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Apostila de parasitologia e protozoologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 
Introdução à Parasitologia & Protozoologia: 
 Protozoários Intestinais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Dra. Luciana M. de Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
Objetivos da aula: Ao finalizar essa aula o aluno deverá ser capaz de definir o conceito de 
parasitismo e os termos mais utilizados em parasitologia, assim como reconhecer as principais 
características e adaptações ocorridas durante a evolução do parasitismo nos diferentes taxa. Além 
disso, o aluno deverá aprender sobre as características dos protozoários em geral e as dos 
protozoários intestinais. 
 
 
INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 
 
Todas as espécies de seres vivos apresentam certo grau de interação com outras espécies que 
ocupam um mesmo ecossistema. Essas relações podem ter resultados positivos ou negativos para as 
espécies que interagem entre si. 
A simbiose e o comensalismo são exemplos de relação ecológica positiva. Na simbiose 
ambas as espécies envolvidas se beneficiam e dependem uma da outra para sobreviver. No 
comensalismo uma única espécie se beneficia sem causar prejuízos à outra nem desenvolver 
dependência. E, o parasitismo é um exemplo de relação ecológica negativa na qual uma espécie 
se beneficia (parasito) causando algum tipo de prejuízo (danos) para a outra espécie envolvida 
(hospedeiro) (Figura 01). Isto é, o parasito é dependente do hospedeiro para obter alimento, abrigo 
e, ou completar seu ciclo de desenvolvimento. Assim, podemos definir parasito como um organismo 
que vive à custa de outro (de acordo com a etimologia: para = ao lado + sito = alimento). 
G
ra
d
u
aç
ão
 
d
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s 
 p
re
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o
s 
 (
%
)
Nº de espécies beneficiadas
0
100
0 1
50
2
Parasitismo
Comensalismo
Simbiose
 
Figura 01. Desenho esquemático comparando as relações ecológicas de simbiose, comensalismo e 
parasitismo. 
 
O parasitismo também pode ser considerado um tipo de micropredação, pois muitos 
indivíduos da espécie parasitária se alimentam de células / tecidos de um indivíduo de outra espécie 
(que é expressivamente maior em termos de massa corporal). 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
As espécies parasitárias possuem fatores de virulência que as tornam capazes de invadir, se 
estabelecer e se reproduzir em hospedeiros susceptíveis imunocompetentes (indivíduos que 
produzem resposta imunológica contra tais parasitos), causando-lhes patologias. Portanto, os 
parasitos são também denominados de agentes patogênicos. 
Apesar da maioria das espécies comensais se beneficiarem da associação com outras 
espécies sem causar-lhes prejuízos, algumas espécies comensais também podem causar patogenias 
em situações específicas (e.g.: imunossupressão do hospedeiro), sendo considerados, nesses casos, 
como parasitos oportunistas. 
 O parasitismo evoluiu de forma independente em diversos taxa, desde os protistas até os 
organismos metazoários (vírus, bactérias, plantas, fungos, protozoários, helmintos, artrópodes, 
aves). Apesar da evolução independente, algumas adaptações à vida parasitária aparecem em vários 
taxa. Podemos classificar tais adaptações como morfológicas, fisiológicas e biológicas. 
 Adaptações morfológicas: hipertrofia (aumento), atrofia (degeneração) ou perda de 
organelas/órgãos devido ao processo de coevolução entre parasito-hospedeiro, por exemplo: 
 hipertrofia de órgão de fixação (e.g.: ventosas, dentes, espinhos) ou órgãos reprodutivos 
(e.g.: proglotes maduras de Taenia sp. contendo órgãos reprodutivos hipertrofiados); 
 atrofia ou perda de sistema digestório de espécies que parasitam o intestino delgado (e.g.: 
Taenia sp. e Ascaris sp.); 
 
 Adaptações fisiológicas: exemplo de adaptações fisiológicas são os diversos tipos de 
tropismos, tais como: quimiotropismo (carrapatos são atraídos por gradiente de [CO2] e 
larvas migrantes de geohelmintos são atraídas pelo gradiente de [O2] pulmonar); 
fototropismo e termotropismo (larvas de helmintos são atraídas pela luz e pelo calor); 
 
 Adaptações biológicas: ciclo de desenvolvimento complexo com alternância de formas de 
vida (estágios de vida livre e parasitários) em helmintos e, ou estratégia reprodutiva que 
aumenta o número de descendentes (e.g.: esquizogonia nos organismos do taxa 
Aplicomplexa; ciclo de desenvolvimento incluindo reprodução assexuada e sexuada; 
partenogênese (Strongyloides stercoralis) ou hermafroditismo (Taenia sp.); postura de 
enormes quantidade de ovos (Ascaris sp. = 200.000 ovos por dia/fêmea). 
 
