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20 de Junho de 2013 [Introdução ao Desenvolvimento económico e social] Conteúdo Introdução 4 CAPÍTULO I: A MUDANÇA NA SOCIEDADE – OS PERCURSOS DO DESENVOLVIMENTO 5 1.1. Globalização 5 1.2. Mundialização 5 1.2.1. Conceito 5 1.2.2. Consequências da Mundialização: 5 1.3. Mudança e Desenvolvimento 6 1.3.1. Mudança 6 1.3.2. Processos de Mudança 6 1.3.3. Ritmos de Mudança 6 1.3.4. Factores de Mudança 6 1.3.5. Agentes de Mudança 7 1.4. Crescimento e Desenvolvimento 7 1.4.1. O Carácter Dinâmico do Conceito de Desenvolvimento 7 1.4.2. Desenvolvimento Humano 8 1.4.3. Desenvolvimento Sustentável 8 1.5. O Direito ao Desenvolvimento 8 1.5.1. O Problema de Medição do Desenvolvimento 8 1.5.2. Desenvolvimento Regional e Local 9 CAPÍTULO II: DIVERSIFICAÇÃO E MUTABILIDADE DOS CENTROS DE PODER E DECISÃO NO SEC. XX 10 2.1. A Europa e os Estados Unidos na 1ª Metade do Séc. XX 10 2.1.1. O Papel da Colonização e a Expansão do Poderio Europeu 10 2.1.2. A Industrialização e o Desenvolvimento Tecnológico 10 2.1.3. A Ascensão dos Estados Unidos 10 2.1.4. A Afirmação da URSS 10 2.1.5. As Guerras Imperialistas e a perda de Influência da Europa 10 2.2. Conflitos e Equilíbrios num Mundo Bipolar 11 2.2.1. Um Mundo Bipolar Legado pela Segunda Guerra Mundial 11 2.2.2. A Radicalização Ideológica e a Guerra Fria 12 2.2.3. A Constituição de Organizações Político-Militares 12 2.2.4. Um Equilíbrio Geopolítico Instável 12 2.2.5. O Papel da ONU no desanuviamento das Relações Este-Oeste 13 2.3. A Reafirmação da Europa e Consolidação do Japão 13 2.3.1. A Reafirmação da Europa 13 2.3.2. A Modernização do Japão 14 b) Forte Intervenção do Estado na Economia 14 2.4. A Questão do Terceiro Mundo 15 2.4.1. Desenvolvimento e Terceiro Mundo: Origens 15 2.4.2. Consequências da (Des) Colonização nos Países do Terceiro Mundo 15 2.4.3. A Ajuda Internacional 17 2.4.4. Do Movimento dos Não-Alinhados ao Projecto da NOEI 17 2.4.5. Da Formação do Sistema Mundo à Emergência das Semiperiferias 17 2.4.6. Os NPI do Pacífico 18 2.4.7. Os NPI da América Latina (México) 19 2.4.8. Os NPI da África 19 2.5. Desafios e Consensos num Mundo Multipolar 19 2.5.1. Do Mundo Bipolar ao Mundo Multipolar 19 2.5.2. A Fragmentação do Bloco de Leste 19 2.5.3. Desafios da Construção Europeia 20 2.5.4. A Tríade EUA – Japão – Europa 21 2.5.5. A Crescente Globalização / Interdependência Mundial 22 2.5.6. Desenvolvimento Local / Global: Pobreza, Exclusão e Tensões 22 2.5.7. Desafios / Governação global para século XXI 23 CAPÍTULO III: QUESTÕES DE DESENVOLVIMENTO NO MUNDO ACTUAL 24 3.1. O Papel das Novas Tecnologias no Desenvolvimento das Sociedades 24 3.1.1. Progresso Tecnológico e Desenvolvimento 24 3.1.2. A Tecnologia e o Emprego 24 3.1.3. Impactos nas Empresas 24 3.1.4. Impacto das Novas Tecnologias sobre o Ambiente 25 3.1.5. Investigação e Desenvolvimento (I&D) 25 3.1.6. Impacto das Tecnologias de Informação 25 3.1.7. As Novas Tecnologias e a Organização do Território 25 3.1.8. A Terciarização da Economia e a Organização dos Espaços 26 3.1.9. A Homogeneização do Espaço e a Alteração da Divisão Regional e Internacional do Trabalho 26 3.1.10. Nas Relações Sociais e nos Comportamentos 26 CAPÍTULO IV: CENÁRIOS DE FUTURO 27 4.1. Cenários de Futuro no Campo Demográfico 27 4.1.1. Causas e Consequências das Disparidades de Crescimento Demográfico 27 4.1.2. Áreas de forte/fraco Crescimento Demográfico 27 4.1.3. Políticas Demográficas 27 4.1.4. As Migrações 28 4.1.5. Mutações na Estrutura Familiar e Consequências Demográficas 28 4.2. Cenários de Futuro no Campo Económico 28 4.2.1. A Mundialização / Globalização 28 4.2.2. A Transnacionalização 29 4.2.3. Questões Sociais 29 4.3. Cenários de Futuro no Ordenamento do Território 29 4.3.1. O Ordenamento do Território 29 4.3.2. A Evolução do Ordenamento 29 4.3.3. A Reorganização e Estruturação dos Territórios 29 a) Contra-Urbanização 30 4.4. Cenários de Futuro nos Comportamentos e Modos de Vida 30 4.4.1. Mudanças na Estrutura da Família 30 4.4.2. Futuro do Trabalho Humano 31 4.4.3. A Coexistência de Movimentos Sociais Contraditórios 31 Conclusão 32 Bibliografia 33 Introdução Este trabalho, constitui um resumo daquilo que é o conteúdo programático para a disciplina de Introdução ao Desenvolvimento Económico e Social da 12ª classe, curso de Ciências Económicas e Jurídicas da Reforma Educativa em Angola e, procura descrever de forma suscita assuntos relacionados ao desenvolvimento económico das sociedades. Apresenta também uma síntese de como o mundo procurou implementar ao longo do tempo, políticas no sentido de se atingir o desenvolvimento económico-social. Assim, esta obra tem como objectivo mostrar os percursos do desenvolvimento económico das sociedades a nível mundial, e os instrumentos essenciais à pesquisa foram alguns materiais de História, consulta à internet e o manual de Desenvolvimento Económico e Social. CAPÍTULO I: A MUDANÇA NA SOCIEDADE – OS PERCURSOS DO DESENVOLVIMENTO 1.1. Globalização Globalização traduz-se na uniformização dos aspectos da actividade económica à escala mundial, conduzindo à integração económica e tecnologia dos países. A globalização deve-se em grande parte à revolução das tecnologias de informação e comunicação. Pois, apoiando-se nos progressos tecnológicos, os mercados financeiros conheceram um desenvolvimento exponencial. G8 é composto por EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Japão, Itália, Canadá e Rússia. Consequências da Globalização: · Segundo os optimistas, a globalização está a multiplicar a riqueza, a desencadear forças produtivas numa escala maior, a eliminar o isolamento, e a aumentar o emprego e rendimento dos países do Terceiro Mundo; · Segundo os mais críticos, está a destruir empregos à escala mundial a um ritmo veloz e a provocar uma grande interdependência de certos países (devidos aos avultados investimentos). 1.2. Mundialização 1.2.1. Conceito: Mundialização é a integração crescente das diferentes partes do Mundo sob o efeito da: aceleração das trocas, do desenvolvimento dos meios de transporte, do desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comunicação, etc. A Mundialização é um conceito que traduz mudanças de todo o tipo (inovações, criações…) provocadas por essa troca generalizada. 1.2.2. Consequências da Mundialização: · O ritmo a que todas as transformações ocorrem, ao lado do enorme potencial para criar soluções e gerar riquezas, está a causar muitos problemas: países inteiros estilhaçam-se e a economia global torna-se cada vez mais interconectada (aumenta as interdependências). Uniformização, unificação e homogeneização do planeta; · Capitalismo global, produtos globais, aldeia global (desenvolvimento das comunicações), consumidor global. Actores da Mundialização: Actores Transaccionais (estes são empresas gigantescas, grupos de empresas ou organizações internacionais, como o FME), os Investidores Globais (detém um poder suficiente para abalar a soberania dos Estados Nação, tomando uma posição “controladora” face à grande acumulação de capitais) e as Cidade Globais (são os centros operacionais dos três grande pólos que impulsionam o actual sistema-mundo). 1.3. Mudança e Desenvolvimento 1.3.1. Mudança Mudança Social, trata-se de um fenómeno sociocultural que ocorre numa sociedade, num dado momento histórico, verificando-se alterações significativas da estrutura social, quando comparada a uma outra situação que a antecede. Implica alterações na estrutura social, nas instituições sociais, na mentalidade dos indivíduos (valores, atitudes e comportamentos). Um processo de mudança social implica sempre uma mudança cultural. A mudança é condição necessária ao desenvolvimento, pois só ocorre desenvolvimento quando ocorre mudança. 1.3.2. Processos de Mudança Mudança Planeada: os objectivos são determinados, e planeia-se com vista ao aparecimento de novos valores ou estruturas, que respondam às novas exigências. Mudança Ajustada: trata-se do sucessivo ajustamento às alterações que vão ocorrendona sociedade, pois, por vezes as instituições não conseguem dar resposta às exigências presentes. Mudança por Aculturação: quando uma sociedade é influenciada por outra, passando as pessoas a adoptar, voluntária ou involuntariamente, novos comportamentos e valores. Assim, as dinâmicas da mudança podem ser internas (quando provem da própria sociedade) ou externas (quando advém de relações com o exterior). 1.3.3. Ritmos de Mudança Os ritmos a que evolui a mudança variam de acordo com o grau de aceitação ou de resistência da sociedade. Quando a mudança é gradual e planeada, a resistência social é menor e a sua aceitação é, portanto, mais fácil. As mudanças rápidas geram mais resistência social (revolução, quando a mudança se opera de forma brusca afectando profundamente as estruturas). Deste modo, a Evolução Social (produto de múltiplas mudanças) caminha a ritmos diferentes. Mudança Evolutiva, resulta do normal devir das sociedades. Mudança Imposta, a direcção da mudança é planeada num determinado sentido. O tempo necessário à mudança depende, entre outros factores, do grau de instrução, do estatuto social, da idade e da personalidade de cada indivíduo, do sistema político e de inovações que não sejam contrárias à cultura dominante. As etapas no processo da Mudança Social são: Descristalização do sistema de ideias vigente; Reestruturação de um novo sistema em bases diferentes; Recristalização do novo sistema de ideias. 