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TEORIA AULA 5 – ARISTÓTELES (parte II) 1 A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS: AS CAUSAS DO SER • A Filosofia é a Ciência do Ser (ONTOLOGIA) e deve ser capaz de revelar as causas do mesmo. • "Só conhecemos verdadeiramente algo quando conhecemos seu porquê." • Para Aristóteles, existem quatro causas (razões) das quais pode-se dizer que um ser é: • CAUSA MATERIAL: A matéria de que alguma coisa é feita ou constituída (sem determinação, sendo apenas pura disponibilidade) – De que é feito “x”? • CAUSA FORMAL: Forma ou “quidade”, ou seja, o conjunto de determinações e características que permitem identificá-lo ou defini-lo. O que a coisa é em ato – O que é “x” neste momento? • CAUSA EFICIENTE/ MOTOR: Princípio do movimento, o que deu origem à formação do ser. Aquilo que fez com que a substância viesse num dado momento expressar em ato aquela forma, isto é, tudo aquilo que atuou na matéria no sentido de reorganizá-la, levando à atualização de algo que apenas existia em potência. – Por que “x” é “x”? • CAUSA FINAL: O fim a que o ser se destina, coincide com a perfeição do ser, para o que foi feito. – Para que serve “x”? A ÉTICA ARISTOTÉLICA: O ESTUDO DAS VIRTUDES (ÉTICA A NICÔMACO/ ÉTICA A EUDEMO/ MAGNA MORALIA) • Visão mais pragmática de ética, como algo não idealizado e sim possível no dia a dia. • Se inspira na ética platônica ao afirmar que as virtudes são desenvolvidas por meio da razão em busca da felicidade (eudaimonia), sendo a principal virtude a moderação. • A falta e o excesso comprometem o desenvolvimento de uma vida virtuosa e o compromisso com a ética. • A virtude é a justa medida, o caminho do meio. • "A virtude moral é uma consequência do habito. (Ethos) • Nós nos tornamos os que fazemos repetidamente. Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos, controlados ao praticarmos atos de autocontrole, corajosos ao praticarmos atos de bravura." • O fim do homem é a felicidade, a que é necessária a virtude, e a esta é necessária a razão. • A característica fundamental da ética aristotélica é, portanto, o racionalismo, visto ser a virtude ação consciente segundo a razão, que exige o conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo, natureza segundo a qual e na qual o homem deve operar. • Todavia, as virtudes éticas, não são mera atividade racional, como as virtudes intelectuais, teoréticas; mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão. • A razão aristotélica governa, domina as paixões, não as aniquila e destrói, como queria o ascetismo platônico. • A virtude ética não é, pois, razão pura, mas uma aplicação da razão; não é unicamente ciência, mas uma ação com ciência. • Crítica à ética aristotélica: se a virtude é, fundamentalmente, uma atividade segundo a razão, mais precisamente é ela um hábito segundo a razão, um costume moral, uma disposição constante, reta, da vontade, isto é, a virtude não é inata, como não é inata a ciência; mas adquire-se mediante a ação, a prática, o exercício e, uma vez adquirida, estabiliza-se, mecaniza-se; torna-se quase uma segunda natureza e, logo, torna-se de fácil execução - como o vício. • Aristóteles distingue duas categorias fundamentais de virtudes: as éticas, que constituem propriamente o objeto da moral, e as dianoéticas, que a transcendem. • É uma distinção e uma hierarquia, que têm uma importância essencial em relação a toda a filosofia e especialmente à moral. • As virtudes intelectuais, teoréticas, contemplativas, são superiores às virtudes éticas, práticas, ativas. • Noutras palavras, Aristóteles sustenta o primado do conhecimento, do intelecto, da filosofia, sobre a ação, a vontade, a política. O HOMEM COMO ANIMAL POLÍTICO (LIVRO: POLÍTICA) • A constituição do Estado decorre da própria natureza do homem, incapaz de viver isolado dos outros. (Animal social). • O estado deve seguir leis universais, eternas, imutáveis, e uma constituição que assegure a natureza deste Estado. • Ao estudar as diferentes Constituições atenienses, Aristóteles afirma que a democracia seria o modelo mais próximo da noção de justiça, uma vez que as qualidades de muitos anularia os defeitos de alguns. • "O homem é um animal político por excelência". (Somos todos políticos em sociedade, o tempo todo). • A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. • O estado, então, é superior ao indivíduo, porquanto a coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao bem particular. Unicamente no estado efetua- se a satisfação de todas as necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do estado. • Segundo Aristóteles, a família compõe-se de quatro elementos: os filhos, a mulher, os bens, os escravos; além, naturalmente, do chefe a que pertence a direção da família. Deve ele guiar os filhos e as mulheres, em razão da imperfeição destes. Deve fazer frutificar seus bens, porquanto a família, além de um fim educativo, tem também um fim econômico. E, como ao estado, é-lhe essencial a propriedade, pois os homens têm necessidades materiais. No entanto, para que a 2 propriedade seja produtora, são necessários instrumentos inanimados e animados; estes últimos seriam os escravos. (TEXTO EXTRA: Escravismo em Atenas, Democracia e família) • Não obstante a sua concepção ética do estado, Aristóteles, diversamente de Platão, salva o direito privado, a propriedade particular e a família. • O comunismo como resolução total dos indivíduos e dos valores no estado é fantástico e irrealizável. O estado não é uma unidade substancial, e sim uma síntese de indivíduos substancialmente distintos. Se se quiser a unidade absoluta, será mister reduzir o estado à família e a família ao indivíduo; só este último possui aquela unidade substancial que falta aos dois precedentes. • Reconhece Aristóteles a divisão platônica das castas, e, precisamente, duas classes: a dos homens livres, possuidores, isto é, a dos cidadãos e a dos escravos, dos trabalhadores, sem direitos políticos. • Quanto à forma exterior do estado, Aristóteles distingue três principais: a monarquia, que é o governo de um só, cujo caráter e valor estão na unidade, e cuja degeneração é a tirania; a aristocracia, que é o governo de poucos, cujo caráter e valor estão na qualidade, e cuja degeneração é a oligarquia; a democracia, que é o governo de muitos, cujo caráter e valor estão na liberdade, e cuja degeneração é a demagogia. • As preferências de Aristóteles vão para uma forma de república democrático-intelectual, a forma de governo clássica da Grécia, particularmente de Atenas. • No entanto, com o seu profundo realismo, reconhece Aristóteles que a melhor forma de governo não é abstrata, e sim concreta: deve ser relativa, acomodada às situações históricas, às circunstâncias de um determinado povo. • De qualquer maneira a condição indispensável para uma boa constituição, é que o fim da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de quem governa despoticamente. • O Estado deve promover a família e a educação, legislando sobre as mesmas. • "Convém fixar o casamento das mulheres nos dezoito anos, e o dos homens nos trinta e sete, ou pouco menos. Assim a união será feita no momento do máximo vigor e os dois esposos terão um tempo pouco mais ou menos igual para educar a família, até que cessem a ser próprios à procriação" (Política, 4,c.14, § 6). • Com vistas à depuração social defende que: "Quanto a saber quais os filhos que se devem abandonar ou educar, deve haver uma lei que proíbaalimentar toda a criança disforme. Sobre o número dos filhos (porque o número dos nascimentos deve sempre ser limitado), se os costumes não permitem que os abandonem e se alguns casamentos são tão fecundos que ultrapassem o limite fixado de nascimentos, é preciso provocar o aborto, antes que o feto receba animação e a vida; com efeito, só pela animação e vida se poderá determinar se existe crime" (Política, 4,c.14, § 10).
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