Os parasitos podem causar danos diretos (e.g.: liberação de toxinas ou proteases líticas, 
espoliação, ação mecânica ou irritativa) a seus hospedeiros. Como forma de se proteger e minimizar 
esses danos, o organismo hospedeiro produz uma resposta imunológica contra o parasito (e.g.: 
infiltrado celular, processo inflamatório, fibrose e remodelamento tecidual). As ações efetoras dessa 
resposta imunológica têm por objetivo controlar ou eliminar os parasitos, mas podem também 
causar danos indiretos (lesões ou morte) às células do hospedeiro. 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
A morbidade da doença (conjunto de danos diretos e indiretos) é dependente de 
características relacionadas tanto ao parasito quanto ao hospedeiro. Portanto, a morbidade depende 
do número de exemplares do parasito (carga parasitária), das variantes (cepas ou linhagens) da 
espécie do parasito e, também, da imunidade e do estado fisiológico do hospedeiro. 
Como pode ser visto na figura 02, na maioria dos casos de parasitismo há evolução da 
doença para uma forma crônica na qual o parasito sobrevive por longo tempo causando danos 
mínimos ao hospedeiro (estado de equilíbrio ou homeostase). Contudo, em alguns poucos casos 
ocorrem situações que causam um desequilíbrio nessa interação parasito-hospedeiro, induzindo o 
surgimento de morbidades severas no hospedeiro, que podem causar sequelas graves ou a morte do 
mesmo. 
 
Imunopatogênese e 
danos teciduais
Inflamação excessiva
Resposta imunológica 
normal
Inflamação adequada e 
resolução 
Resposta ao estresse, 
pequena inflamação e 
resolução
Resposta imunológica 
indetectável
Manutenção da 
homeostase
Estado homeostático
 
 
Figura 02. Desenho esquemático representando a proporção de casos de parasitoses com 
morbidades severas (core vermelha no topo da pirâmide) em relação aos casos nos quais 
predominam a manutenção da homeostase (Cor azul da base da pirâmide) da relação parasito-
hospedeiro. Adaptado de Marques et al., 2016. 
 
 
INTRODUÇÃO À PROTOZOOLOGIA 
 
Os protozoários (etimologia: protos = primeiros + zoon = animal) são organismos 
unicelulares, eucariontes e heterotróficos. A maioria dos protozoários são animais de vida livre, 
podendo ser encontrados em ambientes aquáticos, solos úmidos e matéria orgânica. Algumas 
espécies, entretanto, possuem vida parasitária causando doenças em espécies de diferentes taxa. 
Morfologicamente, os protozoários podem apresentar duas formas básicas: o trofozoíto que 
é metabolicamente ativo (isto é, são capazes de se alimentar, locomover e reproduzir) e o cisto que 
é a forma inativa ou de resistência (apresentam uma parede protetora e são metabolicamente 
inativos) (Figura 03). 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
a) TROFOZOÍTOS DE AMEBAS b) CÍSTOS DE AMEBAS
Pseudópodes
Parede cística
 
 
Figura 03. Microfotografias e desenhos esquemáticos ilustrando as formas básicas dos protozoáriosdo taxa Sarcodina (e.g.: amebas), mostrando pseudópodes (estruturas locomotoras) nos trofozoítos 
(a) e parede cística nos cistos (b). Fonte: Imagens disponíveis na internet. 
 
Os protozoários podem se reproduzir de forma assexuada (fissão binária ou múltipla) ou 
sexuada (singamia), sendo que muitas espécies podem presentar alternância entre essas duas formas 
de reprodução. Na fissão binária há reprodução do material genético (mitose) e aumento do 
citoplasma, seguidos de divisão (citocinese) em duas células-filhas. Na fissão múltipla ou 
esquizogonia, o material genético é reproduzido diversas vezes antes que ocorra a divisão em várias 
células-filhas (Figura 04). 
 
