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Aula 7 - A regulação do SUS

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A regulação no setor de saúde é compreendida como uma ação social que abrange ações de regulamentação, fiscalização, controle, auditoria e
avaliação de determinado sujeito social sobre a produção de bens e serviços em saúde, sendo o Estado um desses sujeitos, e os outros são não
estatais, como segmentos privados lucrativos presentes no setor (planos e seguros de saúde), corporações profissionais, usuários organizados
(conselhos de saúde, por exemplo), entre outros (MENDONÇA, 2006).
Os principais papéis regulatórios do SUS são: condução política e planejamento estratégico, contratualização dos serviços, avaliação tecnológica em
saúde, avaliação econômica dos serviços de saúde, sistema de acesso regulado à atenção, desenvolvimento de recursos humanos, normalização
dos processos de trabalho, controle e avaliação dos serviços de saúde, auditoria em saúde, vigilância em saúde e desenvolvimento científico e
tecnológico.
A portaria GM/MS nº 1.559, de 1º de agosto de 2008, instituiu a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde – SUS, compreendendo
três dimensões: regulação de sistemas de saúde, regulação da atenção à saúde e regulação do acesso à assistência (regulação do acesso ou
regulação assistencial).
Há, em alguns momentos, uma confusão entre os conceitos de regulação assistencial e regulação de acesso. Segundo o Ministério da Saúde, a
regulação assistencial é o conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que intermedeiam a demanda das pessoas usuárias por serviços de
saúde e o acesso a eles segundo diferentes perfis de demanda e de oferta. A regulação do acesso é o estabelecimento de meios e ações para a
garantia do direito constitucional do acesso universal, integral e equânime, independentemente de pactuação prévia estabelecida na programação
de ações e serviços de saúde e da disponibilidade de recursos financeiros.
Conhecer a Política Nacional de Regulação.
Conhecer avanços e desafios para a regulação.
A Portaria nº 1.559, de 1 de agosto de 2008, instituiu a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde, que organiza as políticas de saúde
de acordo com as segmentações.
A regulação foi criada nas esferas estaduais, municipais e União a partir das diretrizes do SUS, garantindo a acessibilidade do usuário assim como a
igualdade para a assistência. Em nível estadual, a regulação é realizada pela Secretaria Estadual de Saúde, e dentro da secretaria os gestores
definem estratégias para o acesso por meio da regulação assistencial. A função da regulação é a organização dos serviços ofertados de acordo com
as disponibilidades, monitorando, controlando e, por fim, avaliando o serviço. Esse serviço passa também pelo princípio de igualdade e equidade,
pois a proposta é respeitar as diferenças e garantir que todos os usuários tenham a mesma qualidade e quantidade de acesso aos serviços de
acordo com suas necessidades e prioridades.
A classificação de riscos é um elemento colaborador para a prática da igualdade, iniciando na unidade de atendimento que também dispõe de
acesso operacional tecnológico para operacionalizar a regulação, que deve operar obedecendo protocolos clínicos que sinalizaram os usuários com
condições de saúde prioritárias, minimizando agravos e morbidades.
O controle de todo o sistema de regulação sofre, periodicamente, avaliações para a checagem de cumprimentos de normas, etapas de
planejamentos, para justifique-se injeção de recursos, inclusive tecnológicos. A qualidade do serviço pode e deve ser pactuada com o serviço de
ouvidoria da unidade assim como a gestão para os indicadores de qualidade.
O Cartão Nacional do SUS é o instrumento de cadastramento nacional do usuário em todo território nacional, em que no sistema de regulação
estarão cadastrados todos os serviços utilizados, cirurgias, atendimentos ambulatoriais, terapias de longa permanência, acesso a laudos de exames
diagnósticos e para inserção, por meio do cadastro, na central de regulação para utilização de serviços, seja diagnóstico, avaliação, remoção ou
transferência de unidade.
A regulação médica pré-hospitalar e hospitalar, como consta na Portaria nº 3.125, se faz relevante no atendimento de urgência e emergência, para a
efetiva disponibilidade de leitos de acordo com o grau de complexidade, agendamentos de terapias e consultas, contando com acesso inclusive
para outros municípios e estados da federação.