1.3.4. Factores de Mudança Factores Demográficos (evolução da natalidade, êxodos populacionais, migrações), Factores Geográficos (catástrofes naturais), Factores Sociais (conflitos políticos, religiosos, urbanização, injustiças sociais), Factores Culturais (descobertas científicas, inovações tecnológicas, contactos entre culturas, expansão do nível de escolaridade), Factores Psicológicos (atitude perante o novo, maior instrução). Outros factores: a mundialização, a globalização, interdependência económica, difusão das comunicações, uma visão mais ecológica. 1.3.5. Agentes de Mudança As Elites, são compostas por indivíduos ou grupos que ocupam posições de autoridade, influência ou poder (elite estudantil, intelectual, operária, etc.) e que influenciam a sociedade. Os Movimentos Sociais, é uma organização relativamente estruturada que visa agrupar membros com vista à promoção e defesa de certos interesses e objectivos definidos. Os movimentos sociais, pelo número de pessoas que mobilizam e pela força reivindicativa que apresentam acabam por desempenhar importantes funções sociais: mediação, clarificação da consciência colectiva e pressão. Exemplos de Movimentos sociais: migratórios (refugiados), resistência, revolucionários, expressivos (seitas), utópicos, reformistas, ecológicos ou gay. Grupos de Pressão, visam especificamente influenciar as autoridades governamentais. A sua eficácia depende do número dos seus membros, da sua capacidade financeira e organização. 1.4. Crescimento e Desenvolvimento Com a revolução agrícola vai-se desencadear a revolução industrial que vai permitir a acumulação de capital e o desenvolvimento do capitalismo. Crescimento é um fenómeno de natureza quantitativa, que define a evolução da actividade económica. O crescimento não se preocupa com a redução das desigualdades ou com a preservação do ambiente, mas sim com o aumento da produção, consumo e investimento. Desenvolvimento é um fenómeno de natureza qualitativa, requer crescimento económico mas também implica a redução de desigualdades, melhoria de qualidade de vida, satisfação das necessidades básicas, respeito pelos direitos humanos e pelo ambiente. Crescimento Desenvolvimento 1. Traduz-se na expansão da produção; 2. Inclui o progresso técnico; 3. Modifica as estruturas económicas; 4. Implica: 4.1. Aumento de investimento; 4.2. Desenvolvimento do comércio; 4.3. Aumento do consumo; 5. Não se preocupa: 5.1. Com a redução das desigualdades; 5.2. Com a preservação do ambiente. 1. Requer crescimento económico; 2. Implica também: 2.1. Planeamento territorial; 2.2. Desenvolvimento dos diferentes ramos da produção; 2.3. Redução das desigualdades; 2.4. Melhoria da qualidade de vida; 2.5. Satisfação das necessidades básicas de toda a população; 2.6. Garantias das liberdades e respeito pelos direitos humanos; 2.7. Respeito pelo ambiente e gerações futuras. Quadro 1. Diferença entre crescimento e desenvolvimento 1.4.1. O Carácter Dinâmico do Conceito de Desenvolvimento Nas décadas de 50 e 60, o objectivo fundamental era o aumento da acumulação através da industrialização, acreditava-se que o crescimento económico apesar de gerar desigualdades, acabaria por se atingir o desenvolvimento. No final dos anos 70, defendia-se a articulação entre o económico e o social, satisfação das necessidades básicas e a adopção de políticas que favoreçam o emprego. Na década de 80, dá-se o agravamento da situação dos países do sul, a globalização veio a acentuar a interdependência. Tal como o conceito de desenvolvimento evoluiu ao longo do tempo, também a noção de qualidade de vida evoluiu. Além de estar ligado ao consumo de bens materiais, abrange também a defesa do ambiente, a saúde, a cultura, a segurança e a participação política. 1.4.2. Desenvolvimento Humano A definição de desenvolvimento tem em conta o próprio desenvolvimento da pessoa humana em todas as suas dimensões. A avaliação do desempenho das economias tem de ser feita não só em termos de crescimento económico, mas ter em conta o seu contributo para o desenvolvimento humano, tendo as estratégias de crescimento económico de relacionar-se com as estratégias do desenvolvimento das pessoas. Criou-se um Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH) para medir o desenvolvimento humano. Baseia-se em 3 elementos da vida humana: longevidade (n.º médio de anos de esperança de vida), saber (taxa de alfabetização dos adultos e o nível de instrução), nível de vida (PIB real por habitante, paridade do poder de compra). Conjugando informações de carácter económico, demográfico e cultural. 1.4.3. Desenvolvimento Sustentável É um desenvolvimento que permite dar resposta às necessidades da geração presente, sem comprometer a possibilidade de desenvolvimento das gerações futuras. Levando à participação democrática de todos. Contém 2 conceitos básicos: · Necessidades, deverá ser dada a prioridade de satisfação aos povos menos desenvolvidos; · Limites ao Desenvolvimento, sustentar o próprio desenvolvimento de maneira a não por em causa a sobrevivência do planeta. Face à crescente globalização, a questão da sustentabilidade é importante, pois alerta para os perigos de um excesso de competição. As sociedades têm de gerir de forma inovadora os complexos problemas com que se defrontam e que ultrapassam o princípio da soberania nacional, pois este está desactualizado – questões globais exigem soluções globais. 1.5. O Direito ao Desenvolvimento A 1ª geração dos Direitos do Homem, consagração dos direitos civis e políticos (liberdade, igualdade e fraternidade). A 2ª Geração dos Direitos Humanos (Económicos, Sociais e Culturais). Direitos Sociais, a exigência ao Estado da prestação de bens e serviços indispensáveis para a consecução de condições mínimas de vida em sociedade (ex: direito à segurança social). Dentro dos direitos sociais distinguem-se ainda os direitos económicos e culturais. A 3ª geração dos Direitos do Homem (direitos de solidariedade). Apesar dos direitos da 1ª e 2ª geração ainda não estarem completamente implementados em todos os países, a partir da década de 60 começam-se a afirmar os direitos da 3ª geração: o direito à paz, ao desenvolvimento, à protecção do ambiente e dos recursos naturais. Grande parte dos Governos está de acordo que é necessário uma protecção do ambiente e uma gestão adequada dos recursos naturais, defendendo ao mesmo tempo a qualidade de vida (desenvolvimento sustentável). 1.5.1. O Problema de Medição do Desenvolvimento Com a evolução dos conceitos de desenvolvimento, evoluíram os indicadores para mediçãodo desenvolvimento. De início eram utilizados, essencialmente, indicadores económicos, como o PIB ou o PNB. Sendo progressivamente introduzidos indicadores demográficos, sociais e culturais. Surge o IDH e o IDG (Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Género) e a MPG (Medida de Participação Ajustado ao Género). O relatório de desenvolvimento humano, mais tarde, introduziu o Índice de Pobreza Humana (IPH). Os diversos acontecimentos ganham ou perdem importância conforme o ponto de vista da análise. A abordagem rigorosa das questões de desenvolvimento deve sempre articular diferentes escalas de análise (global, nacional, regional e local), uma vez que fenómenos relativamente homogéneos revelam grandes variações internas. A uma grande escala detectamos aspectos que não são visíveis a pequena escala. Indicadores do Desenvolvimento: · Índice do Desenvolvimento Humano; · Indicadores dos Direitos Humanos: · Económicos (PIB, rendimento per capita, divida externa) · Demográficos (Taxa De natalidade, taxa De emigração) · Sociais e Culturais (taxa de escolaridade, n.º de jornais por habitante) · Político e Sociais (estabilidade das instituições) 1.5.2. Desenvolvimento Regional e Local A visão funcionalista parte do princípio de que o desenvolvimento desencadeado pelos sectores mais dinâmicos e tecnologicamente mais avançados, alastra-se a outros sectores e outras regiões. Assim, o desenvolvimento regional e local estaria dependente das grandes metas macroeconómicas e do crescimento económico global. A visão territorialista baseia-se nas capacidades internas de cada região e são desencadeadas a partir daí, envolvendo os agentes locais e contrariando as lógicas centralizadas e uniformizadoras. CAPÍTULO II: DIVERSIFICAÇÃO E MUTABILIDADE DOS CENTROS DE PODER E DECISÃO NO SEC. XX 2.1. A Europa e os Estados Unidos na 1ª Metade do Séc. XX 2.1.1. O Papel da Colonização e a Expansão do Poderio Europeu A primeira europeização inicia-se com as descobertas, a acumulação de capital proporcionada nesta época (pelo comércio e colonialismo) vai permitir à Europa desenvolver novas tecnologias que irão revolucionar a indústria. No século XIX dá-se a segunda europeização que se inicia com a Revolução Industrial. O processo de expansão territorial e comercial permitiu à Europa construir impérios coloniais, proporcionar-lhe a supremacia a nível mundial (imperialismo) e servir de motor ao crescimento industrial. Verifica-se a emergência da economia mundial. No final do século verifica-se o aumento da exportação de capitais para fora da Europa. 