremos a última parte deste relato histórico, que trata sobre a criação 
da OMC e características associadas ao Comércio Internacional atual. Vamos lá?
2.1.2 A Organização Mundial do Comércio (OMC)
A Organização Mundial do Comércio (OMC) é um fórum econômico de caráter 
multilateral que atua no processo de liberalização do comércio internacional. É 
responsável por fazer a regulamentação das negociações que acontecem entre os 
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seus membros, mediante a elaboração de acordos, bem como, no estabelecimento de 
normas comuns a serem cumpridas. Tudo isto no sentido de criar condições favoráveis 
e justas à realização dos trâmites comerciais (GUITARRA, 2021).
Figura 5 – Logotipo da OMC
Fonte: OMC (2021) Disponível em: <https://wto.org/image418.jpg> Acesso em: 24 out. 2021.
Para Fabrini e Prates (2019) a alteração de GATT para OMC trouxe consigo alterações 
institucionais e regimentares significativas. Objetivando constitucionalizar regras 
comerciais internacionais, instituições e processos decisórios, à OMC foi atribuída 
responsabilidade sob novas áreas de atuação, como: agricultura, serviços, têxteis e 
propriedade intelectual.
Ainda, de acordo com esses mesmos autores, nesta mudança foi criada uma 
nova sistemática para resolução de conflitos que garantisse mais proteção aos direitos 
dos países-membros. Portanto, os fundamentos do GATT de garantir um comércio 
livre, previsível, pacífico e próspero, não foram alterados. Ao contrário, juntamente 
com a OMC, foram criadas novas ferramentas que reforçaram estes pilares (FABRINI; 
PRATES, 2019). São atribuições da OMC (OMC, 2021):
• Negociar regras para o comércio internacional de bens, serviços, propriedade 
intelectual e outras matérias que seus membros venham a acordar;
• Zelar pela adequada implementação dos compromissos assumidos;
• Servir de espaço para a negociação de novas disciplinas, e;
• Resolver controvérsias entre os países-membros. 
Em dias atuais, a organização conta com um total de 164 países-membros. Teve 
um orçamento para 2021 acima de 200 milhões de francos suíços. Possui uma equipe 
com mais de 600 funcionários. Está localizada em Genebra, na Suíça e, nesta presente 
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data (Outubro de 2021) é comandada pela nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, eleita diretora-
geral da OMC desde 15/02/2021 (OMC, 2021).
2.1.2.1 Princípios da OMC
Os princípios da OMC representam a base fundamental do sistema de comércio 
multilateral, definição essa empregada pela própria organização. Assim, cinco princípios 
regem os acordos e as tomadas de decisão no âmbito da OMC. Conforme Guitarra 
(2021), são esses os princípios da OMC:
Não discriminação: fundamentado pela cláusula da nação mais favorecida. Não 
pode haverfavorecimento de um parceiro comercial em detrimento de outros. Quando 
um país oferece uma condição especial a outro, a exemplo da redução das tarifas de 
importação para um produto em específico, por exemplo, essa mesma condição deve 
ser ofertada aos demais países que integram a OMC e são parte das negociações. 
Além disso, bens importados devem ser tratados da mesma forma como são tratados 
os bens nacionais.
Proibição de restrições quantitativas: redução de barreiras comerciais, como cotas 
de importação, proibições no escopo das trocas internacionais e outras questões 
burocráticas e políticas protecionistas que possam travar as relações comerciais. Sua 
aplicação se dá de forma gradual, com maior prazo para as nações em desenvolvimento.
Previsibilidade: transparência na execução de políticas, na tomada de decisões e 
na adoção de tarifas, com o intuito de tornar o comércio estável e previsível.
Concorrência leal: proíbe a utilização de mecanismos que possam ser prejudiciais 
para algumas das nações que integram o grupo (dumping, subsídios) e para o comércio 
de forma mais ampla. Promove, assim, uma concorrência com condições mais justas 
a todos os seus membros, principalmente para os países em desenvolvimento.
Tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento4: determinados 
acordos estabelecidos pela OMC promovem maior flexibilização de normas aos países 
com esse status, contando também com a colaboração dos países desenvolvidos, 
como quando é necessário que as nações em desenvolvimento adotem medidas 
tarifárias, por exemplo.
4 Países em desenvolvimento são aqueles que apresentam significativo crescimento econômico e social, industrialização recente e 
crescente, além de aumento expressivo no valor monetário dos bens produzidos (PIB) (FONTE: VAZQUEZ, 2015).