Portanto, entende-se que a regulação, além de contribuir para a otimização dos recursos de saúde, busca a qualidade das ações e a resolubilidade
para os problemas que possam surgir e satisfação do usuário, usando os instrumentos de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)
com um banco nacional de dados que contém informações atualizadas dos estabelecimentos de saúde no país para o propósito de basear
programação, regulação, controle e avaliação dos serviços de saúde.
Políticas e Legislação em saúde
Aula 7: A regulação do SUS
Introdução
Objetivos
Regulação do sistema de saúde
Cartão SUS
O Cartão SUS, conforme já citado, faz parte do sistema informatizado de base de nacional que possibilita a comunicação para os agendamentos de
procedimentos realizados pelo SUS ao usuário e é uma plataforma de registro eletrônico de dados e informações, facilitador para o usuário e
gestores. As centrais de regulação, que são estruturas de operações da regulação do acesso aos serviços em saúde de acordo com disponibilidade,
prioridade do usuário e das unidades, inclui marcação de consultas, exames, internação, atendimento pré-hospitalar, urgência e emergência,
protocolos operacionais, plataformas com um sistema de referência e contrarreferência para o cidadão, utilizando a prioridade, de acordo com os
recursos disponíveis e condições epidemiológicas.
Protocolo Clínico é um instrumento para o processo de assistência à saúde e também promove a alocação de recursos para tratamento clínico
adequado. A seguir temos os Indicadores assistenciais de cobertura e produtividade que apresenta alguns padrões e medidas definidos pelo gestor
com base em parâmetros gerais territoriais para elaborar, planejar, regular, controlar e avaliar o serviço assistencial, processo esse que interage entre
as três esferas de governo.
 
Para saber mais, leia o artigo “A regulação no setor público de saúde: um processo em construção”, de Sidney Feitoza Farias, Garibaldi D. Gurgel
Junior e André Monteiro Costa.
 [http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_351476802.pdf]
 
Entendem-se como alguns desafios para a regulação do sistema de saúde o gerenciamento de recursos e alguns entraves de comunicação entre as
próprias instituições de saúde públicas (federais, estaduais ou municipais) ou mesmo privadas conveniadas, embora as Normas Operacionais da
Assistência à saúde, a priori, esteja para regular o sistema de gestão.
A regulação da atenção à saúde é ampla e precisa ser vista pelos gestores como um instrumento facilitador, que estabelece e gerencia prioridades
de acordo com peculiaridades regionais e do próprio usuário, é abrangente, mas factível. A regulação assistencial, apesar de ter uma definição mais
precisa, apresenta, na prática, deficiências em alguns quesitos, como dificuldade de regulação efetiva, por condições inadequadas do sistema,
principalmente na atenção primária e secundária, fato que se acredita ser por deficiências tecnológicas e/ou operacionais.
De acordo com as portarias ministeriais, a operacionalização das ações de regulação assistencial deve ocorrer por meio da implantação de
instrumentos que passaram a ser conhecidos por todo o país, associados aos seus reguladores. Mecanismos esses tecnológicos e que agregam
informações sistematizadas de comunicação por meio das centrais de regulação, acessando serviços de urgência e emergência clínica e obstétrica,
principalmente na transição da unidade básica para a hospitalar, exames de média e alta complexidade, terapias oncológicas e imunológicas, pois
exigem prioridade para aumentar a sobrevida do usuário; atendimento e transporteao recém-nascido, são alguns exemplos da atuação e
aplicabilidade das centrais de regulação.
O que recai sobre as centrais de regulação, por vezes, é a incapacidade de gerenciar vagas e ofertar demandas quando não existe oferta, pois a
procura e o acesso ao sistema de saúde é crescente por questões epidemiológicas, urbanas, comportamentais, estratégias de políticas econômicas
e de saúde ou a falta delas, o que leva à sobrecarga de um sistema de saúde com suas portas de entradas com superlotação, leitos de terapia
intensiva indisponíveis, carência de material e de equipamentos com inovações tecnológicas para auxiliar no tratamento e mesmo nos meios
diagnósticos. Nesse aspecto, em particular, a tecnologia, assim como a comunicação, não funciona como agregador para proporcionar o equilíbrio da
saúde e minimização de agravos, pois não há como, por si só, resolver questões tão amplas como educação em saúde, condições sanitárias, controle
de violência social, fragilidades econômicas da sociedade, entre outros.