2.1.2. A Industrialização e o Desenvolvimento Tecnológico A Revolução Industrial originou constantes inovações e provocou mutações profundas que se alargaram à escala planetária. Surge, no séc. XVIII, uma nova ordem económica, uma nova mentalidade liberal e ocorrem transformações políticas que vão permitir a apropriação das novas tecnologias. O desenvolvimento tecnológico revolucionou tudo levando à expansão dos mercados, à consolidação do poderio europeu e contribuiu para bloquear o desenvolvimento e certas áreas. 2.1.3. A Ascensão dos Estados Unidos O rápido desenvolvimento económico dos Estados Unidos foi o resultado da conjunção de diversos factores, desde a dimensão e riqueza do território, à capacidade inovadora da população, aliadas a uma eficaz política de transportes (caminhos de ferro) que garantia a mobilidade de pessoas e mercadorias. Por outro lado, a livre empresa, o poder financeiro da indústria, e a dimensão do mercado interno estão na base do acelerado crescimento económico, que transformou os EUA numa potência mundial. 2.1.4. A Afirmação da URSS A Rússia era governada por um czar e assistia-se a um processo de industrialização acelerada. As ideias socialistas europeias passaram a exercer grande influência nos russos. O triunfo da Revolução Bolchevista (1917) permitiu a criação do primeiro Estado socialista. E em 1922 é criada a URSS, tornando-se a segunda potência industrial, utilizando a planificação centralizada. 2.1.5. As Guerras Imperialistas e a perda de Influência da Europa No início do século XX a Europa estava dividida em dois blocos: a Tripla Aliança (Alemanha, Itália e Áustria-Hungria) e a Tripla Entente (França, Inglaterra e Rússia). Nesta altura já a maior parte dos países da Europa tinham entrado na segunda revolução industrial. a) A I Guerra Mundial A guerra arrasou a Europa, inclusivamente os países neutrais (prejudicados pela elevada inflação), e contribuiu para a ascensão de outros países como Brasil ou Japão (produziam bens para a Europa) e, primordialmente, os EUA. Os impérios desmantelaram-se e surgiram novos países independentes. Na Conferência de Paz, os vencedores não consultaram os vencidos, e elaboraram um novo mapa para a Europa. As pesadas indemnizações de guerra, a perda de territórios, e as cláusulas do Tratado de Versalhes, provocou nos alemães um descontentamento geral. A Sociedade das Nações além do seu papel reduzido e, simples, pressão moral sobre os Estados, exigia a regra da unanimidade e não incorporava os EUA. b) A II Guerra Mundial Com a queda da Bolsa de Nova Iorque, a crise alastrou-se a todo o Mundo. Na Alemanha viria a ter terríveis consequências, resolvidas por proteccionismo e desenvolvimento da indústria de armamentos. O que aliado ao descontentamento vigente na sociedade Alemã (pelo Tratado de Versalhes), proporcionou a subida ao poder dos Nazis, comandados por Hitler. Com, a posterior aliança ao Japão, em 1939, começou a II Guerra Mundial. Esta guerra arrasou, de novo, a Europa e provocou várias alterações (fronteiras alteradas), e desencadeou na África e na Ásia movimentos nacionalistas. Deste conflito resultou numa nova ordem mundial dominada por 2 superpotências: os EUA e a URSS. 2.2. Conflitos e Equilíbrios num Mundo Bipolar 2.2.1. Um Mundo Bipolar Legado pela Segunda Guerra Mundial Após a guerra a Europa encontrava-se arrasada, existia a necessidade de reconstruir uma nova ordem internacional. O equilíbrio geopolítico e geoestratégico organizado, essencialmente, pelos EUA e URSS foi importante na regulação do Sistema Mundo. Os EUA e a URSS surgem como novos centros de decisão mundial e negoceiam entre si, na Conferência de Ialta, as regiões que ficam sob a sua esfera de influência. Destas negociações surgem dois blocos distintos: · O Bloco de Leste, liderado pela URSS, e composta pelos países do Leste Europeu, incluindo a parte oriental da Alemanha (constituindo uma “zona tampão” para evitar uma nova invasão da Alemanha). O Comunismo; · O Bloco Ocidental, liderada pelos EUA, e composta pelos países do Ocidente Europeu, incluindo a parte ocidental da Alemanha. Capitalismo. Confrontaram-se 2 teorias de política internacional: a do universalismo (a segurança mundial é garantida por uma organização internacional e todas as nações têm um interesse comum em todos os negócios do Mundo) e a das esferas de influência (cada grande potência tem predominância na sua área de interesse e a segurança social só é conseguida com o equilíbrio de poder). 2.2.2. A Radicalização Ideológica e a Guerra Fria Os EUA propunham-se a defender a Europa do totalitarismo soviético, a URSS, por outro lado, propunha-se a liberta-la do imperialismo americano. As duas superpotências pretendiam alargar a sua influência a todo o Mundo, provocando conflitos entre si, que aumentavam a tensão mundial. Entre os dois blocos assiste-se a uma corrida aos armamentos e ao desenvolvimento de arsenais nucleares. Inicia-se a fase do equilíbrio do terror, provocando uma tensão psicológica universal de medo. a) A Doutrina Truman e o Plano Marshall? Tanto a Doutrina Truman como o Plano Marshall foram criados com o objectivo de conter a expansão soviética na Europa Ocidental, por outro lado, destinaram-se a revitalizar a economia europeia, de modo a permitir o normal funcionamento da economia mundial. Assim, o presidente Truman apresentou um conjunto de princípios orientadores da política externados EUA à Europa. Pouco depois George Marshall propôs um Programa de Reconstrução Europeia – o Plano Marshall, que foi contestado pela URSS. b) Da guerra Fria à Coexistência Pacífica A política da coexistência pacífica tem como objectivo um desarmamento progressivo e uma não proliferação de armas nucleares. As negociações SALT revelaram ser verdadeiramente importantes, para atingir estes objectivos. 2.2.3. A Constituição de Organizações Político-Militares As organizações Político-Militares têm como objectivo manter a paz e a segurança dentro da aérea geográfica em que se inserem, através da criação de aparelhos de defesa colectiva contra agressões militares. Foi, assim, criada a NATO (EUA e Europa Ocidental) e o Pacto de Varsóvia (bloco dos países de leste). A criação e o funcionamento destas organizações resultam do antagonismo instalado entre as duas superpotências. 2.2.4. Um Equilíbrio Geopolítico Instável A regulação do Sistema-Mundo em que se traduziu a política de blocos, sobretudo a partir da adopção da política de coexistência pacífica, visava evitar uma guerra directa. Logo, após a Segunda Guerra vai assistir-se ao movimento generalizado da descolonização, a qual frequentemente ocorreu no meio de enormes tensões. A ONU procurou acelerar a independência dos territórios não autónomos e apoiou sempre os movimentos independentistas. 2.2.4.1. A proliferação de conflitos A existência de dois blocos reflectia-se nos diversos conflitos regionais em que cada um dele apoiava, mas ou menos abertamente, cada um dos lados em confronto. A guerra foi transferida da Europa para outros continentes. Tal foi evidente nas guerras da Coreia, do Vietname e do Iémen. 2.2.5. O Papel da ONU no desanuviamento das Relações Este-Oeste A Organização das Nações Unidas, é um organismo mundial criado para a defesa da paz. Criado em 1945, tem como principais objectivos: · Salvaguardar as gerações vindouras do flagelo da guerra; · Reafirmar a fé nos direitos humanos fundamentais; · Criar condições para a manutenção da justiça e o respeito pela lei internacional; · Promover o progresso social. O poder de decisão da ONU estaria centralizado no Conselho de Segurança e, particularmente, nos cinco membros permanentes, os únicos com direito de veto (EUA, URSSA, China, França e Inglaterra). Este facto viria a contribuir para que, na maior parte das crises da Guerra Fria, a intervenção da ONU não fosse possível. O Conselho de Segurança é composto por 10 membros não permanentes e 5 permanentes. Mais tarde, foi dado o poder à Assembleia Geral que poderia intervir numa crise internacional sempre que o conselho de Segurança falhasse. A AG é composta por representantes de todos os países membros. Outros dos órgãos da ONU são o conselho Económico-Social, Conselho de Tutela, Secretariado e Tribunal Internacional de Justiça. 2.3. A Reafirmação da Europa e Consolidação do Japão 2.3.1. A Reafirmação da Europa Com o objectivo de coordenar e formalizar o pedido de ajuda Americano (Plano Marshall) os países europeus organizaram-se e constituíram a OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica). Este organismo além da administração da ajuda perseguia outros objectivos, como a cooperação económica entre os Estados Membros, a definição de políticas para acelerar a reconstrução e a liberalização das trocas. Entretanto, como o objectivo principal que levou à criação da OECE já se encontrava cumprido esta organização dá lugar à OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico), juntando-se-lhe outros países (EUA, Japão, etc.), embora de natureza e composição diferentes, mantém certos objectivos: a articulação das políticas económicas e sociais, apoio à expansão económica dos países membros e ajuda aos países subdesenvolvidos. Em 1948 surge a primeira experiência de integração europeia o BENELUX, dado o êxito alcançado foi instituída a CECA. Tratava-se de um Mercado Comum para o carvão e aço, matéria indispensável ao processo de desenvolvimento económico, e que procurava ao mesmo tempo evitar a guerra, composta por França, Bélgica, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Países Baixos (Tratado de Paris). O enorme êxito que a CECA obteve abriu caminho à criação da EURATOM (fomentar a cooperação na utilização pacífica da energia nuclear) e da CEE (Tratado de Roma), que pretendia integrar globalmente as economias dos países membros. A CEE contribuiu decisivamente para a recuperação europeia, através de um reforço da cooperação entre os seus membros. Perante a criação da CEE, a Grã-Bretanha para evitar o isolamento constituiu a EFTA, composta por sete países, mas que perdeu importância pois deu-se a adesão de certos países que a constituíam à CEE. A Comunidade Europeia foi evoluindo para formas de integração cada vez mais profundas, resultando de uma cooperação cada vez mais forte em vários domínios, até que se instituiu a União Europeia (Tratado de Maastricht). Que além de objectivos económicos, perseguia questões como os Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais. Formas de Integração Económica: sistema de preferências aduaneiras, zona de comércio livre, união aduaneira, mercado comum, união económica e união política. 