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ISTO ESTÁ NA REDE
Ouça este Podcast e descubra como a riqueza é medida entre os países para a 
formação da classificação dos países, segundo a riqueza. Conheça quais são os 
países mais ricos e os países mais pobres do mundo. Entenda também a situação 
do Brasil neste ranking.
Ouça em: 
https://brasilescola.uol.com.br/podcasts/paises-mais-e-menos-ricos-do-mundo.htm
2.1.2.2 Objetivos da OMC
Para Guitarra (2021), tendo em vista a intensificação das relações econômicas e 
comerciais em escala internacional, assim como o aprofundamento das diferenças de 
condições de negociação enfrentadas pelos países considerados em desenvolvimento 
face aos países desenvolvidos, que, em tese, possuem economias nacionais mais 
competitivas, a OMC surgiu em meados dos anos 1990 com o objetivo principal de 
liberalizar o comércio e supervisionar os trâmites econômicos e comerciais entre as 
nações que são membros da organização.
A principal função assumida pela OMC é a de garantir que o comércio ocorra 
da forma mais livre e previsível possível, procurando, assim, assegurar condições 
justas no momento das negociações e fechamento de acordos entre as nações. A 
organização atua tanto sobre as mercadorias físicas (bens) quanto sobre os serviços 
e a propriedade intelectual (OMC, 2021).
A partir desta função, a OMC disponibiliza em seu sítio eletrônico5, os objetivos de:
• Negociar a redução ou até mesmo a eliminação de tarifas de importação e 
quaisquer outras práticas protecionistas que possam representar um obstáculo 
ao comércio internacional.
• Desenvolver normas e regras de comércio internacional no âmbito dos seus 
membros, estabelecidas em comum acordo, assim como administrar e promover 
o monitoramento de sua aplicação.
• Garantir a transparência de acordos comerciais.
• Monitorar e revisar as políticas comerciais adotadas pelos países-membros.
• Solucionar disputas que possam surgir entre as nações que fazem parte do 
seu quadro.
• Estabelecer a cooperação com outros organismos e instituições internacionais.
5 www.wto.org 
http://www.wto.org/
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• Assistir tecnicamente e auxiliar na construção de capacidade dos países em 
desenvolvimento, criando condições mais favoráveis de negociação para essas 
economias nacionais e garantindo-lhes maior competitividade no âmbito do 
comércio internacional.
O trato aos países em desenvolvimento, que representam 30% dos membros da 
OMC, corresponde à garantia de maior tempo para cumprimento de acordos e ao 
estabelecimento de algumas determinações para garantir maior segurança no decorrer 
das negociações e também no acesso ao mercado internacional. Além dos objetivos 
listados acima, uma das funções da OMC é a de auxiliar no acesso daqueles países 
que ainda não fazem parte da organização, que, nos dias atuais, reúne mais de 80% 
das economias nacionais de todo o mundo (OMC, 2021).
2.1.2.3 A Rodada de Doha e as perspectivas atuais da OMC
Conforme percebemos em Silva (2004), em novembro de 2001, foi realizada a IV 
Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse tipo de 
encontro entre países se constitui na mais alta instância da OMC e, especificamente, 
essa conferência se deu em Doha, no Qatar. 
O objetivo era derrubar barreiras comerciais e facilitar o acesso aos mercados para 
incentivar o intercâmbio internacional. Os países mais fortes em agronegócios, entre 
eles o Brasil, queriam vender para os mais industrializados, e vice-versa. O principal 
problema da Rodada Doha, ou seja, do comércio mundial, é a preocupação de cada 
país nos efeitos de uma política liberalizante que supostamente trará desemprego em 
países que não estão aptos a concorrer de forma igual.
Esta rodada aconteceu porque as nações em desenvolvimento, como Brasil e Índia, 
queriam que a União Europeia e os Estados Unidos diminuíssem os incentivos oferecidos 
pelo governo aos produtores, proporcionando a redução dos custos de produção. Os 
países desenvolvidos queriam, em troca, a abertura aos produtos industrializados 
europeus e americanos. 
Todas estas questões foram discutidas nas rodadas em Cancún, Genebra, Paris e 
Hong Kong. Porém, até hoje, não há um consenso a respeito da abertura comercial. 
O quadro a seguir sintetiza as principais etapas que envolveram esta rodada:
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Etapas Descrição
Cancún 
(2003)
A conferência tinha como objetivo planejar um acordo concreto 
sobre os objetivos da rodada Doha. Esta rodada fracassou após 
quatro dias de discussão sobre subsídios agrícolas e acesso aos 
mercados. As quatro áreas-chave de negociação centraram-se 
em: agricultura, produtos industrializados, comércio de serviços e 
atualização de normas alfandegárias.