Aprenda mais
Avanços e desafios para a regulação no sistema de saúde
http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_351476802.pdf
Figura 7.1 – Exames diagnósticos pelo SUS
Fonte: 123RF (2021).
Esses desafios precisam ser driblados para que o sistema de regulação do SUS de fato cumpra com as suas propostas e diretrizes, atingindo o
objetivo, que é a otimização da assistência à saúde com a redução do tempo de espera para cirurgias, tratamentos, exames, consultas. Com isso,
para reduzir a precariedade desse sistema em que recursos financeiros são investidos, os direitos dos usuários passam a não ser obedecidos e os
níveis de letalidade e morbidade de algumas doenças se elevam.
O setor exige habilidades no planejamento e na execução de um plano estratégico para subsidiá-lo, gestão política e locais que corroborem com as
perspectivas e conquistas galgadas em décadas da implementação do Sistema Único de Saúde - SUS.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Superação dos desafios
Exercícios de fixação
Questão 1: De acordo com o estudado, conseguimos compreender que há as diretrizes de regulação no SUS, quando é referido que “[...] efetiva-se
pela contratação de serviços de saúde e controle e avaliação de serviços e produção assistencial nas ações de cadastramento de estabelecimentos
e profissional de saúde, cadastramento de usuários do SUS pelo sistema de Cartão Nacional do SUS (NS), contratos de serviços de saúde [...]” . Nesse
caso, estamos citando a seguinte regulação:
a) Sistema de saúde
b) Atenção básica
c) Acesso à assistência
d) Normas Operacionais de Assistência à Saúde
e) Pacto à saúde
Questão 2: Podemos definir como importante ao Serviço de Regulação dentro da rede de saúde:
http://alunopos.unifavip.com.br/cursos/MLC021/aula7/img/01.jpg
Nesta aula:
Elaboramos o saber das regulações no sistema de saúde.
Refletimos sobre as condições de regulação.
Descobrimos sujeitos atuantes na gestão da regulação.
Na próxima aula, vamos:
Conhecer os direitos do cidadão no SUS.
Reconhecer o papel da comunidade na defesa do SUS.
BRASIL. Portaria n. 1.559, de 1º de agosto de 2008. Institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília-DF: Ministério
da Saúde, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.125, de 7 de dezembro de 2006. Institui o Programa de Qualificação da Atenção Hospitalar de Urgência no
Sistema Único de Saúde - Programa QualiSUS e define competências. Brasília-DF: Diário Oficial da União, 2006.
a) A central de regulação, que beneficia os gestores de saúde ao evidenciar onde existe a maior demanda por atendimento.
b) A central de regulação, que corrobora com os políticos na participação dos gestores das unidades de saúde.
c) A central de regulação, que é uma inovação tecnológica com a função de diminuir a demanda para a saúde suplementar.
d) A central de regulação, que tem um formato eletrônico e exclusivo na esfera central.
e) A central de regulação, que tem o objetivo de diminuir as filas da porta de entrada hospitalar.
Questão 3: A regulação do SUS corrobora com a democratização da assistência à saúde, valorizando os princípios do SUS, portanto podemos citar
como instrumentos de regulação assistencial no SUS, EXCETO:
a) Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.
b) Protocolo Clínico.
c) Cartão SUS.
d) Centrais de Regulação.
e) Cartão de Vacinação.
Questão 4: A Portaria nº 1.559, de 1 de agosto de 2008, institui a/o:
a) Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde.
b) Norma operacional de assistência à saúde.
c) Participação da comunidade na gestão SUS.
d) Conselho Nacional de Saúde.
e) Conferência Nacional de Saúde.
Questão 5: Podemos afirmar que a regulação de acesso à assistência contempla a qualidade e o direito do usuário aos serviços de saúde por meio
de ações de:
a) Regulação médica da atenção pré-hospitalar e hospitalar de urgência.
b) Internação hospitalar em local de livre escolha do usuário.
c) Referência entre diferentes níveis de complexidade de abrangência em nível intermunicipal.
d) Garantia ao acesso aos programas de saúde.
e) Estabelecimento do direito de livre acesso aos hospitais de emergência.
Síntese
Próxima aula
Referências

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