Buscar

EM_LIVRO REVISIONAL_VOL 02_FILOSOFIA PROFESSOR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Livro de Revisão 2
Filosofia
Fernanda Tavares Paulino
©Editora Positivo Ltda., 2017 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) 
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
P328 Paulino, Fernanda Tavares.
 Filosofia : livro de revisão / Fernanda Tavares Paulino – 
Curitiba : Positivo, 2017.
 v. 2 : il.
 ISBN 978-85-467-1708-8 (aluno)
 ISBN 978-85-467-1697-5 (professor)
 1. Ensino médio. 2. Filosofia – Estudo e ensino. I. Título.
CDD 373.33
Livro do ProfessorLivro do Professor
Ensino Médio
1. Ética: da Antiguidade à Modernidade 
Ética é a área da Filosofia responsável pelo estudo dos princípios que norteiam a moral. Ela promove a reflexão crítica 
sobre normas, virtudes e valores que orientam as atitudes e a convivência humanas. Faz parte das discussões promovidas 
no campo da Ética a busca pela definição de conceitos como certo e errado, bem e mal, justiça e injustiça, entre outros, 
que dizem respeito à conduta individual e também à atuação pública das pessoas.
Virtude, bem, justiça e autocontrole 
No século V a.C., Sócrates afirmava que a essência humana era racional e que o ser humano deveria agir conforme as 
virtudes, buscando o bem. Platão, por sua vez, concordava com Sócrates sobre a natureza racional do ser humano. Ele 
afirmava que as paixões deveriam ser submetidas à razão e dividia a alma humana em três dimensões:
 • concupiscível – responsável pelos desejos do corpo;
 • irascível – responsável pela autopreservação;
 • racional – superior às anteriores e responsável pelo controle de ambas.
Além disso, Platão atribuía à alma racional quatro capacidades, denominadas virtudes cardeais. São elas: temperança, 
prudência, justiça e coragem.
Eudaimonia e mediania 
No século IV a.C., Aristóteles defendia a tese de que a virtude era adquirida por meio do 
hábito de praticar ações virtuosas. Estas, por sua vez, caracterizavam-se pela mediania, ou seja, 
pelo meio-termo entre o excesso e a falta. De acordo com o pensamento aristotélico, a vida 
ética, pautada pela busca da virtude e pelo exercício da razão, tinha como finalidade conquistar 
a eudaimonia, ou seja, a felicidade, considerada o sumo bem, desejável por si mesma, e não 
como um meio para alcançar outros bens.
Autarquia e ataraxia ou apatia 
No período helenístico, diversas correntes filosóficas ocuparam-se da Ética. Entre elas, o cinismo, fundado por Antístenes e 
que teve Diógenes com um de seus principais representantes. Para os cínicos, o maior objetivo do ser humano era a felicidade, 
possibilitada por uma vida simples, sem apegos e orientada pelas virtudes. Consideravam o domínio de si, ou autarquia, uma 
virtude a ser conquistada por meio da apatia, a capacidade de manter-se imperturbável diante das circunstâncias.
Os estoicos, por sua vez, acreditavam que a sabedoria era proveniente da harmonia do ser humano com a ordem divina 
do mundo. Para eles, a natureza humana era constituída pela razão e pelas paixões, e estas deveriam ser controladas pela 
razão, em busca de um estado de apatia, mesmo diante do sofrimento. 
Já os epicuristas defendiam a busca do prazer e o afastamento das dores e dos sofrimentos. Entendiam o prazer como 
ausência de dores no corpo (aponia) e de perturbações na alma (ataraxia). Para eles, a felicidade era uma realização racio-
nal possível a todos. Além disso, a filosofia poderia garantir a tranquilidade do indivíduo por meio de três princípios:
 • sensacionismo – sensação como critério de verdade e bem;
 • atomismo – tudo se forma e se transforma pela união ou separação de átomos;
 • semiateísmo – os deuses existem, mas não interferem no mundo.
©
Sh
ut
te
rs
to
ck
/H
om
eS
tu
di
o
 Na ética socrático-platônica, deve-se agir de acordo 
com as ideias de bem e justiça. A ética aristotélica 
destaca a importância de agir com mediania.
2 Livro de Revisão 2
Filosofia
Vontade, livre-arbítrio e 
graça 
Na Idade Média, durante a patrística, Agostinho de 
Hipona converteu-se ao cristianismo, considerando Deus 
como o ser perfeito, sumamente bom e criador de todas 
as coisas. Sendo assim, o filósofo refletiu sobre a origem do 
mal, julgando que este não poderia ser obra divina. Con-
cluiu que sua origem estava nas escolhas humanas e que o 
mal resultava de um desvio da vontade em relação ao bem. 
Segundo Agostinho, Deus concedeu aos seres humanos 
o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade de escolher suas ações 
em busca do bem. Porém, o mau uso do livre-arbítrio levou-
-os ao pecado, como exemplifica o pecado original come-
tido por Adão e Eva. Nessa condição, os seres humanos 
passaram a necessitar da graça divina para se redimirem. 
Porém, Deus, em sua bondade infinita, poderia conceder-
-lhes a graça, como meio de salvação. Afinal, a graça direcio-
naria a vontade corrompida para o verdadeiro bem. 
Beatitude 
Principal representante da escolástica, Tomás de Aquino 
acreditava que não era possível aos seres humanos se sen-
tirem plenamente realizados e felizes na vida terrena, em 
razão de sua finitude. Nessa condição, eles seriam movidos 
por inquietações, mas poderiam, e deveriam, viver de acordo 
com a virtude, em busca da beatitude, a felicidade tranquila 
e duradoura, decorrente da contemplação de Deus. 
Moral provisória 
No século XVII, René Descartes afirmou que, apesar de 
necessárias para a autopreservação humana, as paixões 
deveriam ser controladas pela razão, na busca pelo conhe-
cimento. Ele se dedicou à elaboração de um método capaz 
de conduzir a um conhecimento seguro. Acreditava que, 
uma vez alcançado, esse conhecimento poderia orien-
tar uma moral definitiva, fundada na razão. Antes disso, 
porém, os seres humanos precisariam de alguma referên-
cia para decidir entre o bem e o mal na hora de agir. Sendo 
assim, Descartes propôs uma moral provisória constituída 
por quatro regras: obedecer às leis e aos costumes; ser 
firme e decidido nas ações; vencer a si mesmo; cultivar a 
razão para alcançar o verdadeiro conhecimento, por meio 
do método cartesiano.
Conatus e paixões 
Para o filósofo do século XVII Baruch Espinosa, as pai-
xões humanas eram impulsos naturais e, portanto, não 
deveriam ser consideradas boas ou más. Ao abordar essa 
temática, ele citava a alegria, a tristeza e o desejo como 
sendo as paixões originais, responsáveis pelo surgimento 
de todas as outras. Afirmava ainda que as paixões alegres 
aumentavam e as paixões tristes diminuíam o conatus, ou 
seja, a capacidade humana de ser, agir e se preservar. Na 
ética de Espinosa, o vício era definido como a fraqueza de 
quem se deixa governar por causas externas, e a virtude, 
como a força de quem age conforme a razão, sendo a causa 
interna de suas próprias ações.
Sentimento moral 
No século XVIII, Jean-Jacques Rousseau afirmou que 
o sentimento, e não a razão, levaria os indivíduos a ter 
consciência de sua liberdade e também de sua unidade 
com a natureza e com os outros seres humanos. Ele des-
creveu um estado humano hipotético, anterior à civiliza-
ção, marcado pela presença de dois sentimentos naturais: 
o amor-próprio, responsável pela autopreservação dos 
indivíduos, e a compaixão, ou seja, a preocupação com o 
sofrimento alheio.
Ainda no século XVIII, influenciado por esse pensa-
mento, David Hume defendeu a tese de que o agir humano 
é comandado pelos sentimentos, e não pela razão. Para 
ele, a avaliação moral das atitudes, assim como a distin-
ção entre vícios e virtudes, fundamentava-se na ausência 
ou na presença dos sentimentos de desaprovação e culpa 
ligados a cada ação. 
 Descartes comparou a moral provisória com uma moradia 
temporária, a ser ocupada durante a construção da definitiva.
©
Sh
ut
te
rs
to
ck
/L
M
sp
en
ce
r
3
1. (UEL – PR)
“– Mas a cidade pareceu-nos justa, quando 
existiam dentro dela três espécies de naturezas, 
que executavam cada uma a tarefa que lhe era 
própria; e, por sua vez, temperante, corajosa esábia, devido a outras disposições e qualidades 
dessas mesmas espécies.
– É verdade.
– Logo, meu amigo, entenderemos que o 
indivíduo, que tiver na sua alma estas mesmas 
espécies, merece bem, devido a essas mesmas 
qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que 
a cidade”. 
PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7. ed. 
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190. 
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça 
em Platão, é correto afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou 
por benefícios pessoais, havendo a possibilidade de 
ficarem invisíveis aos olhos dos outros. 
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que 
lhe é de direito, conforme o princípio universal de 
igualdade entre todos os seres humanos, homens e 
mulheres. 
c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais 
forte, o qual, quando ocupa cargos políticos, faz as leis 
de acordo com os seus interesses e pune a quem lhe 
desobedece. 
X d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua 
origem na alma, isto é, deve habitar o interior do homem, 
sendo independente das circunstâncias externas. 
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e res-
tituir aos demais aquilo que se tomou emprestado, 
atitudes que garantem uma velhice feliz.
2. (UEM – PR)
“[...] quanto à excelência moral, ela é o 
produto do hábito. [...] É evidente, portanto, 
que nenhuma das várias formas de excelência 
moral se constitui em nós por natureza, pois 
nada que existe por natureza pode ser alterado 
pelo hábito. [...] Portanto, nem por natureza 
nem contrariamente à natureza a excelência 
moral é engendrada em nós, mas a natureza nos 
dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade 
se aperfeiçoa com o hábito”.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. In: MARCONDES, Danilo. Textos 
básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 53.
 A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) Segundo Aristóteles, alguém que nasce com falta de 
moralidade não poderá alterar essa condição de sua 
personalidade. 
X 02) Segundo Aristóteles, o hábito significa a repetição de 
ações morais, com vista a seu aperfeiçoamento. 
