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Campo elétrico devido a um arco de circunferência uniformemente carregado. Calcular o campo elétrico, no centro da circunferência, ponto P da figura abaixo, gerado por um arco de circunferência, de raio R, ângulo e carregado uniformemente com uma carga q. Figura 1 Resposta: Sabemos que o campo elétrico infinitesimal, d�⃗� , gerado por uma carga infinitesimal dq em um ponto P a uma distância |𝑟 |é dado pela expressão: 𝑑�⃗� = 𝑑𝑞 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ |𝑟 | 2 ∙ �̂� (1) , onde 0 é a permissividade elétrica do vácuo (8,85·10-12 F/m) e �̂� é o vetor unitário na direção do segmento de reta que liga a carga infinitesimal ao ponto P no sentido da carga para o ponto. Figura 2 Escolhendo uma parte infinitesimal dl do arco de circunferência (em vermelho na figura abaixo), com carga dq, em uma posição inespecífica (R, ) e utilizando o sistema de coordenadas polar (r,) com origem no ponto P e ângulo medido a partir do segmento de reta que liga o centro do arco ao ponto P, neste caso, o segmento de reta é horizontal (veja figura abaixo). Neste sistema de coordenadas polar, o segmento de arco dl é igual a r·d e o vetor 𝑟 está desenhado na figura abaixo em azul, assim como a direção e o sentido do vetor campo elétrico infinitesimal d�⃗� , em vermelho. Observamos finalmente que o módulo do vetor 𝑟 é igual à R, raio do arco de circunferência. Figura 3 Aplicando a lei de Coulomb, equação 1, a esta situação, para o calculo do módulo do campo elétrico infinitesimal, temos: |𝑑�⃗� | = 𝑑𝑞 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 2 (2) mas, o infinitesimal de carga pode ser expresso em termos de parâmetros geométricos como dq = · dl ou dq = ·r·d, onde é a densidade de carga linear e r = R. Assim a equação 2 pode ser escrita como: |𝑑�⃗� | = 𝜆 ∙ 𝑅 ∙ 𝑑𝜃 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 2 (3) Neste ponto, poderíamos pensar em calcular o campo elétrico resultante �⃗� integrando as contribuições infinitesimais d�⃗� . Entretanto, os infinitesimais são vetores e, no caso geral, o módulo da soma de vetores não é igual à soma dos módulos dos vetores das parcelas da soma. É necessário verificar se os vários vetores infinitesimais d�⃗� , quando os infinitesimais dl percorrerem todo o arco de circunferência no processo de integração, têm a mesma direção e sentido, condição para que possamos somar os módulos dos vetores. Na figura abaixo verificamos que esta condição não é satisfeita. Para vários infinitesimais dl, cores diferentes, a direção do campo elétrico infinitesimal d�⃗� , dado pelo segmento de reta que liga o comprimento infinitesimal dl ao ponto P, não é a mesma. Figura 4 Neste caso, teremos que trabalhar com as componentes verticais (y) e horizontais (x) dos campos elétricos infinitesimais d�⃗� . Para projetar o vetor nas direções x e y é necessário um ângulo de projeção, ângulo entre o vetor e uma das direções x ou y. Observamos que, veja figura abaixo, o ângulo entre o vetor d�⃗� e a reta horizontal, eixo x, tem o mesmo valor que o ângulo que defini a posição, no sistema de coordenadas polares, do infinitesimal de comprimento dl do arco de circunferência. Não se trata de uma coincidência, a escolha feita inicialmente de medir o ângulo da variável a partir da reta horizontal nos levou a esta facilidade. As funções trigonométricas que aparecerão quando da decomposição do vetor em suas componentes x e y, terão no seu argumento o ângulo , o mesmo do infinitesimal que aparece na equação 3, permitindo uma integração imediata. Figura 5 A decomposição do vetor 𝑣 na componente adjacente ao ângulo utilizado é expressa como : |𝑣 | ∙ cos (𝜃), no caso presente, esta componente é x. A componente oposta ao ângulo utilizado é expressa |𝑣 | ∙ sen (𝜃), componente y. Utilizando o módulo do vetor infinitesimal d�⃗� , equação 3, e decompondo este vetor nas direções x (d𝐸𝑥) e y (d𝐸𝑦), através do ângulo com o eixo x, temos: Figura 6 𝑑𝐸𝑥 = 𝜆 ∙ 𝑅 ∙ 𝑑𝜃 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 2 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜃) (4) 𝑑𝐸𝑦 = 𝜆 ∙ 𝑅 ∙ 𝑑𝜃 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃) (5) Como, por definição, todas as componentes x dos vetores apontam na mesma direção, assim como as componentes y, é possível calcular a componente resultante Ex integrando a equação 4, assim como a componente resultante Ey integrando a equação 5. Observamos da figura 5 que os limites de integração, para percorrer todo o arco de circunferência, são de 𝜃 = − 𝛼 2 (limite inferior) até 𝜃 = − 𝛼 2 (limite superior). Logo: 𝐸𝑥 = ∫ 𝜆 ∙ 𝑅 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜃) 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 2 ∙ 𝑑𝜃 (6) 𝛼 2 − 𝛼 2 𝐸𝑦 = ∫ 𝜆 ∙ 𝑅 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃) 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 2 ∙ 𝑑𝜃 (7) 𝛼 2 − 𝛼 2 como , R não dependem de , assim como as constantes 4, e 0, estes termos podem sair da integral, e como 𝑅 𝑅2 = 1 𝑅 podemos reescrever as equações 6 e 7 como: 𝐸𝑥 = 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 ∙ ∫ cos (𝜃) ∙ 𝑑𝜃 (8) 𝛼 2 − 𝛼 2 𝐸𝑦 = 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 ∙ ∫ sen (𝜃) ∙ 𝑑𝜃 (9) 𝛼 2 − 𝛼 2 Como a integral de cos() é sen() e a integral de sen() é – cos(), e aplicando o limite superior menos o limite inferior, temos: 𝐸𝑥 = 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 ∙ {𝑠𝑒𝑛 ( 𝛼 2 ) − 𝑠𝑒𝑛 (− 𝛼 2 )} (10) 𝐸𝑦 = 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 ∙ {𝑐𝑜𝑠 ( 𝛼 2 ) − 𝑐𝑜𝑠 (− 𝛼 2 )} (11) mas, sen(-) = - sen() (seno é uma função impar – veja um livro de trigonometria) e cos(-) = cos() (coseno é uma função par – veja um livro de trigonometria), então: 𝐸𝑥 = 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 ∙ {𝑠𝑒𝑛 ( 𝛼 2 ) − (−)𝑠𝑒𝑛 ( 𝛼 2 )} = 2 ∙ 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 ( 𝛼 2 ) (12) 𝐸𝑦 = 𝜆 4 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 ∙ {𝑐𝑜𝑠 ( 𝛼 2 ) − 𝑐𝑜𝑠 ( 𝛼 2 )} = 0 (13) Em resumo, o campo elétrico gerado tem somente componente x com módulo: �⃗� = 𝐸𝑥 = 𝜆 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝑅 𝑠𝑒𝑛 ( 𝛼 2 ) (14) Finalmente, no enunciado não é dada a densidade de carga linear . Como esta densidade é uniforme, podemos calculá-la simplesmente dividindo a carga total q pelo comprimento do arco de circunferência L = ·R, 𝜆 = 𝑞 𝛼∙𝑅 . Substituindo na equação 14, temos: |�⃗� | = 𝑞 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝜀0 ∙ 𝛼 ∙ 𝑅 2 𝑠𝑒𝑛 ( 𝛼 2 ) (15)
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