1973 – Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca | 1981 – Grécia | 1986 – Portugal e Espanha | 1995 – Áustria, Finlândia e Suécia. 2.3.2. A Modernização do Japão Com um território limitado, montanhoso e inóspito, solos pouco férteis e desprovido de fontes de energia, o Japão é pobre em recursos naturais. O arranque económico foi, portanto, acompanhado da expansão colonial. Essa expansão foi intensificada no período entre as duas guerras, aproveitando o enfraquecimento das potências europeias, o que permitiu-lhe usufruir das matérias-primas necessárias ao seu crescimento. Em consequência do alastramento dos ideais comunistas ao continente asiático (China e Coreia) e do agravamento do clima de Guerra Fria, os EUA concederam ajudas específicas ao Japão para assegurar o seu desenvolvimento, com o objectivo de transformar este país num natural aliado do Ocidente e travando, desta forma, o alargamento da influência soviética. Assim inicia-se a reconstrução do Japão com a aplicação do Plano Dodge. A rápida recuperação da economia japonesa deve-se à capacidade para contornar a falta de recursos, e a um conjunto específico de factores: a) Características da sua População (Sistema de Valores e Educação) Uma das grandes riquezas do Japão é a sua população dotada de uma grande capacidade de trabalho e espírito de sacrifício. O japonês encara o seu trabalho e a empresa como o aspecto mais importante do seu dia-a-dia, sujeitando-se a longos horários de trabalho, quase sem interrupções para férias. A empresa é vista como uma grande família onde se respeita a hierarquia e a disciplina, mas onde as decisões são discutidas e aceites em conjunto. Os sindicatos possuem uma reduzida influência. Tendo como matéria-prima disponível e abundante os recursos humanos, o Japão soube mobiliza-los para o desenvolvimento, fazendo da educação um bem público. Esta educação tem por base um ensino geral que procura o desenvolvimento óptimo do potencial humano. b) Forte Intervenção do Estado na Economia Verifica-se uma particular relação Estado/Indústria. Por um lado, o Estado orienta a produção através de uma planificação indicativa, audaz e flexível, aceite pelas grandes e poderosas empresas que têm representação no governo. Por outro lado, o Estado protege a indústria nacional, através da fixação de pautas proteccionistas que permitem que o amplo mercado interno fique reservado à indústria japonesa. Além do apoio à investigação científica e de medidas de condicionamento geográfico, a intervenção do estado tem assumido várias formas: · Incentivos ao investimento. O forte investimento verificado só foi possível com um baixo nível salarial, com uma elevada poupança interna e com um sistema de concentração industrial, com as grandes empresas a reinvestirem a maior parte dos lucros obtidos; · Colocar à disposição da indústriaa mais recente informação. c) Reconstrução Industrial (Inovação Tecnológica) Esta assentou em indústrias novas, recorrendo à mais recente tecnologia. A estratégia da concentração industrial e das economias de aglomeração, permitiu uma forte agressividade competitiva e uma eficiente organização comercial. O Japão conseguiu, assim, chegar a primeiro construtor mundial de electrónica, a segundo de construtor mundial de automóveis e a terceiro construtor mundial de siderurgias. Apesar do elevado crescimento económico, o final do século XX deixou más recordações para o Japão, verificou-se uma contracção do PIB, a recente vaga de desemprego, a falência de várias empresas e um ensino oficial desequilibrado. 2.4. A Questão do Terceiro Mundo 2.4.1. Desenvolvimento e Terceiro Mundo: Origens Dois factores contribuíram decisivamente para os desníveis de desenvolvimento que se verificam entre as diferentes regiões do Mundo: a Revolução Industrial (permitiu um desenvolvimento tecnológico e económico sem precedentes) e a Colonização (levada a cabo pelos países europeus e tinha como motivo principal os interesses comerciais e económicos, a indústria necessitava de matérias-primas e de mercados). O desenvolvimento dos países do Norte deveu-se em grande parte à exploração dos países do Sul. As colónias foram subjugadas pelas metrópoles, não conseguindo criar um desenvolvimento autónomo. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, e o consequente enfraquecimento das potências europeias, desmorona-se a estrutura colonial, muito por força dos EUA. 2.4.2. Consequências da (Des) Colonização nos Países do Terceiro Mundo a) Estrutura Económica Deformada Nestes países predomina o sector primário onde se encontra uma agricultura tradicional de subsistência e baixa produtividade, a par com grandes explorações agrícolas voltadas para a exportação. O sector industrial (com a excepção e alguma indústrias de ponta viradas para a exportação) é mal equipado e assenta em actividades tradicionais. O sector terciário é um sector atrofiado (o comércio é diminuto e rudimentar e serviços mal organizados). Coexistem dois sectores económicos com características diferentes, um sector tradicional destinado ao mercado interno e um sector moderno destinado à exportação (organizado em função das necessidades dos países desenvolvidos). São países monoprodutores e monoexportadores. b) Explosão Demográfica Até ao inicio do século XX, as taxas de natalidade e mortalidade eram altas. Contudo, desde meados do actual século assistiu-se a uma queda espectacular da taxa de mortalidade, por sua vez, as taxas de natalidade mantêm-se elevadas. Assim a população cresce a um ritmo superior à produção, a produção alimentar sendo deficitária, agrava as carências alimentares. c) Escassez de Capital A escassez de capital impede o investimento em infra-estruturas indispensáveis ao processo de modernização económica e de desenvolvimento. Os países são mal dotados de instalações produtivas, o que faz com que a produtividade seja baixa e que o rendimento também seja baixo originando perturbações na economia como desemprego, sub-utilização dos recursos naturais e aumento de dependência relativamente aos países desenvolvidos. d) Repartição Desigual do Rendimento A parte da riqueza criada durante o processo produtivo, pelo capital estrangeiro investido, não fica no país, é expatriado sob a forma de lucros. A parte restante é desigualmente repartida pela população, originando grandes disparidades de rendimentos e níveis de vida (concentração da riqueza, nas mãos de uma minoria). e) Impreparação da Mão-de-Obra A falta de preparação técnica e os baixos índices de alfabetização e educação dificultam o progresso e a modernização do sector produtivo. f) Dependência Externa Dependência Comercial – a relação importações/exportações é muito desequilibrada, as exportações baseiam-se em produtos do sector primário, por sua vez, as importações baseiam-se em produtos manufacturados. Ao longo dos anos têm vindo a deteriorar-se os termos de troca. Ficando, assim, dependentes dos fornecedores; Dependência Tecnológica – os países desenvolvidos oferecem tecnologia aos países subdesenvolvidos a troco de determinados compromissos (como restrições às exportações de produtos – o que impede o funcionamento autónomo destes países); Dependência Financeira – os países subdesenvolvidos contraem empréstimos junto dos mais ricos para poder equilibrar as contas externas, financiar os investimentos produtivos e sustentar os projectos de desenvolvimento e autonomia; Dependência Política – toda a situação de dependências a que os países subdesenvolvidos estão sujeitos, obrigou-os a inclinarem-se e a tomarem partido por uma das superpotências, com vista tirar benefícios. Porém, acabaram por se deixar colonizar ideologicamente; Dependência Cultural – assiste-se a uma colonização ideológica motivada pela adopção de modos de vida e padrões de comportamento iguais aos países desenvolvidos. 