04) Segundo Aristóteles, as pessoas já nascem com 
excelências morais, isso é algo inato. 
X 08) Segundo Aristóteles, a excelência moral é algo que 
os indivíduos podem ou não adquirir. 
X 16) Segundo Aristóteles, todos os seres humanos pos-
suem a capacidade de se aperfeiçoar moralmente. 
 Somatório: 26 (02 + 08 + 16)
3. (UEM – PR)
“A virtude é, pois, uma disposição de caráter 
relacionada com a escolha e consistente numa 
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a 
qual é determinada por um princípio racional 
próprio do homem dotado de sabedoria prática. 
E é um meio-termo entre dois vícios, um por 
excesso e outro por falta; pois que, enquanto os 
vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do 
que é conveniente no tocante às ações e paixões, 
a virtude encontra e escolhe o meio-termo.”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, Livro II, cap. 6. Coleção Os 
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 73. 
 A partir do trecho citado, assinale o que for correto. 
X 01) A virtude é uma disposição decorrente de um racio-
cínio que busca um agir equilibrado ou moderado. 
X 02) Os vícios são disposições que fogem à moderação, 
seja porque não atingem esse equilíbrio, seja porque 
o ultrapassam. 
X 04) O meio-termo da ação virtuosa não é uma regra 
única e absoluta, mas deve ser considerada em rela-
ção ao indivíduo que age, por isso é uma mediania e 
não uma média. 
4 Livro de Revisão 2
Filosofia
X 08) A coragem é uma ação virtuosa que está a meio-
-termo entre os vícios da covardia e do destemor. 
16) O meio-termo da ação virtuosa implica a conces-
são de algo e impede que o agente defenda, com 
contundência, seu ponto de vista. 
 Somatório: 15 (01 + 02 + 04 + 08)
4. (UFU – MG) Uma parte importante da doutrina de 
Aristóteles sobre a ética foi registrada em seu livro Ética 
Nicomaqueia. Nele, encontra-se o seguinte trecho:
Com relação ao temor, ao ardor, ao desejo, à 
ira, à piedade e, em geral, ao gozo e à dor, há 
um excesso e uma falta, e ambos não são bons; 
mas se experimentamos aquelas paixões [...] 
com a finalidade e do modo como se deve, então 
estaremos no meio e na excelência, que são 
próprios da virtude [...]. Portanto, a virtude é 
certa mediania, que tem por escopo o justo meio. 
Aristóteles, Ética Nicomaqueia, B 6, 1106 b. p. 18-28.
 Com base no texto citado e em seus conhecimentos, 
responda:
a) Em que consiste a virtude, de acordo com Aristóteles?
A virtude aristotélica consiste no justo meio entre o excesso e a
falta, em relação a sentimentos, paixões e ações. Trata-se da 
mediania entre dois extremos, considerados vícios. Sendo 
assim, Aristóteles define a virtude da coragem como o justo 
meio entre os vícios da temeridade e da covardia; a virtude da 
justiça como o justo meio entre a desigualdade por ganho 
(praticar injustiça) e a desigualdade por perda (sofrer injustiça).
b) Segundo Aristóteles, qual é o papel da prudência na 
busca pelo justo meio do qual se fala a propósito da 
virtude ética?
A prudência é a disposição prática do indivíduo para orientar 
sua vida corretamente. Ela permite deliberar sobre o que é o 
bem ou o mal, em qualquer circunstância de sua existência no 
mundo. A prudência é, portanto, a condição necessária para a 
escolha do justo meio e, consequentemente, para agir de 
acordo com a virtude. 
5. Considerando os conceitos de autarquia, ataraxia e 
apatia, empregados por cínicos e estoicos, indique com 
V as definições verdadeiras e com F as falsas.
( F ) Autarquia significa uma atitude de desprezo pelos 
demais indivíduos, em busca do próprio bem.
( F ) Ataraxia é a condição de quem se afeta apenas pelo 
prazer, não se deixando perturbar por qualquer tipo 
de sofrimento.
( V ) Apatia é a ausência de paixões e perturbações pe-
rante as circunstâncias, sejam elas agradáveis ou 
desagradáveis.
( F ) A autarquia, ou autossuficiência, é incompatível com 
a condição do sábio.
( V ) A ataraxia e a apatia correspondem à condição de 
quem se mantém imperturbável.
6. (UEM – PR)
“O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. 
Com efeito, nós o identificamos com o bem 
primeiro e inerente ao ser humano, em razão 
dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a 
ele chegamos escolhendo todo bem de acordo 
com a distinção entre prazer e dor. Embora o 
prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por 
isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em 
que evitamos muitos prazeres, quando deles nos 
advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; 
ao passo que consideramos muitos sofrimentos 
preferíveis aos prazeres, se um prazer maior 
advier depois de suportarmos essas dores por 
muito tempo.” 
(EPICURO. Carta sobre a felicidade. In: ARANHA, M. L. de A.; 
MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009. p. 251). 
 A partir desta citação de Epicuro, assinale o que for 
correto.
X 01) Felicidade e infelicidade são estabelecidas pelos 
efeitos do prazer e da dor. 
X 02) O sentimento de prazer é inato à natureza humana. 
04) Epicuro defende o prazer sem medidas. 
08) O prazer corporal é um mal causado pelo pecado 
original. 
X 16) O hedonismo de Epicuro não é imediatista, mas 
moderado. 
 Somatório: 19 (01 + 02 + 16)
5
7. (UFF – RJ) 
Filosofia
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia
Noel Rosa
 Assinale a sentença do filósofo grego Epicurocujo sig-
nificado é o mais próximo da letra da canção “Filosofia”, 
composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com 
André Filho.
a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como 
aquilo que apreendemos pela intuição mental.
X b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em 
nosso interior, pois é deste que nós somos donos.
c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve 
recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre 
de todo encargo, em sua completa felicidade.
d) As leis existem para os sábios, não para impedir que 
cometam injustiças, mas para impedir que as sofram.
e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso 
ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, 
sim, suas intenções e ações.
8. (UEM – PR)
“Vi claramente que todas as coisas boas 
podem, entretanto, se corromper, e não se 
poderiam corromper se fossem sumamente boas, 
nem tampouco se não fossem boas. Se fossem 
absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se 
não houvesse nada de bom nelas, não poderiam 
se corromper. [...] Portanto, todas as coisas que 
existem são boas, e o Mal que eu procurava não 
é uma substância, pois se fosse substância seria 
um bem. Na verdade, ou seria uma substância 
incorruptível e então seria um grande bem, ou 
seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse 
boa, não poderia se corromper. Percebi, portanto, 
e isto pareceu-me evidente, que criastes todas as 
coisas boas e não existe nenhuma substância que 
Vós [Deus] não criastes.”
AGOSTINHO. O problema do mal. In: MARCONDES, Danilo. Textos 
básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2007. p. 63. 
 A partir do exposto, assinale o que for correto. 
X 01) Em todas as coisas existe algum bem. 
02) Se tudo que existe foi Deus quem criou e o mal 
existe, logo Deus criou coisas más. 
04) O mal existe no mundo e é um algo, uma substância. 
X 08) Mal e bem, para Agostinho, não são juízos que os 
homens emitem sobre as coisas. 
X 16) Para Agostinho, é impossível que Deus criasse algo 
que não fosse bom.
 Somatório: 25 (01 + 08 + 16)
9. Considerando a ética de Tomás de Aquino, explique o 
conceito de beatitude e apresente as razões pelas quais 
ela não pode ser atingida plenamente na vida terrena. 
Na ética tomista, a beatitude é definida como a felicidade 
tranquila e eterna, decorrente da contemplação de Deus. Nesse 
contexto, a verdadeira e perfeita beatitude pressupõe a ausência 
do mal e a visão da essência divina, o que a torna impossível na 
vida terrena, marcada pela finitude (morte) e pelas inquietações 
humanas. Porém, Tomás de Aquino acreditava que ela poderia ser 
experimentada, em certa medida, por aqueles que vivessem de 
acordo com a virtude, aproximando-se de Deus.
6 Livro de Revisão 2
Filosofia
10. (UFF – RJ) Descartes tinha plena consciência do seu 
papel inovador na filosofia e na ciência. No Discurso 
sobre o Método ele diz
“Percebi que era necessário, no curso de minha 
vida, destruir tudo integralmente e começar de 
novo, dos fundamentos, se era meu desejo estabe-
lecer nas ciências qualquer coisa de permanente e 
com chances de durar”.
Ele considerava que o coroamento da recons-
trução da filosofia seria o mais perfeito e defi-
nitivo sistema moral. Mas, até que alcançasse o 
conhecimento completo de todas as ciências, era 
preciso contentar-se com o que ele denominou de 
“moral provisória”, que lhe permitisse ao menos 
se guiar em suas ações da vida quotidiana. A ter-
ceira regra desta “moral provisória” é: 
“procurar sempre antes vencer a mim próprio 
do que à fortuna [ou destino], e de antes modificar 
os meus desejos do que a ordem do mundo; e, em 
geral, a de acostumar-me a crer que nada há que es-
teja inteiramente em nosso poder, exceto os nossos 
pensamentos, de sorte que, depois de termos feito 
o melhor possível no tocante às coisas que nos são 
exteriores, tudo em que deixamos de nos sair bem 
é, em relação a nós, absolutamente impossível. E só 
isso me parecia suficiente para impedir-me, no futu-
ro, de desejar algo que eu não pudesse adquirir, e, 
assim, para me tornar contente”.
 Comente esta concepção e discorra sobre seu signifi-
cado no mundo contemporâneo.
A questão permite diferentes interpretações do texto e de suas 
relações com a atualidade, sendo a argumentação coerente o 
aspecto de maior relevância na resposta. É possível abordar, por
exemplo, as ideias de moral provisória e moral definitiva, 
refletindo sobre a tendência, ou não, do mundo contemporâneo 
em buscar um sistema moral definitivo, diante da pluralidade e 
das mudanças de comportamento que se evidenciam. Pode-se 
optar ainda por uma reflexão sobre as condições e os obstáculos
atuais para mudar a si mesmo ou a ordem do mundo, 
considerando as influências do meio e as possibilidades de 
participação social dos indivíduos.