Múltiplas mitoses Citocinese
Esquizonte
EsporozoítosNúcleo do 
esporozoário
Mitose Citocinese
a) Fissão binária b) Fissão múltipla (Esquizogonia)
 
Figura 04. Desenhos esquemáticos ilustrando as formas de reprodução assexuada dos protozoários: 
fissão binária (a) e esquizogonia (b). Fonte: Adaptado de imagens disponíveis na internet. 
 
A esquizogonia (etimologia: esquizo = dividido + gonia = origem, geração), assim como 
seus produtos, podem receber diferentes nomes de acordo com o tipo célula que sofre o processo de 
divisão. Assim a merogonia é o processo de esquizogonia que forma merozoítos, a esporogonia é o 
processo que forma esporozoítos e a gametogonia forma gametas (macro e microgametas). 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
Nos dois primeiros exemplos (merogonia e esporogonia) ocorrem sucessivas mitoses 
seguidas de citocinese, portanto as células-filhas possuem materiais genéticos idênticos ao da 
célula-mãe (diploide: 2n). Já na gametogonia, ocorre meiose antes da citocinese e os gametas 
formados possuem metade do material genético (haploide: n). Na reprodução sexuada ou singamia, 
os gametas masculinos (microgameta) e femininos (macrogameta) se fundem para formar uma nova 
célula diplóide. 
As estruturas celulares responsáveis pela movimentação dos protozoários são importantes 
para a classificação taxonômica dos mesmos. Assim, o filo Sarcomastigophora agrupa os 
protozoários que se locomovem por pseudópodes (sub-filo Sarcodina) ou flagelos (sub-filo 
Mastigophora). O filo Ciliophora reúne os protozoários que se locomovem por cílios e o filo 
Apicomplexa agrupa os protozoários que não apresentam estrutura especializada para a locomoção. 
A tabela 01 apresenta os filos e exemplos de protozoários causadores de doenças em humanos. 
 
Tabela 01. Alguns exemplos de protozoários pertencentes aos taxa Sarcomastigophora, Ciliophora e 
Apicomplexa, de acordo com classificação taxonômica tradicional. 
Filo Sub-filo Exemplos 
Sarcomastigophora 
Sarcodina 
Acanthamoeba sp. 
Blastocystis hominis 
Endolimax nana 
Entamoeba histolytica, E. coli 
Iodamoeba bütschlii 
Naegleria sp. 
Mastigophora 
Giardia lamblia 
Leishmania chagasi, L. amazonenses, 
L. brasiliensis, L. guyanensis 
Trypanosoma cruzi 
Trichomonas vaginalis 
Ciliophora - Balantidium sp. 
Apicomplexa - 
Toxoplasma gondi 
Plasmodium vivax, P. falciparum 
 
 
 
PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS 
 
A Giardia lamblia, o Blastocystis hominis, a Dientamoeba fragilis e os coccídios (Isospora 
belli, criptosporídios, ciclosporídios e sarcocystis) são protozoários intestinais, isto é possuem como 
habitat o sistema gastrointestinal do hospedeiro (e.g.: humanos, gatos, cães, ruminantes, castores). 
Esses organismos possuem várias características em comum: 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
 A transmissão ocorre por via oro-fecal, pela ingestão de cistos presentes em água e ou 
alimentos, sendo seu controle dependente essencialmente de saneamento básico, hábitos de 
higiene pessoal e educação em saúde; 
 Os cistos são resistentes aos métodos normais de cloração da água e sobrevivem por meses 
em água fria e limpa, contudo não resistem às altas temperaturas e ao ressecamento; 
 Os cistos resistem ao suco gástrico e somente originam os trofozoítos no intestino delgado; 
 A maioria das infecções é assintomática ou apresenta sintomatologia inespecífica (diarreia, 
acompanhada ou não de vômitos e cólicas) que pode durar de poucos até vários dias; 
 O nicho da maioria dos protozoários intestinais se restringe à superfície do epitélio intestinal. 
 
Nessa apostila aula serão abordadas duas das principais doenças causadas por protozoários 
intestinais: a amebíase e a giardíase. 
 