2.4.3. A Ajuda Internacional É possível distinguir diversos tipos de ajuda internacional – bilateral, multilateral, voluntária. Embora tenham como objectivo básico promover a economia e o nível de vida da população, a ajuda internacional nem sempre beneficia o país ou as populações, podendo ainda piorar a situação. Alguns dos obstáculos que se põem à correcta aplicação das ajudas internacionais, são a má distribuição da riqueza, regimes políticos ditatoriais, incorrecta definição das prioridades, a corrupção e a incapacidade de alguns dirigentes. Os países desenvolvidos também podem contribuir para a ineficácia da ajuda, dado que não tomam frequentemente em linha de conta as necessidades das populações e, por vezes, impõem condições ao país receptor. A ajuda internacional deverá incentivar a auto-suficiência e a independência progressiva do sul. 2.4.4. Do Movimento dos Não-Alinhados ao Projecto da NOEI Os países do Terceiro Mundo, pressionados no desenrolar da Guerra Fria a optar por um ou outro bloco, começaram a aperceber-se que a ajuda das superpotências não era desinteressada e que os destinos do planeta eram decididos pelos países do Norte. Esta constatação originou numa conferência da qual resultou uma resolução que declarava a total independência dos povos face aos grandes blocos e a igualdade de todas as nações, condenando todas as formas de exploração de racismo e de colonialismo. Nasce, então, o Movimento dos Não-Alinhados. Nem todos os países do Terceiro Mundo adoptaram uma posição de não- alinhamento, embora todos fossem unânimes quanto às questões que regiam este organismo. Após a independência generalizada das “ex-colónias” europeias a maior luta deste Movimento dirige-se contra as questões do subdesenvolvimento chamando a atenção para as relações económicas de dependência Sul-Norte e para exploração económica de que muitos países são vítimas. Com o fim da divisão do Mundo em blocos, este Movimento deixa de, em certos aspectos, ter razão de ser. Este movimento evoluiu e procura o estabelecimento de uma NOEI. Os princípios de uma NOEI são definidos numa Assembleia das nações Unidas (1974), num contexto de reforço da posição contratual do Terceiro Mundo face à crise económica dos países capitalistas. A década de 80 revela, no entanto, que a maioria dos princípios definidos na Carta das Nações Unidas, não foram aplicados pelas diversas instituições internacionais. A necessidade de diálogo Norte/Sul e a procura de uma NOEI continuam actuais dadas a manifestas disparidades de desenvolvimento que, ainda hoje, se verificam. 2.4.5. Da Formação do Sistema Mundo à Emergência das Semiperiferias Num mundo dividido em centro (países industrializados e desenvolvidos do Norte) e periferia (países pobres e subdesenvolvidos do Sul), emergiu uma terceira categoria de países, saída da periferia, que conseguiu delinear estratégias de desenvolvimento bem sucedidas, a Semiperiferia. As economias semiperiféricas podem ser consideradas como economias intermédias (o seus indicadores económico-sociaissituam-se entre o centro e a periferia) e como economias intermediárias (inserção no mercado mundial, demonstrando uma capacidade de iniciativa e autonomia que contraria a passividade dos países periféricos). A heterogeneidade do Sul foi acompanhada da multipolarização do Norte, resultando ambas da reorganização das formas de poder e decisão mundiais e da evolução da divisão do trabalho e da produção, numa economia cada vez mais mundializada. a) Estratégias de Industrialização Industrialização por Substituição de Importações. Tem como objectivo implementar a indústria de um país, produzir os bens que antes tinha que importar, podendo, posteriormente, alargar-se e produzir para o exterior. Problemas: não conseguem conquistar os mercados dos países industrializados, reduzida dimensão do mercado interno, endividamento e elevado proteccionismo do estado. (Brasil, México). Industrialização virada para as Exportações. Desenvolvimento dos ramos mais competitivos da indústria, com o fim de competir no mercado mundial (tecnologia e mão-de-obra barata e abundante). Problemas: exploração da mão-de-obra, dependência do exterior em termos de procura e endividamento. (NPI do Pacífico 2º Fase). Indústrias Industrializantes. Criação de indústrias que produzam efeitos de arrastamento sobre outros ramos, dinamizando a economia. Problemas: endividamento, agravamento do défice comercial, dificuldades de coordenação de um projecto tão articulado. (Índia, China). Agricultura como factor de Desenvolvimento. Desenvolver a agricultura prioritariamente ou em complemento de outras actividades, para inverter a situação de pobreza das populações. Problemas: desgaste e empobrecimento dos solos, proletarização do pequeno agricultor. (Costa do Marfim) 2.4.6. Os NPI do Pacífico Os 4 dragões do Pacífico (Singapura, Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul) conseguiram um espectacular crescimento industrial e económico. São considerados NPI da 1ª geração, visto que um 2º grupo de países desta região começou a ultrapassar o estádio de subdesenvolvimento. É o caso da Tailândia, Malásia e Filipinas, considerados NPI da 2ª geração. O seu desenvolvimento baseou-se numa estratégia de industrialização de bens manufacturados para exportação. Numa primeira fase, desenvolveram-se indústrias ligeiras ligadas aos têxteis, plásticos. No entanto, à medida que a industrialização se expandiu tornaram-se também dinâmicas indústrias de base e indústrias de equipamento. A condição básica do seu êxito consistiu na exploração da mão-de-obra abundante, barata e sem poder reivindicativo (taylorização massiva da força de trabalho). Tal permitiu baixo custos de produção e, consequentemente, preços competitivos no mercado internacional. Para o rápido crescimento económico contribuíram, também, outros factores: liberalização comercial, regime político autoritário, tentativa de alcançar o Japão, investimento estrangeiro, condições geográficas favoráveis e ênfase na educação. 2.4.7. Os NPI da América Latina (México) A América Latina respondeu à crise do capitalismo com estratégias de industrialização por substituição das importações. Da indústria dos bens de consumo passaram à indústria pesada e à produção de bens duradouros. A necessidade crescente de tecnologias abriu portas ao investimento das empresas multinacionais (norte-americanas, francesas e japonesas). A crise que se instalou nos anos 60 e se estendeu aos anos 80 resultou, na degradação dos termos de troca no comércio mundial, no endividamento externo e desigualdades sociais. Somente nos anos 80 a democracia deu passos significativos. 2.4.8. Os NPI da África Dada a proximidade em relação aos países da UE, tem beneficiado mantendo acordos de cooperação e ajuda privilegiados. Teve como estratégias o desenvolvimento de indústrias industrializantes e o desenvolvimento de pólos industriais. Para limitar o êxito do desenvolvimento: a elevada taxa de natalidade e a produção agrícola que não consegue acompanhar o crescimento. 2.5. Desafios e Consensos num Mundo Multipolar 2.5.1. Do Mundo Bipolar ao Mundo Multipolar Até à Segunda Guerra Mundial assistiu-se ao domínio europeu sobre o Mundo, a nível político, económico e cultural. Após a 2ª Guerra Mundial a Europa é completamente ultrapassada, emergindo como centros de poder e decisão duas superpotências (EUA e ex-URSS). No último meio século o Mundo sofreu profundas alterações: · A Europa inicia na década de 50 a sua reconstrução que lhe permite reconquistar a antiga influência como centro de poder e decisão a nível mundial; · O Japão que consegue alcançar, em pouco mais de uma década, uma posição de destaque a nível económico e industrial, é actualmente um dos maiores pólos económicos mundiais; · Os NPI que emergiram das periferias e que têm conseguido alcançar espectaculares progressos no mundo industrial e económico; · O Bloco de Leste desmoronou-se, consequência da desagregação da URSS. As grandes alterações operadas a nível político, económico, social e cultural permitem-nos constatar que é possível encontrar vários centros de poder e decisão a nível mundial – mundo Multipolar. 2.5.2. A Fragmentação do Bloco de Leste Na década de 80 as economias socialistas do leste europeu começaram a manifestar sinais de colapso. Em 1985, sobe ao poder, na ex-URSS o homem que será o principal responsável pelas mudanças ocorridas no leste (Mikhail Gorbatchov). O colapso do comunismo e o fim da ameaça da Guerra Fria originou uma reorganização política e mundial, ainda hoje em construção. O ano de 1989 é emblemático, como símbolo das mudanças ocorridas no continente europeu. Assiste-se á unificação das duas Alemanhas e o processo de desintegração dos regimes comunistas a leste, que dá origem á criação de 22 novos estados. Consequentemente dá-se o ressurgimento de novas disputas étnicas, religiosas e nacionalistas. A comunidade internacional, nomeadamente os EUA, a UE e o Japão, tem prestado vários auxílios, no sentido de ajudar as transformações democráticas e apoiar as reformas económicas na Europa do Leste. A UE criou mesmo o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, com a finalidade de apoiar a transição económica das economias planificadas para as economias de mercado. Os países do Sul sofrem indirectamente os efeitos da reorganização económica do Leste. Ajudas e investimentos dirigem-se agora mais para os países do Leste. 