11. (UFPA) No contexto da cultura ocidental e na história do 
pensamento político e filosófico, as considerações sobre 
a necessidade de valores morais prévios na organização 
do Estado e das instituições sociais sempre foram um 
tema fundamental devido à importância, para esse tipo de 
questão, dos conceitos de bem e de mal, indispensáveis 
à vida em comum. 
 Diante desse fato da história do pensamento político e 
filosófico, a afirmação de Espinosa, segundo a qual “Se 
os homens nascessem livres, não formariam nenhum 
conceito de bem e de mal, enquanto permanecessem 
livres” (ESPINOSA, 1983, p. 264), quer dizer o seguinte: 
a) O homem é, por instinto, moralmente livre, fato que 
condiciona sua ideia de ética social. 
b) Assim como o indivíduo é anterior à sociedade, a 
liberdade moral antecede noções como bem e mal. 
c) Os valores morais que servem de base para nossa 
socialização são tão naturais quanto nossos direitos. 
X d) Não poderíamos falar de bem e de mal se não nos 
colocássemos além da liberdade natural. 
e) Não há nenhum vínculo necessário entre viver livre e 
saber o que são bem e mal. 
12. Para Jean-Jacques Rousseau, “o homem nasce bom e 
a sociedade o corrompe”. Assinale a assertiva que está 
de acordo com a visão de Rousseau sobre o sentimento 
moral, característico do ser humano em seu estado de 
natureza, anterior à civilização.
a) O homem é lobo do próprio homem.
b) O ser humano é naturalmente dotado de apatia.
c) O egoísmo é o sentimento natural dos seres humanos.
X d) Os sentimentos naturais do ser humano são amor-
-próprio e compaixão.
13. David Hume defendeu a tese de que a moralidade provém 
do sentimento, e não da razão. Assinale a alternativa que 
está de acordo com o pensamento dele sobre a moral.
a) O sentimento moral, denominado conatus, pode ser 
alegre ou triste.
b) A virtude consiste na apatia, a ausência de emoções 
positivas ou negativas. 
X c) O sentimento de culpa indica que uma ação é imoral.
d) A ação moral é definida pelo hábito, a prática cons-
tante das virtudes.
7
2. Ética: da Modernidade à atualidade 
Da Modernidade ao pensamento contemporâneo, a Ética incorporou novos conceitos e problemas relacionados à 
moral. Houve também críticas ao caráter absoluto da moral e à criação de um ramo específico de estudos para tratar de 
questões polêmicas, relativas à vida: a Bioética.
Dever e lei moral: imperativo categórico 
No século XVIII, Immanuel Kant afirmou que a moralidade deveria se orientar por princípios universais, que serviriam de 
referência para as ações de qualquer indivíduo, em qualquer circunstância. Ele julgava a razão fundamental para a escolha 
do agir correto, por motivar o indivíduo com base em causas internas. Já as ações movidas por inclinações externas, como 
paixões, impulsos, apetites e fúrias, eram por ele consideradas irracionais e, portanto, não morais.
Para Kant, o dever era o fundamento da ação moral. Ele destacou a existência de imperativos hipotéticos, leis obrigatórias 
para se atingirem determinados fins, e de imperativos categóricos, leis definidas como fins em si mesmas. Segundo o filósofo, 
o imperativo categórico da moralidade consistia em agirsempre de modo que sua ação possa ser universalizada e tomando 
o ser humano como fim, jamais como um meio para a satisfação de interesses pessoais. 
Utilitarismo e cálculo ético 
A ética utilitarista surgiu no século XVIII. Para seus representantes, a avaliação da moralidade das ações humanas deveria se 
basear em suas consequências práticas. Seria moral a ação que pudesse trazer a felicidade geral, ou seja, o bem-estar do maior 
número possível de pessoas. Logo, a infelicidade da minoria seria aceitável, desde que resultasse na felicidade geral. Sendo 
assim, foram propostos cálculos para mensurar os benefícios que as ações poderiam gerar. 
Um dos principais utilitaristas, Jeremy Bentham acreditava que a felicidade geral dependia da obediência dos cidadãos 
ao Estado. Por isso, propôs o pan-optismo, que consistia na construção de edifícios cuja arquitetura possibilitasse a vigilância 
constante dos indivíduos para inibir ações contrárias às leis e regras.
Transvaloração 
No século XIX, Friedrich Nietzsche criticou de forma bastante severa as correntes éticas de influências racionalista e 
cristã. Dedicou-se a empreender uma genealogia da moral, ou seja, buscou a origem histórica dos valores morais tradi-
cionalmente aceitos. Então, propôs a transvaloração, ou 
seja, a inversão dos valores vigentes, a fim de submeter a 
moral à vida e à natureza. 
Para Nietzsche, a força vital, impulso criador denomi-
nado vontade de potência, era o único valor absoluto. 
Logo, de acordo com esse princípio, o filósofo defendeu 
o que denominou a moral dos fortes, ou seja, daqueles 
que agem com nobreza, excelência e força, aceitando 
com alegria a transitoriedade da vida. Em contraposição, 
Nietzsche se referiu à moral vigente como a moral dos 
fracos – também chamada por ele de moral de rebanho 
ou de escravos. Criticou-a por nivelar os seres humanos, 
ignorando a diferença de forças entre eles, e também por 
considerar que as ações devem ser movidas pelo dever e 
pela obediência.
 Descartes propôs a moral provisória, até alcançar um sistema moral 
definitivo. Séculos mais tarde, Nietzsche propôs a inversão dos 
valores da moral ocidental (transvaloração).
©
Cr
ea
tiv
e 
Co
m
m
on
s/
Fl
ic
kr
/A
nd
y 
Ny
st
ro
m
8 Livro de Revisão 2
Filosofia
Existencialismo 
O existencialismo é uma corrente filosófica do século 
XX que surgiu diante das incertezas de um momento his-
tórico marcado por circunstâncias como a expansão do 
capitalismo, as grandes guerras, o holocausto, a Guerra 
Fria. Existencialistas cristãos e ateus refletiram sobre dife-
rentes aspectos da existência humana, tais como a finitude, 
a liberdade, a angústia. Nesse contexto, o ser humano foi 
definido como um projeto inacabado, que se constrói a 
cada instante por meio de suas escolhas, sendo responsá-
vel por elas diante de si mesmo e da humanidade.
Jean-Paul Sartre 
Jean-Paul Sartre foi um dos principais representantes do 
existencialismo ateu. Ele afirmava que a “existência precede a 
essência”, o que equivale a dizer que somente depois de exis-
tir é que o ser humano pode definir a própria essência. Ele 
é livre para fazer suas escolhas e definir-se como indivíduo; 
é um projeto aberto à possibilidade de se inventar a cada 
instante. No entanto, é irremediavelmente responsável por 
seus atos. Afinal, para Sartre, o ser humano é delimitado pela 
condição humana – estar no mundo, trabalhar, conviver e ser 
mortal –, mas está condenado a ser livre, ou seja, a construir 
sua própria essência por meio das escolhas que faz. 
Simone de Beauvoir 
Dedicando-se a reflexões de caráter existencialista, a filó-
sofa Simone de Beauvoir problematizou a condição feminina 
na sociedade. Concluiu que “não se nasce mulher, torna-se 
mulher”. Isso significa dizer que os padrões estabelecidos 
sobre o que define a mulher são construções culturais, que 
resultam em estereótipos. No entanto, a mulher não deve se 
sujeitar aos padrões culturais impostos a ela, mas, sim, assu-
mir a liberdade de fazer suas próprias escolhas. 
Martin Heidegger 
Martin Heidegger, filósofo do século XX, não se con-
siderava existencialista, mas empreendeu uma analítica 
existencial, ou seja, uma investigação rigorosa em busca de 
compreender o significado da existência humana. Afirmou 
que o dasein ou ser-aí (ser humano) é um projeto aberto às 
possibilidades, num contínuo fazer-se a si mesmo. Estando 
no mundo, o dasein é o único ente capaz de construir e 
assimilar diferentes significações do mundo. 
Além disso, existindo, compreende-se, assume-se e 
questiona a imposição de forças exteriores. No entanto, 
Heidegger alertou sobre a fuga do pensamento, crescente 
desde a Modernidade.
Banalidade do mal 
Ainda no século XX, a pensadora alemã de origem 
judaica Hannah Arendt questionou o que gera situações 
como o genocídio ocorrido na Segunda Guerra Mundial. 
Ao testemunhar o julgamento de Adolf Otto Eichmann, res-
ponsável pela morte de milhares de judeus em campos de 
concentração, observou que, em vez de um monstro, ele se 
mostrava um homem comum, que cumpria as ordens do 
Partido Nazista, sem questioná-las. A falta de reflexão e senso 
crítico de Eichmann inspirou a criação do conceito de bana-
lidade do mal. Por meio dele, Arendt ressaltou que, ao abrir 
mão do pensamento crítico, ignorando as consequências de 
suas ações, qualquer um pode cometer atrocidades. 
Ética discursiva 
Jürgen Habermas, também alemão de origem judaica, 
trouxe uma nova perspectiva para a Ética racionalista, com o 
conceito de razão comunicativa. Assim como Kant, ele acre-
ditava que o ser humano deve ser visto como um fim, e não 
como meio, para a satisfação de interesses pessoais. Assim, 
propôs uma Ética discursiva, ou seja, fundamentada no bem 
da coletividade e no diálogo argumentativo, capaz de ava-
liar, problematizar e legitimar as ações e as normas humanas. 
Segundo Habermas, o diálogo, orientado pela Ética discur-
siva, deve levar em conta a igualdade de todos quanto ao 
direito e à liberdade de se expressar e de problematizar a 
convicção dos outros, sem sofrer nenhuma forma de coação.
Cuidado de si 
Michel Foucault propôs uma ética pautada pelo cuidado 
de si, retomando esse conceito da Antiguidade grega e o 
ressignificando. Segundo Foucault, o sujeito deve se dedicar 
constantemente à prática do cuidado de si, em busca do 
autoconhecimento, por meio do exame de suas atitudes e 
pensamentos. Nesse processo, poderá distinguir os próprios 
desejos e aqueles que lhe são impostos. Portanto, o cuidado 
de si é um modo de libertar-se das formas de dominação e 
alcançar o poder sobre si mesmo.