 
AMEBÍASE 
O gênero Entamoeba reúne diversas espécies de amebas, sendo a maioria de vida livre. 
Porém, algumas espécies de vida livre podem eventualmente se tornar parasitas oportunistas, como 
a Naegleria sp. e a Acanthamoeba sp. Outras espécies de amebas são consideradas comensais do 
sistema digestório (Entamoeba coli, E. dispar, E. hartmanni, Endolimax nana, Iodamoeba bütschlii, 
E. gengivalis). A Entamoeba histolytica parasita o lume gastrointestinal e causa amebíase, tendo o 
ser humano como principal reservatório. 
A prevalência mundial da amebíase varia de cinco até 82% da população humana. A infeção 
se inicia com a ingestão de cistos da ameba que medem de 10 a 18 micrômetros de diâmetro e 
possuem até quatro núcleos. No intestino delgado ocorre o desencistamento e a liberação de 
trofozoítos (que medem, em média, 20 m) que irão colonizar o intestino grosso. Os trofozoítos 
amebianos se aderem à mucosa intestinal e, por terem grande capacidade citolítica podem causar a 
destruição tissular, dando origem a úlceras caracteristicamente em forma de botão e com pouca 
reação inflamatória. A partir das lesões intestinais os trofozoítos podem invadir o organismo e, pelo 
mesmo mecanismo, formar abscessos no fígado e, mais raramente, pulmões e cérebro. A invasão 
tecidual com sintomatologia é rara e dependente da linhagem do parasito, assim como do estado 
nutricional e da constituição da microflora intestinal do hospedeiro. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
 
As colites amebianas são mais comuns nas crianças, às vezes com grande gravidade, 
podendo persistir de poucos dias a algumas semanas. Raramente há a perfuração intestinal com 
consequente peritonite, extensão extraintestinal e ameboma. Nos abscessos hepáticos há dor e 
distensão abdominal com aumento doloroso do fígado. 
O diagnóstico laboratorial é realizado pela demonstração de cistos em fezes formadas (mais 
frequente) e, ou trofozoítos em amostras fecais diarreicas. Características dos cistos das diferentes 
espécies de amebas devem ser observadas para realizar o diagnóstico diferencial entre as espécies 
comensais e as potencialmente patogênicas (Tabela 02). 
Devido ao padrão de eliminação intermitente de protozoários nas fezes (que gera períodos 
falso-negativos), devem ser coletadas três amostras fecais em dias alternados. Os métodos de 
concentração por sedimentação espontânea (HPJ) ou por centrifugação (método de Ritchie) ou, 
ainda, o método de flutuação pelo sulfato de zinco (método de Faust e cols.) são todos indicados por 
permitirem o diagnóstico de cistos e torfozoítos. 
 
Tabela 02. Características dos principais cistos de amebas encontrados em amostras fecais 
formadas. 
 Entamoeba 
hartmanni 
Entamoeba 
histolytica 
Entamoeba 
coli 
Endolimax 
nana 
Iodamoeba 
bütschlii 
Blastocystis 
hominis 
Nº de 
núcleos 
Até quatro Até quatro Até oito Até quatro Um 
Até quatro 
periféricos 
Tamanho
m) 
05 a 10 10 a 20 10 a 35 05 a 10 05 a 20 
06 a 40 
 
Foto 
 
 
 
 
E. hartmanni E. histolytica E. coli
Núcleos Até quatro Até quatro Até oito
Corpo 
cromatóide
Riziforme
Bastonete
Feixes ou 
agulhas
Endolimax
nana
Iodamoeba
butschlii
Blasotcystishominis
Vacúolo 
contendo 
amido
Núcleos 
periféricos
 
 
 
 
Fonte: Imagens disponíveis na internet. 
 
 No tratamento quimioterápico podem ser usados etofamida, teclosan e os derivados 
imidazólicos (metronidazol, tinidazol, ornidazol e secnidazol). Na amebíase extra-intestinal 
(principalmente no abscesso hepático) o medicamento de escolha é o Metronidazol (forma 
injetável). Em casos resistentes são associados Metronidazol com emetina ou diidroemetina e 
antibióticos. 
 