Genebra 
(2004)
Nesta conferência: Estados Unidos, União Europeia, Japão e Brasil 
concordaram em abolir subsídios às exportações, reduzir os 
subsídios agrícolas e diminuir as barreiras tarifárias. Nações em 
desenvolvimento concordaram em reduzir tarifas sobre produtos 
manufaturados, mas obtiveram o direito de proteger suas principais 
indústrias. O acordo também garantia alfândegas simplificadas e 
regras mais rígidas para ajudar o desenvolvimento rural. A redução 
dos subsídios por parte dos Estados Unidos e União Europeia, 
foram quase irrisórias! Houve outras conferências em Genebra 
(2006 e 2008).
Paris (2005) Esta conferência esteve centrada em alguns temas: a França 
afirmou que cortaria os subsídios aos agricultores, enquanto os 
Estados Unidos, a Austrália, a União Europeia, Brasil e Índia não 
conseguiram chegar a acordos sobre frango, carne bovina e arroz. 
A maioria dos pontos críticos eram pequenos assuntos técnicos, o 
que levou os negociadores a temerem que o acordo sobre temas de 
grande risco político fossem bem mais difíceis. Os EUA prometeram 
realizar grandes cortes nos subsídios agrícolas, desde que os 
parceiros comerciais, particularmente a União Europeia, fizessem o 
mesmo. Os europeus fizeram sua oferta, masa França se recusou a 
dar mais concessões.
Hong Kong 
(2005)
Nesta conferência os negociadores do comércio queriam conseguir 
progressos tangíveis antes do encontro da OMC, em Hong Kong. 
Estes negociadores esperavam a adesão ao acordo antes de 2007, 
quando expirava a legislação por decreto dos EUA. Sem decretos, 
era muito mais difícil obter a ratificação do senado dos EUA. Na 
declaração final da conferência foi estabelecida a data de 30 de 
abril de 2006. Porém, o acordo não foi assinado no prazo e as 
negociações foram suspensas.
Quadro 2 – Síntese da Rodada de Doha
Fonte: Adaptado de WIKIPEDIA (2021)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7os
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alf%C3%A2ndega
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Subs%C3%ADdios_%C3%A0s_exporta%C3%A7%C3%B5es&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Barreira_tarif%C3%A1ria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ajuda_ao_desenvolvimento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rural
https://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Frango
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carne_bovina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arroz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hong_Kong
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Após esta última conferência em Hong Kong, em 2007 surgiram alguns acordos 
bilaterais e a OMC achou adequada uma reabertura das negociações. Alguns países 
se retiraram antes do início da reunião, contudo. Em uma nova conferência da OMC, 
em Genebra, em julho de 2008, houve a reunião que seria considerada a definitiva. 
Entretanto, novamente nesta reunião, não houve avanço. O colapso foi atribuído à 
Índia, que se negou a abrir mão de um dispositivo que protegia seu mercado interno. 
Com isso, teve um desentendimento insolúvel com os Estados Unidos. 
Em dezembro de 2013 houve a reunião da OMC em Báli, na Indonésia, com a 
participação de 159 países. Nesta reunião, a OMC demonstrou interesse na retomada 
destas discussões da Rodada de Doha. No entanto, até o momento que este material 
está sendo escrito (Outubro de 2021), ainda não se constatou nenhum avanço positivo 
nesta perspectiva.
2.1.3 Síntese Evolutiva do Regime de Comércio Internacional
Dentro dos 47 anos de história do GATT, o regime internacional do comércio se 
fortaleceu e se edificou em um sistema multilateral caracterizado principalmente pelo 
liberalismo econômico. 
As rodadas de negociação que apoiaram a criação, ampliação e implementação 
das regras e normas internacionais de comércio totalizaram 8, desde Genebra, em 
1947, passando, posteriormente, por Annecy em 1949, Torquay em 1951, Genebra em 
1956, Genebra (Rodada Dillon) em 1960/61, Genebra (Rodada Kennedy) em 1964/67, 
Genebra (Rodada Tóquio) em 1973/79 e finalmente Genebra (Rodada Uruguai) em 1986. 
Apesar de a OMC ter sido criada em 1995, o sistema de regras e normas que 
a norteiam existe e vem sofrendo alterações desde os anos de 1940, quando da 
criação do GATT. Portanto, de 1948 até hoje, o regime internacional de comércio vem 
evoluindo no mesmo ritmo das alterações econômicas, sociais, ambientais, culturais 
e empresariais do mundo moderno.