9
Direitos humanos 
A reflexão sobre os direitos humanos tem grande 
relevância na Ética contemporânea. Entre os filósofos 
que se dedicam a essa reflexão, encontra-se Fernando 
Savater. De acordo com ele, o fundamento da Ética é o 
amor-próprio, a busca do ser humano por conservar-se, 
potencializar suas capacidades e perpetuar-se, resistindo 
à certeza da morte e entregando-se à vida. Além disso, 
Savater apresenta uma visão positiva do individualismo, 
por considerar que a virtude é praticada individualmente. 
No entanto, destaca a importância de que todos vejam 
a si e aos demais como sujeitos de direitos referentes às 
necessidades e às liberdades humanas.
Princípio de igualdade
Bioética é o ramo da Ética que investiga as consequên-
cias da intervenção humana nos diversos âmbitos da vida. 
Também promove reflexões relacionadas aos direitos das 
minorias, de pessoas com autonomia limitada e de seres 
vivos não humanos. 
Um de seus representantes, o filósofo Peter Singer, 
defende a ideia de que todos os indivíduos têm os mesmos 
direitos, independentemente das diferenças entre eles. 
Considera que o princípio da igualdade diz respeito à forma 
como devemos tratar os outros, humanos e não humanos, 
sejam quais forem suas capacidades individuais. 
1. (UEM – PR)
“Todo ser humano tem um direito legítimo 
ao respeito de seus semelhantes e está, por sua 
vez, obrigadoa respeitar todos os demais. A 
humanidade ela mesma é uma dignidade, pois o 
ser humano não pode ser usado meramente como 
um meio por qualquer outro ser humano (quer 
por outros, quer, inclusive, por si mesmo), mas 
deve sempre ser usado ao mesmo tempo como 
um fim. [...] não posso negar todo respeito sequer 
a um homem corrupto como um ser humano, 
não posso suprimir ao menos o respeito que lhe 
cabe em sua qualidade como ser humano, ainda 
que através de seus atos ele se torne indigno desse 
respeito.” 
KANT, I. A metafísica dos costumes. In: ARANHA, M. Filosofar com 
textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012. p. 261. 
 A partir do texto citado, assinale o que for correto.
01) Humilhar, agredir ou não tratar bem um criminoso 
não fere sua humanidade nem é uma usurpação dos 
direitos humanos.
02) Ao afirmar que o ser humano deve ser usado com 
um fim, o filósofo destaca o utilitarismo inerente à 
doutrina dos direitos humanos.
X 04) Respeitar a dignidade de todo ser humano é algo 
que não precisa, necessariamente, estar escrito em 
lei, pois é princípio inerente à convivência humana.
08) Os diversos tipos de criminosos, particularmente 
os corruptos, não merecem o respeito humano 
em função das consequências de seus atos para a 
sociedade.
X 16) A dignidade própria da condição humana não se 
anula com um crime, donde o respeito a essa condi-
ção mínima para todos os seres humanos.
 Somatório: 20 (04 + 16)
 Bioética é um ramo da Ética responsável por investigar os diversos 
aspectos ligados à vida. 
©
Sh
ut
te
rs
to
ck
/J
oh
an
 S
w
an
ep
oe
l
10 Livro de Revisão 2
Filosofia
2. (UFPA)
“Em minha opinião, o voto livre deve ser 
defendido por razões filosóficas. [...] Ao tornar 
o voto obrigatório, de algum modo é reduzido o 
grau de liberdade que existe por trás da decisão 
espontânea do cidadão de ir à seção eleitoral e 
escolher um candidato. Podemos afirmar que 
o voto obrigatório, constrangido pela lei, não é 
moral se comparado ao sufrágio livre, resultado 
da deliberação de um sujeito autônomo. E, para 
Kant, há uma identidade entre ser livre e ser 
moral.” 
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/
helioschwartsman/ult510u356288.shtml. (Texto adaptado)
 O autor do texto se manifesta contrário ao voto obriga-
tório e justifica sua posição tendo por base a Ética kan-
tiana. Do ponto de vista de Kant, o indivíduo ao votar 
constrangido pela lei não age moralmente porque 
a) a ação praticada não foi livre, na medida em que uma 
ação verdadeiramente livre deve visar à felicidade do 
indivíduo e não ao interesse do Estado. 
X b) é forçado, sem aprovação de sua vontade, a praticar 
um ato cujo móbil não é o princípio do dever moral. 
c) o seu voto não foi fruto de uma escolha consciente, 
mas sim motivado por ideologias partidárias. 
d) sua ação foi praticada por imposições do Estado e 
favorece candidatos desonestos, que podem comprar 
votos. 
e) agiu por imposição da lei jurídica e não da lei moral, 
que requer que sua escolha esteja comprometida com 
interesses externos ao sujeito. 
3. Explique em que consistia o princípio de utilidade, que 
fundamentava o utilitarismo, representado por Jeremy 
Bentham. 
O princípio de utilidade previa que o critério para aprovar ou rejeitar
uma ação fosse sua tendência a aumentar ou diminuir o bem-estar
das pessoas afetadas por ela. Portanto, ele fundamentava a 
avaliação da moralidade de uma ação no conceito de felicidade 
geral, equivalente ao bem-estar do maior número possível de
pessoas. 
4. Leia o texto a seguir.
[...] Nietzsche não vê outra saída para o futuro 
do homem a não ser a transvaloração dos valores, 
o que implica uma transmutação da maneira que 
o homem vive – uma nova maneira de viver que 
se alimenta de todo acontecer para diferenciar- 
-se, não pela representação da diferença, mas por 
uma potência da vida que, a cada retorno, não 
nos permite que sejamos o mesmo. [...]
FERREIRA, Amauri. Culpa, ressentimento e a inversão dos 
valores em Nietzsche. Revista Filosofia. Disponível em: <http://
filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/36/artigo141682-4.
asp>. Acesso em: 18 fev. 2016.
 Sobre o conceito de transvaloração, presente no pensa-
mento de Nietzsche e citado no texto, assinale a asser-
tiva correta:
a) Trata-se da negação de todo e qualquer valor moral 
em prol de uma vida plena de liberdade.
X b) A transvaloração é a negação da moralidade raciona-
lista e cristã, em favor da força vital do ser humano, 
liberada pelos aspectos dionisíacos da existência.
c) Nietzsche afirmou que o ser humano deve controlar 
os impulsos vitais para adquirir e praticar os valores 
morais legados pela tradição.
d) A transvaloração é a inversão dos valores morais tra-
dicionais, empreendida pela moral de rebanho, em 
busca da perfeição do ser humano.
5. Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Martin Heidegger 
são pensadores do século XX que exerceram grande 
influência na filosofia contemporânea. Com base em 
seus conhecimentos, assinale a assertiva que apresenta 
o que há em comum entre os pensamentos deles.
a) Influenciados pelo marxismo, defendiam a luta de 
classes para promover a revolução comunista contra 
a opressão do capitalismo.
b) Representando a Escola de Frankfurt, afirmavam que 
a ideologia capitalista do consumo era difundida por 
meio da indústria cultural.
X c) Tidos como representantes do existencialismo, consi-
deravam o ser humano um projeto aberto à existência 
e responsável por suas escolhas.
d) Alertavam que a falta de reflexão e de senso crítico 
leva o ser humano a banalizar o mal em suas ações.
móbil: aquilo que gera movimento.
11
6. O texto a seguir refere-se a um conceito de Hannah 
Arendt apresentado no livro Eichmann em Jerusalém.
Ao evidenciar no livro a “mediocridade” do réu, 
a autora formula o conceito de “banalidade do 
mal”. Ao depor, Adolf Eichmann disse que apenas 
cumpria ordens superiores e que achava uma 
desonestidade não cumprir a tarefa que lhe foi 
atribuída, ou seja, o extermínio sistemático dos 
judeus, na chamada “Solução Final”. Segundo 
Arendt, havia verdade naquela fala do oficial 
nazista condenado à morte por crimes contra a 
humanidade, em sentença proclamada no dia 15 
de dezembro de 1961: sem ser um desalmado 
ou paranoico, como acreditavam os ativistas 
judeus, tratava-se de um homem comum, porém 
desprovido da capacidade, presente na maioria 
dos indivíduos, de raciocinar por si próprio. 
SILVA, Sérgio Amaral. Hannah Arendt, pensadora da política e da 
liberdade. Revista Filosofia, São Paulo: Escala, 2014. Disponível 
em: <http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/28/
artigo210008-3.asp>. Acesso em: 18 fev. 2016.
 Sobre o conceito de “banalidade do mal”, no pensamento 
de Hannah Arendt, assinale a assertiva correta.
X a) Um ser humano comum pode cometer atrocidades 
como se fossem atitudes banais, caso abra mão do 
seu senso crítico.
b) O mal tornou-se banalizado por causa dos meios de 
comunicação de massas, que sistematicamente vei-
culam cenas de violência.
c) O mal torna-se banalizado quando um indivíduo passa 
a agir de forma violenta e agressiva.
d) A expressão “banalidade do mal” refere-se a uma 
situação específica da história da humanidade, que é 
a Guerra Fria.
7. Leia o texto a seguir.
Na Ética do Discurso, Habermas substitui o 
imperativo categórico kantiano por um método 
de argumentação moral que considera que uma 
norma somente é válida se ela foi formulada 
por meio de um discurso moral em que todos 
aqueles que forem afetados por ela tiveram 
participação. Esse filósofo garante assim que a 
universalização das normas seja alcançada por 
meio de um processo histórico e dialético. O 
princípio do discurso dá por resultado, contudo, 
que nenhum enunciado normativo é válido se 
não pode ser fundamentado por meio de um 
processo racional e argumentativo, de tal modo 
que as pretensões de validade devem consistir 
dos seguintes elementos: 
• verdade – o enunciadodeve ter relação com a 
realidade exterior da experiência; 
• retitude – o enunciado deve estar de acordo 
com as normas intersubjetivas em vigor e que 
surgiram a partir da interação entre os sujeitos; e 
• veracidade – a intenção expressa externamente 
deve estar de acordo com a realidade 
intersubjetiva do mundo interior daquela que 
a expressa.”
JESUS, Cristiano de. A comunicação para o bem social. 