2.5.3. Desafios da Construção Europeia Para a UE se afirmar como um bloco coeso no contexto internacional, é necessário uma maior interligação entre os Estados Membros e, portanto, uma conjugação dos objectivos político-económicos. Será também necessário reforçar o seu papel de potência política e económica, e superar as assimetrias locais, regionais e nacionais. Só deste modo a UE poderá competir com a concorrência dos países emergentes, resolver problemas migratórios no seu seio e solucionar problemas ecológicos que são mundiais. a) Acto Único Europeu: Em 1986 a Comunidade Europeia avançou significativamente no processo de integração económica com a assinatura do Acto Único Europeu, que teve como grande objectivo a construção do Mercado Único e que acentuava os seguintes princípios: livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais. b) Tratado de Maastricht ou da União Europeia (1993) A União Económica e Monetária: traduz-se num processo de integração económico, que levou à adopção de uma Moeda única (no espaço comunitário), uma Política Monetária e Cambial única e o Banco Central Europeu. Aspectos da União Política: política externa e de segurança comuns, a cooperação em assuntos de justiça e administração interna, a cidadania europeia (garantia de defesa dos direitos fundamentais, possibilidade de eleger e ser eleito no PE e autárquicas locais, protecção diplomática e direito de circulação e permanência). Princípio da Subsidiariedade: garante que todas as decisões serão tomadas ao nível mais próximo dos destinatários (nacional, regional ou local), atendendo à sua eficácia prática. c)Coesão Económica e Social O combate às assimetrias regionais (luta contra a exclusão social e valorização das regiões mais desfavorecidas), no plano económico e social, são essenciais para evitar um foco de instabilidade que impeça ou retarde a desejada unidade europeia. Para tal, a UE concede ajudas aos Estados-membros através dos Fundos Estruturais, tendo criado o Fundo Coesão, o Fundo Social Europeia e Fundo Europeu Desenvolvimento Regional. O aprofundamento, de uma maior coesão interna debate-se com duvidas essenciais, quanto ao modelo de organização política mais adequado – federação ou confederação – ao mesmo tempo que questões como a transferência de soberania, levantam discussões acerca da legitimidade democrática dos novos poderes europeus. d) Adesão de novos membros Só uma Europa com uma forte coesão interna poderá enfrentar questões importantes, como: a crescente agressividade da concorrência no comércio internacional; o problema do envelhecimento e diminuição da população; a imigração proveniente dos países do Leste Europeu (que agrava o desemprego); o reacender de movimentos xenófobos e racistas; e os problemas ecológicos. Critérios de adesão á UE: Instituições estáveis que garantam a democracia, cumprimento dos direitos humanos e uma economia de mercado operante. Grupo de candidatos para a adesão á UE: Estónia, Polónia; República Checa, Hungria, Eslovénia, Chipre, Letónia, Lituânia, Eslováquia, Roménia, Bulgária, Malta e Turquia (este tem lhe sido recusado a adesão á UE, pelo não respeito dos direitos humanos). e) PAC A agricultura tem um papel relevante na PAC e é baseada nos seguintes objectivos: aumentar a produção agrícola, assegurar o abastecimento em produtos agrícolas e aumentar o nível de vida dos agricultores. Os resultados alcançados pela PAC foram acompanhados de alguns efeitos indesejados então procedeu-se a uma reforma da PAC, formando uma Nova PAC que pretendia evitar uma menor poluição, um menor desgaste das terras e uma modernização. f) Segurança Europeia O Acordo de Schengen no campo da segurança interna, Unidade Europeia de Polícia e Sistema de Informação Schengen. Políticas Europeia de Segurança Comum (PESC). A nível de segurança externa, os avanços têm sido lentos pela complexidade das questões que envolvem. 2.5.4. A Tríade EUA – Japão – Europa EUA, UE e o Japão constituem os mais importantes centros de poder e de decisão a nível mundial. A nível económico, o poder encontra-se repartido pelos três, já a nível político, o poder encontra-se mais centralizado nos EUA e na Europa. A concorrência entre estes três pólos não deve ser encarada como factor de instabilidade mas sim como um factor de dinamização económica (desde que haja respeito pelas regras do comércio mundial e pelas regras da concorrência económica, como tem vindo a ser defendido a GATT). A interdependência económica surge como elemento de coesão entre blocos. Os EUA representam o pólo mais potente e mais completo de poderio económico, político, militar e cultural. A UE constitui a primeira potência comercial do Mundo, mas o seu poder político está ainda em construção. O Japão tornou-se na grande sociedade de consumo asiática, mas é desprovida de poder militar. Outros pólos secundários como a Rússia e a China poderão no futuro ultrapassar o estatuto de potência regional. 2.5.5. A Crescente Globalização / Interdependência Mundial A crescente globalização da economia mundial, atingindo a produção e o sistema financeiro, deve-se em muito às multi ou transnacionais. O que aumentou o grau de interdependência e integração das economias nacionais e regionais. As grandes empresas transnacionais dominam amplos recursos, financeiros e tecnológicos, assumindo um papel primordial na internacionalização das produções e das trocas. Assim, as transnacionais gerem muitos sectores da economia mundial, criando um espaço próprio que ultrapassa as fronteiras estáticas, daí dizer-se que o sistema económico internacional (onde as empresas e os Estados se afirmavam claramente como entidades nacionais) passou a um sistema económico transnacional ou mundial (economia mundializada). As empresas transnacionais instalam filiais nos países subdesenvolvidos para, a baixo custo, tiraram partido da sua mão-de-obra e matérias-primas. Em alguns casos, o seu poder, que ultrapassa o poder político local. A localização global de tudo conduz a que os componentes e as fases de produção de cada produto se espalhem por todo o Mundo, desencadeando assim estratégias globais. a) ETN – Empresas Transnacionais As ETN são hoje cada vez mais empresas globais que funcionam em rede, produzem em todo o mundo, vendem para todo o mundo. O poder crescente das ETN reduz progressivamente a soberania dos Estados nacionais sobre as suas economias. Mais de metade das 100 maiores economias do Mundo são empresas. Embora os produtos primários e os produtos de grande consumo, menos utilizadores de tecnologia, continuem a manter uma grande importância na actividade das ETN, são hoje os serviços que requerem tecnologias mais avançadas. 2.5.6. Desenvolvimento Local / Global: Pobreza, Exclusão e Tensões O desenvolvimento económico e social ou, numa perspectiva mais ampla, o desenvolvimento humano, apresenta hoje contrastes que se revelam mais acentuadamente do que nunca, quer á escala local quer á escala global. Nas sociedades industrializadas o desemprego estrutural cria novas classes de excluídos: a exclusão social dos idosos, as mulheres e as minorias e grupos étnicos. Por outro lado, existe uma elite social que usufrui de excelentes níveis de vida. Nos países em desenvolvimento, as tensões étnicas, sócio-económicas e ambientais induzem aos movimentos migratórios. Esta situação origina desemprego, xenofobia e racismo. a) A Problemática Ambiental A problemática ambiental constitui um ponto de discórdia e afrontamento na relação Norte/Sul que carece de uma nova filosofia de desenvolvimento, para a sustentabilidade do planeta e dos seus recursos. A ânsia humana de obter lucros e vantagens a curto prazo tem levado á aplicação das novas tecnologias de uma forma incorrecta e egoísta, o crescimento tem sido acompanhado pela degradação ambiental. Por outro lado, o elevado crescimento populacional tem sido responsável por uma maior exploração de recursos. Actualmente, o Homem encontra-se consciente dos riscos que o planeta corre surgido acordos internacionais e legislações internacionais. É necessária uma cooperação global. 2.5.7. Desafios / Governação global para século XXI O Mundo apresenta o aspecto de um caos, por um lado, multiplicação das uniões económicas regionais, por outro, o renascimento dos nacionalismos. As redes mafiosas internacionais e o crime organizado sobem em larga escala. A cooperação global é, nos dias de hoje, mais do que uma necessidade, é um imperativo á superação dos desafios que se colocam neste inicio de milénio. A eliminação das assimetrias e desigualdades exige não só a cooperação Norte- Norte e Norte-Sul, mas também o fortalecimento das relações Sul-Sul. O Papel da ONU como pilar e garante de um desenvolvimento humano sustentável surge mais do que nunca como essencial. No entanto, apesar dos esforços da ONU se terem traduzido em alguns avanços significativos, muito há ainda a fazer no sentido de dotar esta organização de poder e capacidade efectivos para actuar de forma determinante no sentido da resolução de problemas actuais e prevenção dos conflitos futuros. O Mundo é cada vez mais governado pelos negócios do que pelos governos; a actual “aldeia global” enfraqueceu o poder do Estado-Nação. Necessitamos por isso de criar novas capacidades de gestão desta máquina global, que exige uma onda criativa de novas instituições mais adaptadas às exigências do mundo actual. a) O Relacionamento Sul-Sul A tomada de consciência por parte dos países do sul do desequilíbrio existente nas suas relações com os países Norte conduziu-os à conclusão de que não podem depender exclusivamente do Norte, visto que:· Os países do Norte, graças à investigação tecnológica, têm vindo a substituir algumas matérias-primas, que adquirem ao Sul. Do mesmo modo, a robotização tem permitido preterir a mão-de-obra do Sul. · As instituições internacionais dominadas pelo Norte dão uma maior atenção à resolução dos problemas do Norte. · A necessidade de ajuda financeira por parte dos países da Europa de Leste tem condicionado a ajuda e os fluxos financeiros dirigidos ao Sul. CAPÍTULO III: QUESTÕES DE DESENVOLVIMENTO NO MUNDO ACTUAL 3.1. O Papel das Novas Tecnologias no Desenvolvimento das Sociedades 3.1.1. Progresso Tecnológico e Desenvolvimento A partir da Revolução Industrial, o avanço tecnológico tem sido constante e acompanhado de um crescimento económico progressivo (novos inventos, novas técnicas, novos meios de transporte e comunicações - melhoria dos níveis de vida). A Revolução Electrónica começou a desenvolver-se após a 2º GG e ainda não parou. A Tecnologia passou a influenciar todas as actividades humanas, transformando progressivamente a economia e a sociedade, visto que se encontra presente: no processo de produção, na ocupação dos tempos livres, na medicina, etc. O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação originaram a sociedade global da informação (as distâncias reduzem-se, as culturas difundem-se e interligam-se, a informação uniformiza-se e universaliza-se). De qualquer modo, apesar da tecnologia constituir um factor de desenvolvimento, as inovações tecnológicas são responsáveis por certos bloqueios no processo de desenvolvimento, como o desemprego ou agravamento das desigualdades. 