Para entender ainda mais a dinâmica evolutiva que permeia o Comércio Internacional, 
no próximo capítulo, examinaremos os principais acordos regionais de comércio. 
Nesta visão, os acordos regionais serão capazes de demonstrar uma perspectiva 
mais aplicada e regionalizada das diretrizes básicas de regimes internacionais de 
comércio, vistos até agora.
Até breve!
https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1li
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AULA 3
ACORDOS REGIONAIS 
DE COMÉRCIO
No primeiro capítulo, você conheceu os pressupostos fundamentais da Economia 
e da Gestão Financeira Internacional. No segundo, você foi convidado a conhecer a 
dinâmica de funcionamento do comércio internacional, especificamente, sobre o regime 
internacional de comércio. Agora, você é convidado a conhecer os acordos regionais 
de comércio. Os acordos regionais de comércio, vistos neste capítulo, são capazes 
de demonstrar uma perspectiva ainda mais tangível dos regimes internacionais de 
comércio explorados anteriormente.
3.1 Acordo Regional de Comércio ou Bloco Econômico?
O Acordo regional de comércio é também conhecido como bloco econômico, ou ainda, 
simplesmente, com a sigla: ARC. Ou seja, as diferentes literaturas que contemplam o 
estudo deste tema, no cenário do agronegócio, sejam de natureza organizacional ou 
econômica, referem-se ao mesmo objeto de observação. Neste capítulo, para manter 
sua concentração na leitura, utilizaremos todas as possibilidades de nomenclatura 
para citarmos e estudarmos este assunto. Tudo certo? Para Pereira (2008, p. 45):
Acordos Regionais de Comércio ou ARCs ´são arranjos transnacionais compostos 
por nações, geralmente, próximas geograficamente, que visam ampliação comercial 
e encontram neste tipo de arranjo uma forma mais segura e rápida para expansão 
internacional.
Neste tipo de arranjo organizacional, os países que fazem parte do acordo, também 
conhecidos como países-membros, esperam obter vantagens econômicas. Quando um 
ARC é firmado, como efeito prático, as barreiras comerciais entre os países-membros 
são favorecidas. Enquanto os demais países, permanecem sem alterações. Por meio 
deste incentivo, é projetado que as nações participantes de um ARC fortaleçam suas 
relações comerciais, bem como, incrementem no médio e longo prazos, investimentos 
externos e domésticos.
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Figura 1 – Acordos Regionais de Comércio – ARCs 
Fonte: WIKIPEDIA (2021) Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_comercial> Acesso em: 25 out. 2021.
A primeira característica importante dos acordos regionais é que eles geram 
apenas a liberalização comercial parcial. Ou seja, a abertura de comércio com alguns 
parceiros, mas não outros. Por um lado, tais acordos propiciam a criação de comércio 
e, logo, ganhos de bem-estar para os consumidores dos países envolvidos. Contudo, 
dependendo da estrutura tarifária anterior ao acordo, a exclusão de não parceiros mais 
eficientes levará a perdas de bem-estar global. Esses são os chamados conceitos 
de criação de comércio e desvio de comércio, tais como cunhados inicialmente por 
Jacob Viner, em 1950.
ANOTE ISSO
Jacob Viner era um economista canadense e é 
considerado um dos mentores inspiradores da escola 
de economia de Chicago na década de 1930. Viner foi 
um notável oponente de John Maynard Keynes durante 
a Grande Depressão. Embora concordasse com as 
políticas de gastos do governo promovidas por Keynes. 
Viner argumentou que a análise de Keynes era falha 
e não se sustentaria no longo prazo. Conhecido por 
sua modelagem econômica da empresa, incluindo as 
curvas de custo de longo e curto prazo, seu trabalho 
ainda é usado nos dias atuais.
Fonte: WIKIPEDIA (2021) Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Jacob_Viner> 25 out. 2021.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_comercial
https://en.wikipedia.org/wiki/John_Maynard_Keynes
https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Depression
https://en.wiktionary.org/wiki/firm
https://en.wikipedia.org/wiki/Jacob_Viner
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A segunda característica importante de um ARC é que a natureza do acordo é crucial 
para entender os seus efeitos redistributivos e, portanto, os conflitos distributivos 
inerentes. Acordos envolvendo menores efeitos redistributivos, entre países com 
dotação similar de fatores, têm maiores chances de sucesso e sustentabilidade no 
longo prazo, se o argumento de economia política for levado a sério. Isso não significa 
dizer que acordos entre países similares

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