Revista Filosofia, São Paulo: Escala. Disponível em: <http://
filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/71/artigo265284-3.
asp>. Acesso em: 18 fev. 2016.
 Sobre a ética discursiva de Jürgen Habermas, assinale a 
alternativa correta.
a) A ética discursiva trata da capacidade que um indiví-
duo tem de falar em público e expressar suas opiniões.
b) Para Habermas, uma pessoa só tem conduta moral se 
ela se expressar por meio do diálogo.
X c) A ética discursiva se realiza por meio de ações comu-
nicativas entre indivíduos e grupos na busca de cons-
truir e efetivar as normas e as regras que regem a 
conduta humana em prol da maioria.
d) Habermas afirmou que a ética discursiva é um método 
de convencimento da população para aceitar as nor-
mas e as regras da sociedade.
8. (UEM – PR)
“Foucault chamou a atenção para a dificuldade 
de construir uma ‘ética do eu’ em nossos dias, 
marcados pelo consumismo exacerbado, pelo 
culto do corpo nas academias e pela exaltação 
das imagens como propaganda, que poderiam 
levar a um hedonismo muito diferente daquele 
de Epicuro, preocupado apenas com os prazeres 
materiais e imediatos. Mas, ao mesmo tempo, 
afirmou que essa seria uma tarefa urgente, pois a 
única possibilidade de construir uma autonomia 
nos dias de hoje, resistindo aos poderes políticos, 
estaria numa relação consigo mesmo. [...] Em 
outras palavras: não viver submetido às regras 
morais que são impostas de fora, mas assumir-se 
sujeito de suas próprias escolhas, criar e construir 
sua vida. [...] É conhecendo a si mesmo e cuidando 
de si mesmo que cada um pode construir sua vida 
na relação com os outros. Uma ética do cuidado de 
si não implica, portanto, isolamento ou egoísmo.”
GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 
2013. p. 165. 
12 Livro de Revisão 2
Filosofia
 Segundo a afirmação [...], assinale o que for correto:
01) As éticas de Foucault e de Epicuro são equivalentes, 
pois valorizam o prazer material e o prazer sensível.
02) O cuidado de si está caracterizado pelo surgimento 
das academias de ginástica e de centros de estética.
X 04) Em nome da autonomia do indivíduo, Foucault afirma 
a necessidade de resistência ao poder do Estado.
08) A ética de Foucault, ao privilegiar o cuidado de si, 
desvaloriza o aspecto social, coletivo.
X 16) A autonomia do indivíduo frente aos mecanismos 
de controle é uma responsabilidade pessoal e 
intransferível.
 Somatório: 20 (04 + 16)
9. Leia o fragmento a seguir, da obra do filósofo contempo-
râneo Fernando Savater.
Como toda ideia moralmente relevante, os 
direitos humanos partem de um pressuposto 
[...], o pressuposto de que o que aproxima 
[...] todos os homens como indivíduos é mais 
digno de estima e perpetuação do que o que 
os diferencia como membros de diferentes 
comunidades políticas ou culturais. 
SAVATER, Fernando. Ética como amor-próprio. São Paulo: Martins 
Fontes, 2000. p. 301.
 Explicite o que há em comum entre a justificativa do texto 
para a defesa dos direitos humanos e a Ética kantiana.
O imperativo categórico kantiano previa que todo ser humano 
fosse tratado como um fim, e jamais como um meio, levando-se 
em conta que a humanidade é um traço comum entre indivíduos 
distintos. O mesmo princípio se revela no texto de Savater, que dá 
maior importância ao que aproxima os indivíduos, e não àquilo
que os distingue.
10. (UFSM – RS) Nós, seres humanos, geralmente nos 
tratamos uns aos outros como pessoas. Entre outras 
coisas, isso significa que nos consideramos portadores 
de direitos e não propriedade de alguém. Nas últimas 
décadas, diversos filósofos têm argumentado que alguns 
animais não humanos também devem ser tratados como 
pessoas, uma vez que, como nós, podem se comunicar, 
possuem algum grau de inteligência e são capazes de 
sentir sensações e emoções.
 Agora, coloque verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afir-
mativa a seguir.
( F ) O fato de alguém ser tratado como uma pessoa im-
plica que ninguém mais pode ser responsabilizado 
pelo que ela faz.
( V ) O fato de um animal não humano poder ser portador 
de direitos não implica que ele necessariamente te-
nha obrigações morais ou jurídicas perante os seres 
humanos.
( F ) Entre os seres humanos, apenas consideramos 
como portadores de direito aqueles que são capazes 
de se comunicar, exibir algum grau de inteligência e 
manifestar sensações e emoções.
 A sequência correta é:
a) F – F – F
b) F – V – V
c) V – V – F 
X d) F – V – F
e) V – F – V
11. (UFSM – RS) Revoltas e movimentos sociais, como os 
ocorridos recentemente no Brasil, estão frequentemente 
envolvidos no aperfeiçoamento da vida social e podem 
ter papel adaptativo. Na história da filosofia política 
moderna, alguns filósofos conceberam seres humanos 
como átomos individuais movidos por apetites ou desejos 
guiados pelo prazer e dor, sendo o apetite fundamental 
do homem a autopreservação. Numa situação de 
escassez de bens, com pessoas guiadas exclusivamente 
por desejos antecipadores de prazer e voltados à 
autopreservação, haverá, inevitavelmente, conflito social. 
Que alternativa(s) racional(is) soluciona(m) o conflito?
 I. Uso da força e violência.
 II. Uso da ideologia e controle da informação.
 III. Acordo e deliberação coletiva.
 IV. Apelo à tradição e costume.
 Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s)
a) I e II apenas.
b) I, II e III apenas.
X c) III apenas.
d) III e IV apenas.
e) IV apenas.
13
3. Filosofia Política: da Antiguidade ao Renascimento 
Pólis ideal 
Na Antiguidade, Platão escreveu A República, obra em 
que apresentou sua concepção de pólis (cidade) ideal. 
Segundo ele, a política ideal deveria fundamentar-se na 
dialética, método de raciocínio e diálogo que confrontava 
conceitos opostos em busca da verdade. Além disso, deve-
ria se orientar pelas ideias de bem e justiça para alcançar 
o bem comum. A forma de governo indicada para a pólis 
platônica era a monarquia (ou a aristocracia, o governo 
dos melhores), e o governante deveria ser o filósofo, o 
único capaz de alcançar os ideais de bem e justiça. 
Na pólis ideal, os indivíduos teriam papéis sociais fixos, 
conforme sua natureza. Haveria três classes sociais distin-
tas: governantes, guerreiros e produtores. A classe ade-
quada para cada indivíduo seria determinada por meio 
de um processo educativo conhecido como paideia. Pla-
tão relacionava as classes sociais com as partes da alma 
humana: a alma apetitiva (desejos) representava os produ-
tores; a irascível (coragem), os guerreiros; e a concupiscível 
(razão), os governantes. Assim como no autogoverno dos 
indivíduos, na pólis ideal, deveria ser respeitada a hierar-
quia entre as classes: os governantes deveriam orientar a 
atividade dos guardiões, e ambos, a dos produtores.
Animal político 
Aristóteles definiu o ser humano como animal político, 
por sua capacidade natural de se associar aos semelhantes 
e pela posse da linguagem. Essa tendência natural à polí-
tica teria levado o ser humano a fundar o Estado, definido 
como o conjunto de indivíduos e atos do governo, regidos 
por uma constituição que fosse capaz de promover a vir-
tude e o bem comum. Segundo Aristóteles, o Estado deve-
ria estar acima da família e do indivíduo. Além disso, ele 
tratou da justiça, classificando-a como: distributiva (relativa 
à divisão dos bens) e participativa (relativa à participação 
dos cidadãos no governo).
Ao contrário de Platão, Aristóteles aceitava a democra-
cia, julgando que, nessa forma de governo, os cidadãos, “os 
iguais”, poderiam contribuir com suas virtudes individuais 
para o bem comum. Eledesignava os cidadãos como “iguais”, 
pois, na democracia grega, a cidadania não era a condição 
de todos os membros da pólis, excluindo os menores de 
idade, as mulheres, as pessoas pobres e as escravizadas.
Cidade de Deus e Cidade 
dos homens 
Durante a Idade Média, prevaleceu no Ocidente o poder 
teocrático, caracterizado pela associação entre política e reli-
gião. Nesse contexto, Agostinho de Hipona afirmou que a 
história da humanidade era marcada pela oposição entre a 
Cidade de Deus e a Cidade dos homens. De acordo com ele, 
a Cidade de Deus, fundamentada no amor e representada 
pela Igreja, consistia na associação de pessoas voltadas aos 
fins divinos, cujo desejo era a paz celestial. Já a Cidade dos 
homens, fundamentada na concupiscência e representada 
pelos reinados terrenos, era a associação de pessoas volta-
das aos fins materiais, cujo desejo era a paz terrena.
Para Agostinho, a virtude individual significava a correta 
ordenação do amor com relação ao valor de cada objeto 
digno dele: a menor parte deveria se destinar aos elemen-
tos essenciais à sobrevivência; em seguida, viria o amor aos 
seres humanos e a maior parte deveria se destinar a Deus.
Filosofia Política é a área da Filosofia que investiga a vida humana em sociedade. Trata de questões como: formas de 
governar e de agir coletivamente, leis e obediência a elas, direitos humanos e justiça social, refletindo sobre os critérios 
para garantir a legitimidade das ações individuais e coletivas, bem como a efetivação dos direitos dos cidadãos.
 Aristóteles definia o ser humano como “animal político”, um ser 
racional, dotado de linguagem e sociabilidade.
©
iS
to
ck
ph
ot
o.
co
m
/V
LA
DG
RI
N
14 Livro de Revisão 2
Filosofia
Direito divino de governar 
Durante a Idade Média, acreditava-se que o direito de governar era instituído por Deus. Assim, o poder dos gover-
nantes era transmitido de forma hereditária, garantindo sua legitimidade. No Período Medieval, os papéis sociais eram 
fixos e a hierarquia entre eles deveria ser respeitada, por representar a ordem divina. Assim, a comunidade política era 
comparada simbolicamente ao corpo: a cabeça representava o governo (rei); o peito, as leis (magistrados e conselheiros); 
os membros superiores, a defesa (exército); os membros inferiores, o trabalho (camponeses e artesãos). 