3.1.2. A Tecnologia e o Emprego As novas tecnologias postas ao serviço da indústria permitiram um aumento da produtividade industrial, o que originou um menor peso da indústria no emprego, logo, os números de postos de trabalho na indústria têm diminuído, muito por culpa da automatização e da robotização. Dá-se um agravamento do desemprego. Outro factor que têm contribuído para o aumento do desemprego nos países desenvolvidos é a deslocação das indústrias para países onde abunda mão-de-obra e se praticam baixos salários, conseguindo, assim, vantagens competitivas. A redução dos postos de trabalho na indústria foi sendo compensado pela área dos serviços, mas a informatização dos serviços tem limitado este papel. Contudo, a inovação tecnológicas não é apenas responsável pela eliminação dos postos de trabalho. Tem, também, conduzido à criação de novos empregos, nomeadamente, nas áreas da electrónica, telecomunicações e informática. Estas alterações no mercado de emprego implicam a formação de recursos humanos. 3.1.3. Impactos nas Empresas As novas tecnologias têm gerado uma alteração nos processos produtivos e estão a obrigar as empresas a alterações na sua organização interna e na sua dimensão, pois as grandes empresas tornam-se obsoletas, surgindo as Pequenas e Médias Empresas apetrechadas tecnologicamente. A crescente utilização da tecnologia em empresas tem substituído progressivamente os trabalhadores, originando uma vaga de desemprego. 3.1.4. Impacto das Novas Tecnologias sobre o Ambiente A industrialização e o crescimento populacional têm contribuído para a degradação ambiental. Actualmente o equilíbrio ecológico está em perigo, o que tem provocado uma degradação da qualidade de vida. Para travar a destruição ecológica é necessário o empenhamento de todos os países, no sentido de se encontrarem soluções globais, têm-se se realizado conferências sobre o Ambiente e Desenvolvimento. Um primeiro passo para minorar os impactos ambientais da tecnologia foi a introdução do princípio do poluidor-pagador. 3.1.5. Investigação e Desenvolvimento (I&D) Num mundo que se apresenta extremamente competitivo, a I&D é a maior arma de qualquer negócio. Dado que o I&D requer elevados recursos financeiros, têm originado a: · Alianças entre Empresas: As alianças estratégicas interempresas a nível mundial têm vindo a acentuar-se com particular incidência nos sectores de alta tecnologia mas com tendência a expansão a todos os sectores da economia. Esta cooperação tem como objectivo o aumento da capacidade competitiva a nível mundial; · Alianças entre Empresas e o Estado: O Estado pode desempenhar um papel fundamental para que as empresas consigam alcançar a capacidade de competir na economia mundial, através: do investimento em programas de I&D em universidades; realização de associações entre empresas, universidades e laboratórios; concessão de benefícios fiscais em I&D; prestação de apoio político e comercial às empresas nacionais no estrangeiro. 3.1.6. Impacto das Tecnologias de Informação Graças à Revolução técnica alteraram-se as actividades e modos de vida, é nos possível estar em contacto directo com os quatros cantos do mundo. As novas tecnologias de informação e comunicação conduzem-nos à globalização total, a informação circula aceleradamente e integram-se os mercados. Vivemos numa Sociedade de Informação onde a aquisição, o processamento, a transmissão e distribuição da informação assume um papel central na vida económica e social. É crescente a influência das novas tecnologias: · No Processo Produtivo. Aumenta a produtividade (robotização e automatização), criação de novos empregos na área da informação, alterações na natureza do trabalho (teletrabalho, etc.) e importância crescente de actividades turísticas e de lazer; · Na Vida Social. Aumento dos tempos livres e de lazer. 3.1.7. As Novas Tecnologias e a Organização do Território A difusão das novas tecnologias tem gerado alterações ao nível do ordenamento do território, devido à necessidade de este se adaptar às exigências das tecnologias (novas infra-estruturas). 3.1.8. A Terciarização da Economia e a Organização dos Espaços A Terciarização da economia pode ser analisada segundo duas formas distintas: · Expansão das funções de serviços, consequência da crescente desmaterialização dos processos produtivos; · Integração progressiva dos três sectores de actividade. A crescente Terciarização das economias, está a provocar nas áreas urbanas uma alteração dos espaços, sendo que os serviços ocupam cada vez mais as áreas centrais. 3.1.9. A Homogeneização do Espaço e a Alteração da Divisão Regional e Internacional do Trabalho Fruto da evolução técnica e tecnológica dos meios de comunicação e transporte, assistimos à diminuição das distâncias relativas e à aproximação das pessoas e lugares. O que têm levado a que as várias fases do processo de produção se realizem em diferentes pontos do globo (transnacionalização), aproveitando as vantagens que cada país ou região concede às empresas. 3.1.10. Nas Relações Sociais e nos Comportamentos O factor tecnológico tornou-se determinante na organização das sociedades, e afecta inclusivamente as relações interpessoais e a vida familiar. O uso das possibilidades conferidas pela tecnologia, permitem aumentar a qualidade de vida, libertando as pessoas para outras tarefas mais agradáveis. CAPÍTULO IV: CENÁRIOS DE FUTURO 4.1. Cenários de Futuro no Campo Demográfico A população mundial tem crescido a um ritmo nunca antes registado. Contudo, este crescimento populacional não ocorre de forma homogénea pelo Planeta. Nos países subdesenvolvidos a população cresce a um ritmo muito mais rápido que nos países desenvolvidos. Enquanto nos países desenvolvidos as taxas de fecundidade baixaram progressivamente, nos países subdesenvolvidos mantêm-se elevadas (baixo grau de informação e da difusão dos métodos anticonceptivos). Por outro lado, nos países subdesenvolvidos, a conjunção de altas taxas de natalidade com as descidas consideráveis das taxas de mortalidade (propagação de vacinas, antibióticos e insecticidas) originaram a explosão demográfica. A explosão demográfica, coloca um grave problema que ameaça o equilíbrio de toda a humanidade, pois, existe uma enorme pressão sobre os recursos. 4.1.1. Causas e Consequências das Disparidades de Crescimento DemográficoNos países desenvolvidos vários factores têm contribuído para a diminuição da natalidade: · Emancipação da mulher e a crescente participação no mercado de trabalho; · Adiamento do casamento; · Fácil acesso a métodos contraceptivos e prática do aborto; · Stress da vida urbana e desejo de aceder a um elevado padrão de vida. O crescente número de idosos, aliado ao decréscimo de activos e à previsível falência dos sistemas de segurança Social, está a suscitar a preocupação dos governantes dos países desenvolvidos. Por sua vez, nos países subdesenvolvidos, o crescente aumento dos jovens sem o respectivo aumento da produtividade, tem levado a um decréscimo dos níveis de vida. 4.1.2. Áreas de forte/fraco Crescimento Demográfico África, especialmente a África Subsariana, os Estados Árabes e a Ásia do Sul são as regiões do planeta que apresentam um maior crescimento demográfico. Na Ásia Oriental, na América Latina e no Sudoeste Asiático apesar do forte crescimento demográfico, dá-se a um ritmo mais lento que as regiões anteriormente focadas. As áreas de fraco crescimento demográfico situam-se no Norte: os países da UE, os EUA e o Japão, verificando-se o envelhecimento da população e a dificuldade em substituir gerações. 4.1.3. Políticas Demográficas Para tentar travar o declínio da taxa de fertilidade, alguns países europeus têm criado incentivos à maternidade, como: o aumento dos abonos de família, do subsídio de nascimento, a melhoria das infra-estruturas de apoio às crianças (creches…) ou a criação de mecanismos de apoio à mulher grávida (SOS Grávida…). Os países subdesenvolvidos, por seu lado, apostam em medidas antinatalistas, como por exemplo: na China recorre-se à esterilização e ao aborto forçado, ou na Índia que apostou na sensibilização e educação da população. 