 
E.
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E. hartmanni E. histolytica E. coli
Núcleos Até quatro Até quatro Até oito
Corpo 
cromatóide
Riziforme
Bastonete
Feixes ou 
agulhas
Endolimax
nana
Iodamoeba
butschlii
Blasotcystis
hominis
Vacúolo 
contendo 
amido
Núcleos 
periféricos
 
E. hartmanni E. histolytica E. coli
Núcleos Até quatro Até quatro Até oito
Corpo 
cromatóide
Riziforme
Bastonete
Feixes ou 
agulhas
Endolimax
nana
Iodamoeba
butschlii
Blasotcystis
hominis
Vacúolo 
contendo 
amido
Núcleos 
periféricos 
E. hartmanni E. histolytica E. coli
Núcleos Até quatro Até quatro Até oito
Corpo 
cromatóide
Riziforme
Bastonete
Feixes ou 
agulhas
Endolimax
nana
Iodamoeba
butschlii
Blasotcystis
hominis
Vacúolo 
contendo 
amido
Núcleos 
periféricos
Vacúolo 
contendo 
amido. 
Núcleos 
periféricos 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
GIARDÍASE 
 
A giardíase é uma doença causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia (também 
denominada por G. duodenalis) cuja prevalência mundial varia de 0.5 a 50% da população humana. 
Pode também acometer outras espécies de hospedeiros, incluindo cães, gatos, ratos almiscarados. A 
infecção também se inicia com a ingestão dos cistos. Cada cisto origina quatro trofozoítos que 
colonizam o lume intestinal (por fixação nas bordas das células epiteliais) e se multiplicam por 
fissão binária. Os trofozoítos apresentam a forma piriforme e simetria bilateral, medindo de 9 a 21 
m de comprimento por 6 a 12 m de largura. Possuem um grande disco de sucção na superfície 
ventral e quatro pares de flagelos, apresentando ainda, duas hastes medianas e dois núcleos ovais 
localizadas anteriormente. Os cistos são ovais e medem 12 m de comprimento por oito de largura. 
Apresentam até quatro núcleos, um axóstilo, dois corpos parabasais e uma membrana cística de 
quitina (Figura 05). 
 Como acontece com os outros protozoários intestinais, a maioria das infecções é 
assintomática e autolimitada. Porém, em alguns casos podem ocorrer episódios diarreicos de início, 
súbito ou gradual, falta de apetite com perda de peso, desidratação, flatulência e dores em cãibras. 
Nos casos mais graves, pode ocorrer destruição das bordas em escova das células do epitélio 
intestinal com consequente má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e 
K), o que origina a diarreia com gorduras (esteatose). 
O diagnóstico laboratorial é feito pela demonstração de cistos em fezes formadas ou cistos e 
trofozoítos em fezes diarreicas. Como em outros protozoários intestinais, ocorre eliminação 
intermitente de cistos e trofozoítos nas fezes, exigindo o exame de várias amostras. Algumas vezes 
há a necessidade da biópsia duodenal para o diagnóstico. Os testes imunológicos para a detecção de 
antígenos são muito sensíveis e específicos. 
O tratamento quimioterápico é realizado com Metronidazol (Flagil), Tinidazol (Fasigyn), 
Omidazol (Tiberal), Secnidazol (Secnidazol) ou Nitazoxanida (Annita). 
A profilaxia dos protozoários intestinais em geral é evitar contaminação de alimentos, água e 
ambiente com cistos. Assim, devem ser incentivadas a adoção de medidas que favoreçam os hábitos 
de higiene individual e coletiva, o tratamento dos doentes e dos portadores assintomáticos 
(principalmente de babás, manipuladores de alimentos e crianças de creches, orfanatos e outros 
aglomerados humanos), a melhoria dos serviços de saneamento básico, assim como o combate às 
moscas, especialmente M. domestica e a Chrysomya sp. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PARASITOLOGIA 
DOCENTE: LUCIANA M. OLIVEIRA 
 
 
 
Membrana cística (quitina) 
Núcleos (um a quatro)
Axóstilo
Corpos parabasais
Disco ventral ou suctorial
Núcleos com cariossoma central
Axóstilos
Flagelos (oito) dispostos aos pares
Corpos parabasais
Trofozoítos de Giardia lamblia (G. duodenalis)
Cistos de Giardia
duodenali ou G. 
lamblia
 
 
Figura 05. Microfotografias e desenhos esquemáticos de trofozoítos e cistos de Giardia lamblia (G. 
duodenalis). Fonte: Imagens disponíveis na internet. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Marques, R.E., Marques, P.E., Guabiraba, R., & Teixeira, M.M. (2016). Exploring the homeostatic 
and sensory roles of the immune system. Frontiers in Immunology, 7. 
doi:10.3389/fimmu.2016.00125. 
 
BIBLIOGRAFIA INDICADA: 
Sugestão de referência: Neves, DP. (2005). Parasitologia Humana, 11ª ed. Editora Atheneu.

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