Nesse período, Tomás de Aquino, influenciado por Aristóteles, defendeu a participação popular para o êxito do 
governo e a ideia de que os governantes deveriam praticar as virtudes para governar melhor. Segundo ele, as punições 
e as recompensas pelos atos dos indivíduos eram naturais. As leis, por sua vez, deveriam conduzir os seres humanos à 
beatitude. Por isso, ele as organizava de forma hierárquica, de acordo com a importância decrescente dos seus objetivos: 
lei divina, para a salvação; lei natural, para a conservação da vida; e leis humanas, para a utilidade comum. Além disso, 
Tomás de Aquino defendia o equilíbrio entre o poder temporal e o espiritual. Afirmava que o Estado não deveria neces-
sariamente se subordinar à Igreja, mas deveria inspirar-se nela para se aperfeiçoar. 
Ética X política 
Durante o Renascimento, houve, na Europa, a retomada de obras filosóficas da Antiguidade e, nesse período, surgi-
ram muitas críticas ao modelo político medieval. Isso se deu especialmente no que diz respeito à predestinação divina 
dos governantes, embora a defesa da obediência às leis divinas ainda preponderasse. Nesse contexto, Nicolau Maquiavel 
escreveu O príncipe, obra que expôs como se deveria governar, ressaltando que o Estado nasce do conflito de forças entre 
os que querem dominar e os que não querem ser dominados. Ele considerava legítimos os principados que estivessem a 
serviço do povo, fossem religiosos ou laicos, hereditários ou conquistados. 
De acordo com Maquiavel, a virtú, capacidade de aprovei-
tar a fortuna (sorte) em favor da conquista e da manutenção 
do poder, era indispensável ao governo. Além disso, conside-
rava a virtú, ou virtude política, independente da ética. Sendo 
assim, o príncipe poderia usar a força, a fraude ou a mentira, se 
isso fosse necessário para governar. Deveria agir com a “força 
do leão” e a “astúcia da raposa”, porém dissimulando as ações 
reprováveis, para não incitar o ódio do povo. Para Maquiavel, o 
governo era um fim em si mesmo, o que justificava os meios 
empregados para conquistar e manter o poder. Essa ideia 
ficou sintetizada na máxima “os fins justificam os meios”.
1. Leia o texto a seguir.
O que Platão propõe é, assim, aquilo que o professor de Nova York Nickolas Pappas insiste em seu livro 
sobre A República: o filósofo como um homem utópico, aquele que reúne o saber teórico de um scholar 
com o discernimento ético de um sábio. Ele estuda em direção a um campo abstrato, mas o seu saber é um 
saber para voltar ao mundo, ao cotidiano da cidade, para lidar com as questões mundanas e comezinhas 
da administração da polis. O rei-filósofo deverá fazer política.
GHIRALDELLI JR., Paulo. Platão e o rei-filósofo. 21 jun. 2008. Disponível em: <https://ghiraldelli.wordpress.com/2008/06/21/fran-foto/>. Acesso 
em: 25 fev. 2016.
 Segundo Maquiavel, para conquistar e manter o governo, o 
príncipe deveria agir com a “força do leão” e a “astúcia da raposa”.
©
Sh
ut
te
rs
to
ck
/n
ut
ria
aa
15
é representada pelos reinados seculares, por ser uma associação 
de pessoas que amam a si mesmas, ao ponto de desprezarem a 
Deus, e porque seus membros desejam a paz terrena, meramente 
em razão de seu apego aos bens terrenos. Segundo Agostinho, 
essas duas cidades coexistem, porém se distinguem por seus fins.
4. Leia o texto a seguir.
Ora, a ordem da justiça exige que os inferiores 
obedeçam aos superiores, pois, do contrário, 
a sociedade humana não poderia subsistir. Por 
onde, a fé de Cristo não dispensa os Cristãos de 
obedecerem ao poder secular. [...]
Estamos obrigados a obedecer ao poder 
secular na medida em que a ordem da justiça o 
exige. Portanto, aos que o detêm injustamente 
ou usurpado, ou mandam o que é injusto, não 
estamos, como súditos, obrigados a lhes obedecer; 
a não ser talvez por acidente, para evitar escândalo 
ou perigo. [...]
 Com base no texto e em seus conhecimentos, explique o 
posicionamento de Tomás de Aquino quanto à obediên-
cia e à desobediência dos súditos ao governante.
Para Tomás de Aquino, a obediência dos cristãos ao poder secular,
representado pelo governante, era instituída pela lei divina. Porém,
ele previa o direito de desobediência aos governos degenerados
e tirânicos, por sua desarmonia em relação a essa mesma lei. 
Afirmava que, nos casos em que o governante fosse eleito pelo 
povo, este poderia, inclusive, destituí-lo do poder.
5. (UEM – PR)
“Resta agora ver quais devem ser os modos e os 
atos de governo de um príncipe para com os súditos 
ou para com os amigos. E porque sei que muitos 
escreveram sobre isso, temo, escrevendo eu também, 
ser considerado presunçoso, sobretudo porque, 
poder secular: poder laico, independente da Igreja.
usurpado: adquirido por fraude.
 Na pólis ideal, Platão acreditava que o governante deve-
ria ser o rei filósofo. Qual é a justificativa para isso?
Segundo Platão, apenas os filósofos teriam condições de governar,
por sua disposição a buscar o conhecimento verdadeiro e a praticar
a virtude. O conhecimento da realidade inteligível, constituída por 
ideias como o belo, o bem e a justiça, distingue o filósofo dos 
demais cidadãos e faz dele o mais apto a buscar o bem comum. 
2. Sobre a Filosofia Política de Aristóteles, assinale a alter-
nativa correta:
a) Aristóteles defendia a ideia de que os filósofos deve-
riam governar, uma vez que somente eles seriam 
capazes de praticar a justiça e as virtudes.
X b) Aristóteles era a favor da democracia, pois acreditava 
que a soma das virtudes individuais era mais impor-
tante do que a virtude de um único representante.
c) Aristóteles defendia a teocracia, pois acreditava que 
os deuses do Olimpotinham o direito de governar as 
cidades-estados por intermédio dos governantes.
d) Aristóteles comparava o corpo político com o corpo 
humano: a cabeça representa o governante; o peito, 
os magistrados; os braços, o exército; as pernas, os 
trabalhadores e artesãos.
3. Leia o texto a seguir.
A célebre fórmula do Livro XIV [da obra Cidade 
de Deus] resume essa teologia da história: “Dois 
amores construíram duas cidades. O amor a si até 
o desprezo de Deus, a cidade terrestre. O amor a 
Deus até o desprezo de si, a cidade celeste. Uma 
se glorifica em si mesma, a outra no Senhor”. 
SANTO AGOSTINHO. Cidade de Deus, L. XIV, 28. In: BARAQUIN, 
Noela; LAFITTE, Jacqueline. Dicionário dos filósofos. São Paulo: 
Martins Fontes, 2007. p. 6.
 De acordo com Santo Agostinho, quais são as caracterís-
ticas da Cidade de Deus e da Cidade dos homens?
A Cidade de Deus tem como fundamento o amor, e a Cidade dos 
homens, a concupiscência. A Cidade de Deus é representada pela 
Igreja, por ser uma comunidade formada por pessoas que amam 
e glorificam a Deus, ao ponto de desprezarem a si mesmas, e por 
seus membros aspirarem à paz eterna. Já a Cidade dos homens 
16 Livro de Revisão 2
Filosofia
ao debater esta matéria, afasto-me do modo de 
raciocinar dos outros. Mas, sendo a minha intenção 
escrever coisa útil a quem a escute, pareceu-me 
mais convincente ir direto à verdade efetiva da coisa 
do que à imaginação dessa. E muitos imaginaram 
repúblicas e principados que nunca foram vistos, 
nem conhecidos de verdade.”
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009. p. 159.
 A partir do texto citado, assinale o que for correto.
01) Maquiavel defende uma teoria imaginária de 
governo, e não uma proposta real e factível.
02) Maquiavel afirma que as repúblicas e os principados 
nunca foram conhecidos de verdade.
04) Maquiavel se considera presunçoso por conhecer 
demais o tema.
X 08) Maquiavel propõe um discurso político que trate de 
coisas reais e possíveis no mundo da política.
X 16) Maquiavel propõe um discurso político que se volte 
para o comportamento do governante, para sua 
atuação e para o modo como ele deve se comportar 
no governo.
 Somatório: 24 (08 + 16) 
6. (UFU – MG) Maquiavel esteve empenhado na renovação 
da política em um período ainda dominado pela teologia 
cristã com os seus valores que atribuíam ao poder divino 
a responsabilidade sobre os propósitos humanos. Em sua 
obra mestra, O príncipe, escreveu:
“Deus não quer fazer tudo, para não nos tolher o 
livre-arbítrio e parte da glória que nos cabe”.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova 
Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 108.
 Assinale a alternativa que fundamenta essa afirmação de 
Maquiavel.
a) Deus faz o mais importante, conduz o príncipe até o 
trono, garantindo-lhe a conquista e a posse. Depois, 
cabe ao soberano fazer um bom governo subme-
tendo-se aos dogmas da fé.
X b) A conquista e a posse do poder político não é uma 
dádiva de Deus. É preciso que o príncipe saiba agir, 
valendo-se das oportunidades que lhe são favoráveis, 
e com firmeza alcance a sua finalidade.
c) Os milagres de Deus sempre socorreram os homens 
piedosos. Para ser digno do auxílio divino e alcançar 
a glória terrena, é preciso ser obediente à fé cristã e 
submeter-se à autoridade do papa.
d) Nem Deus nem o soberano são capazes de conquistar 
o Estado. Tudo que ocorre na História é obra do capri-
cho, do acaso cego, que não distingue nem o cristão 
nem o gentio. 