4.1.4. As Migrações As Migrações Internacionais. Um dos motivos que conduz à deslocação de pessoas dos países subdesenvolvidos para os desenvolvidos é a pobreza que subsiste nos primeiros, muito por culpa do forte crescimento populacional. Os países mais ricos, no intuito de protegerem as suas economias e evitarem o aumento do desemprego, não permitem a entrada da maioria dos trabalhadores não qualificados. Dando origem à imigração clandestina, e consequentemente ao alastramento da xenofobia e do racismo. Um outro problema que está a assumir grande relevo é o aumento dos refugiados. As Migrações Internas. Os países em desenvolvimento debatem-se com o problema da urbanização. As populações nas expectativas de uma vida melhor deixam o meio rural e deslocam-se para as cidades. Contudo, a capacidade de aumento das infra-estruturas urbanas não tem acompanhado o aumento populacional e os problemas agravam-se (falta de habitação, saneamento, água, transportes e saúde). Em contrapartida, nos países desenvolvidos o crescimento urbano está a abrandar. 4.1.5. Mutações na Estrutura Familiar e Consequências Demográficas As famílias têm-se modificado qualitativa e quantitativamente. O declínio do casamento ou o aumento dos divórcios tem contribuído para o aumento da família monoparental o que constitui um factor chave para a diminuição da natalidade. 4.2. Cenários de Futuro no Campo Económico 4.2.1. A Mundialização / Globalização O fenómeno da globalização traduz-se na interdependência estreita entre as várias regiões do globo e os diversos aspectos da vida social, quer económicos, políticos ou culturais. A mundialização da economia reflecte a nova organização do capitalismo industrial e financeiro, que se concretiza na internacionalização das trocas comerciais, na organização das actividades produtivas em bases mundiais e na mobilidade crescente dos capitais, tecnologias e pessoas. Desta forma, verifica-se uma integração das partes que constituem o conjunto da economia mundial, conduzindo à progressiva eliminação das fronteiras físicas entre os Estados. Esta mundialização da economia tem reflexos na vida social, graças aos sistemas integrados de transportes e difusão da informação, as culturas misturam-se e interligam-se. A crescente mundialização/globalização tem sido acompanhada por movimentos de integração regional em todos os continentes. As próximas décadas irão ser marcadas por um aumento da concorrência a nível mundial, deste modo nas empresas, o investimento em I&D e a aposta na inovação de diferentes produtos é uma condição essencial à sobrevivência. 4.2.2. A Transnacionalização Como consequência do fenómeno da mundialização, a lógica de organização e funcionamento da actividade económica assenta em Empresas Transnacionais (ETN). As ETN são empresas globais, cujo processo de produção é fragmentado por vários locais do Mundo, através da implementação de filiais noutros territórios, aproveitando assim vantagens económicas. 4.2.3. Questões Sociais Dois fenómenos a ter em conta na evolução futura das economias são o desemprego e a exclusão social. O desemprego atinge números preocupantes, apresentando-se como um dos responsáveis da exclusão social, e pelos movimentos xenófobos e racistas contra estrangeiros que tiram empregos nacionais. No sentido de tentar resolver este problema do desemprego têm sido pensadas soluções como: · A redução do horário de trabalho; · Partilha do trabalho pela mão-de-obra disponível; · Flexibilidade de horários; · Requalificação profissional. 4.3. Cenários de Futuro no Ordenamento do Território 4.3.1. O Ordenamento do Território Com o ordenamento do território o Homem procura adaptar os espaços, tendo em conta as suas próprias características físicas, às suas necessidades. Para tal, é fundamental o planeamento, cujo objectivo é a definição de estratégias de desenvolvimento para o território, integrando sempre os aspectos sociais, demográficos, culturais, económicos e políticos. 4.3.2. A Evolução do Ordenamento Os modos e a forma de ocupação do território têm sofrido alterações ao longo dos tempos. Pois, as sociedades evoluem, transformam-se, tornando necessário ajustar o território às alterações funcionais. Daí que se venha assistindo a variadíssimos processos de reconfiguração espacial. Podemos identificar alguns dos fenómenos que mais contribuem para alterações ao nível do ordenamento do território: · Crescente capacidade de intervenção do homem sobre o meio; · Crescimento populacional; · O domínio de novas tecnologias; · Generalização das novas tecnologias de informação e comunicação; · Mutação da estrutura sectorial da economia, a terciarização. 4.3.3. A Reorganização e Estruturação dos Territórios A organização espacial é largamente influenciada pelas tecnologias da informação e comunicação. A mundialização possibilita a oferta, ao mesmo tempo e nos locais mais distintos do planeta, de toda a diversidade de produtos. É evidente que estas transformações na organização da economia se reflectem na reorganização do espaço e na redistribuição espacial das actividades. A organização territorial pós-industrial ainda é uma incógnita, adivinhando-se diferentes formas de organização espacial, uma vez que a diversidade, lazer e bem-estar são conceitos fundamentais. a) Contra-Urbanização As novas tecnologias e a modernização das redes de transporte e comunicação contribuem para atenuar o contraste sociológico entre o campo e a cidade. Tanto o meio rural como o meio urbano têm o mesmo acesso à informação e aos mesmos modos de vida. É possível a descentralização e a desurbanização das actividades em direcção a pequenas aldeias, vilas e cidades do interior. b) Reorganização dos Espaços Urbanos Antigamente a área central das cidades (centro histórico) foi descurada entrando, consequentemente, em decadência. O que se ficou a dever em muito à descentralização da habitação, da indústria e dos serviços. A cidade expandiu-se para as periferias urbanas ou suburbanas, acompanhando a progressiva oferta de solos bem infra-estruturados – suburbanização. As acções de recuperação dos centros das cidades podem seguir duas vias: · Renovação Urbana, em que os prédios degradados são demolidospara dar lugar a edifícios modernos destinados a actividades terciárias; · Reabilitação Urbana, defende o centro histórico, uma vez que há a reconversão dos espaços obsoletos e dos edifícios degradados, esta via preserva a imagem e a identidade cultural da cidade. 4.4. Cenários de Futuro nos Comportamentos e Modos de Vida A natural evolução da vida social, aliada à integração de culturas e à aceleração da inovação tecnológica, cria novas situações e o permanente ajustamento de valores, das normas e das instituições sociais, dando origem a novos padrões de comportamento. 4.4.1. Mudanças na Estrutura da Família A organização familiar tem sofrido profundas alterações. O modelo de família nuclear clássica (marido a trabalhar e a mulher a cuidar dos filhos) está ultrapassado. Na sociedade actual existem várias formas de organização familiar, como: · Os pais trabalham e os filhos ficam no infantário; · Casais que se juntam; · Famílias monoparentais (ex.: divorciados); · Famílias homossexuais; · Pessoas que optam por continuar a viver com os pais. 4.4.2. Futuro do Trabalho Humano Devido ao rápido progresso tecnológico e da alteração dos modos de vida prevêem-se alterações no trabalho humano, como: · Redução do horário de trabalho (devido ao elevado desemprego); · Proliferação do teletrabalho e o crescimento do auto-emprego; · Desenvolvimento das actividades de cariz cultural e lúdicas; · Expansão dos serviços de saúde. Para os jovens, o futuro advinha-se cada vez mais exigente, competitivo e multicultural. Torna-se necessária uma educação e formação, com um desenvolvimento da criatividade, polivalência e responsabilidade. 4.4.3. A Coexistência de Movimentos Sociais Contraditórios Num mundo em rápida mudança a coexistência de comportamentos sociais contraditórios é uma realidade: · Racismo, indiferença, pobreza / repartição justa dos recursos, humildade; · Violência / defesa da resolução não violenta, manutenção da paz; · Avanço tecnológico / necessidade de legislar novos direitos do cidadão; · Globalização / movimentos nacionalistas. As tensões sociais e os conflitos que se instalaram em todas as classes, instituições sociais, religiões e ideologias são o fruto das modificações rápidas que a sociedade atravessa. A mudança ocorre a um ritmo cada vez mais acelerado e o tempo de adaptação é cada vez menor, tornando a transição mais conflituosa. Conclusão Ao longo da história da humanidade, o mundo sempre procurou buscar um dos maiores interesses da vida humana: satisfazer o máximo das suas necessidades de forma aceitável e digna. Assim, para tal, o homem foi criando políticas que favorecessem o bem-estar humano e, portanto, conclui-se que estes percursos levaram uma grande parte da história sendo assim muitas das políticas não sendo eficiente não permitiram o alcance do desenvolvimento. Assim, este percurso ainda até hoje persiste atendendo que o mundo se encontra em constante mutabilidade procurando ainda garantir o desenvolvimento económico das sociedades actuais. Bibliografia HENRIQUES; Lucinda Sobral; LEADRO, Manuela: Introdução à economia 12ª classe, Porto Editora, Porto 2007; HENRIQUES; Lucinda Sobral; LEADRO, Manuela: Desenvolvimento Económico e Social 12ª classe, Porto Editora, Porto 2007; COMPILAÇÃO: Dário Salvador | 36