7. (UFU – MG)
A Itália do tempo de Nicolau Maquiavel (1469-
-1527) não era um Estado unificado como hoje, 
mas fragmentada em reinos e repúblicas. Na obra 
O Príncipe, declara seu sonho de ver a península 
unificada. Para tanto, entre outros conceitos, forjou 
as concepções de virtú e de fortuna. A primeira 
representa a capacidade de governar, agir para 
conquistar e manter o poder; a segunda é relativa aos 
“acasos da sorte” aos quais todos estão submetidos, 
inclusive os governantes. Afinal, como registrado na 
famosa ópera de Carl Orff: Fortuna imperatrix mundi 
(A Fortuna governa o mundo). Por isso, um príncipe 
prudente não pode nem deve guardar a palavra dada 
quando isso se lhe torne prejudicial e quando as 
causas que o determinaram cessem de existir.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril 
Cultural, 1973. p. 79-80.
 Com base nas informações acima, assinale a alternativa que 
melhor interpreta o pensamento de Maquiavel.
X a) Trata-se da fortuna, quando Maquiavel diz que “as cau-
sas que o determinaram cessem de existir”; e de virtú, 
quando Maquiavel diz que o príncipe deve ser “prudente”.
b) Trata-se da virtú, quando Maquiavel diz que as “causas 
mudaram”; e de fortuna, quando se refere ao príncipe 
prudente, pois um príncipe com tal qualidade saberia 
acumular grande quantidade de riquezas.
c) Apesar de ser uma frase de Maquiavel, conforme o texto 
introdutório, ela não guarda qualquer relação com as 
noções de virtú e fortuna.
d) O fragmento de Maquiavel expressa bem a noção de 
virtú, ao dizer que o príncipe deve ser prudente, mas não 
se relaciona com a noção de fortuna, pois em nenhum 
momento afirma que as “circunstâncias” podem mudar.
e) A fortuna, para Maquiavel, representa os acasos 
da sorte que, se bem aproveitados, se tornam virtú. 
Portanto, trata-se de fortuna quando o texto diz “as 
causas que o determinaram cessem de existir” e de 
virtú, quando se trata da conduta prudente do príncipe. 
17
4. Filosofia Política Moderna e Contemporânea
Pacto social e 
jusnaturalismo 
No início da Modernidade, as Grandes Navegações 
possibilitaram o contato com povos e culturas do Novo 
Mundo, cujos modos de vida provocaram curiosidade 
e perplexidade entre os europeus, o que contribuiu para 
que questionassem como se deu a passagem do estado de 
natureza para o estado civil. Nesse contexto, surgiu o jusna-
turalismo, corrente filosófica que abordou os conceitos de 
estado de natureza, direito natural e leis naturais. 
Para explicar a passagem do estado de natureza ao 
estado civil, os pensadores jusnaturalistas recorreram à 
hipótese do pacto social (ou contrato social). Por meio dele, 
os indivíduos teriam renunciado à liberdade individual em 
favor de sua autopreservação, passando a fazer parte de 
um corpo social, regido por um governo. Essa linha de pen-
samento ficou conhecida como contratualismo.
Thomas Hobbes 
No século XVII, Thomas Hobbes afirmou que, no estado 
de natureza, não haveria lei, nem justiça, nem direito à pro-
priedade, o que ocasionaria medo e insegurança. Ele des-
creveu o estado de natureza como uma “guerra de todos 
contra todos”, condição em que imperavam a violência e a 
disputa em nome de interesses particulares. 
Segundo Hobbes, para superar a instabilidade do estado 
de natureza e garantir a autopreservação, os seres humanos 
teriam celebrado o pacto social, por meio do qual renuncia-
ram igualmente à liberdade individual em prol de um sobe-
rano conhecido e respeitado por todos. O soberano passou 
a ser responsável por governar e estabelecer leis civis para 
assegurar aos indivíduos o direito de preservar sua vida, a 
justiça e a propriedade. E, para defender o cumprimento do 
pacto, ele poderia empregar a força e a coerção. 
 Estudiosos do pensamento de Hobbes resumiram sua visão do 
estado de natureza por meio da máxima “o homem é lobo do 
próprio homem”.
John Locke 
Ao contrário de Hobbes, John Locke descrevia o estado 
de natureza como uma condição de liberdade e igualdade 
entre os indivíduos, protegidos pelo direito natural (direito 
de preservar a vida, a liberdade e a propriedade) e pela lei 
natural (o dever de preservar-se). Os conflitos entre eles 
teriam iniciado com a acumulação de riquezas, levando à 
instituição do pacto social e do estado civil, para garantir a 
efetivação do direito natural.
Segundo Locke, caberia ao Estado garantir a preservação 
dos indivíduos, bem como sua própria manutenção, além 
de punir crimes cometidos contraas leis naturais e civis. 
Ademais, o filósofo propôs a divisão do poder em Legislativo 
(responsável pela criação das leis) e Executivo (responsável 
por assegurar o cumprimento das leis). Ele é considerado o 
fundador do liberalismo, doutrina que defende o direito à 
liberdade política e econômica, bem como a independência 
da economia com relação ao Estado.
Montesquieu 
Entre os séculos XVII e XVIII, o Barão de Montesquieu 
afirmou que o estado de natureza era marcado pela fra-
queza e pelo medo dos indivíduos, o que os levou a se unir 
A transição da Idade Média para a Moderna foi marcada por profundas transformações sociais, econômicas e políticas 
na Europa. O declínio do sistema feudal, o enfraquecimento do poder da Igreja e a formação dos Estados Nacionais foram 
algumas dessas mudanças, que contribuíram para o surgimento de novas formas de pensar a política. Nesse contexto, 
diversos pensadores apresentaram reflexões sobre a origem e a legitimidade do poder.
©
iS
to
ck
ph
ot
o.
co
m
/h
ak
oa
r
18 Livro de Revisão 2
Filosofia
em sociedade, adquirindo força para disputar interesses entre 
si e com outros grupos. Para ele, as leis naturais eram harmô-
nicas e de origem divina, mas nem sempre respeitadas. Por 
isso, houve a necessidade de instaurar o pacto social, garan-
tindo, inclusive, punições para o não cumprimento das leis. 
Montesquieu descreveu três tipos de governo: a república 
(o povo ou parte dele tem poder soberano), a monarquia 
(governo de um homem só, regido por leis fixas) e o despo-
tismo (governo de um homem só, sem lei nem regras). Ele 
considerava a república e a monarquia governos moderados, 
mas alertava para a possibilidade de se tornarem despóticos. 
Para evitar esse risco, Montesquieu defendia a instituição de 
três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Jean-Jacques Rousseau 
No século XVIII, Jean-Jacques Rousseau afirmou que 
o estado de natureza era marcado pela liberdade, pela 
inocência e pela predisposição natural dos indivíduos à 
autopreservação e à compaixão. Essa visão otimista ficou 
conhecida como o “mito do bom selvagem”. Para Rousseau, 
o surgimento da propriedade privada gerou conflitos que 
levaram à instituição de um estado de sociedade marcado 
por insegurança, violência e corrupção. Esse contexto 
induziu os indivíduos a renunciar ao seu poder pessoal em 
favor da vontade geral, por meio do contrato social, o que 
resultou em uma associação de cidadãos capaz de exercer 
o poder em prol do corpo político, o estado civil.
Immanuel Kant 
No século XVIII, Immanuel Kant refletiu sobre o contra-
tualismo. Afirmou que o estado civil deveria garantir as liber-
dades individuais de acordo com as leis civis para um bom 
convívio em comunidade. Além disso, abordou a questão 
do conflito entre os Estados. Para solucioná-lo, Kant propôs o 
cosmopolitismo, ou seja, o estabelecimento de uma liga ou 
federação que unisse os Estados numa “república mundial”.
Estado soberano 
Para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo do século XIX, 
os indivíduos só atingiam a liberdade quando inseridos no 
Estado, como membros de um organismo político e ético. Para 
o filósofo, essa liberdade era a realização da ética e da razão. 
De acordo com ele, a origem do Estado estaria na dialética, e 
não no contrato social, já que as contradições sociais geravam 
sínteses, que formavam novas contradições e novas sínteses. 
Sendo assim, Hegel via o Estado como a maior realização 
do espírito humano e, por isso, afirmava que ele deveria ser 
soberano. Afirmava ainda que a monarquia constitucional era 
a melhor forma de governo, uma vez que ele considerava o 
monarca e a Constituição como manifestações do Estado.
Luta de classes, ideologia e 
revolução 
Karl Marx e Friedrich Engels fizeram uma crítica severa ao 
capitalismo do século XIX. Eles definiam o ser humano como 
um ser histórico, que produz suas próprias condições de vida 
por meio do trabalho. A história, por sua vez, seria uma cons-
trução dialética, resultante das lutas entre classes sociais com 
interesses opostos. Na era do capitalismo industrial, essas 
classes eram a burguesia (proprietária dos meios de produ-
ção) e o proletariado (os trabalhadores operários). 
Analisando criticamente a sociedade capitalista, esses filó-
sofos verificaram que o operário produzia a mercadoria, à qual 
era atribuído um valor de troca considerando as horas traba-
lhadas para produzi-la. Porém, o operário recebia apenas uma 
parte desse valor, e o restante, a mais-valia, constituía o lucro 
dos industriais. Assim, ocorria a alienação, pois o operário não 
podia obter a mercadoria que ele mesmo produziu. Para aca-
bar com a opressão da burguesia sobre o proletariado, Marx e 
Engels propuseram a revolução comunista, por meio da qual 
os trabalhadores desmontariam o poder jurídico, burocrático, 
policial e militar do Estado, para, em seguida, instaurar a dita-
dura do proletariado. Só então seria possível a construção de 
uma sociedade comunista, justa e igualitária.
Cidadania 
No século XX, Hannah Arendt afirmou que o sentido da 
política estava na liberdade. Ao investigar regimes totalitá-
rios do século XX, como nazismo, fascismo e comunismo, 
verificou neles a ausência de liberdade. Ela também anali-
sou a condição humana, identificando três formas de ativi-
dades exercidas pelos seres humanos: 
 • labor – ligado aos processos biológicos do corpo 
para a sobrevivência;
 • trabalho ou fabricação – processo de produção de 
bens duráveis por meio do trabalho;
 • ação – atuação política do ser humano na esfera 
pública para fundar e manter as instituições.
19
Arendt observou que, na Antiguidade grega, a ação tinha destaque e se realizava no espaço público, enquanto o labor 
e a fabricação ocorriam no espaço privado. Na Idade Média, a valorização da vida contemplativa manteve as três atividades 
em segundo plano. Por fim, desde a Modernidade, a ação deixou de fazer parte do espaço público, o qual passou a ser 
ocupado pelo trabalho e pelo labor.
Poder disciplinador e biopoder 
No século XX, o filósofo Michel Foucault investigou o poder, em busca de 
sua genealogia. Essa investigação resultou na descrição de duas formas de 
poder exercidas desde a Modernidade:
 • poder disciplinador – controla os desejos e o corpo dos indivíduos, com 
base em uma noção preestabelecida de normalidade. Aqueles que não 
se encaixam nesse padrão de normalidade devem ser tratados clinica-
mente, como exemplifica o tratamento dado à loucura, a qual afronta a 
concepção moderna de razão.
 • biopoder – exercido com base na relação saber-poder, controla as popu-
lações quanto aos nascimentos, às mortes e à saúde de seus membros.
Segundo Foucault, o poder encontra-se diluído nas sociedades, em forma 
de micropoderes voltados à normalização dos comportamentos. Porém, deve-
riam ser minados por meio da resistência a eles. Essa resistência possibilitaria 
aos indivíduos o exercício da liberdade e, consequentemente, a construção de 
suas próprias subjetividades.
1. (UFSM – RS) Analise e complete o esquema filosófico 
correspondente ao caráter natural ou artificial da socie-
dade humana.
 Assinale a sequência correta.
a) Platão – Hobbes
b) Aristóteles – Rousseau
X c) Aristóteles – Hobbes
d) Aristóteles – Spinoza
e) Platão – Rousseau
2. (UFU – MG) Com base em seus conhecimentos e no texto 
abaixo, assinale a alternativa correta, segundo Hobbes.
[...] a condição dos homens fora da sociedade 
civil (condição esta que podemos adequadamente 
chamar de estado de natureza) nada mais é do 
que uma simples guerra de todos contra todos na 
qual todos os homens têm igual direito a todas 
as coisas; [...] e que todos os homens, tão cedo 
chegam a compreender essa odiosa condição, 
desejam [...] libertar-se de tal miséria.
HOBBES, Thomas, Do Cidadão, Ed. Martins Fontes, 1992.
 Segundo Foucault, o poder disciplinador 
atua sobre o corpo, a fim de “normalizar” os 
indivíduos.
©
Sh
ut
te
rs
to
ck
/O
lly
y
20 Livro de Revisão 2Filosofia
a) O estado de natureza não se confunde com o estado 
de guerra, pois este é apenas circunstancial, ao passo 
que o estado de natureza é uma condição da existên-
cia humana.
X b) A condição de miséria a que se refere o texto é o 
estado de natureza ou, tal como se pode compreen-
der, o estado de guerra.
c) O direito dos homens a todas as coisas não tem como 
consequência necessária a guerra de todos contra 
todos.
d) A origem do poder nada tem a ver com as noções de 
estado de guerra e estado de natureza.
3. (UFU – MG)
Ser vítima de bala perdida é o maior medo atual 
dos cariocas e moradores da região metropolitana 
do Rio. Foi o que responderam 57% dos 4.500 
entrevistados em levantamento do ISP (Instituto 
de Segurança Pública), órgão ligado à Secretaria 
de Segurança do Rio, divulgado na tarde desta 
terça-feira. [...] um quinto dos entrevistados 
(21,7%) foi vítima de um dos 21 tipos de crimes 
elencados na pesquisa (agressão, furto...).
BELCHIOR, L. Mais da metade dos moradores do RJ não confia na 
PM. In: Folha Online, 19/08/2008.
 Estatísticas como essas retratam a situação de medo e 
de insegurança geral vivenciada nas metrópoles brasi-
leiras e conferem atualidade a teorias como a do filó-
sofo Thomas Hobbes. Para ele, a função do Estado e do 
corpo político é a de garantir a paz e o direito de cada 
um à vida, impedindo o desencadeamento natural da 
guerra de todos contra todos.
 A partir da leitura das informações acima, responda às 
seguintes perguntas.
a) De acordo com Hobbes, os seres humanos são natu-
ralmente sociáveis? Justifique sua resposta.
Para Thomas Hobbes, os seres humanos não são naturalmente
sociáveis. No estado de natureza, eles detêm um poder 
ilimitado e o direito a tudo, de modo que só passam a viver 
em sociedade por meio de um artifício. Em decorrência de 
constantes conflitos, o medo e o desejo de paz levam-nos a 
fundar um estado social e a autoridade política, abdicando de 
seus direitos individuais em favor do soberano.
b) Quais seriam, para esse filósofo, as principais carac-
terísticas do homem em estado de natureza?
Segundo Hobbes, no estado de natureza, os indivíduos viveriam
isolados e em luta constante, prevalecendo os interesses
egoístas e vigorando a guerra de todos contra todos. A situação
dos seres humanos entregues a si próprios seria a anarquia, 
geradora de insegurança, angústia e medo, tornando cada
homem um “lobo” para outro homem.
c) Tendo em vista o fragmento da reportagem publicada 
pelo jornal Folha Online, é correto dizer que o Estado, 
hoje, do ponto de vista hobbesiano, cumpre sua obri-
gação em relação aos cidadãos?
O Estado não cumpre suas obrigações em relação aos cidadãos, 
porque, entre os motivos que levam os seres humanos a 
realizar o pacto social, está o desejo de garantir sua vida e seus
bens, superando os conflitos típicos do estado de natureza. Nas
regiões em que domina a violência urbana, a vida dos cidadãos
está em constante perigo (como exemplificam as agressões
e balas perdidas) e seus bens não são garantidos pelo Estado 
(ocorrendo, por exemplo, furtos, roubos e cobranças de “taxas”
realizadas por traficantes ou milícias).
4. (UFU – MG) John Locke (1632-1704) elaborou algumas 
teorias sobre filosofia política que permitem colocá-lo 
entre o grupo dos “contratualistas”, ainda que esta defi-
nição não seja suficiente para classificar corretamente 
estes filósofos. Leia o texto abaixo e, com base nele e 
em seus conhecimentos sobre a filosofia de John Locke, 
responda às questões que se seguem.
A única maneira pela qual uma pessoa qualquer 
pode abdicar de sua liberdade natural e revestir- 
-se dos elos da sociedade civil é concordando com 
outros homens em juntar-se e unir-se em uma 
comunidade, para viverem confortável, segura e 
pacificamente uns com outros, num gozo seguro 
de suas propriedades e com maior segurança 
contra aqueles que dela não fazem parte.
LOCKE, Dois tratados sobre o governo. Tradução de Julio Fischer. 2. ed. 
São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 468.
21
 Sobre o contratualismo de Locke, responda:
a) Qual é o instrumento que opera a passagem desse 
estado de natureza para o estado civil? Explique sua 
característica principal.
O instrumento é denominado contrato social ou pacto social. 
Sua principal característica é a existência de um acordo entre 
os participantes que se reúnem para criar um poder comum 
que defenda sua vida e suas propriedades.
b) Essa passagem para o estado civil ocorre pela vontade 
dos mais fortes que obrigam os mais fracos, ou por livre 
consentimento de cada um para formar o corpo político?
A passagem do estado de natureza para o estado civil ocorre 
por livre consentimento. Uma vez realizado o pacto, seus 
membros devem ser obrigados a cumprir a palavra dada e a 
obedecer às leis civis. No entanto, o limite dessa obediência 
é dado pela proteção da vida e dos bens de cada um. Logo, 
o Estado deve contar com um aparato jurídico, que assegure 
proteção aos participantes.
c) Qual trecho do texto citado pode fundamentar sua 
resposta?
O trecho que fundamenta a resposta é: “[...] concordando com 
outros homens em juntar-se e unir-se em uma comunidade”. 
5. (UFU – MG) Leia o texto abaixo.
“Locke vai estabelecer a distinção entre a socie-
dade política e a sociedade civil, entre o público e 
o privado, que devem ser regidos por leis diferen-
tes. Assim o poder político não deve, em tese, ser 
determinado pelas condições de nascimento, bem 
como o Estado não deve intervir, mas sim garantir 
e tutelar o livre exercício da propriedade, da pala-
vra e da iniciativa econômica.”
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: 
Moderna, 1986. p. 248.
 Marque a alternativa que interpreta esse texto corretamente.
a) As leis que regem a sociedade civil e a sociedade polí-
tica devem ser, rigorosamente, as mesmas.
X b) A distinção entre a sociedade política e a sociedade 
civil fundamenta o direito à liberdade dos indivíduos, 
pois mesmo que pertençam a um corpo político per-
manecem livres.
c) O poder político deve ser determinado pelo nasci-
mento dos cidadãos.
d) Quando adentra a sociedade, o indivíduo abre mão de 
sua liberdade, de seus bens e de suas propriedades, 
que passam a ser controlados somente pelo Estado.
6. (ENEM)
É verdade que nas democracias o povo pare-
ce fazer o que quer; mas a liberdade política não 
consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em 
mente o que é independência e o que é liberdade. 
A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis 
permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o 
que elas proíbem, não teria mais liberdade, por-
que os outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo: Editora Nova 
Cultural, 1997 (adaptado).
 A característica de democracia ressaltada por 
 Montesquieu diz respeito
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao 
tomar as decisões por si mesmo.
X b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à con-
formidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, 
nesse caso, livre da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é 
proibido, desde que ciente das consequências.
e) ao direito de o cidadão exercer sua vontade de acordo 
com seus valores pessoais.
7. (UEM – PR)
“Suponho os homens chegados ao ponto em que 
os obstáculos prejudiciais à sua conservação no 
estado natural os arrastam, por sua resistência, sobre 
as forças que cada indivíduo pode empregar para se 
manter em tal estado. Então esse estado primitivo 
não pode mais subsistir, e o gênero humano pereceria 
se não mudasse sua maneira de ser. Ora, como é 
impossível aos homens engendrar novas forças, mas 
apenas unir e dirigir as existentes, não lhes resta 
22 Livro de Revisão 2
Filosofia
outro meio para se conservarem senão formar, por 
agregação, uma soma de forças que possa vencer a 
resistência, pô-los em movimento por um único 
móbil e fazê-los agir em concerto. [...] ‘Encontrar uma

Continue navegando

Outros materiais